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Perda de uma chance É uma modalidade autônoma de dano, na qual se indeniza a subtração séria e real de se alcançar, futuramente, um benefício ou de evitar ou diminuir uma situação de risco. Indenizável não é a vantagem final esperada, que obviamente, incerta mas, sim, a própria perda da oportunidade de se praticar um ato, o qual poderia, no futuro, gerar uma vantagem ou evitar um prejuízo. Apesar disso, o dano tem que existir, podendo ser patrimonial ou extrapatrimonial. Certamente, determinar o montante da chance perdida não é tarefa fácil, mas isso não pode servir de justificativa para se negar a indenização de um dano real. Se, eventualmente, for impossível avaliar o dano de forma matematicamente exata, essa impossibilidade deve ser usada em benefício da vítima e não em seu prejuízo. Na teoria da chance perdida, não há que se falar em prova de vínculo causal entre a perda da oportunidade e o ato danoso. Assim, o resultado da aposta nunca será efetivamente conhecido e consequentemente nunca se poderá saber se foi o agente do ato advogado, um médico ou um engenheiro, não realiza uma diligência necessária, ou alguém, devido a um acidente, não tem condições de conseguir um emprego, a perda das chances faz com que seja impossível o resultado almejado para o futuro, o qual já era aleatório antes mesmo do acidente ou da falta da diligência. Desta maneira, o ato culposo do agente tem relação de causalidade necessária com a interrupção da chance. O ato do agente, o qual interrompeu o curso do procedimento, exclui todas as oportunidades de se alcançar o resultado almejado, ocasionando a perda definitiva do resultado esperado após a ocorrência do ato danoso. A noção de perda de uma chance não se confunde com a indenização por lucros cessantes, os quais, normalmente, são pagos de acordo com os rendimentos atuais da vítima. Não há óbice para a utilização da teoria da perda de uma chance nos casos de responsabilidade civil objetiva – orientada pela teoria do risco –, assim como nos casos de responsabilidade civil subjetiva, que pesquisa a culpa. O exemplo mais antigo da utilização do conceito de perda de uma chance se deu na jurisprudência francesa. Hicks, no qual a autora era uma das 50 finalistas de um concurso de beleza conduzido pelo réu e foi impedida por ele de participar da fase final do evento. A perda de uma chance não se configura por um dano hipotético. Outro exemplo são os casos em que a mãe opta por não revelar ao pai a sua gravidez, casando-se com outro homem, o qual acaba criando o filho como seu, configurando uma paternidade socioafetiva. Neste caso, é negado ao pai biológico o direito de exercer a paternidade, ou seja, ele perdeu a oportunidade e a chance do exercício da paternidade. Da mesma forma pode-se caracterizar perda de uma chance, o genitor que não foi informado a respeito do aborto, frustrando a oportunidade da paternidade.
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