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Relação do muco cervical com as fases do ciclo menstrual e anatomia do colo do útero

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MARIA EDUARDA BUTARELLI NASCIMENTO 1 
 
HISTOLOGIA – AULA 4 - CERVICITE 
 
RELAÇÃO DO MUCO COM AS FASES DO CICLO MENSTRUAL 
 
Fase folicular: formação de estradiol – proliferativo celular das unidades glandulares – 
maior liberação de muco. 
Fase ovulatória: muco fluido com o pH ácido 
Fase luteinica: muco espesso/viscoso com pH básica 
Luteólise: muco viscoso e pH ácido. 
 
SÍTIOS DE COLETA DO ESFREGAÇO 
JEC + rastreio das células da Zona de Transformação 
 – ZT. Transformação de cunho fisiológico, mas que pode desencadear um processo 
neoplásico 
- pré-púbere: mais interna em relação ao óstio. 
- menacme: a JEC exteriorizada. É aí que surge a Zona de Transformação. 
- pós-menopausada: inversão da ZT e da JEC. 
 
Ectocérvice: tecido estratificado – estruturas basais germinativas que geram células 
maduras. Essas células são mais susceptíveis a sofrerem displasia. 
As células maduras possuem estrutura volumosa e clara/pálida devido a presença de 
glicogênio – células diferenciadas. 
É importante sempre observar o epitélio basal devido a sua capacidade proliferativa e, 
consequentemente, maior predisposição a sofrer displasias. 
 
 
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Epitélio estratificado pavimentoso da ectocérvice. 
	
	
	
 
 O epitélio estratificado pavimentoso e o tecido conjuntivo fibroso subjacente 
no retângulo inferior na imagem anterior são mostrados aqui em maior aumento. As 
células epiteliais mais maduras apresentam citoplasma claro (pontas de seta), 
constituindo um reflexo de seu alto conteúdo de glicogênio. Além disso, observe as 
papilas de tecido conjuntivo que fazem protuberância dentro do epitélio (setas). A maior 
parte do colo do útero é composta de tecido conjuntivo fibroso denso, com quantidade 
relativamente pequena de músculo liso. 
 Estroma: tecido conjuntivo vascularizado. 
 
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 Endocérvice: constituída por epitélio colunar simples/epitélio glandular secretor 
de muco (pode apresentar-se de forma pseudoestratificada), o qual será externado pelo 
óstio da glândula. 
 
FIGURA 1 
 Esta amostra corada pela H&E é de uma mulher na pós-menopausa. A porção 
inferior projeta-se dentro da porção superior da vagina, em que uma abertura, o óstio 
externo, leva ao útero através do canal cervical. A superfície do colo do útero é coberta 
por epitélio estratificado pavimentoso (EpEP), que é contínuo com o revestimento 
epitelial da vagina. Na entrada do canal cervical ocorre uma transição abrupta do epitélio 
estratificado pavimentoso para o epitélio simples colunar (EpSC). Nesta amostra, o 
epitélio estratificado estendeu-se até o interior do canal, um evento observado com 
o envelhecimento. Nota-se a existência de glândulas cervicais secretoras de muco ao 
longo do canal cervical. Tais glândulas são tubulares simples ramificadas, que surgem 
como invaginações do epitélio que reveste o canal. Com frequência, as glândulas 
desenvolvem-se em cistos de Naboth em consequência da retenção da secreção de muco 
pelo bloqueio da abertura da glândula. O material assinalado com X é o muco secretado 
pelas glândulas cervicais. 
 O bloqueio das aberturas das glândulas mucosas resulta em retenção de suas 
secreções, levando à formação de cistos dilatados no colo do útero, denominado cistos 
 
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de Naboth. Estes se desenvolvem com frequência, mas apenas serão clinicamente 
importantes se houver história de um número grande de cistos que provoquem aumento 
acentuado do colo do útero. 
 A zona de transformação constitui o local de transição entre o epitélio 
estratificado pavimentoso da vagina e o epitélio simples colunar do colo do útero. 
 
 
Zona de transformação do colo do útero. O local da junção com o epitélio pavimentoso 
colunar do retângulo superior na figura 1 é mostrado aqui em maior aumento. Observe a 
alteração abrupta do epitélio estratificado pavimentoso para o epitélio simples colunar 
(seta). As alterações neoplásicas que levam ao desenvolvimento de câncer de colo 
começam mais frequentemente nessa zona de transformação. No tecido conjuntivo, 
são encontradas glândulas cervicais (GC) ramificadas, secretoras de muco, compostas de 
um epitélio simples colunar, que é contínuo com o epitélio de revestimento do canal 
cervical. (pode chegar até 1cm, mas geralmente é mensurado em mm) 
 
Teste do Iodo e de Schiller 
 Consiste na aplicação de Lugol (solução iodada a 1%, formada por 2g de iodo e 
4g de iodeto de potássio, diluídos em 200 ml de água destilada). Provoca uma coloração 
acastanhada escura do epitélio escamoso normal. A intensidade da coloração é 
proporcional à concentração em glicogênio das camadas superficiais da mucosa. 
 
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 A solução de Lugol cora o epitélio escamoso maduro, mas não cora as células 
com pouco ou nenhum glicogénio (p. ex. epitélio escamoso atrófico, imaturo, 
displásico, epitélio glandular, áreas ulceradas sem cobertura por epitélio escamoso) 
 
O epitélio colunar é iodo negativo. Zona de transformação normal identificável por uma 
incompleta coloração da nova junção escamocolunar. 
 
TESTE DO ÁCIDO ACÉTICO 
 Aplicação de ácido acético 5%. Esta aplicação não afeta o epitélio escamoso 
normal, que continua de aspecto liso e coloração rosada. No entanto, no epitélio glandular 
faz aparecer com nitidez as suas vilosidades, com aparência em cacho e com discreto 
esbranquiçado. Entre o epitélio escamoso e o cilíndrico aparece uma área de junção, que 
apresenta um transitório bordo esbranquiçado. Uma reacção acetobranca também ocorre 
quando o epitélio escamoso é anormal. O ácido acético provoca desidratação das 
células (imaturas, porque não possui glicogênio um lentificador de desidratação) 
edema dos tecidos e coagulação superficial das proteínas intracelulares, reduzindo a 
transparência do epitélio. 
 
INFLAMAÇÃO AGUDA/CERVICITE AGUDA: 
- Injúria ao tecido, nesse caso, no tecido do colo uterino que vai gerar resposta da 
microcirculação: 
1. edema exsudativo que pode vir ou não acompanhado de pus (depende da causa). 
2. infiltrado neutrofílico reacional – hiperemia dos vasos. 
PATÓGENOS: 
 
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- Clamídia: presença de corpúsculos cocóides - grupos de alguns vacúolos ou mesmo 
vacúolos únicos, grandes, em geral perinucleares, de paredes espêssas (“de casca 
grossa”), com fundo claro e mostrando centralmente inclusão eosinofílica, avermelhada. 
O núcleo da célula pode mostrar atipias discretas, em geral isoladas e inespecíficas. 
- Candidíase: junto com as células epitelias, visualizam-se pseudohifas. 
 
- HPV: indutor de multiplicações atípicas exagerados. (difuso, infiltrativo e invasivo) 
Sorotipos mais comuns: 16 e 18 
As células da Ectocérvice começam a formar COILÓCITOS + deformação do tecido. 
(fragmentação do material genético + perda de glicogênio) 
 
NIC / LIE 
 
 
 
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DETALHES DO EPITÉLIO DISPLÁSICO. 
 O carcinoma in situ corresponde ao grau máximo de displasia (ou seja, é 
classificado como displasia grave) e à Neoplasia Epitelial Cervical (NIC) III (ou seja, 
afeta toda a espessura do epitélio). (O NIC I acomete o terço profundo, o NIC II dois 
terços). As células atípicas não invadem o estroma subjacente, portanto a membrana 
basal está preservada. Esta é a razão do termo in situ. Contudo, o carcinoma in situ é uma 
lesão pré-neoplásica, ou seja, se não removida, evoluirá com alta probabilidade para 
carcinoma epidermóide invasivo. As células no carcinoma in situ lembram as da camada 
basal normal pelo seu núcleo ovalado e citoplasma escasso. Porém apresentam 
desorganização da arquiteturaem camadas, atipias nucleares e figuras de mitose em 
qualquer altura do epitélio. Em alguns núcleos notam-se nucléolos evidentes, um sinal de 
ativa síntese proteica. 
 
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Carcinoma in situ recobre extensa área da superfície da endocérvice, substituindo o 
epitélio normal, que deveria ser cilíndrico simples mucoso, como o das glândulas. Em 
certos trechos, o epitélio atípico substitui também o epitélio glandular em continuidade. 
A isto se chama extensão glandular do carcinoma in situ, mais evidente na lâmina 
seguinte, 
 
	 	
	
	
 
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CERVICITE CRÔNICA 
- Necrose, escavações. 
- Microscopia: plasmócitos, linfócitos, neutrófilos

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