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INTRODUÇÃO À ECONOMIA Autoria: Nelson Chalfun Homsy Dados Pessoais Nome: _________________________________________________________ Turma:____________ Matrícula:__________ Curso: __________________ Endereço: _____________________________________________________ Cidade: _____________________________________ UF: _______________ CEP: ________________ Telefone: _________________________________ E-mail: ________________________________________________________ CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito - Cx. P. 191 - 89.130-000 INDAIAL/SC - Fone Fax: (47) 3281-9000/3281- 9090 - www.uniasselvipos.com.br Programa de Pós-Graduação EAD CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof.ª Tathyane Lucas Simão Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa Prof. Ivan Tesck Revisão Gramatical: Equipe de Produção de Materiais Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Equipe Pedagógica do IBAM: Prof. Heraldo da Costa Reis Profª. Márcia Costa Alves da Silva Profª. Tereza Cristina Baratta Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2017 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 330 H763i Homsy, Nelson Chalfun Introdução à economia / Nelson Chalfun Homsy. Indaial : UNIASSELVI, 2017. 126 p. : il. ISBN 978-85-69910-42-8 1. Economia. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci PARCERIA ENTRE IBAM E UNIASSELVI No momento atual, em todos os países, em qualquer instância de governo, observa-se um movimento de revisão do papel do Estado, somado à exigência das populações por atuação governamental de qualidade. Esta tendência conduz à demanda expressiva para que se consolide a existência e o funcionamento de um sistema qualificado de Gestão para a implementação de políticas públicas. A institucionalização dos processos de gestão e a profissionalização dos servidores públicos passam a ser instrumentos estratégicos para alavancar condições de melhor execução de atividades e projetos, bem como dos meios de controle necessários para avaliação de resultados da atuação governamental. Inúmeras iniciativas são implementadas para dar consistência a este modelo de gestão governamental que se apoia na valorização da transparência, da participação e do controle social, que não podem existir sem instrumentos adequados e pessoas qualificadas. É neste contexto que se forma a parceria do IBAM com a UNIASSELVI. Aprimorar o sistema de gestão pública, apoiar a formação de profissionais que queiram ser ou já são do quadro do setor público e ampliar a informação para o cidadão sobre como deve funcionar o governo são os propósitos iniciais do MBA em Gestão Pública que passa a integrar o programa de pós-graduação da UNIASSELVI. A equipe de Professores Autores que o compõe se destaca pelo desempenho profissional em projetos da Administração Pública e como docentes universitários. A experiência da UNIASSELVI em processos educacionais em nível superior, aliada à do IBAM, que há 60 anos atua, em nível nacional e internacional, para o aprimoramento da administração pública, é composição de excelência para enriquecer o cenário que se quer alcançar. O IBAM e a UNIASSELVI desejam a todos os participantes uma boa jornada de estudos. Aos que se dirigem ao setor público, que consolidem sua formação; e, aos demais, que ampliem o nível de informação sobre governo e aprendam a articular-se com ele como cidadãos. Paulo Timm Superintendente Geral do Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM Prof. Carlos Fabiano Fistarol Pró-Reitor de Pós-Graduação a Distância Grupo UNIASSELVI Me. Nelson Chalfun Homsy Doutor em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (IE/UFRJ), Mestre em Planejamento Urbano e Regional (UCLA) e Graduado em Economia (I E/UFRJ). Sua carreira profi ssional inclui importantes posições de administração, gerência e supervisão em departamentos de planejamento, mercado de capitais, pesquisa, sistemas de informação e fi nanças, nas áreas de habitação e infraestrutura. Como consultor atua nas áreas de políticas tributária e fi scal, provisão e distribuição de serviços públicos, gestão do crescimento econômico, política habitacional e análise e avaliação de projetos. É professor de Economia do Setor Público e de Matemática Financeira no Instituto de Economia da UFRJ. Seus principais temas de pesquisa, além das questões acadêmicas, são Economia Urbana e Regional e Finanças Públicas e Empresariais. Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 Introdução à Economia ...........................................................9 CAPÍTULO 2 Microeconomia .......................................................................31 CAPÍTULO 3 Macroeconomia ......................................................................43 CAPÍTULO 4 A Evolução do Pensamento Econômico no Enfrentamento dos Problemas Sociais .............................79 CAPÍTULO 5 Os Problemas Econômicos Básicos ................................. 111 APRESENTAÇÃO Caro pós-graduando! O conhecimento dos assuntos econômicos é fundamental para que possamos entender as razões da escassez ou da abundância de alguns produtos e serviços; a existência das desigualdades de renda entre pessoas, entre regiões e países, ou por que as populações de muitos países possuidores de grandes riquezas naturais permanecem em situação de extrema pobreza e privação de acesso aos mínimos níveis de saúde, ensino e nutrição. Por este prisma a economia pode ser considerada como uma ciência que visa identificar e estabelecer a utilidade dos bens em relação ao ser humano e não uma ferramenta apenas de cálculo e precificação de bens e cálculos de índices. Entretanto, ao nos aprofundarmos no estudo destas questões, nos deparamos com aspectos referentes à organização dos mercados de consumo, de produção e distribuição de mercadorias e serviços. São estudadas as características da demanda ou procura, do comportamento dos produtores de bens e serviços concorrentes, assim como os mercados de insumos utilizados na produção, os equipamentos e a tecnologia a serem utilizados, além das condições de financiamento necessário para a sua aquisição. Assim, o estudo de economia nos possibilita verificar a adequação dos recursos financeiros, observar as restrições orçamentárias, planejar a produção e definir as políticas governamentais capazes de propiciar o maior nível de crescimento, considerando-se cenários econômicos futuros. Sua aplicação é feita, principalmente, entre profissionais que estudam os fenômenos relacionados à produção e ao consumo de bens e serviços, além de desenvolverem projetos para a solução de questões financeiras e econômicas em diferentes setores de atividade, seja no comércio, em serviços, na indústria, em ONGs ou em órgãos públicos. Para tanto, este caderno de estudos trata da disciplina Introdução à Economia e se divide em quatro capítulos. O Capítulo 1 apresenta os Princípios Gerais, onde são apresentados o objetivo da economia, os setores da atividade econômica, os bens de capital, de consumo intermediário e de consumo final e as questões relacionadas à produção e distribuição de bens e serviços. O Capítulo 2 trata da microeconomia, em que são apresentados os conceitos de mercado, procura e oferta e as estruturas de mercado. O Capítulo 3 versa sobre a macroeconomia, expõe os conceitos de fluxo e estoque e detalha as políticas econômicas implementadas pelo governo. No Capítulo 4 é exposta a síntese da evolução dopensamento econômico, abrangendo as fases pré-moderna; moderna e contemporânea. No Capítulo 5 são discutidos os problemas econômicos básicos que atualmente afetam as economias dos países. Esperamos que este caderno de estudos faça com que você goste do assunto e se interesse cada vez mais por ele, seja por curiosidade ou por necessidade. Quanto mais você aprende e ganha segurança sobre um determinado assunto, mais aumenta o seu grau de “amizade” com esse tema e maior é a sua curiosidade em aprender o assunto mais detalhadamente e possa desempenhar suas atividades profissionais de maneira mais eficiente. Esperamos, pois, que, ao ler este caderno, você inicie ou fortaleça a sua amizade com a economia. Bom trabalho! Bons estudos! CAPÍTULO 1 Introdução à Economia A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer o campo de estudo da Ciência Econômica. Conhecer os principais conceitos e instrumentos utilizados pela Ciência Econômica e saber aplicá-los nas situações que envolvem o planejamento, a coordenação e a avaliação da utilização de recursos produtivos pelos agentes privados e pelo governo. 10 Introdução à Economia 11 INTRODUÇÃO À ECONOMIA Capítulo 1 ConteXtualiZação A Economia ou Ciências Econômicas é uma ciência social que lida com desejos humanos e sua satisfação. É principalmente preocupada com a maneira que uma sociedade escolhe empregar seus recursos escassos e que possuem usos alternativos para a produção de bens para o consumo presente e futuro. Economia Política é outro nome para a Economia. “Polis” em grego signifi ca Estado. Os primeiros escritores usaram o termo “Economia política” para a gestão do Estado. Espera-se que a pessoa chefe de uma família faça o melhor uso dos rendimentos do conjunto familiar. Da mesma forma, espera-se que o Estado obtenha o máximo benefício para a sociedade. Podemos dizer que a economia é a ciência de desejos. Mas no mundo real, os meios que satisfazem nossos desejos são limitados, ou seja, há escassez de meios que satisfaçam nossos desejos. Tempo e dinheiro são limitados. A terra, o trabalho e o capital, utilizados na produção são limitados. Embora o desenvolvimento científi co e o desenvolvimento tecnológico tenham aumentado os nossos recursos, nossas necessidades e vontades também aumentaram. Podemos então dizer que a economia é a ciência da escassez. Desejos ilimitados e meios limitados nos levam a fazer escolhas. Mas tudo que queremos não é de igual importância. Então satisfazemos os desejos mais importantes e as necessidades mais urgentes. A escolha é a essência da atividade econômica. Podemos também dizer que a economia é a ciência da escolha. Muitas coisas que queremos são escassas e temos que pagar um preço por elas. Então, em economia, estudamos como os preços de coisas diferentes são determinados. Podemos também dizer que a economia é uma ciência que lida com preços. A economia moderna é uma economia monetária. Os preços são pagos em dinheiro. O dinheiro desempenha um papel importante na vida econômica das sociedades modernas. É usado para a compra e venda de mercadorias, para pagamento de aluguéis, de salários, de juros e assim por diante. Podemos então também dizer que a economia é a ciência do dinheiro. A economia estuda a produção, a troca, a distribuição e o consumo dos produtos e serviços, produzidos para promover o bem-estar da sociedade, a economia é também chamada da ciência do bem-estar social. A economia moderna é uma economia monetária. 12 Introdução à Economia Os Setores da Atividade Econômica Como ObJeto de Estudo da Economia Após contextualizar o campo de estudo da economia veremos agora como esta ciência aborda os problemas da escassez, da escolha, dos preços, do dinheiro e do bem-estar. A economia estuda como se processa a coordenação da produção e da distribuição dos bens e serviços destinados ao atendimento das necessidades ilimitadas da sociedade. A produção e a distribuição de bens e serviços ocorrem por meio de três setores – denominados primário, secundário e terciário – que operam no contexto de uma cadeia produtiva, em que cada setor transfere a sua produção para o seguinte. Os Setores da Atividade Econômica • Setor primário: engloba as atividades ligadas à extração de recursos naturais e à agricultura (mineração e plantação de trigo, por exemplo). • Setor secundário: é constituído pelas atividades de transformação dos recursos do setor primário em equipamentos (fornos de panifi cação, por exemplo) e outros produtos empregados na produção de bens (denominados insumos – massa folhada, por exemplo) que serão utilizados na fabricação de produtos de consumo fi nal (pão, por exemplo). • Setor terciário: é integrado pelos serviços em geral (capacitação de padeiros, transporte de sal e farinha, fi scalização governamental das condições sanitárias das panifi cadoras, por exemplo). A ImPortÂncia da Distinção Entre os TrÊs Setores Produtivos Para a Análise Econômica O reconhecimento das diferenças entre os principais setores da economia, agricultura, comércio, indústria e serviços, tem uma tradição considerável 13 INTRODUÇÃO À ECONOMIA Capítulo 1 no pensamento econômico. As transformações observadas na evolução das sociedades estão intimamente relacionadas com a evolução estrutural destes setores. A ascensão do setor de serviços no século XX e sua crescente participação no total da atividade econômica é tão importante para o desenvolvimento econômico como a Revolução Industrial que ocorreu na segunda metade do século XIX. A transição de sociedades preponderantemente agrícolas para economias industriais provocou profundas transformações econômicas, sociais e culturais, internamente e entre as nações. As mesmas transformações foram observadas na transição de uma economia preponderantemente industrial para uma economia de serviços ao longo do século XX. E são os efeitos desta mudança estrutural que caracterizam os diversos problemas econômicos que afetam as economias modernas. Os três principais setores diferem signifi cativamente entre si no uso dos recursos naturais, na escala de operação das unidades produtivas comuns a cada um, no processo de produção em que eles se envolvem, em produtos fi nais que eles contribuem e nas tendências em suas ações na produção total e dos recursos utilizados. A transição do emprego do fator trabalho em setores primários – nas atividades tradicionais da agricultura, mineração etc. para os setores modernos, se constitui em elemento primordial para aumentar a taxa de poupança e de investimento da economia e à promoção do crescimento econômico, em função da maior produtividade observada no setor industrial em relação ao setor primário (ver a seção Custo de Produção, mais adiante). Assim, quanto mais rápida a taxa em que o fator trabalho transita da agricultura tradicional e das atividades informais de baixa produtividade para o setor moderno, mais rapidamente aumenta a taxa de crescimento econômico. O crescimento industrial continua a ser uma prioridade alta na política dos governos dos países em desenvolvimento. Embora menos vital para a manutenção de elevados rendimentos nos países desenvolvidos, a indústria continua uma importante fonte de empregos bem remunerados, especialmente para os trabalhadores que ainda não possuem educação universitária. A ascensão do setor de serviços no século XX e sua crescente participação no total da atividade econômica é tão importante para o desenvolvimento econômico como a Revolução Industrial que ocorreu na segunda metade do século XIX. Quanto mais rápida a taxa em que o fator trabalho transita da agricultura tradicional e das atividades informais de baixa produtividade para o setor moderno, mais rapidamente aumenta a taxa de crescimento econômico. 14Introdução à Economia As últimas décadas testemunharam uma reestruturação importante da economia global, em que cada vez mais a produção e o emprego industrial estão localizados em países emergentes e em desenvolvimento, enquanto países desenvolvidos tornaram-se cada vez mais em economias orientadas para o setor de serviços. A globalização através dos fl uxos de investimento e aumento das trocas comerciais, está dirigindo esta reestruturação, junto com a mudança organizacional tecnológica associada. Outro conjunto de oportunidades está sendo criado, alterando padrões de consumo e produção em países desenvolvidos. Por exemplo, como eles lutam para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa visando atender aos compromissos assumidos em âmbito internacional. Os biocombustíveis são um exemplo de um setor com signifi cativo potencial associado e o Brasil está bem posicionado estrategicamente para obter vantagens em relação à produção de açúcar, e de óleo de soja e óleo de palma. Cafeicultores, por exemplo, na África, América Latina e Ásia compartilham os ganhos decorrentes das oportunidades surgidas com a adoção de novas tecnologias destinadas a reduzir os custos de transporte. Por exemplo, a produção de frutas e fl ores em climas tropicais e em climas temperados do hemisfério sul, para abastecer mercados de países desenvolvidos no hemisfério norte, é um exemplo onde reduzir os custos de transporte é tarefa de caráter decisivo. Também crucial tem sido a capacidade desenvolvida por alguns países nos trópicos e no hemisfério sul para fornecer a infraestrutura de suporte e serviços em contêineres equipados com sistemas de controle de temperatura. No caso dos serviços, a redução dos custos de comunicação está revolucionando a maneira com que diferentes tipos de indústrias e de serviços, com muitas funções que dependem da “interação face a face”, atuam remotamente, e onde os custos são competitivos. A Índia, por exemplo, tem sido o principal país benefi ciário do crescente “‘comércio de tarefas”, mas outros países também têm compartilhado ganhos, como as Filipinas. A redução dos custos de viagens criou o turismo de massa numa escala sem precedentes e abriu oportunidades signifi cativas para os países capacitados – incluindo para o ecoturismo. Países africanos, por exemplo, apresentam potencial de benefícios signifi cativos decorrentes do turismo baseado na natureza, mas necessitam também da capacidade de construir e manter a infraestrutura e os serviços adequados ao turismo. 15 INTRODUÇÃO À ECONOMIA Capítulo 1 Os Bens de CaPital, de Consumo Intermediário e de Consumo Final Como os setores primário, secundário e terciário operam no contexto de uma cadeia produtiva, onde cada setor transfere a sua produção para o seguinte, as oportunidades de crescimento de uma economia decorrem da mais adequada combinação entre estes setores, de acordo com a abundância dos recursos associados a cada um deles. O crescimento mundial pode apresentar altas taxas de crescimento com a descoberta de recursos novos ou melhores, tal como aconteceu com a descoberta de poços de petróleo na década de 1850. Mais pessoas puderam ingressar na força de trabalho. Outra onda de crescimento global se associa com a descoberta de novas tecnologias, tal como aconteceu com a invenção da internet. Tais eventos são de extrema importância para explicar a revolução que aconteceu na produção e no consumo de mercadorias e serviços. O petróleo, um bem associado ao setor primário, que transformado, serviu como combustível (um bem industrial de consumo intermediário) e a internet, um serviço associado ao setor terciário, representam novas e signifi cativas mudanças estruturais que induzem novos investimentos nos chamados bens de capital. Como os setores primário, secundário e terciário operam no contexto de uma cadeia produtiva, as oportunidades de crescimento de uma economia decorrem da mais adequada combinação entre estes setores. Bens de capital: destinam-se a produzir bens e serviços a serem consumidos. Exemplo: plataforma de petróleo, forno de padaria, máquina empacotadora de café. EXPlicando o Investimento em Bens de CaPital Investimento em bens de capital é o gasto efetuado em ativos tais como fábricas, máquinas, computadores, veículos, ferramentas, tecnologias, destinados à produção de bens e serviços. O termo "bem de capital" se distingue de capital quando aplicado ao “capital fi nanceiro” ou “capital humano”. Capital fi nanceiro inclui os fundos necessários 16 Introdução à Economia para manter e crescer um negócio (dívida e capital próprio), e capital humano representa o trabalho humano real. É preciso capital fi nanceiro para investir em bens de capital, e é preciso capital humano para projetar, construir e operar os bens de capital. Investimento de CaPital, Bens de CaPital e Crescimento Econômico A melhoria do estoque de bens de capital aumenta a produtividade do trabalho. Um exemplo simples pode ser visto quando um desenhista substitui lápis e borracha por um computador. Bens intermediários: bens utilizados na produção, isto é, que sofrem transformação antes de se tornarem bens fi nais. Exemplo: petróleo como um estágio anterior à gasolina, farinha transformada em pão. Existem muitos bens intermediários que podem ser usados para vários propósitos. Exemplos incluem o aço, que pode ser usado na construção de equipamentos; madeira, usada em pisos e mobiliário; vidro, usado na produção de janelas e óculos; e ouro e prata, utilizados na produção de joias. Considere um agricultor que cultiva trigo. Neste exemplo, o trigo é o bem intermediário. O agricultor vende sua colheita de trigo a um moleiro por R$100. O moleiro usa o trigo para fazer farinha, que é um bem intermediário secundário. O moleiro vende a farinha para um padeiro por R$200 e cria R$100 no valor (venda de farinha R$200 – compra de R$100 = R$100). O produto fi nal, que é o bem vendido diretamente ao consumidor, é o pão que o padeiro faz usando a farinha. O padeiro vende todos os seus pães num total de R$ 300, adicionando R$100 de valor (R$300 - R$200 = R$100). É importante notar que o preço fi nal, pelo qual o pão é vendido é igual ao valor que é adicionado em cada estágio do processo de produção (R$100 + R$100 + R$100). 17 INTRODUÇÃO À ECONOMIA Capítulo 1 Como os Bens Intermediários São UtiliZados Geralmente, existem três opções para a utilização de bens intermediários. a) Uma empresa pode produzir e usar seus próprios bens intermediários. Nesse caso diz-se que a empresa “verticaliza a produção” (como se fosse em um edifício). b) Uma empresa pode também produzir os bens e depois vendê-los a outras empresas para serem transformados em outros produtos intermediários ou em produtos para consumo fi nal (nesse caso diz-se que a produção é horizontalizada). As empresas efetuam gastos ao consumir bens intermediários para uso específi co (serviços de eletricidade e água para alimentar e resfriar equipamentos, por exemplo) destinados à produção de outros bens intermediários ou bens de consumo fi nal. Exemplo: uma fábrica de tubos de borracha – bens intermediários utilizados na montagem de automóveis – adquire “pellets” de borracha, que são bens intermediários para a fabricação dos tubos produzidos. Já a montadora de automóveis utiliza os tubos de borracha para a produção de automóveis, que são bens de consumo fi nal. Os bens intermediários são geralmente comprados por uma unidade de produção de outra empresa. No entanto, nem todas as compras efetuadas por uma unidade de produção são compras de bens intermediários. Por exemplo, compras de prédios, maquinaria etc. não são compras intermediárias (se eles não são destinados para a revenda). Na verdade, essas compras são consideradas bens de capital, conforme visto anteriormente. Bens intermediários fornecem ligações entre setores que criamum multiplicador de produtividade. Embalagens são conhecidos exemplos de bens intermediários. Baixa produtividade na oferta de embalagens reduz as vendas de televisores e liquidifi cadores. Baixa produtividade na geração de energia elétrica, por exemplo, reduz a produção dos serviços do setor bancário e do setor de produção de alumínio. Em razão da complementaridade existente entre as cadeias de produção, a alta produtividade de uma empresa de confecção de vestuário, por exemplo, requer um alto nível de desempenho ao longo de um grande número de etapas Os bens intermediários são geralmente comprados por uma unidade de produção de outra empresa. No entanto, nem todas as compras efetuadas por uma unidade de produção são compras de bens intermediários. 18 Introdução à Economia da cadeia produtiva. Exige efi ciência na produção de matérias-primas têxteis, da indústria de máquinas de tecelagem, uma força de trabalho saudável e capacitada, o conhecimento de como produzir, redes de transporte efi cientes, oferta adequada de eletricidade etc. Estas características são complementares, no sentido de que problemas com qualquer uma dessas dimensões podem substancialmente reduzir a produção global. Sem eletricidade ou conhecimento técnico de produção ou matérias-primas ou segurança ou licenças de negócios, a produção é suscetível de ser severamente prejudicada. Bens de consumo fi nal: destinam-se a satisfazer as necessidades dos consumidores. Exemplo: pão. Bens de consumo fi nal são os produtos comprados pelo consumidor comum. Alternativamente chamados de bens fi nais, representam o último estágio de um processo produtivo. São o resultado fi nal de produção do que um consumidor vai ver na prateleira da farmácia, do supermercado etc. Roupas, alimentos e joias são exemplos de bens de consumo. Existem três tipos principais de bens de consumo: bens duráveis, bens não duráveis e serviços. Bens duráveis são bens de consumo que possuem uma vida longa e são usados ao longo do tempo. Sua duração esperada é normalmente igual ou superior a três anos. Exemplos incluem bicicletas e frigorífi cos. Bens não duráveis são consumidos em menos de três anos e têm expectativa de vida curta. Exemplos incluem alimentos e bebidas. Serviços incluem os hotéis, os barbeiros etc. São serviços ao consumidor. E também os serviços da polícia, dos tribunais, dos parques e de iluminação das vias públicas, consumidos coletivamente pelas pessoas. 19 INTRODUÇÃO À ECONOMIA Capítulo 1 Bens de consumo imediato: um dos maiores grupos de bens de consumo é chamado de bens de consumo imediato. Este segmento inclui os bens não duráveis, como alimentos e bebidas. Empresas e varejistas preferem este segmento, pois os bens são vendidos mais rapidamente nas lojas, oferecendo a oportunidade de alta rotatividade no estoque e rápida recuperação do capital de giro. Capital de giro é o valor que a empresa precisa, de forma regular, para realizar a sua atividade. Ele é necessário mesmo antes da fi rma entrar em funcionamento. No caso de uma lanchonete, por exemplo, é necessário um estoque inicial de pães, queijos, massa de tomate e outros itens que compõem o cardápio, como bebidas, refrigerantes etc. Empresas investem em estoques, em antecipação a vendas futuras. As empresas também estocam matérias-primas e bens intermediários utilizados no processo de produção. Embora os estoques sejam uma parte relativamente pequena do setor de investimento global, são um componente essencial das mudanças ao longo do ciclo de negócios. Se a economia está operando em ritmo lento, e possivelmente, irá entrar em uma recessão, um provável indicador, muitas vezes, será um acúmulo indesejado de estoques. Como os consumidores reduzem suas compras, as vendas de bens e serviços de estoques de baixa rotatividade, acumulam, fazendo com que as empresas reduzam a produção (demitindo funcionários) para reduzir estoques indesejados (e caros). ProduZir e Distribuir o Que, Como e Para Quem Fatores de produção são insumos (ver a seção que trata dos setores da atividade econômica, deste capítulo) utilizados para a produção de bens e serviços. Eles são os recursos de que necessita uma empresa para gerar um lucro econômico através da produção de bens e serviços. Os fatores de produção são divididos em quatro categorias: terra, trabalho, capital e empreendedorismo. Terra é o recurso natural que uma empresa utiliza para produzir bens e serviços para gerar um lucro. A terra não é restrita apenas à propriedade física ou 20 Introdução à Economia imóvel. Inclui todos os recursos naturais que a terra produz, tais como petróleo, carvão, água, ouro e gás natural. Os recursos são materiais naturais que estão incluídos na produção de bens e serviços. Trabalho é a quantidade de trabalho de trabalhadores que contribui para o processo de produção. Capital é qualquer ferramenta, o edifício e a máquina utilizados para produzir bens e serviços. O capital varia dependendo de cada indústria. Por exemplo, um cientista da computação usa um computador para criar um programa; seu capital é o computador utilizado. Por outro lado, um cozinheiro usa panelas e frigideiras para elaborar uma refeição. Panelas e frigideiras são o capital do cozinheiro. Empreendedorismo representa o espírito das pessoas em assumir o risco de se dedicar a produzir com o objetivo de obter lucro. Por exemplo, um empreendedor reúne ouro, trabalho de ourivesaria e uma máquina para produzir joias. O empreendedor assume todos os riscos e recompensas que vêm com a produção de um bem ou serviço. Vimos que as atividades dedicadas à produção de bens e serviços, utilizam bens de capital e bens intermediários chamados, genericamente, de fatores de produção. Portanto, os fatores de produção são: o capital humano, o capital fi nanceiro, o capital físico (máquinas e equipamentos) e o capital tecnológico (a capacidade do empresário de escolher a combinação de fatores de produção, além dos softwares, e de outros métodos produtivos). O nível de efi ciência na produção é medido pelo grau de utilização e pela qualidade observada na combinação dos fatores de produção. Há combinações de fatores que produzem bens e serviços de melhor qualidade, embora apresentem custo de produção igual ou menor. Há, porém, restrições de caráter quantitativo e qualitativo que determinam o limite máximo da efi ciência produtiva. Este limite ocorre quando não há mais ociosidade na utilização dos fatores e quando se esgotam as possibilidades de produção por meio das combinações no uso dos fatores. Este é o ponto em que qualquer acréscimo na produção de um setor produtivo implica a redução da produção dos demais. As decisões quanto à produção se baseiam na escolha de prioridades que implicam a renúncia da produção de outros produtos e serviços. Tal situação representa um “custo de oportunidade”. Isto é, para se ter mais serviços de saúde pode ser necessário reduzir a oferta de serviços de educação; para se ter mais automóveis pode ser necessário reduzir a produção de comidas congeladas. Os fatores de produção são: o capital humano, o capital fi nanceiro, o capital físico e o capital tecnológico. 21 INTRODUÇÃO À ECONOMIA Capítulo 1 Como o acréscimo na produção só pode ocorrer com o aumento dos fatores de produção ou com a introdução de tecnologias que possibilitem produzir mais com os mesmos recursos, as possíveis combinações sobre o que produzir e como produzir resultam de decisões dos agentes governamentais (oferta de serviços de saúde e ensino público) e privados (produção de refrigerantes, de telefones etc.). Nas economias liberais de mercado, as decisões são mais infl uenciadas pela iniciativa privada, a ela competindo a maior parte da mobilização dos recursos, tendo no mecanismo de mercado o seu eixo básico de regulação. Nas economias centralmente planificadas, o governo concentra as decisões sobre alocação dos recursos e a produção. Nas economias mistas a gestão empresarial se submete à regulação estatal na mobilização dos recursos e na produção. A Produção de Bens e Serviços Produção é a transformação dos fatores de produção adquiridos pelas empresas com objetivo de venda no mercado. No processo de produção, diferentes fatores são utilizados para a obtenção de produtos de consumo fi nal e de consumo intermediário. As formas como esses fatores são combinados denominam-se métodos de produção. Os métodos de produção são caracterizados de duas formas: trabalho intensivo e capital intensivo. No primeiro caso utiliza-se uma quantidade maior de trabalhadores do que de capital. O inverso se aplica ao segundo caso. Função de produção: expressa a relação entre diferentes combinações de fatores de produção, defi nidas pelo tipo de tecnologia empregada, e a obtenção de diferentes quantidades de produto. Por exemplo, a quantidade de calçados que poderá ser produzida a partir de determinada quantidade de couro, pregos, fi os, energia elétrica, mão de obra, máquinas, equipamentos e instalações em uma jornada de trabalho. 22 Introdução à Economia Fatores de Produção FiXos e Variáveis • Fatores de produção fi xos: são aqueles cuja quantidade utilizada não varia quando o volume da produção se altera. Exemplo: câmeras de vigilância externas ao prédio de uma fábrica. • Fatores de produção variáveis: são aqueles cuja quantidade varia quando o volume de produção se altera. Exemplo: quantidade de farinha necessária para produzir maiores quantidades de pão. A Lei dos Rendimentos Decrescentes Elevando-se a quantidade de um fator variável e permanecendo fi xa a quantidade dos demais fatores, a produção inicialmente aumentará a taxas crescentes. Mas a partir de certa quantidade utilizada do fator variável, a produção crescerá com acréscimos cada vez menores até decrescer. Tal decréscimo signifi ca “deseconomias” de escala. Suponha, por exemplo, que se aumenta gradativamente a quantidade de empregados em um galpão destinado à montagem de brinquedos. A movimentação no espaço de produção se torna cada vez mais difícil, até o ponto em que ocorre a superlotação, inviabilizando a montagem. Quadro 1 - Exemplo numérico de rendimentos decrescentes na produção Galpão 1000 m2 (fator fi xo) Qt. de Mão de obra (fator variável) A Qt. Total de Produto B Produtividade média C = B/A Produtividade marginal da Mão de obra (*) 10 1 6 6.0 6 10 2 14 7.0 8 10 3 24 8.0 10 10 4 32 8.0 8 10 5 38 7.6 6 10 6 42 7.0 4 10 7 44 6.2 2 10 8 44 5.4 0 10 9 42 4.6 -2 (*) Acréscimo na quantidade de mão de obra necessário para a obtenção de maior quantidade de produto. Fonte: O autor. 23 INTRODUÇÃO À ECONOMIA Capítulo 1 Custo de Produção Representa a soma das despesas da atividade de produção de uma empresa, relacionadas com o capital fi xo e com o capital variável. • Custos fi xos totais (custos indiretos): correspondem aos recursos de produção que não variam em função das alterações nas quantidades produzidas. Ex.: edifícios, máquinas, equipamentos etc. • Custos totais variáveis (custos diretos): referem-se aos recursos variáveis utilizados no processo produtivo. Estes custos dependem da quantidade a ser produzida. Ex.: matérias-primas, mão de obra, energia etc. • O custo fi xo total médio: é obtido mediante a divisão do custo fi xo total pela quantidade produzida. • O Custo marginal: é o custo de se produzir uma unidade adicional de um produto ou serviço. Portanto, se o custo de produzir uma unidade adicional de um produto for superior ao preço pelo qual ele será vendido, o produtor não o produzirá, pois terá prejuízo. • A receita da empresa: é obtida por meio da multiplicação da quantidade de bens e serviços vendidos pelo respectivo preço unitário de venda. O Emprego do Cálculo Marginal (ou Cálculo segundo a abordagem Marginalista) Suponha, por exemplo, que você produza um produto a ser vendido por $120 e que custa $100, por unidade, se você produzir 50 unidades. Isso resultará em um custo total de “$100 x 50” ou $5.000 e um faturamento total de “$120 x 50” ou $6.000. Suponha agora que você examine a possibilidade de produzir a 51ª unidade deste produto. Sua receita total será de “$ 120 x 51” ou $ 6.120. Entretanto, tendo em vista a necessidade de contratar mais um empregado para produzir esta unidade adicional, o custo será acrescido em $ 150, passando a ser de $ 5.150. Neste caso, a decisão de produzir a unidade de número 51 seria um mau negócio porque o custo de produção unitário aumenta para $100,98 por unidade. Seu benefício líquido sobe em $120, enquanto o custo total aumenta em $150, signifi cando que o custo supera o benefício e que a produção da unidade adicional não compensa o custo extra. De maneira análoga podemos aplicar a abordagem marginalista ao “paradoxo da utilidade entre diamantes e água”. De acordo com a formulação da abordagem marginal, o elemento signifi cativo na determinação do preço não é utilidade 24 Introdução à Economia total ou média, mas a utilidade marginal. Diamantes têm preços elevados, mas são de pouca utilidade em relação à água, enquanto que a água tem um baixo preço, mas alta utilidade. Os teóricos clássicos foram incapazes de elucidar este paradoxo, pois pensavam em termos da utilidade total de diamantes e da água para os consumidores e não entendiam a importância da sua relativa utilidade marginal. A água tem grande utilidade total, mas baixa utilidade marginal (pois, por ser abundante, unidades adicionais vão perdendo a sua utilidade), enquanto o diamante, por ser escasso, tem grande utilidade marginal (unidades adicionais mantêm seu valor). Produtividade A empresa é uma organização econômica que transforma os fatores de produção em bens de consumo ou em outros fatores de produção, tais como componentes, máquinas e equipamentos. Produtividade é uma medida da efi ciência com que as empresas ou as economias dos países podem transformar recursos em produtos. Elas serão mais ou menos efi cientes (mais ou menos produtivas) dependendo da relação entre a quantidade de recursos utilizados para gerar uma determinada quantidade de produto. Serão mais produtivas (efi cientes) se “produzirem mais com a mesma quantidade ou com menos recursos”. A efi ciência produtiva é a utilização do método de produção mais efi ciente tecnologicamente entre os métodos disponíveis, com o objetivo de alcançar uma determinada quantidade de produto utilizando uma quantidade mínima de fatores de produção. Já a efi ciência econômica é expressa pela adoção de métodos de produção que permitem a obtenção de maior quantidade de produto com o menor custo. Aumentar a produtividade signifi ca maior produção (saída) com a mesma (ou inferior) quantidade de fatores de produção (entrada). Signifi ca um processo de produção em que o valor agregado aos produtos pode efetivamente elevar os padrões de vida da sociedade em função da diminuição do investimento 25 INTRODUÇÃO À ECONOMIA Capítulo 1 monetário exigido, tornando os consumidores mais ricos (em um sentido relativo) e as empresas mais rentáveis. Numa perspectiva mais ampla, o crescimento da produtividade dos diversos setores produtivos afeta positivamente o crescimento econômico e satisfaz as necessidades humanas com menos recursos. Como resultado, as economias irão se benefi ciar de maior volume de receitas tributárias destinadas a fi nanciar serviços sociais tais como saúde, educação, assistência social, transporte público, entre outros. Beneficiários da Produtividade Existem três grupos de potenciais benefi ciários dos frutos decorrentes da melhoria da produtividade do ponto de vista econômico: 1. Consumidores/trabalhadores: no nível micro máximo temos melhorias do padrão de vida para os consumidores e trabalhadores como resultado do aumentoda produtividade. Quanto maior a efi ciência econômica, menor a quantidade de insumos necessários (trabalho, terra e capital) para gerar bens e serviços. Potencialmente, isso pode reduzir os preços e diminuir as horas de trabalho necessárias para os participantes numa economia manterem elevados níveis de consumo. 2. As empresas também se benefi ciam com a obtenção de maiores margens de lucro, em função de custos de produção mais baixos. Isto permite melhor remuneração para os empregados, volume mais elevado de capital de giro e maior capacidade competitiva. 3. Governos: maior crescimento econômico também irá gerar maior arrecadação de tributos pelos governos. Isso permite aos governos investirem mais no sentido de infraestrutura e serviços sociais (como mencionado acima). Fatores Que Afetam a Produtividade A consideração fi nal importante na avaliação do potencial de produtividade é a fronteira de possibilidades de produção, que descreve essencialmente a quantidade máxima de produção dos dois bens, no âmbito da nossa capacidade de oferta tecnológica atual. 26 Introdução à Economia Figura 1 - Curva da fronteira de possibilidades de produção de dois bens O diagrama a seguir nos ajuda a entender esse raciocínio. Ele é baseado em trabalhos do economista Paul Samuelson, prêmio Nobel de Economia de 1952, que desenvolveu estudos relativos à alocação e distribuição de bens públicos e privados. Esse diagrama se refere às possibilidades da produção de bens e serviços públicos e privados. O eixo vertical (OA) representa a situação na qual TODOS os bens e serviços produzidos na sociedade são PRIVADOS. Já o eixo horizontal (OB) representa a situação na qual TODOS os bens e serviços produzidos na sociedade são PÚBLICOS. Fonte: O autor. Examine os pontos X e Y do diagrama. Eles representam as diferentes combinações da produção de bens privados e bens públicos em uma sociedade. No ponto X, o montante dos recursos alocados para a produção de bens privados é superior à de bens públicos (OC > OE). Já o ponto Y representa uma situação na qual o montante dos recursos destinados à produção de bens públicos supera a de bens privados (OF > OD). Deve fi car claro, porém, que estas são “situações-limite”, que não encontram respaldo na realidade, pois sabemos que nossa cesta de consumo é composta 27 INTRODUÇÃO À ECONOMIA Capítulo 1 de uma variedade de bens pelos quais pagamos diretamente a quem nos vende (refrigerantes, sapatos etc.) e também de serviços que consumimos sem pagar diretamente a quem os presta, tais como os serviços de segurança pública, por exemplo. Portanto, o que devemos ter em mente é que quanto maior a produção de bens públicos menor será a parcela de recursos destinada à produção de bens privados. E vice-versa. Economia de Escala Ocorre quando a empresa aumenta a quantidade produzida e obtém ganhos de produtividade, pois o custo fi xo dividido pela quantidade produzida decresce. Exemplo: o custo do aluguel de um galpão é o mesmo para produzir mil ou duas mil unidades de um produto. Se o aluguel é igual a $ 10.000,00 por mês, o custo do aluguel ao se produzir mil unidades é $ 10,00 por unidade; se a produção for duas mil unidades o custo é $ 5,00 por unidade, isto é, a metade em relação à produção de mil unidades. Economia de EscoPo Ocorre quando a empresa obtém maior efi ciência ao passar a operar em mais de um segmento de negócio, especialmente de natureza complementar. Exemplo: uma siderúrgica instala uma empresa metalúrgica, em um mesmo galpão, utilizando sobras da produção de perfi s de aço. Com isso, a empresa incorre em menores custos para transportar as sobras da área de produtos siderúrgicos para o local de produção de produtos metalúrgicos; pode utilizar mão de obra por ventura ociosa em uma determinada etapa da produção de aço na produção de produtos metalúrgicos; pode promover programas de capacitação conjunta para empregados das distintas divisões da empresa etc. Atividades de Estudos: 1) Conceitue o que são bens intermediários. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 28 Introdução à Economia ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Preencha os espaços em branco: Defi ne-se como trabalho-intensivo o método de produção que utiliza maior quantidade de _____________ em relação à utilização de ______________. 3) Explique a diferença entre efi ciência produtiva e efi ciência econômica. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 4) Explique a diferença entre economia de escala e economia de escopo. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 5) Explique o que é custo de oportunidade. _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ AlGumas ConsideraçÕes Vimos neste capítulo que a Economia é uma ciência social que trata dos desejos humanos e sua satisfação. Como as vontades humanas são ilimitadas, a escassez de produtos e serviços é um aspecto relevante da vida. Como tudo o que queremos não é de igual importância, isto nos leva à escolha. Como há escassez de mercadorias e serviços, temos que pagar um preço por elas. E, como os preços são pagos em dinheiro, a economia estuda o papel desempenhado pelo dinheiro na vida econômica de uma sociedade. Ela estuda como as pessoas 29 INTRODUÇÃO À ECONOMIA Capítulo 1 ganham e gastam dinheiro e como isso afeta o seu modo de vida do ponto de vista individual e social. Vimos também que a produção de bens e serviços se baseia na combinação dos fatores de produção – o capital humano, o capital fi nanceiro, o capital físico e o capital tecnológico (a capacidade empresarial, os softwares etc.). Ocorre que existem restrições quantitativas e qualitativas quanto ao máximo da efi ciência produtiva. Este limite ocorre quando não há mais ociosidade na utilização dos fatores e quando se esgotam as possibilidades de produção por meio das combinações no uso dos fatores. Este é o ponto em que qualquer acréscimo na produção de um setor produtivo implica a redução da produção dos demais, o que obriga as empresas se basearem em dados microeconômicos para fazer uma variedade de escolhas, assunto a ser apresentado no próximo capítulo. ReferÊncias MANKIW, N. G. Introdução à economia. 3. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson 2006. 30 Introdução à Economia CAPÍTULO 2 Microeconomia A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer o campo de estudo da microeconomia. Conhecer os principais conceitos e fenômenos associados aos processos decisórios de consumo e produção que ocorrem no mercado de bens e serviços, a fi m de defi nir estratégias de alocação de ativos físicos, fi nanceiros, tecnológicos e gerenciais. 32 Introdução à Economia 33 MICROECONOMIA Capítulo 2 ConteXtualiZação As empresas se baseiam em dados microeconômicos para fazer uma variedade de escolhas. A qualidade das informações e dados sobre o comportamento do setor em que atua, sobre os consumidores,fornecedores, competidores e processos produtivos podem signifi car o sucesso ou fracasso de uma empresa. A LÓGica Microeconômica e o ComPortamento da EmPresa Dados microeconômicos são geralmente utilizados para compor estudos matemáticos, a partir dos quais decisões lógicas podem ser feitas. Vejamos o exemplo de uma empresa A que fabrica e vende roupas e possui a informação de que seus clientes têm uma preferência para camisas azul-marinho, com gola em V e se dispõem a pagar um determinado preço. No ano anterior, a empresa vendeu 50.000 camisas ao preço unitário de $70. Neste ano a economia não mudou: o Produto Interno Bruto (PIB), as taxas de desemprego, as taxas de juros e o estoque de mercadorias são basicamente os mesmos do ano anterior. A lógica ditaria que 50.000 camisas azul-marinho, com gola em V devem ser fabricadas e colocadas à venda por $ 70 pela empresa A. Entretanto a empresa B, que concorre com a empresa A, está vendendo uma camisa nesta temporada que é similar em estilo e qualidade às camisas da empresa A. Mas a camisa da empresa B está sendo oferecida para venda por menos $7 ou 10% de desconto em relação ao preço da camisa da empresa A. O que a empresa A deve fazer? A teoria microeconômica sustenta que uma redução de preço deve aumentar a demanda. Se o preço das camisas da empresa A for inferior ao das camisas da empresa B, então, teoricamente, a empresa A irá vender mais camisas do que a empresa B. Mas como seria o impacto da redução do preço na margem de lucro de uma empresa? Reduziria o lucro e a capacidade da empresa A pagar os juros e principal de sua dívida? Haveria dinheiro sufi ciente para marketing e publicidade? Como a diminuição da rentabilidade afetaria o preço de suas ações no mercado? E se o preço da ação cair, haverá futuras vendas de estoque, baixando ainda mais o seu preço? 34 Introdução à Economia Uma vez que os consumidores apresentam comportamento dinâmico importante para as empresas entender o seu comportamento, a fi m de desenvolver estratégias para tomar decisões efi cazes. É razoável supor que estes são os tópicos de discussão nos níveis mais altos de gestão da empresa, quando os executivos se reúnem para tomar uma decisão sobre os passos futuros da empresa. Imagine ainda que outro fator seja apresentado antes que uma decisão fi nal seja feita sobre o número de camisas a serem produzidas e a que preço elas serão vendidas no mercado. O vice-presidente de marketing e propaganda faz uma pergunta pertinente: E se a fi rma A aumentar sua comercialização e publicidade em 5% do orçamento ao invés de reduzir sua margem de lucro em 10%? Poderia o aumento dos gastos em marketing e publicidade incrementar a venda de camisas azuis e, portanto, vencer a concorrência? Dados microeconômicos demonstram que em alguns casos uma campanha vigorosa pode vir a ser uma ferramenta de sucesso para vencer a concorrência. O atual mercado global de cadeias de hambúrguer é caracterizado por vários competidores, tentando atrair a atenção de segmentos diversifi cados de consumidores. A diversidade em vigor determina seu comportamento e atitude em relação a diferentes produtos e serviços oferecidos pelas empresas do setor. A teoria microeconômica defi ne o comportamento do consumidor na compra, no consumo, na avaliação e no abandono do consumo de produtos e serviços. Ou seja, a ótica microeconômica analisa como os indivíduos tomam decisões de gastar seus recursos disponíveis (tempo, dinheiro, esforço) em itens relacionados ao consumo. Uma vez que os consumidores apresentam comportamento dinâmico, especialmente no que diz respeito a seu gosto e preferências alimentares, é importante para as empresas do setor de hambúrguer entender o seu comportamento, a fi m de desenvolver estratégias para tomar decisões efi cazes. O comportamento do consumidor é um processo complexo que envolve as atividades de pessoas que procuram, escolhem, compram, consomem, avaliam e deixam de consumir produtos e serviços baseados na satisfação de suas necessidades e desejos. Vários fatores podem ser encontrados para infl uenciar o comportamento dos consumidores, tais como preocupações emocionais, restrições quanto à renda, percepções diferenciadas sobre o futuro etc. Compreender o processo de como é tomada uma decisão de compra é fundamental uma vez que constitui a base a ser usada para analisar o impacto de qualquer dado produto em mercados específi cos. Decisões de compra do consumidor também são essenciais para o desenvolvimento de estratégias de marketing das empresas. Isso ocorre porque o comportamento do consumidor para produtos e serviços específi cos tende a afetar o custo, a receita e o lucro da empresa. 35 MICROECONOMIA Capítulo 2 O estudo e o conhecimento do comportamento de compra dos consumidores permitem aos comerciantes saber por que os consumidores compram produtos específi cos, quando, onde, como eles os compram, quantas vezes eles os compram, como eles os consomem, bem como deixam de consumi-los. Com base nessas informações e dados os comerciantes estarão melhor preparados para que possam efetivamente desenvolver estratégias que irão prever o comportamento de compra do consumidor no mercado e melhor planejar sua produção. O exemplo acima torna explícita a importância das ferramentas conceituais e teóricas em microeconomia (estruturas de comportamento e mercado consumidor) que irão melhorar as práticas das empresas que exploram os diversos segmentos comerciais, industriais e de serviços. A microeconomia é o ramo da economia dedicado ao estudo do comportamento das unidades de consumo (famílias e/ou indivíduos) ao estudo da produção e dos respectivos custos incorridos pelas fi rmas, e dos preços dos diversos bens e serviços. O Conceito de Mercado Mercado é o local (físico ou não) onde vendedores e compradores se relacionam para realizar a troca de mercadorias e serviços, com a observância de regras específi cas previamente defi nidas sob as quais são efetuadas as transações. Exemplos de mercado são: a feira de frutas, legumes e verduras (espaço físico onde ocorrem as transações) e as bolsas de valores e títulos de dívida (espaço não físico onde ocorrem as transações, como a internet). O Conceito de Procura Uma das regras observadas pelos agentes que participam dos mercados de transações é a revelação do preço da mercadoria pelo vendedor (etiqueta ou tabuleta de preço, por exemplo) e a manifestação expressa pelo comprador do preço pelo qual deseja comprar a mercadoria. As quantidades ofertadas pelo vendedor e as demandadas pelo comprador estão associadas à revelação dos preços por eles manifestada. Quanto mais baixo o preço do produto maior a 36 Introdução à Economia quantidade desejada de ser adquirida pelo comprador; quanto mais alto o preço do produto maior a quantidade desejada de ser ofertada pelo vendedor. Entretanto, à medida que a quantidade desejada do produto aumenta, dadas as limitações físicas e de tempo necessárias ao seu consumo, decresce o valor atribuído pelo consumidor, isto é, a utilidade que obtemos com cada unidade adicional. Diz-se, assim, que a utilidade de cada unidade marginal é decrescente. Como indivíduos racionais desejamos “pagar pelo que consumimos”. Assim, se atribuímos valores decrescentes à satisfação adicional que obtemos ao consumir “mais uma unidade” do produto ou serviço, o preço que estaremos dispostos a pagar por essa unidade adicional também decresce. O mercado expressa os interesses de produtores e consumidores: os produtores querem ganhar o máximo possível; enquanto os consumidores querem pagar o mínimo possível. O resultado desse processo é o chamado preço de equilíbrio de mercado, situação em que consumidores e produtores satisfazem seus interesses com o máximo de vantagem e o mínimo de perda individual possível. O preço de mercado é a referência por meio da qual o consumidorexpressa, na prática, de maneira aproximada o valor subjetivo que atribui à mercadoria ou ao serviço, levando em conta a renda disponível para o seu consumo e de sua família. De maneira análoga, o preço de mercado é a forma pela qual o empresário busca recuperar o custo de produção e obter a margem de ganho pretendida com a produção. Para qualquer preço superior ao preço de equilíbrio, a quantidade ofertada pelo vendedor é maior do que a que o comprador deseja comprar. Nesse caso ocorre um excesso de oferta. De maneira análoga, para qualquer preço inferior ao preço de equilíbrio, surgirá um excesso de demanda. Assim, para que a transação se efetue, quando há excesso de oferta em relação à procura de um bem ou serviço, o seu preço tende a baixar. Quando ocorre um excesso de demanda, o preço tende a subir. A quantidade vendida diminui quanto, se o preço aumentar em um determinado valor? Se, por exemplo, uma mudança de 5% no preço provoca uma variação de 5% na quantidade vendida, dizemos que a elasticidade (a medida de sensibilidade de resposta) é igual a 1 (um). Já, se, por exemplo, uma mudança de 5% no preço provoca uma variação de 2% na quantidade vendida, dizemos que a elasticidade (a medida de sensibilidade de resposta) é igual a 0,4 (2%:5%). Como o resultado é inferior a 1, dizemos que “a demanda é inelástica” 37 MICROECONOMIA Capítulo 2 Se, por exemplo, uma mudança de 5% no preço provoca uma variação de 7% na quantidade vendida, dizemos que a elasticidade (a medida de sensibilidade de resposta) é igual a 1,4 (7%:5%). Como o resultado é superior a 1, dizemos que “a demanda é elástica” E ainda, se, por exemplo, uma mudança de 5% no preço não provoca qualquer variação na quantidade vendida, dizemos que a elasticidade (a medida de sensibilidade de resposta) é igual a ZERO (5%:0%). Efeitos Substituição e Renda A ocorrência de variação de preço de um determinado bem substituto pode provocar o chamado efeito substituição, situação em que os consumidores tendem a substituí-lo por outro muito semelhante (substituição de manteiga por margarina, por exemplo). Pode também ocorrer o efeito-renda, quando a variação do preço de um bem ou serviço acarreta variação na renda do consumidor, sem que a mesma tenha nominalmente variado. Por exemplo, um consumidor regular de um quilo de manteiga por mês, tem sua renda disponível indiretamente aumentada devido à queda do preço do quilo da manteiga. Isto é, consumirá a mesma quantidade, mas pagará menos, economizando uma parte de sua renda. O caso inverso (aumento do preço da manteiga e redução da renda disponível) também se aplica a esta situação. Há casos em que ocorrem os efeitos substituição e renda ao mesmo tempo. Se um consumidor regular de um quilo de manteiga por mês observa a queda conjunta nos preços do quilo da manteiga e da margarina, ele poderá substituir manteiga por margarina, cujo preço é tradicionalmente inferior ao da manteiga. Bens complementares são aqueles que apresentam comportamento homogêneo da oferta e da procura. Exemplos são as indústrias da construção civil e da produção de móveis, quando os movimentos de variação da oferta e da procura ocorrem no mesmo sentido. Pode também ocorrer efeito cruzado em relação aos preços de bens complementares: uma diminuição do preço dos imóveis (com aumento de sua procura) pode ocasionar aumento do preço dos móveis, caso sua oferta não tenha sido aumentada. Bens complementares são aqueles que apresentam comportamento homogêneo da oferta e da procura. 38 Introdução à Economia O Conceito de Oferta O conceito de oferta se refere à quantidade de um bem ou serviço que os produtores desejam vender em um determinado mercado em um determinado período de tempo. A oferta de um bem depende do preço pelo qual o bem é transacionado no mercado. Quanto maior for a variação para cima do preço de mercado de um bem, maior a intenção dos ofertantes em aumentar a produção, levando em conta os preços dos fatores de produção, os quais determinam o custo de produzir o bem ou serviço. De maneira inversa, quanto maior for a variação para baixo do preço de mercado de um bem, maior a intenção dos ofertantes em reduzir a produção, levando em conta os preços dos fatores de produção, os quais determinam o custo de produzir o bem ou serviço. Estruturas de Mercado O mercado apresenta três estruturas básicas: concorrência perfeita; monopólio e oligopólio. a) Estrutura de concorrência perfeita • O número de agentes compradores e vendedores é de tal ordem que nenhum deles, individualmente, possui condições para infl uir decisivamente no mercado. • Os produtos são homogêneos podendo ser fabricados por qualquer dos produtores. • Produtores e consumidores têm mobilidade e não há acordo de preço entre os que participam do mercado. • O preço é defi nido de maneira impessoal, ninguém individualmente o estabelece. • Deve haver transparência no mercado. Não há informações privilegiadas para qualquer agente econômico. 39 MICROECONOMIA Capítulo 2 b) Estrutura de monopólio • Quando há no mercado apenas um vendedor, que domina inteiramente o mercado. • O produto da empresa monopolista não tem substituto próximo. Não há alternativas para os consumidores. • A entrada de concorrentes no mercado é praticamente impossível. • O monopolista possui poder total sobre a formação dos preços. • Os monopólios não agem de forma transparente. Suas operações e transações são uma espécie de caixa preta. Há situações, entretanto, em que a ocorrência de monopólio é inevitável, como no caso de serviços de distribuição de energia elétrica e de saneamento, em âmbito regional, pois é necessária a existência de economias de escala, elevado volume de investimento e uniformidade na prestação dos serviços. Esses casos caracterizam-se como estruturas de monopólio natural. c) Estrutura de oligopólio • É formada por um pequeno grupo de grandes empresas que dominam um ou vários ramos de produção e dividem entre si o mercado. • Há fortes barreiras para a entrada de concorrentes • Quando há acordo de preços entre os oligopólios, a concorrência é residual. Atividades de Estudos: 1) Conceitue “efeito-renda” e ‘efeito-substituição”. Dê um exemplo para cada um dos efeitos. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Quais são os três tipos de estruturas de mercado? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 40 Introdução à Economia ____________________________________________________ ____________________________________________________ 3) Dê duas características da estrutura de mercado caracterizada como “concorrência perfeita”. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 4) Por que a elasticidade da demanda de sal é zero? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ AlGumas ConsideraçÕes Neste capítulo foram apresentados os conceitos efeito-renda e efeito- substituição, estruturas de mercado, comportamento do consumidor e preço de equilíbrio, dentre outros, que se inserem na análise microeconômica, com o objetivo de permitir às fi rmas, em seus respectivos segmentos comerciais, industriais e de serviços, desenvolverestratégias e melhor planejar as suas ações e operações. Entretanto, não podemos generalizar sobre o comportamento do sistema econômico como um todo ou sobre o comportamento dos grandes agregados, tais como o consumo e o investimento a partir das leis econômicas que regem os padrões de comportamento das unidades individuais estudados pela microeconomia. Por essa razão, no Capítulo 3, veremos como as informações e análises sobre o conjunto dos agentes que operam no ambiente macro podem complementar o conhecimento oferecido pela análise dos microfundamentos da economia. 41 MICROECONOMIA Capítulo 2 ReferÊncias PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 6. ed. São Paulo: Pearson 2006. 42 Introdução à Economia CAPÍTULO 3 Macroeconomia A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer o campo de estudo da macroeconomia. Conhecer os principais conceitos e fenômenos por ela estudados, a fi m de tomar decisões associadas aos efeitos de política econômica decorrentes das suas ações sobre o nível do emprego, a estabilidade de preços dos produtos e dos fatores de produção, a distribuição justa da renda e o crescimento econômico. 44 Introdução à Economia 45 MACROECONOMIA Capítulo 3 ConteXtualiZação A macroeconomia é o campo das ciências econômicas responsável pela formulação de políticas econômicas. A ideia de que as nações possuem livre e igual oportunidade de acesso aos mercados de bens e serviços é vinculada ao ‘laissez faire’, ideologia fortalecida ao fi nal do século XVIII. A intervenção do governo em matéria econômica é atualmente uma constatação. Os governos lidam não com indivíduos, mas com grupos e massas de indivíduos, validando assim a importância e a necessidade de estudos macroeconômicos. Por exemplo, durante a Grande Depressão de 1920, quando centenas de milhares de cidadãos estavam em busca de emprego, a macroeconomia ajudou a analisar a causa e propor medidas de combate à queda do nível de atividade econômica, levando à adoção de políticas apropriadas para lidar com tal situação. O estudo da macroeconomia é essencial para a compreensão apropriada da microeconomia. Nenhuma lei microeconômica poderia ser enquadrada sem um estudo prévio dos agregados, por exemplo, pois a teoria da fi rma individual não poderia ser formulada tendo como referência o padrão de comportamento de uma única empresa. A teoria foi possível ser validada somente depois que o padrão de comportamento de várias empresas foi examinado. Uma fl oresta, embora seja uma agregação de árvores (não uma soma de árvores), não exibe o comportamento e as características de árvores individuais. Ela é representada pelo sistema de árvores que lá existem. As fl utuações econômicas são uma característica da forma capitalista de sociedade. A teoria das fl utuações econômicas pode ser compreendida e construída somente com a ajuda da macroeconomia, pois temos que levar em consideração o consumo, a poupança e o investimento na economia em termos agregados. Assim, somos levados a analisar as causas das fl utuações na renda, de produção e do emprego e fazer tentativas de controlá-los ou pelo menos reduzir sua gravidade. A abordagem macroeconômica é de grande importância para analisar e compreender os efeitos da infl ação e da defl ação. Diferentes setores da sociedade são afetados de forma diferente como resultado de alterações no valor do dinheiro. A análise macroeconômica nos permite tomar certas medidas para neutralizar as infl uências negativas da infl ação e defl ação. A macroeconomia nos ajuda a compreender e analisar o desempenho de uma economia. Implica o estudo orientado para o resultado de uma economia como um todo. Estimativas do Produto Interno Bruto (PIB) (ver a seção que trata de conceitos de fl uxo e estoque) são usadas para medir o desempenho de uma 46 Introdução à Economia economia ao longo do tempo, comparando a produção de bens e serviços num período com outros períodos, pois a composição do PIB nos oferece informações sobre o quantum da contribuição de cada setor da economia para o país. Por que devemos estudar macroeconomia e microeconomia separadamente? Uma importante questão que se coloca é sobre a necessidade do estudo em separado do sistema econômico como um todo e de seus grandes agregados. Qual é a razão pela qual não podemos determinar as leis que regem as variáveis macroeconômicas, tais como PIB, emprego e renda, nível geral de preços etc., simplesmente somando, multiplicando, ou calculando uma média dos resultados obtidos a partir do comportamento das indústrias e empresas individuais, conforme estudado pela microeconomia? Tal difi culdade decorre do fato de que o comportamento do sistema econômico como um todo, ou os agregados macroeconômicos, não pode ser obtido a partir da simples operação de adição ou multiplicação, ou uma média do que acontece em suas várias partes individuais, pois o que é verdade em relação às partes não é necessariamente verdade com relação ao todo. A macroeconomia é o ramo da economia dedicado ao estudo da atividade econômica como um todo, isto é, de maneira agregada, diferentemente da abordagem microeconômica, que trata do comportamento dos consumidores e dos produtores de maneira individual. Dessa forma, são agrupados os recursos, as atividades produtivas, as transações entre consumidores, produtores e o governo, tanto interna como externamente ao país. Os setores e respectivos indicadores agregados são: Setor Famílias e Empresas: consumo, investimento e poupança. Setor Externo: exportações e importações. 47 MACROECONOMIA Capítulo 3 Setor Governo: tributos e gastos do governo. O conceito de agregado em macroeconomia leva em consideração a soma de tudo que é produzido, transacionado, tributado, importado, exportado etc., sem a dupla contagem que ocorre quando um produto é vendido/comprado, um salário ou um tributo é pago/recebido etc. Exemplos de agregado são: o Produto Interno Bruto (PIB), a Renda Nacional, o Investimento e a Poupança (todos com inicial em maiúsculo para diferenciá- los da produção e da renda das empresas, do investimento e da poupança individuais). Conceitos de FluXo e EstoQue Compreender a diferença entre variáveis de fl uxo e estoque é essencial para o entendimento e análise de dados fi nanceiros e econômicos. Matematicamente falando, uma variável de fl uxo é um vetor, uma medida bidimensional. Uma dessas dimensões é o tempo. O outro é a quantidade da variável em questão que foi obtida no período especifi cado. Um exemplo é o pagamento mensal do aluguel de um apartamento. Por outro lado, uma variável de estoque é uma medida unidimensional. É uma medida instantânea, obtida em um momento no tempo. Um exemplo é o valor de um apartamento posto à venda. O Elemento TemPo As demonstrações fi nanceiras normalmente auditadas são produzidas em períodos trimestral e anual, e estas são as dimensões de tempo comum à maioria das estatísticas das variáveis de fl uxo em fi nanças. Para o gerenciamento interno de relatórios, no entanto, os relatórios fi nanceiros, muitas vezes, são produzidos em uma base mensal, semanal e até mesmo diária. Com efeito, em grande parte das empresas fi nanceiras, especialmente em empresas de valores mobiliários, o fechamento diário dos livros é habitual. A dimensão de tempo associada a uma variável de fl uxo determinado é fundamental para a correta interpretação dos mesmos, incluindo o uso de dados históricos para desenvolver previsões fi nanceiras e projeções para períodos futuros. As variáveis econômicas podem ser denominadas de "variáveis de fl uxo" ou de "variáveis de estoque". A dimensão de tempo associada a uma variável de fl uxo determinado é fundamental para a correta interpretação dos mesmos. 48 Introdução àEconomia a) Variáveis de fl uxo As variáveis de fl uxo (ou simplesmente variáveis fl uxo) são mensuradas em um período de tempo; enquanto que as de estoque são medidas em certo instante no tempo. No Brasil, por exemplo, são feitas avaliações trimestrais, principalmente do PIB, o que denota o seu caráter de "fl uxo". Já a dívida pública e a quantidade de capital são medidas em um determinado ponto do tempo, portanto, são variáveis tipo "estoque". Os fl uxos podem ser representados pela circulação dos bens e serviços (fl uxo real) que fl uem das famílias para as empresas, isto é, a oferta de mão de obra e a aplicação de suas poupanças; um segundo, constituindo o fl uxo de renda (fl uxo monetário) – correspondendo aos pagamentos pelas empresas às famílias detentoras dos fatores de produção utilizados, e que são traduzidos nos salários, aluguéis, juros e royalties. Exemplos de agregados que representam o conceito de fl uxo são: o produto interno bruto, a renda nacional, a exportação, a importação, a arrecadação de tributos e o consumo. Com isto a Renda agregada é representada pela soma das rendas pagas aos detentores dos fatores de produção, conforme o esquema a seguir: Os fl uxos podem ser representados pela circulação dos bens e serviços. Figura 2 - Composição da renda agregada Fonte: O autor 49 MACROECONOMIA Capítulo 3 Para cômputo da Despesa agregada e do Produto agregado (ou Produto Interno Bruto – PIB), considera-se o mesmo somatório da Renda agregada. b) Variáveis de estoque Os resultados investidos e acumulados em máquinas, equipamentos, infraestrutura física (fábricas, portos, barragens, hidrelétricas, rodovias, ferrovias etc.), em infraestrutura social (escolas, hospitais, centros de atendimento etc.), na criação de softwares e no desenvolvimento de novas tecnologias, por exemplo, e na educação formal de crianças, adolescentes e adultos, confi guram o estoque de capital físico, fi nanceiro, tecnológico e humano de um país. Dos exemplos citados, o capital humano é praticamente impossível de ser quantifi cado em moeda, o que não permite avaliar o estoque total de um país, mas sabe-se que sua infl uência é relevante na geração de fl uxos reais e monetários, cuja parte de seus resultados será adicionada ao estoque existente, acumulado nos períodos anteriores. O investimento e a dívida pública são exemplos de agregados caracterizados como estoque. A abordagem macroeconômica tem a vantagem de permitir uma melhor compreensão dos fatos mais relevantes da economia, representando assim um importante instrumento para a formulação e a execução da Política Econômica. A PolÍtica Econômica Como uma PolÍtica PÚblica O envolvimento das empresas e da sociedade civil – consumidores, empresários privados, trabalhadores, cidadãos e grupos comunitários – na concepção de políticas públicas é de fundamental relevância para que os países em desenvolvimento possam melhorar a transparência, a qualidade e a efi cácia das suas políticas, bem como estabelecer a legitimidade das políticas públicas. As condições socioeconômicas e políticas de um país moldam a rede de agentes envolvidos em uma determinada política. A fraca capacidade institucional, a falta de responsabilização dos agentes governamentais e o baixo nível de participação dos cidadãos no processo de formulação de políticas nos países em desenvolvimento determinam as relações entre os níveis de desenvolvimento econômico e os respectivos regimes de bem-estar social. O envolvimento das empresas e da sociedade civil na concepção de políticas públicas é de fundamental relevância para que os países em desenvolvimento possam melhorar a transparência, a qualidade e a efi cácia das suas políticas, bem como estabelecer a legitimidade das políticas públicas. 50 Introdução à Economia O desenvolvimento econômico de um país depende da qualidade de seu quadro de políticas públicas. No contexto das políticas públicas, a formulação da política inclui a identifi cação de alternativas para tratar os problemas socioeconômicos. O processo de seleção inclui a defi nição de metas e prioridades, opções de solução para a realização dos objetivos, a análise dos custos e benefícios, os efeitos positivos associados a cada política alternativa etc. As escolhas das políticas econômicas apresentam signifi cativa complexidade em países que enfrentam as fragilidades acima apontadas. Em alguns contextos, a política econômica pode ser considerada um espaço de confl itos. Este é o caso das sociedades onde a distribuição da renda e de recursos naturais é contestada e fi gura na raiz do confl ito. Em alguns casos, os formuladores de políticas econômicas estão trabalhando para atingir as metas de crescimento, a redução da pobreza e a prosperidade partilhada num ambiente caracterizado pelo confl ito. As escolhas de política econômica irão variar dependendo dos níveis de renda dos países, das dotações de capital humano, dos recursos naturais e da capacidade institucional do Estado. Com efeito, a política econômica tem como foco os seguintes temas: a) o nível do emprego; b) a estabilidade de preços dos produtos e dos fatores de produção; c) a distribuição justa da renda; d) o crescimento econômico. Nível de emprego: a preocupação com o emprego visa garantir o nível de demanda agregada e, através do gasto público, manter o equilíbrio econômico. Estabilidade dos preços: a busca da estabilidade dos preços dos produtos e serviços de consumo fi nal e de consumo intermediário (salários, taxa de juros, pagamento de royalties e aluguéis) é expressa pelo combate à infl ação, representada pelo aumento generalizado e contínuo do preço das mercadorias. O aumento do preço dos produtos e serviços de bens de consumo fi nal pode ser resultante de um aumento da demanda maior do que o aumento da oferta (“infl ação de demanda”) e/ou do aumento dos preços dos bens e serviços intermediários e de produção (“infl ação de oferta” ou “infl ação de custos de produção”). A infl ação pode afetar qualquer economia. Entretanto, nas economias dos países que não apresentam altos níveis de industrialização e capacidade de adquirir capital para o seu desenvolvimento, a infl ação ocorre com maior intensidade. Dessa forma, a estabilidade dos preços passa a ser uma meta de governo, uma vez que a infl ação, a partir de um determinado patamar, aumenta a incerteza com relação às expectativas de consumo, de produção e de 51 MACROECONOMIA Capítulo 3 investimento. Distribuição de renda: os princípios de igualdade e equidade na distribuição de renda se associam ao conceito de justiça social. Além disso, nas economias capitalistas como no Brasil, o poder aquisitivo de grande parcela da população é um fator importante para o crescimento do consumo e, consequentemente, da produção e do emprego. Crescimento econômico: o crescimento do consumo, da produção e do emprego, entretanto, requer o aumento do investimento privado e público. O primeiro diz respeito ao acréscimo do estoque de capital das empresas (novas fábricas, novos equipamentos, novas tecnologias etc.) enquanto que o segundo se refere ao aumento do estoque de capital de uso coletivo, tal como a infraestrutura física (portos, rodovias, ferrovias etc.) e social (hospitais, escolas públicas etc.) como forma de dar sustentabilidade ao processo de crescimento. A(s) PolÍtica(s) Econômica(s): PolÍticas Monetária, Cambial, Tributária e Fiscal A política macroeconômica se preocupa com o funcionamento da economia como um todo. Em termos gerais, o objetivo da política macroeconômica é fornecer um ambiente econômico estável propício para fomentar o crescimento econômico sustentável, do qual depende a criação de postos de trabalho, a riqueza e a melhoria das condições de vida. São os pilares fundamentais de política macroeconômica: política fi scal, política monetária e política cambial. Esta
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