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raça e racismos

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Raça e racismos
1- Teorias eugênicas;
2- A redenção de Cam;
3- Teoria da democracia racial – Gilberto Freyre;
4- O mito da democracia racial – Florestan Fernandes.
5- Ações afirmativas:
a. Cotas raciais;
b. O ensino da história da África e dos negros no Brasil.
6- Desigualdade econômica;
7- Violência contra a população negra no Brasil.
Maria Paula da Silva Lima – Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) - 2020
1- Teorias raciais eugênicas
Século XV: época marcada pela exploração dos europeus no mundo. Nesse período começou-se as diferenças entre os grupos humanos com base no fenótipo, que foram associadas aos interesses econômicos é políticos das elites das metrópoles virgo serviram como critério para justificar a exploração das populações nativas da Ásia, da África, da Oceania e das Américas pelos colonizadores europeus. Por apresentarem características físicas e culturais diferentes dos europeus, os nativos passaram a ser considerados inferiores e, em alguns casos, desprovidos de humanidade. 
Nesse contexto, as diferenças físicas foram utilizadas como rótulo qualificativo e indicativo de suposição de superioridade e de inferioridade, diferenciando colonizadores e colonizados sob a premissa do etnocentrismo. 
Século XVIII: Período tem que ir a cor da pele foi transformada no principal critério classificatório das hierarquias raciais produzidas pelas ciências naturais. 
Século XIX e XX: período em que a ideia de superioridade entre os grupos étnicos raciais, isto é, de que existem grupos humanos fortes e fracos segundo características físicas herdadas biologicamente, foi associado a traços intelectuais e morais. Essa soma de suposições deu suporte para a difusão de argumentos científicos que justificaram ações políticas de controle social exercidas pela elite dominante sobre as populações dominadas, negras indígenas. 
O chamado racismo científico e a tese da eugenia, bem como seus defensores surgiram neste contexto. 
Francis Galton: Indivíduo que desenvolveu o termo “eugenia”, que significava “bem nascido”. Galton propôs o melhoramento da espécie humana através da esterilização de pessoas consideradas inferiores – pessoas com deficiência, negros e indígenas. Desse modo, o melhoramento da raça humana ocorreria a partir da reprodução de apenas pessoas consideradas superiores. 
1- Teorias raciais eugênicas
Arthur de Gobineau: para ele, existiam apenas 3 raças puras: A branca, negra e amarela. As demais variações, eram consideradas consequências de miscigenação entre elas, isso segundo, o autor resultaria na degeneração daquela que era mais desenvolvida, raça branca, Embora ela ajudasse as raças inferiores, negra e amarela, a se desenvolverem. E o Brasil, seria o país mais degenerado, uma vez que a nação estava se tornando miscigenada. 
Nina Rodrigues e Oliveira Vianna: Inspirados por Gabineau, esses autores defendiam que o “branqueamento” dá população brasileira seria a solução para o desenvolvimento do país, adequando-o aos moldes europeu.
Cesare Lombroso: Colocava que a diferença entre uma pessoa honesta e uma pessoa criminosa estaria relacionadas as seus aspectos físicos. Suas ideias influenciaram pesquisadores na Europa e na América Latina.
Assim essas ideias contribuíram para a efetivação do racismo como ação política ideológica. 
Racismo: supõe a existência de “raças” humanas e a caracterização biogenética de fenômenos puramente sociais é culturais. Além disso, também é uma modalidade de dominação ou uma maneira de justificar a dominação de um grupo sobre outros inspirada nas diferenças fenotípicas da espécie humana. 
A ideia de superioridade dos brancos europeus foi bem aceita por parte dos intelectuais da época, especialmente médicos, advogados é políticos, que desejavam construir um país à semelhança da Europa. O movimento abolicionista e mesmo a abolição da escravidão, em 1888, não foram capazes de alterar essa ideia. 
Os negros e os mestiços se viram, em sua maioria, relegados a posições subalternas na sociedade brasileira, é suas práticas culturais, como samba, a capoeira eu candomblé, foram muitas vezes criminalizadas. Dessa forma, os negros, os indígenas e os mestiços representavam o atraso da sociedade brasileira rumo ao progresso e a modernidade, bem como um empecilho para a construção da identidade nacional. 
2- A redenção de Cam
Obra pintada pelo espanhol Modesto Brocos, quando este lecionava na Escola de Artes do Rio de Janeiro, em 1895.
 3- Teoria da democracia racial – Gilberto Freyre
1930: Foi o período de construção de uma identidade nacional que valorizasse a interação social entre as diferentes etnias formadoras dá população brasileira, assim se desenvolveu uma nova perspectiva acerca da questão racial. 
Gilberto Freyre: Contribuiu para a noção de que na sociedade brasileira, ao invés da discriminação e da segregação racial absoluta, havia a miscigenação, que possibilitaria uma convivência harmoniosa entre as diferenças “raças”. daí surgiu a teoria da democracia racial. 
Teoria da democracia racial: considerava que a convivência entre pessoas de raças diferentes era democrática. Essa idéia ofereceu uma visão otimista sobre a realidade brasileira: uma nacionalidade marcada pela miscigenação de 3 raças. Esse olhar despertou o interesse das elites políticas e intelectuais, nacionais e internacionais, num cenário marcado pela ascensão e queda do nazismo. 
A perspectiva positivista de um comportamento racial tolerante no Brasil fortaleceu a crença de que no país não havia preconceito nem discriminação racial, mas sim oportunidades econômicas sociais equilibrados para as pessoas de diferentes grupos raciais ou étnicos. O Brasil foi tomado como modelo a ser seguido , quando comparado com outros países em que a segregação era visível social e legal. 
Um dos exemplos que ilustram essa tese foi a promulgação da lei federal número 1390/51, conhecida como lei Afonso Arinos, que tornou o racismo contravenção penal no Brasil. Esse pequeno alcance punitivo era reflexo de um pensamento segundo o qual o ato racista não era uma ação disseminada na sociedade, mas apenas uma manifestação individual. 
Dessa forma se no Brasil não se percebia o racismo como um problema, não havia porque puni-lo de modo mais severo. 
4 – O mito da democracia racial – Florestan Fernandes
Florestan Fernandes: desconstruiu a visão do convívio harmonioso entre as raças. A partir da obra a integração do negro na sociedade de classes (1965), o autor analisa as particularidades do caso brasileiro e afirma ser a democracia racial o mito, uma imagem idealizada, que serve para garantir a manutenção da posição inferior do negro na sociedade brasileira.
 Como principal argumento, defende que os negros libertos no período pós abolição não ameaçavam política e socialmente a posição de poder, nem os privilégios dos brancos, sendo desnecessárias as medidas formais para promover um distanciamento entre negros e brancos. 
A teoria de Florestan Fernandes inspirou o movimento negro brasileiro ao longo dos anos de 1960 e 1970, que assumiu a bandeira política como luta contra a teoria da democracia racial. Ressalta-se ainda que esse movimento sofreu influência de luta pelos direitos civis nos Estados Unidos nós anos de 1950 e 1960. 
5- Ações Afirmativas
As ações afirmativas começaram a ser adotadas nos EUA, nos anos 1930, e se multiplicaram de diferentes maneiras em vários países, incluindo a Europa. Elas são maneiras de intervenção política que buscam coibir discriminações ou implementar mecanismos de combate às desigualdades no mercado de trabalho, na política, na economia e na cultura.
Sistema de cotas: ação afirmativa mais comum adotada pelos países que adotaram essas políticas. Em 13 de novembro de 2002, foi promulgada a Lei Federal 10.558/02 com o objetivo de implementar e avaliar estratégias para a promoção do acesso ao ensino superior de pessoas pertencentes a grupos socialmente desfavorecidos, especialmente dos afrodescendentes e dos indígenas brasileiros. 
Se por um lado as políticasde ações afirmativas na modalidade cotas têm servido para que mais pessoas negras ingressem na universidade i apresentar à sociedade as questões vividas pelos indígenas , por outro não produziram alteração necessária na estrutura social que mantém as desigualdades étnico raciais de todas as outras formas de desigualdade no Brasil. 
 
Quanto a questão racial, é importante compreender que ela se localiza no campo que inclui a construção social, histórica, econômica, política e cultural das diferenças em nossa sociedade. Portanto as ações afirmativas podem ser o início de um longo caminho rumo a uma sociedade fundamentada no respeito às diferenças e aos direitos humanos. 
As reivindicações dos movimentos negros e indígenas no que diz respeito ao reconhecimento de produção de conhecimento da educação pautada nos princípios da intercultura alidade resultaram na alteração da LDB pela lei número 10639/03, ampliada em 2008 pela lei número 11645. com isso, LDB passou a vigorar com nova redação, no que diz:
 “artigo 26-A nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos é privados, torna-se obrigatório o estudo da história da cultura afro-brasileira é indígena.”
Esse documento exalto as reivindicações dos grupos afro-brasileiros indígenas pela valorização da diversidade para a ressignificação de expressões como “raça”, “negro” e “indígena”, bem como aponta para mitigação da perspectiva eurocêntrica de interpretação da realidade brasileira. 
Desigualdade racial
Segundo o sociólogo Octavio Ianni, o fim da escravidão NÃO significou, para os negros, sua inserção em condições de igualdade na sociedade brasileira, mas a transformação do negro de escravo para mão de obra livre e subalterna. 
Pesquisas realizadas em 2018 demonstram que apenas 29,9% dos cargos gerenciais são exercidos por pretos ou pardos, mostrando que quanto mais alto o salário, menor é o número de ocupação de pessoas pretas ou pardas nesse cargos.
A mesma pesquisa demonstrou ainda que o rendimento médio mensal dos brancos foi 73,9% superior ao das pessoas pretas ou pardas, onde brancos ganhavam por hora 45% a mais do que pretos ou pardos, com o mesmo grau de instrução. 
Já as mulheres negras seguem ganhando 44,4% menos que os homens brancos. Assim, a desigualdade é também sofrida por pessoas negras.
Bibliografias
Sociologia em movimento.
DIWAN, Pietra. Raça Pura: uma história da eugenia no Brasil e no mundo. SP, Contexto, 2007.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala. Maia & Schimidt, 1933.
VIANA, Oliveira. Evolução do povo brasileiro. 4º ed. Ed. José Olympio. Rio de Janeiro, 1956.
SOUZA, Neuza Santos. Tornar-se negro: as vicissitudes da identidade do negro. Rio Janeiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983.
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra3281/a-redencao-de-cam

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