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2020 Material de Sociologia - Segundo Ano - Terceiro Bim - O mundo do trabalho

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Sociologia do Trabalho 
O que é trabalho? 
	Caro aluno, neste bimestre falaremos de um assunto muito interessante: o Trabalho! A sociologia há muito tempo estuda este tema investigando as diferentes organizações do trabalho e as diferentes formas de relações de trabalho ao longo do tempo. Mas o que é o trabalho? Trabalho é toda atividade humana, remunerada ou não remunerada, que tem como objetivo a produção de um objeto ou de um serviço para a satisfação humana. Mas para a Sociologia o trabalho não é visto somente como uma forma de subsistência, ou seja, como um meio de ganhar um salário para sobreviver. É mais do que isso. Observe tudo a sua volta: o texto que você está lendo, o lápis que pode estar segurando neste momento, sua blusa, tênis as paredes e cadeiras da sua sala de aula, enfim, tudo a sua volta é fruto do trabalho humano! 
Imagem: sociologiasempre.wordpress.com
	Você já observou que, na sociedade moderna, muitas pessoas passam mais tempo no trabalho do que em casa? Na sociedade em que vivemos o trabalho ocupa uma posição central na vida das pessoas. No livro Sociologia um olhar crítico, Araújo (2009) faz um comentário interessante sobre a centralidade do trabalho na sociedade moderna. Vejamos: Um dos significados do trabalho nas sociedades ocidentais está em ter passado a conferir uma identidade social ao homem e a ser um dos elementos constitutivos do seu eu. Prova disso está em quando as pessoas nos perguntam ‘quem somos’ e temos a tendência de responder ´o que fazemos´, isto é, a nossa ocupação. Se somos estudantes, significa que estamos nos preparando para o mercado de trabalho. Geralmente, a primeira pergunta a alguém que quer conhecer outra pessoa é o que ela faz na vida. É como se o trabalho falasse pelo indivíduo. ARAÚJO, Silva Maria de. et al. Sociologia: um olha crítico São Paulo: Contexto, 2009. p. 48 
É interessante notar como realmente, por diversas vezes, nos identificamos pela ocupação que temos. Certamente, ao te perguntarem “ quem é você”, por vezes até mesmo sem perceber, você respondeu que era estudante, mecânico, enfermeiro ou dona de casa. Podemos perceber que algumas pessoas quando ficam sem trabalho, ou seja, desempregadas, sentem-se perdidas, desorientadas e com medo de ficar muito tempo sem uma ocupação, poderíamos dizer, sem uma função que lhes desse um lugar na sociedade.
	Mas será que o trabalho foi sempre tão importante assim? O trabalho sempre foi um tema importante, mas o seu significado não foi sempre o mesmo em todas as épocas e nem em todas as sociedades. O sociólogo Tomazi (2010) nos conta que nas sociedades tribais todos fazem quase tudo, ou seja, a divisão e a organização do trabalho são diferentes. Nestas sociedades não há a separação entre os ritos, mitos, festas, artes, e o trabalho como a caça, a coleta, agricultura e a criação. Na antiguidade o trabalho era visto como alguma coisa indigna, reservada aos escravos. Hoje, ao contrário, o trabalho é visto como uma qualidade! Você já ouviu a frase: “o trabalho dignifica o homem”, ou alguém dizer “fulano é boa pessoa, pois é trabalhador”? Percebeu como o significado do trabalho muda de acordo com a sociedade e o contexto social e histórico? 
A divisão do trabalho na sociedade moderna 
 	Imagem:brasilescola.uol.com.br 
	Conforme vimos antes, a forma de pensar e organizar o trabalho não foi sempre a mesma nas diferentes épocas. Nas sociedades tradicionais, as pessoas que não trabalhavam com a agricultura dominavam um outro ofício, como carpinteiro, por exemplo. O aprendizado deste ofício era longo e o trabalhador quando produzia um objeto participava de todo o processo de produção deste objeto, do início ao fim. Um sapateiro que fosse produzir um sapato, por exemplo, cortava o couro, colocava a sola e costurava todo o sapato. Com o surgimento da sociedade moderna algumas transformações importantes aconteceram. Com o avanço do processo de produção industrial moderna, a maioria dos ofícios tradicionais desapareceu completamente. No contexto da produção industrial era necessária a produção em larga escala, ou seja, o objetivo era produzir em massa para um grande número de pessoas e, para isso, o processo de produção precisava mudar. O trabalho agora passa a ser dividido em ocupações e funções diferentes de modo que um trabalhador ao produzir um objeto se especializa em uma parte do processo de produção. A divisão do trabalho e a produção em massa são algumas das principais características da organização do trabalho na sociedade moderna. Quando estas transformações aconteceram, dois sociólogos muito importantes para a Sociologia chamados Émile Durkheim e Karl Marx tentaram compreender estas mudanças 
e se perguntavam: como a divisão do trabalho influencia as mudanças nas relações de trabalho? Como se dá a organização do trabalho na sociedade moderna capitalista? Cada um deu respostas distintas para estas e outras questões. Para Durkheim, o aumento da divisão do trabalho na sociedade moderna serviria para fortalecer a solidariedade. Para ele esta divisão do trabalho fazia com que os trabalhadores se tornassem mais dependentes um do outro já que não era mais possível trabalhar isolado no processo de produção e esta dependência teria o potencial de criar uma nova solidariedade, chamada por Durkheim de solidariedade orgânica, e que contribui para que a sociedade seja mais integrada, mais coesa. 
“Com a divisão do trabalho os indivíduos dependem mais uns dos outros e cria assim uma nova solidariedade: a solidariedade orgânica!”
Émile Durkheim
Imagem: https://portaltobias.wordpress.com/
	Marx apresenta um ponto de vista diferente do de Durkheim. Para ele a divisão do trabalho contribui para que os donos dos meios de produção, ou seja, os donos das fábricas e patrões possam produzir mais com menos custo e, logo, lucrar mais! De acordo com o ponto de vista de Marx, quando o trabalhador passa a ser assalariado e não participa mais de todo o processo de produção de um produto ele perde o controle do seu trabalho. Nesta situação, segundo Marx, o trabalhador se vê obrigado a fazer tarefas monótonas e repetitivas diminuindo sua criatividade. Desse modo, o trabalhador não se realiza mais em seu próprio trabalho que passa a ser somente um meio de sobrevivência. Marx vai chamar esse processo de alienação. 
“Os patrões conseguem seus lucros por meio da exploração dos trabalhadores! O empregado produz mais do que ele recebe. O que é produzido a mais vai para as mãos dos donos dos meios de produção e se chama mais-valia!”
Karl Marx
Imagem: https://www.coladaweb.com/biografias/karl-marx
Esquema de Durkheim 
Imagem: https://pt.slideshare.net/lbrga/a-diviso-social-do-trabalho-mile-durkheim
Imagem: https://colunastortas.com.br/o-que-e-alienacao-em-marx/
	O trabalho é definido por Karl Marx como a atividade sobre a qual o ser humano emprega sua força para produzir os meios para o seu sustento.
	Ao olharmos para períodos históricos anteriores ao nosso – o período medieval, por exemplo –, vemos que o trabalho rural era a principal forma de labor do período. A produção de alimentos ou de outros bens de consumo estava relacionada com a necessidade daqueles que o produziam. Isso quer dizer que o homem agrário não produzia em função de lucro ou de moeda corrente, mas para consumo próprio. O comércio reduzia-se a formas rudimentares de troca de produtos produzidos por outros trabalhadores, assim, o trabalhador mantinha contato direto com o que produzia. Tratava-se de uma relação próxima entre produto, produção e consumo.
	A relação entre trabalho e subsistência, ou sobrevivência, era íntima e direta. Foi por essa razão que Marx definiu a força de trabalho como o bem “inalienável” do ser humano. A partir dessa perspectiva, o trabalho seria o bem mais importante do homem e aliená-lo, isto é, transferir o direito de proveito dos frutos desse trabalho para outra pessoa, seria o mesmo que alienar o direito à própria vida.
	Com a Revolução Industrial, houve uma grande mudança nas relaçõessociais e nas relações de trabalho do indivíduo, que até então vivia ligado diretamente à terra. O surgimento das cidades e o eventual êxodo rural deslocaram o indivíduo que dependia da terra para a sua sobrevivência para os centros urbanos. Segundo Marx, como esse novo homem urbano perdeu seu acesso à terra, surgiu uma classe de trabalhadores que deveria vender sua força de trabalho, os operários assalariados ou proletariado.
Relações de produção capitalistas e pré-capitalistas
	Para Marx, existe uma diferença histórica entre as relações de produção capitalistas e as relações de produção pré-capitalistas. A forma de produção capitalista caracteriza-se pela impessoalidade do trabalhador com o que produz, isto é, ele não possui nenhum envolvimento pessoal com o que está produzindo, pois não encabeça todo o processo de produção. Nas relações de produção pré-capitalistas, o produto do trabalho estava intimamente associado ao trabalhador, que era o mentor de toda a cadeia produtiva. Essa diferença, segundo Marx, é a que rege as relações de trabalho dentro de uma sociedade capitalista, na qual o trabalhador que não dispõe dos meios de produção para produzir o que necessita para sobreviver passa a vender a única “mercadoria” que tem: sua força de trabalho.
	Essa nova forma de se relacionar com o trabalho transforma as relações sociais em todos os aspectos. O sujeito, antes intimamente ligado ao seu labor, agora se vê desconectado do que produz, nunca colhendo os frutos de seu trabalho. Esse trabalho, por sua vez, agora é comprado por um salário, que, na maior parte das vezes, é suficiente apenas para que se mantenha vivo.
O trabalho assalariado é a forma principal de obtenção de sustento do trabalhador moderno 
A organização dos processos de produção 
	Agora vamos lhe apresentar algumas formas de organização dos processos de produção. A primeira ficou conhecida como sistema fordista-taylorista. Surgiu no século XX, uma forma de organizar o trabalho pensada por Frederick Taylor (1856 – 1915) que tinha como objetivo tornar a produção o mais eficiente possível para alcançar maiores rendimentos. Taylor estudou detalhadamente os processos industriais para dividi-los em operações simples que pudessem ser cronometradas e muito bem controladas de forma que o trabalhador pudesse aumentar o nível de produtividade. A técnica de Taylor foi empregada por muitas indústrias e ficou conhecida como taylorismo. Os princípios de organização taylorista foram adotados por um industrial chamado Henry Ford (1836-1974) em sua fábrica de automóveis em 1913. O Objetivo de Ford era a produção em massa para consumo em larga escala. Para conseguir alcançar seu objetivo, Ford introduziu em sua indústria a linha de montagem com esteira rolante que possibilitava que os trabalhadores realizassem apenas uma tarefa específica de forma repetitiva e padronizada. Imagine que você na linha de montagem de um carro fosse responsável apenas por apertar um parafuso, por exemplo. A junção das ideias de Taylor e da forma de produção de Ford caracterizam o sistema que ficou conhecido como fordismo-taylorismo. 
Imagem: webestudante.com
	Porém, esse sistema começa a entrar em declínio nos anos de 1970 e outras formas de organização do trabalho surgem, como o que ficou conhecido como o pós-fordismo ou toyotismo, por exemplo. O Toyotismo tem características diferentes do modelo fordista-taylorista. Uma das diferenças é que neste novo modelo o investimento não tem mais o foco na produção em massa de produtos padronizados. Agora, o dono da indústria vai pensar em produtos mais variados e diversificados, por isso, uma característica importante deste modelo é a produção flexível. Novas formas de tecnologia são empregadas e exige-se do trabalhador que ele tenha habilidade de executar diferentes tarefas e trabalhe em equipe. A produção flexível também vai influenciar no mercado de trabalho. Cresce o número de contratos temporários, por exemplo, já que, agora, o dono da indústria passa a contratar também de forma mais flexível, dependendo da necessidade de sua produção. 
O trabalho informal no Brasil 
	Para falarmos de trabalho informal precisamos pensar ou lembrar de algum lugar em que pessoas estejam trabalhando como o que conhecemos popularmente como “camelôs” que, na verdade, são vendedores ambulantes que trabalham, na maioria das vezes, nas ruas, principalmente nas grandes cidades. Mas o que os “camelôs” têm a ver com o trabalho informal? Ou melhor, o que é trabalho informal? Uma das principais características das diferentes formas de trabalho informal é o fato de serem ocupações sem registro em carteira ou atividades que não estão de acordo com as normas legais e não tem a proteção das instituições públicas de seguridade social. A falta do registro em carteira e da proteção da seguridade social faz com que os trabalhadores da economia informal não possam exercer todos os direitos trabalhistas garantidos pela Consolidação das leis Trabalhistas – CLT - que regulamenta as relações individuais ou coletivas do trabalho, protege o trabalhador e defende os seus direitos como jornada de trabalho, período de descanso e férias, por exemplo. Sem a proteção da previdência social o trabalhador não tem direito a aposentadoria, ou a um auxílio caso fique doente ou ainda ao seguro-desemprego, caso fique desempregado. Sem direitos ou proteção, podemos pensar que o trabalho informal tende a ser uma forma de trabalho precário, pois não oferece estabilidade, segurança e proteção ao trabalhador. No Brasil, a partir dos anos 90, acontece um processo de reorganização do mercado de trabalho que teve como característica marcante o crescimento de formas de contratação mais inseguras e instáveis e sem a proteção da legislação trabalhista. Formas mais flexíveis de contratação como o trabalho autônomo, trabalho temporário ou de meio período, trabalho-estágio e trabalho terceirizado aumentam significativamente no nosso país a partir de 1990. Com essas mudanças, o trabalho informal também cresce, pois muitos funcionários que trabalhavam em atividades formais (em empresas legais e com registro em carteira) passam a exercer atividades na economia informal. Contudo, percebemos que o trabalho informal tem como ponto negativo a precariedade, já que o trabalhador não tem seus direitos trabalhistas garantidos e não está sob a proteção da seguridade social. 
Mercado de trabalho e desigualdades 
“A carne mais barata do mercado é a carne negra Que vai de graça pro presídio E para debaixo do plástico Que vai de graça pro subemprego E pros hospitais psiquiátricos... A carne mais barata do mercado é a carne negra Que fez e faz história Segurando esse país no braço ...” 
A carne – Elza Soares 
	Por que será que a cantora Elza Soares afirma em sua música “A carne” que “a carne mais barata do mercado é a carne negra”? Nesta aula vamos refletir juntos sobre como as desigualdades sociais se manifestam também no mercado de trabalho. Estudos sobre o mercado de trabalho no Brasil apontam que a maioria que trabalha informalmente é pobre e, no nosso país, a parcela mais pobre da população é significativamente constituída por mulheres e negros. Dessa forma as mulheres e os negros são as pessoas mais vulneráveis no mercado de trabalho. Você deve estar se perguntando: por que há essa desigualdade no nosso país? 
	Para começarmos a compreender essa desigualdade é preciso pensar no papel que, em nossa sociedade, é atribuído a mulher. Questões como essa, que envolvem as diferenças entre homens e mulheres, entre o masculino e o feminino, chamamos na Sociologia de Questões de gênero. Culturalmente atribuímos à mulher o cuidado com a casa e com os filhos. Esse papel social culturalmente construído influencia no mercado de trabalho já que estudiosos observam que as mulheres concentram-se nas ocupações relacionadas ao cuidado, ao comércio e na prestação de serviços pessoais como, por exemplo, o serviço doméstico, a enfermagem, a assistência social e o ensino primário. Em nossasociedade essas ocupações têm baixo prestígio social e remuneração. O mercado de trabalho brasileiro também é marcado pela desigualdade racial. Estudos apontam que os trabalhos mais desvalorizados socialmente e com os salários mais baixos são ocupados em grande parte por negros. As mulheres negras sofrem ainda dupla discriminação: de raça e de gênero. Isso acontece graças a nossa herança histórica da colonização e da escravidão quando os negros não tinham os direitos de cidadania garantidos, sobretudo o direito a educação. Essa herança produz e reproduz desigualdades até os dias de hoje.
 Trabalho escravo no século XXI? 
Embora a abolição da escravatura tenha acontecido no Brasil em 1888, ou seja, no século XIX, hoje, em pleno século XXI, podemos falar que ainda existe trabalho escravo em nosso país. Porém, a escravidão contemporânea tem algumas características diferentes da escravidão anterior. Nesta aula, vamos refletir juntos sobre o que é e como acontece o trabalho escravo no século XXI. Atualmente, considera-se trabalho escravo a forma degradante de trabalho na qual o trabalhador não tem a garantia de sua liberdade. Na zona rural, na qual se encontra a maior incidência de trabalho escravo, os trabalhadores aliciados, ou seja, seduzidos pela falsa promessa de um bom emprego, são vítimas de fazendeiros que buscam baixos custos e lucros fáceis por meio da exploração da mão de obra escrava, se aproveitando da situação de vulnerabilidade dos mais pobres. O Brasil é referência mundial no combate contra o trabalho forçado e busca erradicar essa forma de trabalho. 
Como dissemos, o trabalho escravo é uma forma degradante de trabalho na qual o trabalhador não tem garantida sua liberdade sendo, na maioria das vezes, escravizado pela servidão por dívida ilegalmente atribuída ao trabalhador, pelo isolamento geográfico que impede a fuga e pela constante ameaça a sua vida. Mas como o trabalho escravo acontece atualmente? Os “gatos”, que são contratadores de mão de obra a serviço dos fazendeiros, aliciam os trabalhadores oferecendo uma oportunidade de serviço em fazendas, prometendo salário, alojamento e comida. Para convencer o trabalhador, oferecem o transporte até a fazenda e um “adiantamento” para a família. Os trabalhadores em busca de uma oportunidade de emprego e para garantir a sua sobrevivência e de sua família aceitam a proposta. Porém, quando chegam ao serviço o gato lhes informa que eles têm uma dívida, anotada em um caderno. Neste caderno são anotadas as dívidas com o adiantamento, o transporte e as despesas de alimentação até a fazenda. Também são anotadas as dívidas com os instrumentos que o trabalhador precisa para o trabalho, as despesas com moradia e alimentação. Assim, o trabalhador não pode se desligar devido à dívida ilegalmente atribuída a ele e, caso tente fugir, é ameaçado podendo perder sua própria vida. Dessa forma, as dívidas e as ameaças físicas tornam-se correntes e tiram a liberdade do trabalhador escravizado. Como estes trabalhadores são libertos desta situação? Os chamados Grupos móveis de fiscalização, formados por auditores-fiscais do trabalho, procuradores do trabalho e policiais, atuam fiscalizando as propriedades e apurando denúncias de trabalho escravo e, uma vez confirmada a situação de trabalho escravo, libertam os trabalhadores. Na maioria das vezes, os trabalhadores escravizados são encontrados vivendo em situações degradantes, morando em precários barracos de plástico, bebendo água envenenada ou doente e sem assistência médica. 
	Na zona rural, a pecuária é uma das principais atividades que utilizam trabalho escravo para tarefas como derrubada de mata para pastagem e retirada de plantas indesejáveis com uso de venenos(os chamados agrotóxicos). Este trabalho é feito sem equipamentos de segurança o que leva o trabalhador a ser vítima de graves acidentes de trabalho, como mutilação, feridas na pele ou intoxicação. Também há casos de trabalho escravo nas cidades, principalmente, nas oficinas de costura e canteiro de obras. O Tocantins e a região Nordeste, principalmente os estados do Maranhão e do Piauí, são grandes fornecedores de mão de obra escrava e o Pará é o principal utilizador destes trabalhadores escravizados. As principais vítimas do trabalho escravo são os homens na faixa etária dos 18 aos 40 anos. Na zona urbana, há um grande número de sul-americanos, principalmente bolivianos, em situação de trabalho escravo, sobretudo nas oficinas de costura. 
Referências bibliográficas:
* ARAÚJO, Silva Maria de. et al. Sociologia: um olha crítico São Paulo: Contexto, 2009. * * GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. Ed. Porto Alegre: Artimed, 2005. Página. 
* TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. 2. Ed. São Paulo: Saraiva 2010. 
* OIT. TRABALHO ESCRAVO NO BRASIL XXI. Coord. do estudo, Leonardo Sakamoto. Brasília: Organização Internacional do Trabalho, 2007. http://www.oitbrasil.org.br/sites/default/files/topic/forced_labour/pub/trabalho_escr avo_no_brasil_do_%20seculo_%20xxi_315.pdf Acesso em 17 de agosto 2013.
* IPEA [et al.]. RETRATO DAS DESIGUALDADES DE GÊNERO E RAÇA - 4ª ed. - Brasília: Ipea. http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/livro_retradodesigua ldade_ed4.pdf Acesso em 17 de agosto de 2013.
* https://www.preparaenem.com/sociologia/conceito-trabalho.htm Acesso em 15/09/2020
					ATIVIDADES
Prezado estudante, após ler o Material de Sociologia, responda às seguintes questões:
 
1) Vimos no conteúdo que o tema trabalho é central na Sociologia. Explique, com suas palavras e baseado na sua leitura, porque o trabalho na sociedade moderna é tão importante.
R= Na sociedade em que vivemos o trabalho ocupa uma posição central na vida das pessoas,pois e com o trabalho que as pessoas sobrevivem.
2) Ao definir trabalho, o sociólogo Anthony Giddens escreveu o seguinte: “Para a maioria de nós o trabalho ocupa um espaço maior da vida do que qualquer outro tipo de atividade. É comum associarmos a noção de trabalho a uma atividade maçante o a um conjunto de tarefas que queremos minimizar e do qual, se possível procuramos escapar. No entanto, há mais implicações no trabalho do que nessa atividade maçante; não fosse assim, as pessoas não se sentiriam tão perdidas e desorientadas ao ficarem desempregadas. Como você se sentiria se imaginasse que nunca mais arranjaria um emprego? Nas sociedades modernas, ter um emprego é importante para manter a autoestima.” GIDDENS, Anthony. Sociologia. 4. Ed. Porto Alegre: Artimed, 2005. Página 306.
Você concorda com o que ele escreveu? Por quê?
R= Sim,pois com o trabalho ocupa a cabeça das pessoas e se a pessoa trabalha com aquilo que gosta nunca vai ser um peso e sim uma forma de sair da rotina,ter seu dinheiro ,criar uma independência. 
3) Explique, com suas palavras, as mudanças da forma de organização do trabalho da sociedade tradicional para a sociedade moderna
R=.A mudança social é a transformação da sociedade e do seu modo de organização. Decorre de hábitos e costumes que deixam de fazer ou que começam a fazer parte do cotidiano das pessoas.
Abolição da escravatura, êxodo rural e evolução dos meios de transporte são apenas alguns exemplos de acontecimentos que transformaram a sociedade. Por isso, são ocorrências de mudanças sociais.
Um dos fatores mais importantes para a mudança social é o ritmo, que varia conforme, entre outros, de acordo com o meio onde se insere. Assim, a mudança social acontece mais rapidamente nos meios urbanos.
Pelo fato de abranger vários grupos, afetando significativamente várias pessoas, a coletividade é outra característica que a marca.
As mudanças não são passageiras.Ao passo que acontecem, deixam marcas que têm um caráter de durabilidade. Assim, tem destaque a sua permanência
4) Ao falar sobre o modelo fordista taylorista, o sociólogo Anthony Giddens cita a seguinte descrição da divisão do trabalho em uma fábrica de alfinetes:
"Trabalhando sozinha, uma pessoa talvez conseguisse produzir 20 alfinetes por dia. Porém, dividindo-se essa tarefa emdiversas operações simples, se 10 empregados executassem funções especializadas em cooperação mútua, produziriam coletivamente 48 mil alfinetes por dia. Ou seja, a média de produção por empregado aumentaria de 20 para 4.800 alfinetes; cada operador especialista produziria 240 vezes mais que se trabalhasse sozinho". GIDDENS, Anthony. Sociologia.4. Ed. Porto Alegre: Artimed, 2005. Página 312.
Questão: Explique, com suas palavras, as características do modelo fordista-taylorista utilizando como exemplo o texto acima.
R= é um sistema de gestão do trabalho baseado em diversas técnicas para o aproveitamento ótimo da mão de obra contratada e enfatiza a eficiência operacional das tarefas realizadas, nas quais se busca extrair o melhor rendimento de cada funcionário.
5) Vimos que uma das características do modelo pós-fordista(toyotismo) também conhecido como modelo de produção flexível é o crescimento da contratação temporária de trabalhadores, as terceirizações etc. Reflita e escreva a sua opinião sobre estas e outras características deste modelo apontadas no conteúdo do material.
R=a diferença entre esses modelos é que nesse novo modelo o investimento não tem o foco na produção em massa de produto padronizado
6) Diferencie as teorias de Marx e Durkheim sobre a divisão do trabalho social.
R=Para Durkheim, o aumento da divisão do trabalho na sociedade moderna serviria para fortalecer a solidariedade. Para ele esta divisão do trabalho fazia com que os trabalhadores se tornassem mais dependentes um do outro já que não era mais possível trabalhar isolado no processo de produção e esta dependência teria o potencial de criar uma nova solidariedade, chamada por Durkheim de solidariedade orgânica, e que contribui para que a sociedade seja mais integrada, mais coesa.Marx apresenta um ponto de vista diferente do de Durkheim. Para ele a divisão do trabalho contribui para que os donos dos meios de produção, ou seja, os donos das fábricas e patrões possam produzir mais com menos custo e, logo, lucrar mais! De acordo com o ponto de vista de Marx, quando o trabalhador passa a ser assalariado e não participa mais de todo o processo de produção de um produto ele perde o controle do seu trabalho. Nesta situação, segundo Marx, o trabalhador se vê obrigado a fazer tarefas monótonas e repetitivas diminuindo sua criatividade. Desse modo, o trabalhador não se realiza mais em seu próprio trabalho que passa a ser somente um meio de sobrevivência. Marx vai chamar esse processo de alienação. 
7) Explique de que forma as questões de gênero influenciam no mercado de trabalho.
R=Culturalmente atribuímos à mulher o cuidado com a casa e com os filhos. Esse papel social culturalmente construído influencia no mercado de trabalho já que estudiosos observam que as mulheres concentram-se nas ocupações relacionadas ao cuidado, ao comércio e na prestação de serviços pessoais como, por exemplo, o serviço doméstico, a enfermagem, a assistência social e o ensino primário. Em nossa sociedade essas ocupações têm baixo prestígio social e remuneração
8) Explique de que forma as questões raciais influenciam no mercado de trabalho.
R=Estudos apontam que os trabalhos mais desvalorizados socialmente e com os salários mais baixos são ocupados em grande parte por negros. As mulheres negras sofrem ainda dupla discriminação: de raça e de gênero. Isso acontece graças a nossa herança histórica da colonização e da escravidão quando os negros não tinham os direitos de cidadania garantidos, sobretudo o direito a educação. Essa herança produz e reproduz desigualdades até os dias de hoje.
9) Aponte como o trabalho escravo pode ocorrer em pleno século XXI.
R=Atualmente, considera-se trabalho escravo a forma degradante de trabalho na qual o trabalhador não tem a garantia de sua liberdade. Na zona rural, na qual se encontra a maior incidência de trabalho escravo, os trabalhadores aliciados, ou seja, seduzidos pela falsa promessa de um bom emprego, são vítimas de fazendeiros que buscam baixos custos e lucros fáceis por meio da exploração da mão de obra escrava, se aproveitando da situação de vulnerabilidade dos mais pobres. O Brasil é referência mundial no combate contra o trabalho forçado e busca erradicar essa forma de trabalho.
10) Reflita e comente: vivemos atualmente uma escravidão contemporânea? 
R= sim 
					FIM

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