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Fichamento PORTILLA, Miguel León. A Mesoamérica antes de 1519. MURRA, John. As sociedades andinas anteriores a 1532.

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Fichamento 1
Aulas 1, 2 e 3.
Textos: PORTILLA, Miguel León. “A Mesoamérica antes de 1519”.
MURRA, John. “As sociedades andinas anteriores a 1532”.
Aula 1 - Programa da disciplina:
Primeiramente, para a compreensão da matéria torna-se relevante a exposição de conceitos relacionados à história, dito isso, fontes primárias são aquelas que reúnem todos os tipos de documentações produzidas na época a que se refere a pesquisa, enquanto fontes secundárias são todos os tipos de documentações produzidas posteriormente a época a que se refere a pesquisa, mas que remetem ao período em questão.
Ademais, uma das características das disciplinas cientificas é a existência de vertentes interpretativas, que podem ou não, ser superadas. Portanto, a história avança, em geral, pela crítica dos autores anteriores, ou lacunas deixadas nos assuntos. Relacionado a isso, é importante não sobrepor valores - não cometer anacronismos, mas descobrir quais os valores das sociedades estudadas.
Por conseguinte, o programa da matéria é composto por cinco tópicos, sendo: I. Civilizações originarias; II. Choque de culturas: a época da conquista; III. Época colonial da América hispânica; IV. Colonização Francesa e Inglesa; e V. Crise do sistema colonial.
O primeiro tópico (Civilizações originarias), inclui diversos séculos. Neste tópico, os Impérios Inca e Asteca são comparados para a compreensão de como esses Estados diferenciam-se, tendo sido redescobertos e estudados pela historiografia atual, principalmente por algumas razões: a ausência da escrita, da propriedade privada da terra, dos meios de produção, das classes sociais e de moeda. Além disso, estes estudos surgem pela importância dada à história das minorias, e por questões políticas, relacionadas principalmente aos interesses da esquerda, relacionados às semelhanças com características do socialismo. Sendo assim, as aulas focam principalmente na lógica de funcionamento desses impérios.
Enquanto o segundo tópico (Choque de culturas: a época da conquista), diferencia-se temporalmente, e contempla entre cinquenta a setenta anos, dependendo da região, sendo o intervalo de 1492 - a chegada de Colombo na América, e 1550 – o inicio da colônia em algumas regiões.
Além disso, a maior parte da bibliografia da matéria cobre dois períodos: a época da conquista, e a época da independência, sendo períodos de enormes mudanças nas sociedades.
O terceiro tópico (Época colonial da América hispânica), trata-se das características econômicas, sociais, políticas e culturais particulares da conquista hispânica.
O quarto tópico (Colonização Francesa e Inglesa), trata principalmente, da chegada da população escrava africana, na denominada Afro-América, que inclui o sul dos EUA – neste
caso, a escravidão ocorre apenas após a independência, Caribe e Brasil, principalmente no século XVIII.
Por último, o quinto tópico (Crise do sistema colonial), trata de quais fatores influenciaram no processo de ruptura associado à crise, e as causas e consequências da independência, tendo suas particularidades em cada região. De forma que, as historiografias de diferentes períodos têm suas interpretações sobre quais foram as motivações.
Aula 2 - Astecas:
Em uma primeira análise, as características gerais dos povos pré-Colombianos se baseiam em quatro tópicos principais, sendo: I. Existência da propriedade coletiva da terra; II. Ausência de documentos escritos; III. Ausência de moeda; e IV. Ausência de classes sociais.
Além disso, é possível caracterizar os Astecas por sua organização social, organização agrária, tipos de trabalhadores, e dinâmica econômica.
Relativa à organização social dos Astecas, pode-se afirmar a existência de uma estratificação social – deve-se ressaltar que não confere caráter de classes sociais, marcada por grupos com suas denominações e atribuições. Primeiramente, a unidade básica das comunidades residenciais a partir de uma associação regional são chamadas de calpulli, os trabalhadores dessas terras são os macehualtin, sendo a base da pirâmide, enquanto o topo da pirâmide é atribuída ao grupo dirigente, denominados como pipiltin. Ademais, são chamados de postecas os comerciantes.
A organização agrária se caracteriza principalmente pela ausência da propriedade privada da terra, e pode ser descrita pelas formas de distribuição e modalidades de seu uso. Isto é, há a parcela de terras que são distribuídas de forma comunal aos calpulli, e que exercem funções de garantir a subsistência do calpulli, e ainda de produzir excedentes para troca e pagamento de tributos, sendo que o tamanho dos lotes sofre variações de acordo com o número de homens adultos. Há ainda, as terras que são destinadas ao grupo dirigente – os pipiltin, e que exercem função de abrigar e ainda, realizar a manutenção do exercício de poder. Por último, existem as chamadas terras públicas que são para uso comum, e não tem como característica a utilização para a agricultura. Torna-se importante ressaltar a não existência da propriedade privada, dessa forma todas as terras são públicas, e se modificam pela organização da produção e sua modalidade de uso.
Ainda, as terras possuem de forma geral, mão de obra advinda dos membros dos calpulli e trabalho por termo pré-determinado. Sendo que, a organização do trabalho nas terras tem, os calpuleque - homens adultos, como trabalhadores designados para trabalho agrário de subsistência e produção de excedentes. Os teccaleque, como trabalhadores designados para trabalho fora do calpulli. Em seguida, os arrendatários que são trabalhadores de terras alheias, caracterizados como uma anormalidade, já que são pessoas sem condição de subsistência, sendo um trabalho temporário até que haja a incorporação desses trabalhadores em um calpulli, retornando à situação de normalidade. Por último, os mayeques são a camada inferior da população rural, caracterizados pelo trabalho de forma permanente, portanto sem retorno ao calpulli.
Por conseguinte, essencial para o funcionamento da sociedade Asteca, a dinâmica econômica se baseia em tributos, cobrados de forma compulsória e em produtos, basicamente estes
produtos depois de arrecadados eram redistribuídos para manutenção dos calpulli que não conseguiam manter sua subsistência. Não só tributos, mas também a existência de feiras marcava a dinâmica econômica, essas feiras desempenhavam papel de escambo – já que não havia moeda, com a troca de produtos de acordo com as necessidades e não contavam com a intervenção do Estado, mas havia a presença e cobrança de impostos.
Aula 3 - Incas:
Grande parte da organização social e econômica dos Incas é condicionada pela geografia, cabe, portanto, discorrer sobre os seus aspectos. Primeiramente, uma das características geográficas é a presença de litorais, composto por grandes regiões desérticas e existência de oásis, com poucas áreas aptas a agricultura. Em seguida, a região central, composta sobretudo pela Cordilheira dos Andes, pode ser descrita com uma altitude intermediaria entre dois mil e dois mil e quinhentos metros, e por conta desta altitude existe uma dificuldade de desempenhar atividades agrícolas, o que gerou uma economia vertical com a formação de microclimas, possui ainda atividade pecuária com a presença de lhamas, alpacas, vicunhas e guanacos. Além disso, na região central há dificuldade para o transporte – que se desenvolveu de forma horizontal, e de comunicação. Ainda sobre a geografia, há a selva tropical, designada pela presença de populações geralmente nômades, e comunidades que se comunicavam com os Incas.
A organização agraria e social conta com a distribuição da terra como a principal meio de produção. A unidade básica de comunidade é denominada ayllus, e funciona como referência para distribuição de terras e cobrança de tributos. O grupo dirigente era chamado de panacas. Enquanto, o representante do Estado é denominado Inca, sendo que este era escolhido, ou seja, não havia presença de uma casta vitalícia desempenhando função no poder.
Por conseguinte, essencial para o funcionamento da sociedadeInca, a dinâmica econômica era composta por ausência de moeda, e cobrança de tributos obrigatórios e medido de acordo com a quantidade de homens adultos. Não só tributos, mas também a existência de feiras marcava a dinâmica econômica com participação do Estado, além do comércio exterior com diversas comunidades, em diferentes regiões. O trabalho era visto como valor central para o Estado. Primeiramente, há o trabalho nos ayllus que se baseava no deslocamento rotativo e por tempo determinado, para o pagamento de impostos – denominados como mita, o percentual dos trabalhadores homens convocados a trabalhar eram os mitayos. A presença de mercado interno com feiras
Texto: “A Mesoamérica antes de 1519” - Miguel León Portilla
Mesoamérica, além de um termo geográfico, se refere a região em que civilizações se manifestaram em diversos momentos. Relativo ao teor geográfico, a Mesoamérica embora localizada nos trópicos possui uma multiplicidade de características de fauna e flora. A pré- história remota das Américas, inicia-se por volta de 35000 a.C., há registros da possibilidade da existência do homem, por volta de 2000 a.C., na região em que atualmente é o México. Todavia, os fósseis humanos encontrados que datam mais remotamente são achados no sítio arqueológico de Telexam, e datam de no máximo 900 a.C.
Acerca do desenvolvimento de povos mesoamericanos, advieram inovações culturais que não indicaram as ausências de algumas notórias limitações. Estas englobam primeiramente a escassez regular de qualquer emprego prático da roda, junto a seus resultados no transporte, e artesanato de cerâmica, em segundo lugar, a falta - até cerca de 950 d.C. de um tipo de metalurgia, enfim, a ausência de animais passiveis de domesticação.
Segundo a composição urbana, grandes bairros, onde os componentes da comunidade detinham suas residências, eram rodeados pela sede administrativa e religiosa. As avenidas e ruas eram pavimentadas, e atuava um sistema de drenagem bem preparado. As pirâmides, os templos, os palácios, e a maioria das casas dos governantes ou dos membros da nobreza eram decorados com telas murais nas quais participavam deuses, pássaros fantásticos, serpentes, jaguares e variados tipos de vegetação.
De um ponto de vista político, é possível assimilar que alguns desses centros urbanos estavam integrantes em vários tipos de “confederações” ou “reinos”. Por exemplo, na sociedade maia clássica coexistiam dois estratos sociais claramente divergentes: o povo comum, ou plebeus (devotados, em sua massa, à agricultura e à dinâmica de diversos serviços pessoais), e o grupo dominante, integrado de governantes, sacerdotes e guerreiros de alta posição. Além disso, ainda acerca dos maias, estes detinham múltiplos calendários de altíssima precisão, por enquanto podemos pelo menos admitir que a civilização na Mesoamérica clássica, da qual surgiu todo o desenvolvimento ulterior, alcançou seu apogeu com os maias.
Nessas sociedades, é possível pensar certo tipo de divisão de trabalho. Ao passo que determinados indivíduos desempenhavam trabalho na agricultura e em outras atividades de subsistência, outros se especializaram em artes, pesca, mineração, construção, manufatura, garantia da defesa do grupo, empreendimentos comerciais, culto aos deuses e governo. Além disso, havia uma divisão relativa ao gênero, em que as tarefas agrícolas e grande parte da produção especializada eram destinadas aos homens, enquanto eram reservadas as mulheres as tarefas domesticas e de fiação e tecelagem.
Os mesoamericanos, possuíam ferramentas como martelos, facas, raspadeiras, almofarizes, ganchos, agulhas, flechas, varas, e ainda instrumentos de metalurgia feitos com cobre, por exemplo, machados, enxadas, furadores e facas.
Explicações sobre o que aconteceu aos maias, aos zapotecas, aos teotihuacanos e, de modo geral, aos que evidenciaram origem e base à civilização em seu Período Clássico não passam até agora de meras hipóteses. O declínio e o resignação final das esplendidas metrópoles antigas, por meio dos séculos VII e X, contemplavam provavelmente diversas formas. Logo, provavelmente em um certo tempo as velhas cidades começaram a ser paulatinamente abandonadas. Não se obtiveram vestígios de ataques exteriores, nem de dano por fogo. Os centros foram unicamente desabrigados, quando seus habitantes procuraram demais locais em que se consolidar. Mostra-se complicado demonstrar que foi isso o resultado de uma transição climática forte e difusa, de um cataclismo agrícola, ou de uma epidemia integral. Hipóteses a parte, segue o caso de que a fase entre 650 e 950 d.C. assistiu a queda das sociedades clássicas da Mesoamérica.
Não obstante, a ruina das cidades não indicou o óbito da cultura nesse fragmento. Acredita-se, contudo, que estes povos transmitiram a herança no crescimento cultural futuro
dos mesoamericanos. Tantas delas perduraram à conquista espanhola e inclusive hoje constituem fundamentos da cultura de fartos povos do México e da América Central. Tanto quanto nos marcos da vida urbana, na esfera artística encontramos mais tarde a forte influência, e o mesmo é valido no concernente as crenças básicas e as formas de culto. Outros fundamentos culturais que fizeram parte da mesma herança foram o calendário, a escrita hieroglífica, a compreensão astronômica e astrológico, um panorama de mundo, moldes básicos de composição religiosa, política e socioeconômica, a instituição do mercado e um comercio que conseguia tanger regiões bem distantes.
Tratando-se dos mexicas (Astecas), estes detinham consideráveis traços da cultura da Mesoamérica. Um elemento importante é o fato de que, estavam subordinados a um grupo dominante – os tlatoque e pipiltin, denominam-se ainda como macehualtin, trabalhavam para os tlatoque, aos quais pagavam tributos. Os mexicas seguiam seus guias (sacerdotes e capitães), formavam grupos chamados de calpulli, que possuía sentido de “pessoas pertencentes a mesma casa”.
Em suma, os macehualtin, agrupados em calpulli, constituíram entidades sociais associadas por parentesco, essas entidades socioeconômicas eram comuns na Mesoamérica. Alguns calpulli eram criados como parte integrante de grandes cidades. Essas sociedades tem, portanto, como base aldeias comunais primitivas que trabalhavam coletivamente na terra, porém os membros da maioria desses calpulli não cultivavam a terra, mas dedicavam-se a outras formas de produção, como artesanato, arte e comércio. Periodicamente, se organizavam sob o governo de um grupo dominante que distribuía o usufruto da terra entre seus membros. Sendo assim, o povo continua a ser integrado em entidades comunais que trabalham a terra com o objetivo de subsistência.
Em períodos de dificuldade, as condições de vida dos macehualtin pioraram sob muitos aspectos, com a escassez de alimentos.
As cidades eram governadas por indivíduos nomeados pelo governante supremo – denominados tlatoque ou tlatoani, em alguns casos, o governante supremo enviava um dos pipiltin da metrópole asteca para governar um domínio subjugado. Com a finalidade de administrar os calpulli, o tlatoani designava oficiais, denominados teteuctin. Os cargos administrativos mais relevantes estavam reservados aos pipiltin, que obtinham alguns tipos de privilégios, como ter certa quantidade de esposas, insígnias e vestes especiais, além de estarem sujeitos a uma jurisdição especial. Fica claro que, a vida dos macehualtin era grandemente divergente da dos pipiltin.
Existe ainda, uma designação das terras distribuídas, em tlatocatlalli – terras do governante, piltlalli – terras dos pipiltin, e calpultlalli – terras dos calpulli, constituídas por macehualtin.
Um dos elementos de relevância para compreender os mexicas e sua economia são as praças e feiras, a atividade comercial neste caso era desempenhada pelos pochtecas – comerciantes, grande parte dos produtos oferecidos no mercado adentravam na metrópole asteca ou levados por comerciantes, ou na forma de pagamento de tributos. Além da administração das compras e vendas, os comercianteslidavam com contratos e empréstimos, sendo assim, a manutenção dos mercados e o estabelecimento de padrões de troca eram funções importantes.
Sobre a atividade religiosa, os mexicas explicam o início da existência do mundo como uma sequência de períodos, por uma evolução que produziu tudo que habitara a partir de quatro forças iniciais. Há ainda, a presença de divindades sendo um pai onicriador – Tonacatecuhtli, e uma mãe universal - Tonacacíhuatl, que se unem em Ometeotl e são responsáveis pela criação. Haviam várias formas de culto, com a reserva de ritos e cerimonias. Texto: “As sociedades andinas anteriores a 1532” - John Murra
A região Andina foi invadida em 1532, a historiografia é ausente de informações mais concretas, e conta principalmente com relatos escritos por estrangeiros, paradoxalmente os períodos mais antigos são mais acessíveis, sendo que, para desvendar o modo de vida cotidiana e organização dos Estados andinos, requer um trabalho árduo, que só poderá ser mais facilmente empreendido quando os arqueólogos e etnólogos trabalharem em conjuntos na recuperação das memórias de tradições andinas que pertencem principalmente à repúblicas herdeiras - Bolívia, Peru, Equador, Chile e Argentina.
A particularidade andina inicia-se na paisagem, a geografia não tem semelhanças com regiões de outras latitudes, com altas montanhas, noites glaciais e dias tropicais - com registros de variações de 30°C no mesmo dia, vales mais profundos, desertos mais secos e grandes distâncias, contava ainda com mudanças bruscas das condições geográficas. Nesse cenário, a agricultura se desempenhou principalmente por tubérculos, tarwi (tipo de semente), kinuwa (tipo de cereal), e folha de coca, algumas dessas culturas eram encontradas em diversas regiões pelo continente, e por conta da variação de temperatura passaram por um processo de vantagem de adaptação relacionado à conservação dos alimentos, sendo congelados à noite e secos sob o sol.
Em primeiro momento, o Estado seguiu os regimentos andinos que se baseava no cultivo num sistema rotativo. Este Estado deveria ser responsável pela circulação de gêneros alimentícios que não podiam ser produzidos em algumas regiões. O aumento nas dimensões das sociedades gerava consequências sobre a complexidade de arranjo político destas sociedades, o modelo de como eram elegidos os colonos e a sua forma de manutenção no poder são temas de investigação, contando com padrões de colonização dispersa.
Além disso, havia grande contingente de pessoas, concentradas principalmente no alto planalto, e suas habilidades eram desempenhadas em diversos setores, como a metalurgia, construção, irrigação, e confecção de produtos têxteis - as roupas constituíam importante forma de arte andina, com usos políticos, rituais e militares. As comunidades andinas iam desde centenas de famílias até milhares, chegando a alcançar um total populacional de cinco milhões, ou mais. A linhagem familiar era um princípio organizador das sociedades andinas, denominada hatha ou ayllu. Cada hatha é uma unidade composta por terra e rebanhos, e contém suas particularidades, como suas próprias autoridades.
O Estado inca, Tahuantinsuyo, foi uma das comunidades políticas surgida nos andes, com a capital em Cuzco que era centro administrativo e cerimonial, continha a encruzilhada de estradas reais que tinham vinte mil quilômetros ou mais de extensão, contudo não foi a única. “Nas últimas décadas, os arqueólogos tem distinguido vários “horizontes” - períodos em que as autoridades centrais conseguiram controlar tanto as comunidades das montanhas quanto as costeiras, em que floresceu o separatismo étnico¹”.
¹. MURRA, John. As sociedades andinas anteriores a 1532, p. 75.
A divisão das sociedades andinas se deu por uma dicotomia entre urcusuyu (a metade montanhesa), e umasuyo (a metade aquática), que rendeu diferenças linguísticas - metade leste falavam pukina enquanto a oeste falavam aimará, os europeus chamavam a língua dos incas de quíchua, denominada lengua general, e foi a língua da administração no período colonial. Infelizmente, as questões andinas foram grandemente debatidas pela perspectiva inca, o que gera uma limitação na interpretação desse contexto dual.
Há ainda a presença de reassentamentos promovidos pelo Estado inca, em que grande parcela da população era transferida e suas terras reocupadas, e podia ser motivado por fatores, como produção, uso das terras, e política, com registros principalmente relacionados a época pré-colonial, alterando as tarefas e status de alguns indivíduos. Ainda sobre a interferência do Estado inca nas organizações da população, houve a escolha de pessoas que se dedicavam a atividades relacionadas ao imperador, por exemplo, mulheres acllas – escolhidas, eram separadas para realizar atividades têxteis exclusivamente para o Estado, enquanto o seu equivalente eram os homens yanas, desempenhando funções de servidores. Esses indivíduos ficam isentos de obrigações de hereditariedade, já que não faziam parte do seu grupo original.

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