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AMEBÍASE/AMEBOSE - Prof. Vítor - P1 - Leonardo Muzzy

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Amebíase 
 
As amebas que se encontram frequentemente nos exames de fezes 
humanas são protozoários da ordem Amoebida. Muitas pertencem à 
família Endamoebidae e uma delas – Entamoeba histolytica - é responsável 
pela amebíase. Várias outras vivem como “inquilinos inofensivos” de nosso 
intestino. A E. histolytica é o agente etiológico da amebíase, importante 
problema de saúde pública que leva ao óbito anualmente cerca de 100.000 
pessoas, constituindo a segunda causa de mortes por parasitoses. 
 
Gênero Entamoeba 
Tem como característica um núcleo esférico, uma membrana delgada é 
revestida, internamente, de grânulos cromáticos, enquanto um ou mais 
grânulos se reúnem no centro ou perto dele, formando uma estrutura 
denominada cariossomo central. As espécies de Entamoeba que 
interessam à medicina humana podem ser distribuídas em vários grupos, 
de acordo com o número de núcleos que apresente sua forma cística 
madura, fato esse que ajuda a orientar o diagnóstico, nos exames 
parasitológicos. Assim: 
1. com cistos de até 8 núcleos: E. coli 
2. com cistos de até 4 núcleos: E. histolytica, E. dispar e E. hartmanni; 
3. com cistos de 1 núcleo: E. polecki (parasito do porco e eventualmente 
do homem); 
4. sem cistos conhecidos: E. gingivalis (da cavidade bucal). 
Entamoeba histolytica 
Por ser patogênica, será descrita em detalhes, em cada uma 
de suas fases: trofozoíto ou forma vegetativa, cisto ou forma 
de resistência, pré-cisto e metacisto. 
 
 PRÉ-CISTO: É uma fase intermediária entre o trofozoíto 
e o cisto. É oval ou ligeiramente arredondado, menor que o 
trofozoíto. O núcleo é semelhante ao do trofozoíto. No 
citoplasma podem ser vistos corpos cromatóides, em forma 
de bastonetes, com pontas arredondadas. 
 META-CISTO: É uma forma multinucleada que emerge 
do cisto no intestino delgado, onde sofre divisões, dando 
origem aos trofozoítos. 
 
 TROFOZOÍTO: Geralmente tem um só núcleo, bem nítido nas formas 
coradas e pouco visível nas formas vivas. Examinando a fresco, é ativo, 
alongado, com emissão contínua e rápida de pseudópodes, grossos e 
hialinos; costuma imprimir movimentação direcional, parecendo estar 
deslizando na superfície, semelhante a uma lesma. Apresenta o núcleo 
bem visível e destacado, geralmente esférico. A membrana nuclear é 
bastante delgada e a cromatina justaposta internamente a ela é formada 
por pequenos grânulos, uniformes no tamanho e na distribuição, dando 
ao núcleo um aspecto de anel (aliança de brilhante). Na parte central do 
núcleo encontra-se o cariossoma. Às vezes, o cariossoma apresenta-se 
formado por pequenos grânulos centrais, dando uma configuração, com 
a cromatina, de "roda de carroça". 
 
 CISTO: São esféricos ou ovais. Os núcleos corados são bem visíveis 
e variam de um a quatro. Os corpos cromatóides, quando presentes nos 
cistos, têm a forma de bastonetes ou de charutos, com pontas 
arredondadas 
 
 
Biologia 
Os trofozoítas da E. histolytica normalmente vivem na luz do intestino 
grosso podendo, ocasionalmente, penetrar na mucosa e produzir 
ulcerações intestinais ou em outras regiões do organismo, como fígado, 
pulmão, rim e, mais raramente, no cérebro. Os trofozoítos de E. histolytica, 
tendo como ambiente normal o intestino grosso, são essencialmente 
anaeróbios. O catabolismo da glicose difere consideravelmente da maioria 
das células eucariotas animais, pois não possuem mitocôndrias, citocromos 
e ciclo do ácido cítrico. Na glicose anaeróbica operam enzimas não-usuais, 
sendo produzido sob estas condições etanol, CO2 e ATP. 
Ciclo Patogênico 
O equilíbrio parasito-hospedeiro pode ser rompido e os trofozoítos 
invadem a submucosa intestinal, multiplicando-se ativamente no interior das 
úlceras e podem, através da circulação porta, atingir outros órgãos, como 
o fígado e, posteriormente, pulmão, rim, cérebro ou pele, causando 
amebíase extraintestinal. O trofozoíto presente nestas úlceras é 
denominado forma invasiva ou virulenta. Estas amebas grandes e invasivas 
constituem a forma que alguns autores denominam "magna" de E. 
histolytica. Na intimidade tissular, não forma cistos, são hematófagos e muito 
ativos. 
 
 
Transmissão 
O mecanismo de transmissão ocorre através de ingestão de 
cistos maduros, com alimentos (sólidos ou líquidos). O uso de 
água sem tratamento, contaminada por dejetos humanos, é 
um modo frequente de contaminação; ingestão de alimentos 
contaminados (verduras cruas - alface, agrião; frutas - 
morango) é importante veículo de cistos. Alimentos também 
podem ser contaminados por cistos veiculados nas patas de 
baratas e moscas (essas também são capazes de regurgitar 
cistos anteriormente ingeridos). Além disso, falta de higiene 
domiciliar pode facilitar a disseminação de cistos dentro da 
família. Os "portadores assintomáticos” que manipulam 
alimentos são os principais disseminadores dessa protozoose. 
 
Patogenia e Virulência 
Amebíase é a infecção do homem causada pela Entamoeba histolytica, 
com ou sem manifestação clínica. Alguns fatores determinam a virulência 
do parasito, o que faz mudá-lo de um tipo comensal para um agressivo, 
invasor. Destaca-se a flora bacteriana associada. São inúmeros os fatores 
ligados ao hospedeiro: localização geográfica, raça, sexo, idade, resposta 
imune, estado nutricional, dieta, alcoolismo, clima e hábitos sexuais. Quando 
prevalecem condições favoráveis à patogenicidade das amebas, estas 
começam a atacar os tecidos do hospedeiro prontamente, encontrando-
se lesões decorridas apenas 24 a 90 horas da contaminação. Com relação 
ao parasito, sabe-se que a evolução da patogenia ocorre através da 
invasão dos tecidos pelos trofozoítos invasivos e virulentos. Tudo indica 
que a E. histolytica tem um efeito letal direto sobre a célula. Uma vez 
vencida a barreira epitelial, os movimentos amebóides e a liberação de 
enzimas proteolíticas (hialuronidase, protease e mucopolissacaridases) 
favorecem a progressão e destruição dos tecidos. As amebas podem 
penetrar nos vasos sanguíneos e, através da circulação porta, atingir 
primeiramente o fígado, que é o principal órgão com acometimento extra-
intestinal, formando abscessos. Atingem ainda, em certas circunstâncias, a 
pele e as regiões anal ou vaginal (períneo). 
 
 
E. histolytica – Ciclo biológico 
É monoxênico e muito simples. No ciclo, 
encontramos uma série de estágios: trofozoíto, 
pré-cisto, cisto e metacisto. O ciclo se inicia pela 
ingestão dos cistos maduros, junto de alimentos 
e água contaminados. Passam pelo estômago, 
resistindo à ação do suco gástrico, chegam ao 
final do intestino delgado ou início do intestino 
grosso, onde ocorre o desencistamento, com a 
saída do metacisto, através de uma pequena 
fenda na parede cística. Em seguida, o metacisto 
sofre sucessivas divisões nucleares e 
citoplasmáticas, dando origem a quatro e depois 
oito trofozoítos, chamados trofozoítos 
metacísticos. Estes trofozoítos migram para o 
intestino grosso onde se colonizam. Em geral, 
ficam aderidos à mucosa do intestino, vivendo 
como um comensal, alimentando-se de detritos 
e de bactérias. Sob certas circunstâncias, ainda 
não muito bem conhecidas, podem desprender 
da parede e, na luz do intestino grosso, 
principalmente no cólon, sofrer a ação da 
desidratação, eliminar substâncias nutritivas 
presentes no citoplasma, transformando-se em 
pré-cistos; Em seguida, secretam uma 
membrana cística e se transformam em cistos, 
inicialmente mononucleados. Através de divisões 
nucleares sucessivas, se transformam em cistos 
tetranucleados, que são eliminados com as fezes 
normais ou formadas. Graças ao encistamento, 
os parasitos expulsos com as fezes podem 
resistir às condições do meio exterior e 
propagar-se. Geralmente não são encontrados 
em fezes liquefeitas ou disenténcas. 
 
 
 
 
A. Cistos maduros ingeridos pelo paciente.B, Desencistamento no 
tubo digestivo. C, Ciclo não-patogênico desenvolvendo-se na luz do 
intestino grosso. D. Produção de cistos que são expulsos com as fezes. 
E, Desenvolvimento da forma invasora de E. histolytica. F, Ciclo 
patogênico, com multiplicação dos trofozoítas na parede intestinal 
onde se alimentam de hemácias ou restos celulares e determinam 
necroses. G, Propagação eventual da infecção

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