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Fonte: Semiologia Médica (Porto): 8ed. 1 Manuela Silvestre Monteiro manuelasilvestremedicina@gmail.com Semiologia da paratireoide INTRODUÇÃO As paratireoides são 4 e se situam acopladas na face posterior da tireóide, na altura dos polos superiores e inferiores de cada lobo. • Recebem ramos da artéria tireóidea superior ou inferior • Compostas por uma cápsula fibrosa e cordões de células epiteliais de 3 tipos: 1) Principais: produzem paratormônio 2) Claras: em repouso com granulos citoplasmáticos de lipídeos e glicogênio 3) Oxifílicas: função não conhecida As paratireoides secretam partormônio→ metabolismo do cálcio e unidades metabólicas dos ossos Órgãos-alvo: ossos e rins (diretamente) e intestino (indiretamente→aumenta absorção de cálcio por estimular a síntese de 1,25-vitamina D nos rins) • Aumentam a calcemia e diminuem a fosfatemia por estimular a reabsorção de calcio via óssea e renal e excreção aumentada de fosfato na urina • Acelera remodelação óssea, osteólise osteocítica e formação de osteoblastos e osteoclastos • A secreção do paratormônio obedece aos níveis de cálcio sérico: quando o nível sanguíneo de cálcio diminui, há estimulação da secreção do hormônio. Ao contrário, quando o cálcio se eleva, é inibida sua secreção EXAME CLÍNICO HIPOPARATIREOIDISMO • Secreção ou ação deficiente do hormônio paratireoidiano (PTH): redução dos níveis plasmáticos de cálcio e aumento dos níveis de fosfato na presença de função renal normal Manifestações por hipocalcemia aguda: tetania (irritabilidade neuromuscular). Os sintomas podem variar de dormências, parestesias de mãos e pés, cãimbras até convulsões, espasmos carpopodal e da laringe e papiledema. Manifestações por hipocalcemia crônica: Calcificações dos núcleos da base e do cerebelo, Parkinson, distúrbios do movimento, demência, catarata, anormalidades dentárias, hipercalciúria e possível nefrolitíase. Muitos pacientes são assintomáticos SINAL DE TROSSEAU OU ESPASMO CARPOPODAL Pode ser provocado ao se manter o manguito do aparelho de pressão insuflado, por 3 min, 20 mm de mercúrio acima da pressão sistólica do paciente. Nos casos de hipocalcemia, ocorrem flexão do punho, extensão das articulações interfalangianas e adução do polegar, configurando o que se costuma chamar de “mão de parteiro” SINAL DE CHVOSTEK É pesquisado pela percussão do nervo facial, adiante do pavilhão auditivo. Quando há hipocalcemia, aparece contração da musculatura da face e do lábio superior no lado em que se fez a percussão. Fonte: Semiologia Médica (Porto): 8ed. 2 Manuela Silvestre Monteiro manuelasilvestremedicina@gmail.com HIPERPARATIREOIDISMO HIPERPARATIREOIDISMO PRIMÁRIO • Nefrolitíase, hipercalciúria, nefrocalcinose, IRC • Doença óssea (osteíte fibrosa cística)→ dor óssea e reabsorção óssea periosteal das falanges médias e porções distais das clavículas • Fraqueza muscular e fadiga • Letargia, ansiedade, depressão • Redução da densidade mineral óssea • HAS, hipertrofia ventricular esquerda, disfunção diastólica, aumento da espessura média da carótida • Úlcera péptidica, vomitos, dores abdominais, anorexia e constipação HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO • Hiperfosfatemia e deficiencia de calcitriol→hipocalcemia e aumento de PTH • Pode dausar osteodistrofia renal: fraqueza, dor óssea e muscular, necrose avascular • distúrbios do metabolismo mineral, principalmente do cálcio e fósforo, que parecem predispor a calcificação arterial e aterosclerose • raquitismo na criança e osteomalácia no adulto → pseudofraturas que consistem em rarefações ósseas lineares, adjacentes a vasos ao exame físico: protrusão frontal, deformidades ósseas e marcha bamboleante HIPERPARATIREOIDISMO TERCIÁRIO • manifestações clínicas semelhantes às do hiperparatireoidismo primário EXAMES COMPLEMENTARES LABORATORIAIS DOSAGEM DE CÁLCIO E FÓSFORO • dosagem do cálcio total é o método mais utilizado, porém a avaliação do cálcio ionizável e/ou a fração livre possibilitam diagnóstico mais preciso • No hiperparatireoidismo, encontra-se hipercalcemia com níveis baixos de fósforo. Em geral, o cloro plasmático está elevado, com discreta acidose hiperclorêmica; na urina de 24 horas, o cálcio está aumentado (150 mg/ 24 horas); o clearance de fósforo também se encontra elevado • No hipoparatireoidismo, o cálcio plasmático está baixo, e o fósforo tende a elevar-se; na urina de 24 horas, a princípio, o cálcio está aumentado, mas ocorre esgotamento das reservas e diminuição do cálcio plasmático, com queda dos seus valores. DOSAGEM DO PTH • A determinação do PTH ou suas frações contribui no diagnóstico do hiperparatireoidismo; a dosagem do monofosfato de adenosina (AMP) cíclico na urina de 24 horas é um dado indireto da ação do hormônio paratireoidiano, e, quando elevado, significa excesso deste hormônio. • Quando há doença óssea, a hidroxiprolina pode estar aumentada. • No hipoparatireoidismo, é menos importante a dosagem do hormônio paratireoidiano, porque, com simples dosagem de cálcio e fósforo, o diagnóstico é possível. DOSAGEM DE VITAMINA D • O aparecimento de hiperparatireoidismo secundário pode ser considerado um marcador de insuficiencia de vitamina D EXAMES DE IMAGEM RADIOGRAFIA SIMPLES DOS OSSOS • Descalcificação generalizada • Cistos ósseos • Tumores marrons CINTILOGRAFIA • A principal vantagem da cintilografia é que, associada à cirurgia radioguiada, a qual utiliza o gamma probe, possibilita uma cirurgia minimamente invasiva. • pode também ser indicada para a localização de tecido paratireoidiano hiperfuncionante em pacientes com doença recorrente ou persistente DOENÇAS DA PARATIREOIDE HIPERPARATIREOIDISMO • hipersecreção de PTH Primário: hipersecreção do PTH, por adenoma em 85 a 95% dos casos, hiperplasia em 5% ou carcinoma em < 1%, sem que haja uma causa extraparatireoidiana; causa mais comum de hipercalcemia diagnosticada ambulatorialmente. Cálcio sérico elevado Secundário: a causa principal é a IRC e resulta de hipocalcemia crônica, produção deficiente de calcitriol e hiperfosfatemia. Esse quadro pode evoluir para um estado de hipersecreção autônoma de PTH, que, acompanhada de hipercalcemia, caracteriza o hiperparatireoidismo terciário. Fonte: Semiologia Médica (Porto): 8ed. 3 Manuela Silvestre Monteiro manuelasilvestremedicina@gmail.com Terciário: a glândula paratireoide responde apropriadamente às baixas concentrações de cálcio extracelular (hipocalcemia plasmática):↑ PTH→absorção intestinal de cálcio→reabsorção óssea. É caracterizado por PTH elevado e cálcio sérico normal ou baixo. HIPOPARATIREOIDISMO • secreção ou ação deficiente do PTH → redução do cálcio sérico • frequente em decorrência de cirurgias na região cervical, pela remoção acidental das paratireoides ou pelo comprometimento de sua vascularização, com consequente deficiência de PTH • Outras causas são os distúrbios infiltrativos, como hemocromatose e doença de Wilson, doenças autoimunes PSEUDO-HIPOPARATIREOIDISMO • doença hereditária, caracterizada por resistência dos órgãos-alvo à ação do PTH; cursa com hipocalcemia, hiperfosfatemia e níveis elevados de PTH • Os marcadores bioquímicos do hipoparatireoidismo são hipocalcemia e hiperfosfatemia, quando a função renal é normal. O PTH está em nível baixo ou indetectável, exceto nos casos de resistência ao PTH, quando se encontra no limite superior da normalidade.
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