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Fibrose Cística
A Fibrose Cística (FC) é uma doença multissistêmica autossômica recessiva caracterizada pela disfunção do gene cystic fibrosis transmembrane conductance regulator (CFTR), que codifica uma proteína reguladora da condutância transmembrana de cloro. A CFTR é essencial para o transporte de íons por meio da membrana celular, e está envolvida na regulação do fluxo de cloro e sódio nas células. A falha nesse gene compromete o funcionamento das glândulas exócrinas, aumentando a viscosidade do muco, suor e das enzimas pancreáticas secretadas, provocando o acúmulo dessas secreções nos pulmões e no trato digestivo.
A metodologia de triagem neonatal para fibrose cística usada no Brasil baseia-se na quantificação das concentrações de tripsinogênio imunorreativo (IRT) em amostras de sangue coletadas em papel filtro. O IRT é uma pró-enzima pancreática, precursor inativo para a enzima tripsina, cuja concentração tende a estar elevada no sangue de recém nascidos com FC, mesmo nos casos em que ainda não há insuficiência pancreática. Isso ocorre porque tampões de muco podem obstruir os ductos pancreáticos, e consequentemente impedir que o tripsinogênio chegue ao intestino e seja ativado, prejudicando a quebra de proteína dos alimentos. A sensibilidade do teste é de 95%, porém sua especificidade é baixa, variando de 32 a 74%, dependendo dos níveis de corte estipulados pelos laboratórios para o IRT.
O valor de referência normal para esse teste é de níveis abaixo de 70 ng/ml. Se o resultado da dosagem de IRT é positivo, uma nova dosagem deve ser realizada até no máximo o trigésimo dia de vida. Após esse período, o IRT tende a baixar sua concentração e normalizar sua referência no sangue, por isso não deve mais ser utilizado como exame para triagem, mesmo que a criança seja suspeita de ser portadora da doença. Assim, todo neonato com duas amostras positivas, coletadas dentro do período estabelecido. deve ser encaminhado para o Teste do Suor. 
Mesmo se o IRT for normal, o que não descarta completamente o diagnóstico de Fibrose Cística, neonatos com sintomas da doença –desnutrição, desidratação hiponatrêmica, tosse crônica, pneumonia recorrente, suor salgado, entre outros – devem ser submetidos ao teste do suor. Por fim, independente do valor do IRT, pacientes que tenham irmãos com a doença, que tiveram íleo meconial ou que apresentaram a primeira amostra positiva, mas não realizou a segunda também devem se submeter ao teste do suor para a confirmação diagnóstica. (Figura X)
O Teste do Suor, considerado padrão ouro para o diagnóstico da FC, é realizado por meio de uma dosagem quantitativa de cloreto na amostra de suor coletada. Quando a dosagem de cloreto é igual ou maior 60 mmol/l, em duas amostras, o diagnóstico positivo é confirmado. Contudo, valores considerados normais não excluem o diagnóstico da doença, os casos duvidosos devem ser confirmados por meio do estudo molecular.
Portanto, a triagem neonatal para fibrose cística identifica os recém-nascidos com risco de ter a doença, mas não confirma o diagnóstico, pois o índice de testes de IRT falso-positivos é bastante alto. Por outro lado, a triagem neonatal negativa não exclui o diagnóstico e na presença de sintomas sugestivos a dosagem do suor deve ser realizada. (diretrizes da fibrose) Assim, a triagem é uma ação preventiva que se mostra relevante ao diagnóstico e tratamento precoce da fibrose cística.

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