Buscar

MANUEL BANDEIRA 1ªFASE MODERNISMO BRASILEIRO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

COLÉGIO MODELO LUÍS EDUARDO MAGALHÃES
DATA: 21/ 06/ 2021 SÉRIE: 3ª TURNOS: MATUTINO E VESPERTINO 
PROFª: VALDELICE RODRIGUES DISCIPLINA: PORTUGUÊS
LITERATURA: SEMANA DE ARTE MODERNA/1ª FASE DO MODERNISMO BRASILEIRO
Escritor da primeira fase: Manuel Bandeira
Apesar de Manuel Bandeira (1886-1968) não ter participado presencialmente da Semana de Arte Moderna, ele exerceu grande influência sobre os artistas que criaram esse movimento, vez que ele já escrevia poema utilizando os versos livres/liberdade formal.
Prova dessa influência é a declamação do seu texto Os sapos na abertura do evento, chocando o público burguês com sua crítica aos parnasianos.
Os sapos (trecho do poema)
(...)
Enfunando os papos,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Contribuiu ainda, para a Revista Klaxon, uma das revistas baseadas em ideias revolucionárias perante a situação política que dominava o país naquela época, além de ser também propagadora dos ideais modernistas em voga.
Segue alguns poemas comentados:
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.
— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Publicado em 1930, no livro Libertinagem, esse poema se tornou um clássico do modernismo brasileiro.
Em poucos versos vemos a história do eu-lírico que apresenta problemas pulmonares e não encontra uma possibilidade de solução. Com uma dose de humor e ironia, Bandeira termina o seu poema com uma conclusão inesperada.
É evidente a liberdade na construção dos versos e estruturas sintáticas. Consonância perfeita com o apregoado pelos modernistas: ruptura, liberdade, desapego.
O poema modernista Pneumotórax se inicia com a enumeração dos sintomas de uma doença que desconhecemos: "Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos".
O verso seguinte traz uma constatação melancólica. O sujeito olha para trás e reflete sobre as oportunidades que teve e não aproveitou: "A vida inteira que podia ter sido e que não foi."
Por um breve instante as palavras interrompem as considerações filosóficas do paciente e mostram o regresso dos sintomas: "Tosse, tosse, tosse".
Logo a seguir, a meio do poema, o médico é chamado:
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três… trinta e três… trinta e três…
— Respire.
O que vemos é o diálogo - bem realista - entre o médico e o doente. Há aqui a descrição sucinta de um exame clínico: o doutor manda o paciente repetir algumas palavras, ele obedece. Importante destacar que Pneumotórax foi um poema profundamente ligado à biografia de Bandeira que, ao longo da vida, teve uma série de problemas pulmonares e precisou se submeter a vários tratamentos.
Então, recebemos o diagnóstico, a princípio grave, do paciente. O médico faz uma descrição fria e objetiva sobre o exame que acabou de fazer: "O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado".
Ao que o paciente sugere uma hipótese de tratamento ("Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?"), demonstrando certo conhecimento médico. Há também o sinal de uma esperança, o leitor é levado a crer pela resposta informada que o paciente já havia passado por situação semelhante antes.
A resposta, seca e direta, é devastadora - "Não".
E na conclusão do poema, percebemos a ironia ao invés da depressão, a presença do humor, típica característica da lírica de Bandeira -" A única coisa a fazer é tocar um tango argentino."
A vida em reclusão devido à tuberculose fez com que ele se tornasse um homem solitário e muito saudosista em relação ao passado. Esses temas foram muito trabalhados em sua obra poética.
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
(...)
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Poema da fase modernista de Bandeira, como podemos perceber pelo desapego a métrica, rima e sonoridade, características desses movimento que, como já estudamos, prega a liberdade de expressão e a ruptura com modelos preestabelecidos. Neste caso, especialmente, os modelos parnasianos como em "estou farto do lirismo comedido", ele quer mais é "o lirismo dos loucos."
Há também o desejo da quebra das estruturas convencionais quando ele prega: " Abaixo os puristas / Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais / Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção" .
Atividade
1) Em relação ao poema “Pneumotórax", é correto afirmar que o poeta:
X a) recorre à ironia como procedimento textual.
b) retorna a uma visão simbolista de poesia.
c) valoriza as formas clássicas de versificação.
d) abandona a postura iconoclasta do modernismo.
e) utiliza elementos da estética naturalista.
2) “Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que representam o pensamento estético predominante na época.
É correto afirmar, pela leitura do poema anteriormente citado, que o poeta:
a) Critica o lirismo louco do movimento modernista.
b) Critica todo e qualquer lirismo na literatura.
c) Propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
d) Propõe o retorno do movimento romântico.
X e) Propõe a criação de um novo lirismo.
3) Sobre a poesia de Manuel Bandeira, é correto afirmar apenas:
X a) Manuel Bandeira criou uma poesia rica em construção e significação, apesar de sua aparência quase prosaica, conciliando crítica social e reflexão filosófica acerca da condição humana. Foi o responsável pelo alargamento da lírica nacional e pela solidificação da poesia de orientação modernista.
b) É dele a obra Pauliceia Desvairada, primeira obra de fato modernista, cumprindo o papel de destruir os padrões literários vigentes e propor uma nova linguagem poética, baseada no verso livre, nas rupturas sintáticas, nos neologismos e nos flashes cinematográficos.
c) Sua obra representa um dos cortes mais profundos do modernismo brasileiro em relação à cultura do passado. Propôs uma ruptura com os padrões da língua literária culta em busca de uma língua brasileira, que incorporasse todos os “erros gramaticais”, que constituíam, para ele, um símbolo de nacionalidade.
d) A poesia de Manuel Bandeira foi a primeira a estabelecer um corte profundo entre a poesia romântica e a poesia moderna. Para o poeta, a poesia não é fruto de inspiração nem de estados emocionais; ela resulta de um trabalho racional, árduo, que busca a construção do poema perfeito.
e) Artista pré-modernista, ficou preso aos ideais estabelecidos por essa estética, sem conseguir se encaixar nos valores estruturais defendidos pelo Modernismo, seja na prosa, seja na poesia. Ainda que, cronologicamente, tenha participado desse movimento.
4) (Unifesp) Sobre Manuel Bandeira, é correto afirmar que:
a) a insistência em temas relacionados ao sonho e à fantasia aponta para uma concepção de vida fugidia e distanciada da realidade. Dessa forma, entende-se o poeta na transição entre o Realismo e Modernismo.
b) sua obra é muito pouco alinhada ao Modernismo, pois sua expressão exclui por completo a linguagem popular, priorizando a erudição e a contenção criadora.
c) o desapego aos temas do cotidianoo aponta como um poeta que, embora inserido no Modernismo, está muito distanciado das causas sociais e da busca de uma identidade nacional, como fizeram seus contemporâneos.
X d) o movimento modernista teve com seu trabalho e com o de poetas como Oswald e Mário de Andrade a base de sua criação. Bandeira recriou literariamente suas experiências pessoais, com temas como o amor, a morte e a solidão, aos quais conferiu um valor mais universal.
e) o poeta trata de temas bastante recorrentes ao Romantismo, como a saudade, a infância e a solidão. Além disso, expressa-se como os românticos, já que tem uma visão idealizada do mundo. Daí seu distanciamento dos demais modernistas da primeira fase.
5) (Fuvest) Leia: “Profundamente”
Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Estrondos de bombas luzes de Bengala
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
[…]
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?
— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente
Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Rosa
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem.
 No conhecido poema de Bandeira, aqui parcialmente reproduzido, a experiência do afastamento da festa de São João
a) é de ordem subjetiva e ocorre, primordialmente, no plano do sonho e da imaginação.
b) reflete, em chave saudosista, o tradicionalismo que caracterizou a geração modernista de 1922.
X c) se dá predominantemente no plano do tempo e encaminha uma reflexão sobre a transitoriedade das coisas humanas.
d) assume feição abstrata, na medida em que evita assimilar os dados da percepção sensível, registrados pela visão e pela audição.
e) é figurada poeticamente segundo o princípio estético que prevê a separação nítida de prosa e poesia.

Continue navegando