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NEUROTRANSMISSORES - SNC NEURÔNIOS AMINOACIDÉRGICOS Contém aminoácidos. GLUTAMATO, GLICINA e GABA servem como neurotrans- missores na maioria das sinapses do SNC. GABA (ácido gama amino butílico): presente apenas nos neurônios gabaérgicos, utilizado como neurotransmissor. • GABA não é aminoácido, é apenas formado por ami- noácido (glutamato), e, por isso, não está presente em outras células do organismo. Glutamato e glicina: por serem aminoácidos, estão pre- sentes em todas as células do corpo – utilizados na síntese proteica e de ATP. • Formado através da glicose ou outros precursores. GLUTAMATO Amplamente distribuído no SNC Síntese: • Glicose → piruvato → ciclo de Krebs → oxaloacetato → glutamato. • Glutamina liberada pelos astrócitos – células gliais. • Degradação das proteínas. Ação finalizada: os transportadores dependentes de só- dio, acoplados na entrada de sódio (cotransporte), levam o glutamato para interior do terminal axonal glutamatér- gico (para dentro da vesícula) e para os astrócitos – células gliais. • Nos astrócitos, o glutamato é transformado em gluta- mina, por meio da glutamina-sintase (liga o glutamato a uma molécula de amônia). Assim, a glutamina sai do astrócito por meio de um transportador, e a leva para o fluido extracelular. Como no neurônio tem um transportador de glutamina, ela vai até lá, onde é de- saminada por meio da glutaminase, liberando gluta- mato e amônia. – o glutamato é transportado para dentro da vesícula em troca da saída de um próton. o Transporte vesicular: transportadores movi- dos pelo gradiente de prótons (membrana ve- sicular), o que faz com que entre glutamato e saia próton – mecanismo antiporte. • Ambos os tipos de recaptura são importantes para evitar excesso de glutamato, o que pode resultar em convulsões. SUBTIPOS DE RECEPTORES DE GLUTAMATO: Localizados nos núcleos da base e nas vias sensitivas. Receptores Ionotrópicos (tipo I) – resposta rápida: NMDA, AMPA e Cainato. • Cada receptor só se liga a seu próprio agonista – glu- tamato se liga nos três receptores. São formados por 4 subunidades proteicas, que formam um canal iônico permeável a cátion. • Receptores NMDA: formação da memória a longo prazo. o Combinação das subunidades NR1 e NR2. o Possuem isoformas diferentes, o que faz com que tenham vários tipos de receptores NMDA. o Altamente permeáveis ao Ca2+ e a outros cátions, como o sódio. o Para ser ativado, é necessária a ligação da glicina (no sítio modulador - agonista) e do glutamato (no sítio receptor de glutamato – sítio ativo). Quando ambos se ligam, o canal de sódio se abre, entrando sódio e cálcio, porém são bloqueados devido o Mg2+. Assim, deve ocorrer a despolarização da membrana neuronal, que ocorre devido ao gluta- mato atuar em receptor AMPA, fazendo com que o magnésio seja removido, liberando a passagem dos íons sódio e cálcio. ▪ Assim, considera-se que o receptor NMDA é dependente do receptor AMPA. ▪ O glutamato se liga aos receptores NMDA e a AMPA (no neurônio), e ambos os canais se abrem para que entre os íons, porém o NMDA é bloqueado por Mg. Assim, o gluta- mato então, abre primeiro o AMPA que per- mite a entrada de cátions (Na), despolari- zando a membrana e fazendo com que o Mg desbloqueie o NMDA. Assim, NMDA agora aberto possibilita entrada dos íons, gerando mais despolarização. ▪ AMPA é despolarização rápida e NMDA é despolarização lenta. o Fármacos atuam como antagonistas competitivos, que se liguem ao sítio modulador (da glicina), im- pedindo a ação do glutamato. o D-serina (aminoácido) é liberada por astrócito. Atua também como agonista de glicina, ou seja, se liga ao sítio modulador, facilitando a ação do glu- tamato. o Certos anestésicos (cetamina e fenciclidina) atuam como antagonistas de receptor NMDA, competindo com o glutamato pelo sítio ativo. o Memantina (tratamento de Alzheimer): bloqueia receptores NMDA, atuando como antagonista. ▪ O tratamento da doença tem o objetivo de antagonizar o glutamato, para evitar lesão cerebral, e aumentar acetilcolina. o O excesso de glutamato provoca aumento de cál- cio, que ativa proteases que clivam proteínas do citoesqueleto neuronal. o MK801: atua como antagonista do NMDA, impe- dindo a ação do glutamato. • Receptores AMPA: formado pela combinação de su- bunidades GluR1 a GluR4. o Na ausência do GluR2, são permeáveis ao cálcio. o Altamente permeáveis ao sódio e ao potássio. • Receptores Cainato: formados por subunidades GluR5 a GluR7 com KA1 e KA2. o São mais permeáveis ao sódio do que ao cálcio. Receptores metabotrópicos (tipo II) – resposta lenta: aco- plados a proteína G. • Existem 8 subtipos para o glutamato. • Presentes nas membranas pré e pós-sinápticas. • A extremidade aminoterminal é voltada para o meio extracelular, e é onde o glutamato se liga - cauda N- terminal extracelular grande. • Subdivididos em classes I, II, III, acoplados à proteína G. o I: mGLU1 e mGLU5 – acoplados à proteína Gq (ativa fosfolipase C, que produz IP3, levando ao aumento da concentração intracelular de cálcio). ▪ Efeito excitatório pós-sináptico, por blo- quear canal de potássio – potássio não sai da célula, possibilitando despolarização. o II: mGLU2 e mGLU3 – acoplados à proteína Gi (ini- bem adenilato ciclase, inibindo formação do se- gundo mensageiro, AMPc). ▪ Efeito inibitório pré-sináptico, por impedir abertura de canal de cálcio, o que impossibi- lita a exocitose da vesícula, sem a liberação de neurotransmissores. o III: mGLU4, mGLU6, mGLU7 e mGLU8 – acoplados à proteína Gi (inibem adenilato ciclase, inibindo formação do segundo mensageiro, AMPc). ▪ Efeito inibitório pré-sináptico, por impedir abertura de canal de cálcio, o que impossibi- lita a exocitose da vesícula, sem a liberação de neurotransmissores. Papel dos receptores • AMPA e em certas regiões do cérebro (cainato): trans- missão sináptica excitatória rápida. o Isso ocorre por serem ionotrópicos, não terem bloqueio (como o NMDA) e não são dependentes por voltagem. o NMDA coexistem com AMPA nas membranas neu- ronais, pela dependência. GABA Para a síntese, são necessários o glutamato e a enzima glu- tamato descarboxilase (ácido glutamato descarboxilase), que retira carboxila do glutamato, formando o GABA – esse processo ocorre dentro do terminal nervoso de neu- rônios gabaérgicos –, que é posteriormente levado à ve- sícula, armazenado e posteriormente liberado. É responsável pela transmissão sináptica inibitória – exerce apenas efeito inibitório. Principal neurotransmissor inibitório do cérebro pois na medula espinhal e no tronco cerebral também há glicina. Possui altíssima concentração no sistema nigroestriado e alta concentração em toda a substância cinzenta. O GABA é recaptado pro terminal nervoso e pro astrócito. • Para que o GABA saia da fenda, existe cotransporta- dores sódio e GABA no terminal nervoso gabaérgico e nos astrócitos. No terminal nervoso, o GABA vai para dentro da vesícula e é armazenado – a entrada do GABA ocorre acoplada à saída de um próton. • No astrócito, GABA sofre ação da enzima GABA tran- saminase, que destrói o GABA através de desamina- ção. • Posteriormente, essa amina retirada é transferida para o α-oxoglutarato, que é transformado em gluta- mato. o O glutamato será transformado, pela gluta- mina sintase, em glutamina, que será libe- rada no fluido extracelular e recaptada pelo neurônio gabaérgico, onde sofre ação da glu- taminase para retirada da amina e formar o glutamato, que será descarboxilado, for- mando GABA. • GABA, sem a amina, é transformado em semialdeído succínico, que é transformado em succinato, que en- tra no ciclo de Krebs. 20% dos neurônios do SNC são gabaérgicos, sendo que a maioria são interneurônios curtos (não se propagampara outras regiões do cérebro) e alguns são tratos gabaérgicos longos (terminações nervosas pro cerebelo e corpo estri- ado). • Praticamente todos os neurônios são sensíveis ao efeito inibitório mediado por GABA. SUBTIPOS DE RECEPTORES GABA GABAA: canal iônico regulado por ligante (tipo I) – receptor nicotínico. • Localização pré-sináptica (cálcio) e pós-sináptica (cloreto) – tanto pré como pós-sináptica leva a abertura do canal de cloro, que possibilita a en- trada de cloreto no neurônio, gerando hiperpola- rização, potencializando a sinapse inibitória – por isso GABA tem efeito inibitório. o No pós-sináptico é mais rápido. GABAB: acoplado à proteína Gi (tipo II) – inibe ativação da adenilato ciclase. • Localização: o Pós-sináptica (canais K+): GABAB gera hi- perpolarização, por abrir canal e sair po- tássio. o Pré-sináptica (canais Ca2+): GABA atu- ando em GABAB, inibindo abertura do canal de cálcio dependente de volta- gem, não deixando o neurotransmissor sair. GLICINA Neurotransmissor inibitório (gera hiperpolarização inibi- tória) – presente em altas concentrações na substância cinzenta (medula espinhal). Canal de glicina é canal iônico dependente de ligante (ca- nal de cloreto): quando a glicina se liga ao canal de cloreto ocorre a entrada de cloreto, tendo ação inibitória, ge- rando a hiperpolarização. Estricnina: antagonista de glicina – impede que ela se ligue ao receptor, gerando rigidez muscular e convulsões. HISTAMINA Os corpos celulares estão localizados no hipotálamo e as terminações nervosas se ramificam para outras regiões do cérebro. Não possui mecanismo de recaptura (não retorna pro ter- minal pré-sináptico) – portanto, a finalização ocorre na fenda, onde a enzima n-metil transferase age, inativando a ação da histamina. Atua nos receptores H1, H2 e H3, os quais estão acoplados a alguma proteína G – receptores metabotrópicos. • H1: pós-sinápticos, com efeito excitatório através da ativação da proteína Gq (+ cálcio intracelular). o Despertar e alerta. o Anti-histamínicos que atuam como an- tagonistas do H1 causam sedação. • H2: pós-sinápticos, com efeito excitatório através da ativação da proteína Gs (ativa adenilato ciclase). • H3: pré-sinápticos, com efeito inibitório através da ativação das proteínas Gi e Go. o Autoreceptores (evita o excesso de his- tamina na fenda sináptica). OUTROS TRANSMISSORES E MENSAGEIROS Além dos neurotransmissores classificados como aminoá- cidos (glutamato, glicina e GABA) e aminas (noradrenalina, acetilcolina, serotonina e glutamina), ainda existem pe- quenas moléculas que atuam como mediadores químicos a nível do sistema nervoso. PURINAS Tem-se adenosina e ATP, e ambos podem atuar como transmissores e/ou moduladores (a nível de SNC e SNP). • O ATP, quando liberado por vesículas/neurônios, é considerado neurotransmissor. Adenosina: é um neuromodulador lento – atua em recep- tor metabotrópico. • Produzida a partir da hidrólise do ATP. • Não é armazenada em vesículas – por isso não pode ser chamada de neurotransmissor. • Uma vez formada, só é liberada para a fenda sináptica por transportadores específicos. • Funciona em receptores acoplados à proteína G e en- volvem receptores A: o A1 e A3: proteínas Gi e Go – inibitórias; o A2A: proteína Gs – excitatória; o A2B: proteínas Gs e Gq – excitatórias; • Neuroproteção: tem efeito inibitório, impedindo libe- ração excessiva de glutamato – modulador de gluta- mato. ATP: atua como transmissor rápido (em receptor ionotró- pico – canal de cálcio) e como neuromodulador local (em receptor metabotrópico – resposta lenta). • É armazenado em vesículas sinápticas no SNC e no SNP (neurônio pós-ganglionar do SN Simpá- tico). o Em vesículas catecolaminérgicas, pode ter ATP junto com a catecolamina – por exemplo, em conjunto com a noradre- nalina, o ATP gera rápida despolariza- ção, o que potencializa o efeito da nora- drenalina. • A liberação da vesícula depende do potencial de ação, de exocitose e do aumento da concentra- ção intracelular de cálcio. o Quando liberado, o ATP ativa células pós-sinápticas (receptor ionotrópico). • Pode ser liberado em resposta à lesão tecidual – causa dor por estimular terminações nervosas amielínicas (fibras nociceptivas). • Em grande quantidade, é chamado de excitoxi- cina, pois, em grande quantidade, gera lesão neu- ronal – adenosina protege contra esse efeito. • Receptores de ATP: são receptores de nucleotí- deos, classificados como receptores P2 – subdivi- didos em P2x e P2y (possuem efeitos pré e pós- sinápticos). o P2x: canais iônicos dependentes de li- gantes – efeito estimulatório rápido; ▪ Fibras nociceptivas tem P2x, abrindo canal iônico e permi- tindo entrada de sódio e cálcio, gerando despolarização. o P2y: receptores acoplados à proteína G – efeito inibitório – atua como neuro- modulador. ÓXIDO NÍTRICO E MONÓXIDO DE CARBONO Dependentes da liberação de glutamato para síntese – quando um neurônio pré-sináptico libera glutamato, ele atua no pós-sináptico, no receptor NMDA, levando ao au- mento da concentração de cálcio, que ativa a enzima óxido nítrico sintase (formando óxido nítrico) e a enzima hemoxigenase (formando monóxido de carbono). • A formação desses mediadores depende da ativação sináptica excitatória. Uma vez formados, esses mediadores apresentam difusão ampla – liberados através da membrana neuronal e não precisam ser transportados para chegar à fenda. Eles não são armazenados nas vesículas – por isso, não são neurotransmissores. Óxido nítrico: efeito excitatório – quando mais óxido ní- trico, mais glutamato – lesões, Alzheimer, Parkinson e do- enças genéticas, devido reações com Ca e NMDA. • Cálcio se liga à calmodulina, que ativam a óxido nítrico sintase, que forma a arginina em óxido nítrico e citru- lina. • Não é armazenado em vesículas, por isso é um medi- ador químico, e não neurotransmissor. • Em níveis fisiológicos, ativa enzima guanilato ciclase (GMPc), que ativa cascata de fosforilação. • NO + O2- → ânion peróxinitrito → H+ → ácido peróxi- nitrito → OH- Monóxido de carbono: síntese endógena ou em neurônios (precisa da enzima hemoxigenase). • Em níveis fisiológicos, ativa GMPc, favorecendo cas- cata de fosforilação. • Importante mediador no cerebelo e nervo olfatório. • Em intoxicação com monóxido de carbono, inibe ca- deia respiratória, ou seja, inibe formação de ATP. • MO ligado às hemácias impede oxigenação.
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