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Infecção em cirurgia: CONCEITOS: Infecção que ocorre nos primeiros 30 dias do período pós-operatório, exceto quando é utilizado materiais sintéticos ou próteses, nesse caso, o período pode se estender até 1 ano. CLASSIFCAÇÃO DA FERIDA OPERATÓRIA: Feridas limpas: • Operações eletivas • Sem contato com cavidades corporais, habitual ou frequentemente, colonizadas por micro-organismos; • Exemplos: herniorrafias, tireoidectomias, safenec- tomias Feridas potencialmente contaminada ou limpa-contaminada: • Contato com cavidades corporais que são, habitual ou frequentemente colonizadas por micro-organis- mos (tubo digestório, árvore respiratória, sistema genito-urinário, sistema biliar) • Sem a presença de inflamação aguda; • Exemplo: gastrectomia, colecistectomias, histerec- tomia Ferida contaminada: • Ferida traumática com menos de 4 horas após o trauma, com contaminação advinda de cavidade corporal, habitual ou frequentemente, colonizada por micro-organismos; • Manipulação de inflamação aguda não supurativa • Feridas crônicas abertas para enxertia • Exemplos: colostomia, colecistectomia na vigência e colescistite aguda. Feridas infectadas ou sujas: • Decorrente da manipulação de afecções supurativas como abscessos; • Perfuração pré-operatória de cavidade corporal ha- bitual ou frequentemente colonizadas por micro-or- ganismos; • Ferida traumática ocorrida há mais de 4 horas CLASSIFICAÇÃO E CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DE INFECÇÃO DE CAMPO OPERATÓRIO: É decorrente da profundidade da pele onde ocorre a infecção Superficiais: • Quando ocorre na epiderme ou no espaço subcutâ- neo; • Drenagem purulenta da incisão superficial; • Cultura positiva, ou não, de fluidos ou tecidos obti- dos da incisão; • Sinais flogísticos (dor, eritema e calor) e incisão aberta pelo médico, exceto se a cultura for negativa • Diagnóstico de infecção pelo médico Profundas: • quando acomete músculo, fáscies de músculo ou aponeurose; • Drenagem purulenta da incisão profunda • Deiscência espontânea da incisão ou abertura pelo cirurgião e pelo menos um dos sinais flogísticos; • Abscesso ou outra evidência de infecção observado durante exame direto, reoperação, exame histopato- lógico ou imagem • Diagnóstico de infecção pelo médico Campo operatório: • Órgãos e espaços operados • Drenagem purulenta pelo dreno • Cultura positiva de fluidos de tecidos do órgão ou cavidade; • Abscesso ou outra evidência de infecção observada durante exame direto, reoperação, exame histopato- lógico ou imagem. • Diagnóstico de infecção pelo médico OBSERVAÇÃO: A cultura de bactérias pode ser útil na escolha do antibió- tico específico à bactéria que está causando a infecção. MICRO-ORGANISMOS MAIS FREQUENTES: Cirurgias limpas: • Staphylococcus áureos e coagulase negativo → co- lonizam a pele Cirurgias limpas contaminadas: Gram-negativos: • E. coli, enterobacter, Enterococcus Presença de gás • Clostridium (gangrena gasosa) Grande maioria é de fonte endógena: • Flora, membranas e vísceras ocas Fontes exógenas • Membros da equipe, salas e campos operatórios FATORES PARA A INSTAÇÃO DE UMA INFECÇÃO CIRÚRGICA: Deposição e crescimento de micro-orga- nismos dentro da ferida: Meio nutriente: • Tecidos suscetíveis, pouco vascularizados → hipo- xia local, hipercapnia e acidose • Presença de corpos estranhos (fios e suturas) • Ausência de aproximação precisa dos tecidos • Estrangulamento dos tecidos • Hematomas • Seromas Resistência do hospedeiro: • Correção da hipóxia • Defesas do hospedeiro: Defesas mecânicas → membranas e mucosas Defesas imunes inespecíficas → imunoglobu- linas Defesas imunes específicas → inflamatório: Ⓐ Neutrófilos Ⓑ Macrófagos teciduais FATORES QUE AFETAM A INCIDÊNCIA DE INFECÇÕES: Características dos pacientes: • Idade • Enfermidade pré-exis- tentes • Diabetes • Obesidade • Tempo de hospitatliza- ção pré-operatória • Malignidade • Infecções em outros lo- cais do corpo • Má-nutrição • Tabagismo e alcoolismo • Uso de esteroides Características pré-operatórias: Cuidados básicos pré-operatórios: • Controle de doenças cardíacas e respiratórias já existentes • Uso de antibióticos profiláticos • Preparo do paciente Características intra-operatórias: Cuidados básicos intra-operatórios: • Manipulação adequada dos tecidos, associada a dissecções meticulosas • Controle do tempo de cirurgia Cuidados básicos pós-operatórios: • Avaliação constante da ferida operatória • Débito por drenos • Febre COMPLICAÇÕES DA FERIDA OPERATÓRIA: SEROMA: • Acúmulo de soro e linfa no tecido subcutâneo; • Acredita-se que ocorra por lesão de pequenos ca- nais linfáticos; • Cirurgias com dissecção de linfonodos e/ou gran- des descolamentos teciduais • Abaulamento indolor e sem sinais flogísticos com eventual drenagem de líquido claro Tratamento: 1. Aspiração com agulha calibrosa seguida de cura- tivo compressivo 2. Drenagem aberta se reacumular após duas aspi- rações- cicatrização em segunda intenção 3. Próteses: drenagem aberta em CC, associada em drenos. Hematoma: Identificação: • Edema local • Coloração arroxeada ou azulada da pele • Dor local Hemostasia inadequada: • Técnica cirúrgica inadequada: • Coagulopatias: • Uso de drogas antiplaquetárias 7 a 10 dias) • Anticoagulantes suspensos, pelo menos, 5 a 6 dias antes do procedimento cirúrgico • Hepatopatias Riscos: • Infecção secundária; • Dificuldade de coaptação e cicatrização da ferida operatória • Comprometimento da vascularização de enxer- tos/refalhos - necrose Tratamento: • Coleções volumosas nas 24 – 48 horas → drena- das com abertura das suturas cutâneas, limpeza e ressutura da pele DEISCÊNCIA DE FERIDA OPERATÓRIA: • Separação dos folhetos músculo-aponeuróticos • Pode ocorrer geralmente, após 7 a 10 dias de pós- operatório Fatores: • Técnica cirurgia inadequada • Cirurgia de emergência, por não respeitas os pla- nos operatórios adequados • Infecção Complicações: • Hérnias incisionais • Evisceração DEISCÊNCIA DE ANASTOMOSE • Ocorrem, principalmente, em cirurgia do aparelho digestivo • Extravasamento de conteúdo intraluminal do trato digestivo • Peritonite difusa • Abscessos e fístulas Quadro clínico: • Febre • Dor • Ileoparalítico Tratamento: • Pode ser necessária uma colostomia temporária para que a deiscência seja corrigida em outro mo- mento FÍSTULAS: Conceito: • Comunicação entre duas superfícies Formas de aparecimento: • Podem acontecer de forma traumáticas, espontâ- neoas (doença de Chron e enterite actínica) e pós- operatórias • A deiscência de anastomse é uma importate causa de fístula: Classificação: • Externas • Internas Identificação: • Exame Contrastado para identificar o trajeto da fís- tula • 40 – 80% das fístulas possuem fechamento espon- tâneo, dependendo do débito. Febre: Temperatura: • Matinal: > 37,2°C • Vespertino: > 37,7°C Pacientes: • 22% a 33% dos pacientes submetidos a cirurgias de médio porte apresentam febre Fatores: • Tipo de cirurgia • Presença de infecção sintomática ou subclínica • Medicações e hemoderivados • Uso de dispositivos invasivos (cateteres e drenos) • Presença de síndromes inflamatórias • Infecção de sítio cirúrgico Momentos de aparecimento da febre: 1. Intraoperatória: • Infecção pré-existente • Reações transfusionais 2. Nas primeiras 24 horas: • Atelectasia pulmonar (anestesia geral e cirurgia abdominal alta) 3. Entre 24 e 48 horas • Lesão inadvertida de alça intestinal (distenção abdominal, recusa alimentar, vômitos) e flebites 4. Após 72 horas: • Infecção urinária • Deiscência anastomótica e contaminação peri- toneal • Infecção da ferida operatória TRATAMENTO DA FERIDA OPERATÓRIA: Incisional superficial: • Drenagem de secreção daparte superficial da in- cisão (pele e subcutâneo), sendo desnecessária a cultura; • Geralmente o paciente apresenta dor ou hipersen- sibilidade na região • Febre do 5° ao 6° dia • Abrir pontos e permitir a drenagem • Debridamento Incisional profunda: • Drenagem de secreção da parte profunda da inci- são (aponeurose e músculo) • Deiscência da camada profunda → febre, dor e hi- persensibilidade • Debridamento de tecidos necróticos • Drenagem de coleções purulentas • Antibioticoterapia obrigatória Espaços ou órgãos cavitários: • Drenagem de secreção purulenta proveniente de drenos • Isolamento de micro-organismos por cultura • Diagnóstico: identificação de abscessos por reo- perações histopatológico ou imagem radiológica; • Tratamento: drenagem externa guiada • Difusas ou coleções: lavagem da cavidade e te- rapia antimicrobiana ANTIBIOTICOTERAPIA PROFILÁTICA: Indicações: • Cirurgias potencialmente contaminadas • Lesões penetrantes de vísceras ocas • Operações de grande desvitalização tecidual • Pacientes com lesão valvar • Operações com próteses ou enxertos • Fraturas abertas • Amputações • Pacientes com deficiências imunológicas Como fazer? Cirurgias eletivas: • Endovenosas • No momento da indução anestésica, 1h ou 2h an- tes do procedimento • Agentes: Cefalosporinas
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