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PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 1 AULA 2 - NEMÁTODEOS (PARTE 2) ESTERONGILODÍASE – ESTRONGILOIDOSE: A fêmea parasita é partenogenética; portanto pode, pode ocorrer multiplicação e auto-infestação no mesmo hospedeiro. Fêmea partogenética não precisa cruzar para poder liberar ovos; A infecção interna pode continuar por anos, devido à persistência da auto-infecção. A estrongiloidíase é de difícil tratamento. Frequentemente, função defeituosa dos linfócitos T. As larvas de Strongyloides não flutuam em solução salina saturada; é preferível concentração por sedimentação. PATOLOGIA E PRINCIPAIS SINTOMAS: As principais manifestações clínicas são dor abdominal, diarreia e urticária, com eosinofília. Pele: alergia recorrente, erupções eritematosas, papulosas e pruriginosas no local de penetração da larva. Migração de larvas: sintomas primários pulmonares; pneumonia brônquica verminosa. Intestino: dor abdominal, diarreia e constipação, vômitos, perda de peso, anemia variável, eosinofília perda proteica enteropática. Frequentemente assintomática em infecções leves; em geral não há lesões extensas; intestino edematoso e congesto em infecções pesadas. Causa deterioração precoce e morte em pessoas imunocomprometidas, devido a auto- infecção pesada e a migração larvária através do corpo (hiperinfecção), com infecção bacteriana secundária à disseminação de larvas às lesões do intestino. OBS: essa doença apresenta maior infecção que a ancilostomíase, pois apresenta 3 mecanismos de infecção. TRATAMENTO/DISTRIBUIÇÃO/DIAGNÓSTICO: Tiabendazol, Albendazol, Ivermectina Presente em áreas quentes, tropicais e subtropicais do mundo todo; similar a ancilostomídeos. O diagnóstico é feito pela pesquisa e identificação de larvas rabditóides nas fezes. Presentes em baixo número. Sorologia: ELISA As larvas podem aparecer no escarro na estrongiloidíase disseminada. PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 2 TRIQUINOSE – TRIQUINELOSE: ZOONOSE: mamíferos carnívoros são os hospedeiros primários. Encontrados em muitas espécies. Frequentemente, relato de vários casos a partir de uma fonte comum de carne infectada. A Triquinelose é uma zoonose causada por um parasita nematódeo do gênero Trichinella . Atualmente, existem 9 espécies conhecidas: Trichinella spiralis (T. spiralis), T. nativa, T. britovi, T. murrelli, T. nelsoni, T. pseudospiralis, T. papuae, T. zimbabwensis e T. patagoniensis. Esta doença está fortemente associada ao porco doméstico (Sus domésticos) e ao javali (Sus scrofa), mas a verdade é que pode afetar uma ampla variedade de animais (hospedeiros) domésticos e silvestres. O Homem pode também ser afetado por esta doença, está lhe é transmitida a partir do consumo de carne de animais para- sitados. É considerada uma zoonose (doença transmitida ao Homem por animais) de origem alimentar. MECANISMO DE TRANSMISSÃO: Os parasitas do gênero Trichinella desenvolvem todas as fases do seu ciclo de vida, larval e a adulta, num único hospedeiro (Homem ou animal). A infestação do hospedeiro (Homem ou suíno, por exemplo) ocorre, sobretudo, através da ingestão de carne crua ou sujeita a inadequado processamento térmico, com a forma infectante encistada da triquinela, nas suas células musculares. No estômago do hospedeiro, por ação do suco gástrico, ocorre a dissolução dos cistos de triquinela, permitindo a saída das larvas que, no intestino delgado, penetram na mucosa intestinal para sofrerem diversas transformações até atingirem a fase adulta - machos e fêmeas. De uma forma geral, estes cistos musculares não são visíveis a olho nu, o que dificulta o seu diagnóstico no decurso do exame post mor- tem. No entanto, existem algumas situações que podem fazer com que estes cistos se tornem visíveis, por exemplo, quando ocorre calcificação (a qual pode ocorrer com ou sem destruição da larva no seu interior) ou deposição de grande quantidade de gordura no interior da cápsula (Bartels, 1971). No caso de ocorrer calcificação, poder-se-á observar, a nível muscular, a presença de pequenas pontuações cinzento-esbranquiçadas, de consistência dura. Durante a migração das larvas pelo organismo do hospedeiro, também pode ocorrer a sua “fixação” noutros tecidos menos usuais, como por exemplo o coração e o sistema nervoso central, provocando, nestes casos, insuficiência cardíaca e alterações neurológicas. A dissolução dos cistos de triquinela a nível gástrico pode não ocor- rer, fazendo com que estes passem intactos pelo trato digestivo e sejam eliminados nas fezes. Algumas larvas podem também não penetrar na mucosa intestinal sendo igualmente liberadas nas fezes do hospedeiro. Através destas fezes, a triquinela pode dispersar-se pelo meio ambiente, contaminando, por exemplo, o solo, a água e os vegetais e, desta forma, alcançar os hospedeiros (homem ou anima- is), parasitando-os. Considera-se que é através desta via que pode ocorrer a infestação de animais herbívoros. PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 3 Os sintomas que podem estar associados à triquinelose estão dependentes do grau de parasitismo, da sensibilidade do hospedeiro e da localização do parasita, quer na sua forma larval ou adulta. Estes sintomas não são exclusivos desta doença e podem incluir, para além de um mal estar geral e de febre, sintomatologia de ordem intestinal, muscular, cardíaca e neurológica. Lesões focais: edema periorbital, hemorragias subungueais, hemorragia da retina, erupção cutânea. A fase intestinal ocorre em poucos dias após a ingestão do parasita e se manifesta com sintomas gastrointes- tinais, como dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia. A fase sistêmica normalmente se manifesta com febre, miosite eosinofílica, mialgia e edema periorbital, embora também possa causar miocardite e encefalite. Embora a gravidade da doença possa variar de leve a letal, uma recuperação completa dentro de 6 semanas a 6 meses é a evolução mais comum. As medidas de prevenção de triquinelose podem assentar em três pilares fundamentais: - corretas práticas de manuseio na produção/criação de suínos; - pesquisa de triquinela muscular antes do consumo de carne e -conservação e processamento da carne de suíno. A infestação dos suínos ocorre através da ingestão de carne crua ou sujeita a inadequado processamento térmico, com a forma infectante encistada de triquinela nas células musculares, ou seja, o suíno pode infestar-se através da ingestão de restos de comida ou de carne (fornecidos pelo Homem ou aos quais ele teve acesso) ou através da ingestão de cadáveres de animais (sobretudo ratos) infestados com triquinela. Por este motivo, a infestação dos suínos domésticos por triquinela ocorre, maioritariamente, em sistemas de produção ao ar livre onde não existem barreiras físicas que permitam a total separação do meio envolvente ou nos suínos criados em casa (Kapel, 2005). Compreendendo a forma de infestação dos suínos, facilmente nos apercebemos que, de um modo geral, as principais medidas de prevenção a ter em conta no ciclo doméstico são: Não dar aos suínos carne crua ou sujeita a inadequado processamento térmico; Construção das instalações de modo a impedir o acesso de pássaros e roedores; Controlar a presença de roedores (armadilhas, evitar a acumulação de lixo que atrai os roedores); A obtenção do alimento concentrado em indústrias certificadas e armazenado em silos fechadospara evitar a sua posterior contaminação; Eliminação correta dos cadáveres de animais; Tratamento térmico dos resíduos alimentares de origem animal administrados aos suínos domésticos para inativação de triquinela. PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 4 TRATAMENTO/DISTRIBUIÇÃO/DIAGNÓSTICO: Infecção benigna: repouso, analgésicos e antipiréticos. Infecção maligna: prednisona (risco de morte). Distribuição: Mundial, entre populações que comem carne. Rara nos trópicos. Diagnóstico: Identificação de larvas encistadas em biópsia de músculos; teste sorológico ELISA, torna-se positivo 3 a 4 sema- nas após a infecção. Histórico de ingestão de carne de porco ou de urso; febre, dor muscular edema periorbital bilateral e aumento de eosinofilia permitem presumir o diagnóstico. LAGOQUILASCARÍASE: A Lagoquilascaríase é uma zoonose incomum decorrente do parasitismo por Lagochilascaris minor. Na Região Amazônica, o primeiro caso foi descrito em 1978, em um paciente do sexo masculino, e caracterizou-se pelo aparecimento de tumoração em região de cabeça e pescoço. A forma de transmissão ainda não está bem estabelecida, porém a ingestão de larvas encistadas nos músculos e outros tecidos de animais silvestres é a hipótese mais aceita. Felídeos silvestres ou domésticos parecem atuar na natureza como reservatório de L. minor. As larvas originadas dos cistos migram do estômago ao esôfago, rumo às áreas comumente afetadas do pescoço do hospedeiro definitivo, por tropismo. Na fase inicial da doença, alguns pacientes relatam febre diária, inapetência, perda de peso e adenopatia. Os nódulos cervicais aumentam gradativamente de tamanho, fistulisando espontaneamente. Há relatos de cefaléia, tetraparesia, rigidez de nuca e crises convulsivas. O comprometimento pulmonar pode ser acompanhado de febre e dificuldade respiratória. Há relatos de casos em que as lesões pouco influem no estado geral do doente e até daqueles fatais. A reação granuloma- tosa do tipo corpo estranho é o processo patológico fundamental nesta infecção. Uma vez que são encontrados vários estádios do ciclo evolutivo deste helminto, como ovos, larvas e vermes adultos, pode-se inferir que se trata também de uma autoinfecção. AGENTE ETIOLÓGICO: Vermes cilindróides filiformes . Não ultrapassam 26 mm de comprimento. Ovos arredondados com uma casca espessa. Se assemelham com os do Ascaris lumbricoides; o ovo do Lagochilascaris minor possui na casca externa um aspecto denteado na periferia, lembrando uma tampa de garrafa de refrigerante. CARACTERÍSTICAS DO PARASITA: Endoparasita Heteroxeno – baixo potencial biótico Hospedeiros intermediários: mamíferos silvestres (cotia, tatu, rato, sauiá) Hospedeiro definitivo acidental: homem, cão e gato Eurixeno Baixa especificidade parasitária EPIDEMIOLOGIA: Atinge a região que vai desde o sul do México até o Paraguai. Brasil apresenta-se como sendo o país mais acometido (81,8%) – predomínio na Amazônia Legal. Zona rural- contato prévio em área de mata ou ingestão de carnes de animais silvestres. Faixa etária atingida: 2 aos 62 anos; Predomínio de jovens e crianças; Sexo feminino (57,9%); Foi verificado, experimentalmente, que algumas horas após a ingestão dos ovos do parasito por camundongos, ocorre a eclosão dos ovos no intestino. Daí seguem para a musculatura esquelética e subcutâneo, onde formam cistos. Então, a larva migra para o fígado e pulmões do camundongo e ocorre PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 5 o encistamento na musculatura esquelética e tecido subcutâneo. Em gatos (H.D.) alimentados com carcaças de camundongos infectados, foi observado que as larvas de terceiro estádio eclodem dos cistos no estômago, migram para as porções superiores do tubo digestivo, alcançando a fase adulta em tecidos da orofaringe, linfonodos cervicais, tecido do pescoço, mandíbula, seios paranasais, ouvido, alvéolo dentário, pulmões e cérebro. O verme adulto possui o corpo delgado, sendo que a fêmea é maior que o macho. Na extremidade anterior, o parasito apresenta em torno da boca três lábios. Acredita-se que camundongos constituem hospedeiros intermediários e gatos atuam como hospedeiros definitivos. Supõe-se que o homem se infecta ao ingerir carne crua ou mal cozida de roedores silvestres contendo larvas encapsuladas do parasito. TRANSMISSÃO: A doença ocorre através da ingestão de carne crua (de caça) de animais silvestres (cotia, tatu) com a L3 encistada. Hospedeiro intermediário: larva L1 que se desenvolve até L3 que se encista na musculatura esquelética. Hospedeiro definitivo: L3 eclode e migra até as porções superiores do trato digestivo e alcança a fase adulta. O homem, quando infectado, comporta-se como hospedeiro definitivo acidental, albergando formas adultas, larvas e ovos do parasita na intimidade dos tecidos do pescoço e regiões. CICLO DE VIDA: Hospedeiros naturais (carnívoros silvestres), abrigam o verme adulto nas primeiras porções do sistema digestivo ou respiratório, onde as fêmeas depositam os ovos. Estes são eliminados com as fezes, contaminando o solo. Em segui- da, após se tornarem embrionados, são ingeridos por hospedeiros intermediários (provavelmente roedores silvestres), evoluindo para formas larvárias encistadas nos músculos e tecido celular subcutâneo. Os hospedeiros definitivos, ao devorarem esses animais, são infectados por essas larvas encistadas (L3), fechando o ciclo enzoótico natural. O homem, o cão e o gato domésticos, ao se infectar, comportam-se como hospedeiros definitivos acidentais. PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 6 PATOGENIA: Ovos ingeridos Ovos se desencistam (na mucosa gástrica) 🡪 Liberação de larvas em terceiro estágio (L3) (penetram nas paredes do tubo digestiva) Estruturas afetadas (faringe, orofaringe, linfonodos e estruturas circunvizinhas) lesões granulomatosas verme adulto. Acasalamento contínuo de machos e fêmeas🡪 Lesões nodulares, nestas encontra-se todas as formas do parasita (verme adulto, larva e ovo). Barreira óssea não contém o parasita, podendo assim acometer o SNC. SINTOMATOLOGIA: Nódulos cervicais uni ou bilaterais de consistência dura que podem fistulizar e formar abcessos. Processos de otite supurativa. Mastoidite Sinusite Amigdalite Manifestações neurológicas (síndromes convulsivas, síndrome cerebelar, paralisia facial periférica). Manifestações respiratórias (insuficiência respiratória). Eliminação de parasitas vivos pelas lesões boca, fossas nasais ou conduto auditivo externo). PATOGENIA E PREVENÇÃO: A Lagochilascaríase geralmente é uma infecção crônica que se agrava com o tempo. O parasito produz lesões granulomatosas crônicas, sob a forma de nódulos, de pseudocistos ou de abscessos, que se localizam quase sempre na região do pescoço, na mastóide ou no ouvido médio. Os sintomas variam de acordo com a localização das lesões. A secreção purulenta que surge das lesões pode conter todos os estádios do ciclo biológico do parasito, por isso acredita-se que nas lesões pode ter lugar o ciclo biológico completo desses helmintos. Os ovos do parasito também podem ser encontrados nas fezes, provavelmente pela presença de fêmeas férteis em locais que permitam o acesso à orofaringe. A infecção tem sido relatada em pessoas de nível socioeconômico baixo, que habitam o meio rural, utilizando freqüentemente carne de animais silvestres comoalimento. Em virtude de ciclos e formas de infecção do homem ainda serem teóricos, acredita-se que o controle da lagochilascaríase deva ser realizado através do cozimento completo da carne de qualquer espécie de caça (roedores especificamente), fervura ou filtração da água, saneamento básico, higiene pessoal e dos alimentos. PROFILAXIA: Não ingerir carnes cruas ou mal passadas de animais silvestres; Evitar que o material fecal fique no ambiente para não contaminar os hospedeiros intermediários. DIAGNÓSTICO: Anamnese; Eliminação de parasitas da lesão; Pesquisa da secreção da lesão; Presença de ovos, larvas e parasitos (nódulos); Coleta de amostra fecal; Histopatologia e Exames radiológicos; TRATAMENTO: Lesão fechada com a ausência de eliminação de parasitos: Levamisol via oral, 1 comprimido de 80-150 mg por dia; Maior eficácia contra a lagoquilascaríase: Cambendazol associado a levamisol em alta dose e tempo prolongado. ANGIOSTRONGILÍASE: AGENTE ETIOLÓGICO: A.E: Angiostrongylus costaricensis Endoparasita PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 7 Heteroxeno (lesmas e moluscos) Heterogenético Eurixeno Baixa especificidade parasitária Baixo potencial biótico HD: ratos e roedores / Hospedeiro acidental-homem HI: moluscos e lesmas CICLO EVOLUTIVO: Rato algodoeiro Sigmodon hispidus (fezes contendo L1) moluscos e lesmas (L3) homem ingere moluscos e lesmas (família Veronicellidae) sem cozimento ou verduras mal lavadas larvas penetram a mucosa do tubo digestivo na artéria mesentérica (cólon ascendente, íleo terminal, apêndice) tecidos e amadurecem nas formas adultas, inflamam e hipertrofiam causando uma oclusão intestinal/ gânglios linfáticos. MECANISMO DE CONTAMINAÇÃO: Para o homem é a ingestão das larvas que saem dos moluscos contaminam verduras e frutas mal lavadas e ingestão de moluscos e lesmas contaminadas. Período de incubação: 2 a 3 semanas. SINTOMATOLOGIA: Quadros agudos de dor abdominal, quadrante inferior direito (regressão e recidiva). Presença de uma massa, pelo comprometimento inflamatório tumoral na transição ileocecal, que podem causar oclusão intestinal. Inapetência, náuseas, vômito, diarréia, febre Paciente com dor abdominal acompanhada de eosinofilia intensa deve investigar angiostrongilíase. EPIDEMIOLOGIA: Descoberta na Costa Rica, ela acomete a América Latina e Caribe. Brasil - Norte do RS, oeste de SC e PR. Atinge pequenas cidades ou periferias de grandes cidades (transição urbano-rurais com presença de mata), sem transmissão em áreas litorâneas. Acomete mais na primavera e verão (molusco é uma praga agrícola). Afeta adultos e crianças sem distinção de sexos. Letalidade baixa de 1,3 a 7,4%. DIAGNÓSTICO: Leucograma (eosinofilia intensa); Exames de imagem (espessamento na parede intestinal e tumoração de gânglios linfáticos); ELISA (anticorpos); O exame de fezes não é útil (sem larvas nas fezes grande parte fica retida nos tecidos inflamados); TRATAMENTO: A maioria apresenta a cura espontânea. Em casos mais agudos (obstrução ou rompimento intestinal) é recomendado a cirurgia. Tiabendazol (anti-helmínticos não são muito eficazes) associado á uma hidratação intensa e analgesia. ANGIOSTRONGILÍASE CEREBRAL: Endoparasita; Heteroxeno (lesmas e moluscos); Heterogenético; Eurixeno; Baixa especificidade parasitária; Baixo potencial biótico; PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 8 HD: ratos e roedores/ Hospedeiro acidenta: homem; HI: moluscos e lesmas; CICLO EVOLUTIVO: No hospedeiro acidental (homem) - os vermes não conseguem desenvolver-se no local habitual (veias pulmonares) e suas larvas ficam retidas no sistema nervoso central; Período de incubação- 2 a 45 dias; PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA: Causa meningoencefalite Cefaleia Náuseas e vômitos Parestesias Edema de papila, ataxia, convulsões Paralisia da musculatura extra-oculares e facial periférica Distensão abdominal, hepatomegalia e incontinência urinária Redução do nível de consciência Complicação - infestação do humor aquoso com perda parcial da visão e hiperemia EPIDEMIOLOGIA: Atinge litoral e áreas portuárias (ratazanas infectadas vindas de navios); Brasil - Espírito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina; TRATAMENTO: Não ingerir alimentos crus (moluscos) e verduras mal lavadas; Higiene pessoal; Não mascar folhas; FILÁRIAS – FILARIOSE: É um nermatódeo tecidual. Filária da Guiné Filária de Bancrofti: Wuchereria bancrofti. Filária da cegueira: Onchocerca volvulus. É chamado de filariose porque as filárias são vermes nematelmintos tremendamente finos. Essas filárias tem reprodução sexuada dentro do homem e elas produzem as microfilárias. As microfilárias são resultados de uma reprodução sexuada. O homem é o hospedeiro definitivo e normalmente a transmissão da doença é feita por insetos ou microcrustáceo no caso da filária de Guiné. Ciclo heteróxeno - transmissão da doença se dá por outro ser vivo. CICLO DE VIDA GERAL (WUCHERERIA BANCROFTI E ONCHOCERCA VOLVULUS): As filárias adultas vivem localizadas em vários tecidos humanos. Geralmente, a fêmea adulta fertilizada da filária que vive nos tecidos produz embriões vivos (microfilárias), reprodução sexuada, que migram para os vasos linfáticos, o sangue ou a pele. Todos esses parasitas requerem um artrópode como hospedeiro intermediário para transmitir a infecção. Se o artrópode ingerir microfilárias ao se alimentar com sangue, elas sofrem duas mudas dentro do artrópode e passam para o estágio infectante de larvas filarióides. Estas larvas são liberadas da probóscida do inseto e entram no homem, hospedeiro definitivo, quando o artrópode se alimenta novamente de sangue. As larvas migram, então, para o tecido apropriado, onde se instalam e se desenvolvem até a fase adulta. A maturação pode levar mais de um ano. Ciclo heteróxeno. PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 9 Em muitas espécies, as microfilárias são mais prevalentes no sangue periférico em horários específicos do dia ou da noite (isto é, exibem periodicidade). Esses horários parecem coincidir com o padrão habitual de alimentação da espécie de artrópode. A periodicidade noturna ou diurna depende da espécie envolvida. No caso da filariose bancrofti a periocidade é noturna. INFECÇÕES IMPORTANTES POR FILÁRIAS: Encontrada nos trópicos, apresenta periodicidade noturna, os vermes adultos vivem no sistema linfático (microfilárias no sangue). Então a infecção ocorre quando as larvas filarióides penetram no local da picada, invadindo o sangue no repasto sanguíneo do Aedes, Culex (mais importante aqui no Brasil) e ou Anopheles. Causam lesões granulomatosas nos vasos linfáticos, calafrios, febre, eosinofilia e eventual elefantíase. Diagnóstico: microfilárias no sangue; sorologia. Encontrada na América Central e África, sem periodicidade, transmitida pelo borrachudo, Simulium, os vermes adultos vivem em nódulos fibróticos (migração subcutânea das microfilárias); doença crônica e não fatal. A alergia à microfilárias provoca sintomas locais - pode provocar cegueira. Diagnóstico: adultos em nódulos extirpados, microfilárias em raspado de nódulo. WUCHERERIA BANCROFTI: É o principal agente etiológico da filariose humana na África e nas Américas. Infecta exclusivamente osseres humanos (estenoxeno). Os vermes adultos vivem nos linfonodos e vasos linfáticos e as microfilárias (formas embrionárias) no sangue periférico. A filariose linfática ou bancroftose se caracteriza por um amplo espectro clínico, que varia desde infecções aparen- temente assintomáticas até manifestações agudas e crôni- cas associadas à localização dos vermes adultos nos vasos linfáticos ou das microfilárias no sangue. As manifestações agudas estão relacionadas à inflamação aguda linfática (linfangite e linfadenite). EPIDEMIOLOGIA: PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 10 A filariose linfática é, após a malária, a parasitose transmitida por vetores mais importante no mundo, devido à incapacidade física e perdas econômicas que ocasiona. A distribuição geográfica da bancroftose coincide com as regiões mais pobres do mundo e afeta principalmente habitantes das áreas tropicais e subtropicais. Calcula-se que 112 milhões de pessoas estão infectadas por W. bancrofti e, destas, 40 milhões apresentam manifestações crônicas da doença. Sudeste asiático responsável por 65% dos casos. No Brasil algumas cidades apresentam essa doença, desde 1950: Manaus, Belém, São Luís, Recife, Maceió, Salvador, Castro Alves, Florianópolis, São José da Ponta Grossa (SC), Barra de Laguna e Porto Alegre. TRANSMISSÃO/CICLO EVOLUTIVO: A Wuchereria bancrofti possui duas formas evolutivas, a microfilária e o verme adulto. A microfilária corresponde à forma juvenil do para- sita e é a forma que é encontrada na corrente sanguínea e nos linfonodos, já a forma adulta do parasita está presente nos vasos linfáticos e produzem mais microfilárias, que são liberadas na corrente sanguínea. A Wuchereria bancrofti apresenta dois ciclos de vida, sendo um no mosquito e outro nas pessoas. O mosquito Culex quinquefasciatus, ao picar uma pessoa infectada, inspira microfilárias, também chamadas de L1, que desenvolvem-se por um período de 14 a 21 dias no intestino do mosquito até a fase L3 e depois migram para a boca. Ao picar outra pessoa, o mosquito transmite a larva L3, que migra para os vasos linfáticos e desenvolvem- se até o estágio L5, que corresponde ao estágio adulto e de maturação sexual. A larva L5, após período de incubação, começa a liberar as microfilárias que ficam circulantes no sangue. PRINCIPAIS SINTOMAS: Algumas pessoas podem ser infectadas pela W. bancrofti e não apresentar nenhum sinal e sintoma de infecção, isso porque nessas situações os vermes adultos podem morrer e serem eliminados, sem que haja desenvolvimento dos sintomas. No entanto, outras pessoas podem apresentar sintomas de infecção, sendo os principais: Febre; Calafrios; PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 11 Aumento dos gânglios linfáticos, quando o parasita chega à corrente linfática; Inchaço das extremidades, popularmente conhecido como elefantíase, podendo afetar as pernas, principalmente, testículos ou seios; Presença de calcificações e abscessos devido à morte dos parasitas adultos; Aumento da quantidade de eosinófilos no sangue, conhecido como eosinofilia, o que acontece como consequência da presença do parasita no organismo. Além disso, é possível também que algumas pessoas desenvolvam infec- ção secundária por bactéria do gênero Streptococcus sp., já que a infecção por W. bancrofti deixa o sistema imunológico mais comprometido Pouco se conhece sobre os fatores determinantes do curso natural da infecção por W. bancrofti. Sabe-se que a evolução da doença é lenta e que sinais e sintomas, quando presentes são decorrentes principalmente da dilatação dos vasos linfáticos agravando-se com a ocorrência de infecções bacterianas de repetição. A disfunção linfática pode provocar o extravasamento de líquido na bolsa escrotal, com acúmulo de fluído seroso, claro, entre o testiculo e a membrana que o envolve, causando a hidrocele. O rompimento do vaso linfático na cavidade abdominal leva à ascite linfática e na túnica escrotal, à quilocele. ELEFANTÍASE: É caracterizada por um processo de inflamação e fibrose crônica do órgão atingido, com hipertrofia do tecido conjuntivo, dilatação dos vasos linfáticos e edema linfático. Nas mulheres, a elefantíase ocorre mais frequentemente nos membros inferiores, raramente afeta as mamas e região genital. Nos homens a hidrocele testicular é a região mais frequente, tornando-se crônica leva à elefantíase da região escrotal, podendo também acometer o pênis. O inchaço causado pela elefantíase é tão grande que pode ser incapacitante e impedir que o paciente viva uma vida normal, já que seus movimentos acabam sendo limitados. PATOLOGIA: O diagnóstico é difícil, porque os sintomas são de amplo espectro. Depende da identificação das microfilárias. Precocemente, a fase aguda causa febre e linfangites; após anos de repetidas exposições desenvolve-se a elefantíase crônica, devida à obstrução de vasos linfáticos, estase da linfa e alterações linfadenomatosas. Os vermes adultos nos vasos linfáticos induzem dilatação seguida de inflamação e, após sua morte, espessamento granulomatoso que circunda as paredes dos vasos linfáticos provocando, finalmente, obstrução. Em áreas endêmicas, ocorrem “febres filariais”, com linfangite aguda recidivante e adenolinfangite sem microfilárias. Encontra-se também a síndrome eosinofílica tropical ou síndrome de Weintegarten (que lembra asma), com alta eosinofilia e sem microfilárias. TRATAMENTO: Dietilcarbamazina; A Ivermectina destrói as microfilárias (W. bancrofti); DISTRIBUIÇÃO: Zonas endêmicas tropicais e subtropicais esparsas em todo o mundo. Leste e Sudeste da Ásia. Cinturão de florestas tropicais na África negra e no Sudão. América Central e África Equatorial. IMPORTANTE: A resistência dos mosquitos a inseticidas e o aumento da população nas regiões costeiras têm elevado a incidência de exposição. PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 12 A eosinofilia pulmonar (eosinofilia tropical), uma síndrome asmatiforme, pode ser causada por filariose oculta ou infecção zoonótica. A infecção filariótica pode induzir um ‘estado de imunossupressão” no hospedeiro, que impede a reação ao parasita; entretanto, também podem ocorrer respostas infla- matórias imunomediadas ou imunopatologia por hiperatividade imunológica (resultando em elefantíase). ONCOCEROSE: É uma doença causada pela infecção de um nematódeo a filária Onchocerca volvulus, sendo transmitida através da picada de um inseto Simulium exiguum (borrachudo). Ainda hoje, a oncocercose é uma causa importante de cegueira nos países em desenvolvimento. Avalia-se, que em todo mundo há mais de 18 milhões de pessoas infectadas por essa filária. A infecção pode apenas causar coceira intensa, mas por vezes causa erupção cutânea, aumento dos linfonodos, visão enfraquecida ou cegueira completa. Geralmente, muitas picadas são necessárias antes que a infecção cause sintomas. Assim, a infecção é muito menos provável de se desenvolver em visitantes de áreas afetadas. TRANSMISSÃO: A oncocercose é transmitida pela picada de moscas negras (borrachudo) fêmeas que se reproduzem em riachos de fluxo rápido (daí o termo cegueira dos rios). O ciclo de infecção começa quando uma mosca negra pica uma pessoa infectada e a mosca é infectada com as formas imaturas do verme chamadas microfilárias. As microfilárias se desenvol- vem em larvas na mosca. Quando o mosquito pica outra pessoa, as larvassão transmitidas para a pele daquela pessoa. As larvas se movem sob a pele e formam caroços (nódulos), onde se desenvolvem em vermes adultos em 12 a 18 meses. Os vermes fêmeas adultos podem viver até 15 anos nesses nódulos CICLO DE VIDA DO ONCHOCERCA VOLVULUS: Uma mosca negra infectada pica uma pessoa e deposita larvas de Onchocerca na pele. As larvas penetram então na ferida da picada. As larvas se movem para os tecidos sob a pele (tecidos subcutâneos) e formam caroços (nódulos). As larvas se desenvolvem em vermes adultos nos nódulos. As fêmeas adultas podem viver até quinze anos nesses nódulos. Após acasalar, os vermes fêmeas maduros produzem ovos, os quais se desenvolvem em formas imaturas do verme chamadas microfilárias. Um verme pode produzir 1.000 microfilárias por dia. As microfilárias normalmente vivem na pele e nos vasos linfáticos, mas às vezes estão presentes na corrente sanguínea, na urina e no escarro. A infecção se dissemina quando uma mosca negra pica uma pessoa infectada e é infectada com as microfilárias. Depois que as microfilárias são ingeridas, elas se deslocam até a parte mediana do intestino (intestino médio) da mosca, depois para os músculos em sua seção mediana (músculos torácicos). Ali, as microfilárias se desenvolvem em larvas. As larvas se deslocam para as partes bucais (probóscide) da mosca e podem ser transmitidas para outras pessoas quando estas são picadas pela mosca. SINTOMAS: Os sintomas de oncocercose ocorrem quando as microfilárias morrem. A morte delas pode causar coceira intensa, o que pode ser o único sintoma. Pode surgir erupção cutânea com vermelhidão. Ao longo do tempo, a pele pode ficar mais espessa, áspera e enrugada. Ela pode perder sua elasticidade e pigmento em partes da pele. Em casos graves, as pessoas podem desenvolver dobras de pele longas que ficam pendentes ao longo da região inferior do abdômen e superior das coxas (“virilha pendente”). Os linfonodos, incluindo aqueles na área genital, podem ficar inflamados e aumentados. Formam-se caroços (nódulos) contendo vermes adultos e esses caroços podem ser vistos ou sentidos sob a pele. Em geral, esses caroços geralmente não provocam sintomas. PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 13 Os efeitos na visão variam de comprometimento leve (embaçamento) até a cegueira completa. O olho pode ficar inflamado e parecer vermelho. A exposição à luz forte pode causar dor. Sem tratamento, a córnea pode se tornar completamente opaca e formar cicatriz, a causa da cegueira. Outras estruturas no olho, incluindo a íris, pupila e retina, podem ser afetadas. O nervo óptico pode ficar inflamado e degenerar. Oncocercose afeta tipicamente: Pele (nódulos, dermatite) e olhos. Nódulos: Os nódulos (oncocercomas) subcutâneos (ou mais profundos) que contêm vermes adultos podem ser visíveis ou palpáveis, mas são assintomáticos. Em outros aspectos, são compostos de células inflamatórias e tecido fibrótico em várias proporções. Nódulos antigos podem se caseificar ou calcificar. Os pacientes podem apresentar aumento dos linfonodos inguinais, femorais ou outros. Edema localizado da genitália e hérnias inguinais podem se desenvolver. DOENÇA CUTÂNEA: A dermatite oncocercose é causada pelo estágio microfilarial do parasita. Intenso prurido pode ser o único sintoma em pessoas levemente infectadas. Em geral, lesões de pele consistem em um exantema maculopapular indefinida associada a escoriações secundárias, ulcerações e liquenificação e linfadenopatia leve a moderada. Outras anomalias da pele podem incluir rugas antes do tempo, atrofia, hipopigmentação irregular e perda da elasticidade. Nos casos graves, os pacientes podem desenvolver dobras de pele atrófica na parte inferior do abdome e na parte superior do aspecto medial da coxa ("virilha solta"). A dermatite oncocercótica é generalizada na maioria dos pacientes, mas uma forma localizada e nitidamente delineada de dermatite eczematosa, com hiperqueratose, escarificação e alterações de pigmento (Sowdah), é comum no Iêmen e Sudão. DOENÇA OCULAR: O envolvimento ocular varia de alteração visual leve à completa cegueira. Lesões da porção anterior do olho incluem: Queratite pontilhada (floco de neve): um infiltrado inflamatório agudo ao redor de microfilárias agonizantes que se resolve sem causar dano permanente Queratite esclerosante: um tecido cicatricial fibrovascular que pode provocar subluxação do cristalino e cegueira Uveíte anterior ou iridociclite: pode deformar a pupila Coriorretinite, neurite óptica e atrofia óptica também podem acontecer. DIAGNÓSTICO: Exame de uma amostra de pele: Geralmente, para diagnosticar oncocercose, uma amostra da pele é retirada e examinada para investigar se há microfilárias. Os médicos usam uma lâmpada de fenda para procurar microfilárias nos olhos. Podem ser feitos exames de sangue para investigar indícios de infecção, mas nem sempre esses exames são confiáveis ou estão disponíveis. Os nódulos podem ser removidos e examinados para a presença de vermes adultos, mas esse procedimento é raramente necessário. Exame microscópico de fragmentos ou biópsias da pele Reação em cadeia da polimerase (PCR) das amostras da pele Exame com lâmpada de fenda da córnea e câmara anterior do olho A demonstração de microfilárias em fragmentos ou biopsias da pele é o método diagnóstico tradicional; múltiplas amostras geralmente são coletadas. Métodos baseados PCR para detectar DNA do parasita em cortes de pele são mais sensíveis que as técnicas padrão, mas só estão disponíveis em ambientes de pesquisa. Microfilárias também podem ser visíveis na córnea e na câmara anterior do olho por meio de exame com lâmpada de fenda. Detecção de anticorpos tem valor limitado; há reação cruzada antigênica significativa entre O. volvulus e outras filárias e diferentes helmintos, e a sorologia positiva não diferencia infecção atual de passada. https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-oftalmol%C3%B3gicos/diagn%C3%B3stico-de-doen%C3%A7as-oculares/o-exame-do-olho#v1157375_pt PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 14 Nódulos palpáveis (ou nódulos profundos detectados por ultrassonografia ou ressonância magnética) podem ser excisados e examinados quanto a vermes adultos, mas esse procedimento raramente é necessário. PROFILAXIA: Os procedimentos a seguir podem ajudar a reduzir as chances de ser picado por uma mosca negra e, assim, reduzir o risco de oncocercose: Evitar áreas infestadas por mosquitos Usar vestuário de proteção Usar repelentes contra insetos generosamente A ivermectina administrada uma ou duas vezes ao ano reduz drasticamente o número de microfilárias, evita o desenvolvimento de mais doença e ajuda a controlar a infecção em pessoas que são várias vezes expostas a ela. Essa abordagem comunitária preventiva foi usada em áreas em que a oncocercose é comum. TRATAMENTO: Ivermectina e as vezes, doxiciclina. Para o tratamento de oncocercose, a ivermectina é administrada em dose única por via oral e é repetida a cada seis a doze meses até os sintomas desaparecerem. A ivermectina mata as microfilárias, reduzindo seu número na pele e nos olhos. Ela reduz a produção de microfilárias por vermes adultos por vários meses. Ela não mata vermes adultos, mas doses repetidas podem diminuir a sua fertilidade. Às vezes, os médicos também tratam a oncocercose com doxiciclina (um antibiótico), administrado durante seis semanas. A doxiciclina mata as bactérias que vivem dentro dos vermes e que são essenciais para a sobrevivência do verme. Consequentemente, muitas fêmeas de vermesadultos morrem e outras produzem menos ou nenhuma microfilária. Os efeitos colaterais são geralmente leves. No passado, os nódulos eram removidos cirurgicamente, mas esse tratamento foi substituído pela ivermectina. MANSONELOSE: Mansonelose refere-se a doenças causadas por Mansonella perstans, M. ozzardi, e M. streptocerca. A transmissão ocorre por picadas de mosquitos ou borrachudos. As infecções geralmente são assintomáticas, mas podem ocorrer sintomas. Confirma-se o diagnóstico de M. perstans e M. ozzardi pela identificação de microfilárias em esfregaços de sangue; nenhuma das espécies apresenta periodicidade significativa, de modo que o sangue pode ser coletado a qualquer momento. O diagnóstico de M. streptocerca baseia-se na identificação de microfilárias em fragmentos de pele ou biópsias cutâneas. O tratamento depende da espécie de Mansonella infectante. Essa doença negligenciada tem apresentado um número discretamente crescente na região norte do Brasil. Ela é muito similar à Oncocercose, inclusive devido à sobreposição de casos na região amazônica. Acredita-se que essa doença pode ser oportunista em pacientes com adenocarcinoma (imunocomprometidos). Na região amazônica o Simulium (borrachudo) é considerado o principal transmissor. Além das lesões cutâneas, pode haver artrite com febre, promovendo confusão com diversas doenças. Dentre os sintomas a cefaléia é o mais comum. Mansonella perstans é transmitida por picadas de mosquitos (Culicoides) na África subsaariana e nas Américas, do Panamá à Argentina. Estima-se que mais de 100 milhões de pessoas estejam infectadas em todo o mundo. Os vermes adultos residem nas cavidades pleural, pericárdica e peritoneal, bem como no retroperitônio e no mesentério. Microfilárias não embainhadas são encontradas na corrente sanguínea. Os mosquitos os adquirem quando sugam o sangue de um ser humano infectado. A maioria das infecções é assintomática ou leve. A migração de vermes adultos pode causar edemas subcutâneos transitórios semelhantes aos do Loa loa (edemas de Calabar), inflamação do pericárdio ou da pleura, nódulos conjuntivais, danos na retina e inflamação periocular. Sintomas inespecíficos incluindo https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/nemat%C3%B3deos-vermes-filiformes/lo%C3%ADase PARASITOLOGIA I PROFª REGINA LETICIA GRECCO T5 15 prurido, urticária, artralgias e mal-estar. Manifestações neuropsiquiátricas, meningoencefalite e hepatite foram atribuídas a M. perstans em raras ocasiões. Faz-se o diagnóstico de M. perstans identificando as microfilárias não embainhadas em um esfregaço de sangue. Pode-se identificar as microfilárias no sangue tanto durante o dia como à noite. Uma eosinofilia está frequentemente presente. M. perstans é relativamente resistente a medicamentos, como dietilcarbamazina, utilizados no tratamento de outras doenças filariais. Bactérias Wolbachia endossimbióticas estão presentes em M. perstans adultos em algumas áreas geográficas, mas não em todas. Quando Wolbachia estão presentes, o tratamento com doxiciclina pode ser curativo. Mansonella ozzardi é endêmica na América Central e do Sul e em algumas ilhas do Caribe. Os seres humanos são o principal reservatório da infecção. M. ozzardi é transmitida por picadas de mosquitos (Culicoides) e borrachudos (Simulium amazonicum). O ciclo de vida é semelhante ao do M. perstans, exceto que os vermes adultos residem no sistema linfático e também nas cavidades torácica e peritoneal. As microfilárias estão presentes tanto no sangue como na pele. A maioria dos indivíduos com infecção por M. ozzardi é assintomá- tica, mas algumas apresentam exantema, linfadenopatia, artralgias, febre, cefaleia ou sintomas pulmonares. A ceratite induzida por microfilaremia do M. ozzardi foi relatada na região amazônica do Brasil. Confirma-se o diagnóstico de M. ozzardi pela identificação de microfilárias em amostras de sangue ou pele. O sangue pode ser coletado a qualquer momento. Eosinofilia é comum. Testes sorológicos também podem ser úteis na identificação de infecção, mas não são específicos. O tratamento é com ivermectina (200 mcg/kg VO). M. streptocerca é transmitida nas florestas tropicais da África Ocidental e Central. Desconhece-se a prevalência do M. streptocerca. Primatas não humanos são às vezes infectados, mas não são os principais reservatórios da infecção. O ciclo de vida do M. streptocerca é semelhante ao do M. perstans, exceto que os vermes adultos residem na derme da parte superior do tronco e ombro. Microfilarias são encontradas na pele. A maioria das pessoas com M. streptocerca é assintomática. Pode-se observar espessamento da derme, máculas hipopigmentadas e linfadenopatia axilar ou inguinal bilateral. Ao contrário de O. volvulus, M. streptocerca adultos não formam nódulos subcutâneos. Faz-se o diagnóstico de M. streptocerca pela identificação de microfilárias em fragmentos ou biópsias cutâneos. Eosinofilia é comum. A sorologia também pode ser útil na identificação de infecção filarial, mas não é específica. Administra-se dietilcarbamazina (DEC) 6 mg/kg/dia por 12 dias para tratar M. streptocerca. DEC mata tanto microfilárias como vermes adultos. Entretanto, pode exacerbar os sintomas cutâneos e sistêmicos em razão da liberação de antígenos das microfilárias que estão morrendo. Não se deve administrar DEC a pacientes com O. volvulus ou infecções maciças por Loa loa devido ao potencial de efeitos adversos graves. A ivermectina (150 mcg/kg em uma dose) pode reduzir as cargas microfilariais de M. streptocerca, mas seu impacto sobre o curso da infecção é incerto. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/hematologia-e-oncologia/dist%C3%BArbios-eosinof%C3%ADlicos/eosinofilia https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/hematologia-e-oncologia/dist%C3%BArbios-eosinof%C3%ADlicos/eosinofilia https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/hematologia-e-oncologia/dist%C3%BArbios-eosinof%C3%ADlicos/eosinofilia
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