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NEURO 2.2 CRISE ou “CONVULSÃO” FEBRIL Generalidades: ● História familiar positiva. ● Idade: 6 meses até 5 anos, predomínio leve em meninos, SEM precipitantes além da febre. ● EEG normal entre crises (mas na maioria das vezes não necessita de investigação). ● Crise tende a ser tônico-clônica generalizada. ● Duração típica 3-5 minutos (normal até 15) ● Maior risco de recorrer se: ○ < 1 ano, <24 horas de febre e febre entre 38 e 39°C. ● Maior risco de epilepsia se: ○ Atraso no neurodesenvolvimento. Conduta: ● Se está convulsionando: ○ Diazepam (retal ou venoso) DEPOIS avalia e trata a febre. ● Se NÃO está convulsionando: ○ Avaliar a causa da febre e tratar. ● Essencial: avaliar calendário vacinal da criança para risco de meningite. ● Punção lombar se ○ <6 meses sempre OU ○ Crise complexa: ■ crise tipo focal ■ duração prolongada (>15 minutos) ■ recorrente em até 24 horas ■ Pós ictal com paralisia de Todd ou sonolência prolongada (sonolência logo após a crise é normal, mas se for prolongada trata-se de crise complexa). EPILEPSIAS A mortalidade entre os epilépticos é cerca de 2x maior do que a da população geral e costuma estar relacionada à etiologia das crises e à falta de controle terapêutico. Definições: ● Duas ou mais crises não provocadas em intervalo superior a 24 horas OU ● 1 crise não provocada com alta chance de recorrência OU ● Diagnóstico prévio de síndrome epiléptica Crise epiléptica: sinais e/ou sintomas provocados por descarga neuronal síncrona excessiva no cérebro. Existem diversas razões para que isso ocorra, como focos epileptogênicos por atrofia cortical, isquemia, trauma, tumor etc. A perda esfincteriana favorece para que seja uma crise epiléptica. Investigação: ● Anamnese ● EEG ● Neuroimagem (RM) ○ Mais importante quanto maior a suspeita de lesão estrutural. Classificação (ILAE 2017): ● Tipos de crises de acordo com início: ○ Início focal: descarga em apenas um hemisfério cerebral (causando manifestação motora, por exemplo, em apenas um lado do corpo). ○ Início generalizado: descarga e manifestação em ambos os lados. ○ Início desconhecido: não se sabe a maneira que a crise se iniciou. ● Tipos de epilepsias: ○ Focal ○ Generalizado ○ Focal & Generalizado combinado ○ Desconhecido Classificação Expandida: 1) FOCAL Limitada a um hemisfério, com sintomatologia também unilateral. Se pouco intensa, não altera consciência. Se intensa, atinge SARA e altera o nível de consciência. 1.a SEM perturbação da consciência: sem discognição/perceptiva (antigamente: parcial simples). 1.b COM perturbação da consciência: com discognição/disperceptiva (antigamente: parcial complexa). Podem ter INÍCIO MOTOR ou INÍCIO NÃO MOTOR (sensorial, como sentir odor desagradável). Também pode ser INÍCIO FOCAL evoluindo para tônico-clônica bilateral. 2) GENERALIZADA Em ambos os hemisférios, frequentemente alterando o nível de consciência, mas não sempre! Nesse caso, a preservação ou não da consciência não é importante. 2.a NÃO MOTORAS: ● Ausências (possuem perda de consciência): típica, atípica, mioclônica… ○ Típica: ■ Relacionada com dificuldade de aprendizado (criança para e perde parte da aula sem nem perceber). ■ Início: 3-12 anos, com pico 5 a 8 anos ■ Desencadeante: hiperventilação, privação de sono. ■ Diagnóstico: anamnese + clínica (ausência induzida por ventilação) + EEG com ponta onda de 3Hz. ■ Tratamento: etossuximida, valproato, lamotrigina. ■ NÃO USAR: carbamazepina, gabapentina, vigabatrina. 2.b MOTORAS: atônica, mioclônica, tônico clônicas. ● Atônica: perda do tônus muscular, criança pode cair no chão. ● Mioclônica: pode manter nível de consciência (exemplo clássico de crise motora generalizada que mantém nível de consciência). ● Tônico-clônicas: tonicidade seguida de clonia de frequência rápida e amplitude baixa, que se torna de menor frequência e maior amplitude. TRATAMENTO ● Quando iniciar? ○ Quando tem epilepsia (ver definição), ou seja ○ A partir da 2a crise ou da 1a crise com lesão cerebral. ● Como iniciar? ○ Monoterapia com dose baixa, que deve progredir avaliando aderência e níveis séricos. ● Quando parar? ○ Se mais de 2 anos sem crise (literatura varia entre 1 a 5 anos). ○ Epilepsia resolvida: 10 anos sem crise, com 5 anos sem medicação. ● Qual usar? ○ Depende da crise… ■ FOCAL: carbamazepina, lamotrigina, valproato. ■ GENERALIZADA: valproato, lamotrigina. ● GESTANTES: NÃO usar valproato (causa espinha bífida). ● TABAGISTAS: se for parar de fumar, não usar bupropiona. SÍNDROMES EPILÉPTICAS ● Síndrome de West: ○ Início 4-7 meses de vida ○ Prognóstico ruim ○ Tríade: espasmo infantil + retardo do desenvolvimento mental + EEG típico (hipsarritimia, que é um ritmo bilateral, caótico, com ondas lentas, alta voltagem e multifocais). ○ Tratamento: ACTH (mais antigo) e vigabatrina (mais recente). ● Síndrome de Lennox-Gastaut: ○ 20-30% provêm de evolução da Síndrome de West. ○ Pré-escolares. ○ Enquanto West é por espasmo infantil, aqui pode ocorrer qualquer tipo de crise também associado a retardo do desenvolvimento mental com EEG típico (espícula-onda 1 a 2,5 Hz). ● Epilepsia com Descargas Centrotemporais/Fármaco-responsiva: ○ Antigamente chamada de: Epilepsia benigna da infância ou Rolândica. ○ História familiar positiva, sendo mais comum em meninos, de 2-3 anos até 13-14 anos (com pico 7-10 anos). ○ Fisiopatologia: determinada área cortical não desenvolve na mesma velocidade que o restante (vira foco epileptogênico), porém tal alteração é reversível, com tal área logo alcançado o desenvolvimento do restante do córtex. Então a epilepsia desaparece com a maturação. ○ Diagnóstico: crises focais, no sono ou logo ao despertar. ■ EEG: ondas agudas centrotemporais. ○ Tratamento: maioria não precisa tratar porque apenas 25% recorrem! ■ Então tratar apenas após 2a crise. ■ Evitar carbamazepina e lamotrigina apesar de ser crise focal. ● Epilepsia mioclônica juvenil (Síndrome de Janz): ○ Idade: 13 a 20 anos. ○ Fator desencadeante: privação de sono. ○ Clássico: crises mioclônicas principalmente ao despertar. ○ EEG: ponta onda de 4-6 Hz. ○ Escolha: valproato, lamotrigina. ○ Evitar: carbamazepina (apesar de ser generalizada) e fenitoína. ● Epilepsia do Lobo Temporal: ○ Síndrome epiléptica mais comum no adulto. ○ Crises focais disperceptivas. ■ Pode existir aura. ○ Causa: esclerose hipocampal (esclerose mesial temporal) ○ Diagnóstico: RM e EEG (mostra foco epileptogênico no hipocampo). ○ Escolha: carbamazepina. ○ Boa resposta ao tratamento cirúrgico (retirada do foco). ● Estado de Mal Epiléptico (Status Epilepticus) ○ Definição: crise epiléptica que dura 30 minutos. Porém do ponto de vista intervencionista segue-se a definição de: ■ ≥5 minutos de crise; ■ ≥2 crises sem recuperação da consciência entre elas. ○ Tipos: ■ Convulsivo ■ Não convulsivo (pós PCR, evolui para encefalopatia anoxisquêmica e entra em estado convulsivo subentrante, e o paciente não acorda, necessitando de EEG). ○ Conduta: ■ ABC!! Proteger vias aéreas, acesso periférico, glicemia e exames laboratoriais. ■ Diazepam IV/retal ou midazolam IM/IV. ● Pode ser feito 2x. ■ Se não resolveu…Fenitoína IV/IO 20 mg/kg a 50 mg/min (diluído em SF, nunca em SG) ● Fenitoína além de ação no momento agudo, tem ação profilática, por isso algumas literaturas recomendam o uso de fenitoína juntamente no momento da segunda aplicação de BZDs (principalmente em situações em que a recorrência é grande, como tumores cerebrais). ● Também pode ser feita 2x, só que na segunda aplicação é metade da dose. ● Opções IV: valproato/levetiracetam. ■ Se não resolveu… Fenobarbital 20mg/kg ● Porém não é aceito por todas as literaturas. ● Também pode ser feita 2x, só que na segunda aplicação é metade da dose. ■ Se não resolveu...tiopental, midazolam, propofol (anestesiar o paciente).
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