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1º passo para a identificar e classificar uma crise epiléptica: precisamos acompanhar o primeiro evento semiológico acontecendo; pode ser uma crise focal, generalizada, se houve preservação da consciência (perceptivo) ou se houve uma alteração do nível de consciê ncia (disperceptivo). Exemplos de crises: • Crise com aumento do tônus muscular, extensão de membros: crise hipertônica; • Movimentos clonicos e repetidos e evolui para uma crise tonico-clonica e alteração completa do EEG; • Crises com movimentações rápidas, despropositadas, como se fossem choques: crises mioclônicas (pode ser perceptiva, quando não há a perda do nível de consciência); • Diferença entre a mioclônica e clônica: na segunda, há uma sustentação maior dos movimentos, abalos musculares; • Perda da consciência temporária após período lúcido: crise de ausência. Importante: hiperventilação pode ser um gatilho para a crise de ausência; • Perda completa do tônus muscular, basal, que mantém o corpo em pé: crise atônica, é mais típica em crianças e leva à desordem no EEG. Crise convulsiva • É a ocorrência transitória de sinais e/ou sintomas decorrentes de atividade neuronal anormal, excessiva e síncrona no cérebro (é como um curto circuito no cérebro). Epilepsia Doença neurológica grave caracterizada por uma das seguintes condições: • Atenção: entre 3 e 10% das pessoas, aproximadamente, variando de literatura, podem ter uma crise convulsiva, principalmente na criança com febre > isso não é considerada uma doença, como a epilepsia; • Duas crises não provocadas ou duas crises reflexas (provocadas, por exemplo por um lampejo de luz) em um intervalo superior a 24 horas; • Uma crise não provocada, ou uma crise reflexa, com chance de recorrência estimada em pelo menos 60% nos próximos 10 anos (lesão estrutural definida e/ou presença de alteração epileptiforme no EEG); o Alteração estrutural como uma calcificação, má formação, lesão estrutural encefálica, é necessário ligar o alerta e observar a possibilidade de recorrência. • Diagnóstico de uma síndrome epiléptica: o Na infância: Síndrome de Dravet, Síndrome de West, Síndrome de Lenox-Gastaut (crianças um pouco mais velhas); o Nos adultos: Síndrome do lobo mesial-temporal, epilepsia mioclônica juvenil. • Para o exame de EEG, é importante considerar que deve ser feito para investigação de epilepsia e não deve ser feito para investigação de cefaleia. É necessário que o paciente tenha dormido pouco (é como um gatilho para a visualização das alterações no EEG). É preciso ter uma provocação dos paroxismos epileptiformes (como uma luz) ou estímulos como o som e hiperventilação > levam à crise reflexa; IMPORTANTE: é necessário associar critérios clínicos e o EEG para caracterizar uma síndrome epiléptica. Incluir aqui o critério imaginológicos e o critério etiológico. Classificação Considerando que o paciente já foi caracterizado como sindrômico em relação à epilepsia, é necessário classificar. Crises de início focal (não se usa mais o termo “parcial”) • Restrita a uma rede neuronal; • Limitadas ao hemisfério cerebral, não tem acesso ao outro; • Semiologicamente podem ser perceptivas ou disperceptivas (perda da compreensão sobre si mesmo e do ambiente a sua volta); • Início motor: o Automatismos: oromastigatórios, por exemplo. Ou manuais, como abotoar e desabotoar camisas; o Atônicas; o Clônicas; o Espasmos epilépticos: tipicamente movimentos de abdução e adução dos braços, com flexão axial e de membros inferiores; o Hipercinéticas: movimentos mais complexos, como de pedalada (característica de lobo frontal); o Mioclônicas: “choques”; o Tônicas: enrijecimento, aumento do tônus muscular. • Início não motor: o Autonômicas: como uma taquicardia, uma hipotensão ou sudorese; o Parada comportamental: paciente “desliga”; o Cognitivas: alteração na linguagem, fica afásico > já que o foco epileptogênico está na área motora da fala, como na área de Broca. Ou sensações de Deja vu (de que algum lugar ou situação é conhecido, mesmo nunca tendo passado por isso) ou Jamais vu (um lugar conhecido e parece que você nunca esteve ali); o Emocionais: sensação de alegria, medo, euforia (risos), sem explicações; o Sensoriais: sensação de parestesia, hipoestesia, hiperestesia, dor. São sensações que podem indicar, como também uma gustativa ou olfatória. • Crises focais podem ter uma evolução para crises tônico-clônicas bilaterais. Nas classificações antigas diziz-se que eram crises generalizadas secundárias, evolução das crises focais bilaterais. Crises de início generalizado • Pode até iniciar em uma rede neuronal, mas, rapidamente ganha outras redes neuronais em outro hemisfério cerebral; • Aqui não tem a classificação de perceptiva e disperceptiva > já que são, por definição, com perda de consciência quando falamos sobre crises generalizadas; • Início motor: o Tônico-clônicas: aumento do tônus com movimentos clônicos. São as crises que causam mais abalos emocionais para quem se depara com o paciente em crise; o Tônicas: hipertonias ou atonias. o Clônicas; o Espasmos epilépticos: como na Síndrome de West, com comprometimento cognitivo associado; o Mioclônicas: choques; o Mioclonias atônicas: choques seguidos de perda do tônus muscular; o Mioclonias tônico-clônicas; o Mioclonias tônicas. • Início não motor (ausências): o Típicas: perda de consciência momentânea e retorno ao normal após alguns segundos; o Atípicas: as vezes o início da crise é mais lento ou o fim é mais lento; associação do tonus, com hipo ou atonia pode ocorrer também; o Mioclônicas; o Mioclonias palpebrais: abrir e fechar os olhos rapidamente ou jogar os olhos para trás. Crises de início desconhecido ou não classificado • Início motor: o Tônico-clônicas; o Espasmos epilépticos. • Não motor: o Parada comportamental. • A pessoa que viu a crise ficou emocionalmente abalada e não soube descrever como começou a crise, ou foi à noite, de madrugada e quando foram prestar socorro o paciente já estava do meio para o final da crise; • Não classificada porque não se encaixa nos critérios de definição. Principais síndromes epilépticas na adolescência e vida adulta Epilepsia mioclônica juvenil • Início entre 5 e 16 anos; • Mioclonias em todos os casos, crises tônico-clônicas generalizadas (CTCG) em 80% dos casos e ausência típica em 30% dos casos; • Fotossensibilidade em 30% dos casos > gatilho para as crises; • Bom prognóstico. Epilepsia de ausência juvenil • Início na puberdade; • Baixa frequência de crises de ausência > não diária e imperceptíveis > não exacerbada como na infantil; • Associadas a CTCG; • Menor resposta ao tratamento medicamentoso; • Não traz grandes prejuízos ao paciente, tem bom prognóstico. Epilepsia com crises tônico-clônicas do despertar • Início na segunda década de vida; • Mais frequente no sexo masculino com forte predisposição genética; • Maioria das crises ao despertar > normalmente alguns minutos após o despertar; • Predomínio de CTCG, mas podem ocorrer ausência e mioclônicas; • Bom prognóstico > remissão com o tempo. Epilepsia mesial temporal com esclerose hipocampal • Comumente diagnosticada em adultos e tem uma grande refratariedade aos antiepilépticos; • É a principal indicação para o tratamento cirúrgico, já que existe uma esclerose no hipocampo, geralmente na região medial > faz-se a ressecção dessa esclerose com alta taxa do controle das crises; • A semiologia é típica: auras epigástricas (sensação desconfortável no estômago), aura experiencial ou autonômicas; • Starring: olhas esbugalhado, olhando para o nada; • Automatismos oromastigatórios e manuais são comuns. • Normalmente o paciente tem a sensação de aura, logo depois o starring e os automatismos, com perda da consciência (desligado), pode ter desvio encefálico do mesmo lado ao foco epileptogênico, posturadistônica do membro superior contralateral; • Inicia-se o anticonvulsivante, após o diagnóstico, considerando que a refratariedade é alta. Conduta na primeira crise • Anamnese e exame físico (fatores preciptantes, caracterização das crises); • Rastreio infeccioso e metabólico (níveis de sódio, glicemia e perfil toxicológico em casos selecionados): o Hiponatremia é muito comum em pacientes com crise metabólica; • Neuroimagem: o Para todos na primeira crise, mesmo que o paciente se apresente bem no momento da consulta; o Realizar pelo menos uma TC > é o mais indicado na emergência; o No ambulatório, solicitar uma RNM para identificar se não há um tumor levando à crise, associada a um EEG. • Coleta de líquor (caso haja suspeita de infecção) > em casos de febre e sinais meníngeos (meningite, meningoencefalite); • EEG. • Diagnósticos diferenciais: o Síncope: verificar se não foi por uma hipotensão; o Verificar se não ocorreu um AIT ou outro distúrbio do movimento, como a coreia; o Migrânea: considerar as auras da enxaqueca, com escotomas; o Distúrbio do sono; o Alterações psiquiátricas (crises de pânico e alucinações); o Crises não epilépticas psicogênicas; o Algumas pessoas podem ter crises epilépticas e outras de origem não epilépticas em conjunto; • Na primeira crise, é necessário primeiro observar o paciente (considerar que os exames e a avaliação do paciente já foram fei tos corretamente). Nesse momento ele pode receber alta sem prescrição de anticonvulsivantes. • Tratamento: o Início de um fármaco não é recomendado rotineiramente; o Indicado quando o risco de recorrência é maior que 60% > se tem uma lesão em um exame de imagem ou se no EEG é possível verificar foco epileptiforme > indica-se o anticonvulsivante; o Correção do fator causal > como uma hiponatremia > possível usar um anticonvulsivante até que o fator causal seja solucionada; o Pelo menos 70% dos pacientes com epilepsia recém diagnosticada respondem ao primeiro fármaco anti-epiléptico. o Em estudos recentes a demonstraçãoo é de que após associar 2 fármacos na terapia para a epilepsia, a partir do 3º, ou seja, uma politerapia, o efeito na síndrome já não causa praticamente nenhum efeito a mais de melhora do quadro visto antes da nova associação. • Escolha do tratamento: o Na maioria das vezes os anticonvulsivantes estão associados à ação nos canais iônicos (de sódio, cálcio), como a carbamazepina, fenitoína. Alguns são agonistas GABAérgicos (lembrar que o GABA possui ação inibitória). o Basicamente as diretrizes são as seguintes: o paciente está diante de uma crise focal? Se sim, escolha uma droga que tenha uma boa resposta como a carbamazepina, oxcarbazepina, Lamotrigina, topiramato. Diante de uma crise generalizada, o ácido valpróico é uma boa opção. Em crianças, na crise de ausência infantil: a Etossuximida. Nas crises generalizadas a lamotrigina é uma boa opção. É importante avaliar os efeitos colaterais. É uma emergência neurológica mais frequente com consequências a longo prazo, como dano e morte neuronal permanentes. Quando o s mecanismos de interrupção de uma crise epiléptica são interrompidos. Ocorre uma diminuição dos neurotransmissores GABA, assim como a morte de interneurônios, alteração nos receptores GABAérgicos, processo inflamatório local > que levam à morte neuronal com o tempo. Introdução • EME: inicialmente compreendido como uma condição neurológica anormal e suficientemente prolongada ou que recorresse a intervalos curtos capazes de produzir uma condição epiléptica duradoura e invariável; • Na prática clínica, EME é definido como uma crise epiléptica com duração igual ou superior a 30 minutos ou crises epilépticas subentrantes sem recuperação completa da consciência > o tempo está diretamente relacionado ao aumento da mortalidade e morbidade neurológica; • Do ponto de vista semiológico, pode ser classificado em “convulsivo”, no qual há manifestações motoras evidentes e exuberantes e “não convulsivo”, caracterizado pela ausência de manifestações motoras ou manifestações motoras discretas. Contudo, crises epiléticas com duração superior a 5 minutos têm risco elevado para atingirem duração de 30 minutos; • Assim, de modo operacional, o EME pode ser definido como uma crise epiléptica contínua ou crises intermitentes sem recuperação da consciência com duração superior a 5 minutos. • Em crianças menores de 5 anos de idade, o tempo considerado para conceituar o EME deve ser de 10 minutos (em crises focais também); • Embora não seja consenso entre os autores e haja mais de uma definição na literatura, o EME com duração superior a 2 horas é denominado EME refratário. • O EME super-refratário é aquele cuja crise epiléptica tem duração superior a 24 horas após o início dos fármacos anestésicos, incluindo os casos em que há recorrência do EME durante a retirada ou suspensão da anestesia. Epidemiologia • O EME tem incidência estimada de 10 a 41 casos por 100 mil habitantes; • Ate 60% dos casos ocorrem em pacientes sem diagnóstico de epilepsia prévia > causas normalmente são crônicas ou agudas; • AVC é a patologia aguda mais frequente entre as causas de EME; • Pacientes com diagnóstico prévio de epilepsia: a perda de adesão à terapia medicamentosa é a causa mais frequente de EME; • Entre 4 e 16% dos pacientes epilépticos podem ter algum episódio de EME na vida; • Picos de incidência: crianças menores de 10 anos, adultos com idade acima dos 50 anos. • Condição grave e muito fatal > mortalidade estimada em 20%; • Idade e tempo de duração do EME podem aumentar a taxa, podendo ser mais de 50% em algumas situações > principalmente em casos refratários; • Etiologias agudas são as que tem pior prognóstico > entre elas: encefalopatia anóxica é a que possui maior morbimortalidade. Fisiopatologia • Atividade epileptiforme ictal anormalmente prolongada ou reentrante > acontece como resultado de: o Iniciação de mecanismos que geram crises anormalmente prolongadas e/ou o Falha dos mecanismos envolvidos na cessação da atividade epiléptica nos circuitos neurais > o que leva à perpetuação de crises. • Desbalanço entre mecanismos excitatórios (aumentam) e inibitórios (diminuem); • Término de uma crise: depleção de neurotransmissores e de ATP na fenda sináptica e nos reservatórios intracelulare, além de alterações iônicas, mudança no equilíbrio acido-básico e aumento na modulação GABAérgica e na liberação de neuropeptídios. • Antes do final da atividade elétrica epiléptica: percebe-se um aumento na sincronização temporoespacial no EEG > sugere que há uma transição entre os dois momentos: ictal e interictal > essa alteração está ALTERADA ou AUSENTE nos pacientes com EME (antes de atingirem o estado pós-ictal, retornam a atividade ictal de um modo cíclico e contínuo ou reentrante); • A ativação sináptica inicialmente compensa o aumento da demanda metabólica gerada pela atividade excessiva > porém, com o passar do tempo, ocorrerá esgotamento desses mecanismos; • Atividade epileptiforme sustentada desencadeia processos inflamatórios neuronais > quebra da barreira hematoencefálica > alterações sinápticas > pode repercutir em mudança na expressão gênica; • Persistência do EME: pode acarretar alterações na expressão de receptores de membrana (internalização de receptores GABAérgicos – inibitórios – e externalização dos glutamatérgicos – excitatórios) > a condição passa a ser menos responsiva com ação GABAérgica (como benzodiazepínicos) e potencialmente mais refratária (começa a não responder a diversos medicamentos); • Podem acontecer consequências graves em longo prazo, até a morte neuronal, gerando sequelas clínicas e principalmente cognitivas. Definições e conceitos básicos • EME: crise com duração superior a 30 minutos ou crises reentrantes sem recuperação da consciência entre elas; • Crises com duranção prolongada tem baixachance de cessar espontaneamente; • Considerando a tabela acima, uma crise que dura mais que T1 já pode ser considerada prolongada o suficiente para não mais se esperar que ela cesse espontaneamente, sendo necessário tratamento farmacológico para que a atividade epiléptica seja interrompida; • Não esperar T2 para iniciar o tratamento > mas, a partir desse tempo, pensar em abordagens mais agressivas, já que as consequências são maiores; • EME pode ser classificado, de forma prática, também pela presença de manifestações motoras e alteração da consciência: Estado de mal epiléptico convulsivo (EMEC) Presença de atividade motora intensa, com alteração da conscência e abalos/hipertonia bilaterais, o que, em geral, é descrito como crise tônico-clônica generalizada. Estado de mal epiléptico não convulsivo (EMENC) Não se observa atividade motora ou ela ocorre de maneira sutil. No EEG observa-se atividade epileptiforme ictal prolongada ou recorrente. Há uma variedade de expressões clínicas (alterações do comportamento, cognição > psicose, perseveração, ilusões/delírios, agitação, anorexia, catatonia). Varia de leve alteração na consciência até o coma. Estado de mal focal com alteração da consciência (paciente desperto, mas confuso > EEG focal). Estado de ausência (EEG generalizado). Estado de mal no coma (sem manifestações clínicas, diagnóstico apenas pelo EEG). • Um paciente, em tratamento ou não, pode evoluir para diminuição dos abalos motores mais proeminentes > apresentar manifestações mais discretas; • Abalos motores sutis das extremidades, movimentos oculares estereotipados ou mesmo um estado confusional persistente, que surgem após quadro de crise prolongada ou EMEC: deve-se sempre levantar suspeita de um possível EMENC > obrigatória a realização de EEG; • Após EMEC, quase 50% dos pacientes continuam com padrões no EEG que indicam progredir com tratamento anticonvulsivante. Causas • Semelhantes as de uma primeira crise epiléptica, sendo mais prevalentes as causas neurológicas agudas e os fatores desencadeantes de crises em previamente epilépticos; • São causas classificadas como sintomáticas progressivas, que reúne doenças com cursos progressivo, em que a piora das crises faz parte do processo patológico; • A progressão pode ser interrompida com tratamentos (imunossupressão ou neurologia, como exemplos) ou pode ser uma patologia degenerativa que não possui terapia específica capaz de mudar o curso da doença. Exames complementares • Investigação complementar será direcionada para a pesquisa de causas agudas sistêmicas e neurológicas e de sequelas cerebrais de patologia prévias > que possam estar implicadas no EME atual; • Alguns exames podem ser úteis como monitorização do tratamento anticonvulsivante. • Exames laboratoriais: o Hemograma; o Eletrólitos; o Função renal e hepática; o Gasometria; o Dosagem de amônia (diagnóstico diferencial de causas de encefalopatia e também útil para monitorizar possíveis efeitos adversos de drogas como valproato de sódio e topiramato, que aumentam o risco de hiperamonemia); o Pacientes previamente epilépticos: níveis séricos de anticonvulsivantes em uso são úteis para avaliar a eficácia e aderência ao tratamento. • Neuroimagem: TC de crânio e/ou RM de encéfalo: o Pesquisa etiológica do quadro; o TC: mais acessível e rapidamente executável (emergência, alteração de consci~encia, ventilação mecânica e UTI exigem exames com respostas rápidas); o RM: indicada nos casos em que há sinais e sintomas focais ou achados EEG muito localizados > garantir maior grau de acurácia possível que não há lesões estruturais envolvidas na gênese do quadro. Indicada também nos casos de EME sem etiologia definida. • EEG: o Dispensável para o manejo inicial durante o atendimento de urgência > já que nesse momento o tratamento deve ser instituído o mais precoce possível; o Se suspeição de EMENC: é fundamental para o manejo subsequente > nesses casos, o registro do EEG deve ser prolongado, a fim de aumentar a sensibilidade para a detecção de crises. ▪ 90% dos pacientes que apresentarem pelo menos uma crise documentada e persistirem com algum grau de encefalopatia, terão crises eletrográficas nas primeiras 24 horas de monitorização prolongada. o Após EMEC ser controlado, paciente deve ser monitorizado com EEG por ao menos 24 horas para descartar a possibilidade de crises eletrográficas em curso ou mesmo de um EMENC > recomensa-se tempo mais longo (48 horas) em casos que apresentem alteração de consciência > em alguns casos pode ser necessário o registro ainda mais prolongado; o EEG no EME: pode mostrar um padrão ictal claro, caracterizado por crises contínuas ou reentrantes, ou padrões mais complexos, não necessariamente ictais. • LCR: o Faz parte da investigação: obrigatório para casos sem etiologia clara; o Devem ser afastadas contraindicações (coagulopatia e lesão com efeito de massa em SNC); o Útil nos casos em que se suspeita de etiologia imunomediada/paraneoplásica ou infecciosa não diagnosticada pelos demais exames. Tratamento • Objetivo: interromper as crises epilépticas, evitar lesão neuronal permanente e consequências de longo prazo; • Solucionar causas das crises; • Além da terapia anticonvulsivante: médico deve se preocupar com a etiologia do quadro > precisa ser resolvido para que as crises passem e sejam mais fáceis de serem controladas; • Em caso de EME graves ou refratários: suspeitar de que a causa não está sendo adequadamente controlada. Tratamento EMEC: PRIMEIRO PASSO – ESTABILIZAÇÃO CLÍNICA • Monitorizar sinais vitais, avaliar necessidade de aspiração de vias aéreas, fornecer O2 suplementar durante a crise, posicionar o paciente em decúbito lateral, aferir glicemia capilar; • Estabelecer acesso venoso periférico e coletar amostra de sangue para exames laboratoriais; • Considerar administrar tiamina parenteral (se suspeita de etilismo, abstinência alcoólica ou desnutrição); • Obter o maior número de dados relevantes da história clínica com familiares e acompanhantes e realizar o exame físico neurológico direcionado ao quadro (fundoscopia, pupilas, motricidade ocular, déficits neurológicos focais, crises sutis e rigidez da nuca); SEGUNDO PASSO – SE A CRISE AINDA ESTIVER EM CURSO (T1) • Iniciar tratamento anticonvulsivante > benzodiazepínicos, conforme a tabela 4; • Se nenhum dos citados na tabela estiverem disponíveis > considerar alternativamente fenobarbital 15 mg/kg/dose, IV, em dose única; • Midazolam nasal ou bucal e Diazepam retal se estiverem disponíveis > principalmente para crianças em crises febris ou com elevada frequência de crises; • Administrar benzodiazepínicos em ambiente pré-hospitalar quando possível, pela equipe socorrista > reduz risco de chegar em EME e internação em UTI. TERCEIRO PASSO – SE CRISE AINDA PERSISTE (T2), PROCEDER AO TRATAMENTO DE SEGUNDA LINHA • Fase de risco de lesão permanente; • Não há evidencia sobre a melhor opção terapêutica > as opções estão na tabela 5 de acordo com a recomendação de especialistas. QUARTO PASSO – CRISE AINDA EM CURSO > EME REFRATÁRIO > PROCEDER TRATAMENTO DE TERCEIRA LINHA • Existe risco de lesão e plasticidade neuronal patológica; • Tratamento agressivo; • Não há evidencias de qual a melhor escolha > pode-se seguir a mesma conduta da segunda linha de fármacos com a escolha de outro fármaco ou proceder a infusão contínua de anestésicos, conduta que habitualmente se prefere nesse contexto (tabela 6). • Drogra habitualmente recomendada como escolha inizial: midazolam > eficaz e seguro; • Propofol: pode ser escolhido como primeira opção em algumas situações; • Tiopental: para casos graves apenas, tem maior morbidade associada, principalmente se usado de forma prolongada; • Quetamina: fármaco promissor > antagonista glutamatérgico, usadoem associação com midazolam ou propofol > menor risco de depressão cardiovascular; • Após drogas de infusão contínua: manejo guiado com EEG > alvo do tratamento atual: controle de crises e remissão do padrão EEG compatível com EME é aceitável; • Controlado o EME > manter mais de 24 horas de coma medicamentoso, antes de iniciar o desmame das drogas > monitorização com EEG > transição adequada e segura de anticonvulsivantes > as medicações devem ser preferencialmente de administração enteral e que permitam rápida titulação > desejáveis ao menos duas medicações em doses terapêuticas antes de iniciar o processo de desmame das drogas anestésicas; • Após 24 horas: iniciar redução da infusão em 25% da dose total, a cada 6 horas, desde que haja monitorização EEG concomitante; • Paciente deve estar em seguimento com neurologista e equipe médica clinica e intensivista; Tratamento EMENC: • Tratamento de primeira e segunda linha semelhantes ao tratamento da EMEC; • Evitar anestésicos e sedativos, que requerem intubação orotraqueal e ventilação mecânica, pela morbidade associada > falta de evidência de que essas medidas beneficiem o prognóstico > esses fármacos estão associados a maior risco de infecção e sepse, instabilidade hemodinâmica e tempo aumentado de ventilação mecânica; • Paciente persiste resistente após primeira e segunda linha: associar outro fármaco de segunda linha concomitante ou usá-lo de modo sequencial; • Aceitável também o uso de drogas por via não parenteral (via sonda nasoenteral ou oral): prefere-se fármacos que possam ser mais rapidamente titulados até atingir um nível sérico terapêutico, como o topiramato, levetiracetam, valproato, Vigabatrina, clobazam e carbamazepina; • Infusão contínua: deve ser exceção no EMENC. Prognóstico: • Mortalidade de EME está associado a sua causa; • Escala de gravidade do EME (STESS) > prediz o risco de óbito: • Mortalidade de EME em adultos: 30% > 48% em casos refratários; • Morbidade: risco alto para infecções, arritmias, IR, rabdomiólise, sequelas cognitivas e IAM, maior tempo em UTI e de ventilação mecânica; • Entre 20 a 50% dos sobreviventes apresentação algum comprometimento funcional cognitivo, principalmente em EME refratário;
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