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COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL AULA 6 Profª Cláudia Osna Geber 2 CONVERSA INICIAL Olá! Após tratarmos de todos os principais tópicos dessa fundamental área das organizações, a comunicação organizacional, vamos finalizar nossa disciplina ampliando ainda mais sua visão e trazendo novidades e tendências de mercado. Falaremos, então, sobre: O profissional da comunicação organizacional; A comunicação não violenta; A comunicação organizacional na era digital; Os principais desafios e tendências da comunicação organizacional; Como administrar conflitos por meio dessa comunicação. CONTEXTUALIZANDO Acreditamos que após as aulas e conhecimentos sobre o tema tenham deixado claro para você que a comunicação é presente e fundamental para a dinâmica das organizações, e que não existe nenhuma organização sem uma prática comunicativa, mesmo que os processos não sejam institucionalizados (Cardoso, 2006). Nesse sentido, a comunicação está diretamente ligada ao significado e ao valor da empresa e à forma com que se expressa, refletindo assim sua identidade e sendo o alicerce que estrutura para a empresa (Cardoso, 2006). A comunicação organizacional, porém, se apropria dos acontecimentos da sociedade, sendo influenciada, por conta disso, pelas mudanças em âmbito econômico, social, político e, principalmente, pela transição do cenário analógico para o digital (Kunsch, 2006). Nesse novo cenário, as tecnologias evoluem de forma cada vez mais rápida; junto com as tecnologias, evolui também a comunicação das organizações e o modo de produzir e de veicular mensagens (Kunsch, 2006) Chegamos, portanto, em um momento em que a comunicação precisa ser ágil e motivadora, utilizando da tecnologia já presente no dia a dia; para isso, as organizações precisam enfrentar de frente seus desafios, sempre abertas às novas transformações (Teclógica, 2018) 3 Saiba mais Leia a reportagem e entenda melhor o mundo em que vivemos para, então, aprender sobre as mudanças e transformações que a comunicação está passando neste “novo” mundo. DINO. O novo modelo mental de consumo e a era da experiência digital. Exame, 6 out. 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/dino/o-novo- modelo-mental-de-consumo-e-a-era-da-experiencia-digital/>. Acesso em: 14 fev. 2019. TEMA 1 – QUEM É O PROFISSIONAL DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL? Uma comunicação bem estruturada é resultado, além da integração entre as diferentes áreas e de outros importantes aspectos sobre os quais já falamos anteriormente, da experiência e do conhecimento dos profissionais envolvidos (Pimentel, 2017). Esses profissionais são, em geral, oriundos das áreas de Ciências Sociais e Humanas, provavelmente porque a comunicação organizacional está vinculada a essas áreas; porém, considerando a complexidade que o escopo da atividade envolve, é comum que os profissionais busquem outras especializações para complementar seus conhecimentos, como por exemplo a informática (Kunsch, 2006). Destaca-se, entre as áreas de formação desses profissionais, segundo uma pesquisa realizada em 2015 pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), a área de Comunicação Social, formação da maioria dos profissionais de comunicação (Mitsui, 2015). A mesma pesquisa aponta que 90% dos profissionais têm formação de nível superior, sendo 40% na área de jornalismo, 23% em relações públicas e 15% em publicidade e propaganda (Mitsui, 2015). Em relação à área de atuação, 74% dos participantes da pesquisa atuam com comunicação interna, seguido de 47% que trabalham com relações institucionais e relacionamento com a imprensa, e 39% com responsabilidade social (Mitsui, 2015). Ainda, 75% dos profissionais da área são mulheres, 44% residem em São Paulo e 61% tem até 35 anos de idade (Mitsui, 2015). Trata-se de uma área marcada pela presença de jovens profissionais, provavelmente por 4 ser uma relativamente nova, quando comparada, por exemplo, com medicina ou direito (Kunsch, 2006). Mas o que faz o profissional de comunicação organizacional? Ele é o responsável pelo planejamento e pela gestão da comunicação em uma empresa, seja ela pública, privada ou do terceiro setor, tendo como principais funções (Teclógica, 2016): Executar as ações que integram as organizações com os seus diversos públicos – tema que já estudamos; Definir as estratégias para garantir que a empresa e seus produtos tenham uma boa imagem perante o público-alvo desejado; Gerenciar crises associadas à comunicação; Planejar e supervisionar a produção de peças de comunicação para os diferentes públicos, com ações de endomarketing e campanhas publicitárias; Responder em nome da empresa às solicitações diversas dos veículos de imprensa; Controlar o fluxo de informações internas, disponibilizando-as conforme a necessidade dos gestores; Atuar em parceria com profissionais, departamentos de relações públicas, assessoria de imprensa e publicitários. O perfil desejado envolve uma formação humanística, mas também técnico-profissional, de forma que o profissional esteja apto não apenas a “fazer” o que a função demanda, mas que vá além, preocupado com o “como fazer” (Kunsch, 2006). Para alcançar isso, os profissionais devem ter um olhar interdisciplinar, com outras áreas da ciência, e também uma visão de mundo ampla – além, obviamente, de um profundo conhecimento sobre a área de comunicação (Kunsch, 2006). Assim, o profissional de comunicação corporativa deve ser capaz tanto de pensar quanto de agir de forma estratégica; tem, portanto, visão estratégica, experiência e noção do todo, pois entende, na organização em que atua e em tudo que a envolve, os objetivos, as metas e a cultura (Pimentel, 2017). A seleção desse profissional é similar à dos demais processos da organização: é feita uma busca por uma pessoa com valores alinhados com a 5 empresa. Porém, nessa função, destaca-se que o profissional precisa compreender que qualquer falha na sua área pode gerar um impacto muito grande para a empresa (Pimentel, 2017). É importante, ainda, que o profissional de comunicação busque, constantemente, compreender as mudanças no contexto, os públicos, as políticas, o mercado e a concorrência. É fundamental também acompanhar as tendências do mercado e atualizar-se com o que acontece, além de entender a empresa profundamente (Pimentel, 2017). A importância de estar atendo às tendências é ainda maior em um mercado volátil e competitivo, em que os profissionais precisam se reinventar constantemente (Mitsui, 2015). Destaca-se, ainda, segundo Kunsch (2006), uma das principais pesquisadoras do tema da comunicação organizacional no Brasil, que estamos vivenciando uma significativa melhora na formação dos futuros gestores da comunicação, com cursos de graduação e especialização que formam estrategistas e gestores da área, com uma ampla visão de sociedade, com interdisciplinaridade e contato frequente com as demais áreas. Saiba mais Veja uma vaga para uma empresa de São Paulo de analista de comunicação organizacional pleno e entenda melhor sobre o que a empresa estava buscando neste profissional: <https://www.selecaoprofissional.com.br/va ga/analista-de-comunicacao-organizacional-pleno-sao-paulo-15600>. TEMA 2 – A COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA A comunicação não violenta é uma técnica vez mais discutida e incorporada, não apenas na comunicação organizacional, mas também nas relações interpessoais, tendo esse conceito sido institucionalizadopor Rosenberg em seu livro Comunicação Não Violenta. Mas qual a importância de estudarmos esse tema? Bom, esse assunto gira em torno do fato de que conviver diariamente, por pelo menos oito horas, com colegas de trabalho, gestores, fornecedores, clientes etc., sendo empático, engajado e evitando conflitos, é um imenso desafio, e a comunicação não violenta busca ajudar nisso (Gomes, 2018). 6 Esse tipo de comunicação pode ser definido como falar e ouvir de forma aberta, ligando-se a si próprio e aos outros de forma a deixar a compaixão florescer, pois embora não consideremos violenta a forma como falamos, nossas palavras podem levar nós mesmos e os outros a sentir dor (Rosenberg, 2006). Nesse sentido, a comunicação não violenta tem como base habilidades de linguagem e comunicação que fortalecem a capacidade de continuarmos sendo humanos, mesmo em situações adversas (Rosenberg, 2006). A comunicação não violenta pode, também, ser entendida como uma técnica estrutural que visa auxiliar no uso das palavras de forma consciente, respeitando o que se percebe, sente e deseja, com mais atenção a si e ao outro (Valezio, 2017) A comunicação não violenta é considerada uma habilidade dos líderes, muito desejada pelas empresas pois, por mais incrível que pareça, ainda existem muitos gestores com comportamentos autoritários e uma comunicação agressiva motivados, na maioria das vezes, por acreditar que é necessário usar da força para exercer autoridade (Gonçalves, 2017). Para realizar uma comunicação não violenta de forma efetiva, é recomendado seguir quatro etapas (Rosenberg, 2006): 1. Observação: observar de fato o que está acontecendo na situação, sem julgamentos ou avaliações, evitando generalizações e buscando fazer avaliações tendo como base as observações de cada momento. 2. Sentimentos: após observar, é importante identificar como você se sentiu com a situação. 3. Necessidade: identificar quais necessidades estão associadas com o sentimento, evitando analisar e culpar, com foco em expressar as necessidades com clareza. 4. Pedido: Usar a comunicação não violenta para expressar como se sentiu, adotando ações concretas que realmente irão auxiliar na resolução do conflito. Porém, para adotar esse tipo de comunicação, é recomendado ir além dessas etapas; é preciso ter empatia com a opinião do outros, e, quando necessário, ajudar o outro a utilizar as mesmas técnicas da comunicação não violenta (Gonçalves, 2017). Esse comportamento engloba prestar atenção ao que o outro está observando, sentindo, precisando e pedindo, dando espaço para que ele se 7 expresse e se sinta compreendido. Outra importante característica da comunicação não violenta é fugir do que Rosernberg chama de “Comunicação alienante” (Valezio, 2017): Julgamentos moralizantes: Julgar os outros quando eles não agem de acordo com os valores que consideramos corretos; ao classificar e julgar as pessoas, estimulamos a violência. Negação de responsabilidade: Isso acontece quando atribuímos nossos atos a forças vagas e impessoais, a ações de outas pessoas, a ordens de autoridade, à pressão de grupos e a impulsos. Ao adotar a comunicação não violenta, além de conseguir separar um sentimento de uma opinião, um pedido de uma ordem, e resgatar a capacidade de se expressar de forma mais transparente e natural, a empresa ainda ganha como principais benefícios (Gomes, 2018): Resultados mais eficientes nas relações pessoais e, consequentemente, na organização; Uma melhor resolução dos conflitos; Melhoria na comunicação empresarial; Relações mais significativas entre as pessoas, que acarreta em melhor convívio e harmonia; Funcionário mais engajados e motivados para desempenhar tarefas e contribuir com a organização. Prova desse resultado é que, segundo depoimento da especialista no tema Marie Ururahy, cofundadora da Be Coaching do Brasil, “A Comunicação Não- Violenta vem revolucionando os relacionamentos em mais de 100 países e despertando atenção cada vez maior no Brasil, tanto em relação à sua utilidade individual quanto nos ambientes corporativos e institucionais, como em governos e até na ONU” (Lopes, 2018). Saiba mais Leia o Capítulo 2 (“A comunicação que bloqueia a compaixão”) do livro e descubra mais sobre a importância da comunicação não violenta nos relacionamentos interpessoais, para entender como essa técnica pode ser aplicada às empresas. 8 ROSENBERG, M. Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006. TEMA 3 – ERA DIGITAL O universo digital, que até pouco tempo não era considerado um instrumento de divulgação, com seu bombardeio de informações passou a influenciar a sociedade e, consequentemente, a comunicação (Pimentel, 2017). Além disso, as tecnologias da nova era digital impactam diretamente nas empresas e nos seus públicos-alvo; como consequência, a comunicação organizacional está mais próxima e individualizada (Teclógica, 2018). Uma das razões para que isso aconteça é que a comunicação organizacional, ao mudar sua forma de produzir e de veicular mensagens, deixa de voltar exclusivamente para um departamento, ou com foco em uma ação específica, demandando assim novas estratégias digitais, novos canais e novas plataformas (Teclógica, 2018). Nesse universo digital em que vivemos, é fundamental entender que todos são comunicadores (Pimentel, 2017); como consequência desse fato, os receptores da comunicação deixaram de ser estáticos, podendo eles também produzirem e transmitirem conteúdo, gerando assim uma narrativa compartilhada e coletiva (Teclógica, 2018). No contexto empresarial, uma nova postura deve ser incorporada para atender ao consumidor moderno, com uma comunicação inovadora, interativa e participativa, incorporando as redes sociais e outras ferramentas digitais (Teclógica, 2018). Um exemplo de comunicação é o varejo digital, tema sobre o qual falamos anteriormente. Ele utiliza da comunicação informal, como é a abordagem do Ponto Frio, que tem um perfil nas redes sociais – mas quem interage com os consumidores é uma mascote, o Pinguim (Pimentel, 2017). Destaca-se, porém, que para uma estratégia dessas funcionar, é importante o engajamento de funcionários que saibam utilizar os canais e as linguagens adequadamente (Pimentel, 2017). Ainda, com as mudanças da globalização, a gestão da comunicação passou a buscar plataformas e ferramentas digitais para auxiliar o ato de informar, como por exemplo: 9 Slack: Software gratuito que funciona como uma espécie de chat, facilitando o compartilhamento de informações e a divisão de projetos; Skype: Além do Skype tradicional, foi criado também o Skype Business, software pago que possibilita conversas simultâneas com até 250 pessoas, além de permitir a gravação das conversas. Trello: Software gratuito de gerenciamento do fluxo de trabalho, por meio de registro em quadros de atividades que podem ser compartilhados. Appear-in: Plataforma gratuita com salas online para videoconferências e reuniões. Whatsapp: Também gratuito, permite conversas rápidas pelos celulares, além da criação de grupos e do envio de arquivos e imagens. Esses novos canais, além de romperem com as barreiras geográficas, possibilitando, entre outros aspectos, o home office (trabalhar de casa ou de algum outro lugar fora do escritório), garantem a flexibilidade de acesso à informação, já que nem todos precisam estar disponíveis no mesmo horário, e ainda incorporam rapidez a informação,pois os canais digitais agilizam os fluxos e permitem que uma informação urgente seja recebida por todos em questão de segundos. Algumas das principais vantagens, que os gestores devem aproveitar, são (Partners, 2018): Relacionamento direto com o cliente: O meio digital permite às empresas conhecerem melhor seus públicos e conversarem de forma mais eficiente com eles. Imediatismo: Os retornos são rápidos, e as ações também. Mais alcance: As mensagens podem chegar a qualquer pessoa por meio de ferramentas simples, como redes sociais. Mais engajamento: O “boca a boca” torna-se mais forte no meio virtual. Mais possibilidade de venda/resultados: A mensagem chega para o público que realmente é o alvo da empresa. Mais presença na internet: Quanto mais links a marca tiver, mas ela será vista pelos públicos. Conteúdo de qualidade: Quanto melhor for a rede, mais ela é atrativa para o público. 10 Valor mais acessível: As ações digitais tendem a ser bem mais baratas que as tradicionais. Porém, é importante muita atenção para que a empresa não cometa os erros mais comuns, que são (Partners, 2018): Site desatualizado: Não fazer manutenção e agregar novos conteúdos. Redes sociais “abandonadas”: Não gerar conteúdo e manter o consumidor engajado. Não responder aos comentários nas redes: Não converter potenciais consumidores em consumidores. Falar da forma errada com seus públicos: Não levar em conta que cada cliente tem um perfil diferente. Oferecer um produto/serviço para o público errado: Não atender ao que o público está buscando. Ter apenas uma rede social ou estar em todas: Não definir a estratégia com base no posicionamento da empresa; Não se posicionar diante de críticas na web: Não se posicionar e responder aos clientes. Finalizo destacando que, na velocidade da informação, com os acontecimentos no mundo digital, uma informação errada ou mal interpretada pode causar prejuízos imensos a uma empresa (Pimentel, 2017). Saiba mais Leia a reportagem e entenda ainda mais sobre a nova era digital: DINO. Empresas que utilizam a transformação digital lucram mais, aponta estudo do gA. Exame, 25 ago. 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/dino/empresas-que-utilizam-a- transformacao-digital-lucram-mais-aponta-estudo-do-ga/>. Acesso em: 14 fev. 2019. TEMA 4 – PRINCIPAIS DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL Existem alguns desafios, ou barreiras da comunicação organizacional, que precisam ser compreendidos pois essa compreensão garantirá que a empresa corrija o que for necessário. Destacam-se, entre essas barreiras e soluções (Partners, 2018): 11 Falta de canais de comunicação eficazes: Como sabemos, a comunicação depende de: emissor, receptor, mensagem e canal; quando um elemento “não funciona”, a comunicação não funciona. Infelizmente, muitas empresas não dão atenção ao canal, utilizando apenas os básicos e não divulgando a mensagem corretamente. A solução é integrar mais os canais, estimulando as lideranças a compartilhar as mensagens com seus subordinados. Burocracia em excesso: Sem dúvida, a burocracia pode criar benefícios, por padronizar o trabalho, mas quando ela acontece em excesso, pode ser um problema inclusive para a comunicação, pois torna-se lenta e pouco agradável. A sugestão é desburocratizar a comunicação, eliminando, sempre que possível, formulários e similares, e integrando os canais. Barreiras psicológicas e presenteísmo: Presenteísmo é quando o funcionário está na empresa apenas “de corpo presente”, com a cabeça em outro lugar. Essa é uma barreira, pois nesse caso o funcionário não presta atenção ao que é dito. Para mudar esse cenário, sugere-se a criação de um ambiente agradável, no qual as pessoas gostam de estar. Ruídos semânticos na conversa: Ruídos semânticos acontecem quando as palavras não são compreendidas pelo outro lado, por exemplo, devido ao uso de termos técnicos não familiares, o que faz com que a comunicação deixe de ser efetiva. Para solucionar essa questão, é muito importante ter consciência da pessoa com quem se está falando, para saber qual linguagem utilizar. Barreiras físicas e barreiras para além da empresa: Existem muitos ruídos em uma empresa que podem atrapalhar a sua dinâmica, como por exemplo barulho de trânsito na rua ou congestionamento para chegar até o escritório. Como nem sempre é possível eliminar essas barreiras, o ideal é que a empresa se planeje para evitá-los, por exemplo conferindo dias de maior trânsito e criando um ambiente antirruído. Entre os desafios futuros, segundo a pesquisa “Tendências da Comunicação Interna 2019”, o principal, segundo 75% dos entrevistados, é “Engajar as lideranças como comunicadores” (Camacho, 2019). Esse desafio é 12 bastante comum nas empresas, e vai aumentando conforme a complexidade do ambiente corporativo e o tamanho da organização também aumentam (Camacho, 2019). A importância de os líderes serem comunicadores eficientes destaca-se, entre outros pontos, pela boa comunicação favorecer a clareza de propósito, dando senso de direção para os envolvidos (internos e externos) na organização, e assim relacionando a estratégia e a execução (Camacho, 2019). Ainda segundo essa mesma pesquisa, a comunicação realizada pelo gestor imediato foi apontada por 65% dos entrevistados como a forma mais eficaz de se comunicar; em grandes empresas, 70% dos entrevistados responsabilizam os lideres pela eficácia na comunicação (Camacho, 2019). Além da tendência de líderes comunicadores, é apresentada também a importância do fator humano na comunicação organizacional; ou seja, trata-se de compartilhar a responsabilidade da comunicação (Camacho, 2019) Uma das formas de superar esse desafio é utilizando de tecnologias como a Intranet, de aplicativos e de comunicação e rede social colaborativa (Camacho, 2019), ferramentas sobre as quais já falamos antes. Saiba mais E já que falamos tanto sobre o ambiente ser propício e agradável, confira a reportagem e descubra porque essa empresa é referência em ambiente de trabalho MELO, L. As regalias que fazem todo mundo querer trabalhar no Google. Exame, 13 set. 2016. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/carreira/beneficios-que-fazem-todo-mundo-querer- trabalhar-no-google/>. Acesso em: 14 fev. 2019. TEMA 5 – ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS A área da comunicação estuda desentendimentos e conflitos entre duas ou mais pessoas, entre membros de um grupo, entre grupos e dentro das organizações, onde a comunicação ainda são um grande desafio (Chiavenato, 2014). Um dos principais motivos de conflito na comunicação são os ruídos, que geralmente acontecem pela ausência de informações ou pelo fato de as informações não chegarem da forma e nos canais corretos. Se a comunicação 13 não for clara, a situação pode tornar-se bastante crítica, ainda mais em um cenário de crise como vivemos no Brasil, onde os trabalhadores já estão mais ansiosos e tensos que o normal (Cruz et al., 2016). Destacam-se ainda, como alguns dos principais motivadores de conflitos nas organizações, os seguintes aspectos: Incoerência entre discurso e prática: Se o que é dito é diferente do que é feito, a comunicação e a empresa, passam a vivenciar um conflito. Falta de transparência: Apesar de existirem informações confidenciais, é fundamental que a empresa não tenha como principal ponto de informação entre os funcionários o já falado “rádio peão”; Erro de priorização: Os públicos mais impactados pelamensagem devem ser os primeiros a recebê-la, e não o contrário. Visando minimizar os conflitos relacionados com a comunicação, destacamos algumas técnicas que podem ser adotadas (Chiavenato, 2014): Acompanhamento: Buscar saber com o receptor se a mensagem foi recebida e compreendida da forma correta. Empatia: Conhecer e compreender o destinatário da mensagem para saber melhor como se comunicar com ele. Escutar bem: Além de buscar ser bem entendido, o emissor da mensagem deve buscar entender o que o receptor comunica. Repetição: A repetição na mensagem garante que, se ela não for bem compreendida inicialmente, outras partes vão transmitir a mesma mensagem. Retroação: Representa dar espaço e oportunidade, para que o receptor da mensagem possa interagir e responder ao emissor. Simplificação da linguagem: Utilizar uma linguagem que não represente uma barreira à comunicação. Criar uma oportunidade: Em meio a tantas mensagens recebidas, é interessante que a organização crie momentos para que os receptores estejam mais atentos e abertos às mensagens. Nesse contexto, destaca-se que os bons comunicadores não são apenas bons oradores, mas sim pessoas assertivas na hora de expor suas ideias, não dando margem para dúvidas, com clareza e concisão (Chiavenato, 2014). 14 A assertividade é a capacidade de o ser humano se expressar de forma honesta, dando aos outros a oportunidade de se expressarem. Vejamos algumas dicas para desenvolver uma comunicação assertiva: Ter conhecimento do que é comunicado: Evitar falar do que não se sabe e buscar informações sobre o conteúdo que será comunicado em fontes confiáveis. Buscar por capacitação: Buscar constantemente adquirir mais experiência e conhecimento na área em questão. Saber quando falar: Saber o momento certo de falar, para não comprometer a mensagem. Ser intermediador: Ajudar e motivar os demais funcionários da empresa a se comunicarem sempre que necessário e da melhor forma. Ser claro e direto: É fundamental ser objetivo, mas sem ser agressivo, indo direto ao ponto e transmitindo a mensagem com clareza. Cuidar com a linguagem: Dar uma grande atenção à linguagem, seja ela escrita ou oral, para garantir que a mensagem seja devidamente compreendida, sem ruídos. Expressão corporal: A comunicação também é formada pelo corpo, então é importante dar atenção aos gestos; além disso, considerar que através da postura podemos transmitir segurança e confiança. Use a empatia: Reflita sobre como o outro se sente, colocando-se no seu papel; além de transmitir confiança, essa postura auxilia no correto recebimento da mensagem. Saiba mais Leia a reportagem e amplie seus conhecimentos sobre como a comunicação organizacional pode ser útil para minimizar os conflitos: MELHORE O fluxo de comunicação nas empresas com 7 práticas que funcionam. Safetec, 29 maio 2017. Disponível em: <https://blog.safetec.com.br/comunicacao/fluxo-de-comunicacao-nas- empresas/>. Acesso em: 14 fev. 2019. TROCANDO IDEIAS Se fosse possível escolher uma única palavra para definir o tempo em que vivemos, o termo seria velocidade, sobretudo na comunicação. Num piscar de 15 olhos, um comentário, um acontecimento, um produto ou uma pessoa ganha status de meme, viraliza e é compartilhado em todo o mundo (Partners, 2018). Nesse contexto, pensando em formas de comunicação não violenta e em técnicas para minimizar os conflitos, reflita sobre o modo como você acredita que as empresas podem se prevenir de virarem memes e terem suas imagens prejudicadas. NA PRÁTICA Assista ao excelente TedTalk do professor e psicólogo Adam Galinsky. Por meio de exemplos da vida real, ele demonstra como a comunicação é útil para defender pontos de vista, na vida e nas empresas. GALINSKY, A. How to speak up for yourself. TED, 17 fev. 2019. Disponível em: <https://www.ted.com/talks/adam_galinsky_how_to_speak_up_for_yourself>. Acesso em: 14 fev. 2019. Existem diversos exemplos na fala de Galinksy que podem ser aplicados aos aprendizados da aula, dentre eles: A situação de quando Adam decepcionou seu irmão gêmeo poderia ser resolvida por meio do uso da comunicação não violenta. Assim, ao invés do envio de uma contraproposta para a empresa que queria contratá-lo, poderia buscar uma conversa mais sutil e que levasse à proposta desejada. “Sentir-se poderoso”, e com isso ser confiante e transmitir a mensagem, pode ser aplicado por meio do uso das técnicas de comunicação assertiva ensinadas nesta aula. O fato de defender os outros pode ser exemplificado pela empatia, ferramenta detalhada em diferentes momentos desta aula, que auxilia muito no alcance de uma comunicação eficaz. A situação do banco e da gerente pode ser percebida tanto pela empatia quanto pelo uso de gestos e pela capacidade de ouvir o outro. FINALIZANDO Começamos essa aula explorando o profissional dessa área, sua formação, o perfil desejado, as características e principais funções. 16 Seguimos, então, para uma importante técnica de comunicação, a comunicação não violenta, que é uma tendência dos dias atuais nas organizações, e também nas relações interpessoais, por auxiliar na redução de conflitos e na criação de um ambiente de trabalho mais harmônico. Exploramos, então, a comunicação na nova era digital, apresentando o que é essa área e como a comunicação pode ter vantagens nela, adotando diferentes ferramentas e aproveitando seus benefícios com atenção para não incorrer nos erros mais comuns, causando prejuízos imensos à imagem da marca. Abordamos, depois, os principais desafios da comunicação organizacional, destacando diferentes barreiras, como por exemplo canal não eficiente, e também a importância de líderes comunicativos, o principal desafio previsto para 2019. Finalizamos, então, destacando alguns conflitos comuns que ocorrem na comunicação organizacional, e sugerindo dicas e técnicas para minimizar esses conflitos, em especial por meio da comunicação assertiva. 17 REFERÊNCIAS CAMACHO, L. Comunicação dos líderes: como lidar com o principal desafio da comunicação em 2019. Cultura Colaborativa, 25 jan. 2019. Disponível em: <http://duomoeducacao.com.br/curso-aberto-de-comunicacao-nao-violenta/>. Acesso em: 14 fev. 2019. CARDOSO, O. Comunicação empresarial versus comunicação organizacional: novos desafios teóricos. RAP, Rio de Janeiro, 2006. CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 3. ed. São Paulo: Manole, 2014. COMUNICAÇÃO Organizacional. Guia do Estudante, 2016. Disponível em: <https://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/comunicacao-organizacional/>. Acesso em: 14 fev. 2019. COMUNICAÇÃO organizacional: conceitos para uma gestão mais estratégica. Teclógica, 3 jul. 2018. Disponível em: <https://blog.teclogica.com.br/comunicacao-organizacional/>. Acesso em: 14 fev. 2019. CRUZ, L. et al. O papel estratégico da comunicação nas organizações. RH Portal, 19 set. 2016. Disponível em: <https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/o- papel-estrategico-da-comunicacao-nas-organizacoes/>. Acesso em: 14 fev. 2019. GOMES, K. Comunicação não violenta para atingir melhores resultados em empresas de forma engajadora. Duomo Educação, 20 set. 2018. Disponível em: <http://duomoeducacao.com.br/curso-aberto-de-comunicacao-nao- violenta/>. Acesso em: 14 fev. 2019. GONÇALVES, M. Comunicação não violenta: uma habilidade do líder do futuro. Guru do desempenho, 27 nov. 2017. Disponível em: <http://desempenho.guru/comunicacao-nao-violenta/>.Acesso em: 14 fev. 2019. KUNSCH, M, M, K. Comunicação organizacional: complexidade e atualidade. Novos Olhares, ed. 18, 2006. 18 LOPES, A. Comunicação não violenta no ambiente de trabalho. RH Portal, 18 jul. 2018. Disponível em: <https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/comunicacao- nao-violenta/>. Acesso em: 14 fev. 2019. MITSUI, M. O perfil do profissional de comunicação. Race Comunicação,1 set. 2015. Disponível em: <https://www.racecomunicacao.com.br/blog/o-perfil-do- profissional-de-comunicacao/>. Acesso em: 14 fev. 2019. OS PRINCIPAIS desafios da comunicação corporativa. Partners, 21 jun. 2018. Disponível em: <https://www.racecomunicacao.com.br/blog/o-perfil-do- profissional-de-comunicacao/>. Acesso em: 14 fev. 2019. PIMENTEL, M. Em pauta: manual prático da comunicação organizacional. InterSaberes, Curitiba, 2017. ROSENBERG, M. Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2006. VALEZIO, R. A Comunicação não violenta no dia a dia das empresas. LinkedIn, 12 ago. 2017. Disponível em: <https://www.racecomunicacao.com.br/blog/o- perfil-do-profissional-de-comunicacao/>. Acesso em: 14 fev. 2019.