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Família Solanaceae As plantas da família Solanaceae apresentam, em sua constituição química, saponinas e alcaloides tropânicos, os quais são muito utilizados na indústria farmacêutica (atropina e hioscina) A família Solanaceae está presente em diversas partes do mundo. A América do Sul tem a maior concentração de espécies dessa família, e o Brasil tem mais de 500 espécies nativas Compostos químicos das plantas da família Solanaceae Saponinas As plantas da família Solanaceae apresentam em sua constituição química as saponinas, glicosídeos de esteroides que apresentam um caráter anfifílico, ou seja, uma parte de sua estrutura tem característica lipofílica e outra hidrofílica. As saponinas são classificadas de acordo com o número fundamental de aglicona e presença de características ácidas, básicas ou neutras — assim ocorre a denominação de saponinas esteroidais, que são aquelas que apresentam características básicas, encontradas na família Solanaceae. Família Solanaceae Saponinas são originadas do metabolismo secundário das plantas, constituindo seu principal sistema de defesa, por isso são chamadas de fitoprotetoras. Elas têm a capacidade de formar complexos com esteroides, fosfolipídios e proteínas, capazes de apresentar atividade biológica diversificada. As saponinas pertencem ao grupo dos alcaloides esteroidais e apresentam nitrogênio no anel F. São conhecidas como dois tipos de estrutura: o espirolossomo, quando apresenta um nitrogênio secundário, e o solanadino, quando apresenta um nitrogênio terciário. Essas saponinas apresentam atividade surfactante hemolíticas, sendo plantas altamente tóxicas quando ingeridas. Solanina Glucoalcaloide tóxico de sabor amargo que corresponde à fórmula elementar C45H73NO15. Este composto é formado por um alcaloide, a solanidina, e por uma cadeia lateral de um carboidrato. Ocorre de modo natural em folhas, frutos e tubérculos de várias solanáceas, como por exemplo a batata e o tomate. A sua produção é considerada como uma estratégia adaptativa das plantas como mecanismo de defesa contra a herbivoria. A intoxicação por solanina caracteriza- se por alterações gastrointestinais (diarreia, vómito, dor abdominal) e alterações neurológicas: (alucinações e dor de cabeça). A dose tóxica é de 2 a 5 mg por quilograma de peso corporal. Os sintomas manifestam-se de 8 a 12 horas após a ingestão. A concentração destes glicoalcaloides na batata, por exemplo, varia significativamente dependendo das condições ambientais durante o cultivo, da duração do período de armazenamento e da variedade considerada. O conteúdo de glicoalcaloides, em média, é de 0,075 mg por grama de batata. Atropa Belladona L. Família Solanaceae Tropanos São compostos orgânicos nitrogenados bicíclicos (nomenclatura IUPAC: 8-Metil-8- azabiciclo[3.2.1]octano), de fórmula química elementar C8H15N. Este tipo de alcaloides inclui, entre outros, a atropina e a cocaína. Estes alcaloides ocorrem em várias espécies de solanáceas, como por exemplo a mandrágora (Mandragora autumnalis), o meimendro-negro (Hyoscyamus niger), a beladona (Atropa belladonna) e o estramónio (Datura stramonium). A atropina é a forma racémica da hiosciamina, proveniente da beladona, e é utilizada para dilatar a pupila do olho durante os exames oftalmológicos. O suco das bagas de Atropa belladonna foi utilizado pelas cortesãs italianas durante o Renascimento para exagerar o tamanho dos seus olhos mediante a dilatação das pupilas. A atropina é também um estimulante do sistema nervoso central e é utilizada como tratamento para o envenenamento com gás nervoso ou insecticidas organofosforados. A escopolamina (proveniente de Hyoscyamus muticus e Scopolia atropioides), é outro tropano que se utiliza em pequenas doses para o tratamento de náuseas.[8][9] A escopolamina e a hiosciamina são os alcaloides tropânicos mais amplamente utilizados em farmacologia e medicina devido aos seus efeitos sobre o sistema nervoso parassimpático. Estes alcaloides não podem ser substituídos por nenhuma outra classe de compostos pelo que a procura continua a crescer. Esta é uma das razões para o desenvolvimento de um fértil campo de investigação sobre o metabolismo dos alcaloides, das enzimas envolvidas no seu metabolismo e dos genes que as produzem. A hiosciamina 6-β hidroxilase, por exemplo, é a enzima que catalisa a hidroxilação da hiosciamina que conduz à produção de escopolamina no final da cadeia biossintética dos tropanos. Esta enzima foi isolada e o gene correspondente foi clonado a partir de três espécies: Hyoscyamus niger, Atropa belladonna e Brugmansia × candida. Nicotina A nicotina (nomenclatura IUPAC (S)-3-(1- metilpirrolidin-2-il) piridina) é um alcaloide que é produzido em altas concentrações pela planta do tabaco (Nicotiana tabacum), mas que também ocorre, embora em menor concentração, em outras espécies de solanáceas como a batata, o tomate, a beringela e o pimento. A sua função nas plantas é actuar como defesa contra a acção dos herbívoros, sendo uma excelente neurotoxina, em particular contra os insectos. Em consequência, a nicotina foi utilizado durante muitos anos como insecticida, sendo o uso substituído actualmente por moléculas sintéticas derivadas da sua estrutura. Em baixas concentrações a nicotina atua como um estimulante para os mamíferos, sendo esta a causa da dependência dos fumadores. Capsaicina A capsaicina (nomenclatura IUPAC 8-metil-N- vanillil-trans-6-nonenamida) é um alcaloide que não está estruturalmente relacionado com a nicotina ou com os tropanos. Ocorre nas espécies do género Capsicum, as quais incluem os populares chiles e habaneros e é o componente activo que determina o sabor picante destas espécies. O composto não é apreciavelmente tóxico para os humanos. Não obstante, estimula receptores específicos da dor na maioria dos mamíferos, especialmente aqueles relacionados com a percepção do calor na mucosa oral e outros tecidos epiteliais. Em contacto com estas mucosas, a capsicina causa uma sensação de ardor não muito diferente de uma queimadura real por fogo. As saponinas encontradas no gênero Solanum têm diversas atividades biológicas, como ações citotóxicas, hepatoprotetoras, antifúngicas e anticonvulsivantes (KAUNDA; ZHANG, 2019). Já os alcaloides esteroides encontrados no gênero Solanum apresentam atividades biológicas como anticâncer, antidiabético e depressor do SNC. Triterpenos são encontrados nas partes áreas da Solanum e têm propriedades biológicas sobre linhagens celulares de tumor de pulmão e atividade anti-inflamatória, também diminuído a expressão da proteína ciclooxigenase-2 O gênero Solanum da família Solanaceae tem grande representatividade em várias partes do Brasil (Ceará, Bahia, Mato Grosso do Sul, Paraná e Santa Catarina), sendo muito utilizado na medicina popular. Vários estudos farmacológicos foram desenvolvidos para avaliar seus efeitos analgésicos, antibacteriano, antifúngico e nefrotóxico (KAUNDA; ZHANG, 2019). Família Solanaceae Os alcaloides tropânicos demostram efeitos diferentes dos alucinógenos naturais. A atropina e a escopolamina (hioscina) apresentam características extremamente tóxicas e seu consumo de forma indevida leva à perda de sentido da realidade pelo usuário, um dos efeitos alucinógenos, e à sensação de voar e um profundo sono. Os alcaloides tropânicos apresentam atividade sobre o sistema nervoso central (SNC), efeitos que ocorrem devido às diferentes funções nas estruturas moleculares. O tropanol trabalha na inibição das ações da acetilcolina em efetores autônomos inervados pelos nervos pós- ganglionares colinérgicos A atropina é um fármaco utilizado para aumentar a frequência cardíaca ou é utilizado de forma local para dilatar as pupilas (midríase), sendo utilizado clinicamente nos exames oftálmicos. A escopolamina é uma amina terciária e seus efeitos acontecem sobre o SNC. É utilizada no tratamento da cinetose, redução da náusea, enjoo de movimento e espasmos musculares. Como efeito colateral pode causar bradicardia,sedação, delírios, alucinações e convulsões. A atropina e a escopolamina apresentam efeitos alucinógenos semelhantes à cocaína. Isso ocorre devido à semelhança entre suas estruturas químicas. Elas são antagonistas colinérgicos e muscarínicos, exercendo diferentes efeitos sobre o SNC. Esses fármacos pertencem ao grupo de alucinógenos delirantes, provocando alucinações de delírio, hiperatividade, alteração do estado efetivo e amnésia. Esses delirantes são um grupo que não apresenta muitos estudos de seus efeitos alucinógenos; seus perfis são pouco compreendidos e necessitam de mais estudos clínicos Atividades alucinógenas das plantas da família Solanaceae Propriedades narcóticas Fitoquímica As plantas psicoativas apresentam substâncias capazes de alterar a neuroquímica, pois atingem certos receptores neuronais quando consumidas por seres humanos. Essas plantas têm a propriedade de alterar a percepção, a emoção, entre outros. Os alvos moleculares dos compostos bioativos são específicos no SNC e interagem com os receptores neuronais, provocando efeitos psicoativos. A atropina promove sedação e incapacidade antagonista, provocando o bloqueio neuromuscular. O tabaco (Nicotina tabacum) por muito tempo foi utilizado pelos índios das Américas, principalmente no México e no Peru, porque acreditavam seu poder medicinal. Ele também era fumando durante cerimonias para selar a paz (ALRASHEDY; MOLINA, 2016).
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