Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
• Varias condições podem alterar o equilíbrio acidobásico → principal mecanismo fisiopatológico que modifica este nas células é a isquemia tecidual o Uma queda acentuada da perfusão impede a chegada de O2 e nutrientes as células → e a retirada de CO2 e toxinas provenientes do metabolismo. o Acúmulo de CO2, ácido lático e outras substancias acidas leva a redução do pH ic e perda de atp → leva a disfunção tecidual que pode se agravar e prolongar causando autólise e apoptose; • O fenômeno isquêmico pode ser localizado em um órgão → distúrbio acidobásico tecidual local, sem repercussão sobre o pH plasmático o Ou ser um processo generalizado, como no choque e sepse → leva à disfunção orgânica múltipla e à queda do pH plasmático, principalmente pelo acúmulo de ácido lático no sangue ❖ Existem muitos distúrbios acidobásicos que modificam primariamente o pH plasmático o Distúrbios acidobásicos que levam à redução do pH plasmático → acidoses. o Distúrbios acidobásicos que levam ao aumento do pH plasmático → alcaloses. • Podem ser metabólicos ou respiratórios o Metabólicos → definidos primeiramente pelos níveis de bicarbonato; o Respiratórios → definidos pela alteração primaria dos níveis de CO2; • O principal sistema tampão do compartimento ec e plasma é o sistema bicarbonato-dióxido de carbono → HCO3 funciona como base e CO2 como ácido o HCO3- + H+ ↔ CO2 + H2O • O excesso de H+ é tamponado pelo HCO3, formando H2CO3 → convertido em CO2 + H2O pela anidrase carbônica das hemácias circulantes • Alterações plasmáticas de H+ são parcialmente corrigidas pela reação → esse mecanismo apenas ameniza as variações do pH plasmático nos distúrbios, mas não impede o CO2 + H2O ↔ H2CO3 ↔ HCO3 + H+ ❖ O pH plasmático depende diretamente da relação base/ácido do sistema tampão → relação HCO3/CO2 • Excesso de H+ consome HCO3 no tamponamento e reduz a relação HCO3/CO2 → pH do plasma cai → acidose metabólica o Perda de H+ é reposta pelo CO2, que segue a formação de HCO3 e aumenta a relação HCO3/CO2 → pH plasmático eleva → alcalose metabólica • Existem outros tampões do sangue e interstício → hemoglobina e algumas proteínas plasmáticas e o bicarbonato constituem o total de bases no EC (buffer base) o O base excess é uma variação no total de bases → positivo quando se acumula e negativo quando há déficit de bases • A eficácia tampão é limitada → 2-3h após, células e ossos ajudam no tamponamento → podem captar ou liberar H+ → troca por íons como Na+ e K+ • Nas células, as proteínas e o fosfato são as principais substâncias tampão → nos ossos, a captação contínua de H+ se dá pela degradação do fosfato de cálcio o Leva a desmineralização óssea, podendo causar raquitismo e osteomalácia • O organismo lança mão de mecanismos compensatórios p evitar variação grande da relação HCO3/CO2 o Para isso, a resposta compensatória faz os níveis plasmáticos de base (HCO3) acompanharem os níveis de ácido (CO2), ou vice-versa. RESPOSTA COMPENSATÓRIA NOS DISTÚRBIOS METABÓLICOS • Esta resposta tem início quase imediato (minutos) • Variação do pH é captada por quimiorreceptores no arco aórtico → modula impulsos aferentes pelo nervo vago que chegam ao centro respiratório bulbar o A redução do pH estimula o centro respiratório, levando à hiperventilação → elimina mais CO2, reduzindo a PCO2 o O aumento do pH inibe o centro respiratório, promovendo hipoventilação → retenção de CO2, aumentando a PCO2 • Essa resposta compensatória é eficaz mas não perfeita → não evita que o pH varie de forma perigosa nos distúrbios metabólicos graves RESPOSTA COMPENSATÓRIA NOS DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS • Esta resposta é mais lenta → 3-5 dias para se iniciar, pois depende dos rins. o O pH das células tubulares acompanha o pH plasmático • Na acidose respiratória crônica, o pH das células está baixo → estimula a excreção renal de H+ e retenção de HCO3 • Pcte com DPOC avançado – retentor crônico de CO2 → gasometria apresenta pH baixo, PCO2 muito alta e HCO3 elevado o Exemplo: pH = 7,34 PCO2 = 80 mmHg HCO3 = 38 mEq/L. • Na alcalose respiratória crônica, o pH das células está alto → reduz a excreção renal de H+ e promove perda de HCO REGULAÇÃO RENAL DO EQUILÍBRIO ACIDOBÁSICO • Os rins precisam eliminar o excesso de H+ produzido diariamente pelo metabolismo proteico → 50-100 mEq de H+ produzidos por dia • O H+ é secretado pelo túbulo coletor → bastante influenciado pela reabsorção de Na e secreção de K o Para cada H+ secretado no lúmen tubular e eliminado na urina, 1 HCO3 é regenerado ao plasma → processo chamado de regeneração renal do bicarbonato. • A célula do túbulo coletor possui na membrana luminal H+-ATPase → faz a secreção tubular deste íon e mantém o pH urinário mais ácido que o plasmático o A acidez máxima da urina é um pH = 4,50 o A secreção tubular de H+ é necessária mas não suficiente p eliminar os 50-100 mEq produzidos ❖ A acidez urinária máxima equivale a uma concentração de H+ de apenas 0,04 mEq/L → quase todo H+ é excretado ligado a bases urinárias, sendo a principal a amônia (NH3) • A amônia liga-se ao H+ pela reação → NH3 + H+ = NH4+ (amônio). o É produzida e secretada pelas células tubulares proximais → produção regulada pelo pH plasmático e pode aumentar ate 10x nas acidoses e tornar-se suprimida nas alcaloses • A produção renal de amônia pelo túbulo proximal é o principal mecanismo que regula a excreção de H+ → rins normais possuem reserva de amônia, porém na IRC esta reserva fica cada vez mais reduzida ❖ Além de excretar o excesso de H+, os rins precisam reabsorver todo o bicarbonato filtrado pelo glomérulo → 3.300 mEq por dia • Este processo ocorre no túbulo proximal → célula tubular secreta H+ em troca de sódio → o H+ se combina com o HCO3 filtrado e forma CO2 + H2O o O CO2 passa livremente pela membrana da célula tubular → e no citoplasma segue a reação inversa, convertendo-se em HCO3 + H+ → o H+ é novamente secretado, e o HCO3 é reabsorvido • Na alcalose metabólica, quando o HCO3 plasmático > 28 mEq/L → parte do bicarbonato é eliminada na urina (bicarbonatúria) → o limiar de reabsorção de bicarbonato foi ultrapassado • A acidose metabólica “pura” é definida por HCO3 < 22 mEq/L e pH < 7,35 → distúrbio comum • Suas consequências clínicas não são tão graves quanto as da acidose respiratória aguda → mas a acidose metabólica grave (HCO3 < 10 mEq/L e BE < – 10 mEq/L) pode deixar o pH < 7,10 • A acidose metabólica surge quando há excesso de H+ não derivado do CO2 → ou há perda de HCO3 para o meio externo (perda urinária ou gastrointestinal). o São muitas as causas → em geral o quadro clinico laboratorial elucida a etiologia • Acidoses metabólicas podem ser divididas em acidoses com ânion-gap alto e acidoses hiperclorêmicas. • Algumas AM decorrem do acúmulo de substâncias ácidas na circulação, como a acidose lática o Uma substância ácida consegue se dissociar em H+ + base aniônica → qualquer ácido ▪ Ácido lático H+ + lactato- • O H+ liberado consome o HCO3 do plasma, levando à acidose metabólica → o ânion formado (lactato) se acumula na circulação, caso os rins não consigam excretá-lo o Este ânion retido faz aumentar o chamado ânion-gap ❖ Para que o equilíbrio eletroquímico seja mantido → total de cátions tem que ser igual ao total de ânions • Principal cátion do plasma é o Na+, e os principais ânions são cloreto (Cl-) e bicarbonato (HCO3-) → porem a concentração plasmática de sódio é maior que de cloreto e bicarbonato juntos o O equilíbrio eletroquímico é mantido pela existência de outros ânions plasmáticos → o somatório desses ânions é o ânion-gap 1. Equivalência elétrica do plasma → Na = Cl + HCO3 + ânion-gap 2. Fórmula do ânion-gap → Ânion-gap = Na – (Cl + HCO3) = 8-12 mEq/L • O ânion-gap inclui todos os ânions “não medidos” subtraído de todos os cátions “não medidos” • Ânions considerados“não medidos” → albumina é o principal, além de fosfato, sulfato, lactato e cetoânions (derivados dos corpos cetônicos). o Cátions “não medidos” → potássio, cálcio e magnésio • Usando a fórmula num indivíduo normal → Na = 140 mEq/L, Cl = 106 mEq/L e HCO3 = 24 mEq/L 1. Ânion-gap = 140 – (106 + 24) = 10 mEq/L ❖ O aumento do ânion-gap mantém o equilíbrio eletroquímico do plasma nesse tipo de acidose o Compensa a queda do ânion HCO3- → cloreto não precisa ser retido • As acidoses com ânion-gap alto o Acidose lática o Cetoacidose, Uremia o Intoxicação por salicilatos, metanol ou etilenoglicol • São decorrentes da perda de HCO3 para o meio externo ou da retenção direta de H+ • A diarreia é um exemplo comum → fluidos gi produzidos abaixo do piloro (bile, suco entérico e suco pancreático) são ricos em bicarbonato → acidose se instala pela perda fecal de bicarbonato. • Hipoaldosteronismo é um exemplo de acidose por retenção direta de H+ → aldosterona tem a função de promover reabsorção de sódio e secreção de potássio e H+ no túbulo coletor cortical o A deficiência predispõe à retenção de potássio e H+ • Nesse caso, para que o equilíbrio do plasma seja mantido, a redução do HCO3 deve ser compensada pelo aumento do cloreto plasmático → pois nenhum outro ânion foi retido • Exemplos o Diarreia o Fístulas biliares, entéricas ou pancreáticas o Ureterossigmoidostomia o Acidoses tubulares renais, nutrição parenteral total o Acetazolamida e diuréticos poupadores de potássio • A análise do AG urinário é muito importante para o diagnóstico diferencial das acidoses hiperclorêmicas • O valor normal é o oposto do AG plasmático → oscilando entre -8 e -12 mEq/L o Se existir uma dificuldade em excretar o hidrogênio, o cloreto também deixará de ser eliminado → com pouco cloro na urina, o AG urinário se tornará POSItIVO ❖ ACIDOSE LÁTICA → causa mais comum de acidose metabólica com AG alto • Sempre que tem produção excessiva de ácido lático no organismo → surge lactato pela dissociação o Ácido L-lático → derivado do metabolismo anaeróbico da glicose • A anaerobiose celular exacerba sempre que há hipóxia celular → como na isquemia grave, hipoxemia extrema, sepse, intoxicação por CO o A acidose L-lática associada à isquemia-hipóxia é a acidose lática Tipo A → as não relacionadas são tipo B ❖ Grande mal epiléptico, rabdomiólise, insuficiência hepática, infecção pelo HIV, neoplasia maligna ❖ CETOACIDOSE DIABÉTICA → potencialmente fatal mas reversível → deficiência insulínica como na DM1 pode levar a produção exacerbada de corpos cetônicos no fígado • 2 de 3 desses são ácidos → ácido acetoacético e ácido beta-hidro-xibutírico → são liberados em qtd maior que o rim pode excretar o A acidose pode ser grave com pH < 7 → anion gap elevado • Nos primeiros dias do tto os cetoânions são metabolizados → porém os rins demoram para excretar o excesso de H+ → surge acidose hiperclorêmica; ❖ CETOACIDOSE ALCOÓLICA → em pctes que consomem muito bebidas alcoólicas sem ingerir alimentos • Alcool inibe a gliconeogênese → desencadeia hipoglicemia e diminuição da produção de insulina → aumento de corpos cetônicos e cetoacidose. o Tto com glicose hipertônica → glicose estimula a produção de insulina ❖ INSUFICIÊNCIA RENAL GRAVE (UREMIA) → se a função renal cai < 20mL/min, o H+ é retido com sulfato → aumento do anion gap • Hipercalemia também responsável → pH cai 0,1 ponto a cada 0,4 mEq/L de aumento da calemia ❖ INTOXICAÇÃO 1. Por salicilatos → altas doses de AAS de uma vez → AAS convertido em acido salicílico, que dissocia em salicilato → além de aumentar a produção de acido lático e cetoacidos • Salicilato + lactato + cetoânions aumenta ânion-gap → vertigem, vômitos, hiperpneia • Na hiperpneia a gasometria mostra alcalose respiratória → casos graves respiratória + metabólica 2. Metanol → ingestão acidental causa perturbações visuais, cegueira, dor abd, cefaleia, vertigem, vômitos • Acidose metab grave pelo acumulo de acido fórmico → dissocia em formato 3. Etilenoglicol → leva a intoxicação grave, com crises convulsivas, IRA e acidose metb • Os ânions glicolato, oxalato, lactato e sulfato aumentam o ânion-gap → oxalato se precipita nos túbulos renais como oxalato de cálcio, levando à IRA oligúrica; ❖ PERDAS DIGESTIVAS DE BICARBONATO → perdas intestinais ocultas pelo uso de laxantes e resinas; ❖ URETEROSSIGMOIDOSTOMIA → acidose pois há absorção de Cl- em troca da secreção de bicarbonato na mucosa colônica e absorção colônica do NH4 urinário; ❖ ACETAZOLAMIDA → inibe a anidrase carbônica prejudicando a reabsorção de bicarbonato ❖ DIURÉTICOS POUPADORES DE POTÁSSIO ❖ NUTRIÇÃO PARENTERAL TOTAL → devido ao metab de alguns aminoácidos; ❖ IRC → produção de amônia comprometida mesmo nas fases iniciais → H retido ❖ INSUFICIÊNCIA SUPRARRENAL → falta da aldosterona → menos Na absorvido e K e H secretados ❖ HIPOALDOSTERONISMO HIPORRENINÊMICO → pela deficiência de aldosterona; ❖ PSEUDO-HIPOALDOSTERONISMO → TC resistente a ação da aldosterona; ❖ ACIDOSE TUBULAR RENAL TIPO I → disfunção das células intercaladas do túbulo coletor, com queda da atividade da H+ATPase → enzima responsável pela acidificação da urina • Acidose hiperclorêmica e hipocalêmica → K eliminado na urina no lugar do H+ • Também nefrolitíase por fosfato de cálcio → tamponamento ósseo do excesso de H+, com liberação de cálcio e fosfato no plasma, resultando em hipercalciúria e hiperfosfatúria • pH urinário mais alcalino e a hipocitratúria ❖ ACIDOSE TUBULAR RENAL TIPO II → disfunção no TP que inibe o processo de reabsorção de bicarbonato • Acidose costuma ser leve a moderada e do tipo hiperclorêmica e hipocalêmica → pH > 7 por bicarbonatúria ❖ ACIDOSE TUBULAR RENAL TIPO IV → pela perda da ação aldosterônica → pela queda na produção do hormônio, ou pela resistência renal ao seu efeito. • Acidose hiperclorêmica e hipercalêmica • Mandatório o diagnóstico da etiologia → dosagem de cloreto e cálculo do AG → diferenciar acidoses tubulares renais e acidoses hipercloremicas o Lactato > 2,5 mMol/L → acidose lática o Pesquisa de glicemia e cetonuria na urina → cetoacidose • Natremia, calemia, dosagem da ureia e creatinina são importantes. • Acidose urêmica → azotemia acima de 100 mg/ dl (ureia) e 5,0 mg/dl (creatinina); • Reposição de bases: o Feita em alguns casos, além da terapia especifica → uso de bicarbonato de sódio o Depende da causa da acidose e da gravidade ACIDOSES HIPERCLORÊMICAS → indicada reposição de bases em todas, exceção ATR IV, hipoaldosteronismo e por uso de diuréticos • Perdas digestivas de bicarbonato → NaHCO3 pode ser reposto com soro de hidratação venosa → atingir mais de 50 mEq para cada litro de fluido digestivo eliminado • IRC e acidoses tubulares • ATRs tipo I → reposição com citrato de potássio VO → 4-10 mEq/kg/dia (crianças) e 50-100 (adultos) • ATR tipo II → reposição em maior dose pois a perda urinária de bicarbonato é grande o Dose é de 10-15 mEq/kg/dia → citrato de potássio, por via oral. ACIDOSES COM ÂNION-GAP ALTO → reposição de bases não está indicada DE ROTINA na acidose lática e cetoacidose, mas indicada na uremia grave e intoxicações exógenas; • Ácidose lática → geralmente corrigindo a causa ele metaboliza bicarbonato no fígado e se autorregula; o Só repor NaHCO3 nos casos de acidose lática muito grave e refratária • Cetoacidose → na diabética, a reposição de insulina freia a produção de cetoacidos e ajuda os cetoânions serem convertidos em bicarbonato o Reposição de fluidos melhora a volemia e a função renal o Na alcoólica → reposição de glicose hipertônica estimula a liberação de insulina ▪ Só repor bicarbonato de sódio em cetoacidose diabética muito grave e refratária; • Insuficiência renal → na IRA repor NaHCO3 quando HCO3 < 17mEq/ → 30-60 mEq/dia o IRC repor 20-40 mEq/diade NaHCO3 quando HCO3 < 20mEq/L o Citrato de potássio é contraindicado e pode precisar de diálise; • Intoxicações → NaHCO3 venoso para facilitar a eliminação do veneno USO DE BICARBONATO VENOSO • Indicado na acidose metabólica grave → quando pH < 7,20 (6,9 na cetoacidose diabética) • Reflete alteração que pode comprometer a função enzimática celular o Arritmias ventriculares graves, choque por vasodilatação excessiva o Hipossensibilidade miocárdica e vascular as catecolaminas, depressão miocárdica ❖ O bicarbonato de sódio disponível para adm venosa tem concentração de 8,4% → cada ml contém 1 mEq de NaHCO3 • Riscos da adm de NaHCO3 venoso → edema agudo de pulmão, hipernatremia, redução do cálcio ionizado, redução pH IC; acidose liquórica paradoxal; • A alcalose metabólica “pura” é definida → HCO3 > 26mEq/L e pH > 7,45; • Frequente na pratica, sendo as principais causas → vômitos e uso de diuréticos tiazídicos/de alça o Se associada frequentemente a hipocalemia → uma leva a outra • Uma alcalose metabólica grave (HCO3 > 35mEq/L e BE > +10mEq/L) pode deixar o pH > 7,70; ❖ Surge quando existe perda de H para as células ou meio externo → havendo retenção de bicarbonato; o A cada H+ perdido, 1 CO2 liga-se à água e forma 1 HCO3 e 1 H+ → CO2 + H2O → HCO3 + H+ • Os rins eliminam o bicarbonato em excesso, não reabsorvendo do filtrado no nefron proximal → quando a concentração excede 28 mEq/L, há bicarbonatúria; • Existem condições em que a reabsorção está aumentada → hipovolemia e deleção de cloreto o A reabsorção de bicarbonato é atrelada à reabsorção de sódio → assim mais bicarbonato é reabsorvido na hipovolemia. o Na depleção de cloreto → o bicarbonato pode ser secretado em troca da reabsorção de cloreto → como pouco cloreto para ser reabsorvido, menos bicarbonato é secretado • A hipocalemia pode causar e perpetuar a alcalose metabólica → assim como o contrario • No nefron distal, Na é reabsorvido em troca da secreção de K e H → se pouco K, H é secretado no lugar ❖ ACIDURIA PARADOXAL → ocorre quando temos alcalose metabólica na presença de hipovolemia, hipocloremia e hipocalemia. • Na alcalose metabólica, espera-se urina alcalina → nesse caso a urina mantém-se ácida. o A hipovolemia e a hipocloremia impedem que o excesso de bicarbonato seja eliminado → sem bicarbonatúria o A hipocalemia também aumenta a secreção de H+, contribuindo para acidificar mais a urina. • Acidúria paradoxal = alcalose sérica + acidoseurinária • Passos na abordagem diagnóstica das alcaloses metabólicas → direciona para um dos grupos diagnósticos, baseados na origem da alcalose e na resposta ou não a cloretos: • História clínica detalhada → especialmente à história medicamentosa recente, uso de álcalis, presença de diarreia ou vômitos. o Dosagem do cloro sérico e avaliação do estado volêmico do paciente. o Dosagem do cloro urinário ALCALOSES METABÓLICAS EXTRARRENAIS RESPONSIVAS A CLORETO • Condições que levam a perda de cloreto em secreções do tubo digestivo → por vômitos, drenagem nasogástrica e algumas causas de diarreia • No exame físico, pcte com sinais de depleção volêmica o Laboratório revela hipocloremia e cloro urinário diminuído (< 20 mEq/L). ❖ VÔMITOS E DRENAGEM GÁSTRICA → suco gástrico muito rico em HCl, com pH bastante ácido → a perda de grandes quantidades de suco gástrico leva a depleção de H+ e gera alcalose metabólica o Entidade que mais cursa com vômitos repetidos e que pode levar a quadro de grave alcalose metabólica hipocalêmica e hipoclorêmica → estenose hipertrófica de piloro ❖ ADENOMA VILOSO DE CÓLON → adenomas vilosos secretam fluido pobre em bicarbonato e rico em K o Quando grandes (> 3 cm) e distais (sigmoide e reto), podem levar a diarreia secretória grave, com perda de 2-3 L de líquido pelas fezes → hipocalemia que leva a alcalose ❖ CLORETORREIA CONGÊNITA → patologia congênita, autossômico-recessiva → defeito nos canais trocadores de Cl-/HCO3 - na mucosa colônica o Perda fecal de cloreto associada a déficit de excreção do bicarbonato via fecal → alc hipoclorêmica ❖ SÍNDROME DE ZOLLINGER-ELLISON → hipersecreção de gastrina por um tumor de duodeno ou pâncreas o Muita secreção de HCl → fezes acidas e perda fecal de cloreto ALCALOSES METABÓLICAS RENAIS RESPONSIVAS A CLORETO • Decorrem de distúrbios renais primários → em que ocorre eliminação urinária inapropriada ou excessiva de cloreto, devido a defeitos de reabsorção desse ânion nos túbulos. o Pctes com hipovolemia variada, com cloro sérico baixo e cloro urinário > 20 mEq/L. ❖ DIURÉTICOS TIAZÍDICOS E DE ALÇA → eliminam muito hidrogênio e potássio o Pode ocorrer aumento da aldosterona pela hipovolemia induzida → contribui p mais excreção ❖ SÍNDROME DE BARTTER E DE GITELMAN ❖ ALCALOSE PÓS-HIPERCAPNIA CRÔNICA → ocorre em pctes com DPOC em ventilação mecânica. ALCALOSES METABÓLICAS EXTRARRENAIS NÃO RESPONSIVAS A CLORETO • Alcaloses devidas ao uso de bases, como o citrato ou bicarbonato → ou excesso de cátions circulantes (acetato) ou a depleção de ânions (albumina) • Estimulam a retenção compensatória de bicarbonato p manter o gradiente eletroquímico ❖ HEMOTRANSFUSÃO MACIÇA → o anticoagulante mais utilizado nos concentrados de hemácia é o citrato o Ele funciona como base → se combina com o H formando acido cítrico, e é metabolicado em bicarbonato no hepatócito ❖ SÍNDROME LEITE-ÁLCALI → ingestão crônica abusiva de leite pode levar a discreta hipercalcemia e alcalose metabólica. ❖ ADMINISTRAÇÃO EXÓGENA DE NAHCO3 – alcalose iatrogênica → causa importante de alcalose metabólica em pacientes internados. o Quando usam NaHCO3 em acidoses leves e moderadas, em acidose lática e cetoacidose → errado ALCALOSES METABÓLICAS RENAIS NÃO RESPONSIVAS A CLORETO • Alcaloses metabólicas com origem no túbulo coletor → ocorre estímulo à secreção de H+, mediado pela aldosterona, hipocalemia, presença de ânions não reabsorvíveis... o Cloreto normal ou poco diminuído, com eliminação urinaria > 20 ❖ HIPOCALEMIA → perpetua a alcalose ❖ HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO → leva a hipertensão arterial volume-dependente, hipocalemia e alcalose metabólica • Síndrome de Liddle (pseudo-hiperaldosteronismo → tubo coletor com alta responsividade ❖ HIPERTENSÃO RENOVASCULAR → hiperaldosteronismo decorrente da ativação do SRAA ❖ SÍNDROME DE CUSHING → aumento do cortisol pode levar ao hiperaldosteronismo ❖ EXCREÇÃO DE ÂNIONS TITULÁVEIS → ânions não reabsorvíveis no DC → estimula excreção de H-K ❖ NITRATOS E PENICILINAS • A alcalose metabólica grave (pH > 7) pode levar a o Vasoconstricção cerebral → confusão mental, convulsões, torpor o Excitabilidade neuromuscular → tetania, parestesias; o Excitabilidade cardíaca → arritmias; o Hipoventilação pulmonar (compensatória) o Aumento da produção de lactato → aumento discreto do ânion-gap o Precipitação da encefalopatia hepática → decorrente em parte do acúmulo plasmático de amônia pela perda da função hepática ▪ Na alcalose tem mais amônia no plasma → é lipofílica e passa a barreia hematoencefacila o Redução do cálcio ionizado → tetania, convulsões, parestesias • O cálcio circula 50% ligado a proteínas (albumina) e 50% livre – cálcio ionizado o O pH alcalino aumenta a avidez da albumina pelo cálcio → fica mais ligado, reduzindo a fração ionizada → alcalose pode precipitar sintomas de hipocalcemia o O pH ácido faz o efeito inverso, aumentando a fração ionizada → acidose”protege” dos sintomas ❖ No tratamento da alcalose DEVEMOS PERMITIR Q O RIM CONSIGA EXCRETAR O EXCESSO DE BICARBONATO → 3-5 DIAS RIM NORMAL • Alcaloses que cursam com depleção de volume e cloreto → manter o pcte euvolemico, normocalêmico e corrigir a depleção de cloreto o SF 0,9%, associado à reposição (oral ou venosa) de KCl. • Paciente hipervolêmico e alcaloses não responsivas a cloreto → acetazolamida o Quando não funcionarusar infusão de ácidos minerais (HCl ou monoidroclotero de arginina) • Pacientes com hiperaldosteronismo ou hipercortisolismo → reposição de K+ e do uso de diuréticos poupadores de potássio • A acidose respiratória “pura” é definida por uma PCO2 > 45 mmHg e pH < 7,35. o O H que se acumula é derivado do CO2 → pela hipoventilação pulmonar • É comum pctes com insuficiência respiratória hipoventilatoria → acidose respiratória aguda • Geralmente decorre de uma patologia pulmonar grave → que levou a fadiga quase completa dos mm respiratórios o Ou a obstrução grave das VAS por corpo estranho, edema de glote, laringoespasmo... • Lesões do SNC ou medicamentos que inibem o centro respiratório, doenças da medula espinhal, do nervo frênico, do diafragma... ACIDOSE RESPIRATÓRIA CRÔNICA • Alguns pneumopatas crônicos, principalmente com DPOC ou síndrome de Pickwick (obesidade mórbida + apneia do sono) → começam a reter CO2 de forma lenta e progressiva. o Há um reajuste do centro respiratório para manter uma PCO2 mais alta, e um distúrbio grave da troca gasosa pulmonar ▪ Leva ao aumento do espaço morto pulmonar (áreas ventiladas e não perfundidas) e contribui para hipoventilação alveolar crônica • O centro respiratório desses pacientes está hipossensível à PCO2 e hipersensível à hipoxemia o O aumento da PCO2 é compensada pela retenção renal de HCO3, que aumenta o base excesso na gasometria → eficaz uma vez que é lento e progressivo • Mesmo uma PCO2 muito alta não cursa com pH muito baixo → oscila em 7,32 a 7,37 o Porem um insulto aos pulmões → como uma pneumonia → pode descompensar a acidose → causando retenção aguda de CO2 e queda grande do pH • Alcalose metabólica pós-hipercapnia crônica → pcte com dpoc tem alcalose pra compensar a acidose e causa grave distúrbio cerebral por vascoconstriçao • O pcte costuma evoluir com a síndrome da carbonarcose → CO2 é potente vasodilatador cerebral, se os níveis aumentarem agudamente, o pH liquórico e cerebral caem, dilatando os vasos cerebrais o Pcte evolui em minutos com alteração do sensório → confusão mental, agitação, convulsões, torpor, coma o Papiledema e distúrbios hemodinâmicos → choque, arritmias ventriculares malignas, PCR • Tratamento efetivo deve ser a pronta intubação traqueal e ventilação mecânica → trazer a PCO2 para o valor normal ou prévio, e o pH para a faixa normal • A acidose respiratória crônica não precisa ser tratada, quando compensado → apenas tratamento da doença de base o Se descompensar → intubar se houver alteração do sensório, fadiga respiratória ou pH < 7,25 • Definida por uma PCO2 < 35 mmHg e um pH > 7,45 → mecanismo é a hiperventilação pulmonar. • Geralmente decorre de hiperventilação psicogênica por crise de ansiedade ou angústia o Ou por patologia pulmonar aguda → crise asmática, pneumonia, tromboembolismo pulmonar... • A alcalose respiratória crônica é por algum fator estimulando continuamente o centro respiratório → sepse por GN, insuficiência hepática, doenças que comprometem o diencéfalo, mesencéfalo ou ponte o Na alcalose respiratória crônica, o rim elimina mais bicarbonato, para compensar o pH → leva a um base excesso mais negativo • O consumo de H+ é pela perda de CO2 → a reação de tamponamento segue no sentido → HCO3 + H+→ CO2 + H2O com a diminuição da PCO2 • O tratamento deve ser rápido → o distúrbio leva de forma instantânea à vasoconstricção cerebral e à síndrome do hipofluxo cerebral. o Alteração do sensório (confusão mental, agitação, convulsões, torpor, coma), principalmente nos idosos e cerebropatas com baixa reserva vascular cerebral. o Tetania pode ser desencadeada pela redução do cálcio ionizado o Podem surgir parestesias periorais e de extremidades • Tratamento é voltado à causa básica – ansiedade, depressão, sepse, crise asmática, TEP etc • O uso de bolsas coletoras de ar é necessário nos casos graves e refratários → pcte exala o ar na bolsa e inspira uma fração do ar exalado, rico em CO2 • Se estiver em ventilação mecânica → aumentar o espaço morto, aumentando o circuito do respirador. • Existe na presença de dano renal irreversível, com perda de função (TFG < 60mL/min) por ≥ 3 meses → podendo ser detectado por albuminúria ≥ 30mg/dia; • As causas são processos patológicos lentamente progressivos → nos quais não ocorre regeneração do parênquima renal, havendo perda de nefrons irreversível o Também pode se instalar de forma aguda → como na necrose cortical aguda e glomerulonefrite rapidamente progressiva → como não tem como regenerar se torna previsivelmente crônico; • Todas as nefropatias crônicas, entre 3-20 anos, podem evoluir para a doença renal em fase terminal → com TFG < 15% do normal; ❖ Histopatologia universal → fibrose glomerular e intersticial, aliada à atrofia dos túbulos • Apresentando as características da síndrome urêmica e necessitando a terapia de substituição renal o Na DRC, há redução do tamanho do rim devido atrofia, podendo ganhar formato lobulado; ❖ Estadiamento pelo sistema da KDIGO → estratifica o pcte quanto ao risco de complicações da DRC • Soma-se taxa de filtração glomerular + grau de albuminúria (este diz sobre prognóstico) o G1A2 → TFG normal, presença de dano renal / G5DA3 → falência renal proteinúrica em diálise EPIDEMIOLOGIA • O numero de pctes com doença renal terminal aumenta a cada ano → o brasil tem pouco mais de 100k pessoas em programa de dialise crônica o Doenças prevalentes como DM e HAS são as principais etiologias de DRC → 70% dos casos • A prevenção se baseia no diagnóstico e intervenção precoce → quanto maior for o nível de proteinúria, mais rápida será a queda anual na TFG • A medida que a perda de nefons progride, os néfrons remanescentes são sendo sobrecarregados → tentam excretar além da carga básica de solutos → hiperfiltração adaptativa o Induz a lesão glomerular → glomeruloesclerose global difusa, com fibrose + atrofia de néfrons; o Após certo grau de injuria estabelecida, mesmo que a doença base seja eliminada → DRC entra em fase de perpetuação, num ciclo vicioso → indução de glomeruloesclerose segmental focal ❖ O uso de IECA ou Antagonistas da Angio II → ajuda prevenir/atrasar evolução; • Devido a queda de níveis tensionais, pela dilatação da arteríola aferente e redução da pressão intraglomerular o Além de reduzir a sobrecarga dos nefrons remanescentes, possui efeito antifibrótico e anti inflamatório no rim → retarda a nefropatia • Alvo terapêutico → controle da proteinúria para níveis inferiores a 0,5-1g/dia; o Ou queda > 50-60% em relação ao valor inicial ❖ Controle da PA para evitar sobrecarga pressórica < 130x80mmHg ideal, sendo < 140x90 obrigatório • Abandono do tabagismo, controle glicêmico rigoroso, tto acidose metabólica com reposição de bases • Restrição moderada de proteínas na dieta é controversa, podendo ser considerada em portadores de nefropatia diabética progressiva • Controle da dislipidemia → presença de dislipidemia provavelmente acelera a evolução → mas não há certeza que o uso de agentes hipolipemiantes efetivamente reduza a progressão do dano renal ❖ ETIOLOGIA DA DRC • Glomeruloesclerose diabética e a Nefroesclerose Hipertensiva são as principais etiologias de DRFT • Doenças glomerulares primárias são a 3ª causa de falência renal crônica o O percentual das outras é baixo → nefrite lúpica, nefrites intersticiais, necrose tubular aguda permanente, nefropatia isquêmica e do HIV; • Independente da causa, a resposta adaptativa é hiperfiltração → por isso pode ter creatininemia normal, sem hipervolemia ou alterações eletrolíticas TOXINAS DIALISÁVEIS (PERDA DA FUNÇÃO DE “FILTRO”) • Eram as principais causas de morte antes da diálise → apesar do tto dialítico aumentar a sobrevida, o prognóstico ainda é ruim; o A disfunção renal grave leva ao acúmulo de substâncias tóxicas endógenas→ diálise consegue filtrar as < 500 daltons, como toxinas nitrogenadas (ex ureia) ❖ COMPOSTOS GUANIDÍNICOS → creatinina, ácido guanidinoacético, acido guaninosuccínico o O ultimo inibe atividade plaquetária levando ao sangramento urêmico; o Também acarretam alterações no estado mental; ❖ COMPOSTOS AROMÁTICOS → carga negativa acaba elevando o ânion-gap na insuficiência renal o Ácido fenólico, hidroxifenólico, benzoico, fenilacético, indolacético, triptamina... ❖ UREIA representa 80% de todo o nitrogênio eliminado na urina → porem não é a maior vilã o Tem efeito tóxico quando > 380mg/dL → primeiros sintomas TGI e hematológicos (sangramento o Como os níveis se elevam junto com as outras substancias → é usado como marcador da síndrome urêmica ▪ Sinais e sintomas costumam ocorrer com > 180, e > 140 em diabéticos • A uremia parcialmente tratada, os efeitos adversos da dialise e os distúrbios eletrolíticos residuais levam a queda da qualidade de vida dos pctes ❖ SÍNDROME RESIDUAL → resíduos que a diálise não consegue filtrar e acabam se acumulando o Astenia, falta de energia, distúrbios do sono e cognição, alterações psiquiátricas, disfunção sexual, déficit de crescimento DISTÚRBIOS HORMONAIS (PERDA DA FUNÇÃO ENDÓCRINA) • Leva a vários sinais e sintomas → principalmente elevação do PTH pelo hiperparatireoidismo secundário; o PTH é considerado uma toxina urêmica e contribui para o quadro clinico → encefalopatia, cardiomiopatia, anemia, prurido, osteodistrofia renal • O rim produz eritropoietina e calcitriol → produção comprometida, implicando em sintomas • Deficiência na produção de amônia pelo parênquima renal → contribui na acidose metabólica urêmica • Déficit na produção de oxido nítrico contribui para a HAS • Conjunto de sinais e sintomas que aparece na insuficiência renal grave, quando a FG é < 30 ml/min DESEQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO • À medida que a FG reduz, um mecanismo de adaptação faz aumentar a fração excretória de cada néfrons remanescente o Enquanto a TFG for > 20mL/min o equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico geralmente é normal, mas quando cai muito, a regulação torna-se limitada; • O aumento da fração excretória normal de sódio é estimulado por retenção inicial de sódio, que mantem o pcte hipervolêmico → estimula a liberação do peptídeo natriurético atril e suprime o SRAA, aumentando o a FEna o Qualquer aumento na ingestão provocara maior retenção, até que um novo equilíbrio seja atingido → é o principio da retenção de Na, agua, K, H, fosfato e Mg na síndrome urêmica • Distúrbios hidroeletrolíticos mais frequentes → hipervolemia, hiponatremia, hipercalemia, acidose metabólica, hiperfosfatemia, hipermagnesemia, hipocalcemia; • Os néfrons do pcte urêmico não conseguem reduzir a FE em estados de privação → podendo ter uma perda mínima obrigatória de agua e eletrólitos maior que indivíduos normais ❖ BALANÇO DE SÓDIO • Há retenção de sódio universal quando a FG < 10mL/min → levando a hipervolemia • Ingestão > 100mEq/dia já pode causar hipervolemia e consequências clínicas → HAS, edema generalizado (MMII, bolsa escrotal, região periorbitária), ascite, derrame pleural, derrame pericárdico; o Se a hipervolemia piorar subitamente → pode haver Edema Agudo de Pulmão com presença de B3, estertoração pulmonar e insuficiência respiratória; • Nefropatia perdedora de sal → pode levar a hipovolemia, como nas nefropatias tubulointersticiais crônicas o Se há privação de Na, acaba gerando um balanço negativo devido a excreção mínima obrigatória • Tto da retenção de sal é a ultrafiltração pela diálise ❖ BALANÇO DE ÁGUA • Uma pessoa normal pode eliminar ate 18L/dia • TFG <10mL/dia → um consumo de 2-3L/dia pode causar retenção e hiponatremia; ❖ BALANÇO DE POTÁSSIO • Retenção de K+ na DRC quando TFG < 5-10mL/min; • Débito urinário é um fator determinante → quanto mais oligúria, maior propensão a reter K o Há mecanismos de adaptação que tardam a retenção → aumento da FE de potássio estimulada pela hipercalemia e aldosterona, aumento da excreção de K+ pelo cólon (40% mais) • A uremia inibe a entrada de K nas células pela queda da NaKATPase que antecede a retenção → por isso o pcte não tolera uma carga aguda de potássio, pois perdeu o tamponamento celular; • Condições que promovem a liberação de potássio das células podem acarretar hipercalemia → infecção grave, cirurgia, trauma, uso de betabloq, infusão o Diabéticos com a síndrome do hipoaldosteronismo hiporreninemico são propensos DESEQUILÍBRIO ACIDOBÁSICO • O rim excreta 70-100mEq/dia de ácidos produzidos pelo metab proteico → realizado pelo néfron distal, por secreção tubular, regenerando 1 HCO3- para cada H+; o Para ser excretado, o H precisa se ligar a uma base → 2/3 amônia, 1/3 outras como fosfato • Na IRC a produção de amônia cai (TFG < 20mL/min) e a excreção de H+ é prejudicada → acidose metabólica hiperclorêmica o Aumenta Cl- pra compensar a queda do bicarbonato → pH dependerá da compensação respiratória; • A acidose metabólica crônica promove desminelização óssea; • Com TFG < 5-10mL/min surge acidose com ânion-Gap aumentado e cloreto normal o O aumento do ânion é proveniente da dissociação do ácido sulfúrico e retenção de sulfato • Um dos problemas da acidose metabólica na uremia crônica é a aceleração do catabolismo proteico → contribui pra perda de massa muscular – pode-se fazer reposição de bicarbonato plasmático; MANIFESTAÇÕES GI • TGI é muito afetado e geralmente onde tem os primeiros sintomas → anorexia, náuseas, plenitude abdominal, vômitos → pela gastrite urêmica e gastroparesia urêmica; • Comprometimento da mucosa intestinal tanto do delgado como cólon pode levar à diarreia urêmica, íleo urêmico (distensão abd e cólicas) → pela inflamação da mucosa com redução das vilosidades; o Hemorragia digestiva como complicação da uremia pela inflamação MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS ❖ ENVOLVIMENTO DO SNC • Sintomas mais graves quando TFG < 10mL/min; • Fisiopatologia envolve acúmulo de toxinas nitrogenadas dialisáveis; o Declínio cognitivo parece já com TFG < 60mL/min • PTH pode contribuir pros sintomas; • Uremia aguda/crônica agonizada → encefalopatia urêmica aguda → desorientação, letargia, confusão mental, delirium, nistagmo, disartria, asterixis, fasciculações, sinal de Babinski bilateral, óbito; o Uremia crônica → mais sutil nas fases iniciais → disfunção cognitiva progressiva por anamnésia retrógrada, dificuldade de concentração, alteração de personalidade, sonolência/insônia, perda de raciocínio.. ❖ ENVOLVIMENTO DE NERVOS PERIFÉRICOS • Observado em 65% dos casos → polineuropatia axonal, sensorimotora, simétrica e com predomínio distal e de MMII; • Sintomas iniciais → parestesias nos pés do tipo agulhaa, com hipoestesia em bota no EF o Hiporreflexia do Aquileu, síndrome das pernas inquietas o Perda da força distal e atrofia muscular gerando dificuldade de marcha caso não tratado • Fisiopatologia depende de toxinas dialisáveis e excesso de PTH; ❖ ENVOLVIMENTO DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO • Síndrome de disautonomia → controle da PA e FC, pode alterar • Hipotensão postural, hipotensão durante hemodiálise; • Perda da influência vagal pode levar a arritmias e morte súbita; • Anidrose, impotência, distúrbio GI; HAS • Pode ser causa ou consequência da nefropatia; • Rim controla a PA pela natriurese pressórica → na HAS o controle esta alterado o SRAA também envolvido pois pode haver maior produção de renina • Presente em 90% dos pctes com TFG < 10ml/min o Causada pela retenção de sódio e água em 80%, os outros pode ser devido SRAA hiperativo; • HAS na uremia é mais perigosa que as HAS primária → maior risco de óbito e complicações; o Controle pressórico é essencial → uso de IECA e diuréticos de alça indicados o Necessária a diálise quando TFG < 15 ml/min MANIFESTAÇÕESCARDÍACAS E PERICÁRDICAS ❖ ICC • Pode haver comprometimento do miocárdio –hipertrofia VE, cardiomiopatia dilatada o Retenção volêmica sobrecarrega o coração já doente; • Sintomas de ICC • A falência cardíaca é causa mais comum de óbito nos pctes urêmicos ❖ PERICARDIOPATIA • Derrame pericárdico em até 50% dos pctes → podendo se associar com derrame pleural e ascite o Característica → dor torácica do tipo pleurítica, com piora ao decúbito dorsal, atrito pericárdico... • Tamponamento cardíaco é o mais temido → espessamento reduz a complacência do pericárdio o Qualquer acumulo rápido de liquido aumenta a pressão intrapericardica → baixo DC o Turgência jugular, taquicardia e pulso paradoxal MANIFESTAÇÕES PULMONARES E PLEURAIS ❖ ENVOLVIMENTO PULMONAR • Pulmões do pcte geralmente com aumento do conteúdo líquido • Edema predomina no interstício pulmonar, mas pode acometer espaço alveolar → geralmente pela existência de congestão pulmonar ou aumento da permeabilidade capilar o Consequências → aumento do trabalho respiratório, dispneia, distúrbio na troca gasosa, diminuição V/Q; • Não respondem a dialise → disfunção dos mm respiratórios, calcificação do parênquima pulmonar; ❖ ENVOLVIMENTO PLEURAL • 1/5 tem derrame pleural → dor pleurítica, tosse e dispneia; • Pleurite uremica é bem parecida com infecção, mas pode ser diferenciada por bacteroscopia e cultura; DISTÚRBIO DA HEMOSTASIA • Síndrome urêmica, com tendência ao sangramento; o Uremia inibe funções plaquetárias e o fator de Von Willebrand e fator 3 • MC → petéquias, pequenas equimoses, hemorragia cerebral ou digestiva, sangramento gengival e epitaxe; • Síndrome urêmica também predispõe a trombose devido ao estado inflamatório associado; INTOLERÂNCIA À GLICOSE E METABOLISMO DA INSULINA • Metab dos carboidratos encontra-se alterado → levando à intolerância à glicose e pseudodiabetes • Distúrbio marcado pela resistência periférica a insulina e disfunção da célula beta da ilhota pancreática o Pode ser observado já com a TFG < 50 ml/min • A resistência periférica melhora com a dialise e dieta hipoproteica → provável que as toxinas causem • A disfunção das células beta é mais relacionada ao hiperparatireoidismo e aumento do cálcio • A intolerância a glicose é definida por → glicemia pós prandial de 2h > 140 mg/dl o A depuração de insulina reduz quando TFG < 40mL/min → rins fazem 30% da depuração pela enzima insulinase ANEMIA • Uma das primeiras manifestações da uremia → instala quando TFG < 30-40 o Normocítica normocrômica → leva a indisposição, depressão, déficit cognitivo, insônia, cefaleia, diminuição da libido, anorexia e tendencia ao sangramento • Fator implicado é a deficiência de eritropoietina → produzido por fibroblastos no interstício renal em resposta a hipoxia tecidual → age na medula estimulando a diferenciação de CT p produção de hemácias o Toxinas dialisáveis e aumento do PTH também influenciam → diminui a meia-vida da hemácia e compromete sua formação • Agravantes em RC → deficiência férrica, B12, ácido fólico • Diagnóstico por ferritina <100ng/mL e saturação da transferrina < 20% → anemia ferropriva • Tto da anemia → reposição da eritropoietina recombinante, via subcutânea → iniciado quando hb < 10 OSTEODISTROFIA RENAL • Alteração da matriz óssea e sua desmineralização → predispõe a dor óssea, fraturas patológicas, deformidade esquelética; o Geralmente se instala quando TFG < 30-59 ❖ OSTEÍTE FIBROSA CÍSTICA → osteopatia de alto metabolismo devido hiperparatireoidismo • PTH estimula reabsorção óssea, que ativa a neoformação óssea → osso neoformado perde arquitetura composta por lâminas paralelas de colágeno mineralizado – osso trançado o Tbm fibrose da medula. • A queda na produção de calcitriol, os níveis de fosfato e cálcio ionizado estimulam produção de PTH • Exame de sangue → hiperfosfatemia + hipoalcemia + elevação do PTH-intacto; o Biópsia óssea é padrão ouro, mas pode ser pedido RX; ❖ DOENÇA ÓSSEA ADINÂMICA → osteopatia de baixo metabolismo • Fatores de risco → idade, DM, terapia de hiperparatireoidismo secundário; • Perda da densidade óssea devido baixo metabolismo e atividade das células ósseas; o Provavelmente pelo processo inflamatório da DRC → elevados níveis de PTH mantem esse problema oculto • Manter o PTH elevado como tto; ❖ OSTEOMALÁCIA • Baixo turn over, diagnóstico por biópsia; • Se manifesta como raquitismo, deformidades e déficit de crescimento; • Tto por diminuição dos níveis de fosfato (diminuição de proteína na dieta) e aumento do calcitriol; MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS • Pele do pcte costuma ser seca e hiperpigmentada → devido a redução da vitamina A cutânea e ao acúmulo de urocromos • Pode se observar a neve urêmica em pctes não submetidos a dialise • Porfiria cutânea tarda → dermatoporfiria bolhosa pelo acumulo de uroporfirinas • Prurido urêmico → exacerbado pelo acumulo de cálcio na derme e epiderme e hipersensibilidade nas terminações nervosas periféricas induzidas por PTH; • Cabelos quebradiços, secos e podem perder a coloração normal • Unha meio a meio → discromia bem demarcada de tom marrom ou róseo na metade distal da unha MANIFESTAÇÕES ARTICULARES E MUSCULARES • Monoartrite, oligoartrite, periartrite ou tenossinovite; o Depósito de cristais e artrite séptica; • Artrite por depósito de cristais pode ser → gota, pseudogota, artrite por oxalato de cálcio, artrite por fosfato de cálcio básico; • Artrite por oxalato de cálcio – associada à reposição de vitC; • Artrite por fosfato de cálcio básico; o Tto com AINE ou colchicina; • Artrite séptica tem um aumento de incidência devido deficiência imunológica e presença de portas de entrada; • Hipovitaminose D, acidose metabólica, proteólise e balanço negativo do nitrogênio; MANIFESTAÇÕES CARDÍACAS E CORONARIANAS • Causa mais comum de óbito → DRC tem fatores de risco o Aterosclerose acelerada causada por HAS, dislipidemia, DM, hiper-homocisteinemia, redução de NO, disfunção endotelial; o Angina e IAM muito comuns; o Hipertrofia VE → pode ser revertida completamente com transplante renal; o Cardiomiopatia dilatada • Redução da fração de ejeção + aumento dos diâmetros cavitários; • Sinais e sintomas de ICC; • Reposição de eritropoietina para balancear anemia pode complicar essa entidade; DISLIPIDEMIA • Mais comum → hipertrigliceridemia isolada em 80% dos pctes o Queda do HDL, com LDL e colesterol total em geral normais • Ocorre mais pela inibição da degradação → uremia inibe varias enzimas do metb lipídico • Fator de risco para aterosclerose; • LDL com alterações qualitativas → pode-se fazer uso de estatinas; ESTADO HIPERCATABÓLICO – desnutrição proteico-calórica • Pcte urêmico costuma ter catabolismo proteico acelerado, ao mesmo tempo que ingere poucas proteinas • Reflete nos níveis de albumina e concentrações de aminoácidos • Aumento da homocisteína na uremia → fator de risco p aterosclerose acelerada DISTÚRBIO IMUNOLÓGICO • Uremia crônica leva a um quadro de imunodeficiencia moderada • Algumas alterações são relacionadas a hemodiálise → pela interação da superfície dos capilares do filtro com o sist. Complemento e as células sanguíneas do sist. Imune o As toxinas urêmicas e o PTH também contribuem → função dos neutrófilos deprimida • Discreta linfopenia pode ocorrer FASE PRECOCE DA NEFROPATIA CRÔNICA (ESTÁGIO G1, G2 E G3A) • HAS e proteinúria são comuns nessa fase devido agravamento da nefropatia; • Conduta: o Controle da PA como dito anterioremente; o Uso de IECA ou antagonistas da angio II; o Glomerulonefrites e vasculites → corticoesteroides e imunossupressores; o Combater obesidade, sedentarismo, tabagismo, dislipidemia, DM; o Hiperuricemia usar alopurinol; o Restrição proteica na dieta → diminuir a produção de escorias nitrogenadas FASE INICIAL DA SÍNDROMEURÊMICA (G3B E G4) • Controle da PA, anemia e da osteodistrofia e metabolismo cálcio-fósforo; • Uso de furosemida em altas doses p HAS o Cuidar com IECA e antagonistas da angio II → risco de hipercalemia e retenção aguda de escorias • Cuidar com restrição excessiva de sódio na alimentação → pode haver perda exageradas extrarrenais; DOENÇA RENAL NA FASE TERMINAL (G5) • TFG < 15mL/min, creatinina > 6-8 mg/dl e ureia > 120-180, com debito urinário normal ou reduzido • Transplante renal ou programa de diálise; • Restrição proteica tende a ser menos acentuada → evitar desnutrição; o Restrição de Na, K e agua • Cuidar com acidose metabólica e se preciso fazer reposição com bicarbonato de sódio; o Pode fazer reposição também de ferro e ácido fólico; • Indicado sempre que a diálise não é suficiente → ideal seria para todos os nefropatas crônicos agravados; o Indicação depois da avaliação pelo nefrologista, dos exames de sangue, urina e de imagem; o Necessário o uso de medicação imunossupressora • Garante uma melhor sobrevida ao pcte receptor, especialmente por não precisar fazer diálise; • Portadores de enfermidades hepáticas, cardiovasculares ou infecciosas que não se encontrem controladas e pacientes gravemente desnutridos são contraindicações formais para esta operação; • Estratégia de tto depende da → idade, causa da DRC, comorbidades, fatores econômico-sociais... • A hemodiálise constitui na → remoção de solutos (depuração ou convecção) e remoção de fluido (ultrafiltração, determinado pela pressão transmembrana); HEMODIÁLISE INTERMITENTE → método de escolha nos pctes hemodinamicamente estáveis o 3-4h → retirada do líquido é rápida, favorecendo hipotensão. DIÁLISE PERITONEAL CONTÍNUA → método de escolha para aqueles sem doença abdominal ou peritoneal e sem estado hipercatabólico o Comum em crianças. HEMODIAFILTRAÇÃO VENOVENOSA CONTÍNUA → bom em pctes com hemodinâmica instável. o Retirada de líquido de forma lenta e gradual → menos repercussão hemodinâmica (-hipotensão) • Vantagens → filtração rápida do volume sanguíneo; o Podem haver complicações como cãimbra, infecções relacionadas ao cateter, problemas com heparina em pacientes com capacidade plaquetária fragilizada; • A conversão diminuída da angio I em II inibe a vasoconstrição arteriolar, diminui síntese de aldosterona, inibe a reabsorção tubular proximal renal de NaCl e diminui a liberação de ADH o Isso diminui PA e aumenta natriurese; • A ECA cliva proteoliticamente a bradicinina → inibidores aumentam seu nível; o Bradicinina causa → relaxamento do m liso vascular → mobilização do cálcio, ativação de eNOS e aumento da produção de NO • IECA apresentam três padrões de metabolismo Captopril → primeiro padrão o Processado a um metabolito ativo; Enalapril e Ramipril → segundo padrão o Éster pró-fármaco convertido no plasma em metabólito ativo; ❖ Efeitos adversos → tosse e angioedema – por causa da potencialização da bradicinina; • Indicação → tto da HAS, IAM, DRC; • Eliminação hepática e renal; ❖ O sítio de ação da IECA é nos pulmões. • A elevação da pressão capilar glomerular provoca lesão glomerular → os IECA reduzem esse parâmetro ao diminuir a PA e ao dilatar as arteríolas eferentes renais; o Aumentam a seletividade da permeabilidade da membrana de filtração; o Existe uma exacerbação do sistema cinina-calicreína → promove vasodilatação através do fator relaxante derivado do endotélio(EDRF) e de prostaciclinas;
Compartilhar