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ESTUDO DIRIGIDO DISCENTE: Ana Luiza Spiassi Sampaio 1- O que é creatinina e para que serve o resultado deste exame? A creatinina é um produto residual da creatina que está presente no sangue, sendo produzida pelos músculos (degradação da creatina fosforilada) e eliminada pelos rins. O clearance de creatinina é um dos marcadores mais usados na avaliação da função renal - pode ser dosado diretamente com uma amostra de sangue e outra de urina em 24 horas consecutivas. A quantidade elevada de creatinina no sangue pode indicar problemas nos rins (ex.: insuficiência renal), ou então que os rins não estão conseguindo fazer a filtragem de forma adequada. O uso de alguns medicamentos, a ingestão de muita proteína, doenças musculares e a desidratação também podem ocasionar o aumento dos níveis de creatinina; 2- O que é ureia e para que serve o resultado deste exame? A ureia é o principal metabólito nitrogenado derivado da degradação de proteínas pelo organismo, sendo 90% excretados pelos rins e correspondendo a aproximadamente 75% do nitrogênio não-proteico excretado. A principal utilidade clínica da ureia está na determinação em conjunto com a creatinina - razão ureia sérica/creatinina sérica. Em valor abaixo do esperado, pode-se estar relacionada com necrose tubular aguda, baixa ingestão de proteínas, condições de privação alimentar ou redução da síntese de ureia por insuficiência hepática. A análise dessa razão elevada com a creatinina dentro do valor de referência, indica processos que levam a diminuição do fluxo sanguíneo renal, aumento na ingestão proteica, ou sangramento gastrintestinal; com a creatinina acima do valor normal, denota processos obstrutivos pós-renais, como tumores ou estenose de vias urinárias. Além disso, é possível analisar a dosagem urinária da ureia, indicando informações nutricionais, principalmente em pacientes com dietas especiais, obesos e diabéticos. 3- O que é taxa de filtração glomerular e para que serve o resultado deste exame? A taxa de filtração glomerular (TFG) é definida como o volume plasmático de uma substância que pode ser completamente filtrada pelos rins em uma determinada unidade de tempo. A TFG é uma ferramenta importante para a análise da função renal, sendo também um indicador do número de néfrons funcionais. Para calcular a TFG, é necessário considerar sexo, peso e idade, já que é normal que a TFG diminua à medida que a pessoa envelhece não sendo necessariamente indicativo de lesões ou alterações renais. Existem vários cálculos propostos para determinar a taxa de filtração glomerular, no entanto os mais utilizados na prática clínica são os que levam em consideração a quantidade de creatinina no sangue ou a quantidade de cistatina C, sendo essa a mais estudada atualmente, já que a quantidade de creatinina pode sofrer interferência de outros fatores, incluindo a alimentação, não sendo um marcador apropriado para diagnóstico e acompanhamento da doença renal crônica - um marcador ideal para medir a TFG deve ter uma taxa de produção constante, ser livremente filtrada, não ser reabsorvida e nem secretada pelos túbulos renais e não ser metabolizada ou eliminada por vias extrarrenais. 4- Cite 3 doenças que alteram a função renal; • Obesidade: com aumento excessivo de peso corporal, o metabolismo demanda filtragem de sangue maior que o costume, sobrecarregando os rins. Um alto índice de massa corporal é um dos fatores de risco mais fortes para a doença renal crônica de início recente. Em indivíduos afetados pela obesidade, ocorre uma hiperfiltração compensatória para atender às demandas metabólicas aumentadas do aumento do peso corporal. O aumento da pressão intraglomerular pode causar danos aos rins e aumentar o risco de desenvolvimento de doença renal crônica em longo prazo. • Hipertensão arterial: em um organismo saudável, os rins filtram 25% de todo o sangue bombeado pelo coração. Já em pessoas hipertensas, os rins ficam sobrecarregados e, ao longo do tempo, podem perder sua função. Os rins têm papel-chave no círculo vicioso em que o organismo entra a partir do consumo excessivo de sal. Com isso, os órgãos ficam com mais dificuldade para excretar o excesso de cloreto de sódio, agravando o quadro hipertensivo. • Diabetes: a longa exposição a níveis elevados de glicemia sobrecarrega o funcionamento dos rins ao filtrar o sangue. Os altos níveis de açúcar fazem com que os rins filtrem muito sangue, sobrecarregando os órgãos e levando a perda de proteínas na urina. 5- Paciente Julius Rock, procura unidade de saúde com queixas de dor lombar, nicturia e disúria, quais exames solicitar para avaliação do paciente, justifique; De acordo com a clínica apresentada pelo paciente, pode-se suspeitar de infecção de trato urinário (ITU), sendo que, devido a dor lombar, a infecção pode ter atingido os rins. Dessa forma, poderiam ser solicitados os exames: hemograma completo, EAS, urocultura e antibiograma, ureia e creatinina e USG dos rins e vias urinárias (pesquisa de litíase). Entretanto, na maioria das vezes, a ITU pode ser diagnosticada somente com urinálise (exame de urina de rotina) e confirmada com uma urocultura. Caso bactérias patogênicas estejam presentes, é realizado o TSA (Teste de Susceptibilidade aos Antimicrobianos - TSA) para se assegurar que o antibiótico escolhido pelo médico efetivamente é capaz de tratar o micro-organismo causador. 6- Como os achados laboratoriais confirmam a suspeita diagnóstica de doença renal crônica? O diagnóstico de doença renal crônica pode ser feito por meio de exames de sangue, exames de urina, ultrassonografia e, algumas vezes, biópsia. Em termos de achados laboratoriais, os exames de sangue e de urina são essenciais, uma vez que confirmam a diminuição da função renal - quando a perda da função renal alcança um certo nível na doença renal crônica, os níveis dos químicos no sangue tipicamente se tornam anormais: ureia e creatinina - geralmente estão aumentados; o sangue fica moderadamente acídico; potássio no sangue pode estar em níveis normais ou levemente aumentado - pode se tornar elevado; cálcio e o calcitriol no sangue diminuem; níveis de fosfato e do hormônio da paratireoide aumentam; hemoglobina está diminuída – anemia; Os critérios para doença renal crônica são: • Marcadores de dano renal (um ou mais): a) albuminúria (≥ 30mg/24h ou razão albuminúria/creatininúria ≥ 30mg/g); b) anormalidades do sedimento urinário; c) anormalidades eletrolíticas ou outras devido a doenças tubulares; d) anormalidades detectadas por histologia; e) anormalidades estruturais detectadas por exames de imagem; f) história de transplante renal; https://labtestsonline.org.br/understanding/analytes/urinalysis https://labtestsonline.org.br/understanding/analytes/urine-culture https://labtestsonline.org.br/glossary/pathogenic https://labtestsonline.org.br/glossary/pathogenic https://labtestsonline.org.br/glossary/microorganism • Redução da TFG < 60 mL/min/1,73m 2 por 3 meses; Outras alterações sugestivas de dano renal são: presença de cilindros patológicos, hematúria e alterações de exames de imagem. No sedimento urinário pode-se observar a presença de cilindros patológicos: leucocitários, hemáticos, epiteliais, granulosos, céreos, largos e graxos. A presença de hematúria em exame comum de urina (EAS/EQU ou urina tipo1) deve ser comprovada com nova coleta após 8 semanas. Persistindo a alteração, deve-se excluir causas glomerulares, por meio da avaliação de hemácias dismórficas (o exame é positivo com a presença de mais de 70% de eritrócitos dismórficos na amostra) ou causas anatômicas (como nefrolitíase). 7- Como os achados laboratoriais confirmam a suspeita diagnóstica de lesão renal aguda? Suspeita-se de lesão renal aguda quando o débito urinário cai e a nitrogênio da ureia sanguínea e creatinina séricas aumentam. De acordo com as diretrizesda prática clínica para lesão renal aguda KDIGO (Kidney Disease: Improving Global Outcomes), define-se a LRA como: • Aumento do valor da creatinina sérica de ≥ 0,3 mg/dL (26,52 micromol/L) em 48 horas; • Aumento da creatinina sérica de ≥ 1,5 vezes em relação à linha de base nos 7 dias anteriores; • Volume de urina < 0,5 mL/kg/h por 6 horas; Exames de sangue geralmente incluem hemograma completo (HC), ureia, creatinina, eletrólitos (incluindo cálcio e fosfato). Exames de urina incluem concentração de sódio, ureia e creatinina; e análise microscópica do sedimento. A elevação diária e progressiva da creatinina sérica é diagnóstico de LRA. A creatinina sérica pode aumentar até cerca de 2 mg/dL/dia (180 micromol/L/dia), dependendo da quantidade de produção de creatinina (que varia de acordo com a massa corporal magra) e de água corporal total. A ureia pode aumentar em 10 a 20 mg/dL/dia (3,6 a 7,1 mmol de ureia/L/dia) - a ureia pode estar elevada em resposta ao aumento do catabolismo proteico resultante de cirurgia, trauma, corticoides, queimaduras, reações transfusionais, alimentação parental ou sangramentos gastrointestinais ou outros internos. Quando a creatinina aumenta, a coleta de urina de 24 horas para determinação da depuração de creatinina e as várias fórmulas utilizadas para cálculo desse depuração a partir da creatinina sérica são imprecisas e não devem ser utilizadas para estimar a taxa de filtração glomerular (TFG), já que a elevação da concentração de creatinina sérica é uma função atrasada do declínio do TFG. Outros achados laboratoriais são: • Acidose progressiva: é moderada, com teor plasmático de bicarbonato de 15 a 20 mmol/L; entretanto, a acidose pode ser grave se houver sepse ou isquemia tecidual adjacente; • Hiperpotassemia: depende do metabolismo geral, ingestão dietética, fármacos e possível necrose tecidual ou lise celular; • Hiponatremia: costuma ser moderada (sódio sérico, 125 a 135 mmol/L) e correlaciona- se ao excesso de ingestão alimentar ou intravenosa de água; • Anemia: anemia normocítico-normocrômica com hematócrito de 25 a 30% é comum. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-eletrol%C3%ADticos/hiperpotassemia https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-eletrol%C3%ADticos/hiponatremia 8- Quais são os dados clínicos e laboratoriais que sugerem o diagnóstico de disfunção renal? Em relação a clínica, inicialmente, ganho de peso e edema periférico podem ser os únicos resultados. Em geral, os sintomas predominantes são aqueles da doença subjacente ou aqueles causados pela complicação cirúrgica que precipitou a deterioração renal. Sintomas de uremia podem se desenvolver mais tarde à medida que os produtos nitrogenados se acumulam, podendo incluir anorexia, náuseas, vômitos, fraqueza, movimentos mioclônicos, convulsões, confusão e coma. A dor torácica (tipicamente pior com a inspiração ou quando reclinado), o atrito pericárdico e os achados de tamponamento cardíaco podem acontecer se a pericardite urêmica estiver presente. O acúmulo de líquido nos pulmões pode causar dispneia e estertores na ausculta. Outros achados dependem da causa. A urina pode ter cor de bebida de cola nas glomerulonefrites ou na mioglobinúria. Pode haver bexiga palpável na obstrução do colo vesical. O ângulo costovertebral pode ser sensível se o rim está severamente aumentado. A quantidade de débito urinário durante lesão renal aguda (LRA) não diferencia claramente entre causas pré-renais, renais ou pós-renais. Em relação aos achados laboratoriais, como citado na questão anterior, alterações na análise de creatinina sérica sedimento urinário, índices diagnósticos urinários, exame de urina e avaliação da proteína na urina, volume vesical residual pós-micção e/ou ultrassonografia renal se houver suspeita de causa pós-renal, podem indicar disfunção renal. (Os achados/alterações quantitativas estão especificados na questão anterior). 9- Existe correlação entre alterações na função renal junto ao hemograma, justifique? A maioria dos pacientes renais crônicos possui anemia normocítica normocrômica, pois ocorrem perdas agudas de sangue e diminuição da sobrevida dos eritrócitos devida à deficiência da produção de eritropoietina, na qual é estimulada pelo rim. Além disso, pode-se observar que alterações plasmáticas podem favorecer o aparecimento de equinócitos e acantócitos no sangue periférico desses pacientes. A diminuição da hemoglobina no sangue, pode também acompanhar uma disfunção renal. A anemia pode surgir no início do diagnóstico da doença renal e agravar à medida que os rins perdem a sua capacidade de filtração e de produção de eritropoietina (EPO). A EPO é responsável pela produção de glóbulos vermelhos. Quando existe Doença Renal os rins não conseguem produzir a EPO em quantidade suficiente e como consequência há uma redução de glóbulos vermelhos surgindo a anemia. Porém o hemograma, diretamente, não serve como diagnóstico de doenças renais. 10- Paciente idoso procura unidade de saúde para rotina anual de exames, dentre os exames solicitados o resultado de ureia chamou a atenção pelo valor acima da referência, devemos pensar em lesão ou renal ou não? Justifique Sim, pois a síntese de ureia ocorre no fígado. A degradação das proteínas inicia-se com o processo de proteólise que, na maioria das vezes, é mediado enzimaticamente. Após a lise das proteínas em aminoácidos, a biossíntese da uréia se dá exclusivamente em processo hepático intracelular, no qual o nitrogênio contido no aminoácido é convertido em uréia por um ciclo enzimático. A principal utilidade clínica da uréia parece estar na determinação em conjunto com a creatinina. A análise dessa razão elevada pode ser feita de forma dicotomizada com a creatinina dentro do valor de referência, indicando processos que levam a diminuição do fluxo sangüíneo renal, aumento na ingestão protéica, ou https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/doen%C3%A7as-glomerulares/vis%C3%A3o-geral-da-s%C3%ADndrome-nefr%C3%ADtica https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/exames-e-procedimentos-geniturin%C3%A1rios/exames-de-imagem-geniturin%C3%A1ria#v1153358_pt sangramento gastrintestinal; e com a creatinina acima do valor normal, denotando processos obstrutivos pós-renais, como tumores ou estenose de vias urinárias. Entretanto, outros fatores podem mudar significativamente os valores plasmáticos da ureia sem terem relação com a função renal, como a dieta e a taxa de produção hepática. 11- Paciente Naruto, 20 anos começou a malhar em uma academia próximo a sua casa, se sentindo muito frango pergunta a um colega de horário qual suplementação ele utilizava o mesmo responde que faz uso de 2g diária de creatina, Naruto rapidamente procura uma loja de suplementação e compra a creatina, na loja o vendedor diz que pode consumir até 5g diárias pois não tem efeito colateral. Naruto não usa medidor em casa e consume medida ao acaso, após um mês começa sentir dor lombar, urina densa e de coloração forte, diarreia e algumas câimbras intensas, procura unidade de saúde para consulta médica. Você como médico de Naruto faria solicitação de quais exames e pensaria em que possibilidade de diagnóstico e podemos esperar quais resultados de exames para confirmação do caso: A utilização de creatina é contraindicada para pacientes com qualquer injúria renal prévia. Dessa forma, poderia solicitar-se exames apenar para a avaliação da função renal, uma vez que, a dosagem consumida pelo paciente está dentro da normalidade (até 20g/dia). Os exames para avaliação de uma possível injúria renal prévia, nesse caso, são: taxa de filtração glomerular (TFG) – através da dosagem de creatina, depuraçãode creatinina, dosagem de cistatina C e dosagem do nível de ureia nitrogenada no sangue. 12- Qual a relação da diabetes com insuficiência renal? Justifique A diabetes pode danificar os vasos sanguíneos dos rins. O primeiro sinal de problema renal é a presença de albumina na urina. O teste de microalbuminuria ajuda a detectar o problema renal em um estágio inicial em pessoas com diabetes. A função renal é verificada estimando-se a taxa de filtração glomerular (TFG) dos resultados da dosagem de creatinina do sangue. Quando os rins estão afetados, eles não conseguem limpar o sangue adequadamente e acumulam-se resíduos no sangue. O corpo reterá mais água e sal do que deveria, o que pode resultar em ganho de peso e inchaço do tornozelo. A diabetes também pode causar neuropatia, o que leva a dificuldades para esvaziar a bexiga. A pressão resultante da bexiga cheia pode retornar e afetar os rins. Além disso, se a urina ficar na bexiga por muito tempo, pode provocar uma infecção do trato urinário, uma vez que as bactérias crescem rapidamente na urina com um alto nível de açúcar. Para quem tem diabetes, o primeiro sinal de insuficiência renal crônica é a presença de albumina na urina - presente antes de existir evidência de insuficiência renal nos exames de sangue. A albumina na urina pode também ser um sinal precoce de anormalidades nos vasos sanguíneos que podem levar a doença cardíaca. Assim, é importante solicitar exame de urina para microalbumina (microalbuminuria) anualmente. Deve-se fazer um exame de sangue comum para creatinina sérica para se estimar a capacidade de filtração dos rins – denominada taxa de filtração glomerular (TFG).
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