Buscar

Mecanismo De Defesa Do Ego: Racionalização

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Racionalização: Para tudo há uma explicação plausível.
O criador do termo Racionalização foi Ernest Jones, biógrafo de Freud em 1908, que conceitualiza a recorrente tentativa de um indivíduo usar de raciocínio lógico para lidar com perigos fictícios ou reais que ameaçam o seu ego, tem como ponto final a proteção do psicológico interno e a repressão do conteúdo ameaçador. Freud fez o uso do conceito pela primeira vez, em 1911, no “Caso Schreber”, Anna Freud também discorreu sobre o tema em seu livro de 1936, O ego e os mecanismos de defesa, onde destrinchou sobre quinze mecanismos. 
 O problema em racionalizar e analisar tudo, está quando antes mesmo de ser confrontado com um sentimento, o indivíduo já tenta racionalizar estes sentimentos ou experiência. É uma forma de sufocar todas as emoções que vêm conectadas com isso tudo, a análise é muito importante para a descoberta de si, é uma forma de colocar as coisas de forma organizada para um entendimento de si mesmo. Mas a racionalização exagerada, sufoca o sentimento, sufoca a percepção da experiência, e geralmente se chega a uma conclusão apressada, que só vem para confirmar o que já estava sendo pensado pelo indivíduo. 
A racionalização acontece em duas etapas:
1. Uma decisão, ação, julgamento é feito por uma razão dada, ou nenhuma razão (conhecida).
2. Uma racionalização é realizada, construindo uma razão aparentemente boa ou lógica, como uma tentativa de justificar o ato após o fato (para si ou para os outros).
 Uma pessoa que leva um fora de um amante, tenta racionalizar e analisar tudo, “o que aconteceu?”, “quando aconteceu a perda do interesse?”, “como aconteceu?”, “tudo bem, eu não gostava dele tanto assim mesmo", isso faz com que a pessoa perca o aprofundamento com a experiência, deixe de sentir um aprofundamento do sentimento de perda e lidar com o significado que a pessoa tem em sua vida, é importante para compreensão de si. 
Negar emoções não é uma análise profunda, é somente racional e apressada, se perde a conexão consigo mesmo. Racionalizar, leva o indivíduo a lidar o tempo todo com pensamentos, e isso vai a longo prazo o desconectar de sua capacidade de sentir livremente, pois, se aparta do que sente, e toda vez que algo o levar a sentir algum tipo de emoção, irá ser desesperador. A capacidade de análise excessiva, acaba virando um bloqueio para sua profundidade consigo mesmo. 
Os mecanismos de defesa podem vir a ser apresentados de maneiras mais brandas, ou em casos mais graves, podem vir de maneira alienantes e doentias, sendo um grau maior de patologia.
Em 1911 Freud publica um livros onde faz análises de paranoias, cujo contia a análise-se um dos casos que se tornaram um de seus casos mais emblemáticos, o caso de Daniel Paul Schreber. Freud nunca esteve frente ao homem analisado, suas análises se basearam em um livro ao qual o mesmo narra em primeira pessoa, suas memórias e experiências. O livro se apresenta como uma peça de argumentação jurídica para que ele possa deixar o sanatório onde se encontra, chama-se Memórias de um doente dos nervos (1903). 
 Schreber é membro de uma família de pedagogos e educadores, seu pai Daniel Gottlieb Schreber era um notório e renomado educador, que possuía teorias educativas muito rígidas. O seu objetivo era criar um novo homem às usando, e foi baseado em seus instrumentos como a ginástica e o higienismo que educou seus filhos, para que eles tivessem postura diante da sociedade, para que não se masturbassem, os educou de uma maneira pedagógica excessivamente cruel, um de seus filhos chega a cometer suicidiu. 
 “O presidente Schreber se forma no curso de direito, progride muito rápido em sua carreira. Em 1884 torna-se presidente da corte de apelação, um renomado jurista. Seu distúrbio ocorreu após a sua derrota para ser candidato do partido conservador. Sendo tratado pelo neurologista Paul Flechsig foi internado duas vezes. Em 1893, Schreber foi promovido a presidente do tribunal de apelação de Dresden. Sete anos depois foi interditado e teve os seus bens colocados sob tutela. Após isso escreveu o seu livro, Memórias de um doente dos nervos que foi lançado em 1903.” (Charles Pennaforte, 2014)
 Tudo começa em um dia enquanto tentava dormir e um pensamento lhe vem à mente, ao qual ele julga como não pertencente a si, “como seria bom ser copulado como uma mulher”. Este pensamento lhe surpreende e ele julga estar ficando louco, a partir daí ele passa por uma primeira internação psiquiátrica, ele “melhora” após um certo tempo, mas logo após ele vem a ter uma segunda recaída. 
 Em meio a uma recaída em seu quadro ele escreve o livro, tentando argumentar que o que estava passando não impede seu funcionamento cognitivo pleno e por isso deveriam o admitir novamente em seu cargo, em suas narrações racionalizadas ele explica o porquê de se encontrar recluso novamente. Ele teria invocado a volúpia de Deus, sendo Deus um ser que se cativou por seu corpo e enviava o que ele chamou de “raios divinos", os quais entravam em seu corpo como uma rede de comunicação entre ele e o ser celestial. 
 Ele usava esta comunicação que os raios divinos proporcionaram para racionalizar vários fenômenos que aconteciam consigo, como a interrupção de suas frases por não se lembrar das palavras, segundo ele, era Deus interrompendo seus pensamentos, escutar passaros falando, dificuldades de evacuação. Em meio a isso ele começa a se observar no espelho e em sua mente seios começam a crescer em seu peitoral, para ele ele Deus o estava transformando em uma mulher, o que ele chamou de emasculação. Ele chega a conclusão que Deus sente essa volúpia por seu corpo porque Deus está querendo o transformar em uma mulher,para que possa copular com ele, para a criação de uma nova raça, os delírios se desenvolvem em torno dessa principal informação. Ele aceita o seu destino, partindo do pensamento que seria uma salvação da humanidade. 
 “Com todo esse discurso Freud viu na “revolta” contra Deus de Schreber, a figura de seu pai e a homossexualidade recalcada (a base de seu delírio). A transformação do amor em ódio é o mecanismo essencial da paranóia. O surgimento do delírio para Freud foi uma tentativa de cura, cujo objetivo de Schreber era um consolo para a morte do pai, já que não havia tido um filho algum. Deus em seu sistema delirante seria o seu pai.” (Charles Pennaforte, 2014)
Referências bibliográficas:
Racionalização, por Joyce Goldstein
O Caso Schreber, em Psicanálise por Charles Pennaforte, 2014 
Daniel Paul Schreber, Memórias de um doente dos nervos (1903)

Continue navegando