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Controle de constitucionalidade (arts. 97; 102, incs. I, “a” e “p”, e III, e §§ 1º, 2º e 3º; 103; 125, § 2º; e 129, inc. IV) Prof. Marcelo Caminha Filho Parte geral O que é controle? Controle = fiscalização. Controle interno: fiscalização realizada por órgão interno à pessoa jurídica/poder que praticou o ato. Controle externo: fiscalização realizada por pessoa jurídica externa à que praticou o ato. Controle de constitucionalidade O que é controle? Fiscalização da compatibilidade de um ato em relação a determinado parâmetro. Constitucionalidade: normas constitucionais. Convencionalidade: tratados e convenções internacionais. Legalidade: leis. Controle de constitucionalidade No controle de constitucionalidade, então, nós temos o confronto entre a Constituição e a norma infraconstitucional. Exemplo: Competência federal para legislar sobre transporte e condições para o exercício de profissões (art. 22, IX, XI e XVI, da CRFB) + livre iniciativa (art. 170 da CRFB). X Norma que proíbe o “uso de carros particulares cadastrados ou não em aplicativos, para o transporte remunerado individual de pessoas” (Lei Municipal nº 10.553 de Fortaleza). Controle de constitucionalidade Parâmetro de controle Objeto do controle No controle de constitucionalidade, o parâmetro de controle é sempre a Constituição, bem como o bloco de constitucionalidade. Tanto suas normas expressas quanto as suas normas implícitas (exemplos: princípio da razoabilidade e princípio do duplo grau de jurisdição). Exceção: o preâmbulo da Constituição não é parâmetro de controle. Controle de constitucionalidade A inconstitucionalidade pode tanto ser material quanto formal. Material ou nomoestática: inobservância de norma de conteúdo; Exemplo: Caso biografias não autorizadas (ADI nº 4815): liberdades artística, de expressão e de comunicação (art. 5º, incs. IV, IX e X) x autorização para uso de imagem (arts. 20 e 21 do Código Civil). Formal ou nomodinâmica: inobservância de norma procedimental. Exemplos: violação à iniciativa privativa de lei (inconstitucionalidade formal subjetiva); inobservância do quórum (inconstitucionalidade formal objetiva); usurpação de competência legislativa (inconstitucionalidade formal orgânica). Controle de constitucionalidade Além disso, há quem sustente a inconstitucionalidade por “vício de decoro parlamentar”. São casos de vício na formação da vontade no procedimento legislativo. Exemplo: compra de votos (caso Mensalão). Controle de constitucionalidade Por fim, o STF já reconheceu o estado de coisas inconstitucional: violação massiva e persistente de direitos fundamentais. E.g.: ADPF 347 — audiências de custódia (Pacto dos Direitos Civil e Políticos e Convenção Interamericana de Direitos Humanos). Controle de constitucionalidade A inconstitucionalidade pode tanto ser por ação quanto por omissão. Ação: há uma conduta comissiva (um agir) do poder público que é incompatível com a Constituição. Exemplo: Lei de crimes hediondos (nº 8.072, de 1990) proibiu a progressão de regime. HC nº 82.959: STF entendeu que era inconstitucional por violar o princípio da individualização da pena (art. 5º, inc. XLVI, da CRFB). Omissão: há uma conduta omissiva do poder público diante de um dever estabelecido pela Constituição. Exemplo: Direito de greve do servidor público (art. 37, inc. VII, da CRFB). Controle de constitucionalidade Fenômeno da erosão da consciência constitucional (ADI nº 1.484): o descumprimento reiterado do dever de legislar causa o enfraquecimento da constituição escrita, pois provoca no povo a percepção de que a Constituição não possui efetividade. Controle de constitucionalidade Quem realiza o controle de constitucionalidade? Todos os poderes e, dentro deles, vários órgãos. Poder Executivo: veto jurídico (prévio) e não-execução (posterior). Art. 66. (...) § 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional (...), vetá-lo-á total ou parcialmente (...). Poder Legislativo: Comissão de Constituição e Justiça e Plenário. Controle de constitucionalidade Poder Executivo: veto jurídico. Art. 66. (...) § 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional (...), vetá-lo-á total ou parcialmente (...). Poder Legislativo: Comissão de Constituição e Justiça. O Poder Judiciário, por sua vez, geralmente realiza o controle repressivo ou posterior da constitucionalidade. Controle de constitucionalidade Esse controle é feito de forma prévia ou preventiva Antes da norma entrar em vigência Momento do controle Preventivo (prévio): efetiva-se previamente à concretização do ato. Repressivo (posterior): efetiva-se posteriormente à concretização do ato. Controle de constitucionalidade MP; DR e Lei deleg. Negar execução Podem deixar de aplicar, mas não podem declarar a inconstitucionalidade Por que é necessário o controle judicial de constitucionalidade? As Constituições contêm, via de regra, as normas estruturantes do Estado e os direitos fundamentais. O controle de constitucionalidade garante: ● Os direitos fundamentais das minorias contra as maiorias eventuais (papel contramajoritário do Supremo Tribunal Federal); ● As competências dos entes federados, nas Federações (papel de Tribunal Federativo do Supremo Tribunal Federal). Controle de constitucionalidade Toffoli suspende decisão que permitia o funcionamento de barbearia em Sergipe O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, suspendeu os efeitos de decisão do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ-SE) que permitia a abertura de uma barbearia de Itabaiana (SE), apesar de decreto estadual estabelecer restrições ao funcionamento do comércio para evitar o contágio pela Covid-19. A decisão do Tribunal sergipano levou em consideração o decreto da Presidência da República que considerava a atividade como essencial. No entanto, segundo Toffoli, o estado, dentro de sua competência, editou o decreto de acordo com sua realidade regional, respeitando a jurisprudência do STF sobre a matéria. http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=443812&ori=1 Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874, de 2019) § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=443812&ori=1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm O controle não poderia ser feito apenas pelo Legislativo? Poderia e é feito em alguns países (exemplo: Reino Unido, em sua normas internas). Esse é, no entanto, um autocontrole. O Legislativo é controlado pela maioria democrática – a maioria, portanto, teria que autorrestringir para não violar os direitos das minorias. Controle de constitucionalidade O Poder Judiciário é um poder que possui alguma legitimidade democrática (Ministros são nomeados pelo Presidente da República, que é escolhido democraticamente, bem como 1/5 dos desembargadores) e legitimam-se também pela motivação de suas decisões. No entanto, não se submetem às pressões políticas e majoritárias, pois não são eleitos; possuem as garantias de vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio. Controle de constitucionalidade Todos os países têm controle de constitucionalidade? Não. Para que um sistema jurídico admita o controle de constitucionalidade, é necessário que esteja presentes dois pressupostos: supremacia da Constituição e rigidez constitucional. Controle de constitucionalidade Supremacia da Constituição: para que um ato normativo seja inválido por ser incompatível com a Constituição, é necessárioque a Constituição esteja hierarquicamente acima das demais normas. Controle de constitucionalidade Normas constitucionais Normas infraconstitucionais Normas infralegais Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2015 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XVIII - Primeira Fase Muitos Estados ocidentais, a partir do processo revolucionário franco-americano do final do século XVIII, atribuíram aos juízes a função de interpretar a Constituição, daí surgindo a denominada jurisdição constitucional. A respeito do controle de constitucionalidade exercido por esse tipo de estrutura orgânica, assinale a afirmativa correta. (A) A supremacia da Constituição e a hierarquia das fontes normativas destacam-se entre os pressupostos do controle de constitucionalidade. (B) A denominada mutação constitucional é uma modalidade de controle de constitucionalidade realizado pela jurisdição constitucional. (C) O controle concentrado de constitucionalidade consiste na análise da compatibilidade de qualquer norma infraconstitucional com a Constituição. (D) O controle de constitucionalidade de qualquer decreto regulamentar deve ser realizado pela via difusa. https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/bancas/fgv https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/institutos/oab https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2015-oab-exame-de-ordem-unificado-xviii-primeira-fase Ano: 2015 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2015 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XVIII - Primeira Fase Muitos Estados ocidentais, a partir do processo revolucionário franco-americano do final do século XVIII, atribuíram aos juízes a função de interpretar a Constituição, daí surgindo a denominada jurisdição constitucional. A respeito do controle de constitucionalidade exercido por esse tipo de estrutura orgânica, assinale a afirmativa correta. (A) A supremacia da Constituição e a hierarquia das fontes normativas destacam-se entre os pressupostos do controle de constitucionalidade. (B) A denominada mutação constitucional é uma modalidade de controle de constitucionalidade realizado pela jurisdição constitucional. (C) O controle concentrado de constitucionalidade consiste na análise da compatibilidade de qualquer norma infraconstitucional com a Constituição. (D) O controle de constitucionalidade de qualquer decreto regulamentar deve ser realizado pela via difusa. https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/bancas/fgv https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/institutos/oab https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2015-oab-exame-de-ordem-unificado-xviii-primeira-fase Rigidez constitucional: a norma constitucional precisa ter um processo de elaboração diferente e mais complexo do que o das demais normas. Se não existisse distinção formal, a nova norma revogaria a norma constitucional. Controle de constitucionalidade Há duas teorias quanto à invalidade da norma: ● Teoria da anulabilidade: a invalidade produz efeitos a partir do seu reconhecimento. Deve ser constituída (sistema austríaco); ● Teoria da nulidade: a invalidade preexiste seu reconhecimento. Deve ser declarada (sistema norte-americano). É o adotado no Brasil. Controle de constitucionalidade Se a norma inconstitucional é nula, significa que ela nunca foi válida e, portanto, nunca deveria ter produzido efeitos. Portanto, a declaração de sua inconstitucionalidade deve produzir efeitos ex tunc (de então) e não ex nunc (de agora). Controle de constitucionalidade Início da vigência da lei Declaração da inconstitucionalidade Efeitos da decisão retroagem, desconstituindo os efeitos produzidos pela lei Esse efeito é chamado de eficácia ex tunc (de então). Controle de constitucionalidade O que acontece com aqueles que acreditaram na validade da lei? Controle de constitucionalidade O Distrito Federal editou a Lei distrital nº 3361/2004, a qual determina a reserva de 40% das vagas das universidades públicos para alunos que estudaram em escolas públicas do próprio Distrito Federal (excluindo, portanto, alunos de escolas públicas de outros Estados da Federação): Art. 1º As universidades e faculdades públicas do Distrito Federal ficam obrigadas a reservar, em seus processos seletivos, no mínimo, 40% (quarenta por cento) das vagas por curso e por turno, para os alunos que comprovem ter cursado integralmente os ensinos fundamental e médio em escolas públicas do Distrito Federal. No entanto, a Constituição Federal veda a discriminação por origem: Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. Controle de constitucionalidade Ementa: Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei Distrital 3361/2004. Sistema de cotas para ingresso nas Universidades e faculdades públicas do Distrito Federal. 3. Reserva de 40% das vagas para alunos que comprovem ter cursado integralmente os ensinos fundamental e médio em escolas públicas do Distrito Federal. 4. Discriminação em razão da origem. Critério espacial que não se justifica em razão da política de ação afirmativa que busca garantir igualdade de oportunidade aos oriundos da escola pública. 5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade da expressão “do Distrito Federal”, constante do artigo 1º da Lei Distrital 3.361/2004. Modulação de efeitos. (ADI 4868, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 27/03/2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-089 DIVULG 14-04-2020 PUBLIC 15- 04-2020) Controle de constitucionalidade E o que acontece com todos os vestibulandos que foram aprovados e ingressaram na Universidade pelo sistema de cotas do Distrito Federal? Controle de constitucionalidade Modulação dos efeitos da decisão: O Tribunal, por maioria, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar inconstitucional a expressão “do Distrito Federal”, constante do artigo 1º da Lei Distrital 3.361/2004, e aplicou o artigo 27 da Lei 9.868/99, a fim de consignar que o presente juízo de inconstitucionalidade somente surtirá efeitos para os processos seletivos que forem posteriores ao trânsito em julgado da presente decisão, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio tão somente na questão da modulação de efeitos. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 20.3.2020 a 26.3.2020 Controle de constitucionalidade A modulação dos efeitos da decisão “modula” os efeitos da decisão – ou seja, os divide em módulos pelos critérios cronológico e qualitativo. Início da vigência da lei Declaração da inconstitucionalidade Efeitos da decisão não retroagem Controle de constitucionalidade Modulação de efeitos da declaração de inconstitucionalidade O Supremo Tribunal Federal pode determinar que sua decisão só produza efeitos parciais ou a partir do seu trânsito em julgado (efeitos ex nunc – de agora) ou de outro momento. Lei nº 9.868, de 1999: “Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.” Controle de constitucionalidade Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - VIII - Primeira Fase. Lei estadual de iniciativa do Deputado “X” previu a criação de 300 cargos de fiscal de rendas e determinou o seu preenchimento no mesmo ano, sem indicar a previsão da receita necessária para fazer frente a tal despesa.Realizado o concurso público e depois da posse e exercício dos 100 primeiros aprovados, o Governador ajuíza ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, arguindo a invalidade do diploma legal, por vício de iniciativa e por não indicar a fonte de receita necessária. Considerando as normas existentes a respeito do controle de constitucionalidade, assinale a alternativa que indica o correto posicionamento do STF. (A) Não terá alternativa senão declarar a inconstitucionalidade da lei, por vício de iniciativa, com efeitos ex tunc, e julgar de plano inválido o concurso público, determinando a exoneração de todos os fiscais aprovados e a anulação dos atos por eles praticados. (B) Não poderá acatar os argumentos da ação direta, uma vez que o Governador foi quem autorizou a realização do concurso e deu posse aos candidatos, de modo que a ação proposta por ele mesmo viola a segurança jurídica, denotando conduta contraditória. (C) Deverá realizar uma ponderação de princípios e poderá, ao final, decidir pela constitucionalidade da lei e pela sua manutenção no ordenamento jurídico, apesar da afronta à Constituição, caso em que julgará improcedente a ação. (D) Poderá, ao declarar a inconstitucionalidade, e pelo voto de dois terços dos ministros, restringir os efeitos da decisão ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado, preservando os atos já praticados pelos fiscais. https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/bancas/fgv https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/institutos/oab https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2012-oab-exame-de-ordem-unificado-viii-primeira-fase Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - VIII - Primeira Fase. Lei estadual de iniciativa do Deputado “X” previu a criação de 300 cargos de fiscal de rendas e determinou o seu preenchimento no mesmo ano, sem indicar a previsão da receita necessária para fazer frente a tal despesa. Realizado o concurso público e depois da posse e exercício dos 100 primeiros aprovados, o Governador ajuíza ação direta de inconstitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, arguindo a invalidade do diploma legal, por vício de iniciativa e por não indicar a fonte de receita necessária. Considerando as normas existentes a respeito do controle de constitucionalidade, assinale a alternativa que indica o correto posicionamento do STF. (A) Não terá alternativa senão declarar a inconstitucionalidade da lei, por vício de iniciativa, com efeitos ex tunc, e julgar de plano inválido o concurso público, determinando a exoneração de todos os fiscais aprovados e a anulação dos atos por eles praticados. (B) Não poderá acatar os argumentos da ação direta, uma vez que o Governador foi quem autorizou a realização do concurso e deu posse aos candidatos, de modo que a ação proposta por ele mesmo viola a segurança jurídica, denotando conduta contraditória. (C) Deverá realizar uma ponderação de princípios e poderá, ao final, decidir pela constitucionalidade da lei e pela sua manutenção no ordenamento jurídico, apesar da afronta à Constituição, caso em que julgará improcedente a ação. (D) Poderá, ao declarar a inconstitucionalidade, e pelo voto de dois terços dos ministros, restringir os efeitos da decisão ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado, preservando os atos já praticados pelos fiscais. https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/bancas/fgv https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/institutos/oab https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2012-oab-exame-de-ordem-unificado-viii-primeira-fase Outros Tribunais podem modular os efeitos de suas decisões? A modulação dos efeitos está prevista nas leis da ADI e da ADPF (controle concentrado) e é dirigida apenas ao Supremo Tribunal Federal. No entanto, o Supremo Tribunal Federal, aplicando o princípio da segurança jurídica, estendeu essa regra para o controle difuso de constitucionalidade. Portanto, é razoável que os demais Tribunais dessem aplicação semelhante ao princípio da segurança jurídica. Além disso, o CPC permite que os demais Tribunais apliquem a modulação de efeitos quando há alteração da jurisprudência dominante do STF ou dos Tribunais Superiores, ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos. Controle de constitucionalidade Resumindo: o Brasil adota a teoria da nulidade em relação ao vício de inconstitucionalidade. Isso significa que a lei (a norma) “nasce” inconstitucional. A aferição da inconstitucionalidade é feita tendo como parâmetro a Constituição da época em que a lei foi criada. Controle de constitucionalidade Exemplo: ADPF nº 130 (Lei de Imprensa). Controle de constitucionalidade Janeiro de 1967 CRFB de 1967 Fevereiro de 1967 Lei nº 5.250 (Lei de imprensa) Art . 1º É livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou idéias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo cada um, nos têrmos da lei, pelos abusos que cometer. § 1º Não será tolerada a propaganda de guerra, de processos de subversão da ordem política e social ou de preconceitos de raça ou classe. § 2º O disposto neste artigo não se aplica a espetáculos e diversões públicas, que ficarão sujeitos à censura, na forma da lei, nem na vigência do estado de sítio, quando o Govêrno poderá exercer a censura sôbre os jornais ou periódicos e emprêsas de radiodifusão e agências noticiosas nas matérias atinentes aos motivos que o determinaram, como também em relação aos executores daquela medida. Art . 2º É livre a publicação e circulação, no território nacional, de livros e de jornais e outros periódicos, salvo se clandestinos (art. 11) ou quando atentem contra a moral e os bons costumes. Outubro de 1988 CRFB de 1988 Liberdade de expressão (art. 5º, incs. IV e IX), liberdade de imprensa, vedação à censura (art. 220) Exemplo: ADPF nº 130 (Lei de Imprensa). Não há inconstitucionalidade superveniente, mas não-recepção da norma anterior pela nova ordem constitucional. Controle de constitucionalidade Janeiro de 1967 CRFB de 1967 Fevereiro de 1967 Lei nº 5.250 (Lei de imprensa) Outubro de 1988 CRFB de 1988 Resumindo: não se pode tornar constitucional uma norma que “nasceu” inconstitucional (constitucionalidade superveniente) e não se pode tornar inconstitucional uma norma que “nasceu” constitucional (inconstitucionalidade superveniente). Se sobrevier nova Constituição, haverá a recepção ou não-recepção das normas infraconstitucionais. Exceção: caso do Município Luiz Eduardo Magalhães (ADI 2240). Controle de constitucionalidade Exceções: (a) Mutação constitucional; e (b) Mudança do substrato fático da norma. Controle de constitucionalidade Mutação constitucional As alterações ao texto constitucional pode ser de duas espécies: Formal: modificação textual por meio de exercício da prerrogativa de emendar o texto constitucional ou acrescer ao bloco de constitucionalidade. Manifestação do Poder Constituinte Derivado. Informal: modificação apenas no significado do texto. Chama-se mutação constitucional. Não são alterações "físicas". Controle de constitucionalidade Mutação constitucional Decorre de uma nova percepção do Direito. Exemplos: "Art. 215 - Ter conjunção carnal com mulher honesta, mediante fraude:" (Código Penal [1940] pré-Lei nº 11.106/05); Foro por prerrogativa de função: interpretação ampliativa e restritiva (crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados à função desempenhada); União homoafetiva (“é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher”). Controle de constitucionalidade Mutação constitucional Mecanismos de mutação: (1) Interpretação judicial: evolução da jurisprudência do Tribunal. Em sentido mais amplo, de qualquer órgão jurisdicional (exemplo: perda do cargo comou sem inabilitação no processo de impeachment). (2) Interpretação administrativa: evolução da interpretação pelos órgãos administrativos (exemplo: Resolução nº 7 do CNJ – nepotismo); Controle de constitucionalidade Mutação constitucional Mecanismos de mutação: (3) Costume constitucional: práticas reiteradas que consolidam o sentido da norma constitucional. Exemplos: possibilidade de o Chefe do Executivo recusar a aplicação de lei que considere inconstitucional; (4) Atuação do legislador: alteração do sentido por ato normativo primário. Exemplo: tentativa de extensão do foro por prerrogativa de função para ações iniciadas após o fim do mandato (Lei nº 10.628/02). Controle de constitucionalidade ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – XXIV EXAME DE ORDEM UNIFICADO – PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL Aplicada em 21/01/2018 – ÁREA: DIREITO CONSTITUCIONAL Enunciado: O Supremo Tribunal Federal, há vinte anos, ao julgar uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, reconheceu a constitucionalidade da Lei Federal W, que estabeleceu critérios para a fruição de determinado benefício assistencial, dentre os quais o limite da renda familiar. Apesar do trânsito em julgado do acórdão proferido, determinado partido político entendia que os critérios estabelecidos pela Lei Federal W eram absolutamente incompatíveis com as características sociais e econômicas da realidade atual. Considerando que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a referida ação, invocara as características sociais e econômicas da época para delinear o sentido das normas da Constituição da República utilizadas como paradigma de análise, o partido político procurou um advogado e solicitou a análise da questão. Na posição de advogado do partido político, responda, de forma fundamentada, aos itens a seguir. A) É possível que o sentido das referidas normas constitucionais, utilizadas como paradigma de análise, seja outro na atualidade, apesar de o texto constitucional permanecer o mesmo? (Valor: 0,75) B) A improcedência do pedido na referida Ação Direta de Inconstitucionalidade impede que nova ação dessa natureza tenha a Lei Federal W como objeto? (Valor: 0,50) Gabarito comentado A) O examinando deve esclarecer que, do mesmo texto, pode ser obtida nova norma constitucional em razão das alterações verificadas na realidade, as quais influenciarão o processo de interpretação constitucional. Trata-se do processo informal de alteração da Constituição conhecido como “mutação constitucional”. B) O examinando deve esclarecer que não há obstáculo ao ajuizamento de nova ação direta de inconstitucionalidade tendo a Lei Federal W como objeto, já que, no caso concreto, o pedido apresentado na primeira ação foi julgado improcedente e o cotejo será realizado com normas constitucionais de sentido e alcance diversos daquelas que embasaram a prolação do primeiro acórdão. Amplitude da declaração ● Declaração integral de inconstitucionalidade: atinge toda a lei ou todo o dispositivo legal referido. Exemplo: lei de imprensa. ● Declaração parcial de inconstitucionalidade: atinge parte da lei ou parte de dispositivo. Pode atingir apenas palavra ou expressão (Lei nº 8.906, de 1994: Art. 1º São atividades privativas de advocacia: I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais; (Vide ADIN 1.127-8)), MAS NÃO PODE INVERTER O SENTIDO (ADI nº 2.645). o Com ou sem redução de texto: Controle de constitucionalidade http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=1127&processo=1127 http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=1127&processo=1127 Amplitude da declaração o Declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto: exclusão de uma ou mais hipóteses de incidência. CRFB: Art. 7º XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; EC nº 20/1998: Art. 14 - O limite máximo para o valor dos benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 da Constituição Federal é fixado em R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais), devendo, a partir da data da publicação desta Emenda, ser reajustado de forma a preservar, em caráter permanente, seu valor real, atualizado pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de previdência social. Controle de constitucionalidade Licença-maternidade Seguro-desemprego Salário-família Auxílio-reclusão, etc. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.htm Amplitude da declaração o Interpretacão conforme a Constituição: exclusão de uma ou mais hipóteses interpretativas. CRFB: Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Código Civil: Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. Controle de constitucionalidade Apenas homem com mulher Homem e mulher, em qualquer combinação Mudança do substrato fático da norma: não é a interpretação da norma que muda, mas o seu contexto fático. A realidade muda e, por consequência, a lei deixa de ser constitucional. E.g.: amianto (asbesto branco — ADI 3.937 — evolução tecnológica) e prazos para a Defensoria Pública. Controle de constitucionalidade Declaração da constitucionalidade Declaração da inconstitucionalidade Evolução tecnológica O que ocorre com o ordenamento jurídico quando é declarada a inconstitucionalidade de uma de suas normas? Como é preenchido o vácuo deixado pela norma declarada inconstitucional? O sistema brasileiro não admite a repristinação (retorno automático à vigência da lei revogada quando a lei revogadora deixa de existir). No entanto, sendo nula por inconstitucionalidade, a lei nunca foi válida e nunca deveria ter produzido efeitos. Logo, volta a vigorar a lei anterior. Controle de constitucionalidade
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