Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Marcela Oliveira – Medicina 2020 Modulo Envelhecimento – • RECONHECER AS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO DO SISTEMA CARDIOVASCULAR Quando falamos em envelhecimento, devemos sempre distinguir as modificações estruturais e funcionais produzidas especialmente pelo processo de envelhecimento (senescência) e as causadas pelas doenças que acometem os idosos (senilidade). Os marcos cardiovasculares do envelhecimento em humanos incluem aumento progressivo da pressão sistólica, da pressão de pulso, da velocidade da onda no pulso, da massa de ventrículo esquerdo e aumento na incidência de doença arterial coronariana e fibrilação arterial. Após o desenvolvimento neonatal, o numero de células miocárdicas no coração não aumenta. Estudos demonstraram que há modificações bioquímicas e anatômicas que acompanham o envelhecimento. Portanto, as alterações na função cardiovascular que acompanha o envelhecimento podem se dever a alterações de padrões de doença, variáveis do estilo de vida ou resultantes simplesmente do próprio envelhecimento, sendo este o fator de maior dificuldade de definição. Apesar de vários estudos terem demonstrado que fatores genéticos, dislipidemias, diabetes e vida sedentária são os principais fatores de risco para doença coronária, é a idade que se configura como o principal fator de risco cardiovascular. Pois, apesar de muitos idosos não apresentarem doenças evidentes, estes apresentam cormobidades e doenças subclínicas e alterações funcionais e anatômicas que agem modificando a estrutura cardiovascular, facilitando a atuação dos mecanismos fisiopatológicos das doenças. ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS Pericárdio Na maioria das vezes, as alterações do pericárdio são discretas, em geral decorrentes do desgaste progressivo, sob a forma de espessamento difuso, particularmente nas cavidades esquerdas do coração, sendo comum o aparecimento do aumento da taxa de gordura epicárdica. Endocárdio As alterações encontradas no endocárdio são o espessamento e a opacidade, em especial no coração esquerdo, com proliferação das fibras colágenas e elásticas, fragmentação e desorganização destas com perda de deposição uniforme habitual, devido à hiperplasia resultante da longa turbulência sanguínea. Miocárdio As alterações na matriz extracelular do miocárdio são comparáveis aquelas na vasculatura, ou seja, com colágeno aumentado, principalmente tipo I e tipo II, diâmetro fibroso aumentado, diminuição de elastina, proliferação de fibroblastos induzida cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 2 Marcela Oliveira – Medicina 2020 por fatores de crescimento em particular angiotensinas. No miocárdio há acumulo de gordura principalmente nos átrios e septo interventricular, mas pode também ocupar as paredes dos ventrículos. Observa-se também moderada degeneração muscular com substituição das células miocárdicas por tecido fibroso. Além disso, temos presença de depósitos intercelulares de lipofuscina, chamada de pigmento senil, sendo admitida como real manifestação biológica do envelhecimento, sendo descrita como um estado de atrofia fosca ou parda, caracterizada por atrofia miocárdica associada a grande acumulo de lipofuscina. Também, o aumento da resistência vascular periférica pode ocasionar moderada hipertrofia miocárdica concêntrica, principalmente na câmara ventricular esquerda. Com o passar da idade podemos encontrar depósitos da substancia amiloide, constituindo a amilodose senil, relacionada com a maior incidência de insuficiência cardíaca, podendo acarretar complicações como arritmias atriais, disfunção atrial e ate bloqueio atrioventricular. Alterações das Valvas O tecido valvar, composto predominantemente por colágeno, está sujeito a grandes pressões. Com o envelhecimento, observa-se degeneração e espessamento dessas estruturas, sendo que, histologicamente as valvas de quase todos os idosos apresentam algum grau de alteração, mas somente uma pequena proporção ira desenvolver anormalidades em grau suficiente para desencadear manifestações clinicas. Essas manifestações acometem mais as cúspides do coração esquerdo. A calcificação da valva mitral é uma das alterações mais importantes e mais comuns do envelhecimento cardíaco. Além disso, podemos ter espessamento, deposito de lipídios e degeneração mucoide (deixa o tecido valvar frouxo, podendo levar a prolapso e insuficiência mitral). Alterações do sistema de condução O envelhecimento é acompanhado por acentuada redução das células do no sinusal, podendo comprometer o nó atrioventricular e o feixe de His. A infiltração gordurosa separando o nó sinusal da musculatura subjacente contribui para o aparecimento de arritmia sinusal, sendo a mais frequente nessa faixa etária a fibrilação atrial. Alterações da Aorta Os processos ocorrem na camada media, sob forma de atrofia, de descontinuidade e de desorganização das fibras elásticas, aumento das fibras colágenas e eventual deposição de cálcio. A formação de fibras colágenas não distensíveis predomina sobre as responsáveis pela elasticidade intrínseca que caracteriza a aorta jovem, resultando na redução da elasticidade, maior rigidez da parede e aumento do calibre. Essas cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Nota Lipofuscina é um pigmento depositado na célula que serve para detectar o tempo de vida celular. Ela está presente em células que não se multiplicam muito e têm vida longa, como as musculares do miocárdio e os neurônios. Normalmente, quanto mais lipofuscina presente, mais velha é a célula. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 3 Marcela Oliveira – Medicina 2020 alterações implicam, ocasionalmente, no aumento da pressão sistólica e da pressão de pulso. Outra alteração estrutural metabólica importante é a amiloidose senil da aorta que se desenvolve independentemente da arterioesclerose. Alterações Arteriais As alterações arteriais do envelhecimento se devem ao remodelamento da parede das grandes artérias elásticas, como: dilatação da luz do vaso, aumento da espessura da parede, principalmente da intima e média, rigidez das artérias elásticas com disfunção endotelial. O aumento da rigidez arterial leva ao aumento da pós-carga diretamente pela diminuição da complacência arterial, e indiretamente acelera a velocidade de propagação da onda de pulso pelo sistema cardiovascular, promovendo um retorno precoce ainda no período sistólico na parede da raiz da aorta, como consequência, ocorre um pico tardio da pressão sistólica, com aumento desta, bem como aumento da pressão depulso e aumento da pós-carga. Sistema Nervoso Simpático Existe diminuição na resposta do sistema cardiovascular a estimulação beta- adrenérgica com consequente diminuição da frequência cardíaca máxima. Para compensar essa baixa resposta há aumento das catecolaminas plasmáticas, especialmente durante exercícios físicos. Acredita-se que haja uma falha nos receptores beta-adrenérgicos, ocasionada pelo aumento dos níveis de catecolaminas, principalmente a norepinefrina, que frequentemente esta aumentada em idosos. As consequências da diminuição simpática sobre o coração e vasos dos idosos são observadas principalmente durante o exercício físico, portanto a medida que o idoso envelhece, ocorre um aumento do debito cardíaco durante o esforço com dilatação cardíaca aumentando o volume sistólico para compensar a resposta atenuada da frequência cárdica. O efeito vasodilatador dos agonistas beta- adrenérgicos sobre a aorta e grandes vasos também diminui com a idade, bem como a resposta inotrópica do miocárdio as catecolaminas e a capacidade de resposta dos barorreceptores as mudanças de posição. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 4 Marcela Oliveira – Medicina 2020 A frequência cardíaca máxima durante o exercício vai diminuindo com o avanço da idade e tem sido definida pela formula: 220 – idade. • DESCREVER A FISIOPATOLOGIA DA ATEROSCLEROSE E OS PRINCIPAIS FATORES DE RISCO RELACIONADOS. A aterosclerose é uma doença da parede arterial, acometendo geralmente artérias de grande calibre (aorta) ou médio calibre (coronárias, carótidas, mesentéricas, renais, femorais). Consiste na formação, na camada intima das artérias, de placas contendo um cerne lipídico envolto por uma capa fibrosa – as chamadas placas de ateroma. No interior dessas placas encontram-se células infamatórias mononucleares (macrófagos e linfócitos), bem como células musculares lisas produtoras de colágeno. Essas placas podem obstruir parcialmente o lúmen arterial, determinando isquemia induzida pela maior demanda metabólica do órgão ou evolui para a formação de um trombo oclusivo, levando as síndromes isquêmicas agudas potencialmente fatais. PATOGÊNESE A aterosclerose inicia-se em pequenos focos, acometendo a camada intima de grandes artérias. A lesão inicial, ou seja, o primórdio do ateroma chama-se estria gordurosa. Quase todos os indivíduos na faixa etária entre 15-35 anos já apresentam estrias gordurosas na aorta. O processo se mantem estável durante anos, muitas vezes durante toda a vida do individuo. Entretanto, nos pacientes mais propensos, o processo volta a evolui mais tarde (geralmente após os 30 anos) para uma lesão aterosclerótica mais extensa que, com frequência acomete as artérias coronárias e carótidas – a placa de ateroma. A placa de ateroma desenvolve-se preferencialmente nas bifurcações arteriais, onde o turbilhonamento de sangue e o “estresse mecânico” sobre a parede do vaso é maior. Um dos primeiros eventos na patogenia da aterosclerose é o acumulo de LDL na camada intima. Tal lipoproteína fica retida neste local por se ligar a certos proteoglicanos da matriz extracelular. Por estar afastada dos antioxidantes plasmáticos, torna-se propensa a sofrer reações de oxidação. As partículas de LDL oxidado podem aumentar a expressão de moléculas de adesão leucocitária na superfície das células endoteliais. Além disso, essas partículas possuem propriedades quimiotáticas e estimulam o endotélio a secretar citocinas como a IL-1 e TNF-alfa. Esses fenômenos vão estar relacionados com o acumulo lipídico na camada intima e o recrutamento de leucócitos. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 5 Marcela Oliveira – Medicina 2020 A adesão de leucócitos ao endotélio também é influenciada por fatores hemodinâmicos. O fluxo laminar de sangue é capaz de suprimir a expressão das moléculas de adesão, enquanto o fluxo turbulento não tem essa capacidade. Os leucócitos envolvidos na aterosclerose são os monócitos e os linfócitos T. Após aderirem ao endotélio, essas células conseguem penetrar na camada intima e lá são retidas. Uma vez residentes na camada intima da artéria, os monócitos se diferenciam em macrófagos, que então endocitam partículas de LDL oxidado, transformando-se nas Células Espumosas (típicas da aterosclerose). A endocitose lipídica dos macrófagos é mediada pelos receptores de limpeza presentes em sua membrana. Esse processo, na verdade é uma tentativa de limpar a camada intima de lipídios que haviam se acumulado. Algumas células espumosas conseguem “escapar” para o sangue, retirando lipídio da artéria, mas outras se acumulam e acabam por entrar em apoptose. A morte de células espumosas resulta na formação de um cerne necrótico nas placas ateroscleróticas avançadas, uma região extremamente rica em lipídios. O acumulo de lipídios e de células espumosas na camada intima caracteriza as estrias gordurosas, que como vimos são as lesões primordiais da aterosclerose. E o que vai diferenciar a estria gordurosa da placa cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 6 Marcela Oliveira – Medicina 2020 de ateroma é a presença, nesta ultima do tecido fibroso envolvendo o cerne lipídico. A placa de ateroma na verdade é um tecido fibrolipídico, contendo células em seu interior. As células musculares lisas modificadas são os responsáveis pela fibrose que caracteriza a placa ateromatosa. Estas células migram da camada media para a camada intima, por ação das citocinas e fatores de crescimento liberados pelos leucócitos, células endoteliais e pelos próprios miócitos. Ao se instalarem na intima, são ativadas e passam a secretar fibras colágenas. Nesse momento, o processo evolui para uma placa rica em miócitos e colágeno em sua superfície e rica em células espumosas (macrófagos) e lipídios no seu cerne. As plaquetas podem aderir a pequenas brechas no endotélio dos vasos, estimulando a trombogênese e secretando fatores de crescimento, que contribuem com o processo fibrótico. Assim que a placa aterosclerótica avança, surgem microvasos em seu interior, contribuindo para o afluxo de leucócitos e sendo os responsáveis pelos episódios de hemorragia intraplaca. Não se conhece muito bem o mecanismo, mas sabe-se que a hipertensão, através do seuefeito lesivo no endotélio e por estimular o remodelamento vascular aumenta a formação de fatores de crescimento e citocinas. A disfunção endotelial esta presente em todas as lesões ateroscleróticas. INSTABILIDADE DA PLACA DE ATEROMA A aterosclerose pode ter 3 consequências clinicas importantes: Obstrução gradual do lúmen arterial – responsável pelo quadro de angina estável, da angina mesentérica, da hipertensão renovascular e da claudicação intermitente. Fraqueza da parede arterial – responsável pela formação de aneurismas arteriais. Trombose da placa. Dessas três, o principal responsável pelos eventos mórbidos relacionados à aterosclerose é a trombose da placa. Esse é um processo que ocorre em pouco tempo (horas, dias), reduzindo bruscamente o lúmen arterial a ponto de ocluí-lo. A consequência imediata é: IAM, AVE, isquemia mesentérica aguda. Mas o que desencadearia esse evento? Atualmente sabe-se que pouco tempo antes da formação do trombo a placa aterosclerótica passa por uma fase denominada instabilidade da placa. Em decorrência da ativação leucocitária no interior da placa, sua capa fibrotica torna-se mais fina e começa a ser degradada pelas metaloproteinases secretadas pelos macrófagos ativados. Finalmente, ocorre a ruptura da placa, expondo seu conteúdo lipídico altamente trombogênico às plaquetas e fatores de coagulação. A consequência imediata é a trombose. • CARACTERIZAR OS ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS (PREVALÊNCIA, INCIDÊNCIA E MORTALIDADE) DAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES NO IDOSO - ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE), DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA (DAC), HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS). Hoje, a causa mais comum de morte em pessoas acima de 65 anos são as doenças crônico-degenerativas, em especial as doenças cardiovasculares. Essas doenças podem ser explicadas pela presença de fatores de risco, agentes etiológicos ou condições em que o individuo fica susceptível a desenvolver a doença e quando associados, tais fatores potencializam a ação deletéria, aumentando a ocorrência de doença cardiovascular. ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) Na maioria dos países desenvolvidos, as doenças cerebrovasculares representam a cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 7 Marcela Oliveira – Medicina 2020 terceira causa de mortalidade. No Brasil, as doenças cerebrovasculares ainda são a maior causa de mortalidade, embora desde 1999 tenham sido ultrapassadas pela doença coronariana nos estados das regiões Sul e Sudeste. Uma pequena redução da mortalidade associada a essa doença é explicada pelo melhor controle da hipertensão arterial sistêmica, principalmente relacionado com o maior acesso a medicações anti- hipertensivas e menor consumo de sal, redução nos níveis de tabagismo e maior atendimento médico. Embora as doenças cerebrovasculares possam ocorrer em todas as faixas etárias, há um aumento significativo da sua incidência a partir da 6ª década de vida, praticamente dobrando a incidência a cada nova década. Além da idade, por si só já ser um fator de risco para AVE, o prognostico também é pior nos indivíduos mais idosos. Além disso, a investigação diagnostica e as intervenções terapêuticas são mais negligenciadas nessa população. O AVE pode ser isquêmico ou hemorrágico. Isquêmico: é definido como um evento neurológico agudo causado por obstrução de um vaso sanguíneo cerebral, que impede a perfusão sanguínea em determinada região, ocasionado isquemia e eventualmente, infarto cerebral. Os principais subtipos são: aterotrombótico, embólico e infarto lacunar. Hemorrágico: ocorre por ruptura de um vaso sanguíneo cerebral, causando hemorragia intracraniana. Os principais subtipos são: hipertensivo, angiopatia amiloide (doença exclusiva dos idosos), hemorragia subaracnóide por ruptura de aneurisma cerebral, malformações arteriovenosas e coagulopatiais. DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA (DAC) A DAC é a causa mais comum de morte na maior parte dos países da Europa e América do Norte, ocupando a segunda posição no Brasil. Nos EUA, mais de 80% das mortes por DAC ocorre em pessoas com mais de 65 anos de idade, assim como 37% dos infartos agudos do miocárdio diagnosticados ocorrem em indivíduos com 75 anos ou mais. Do ponto de vista estatístico, 40% das DAC tem sua primeira manifestação como infarto agudo do miocárdio e 10 a 20% dos casos apresentam como morte súbita. A DAC é habitualmente diagnosticada em pessoas idosas diante de evidencias de DAC significativa em uma angiografia coronariana, um infarto do miocárdio documentado, ima historia típica de angina pectoris com isquemia. Quanto às manifestações clinicas em indivíduos idosos, a dispneia é muito mais comum do que a dor torácica típica da angina pectoris. Nesses casos, a dispneia costuma ser de esforço e esta relacionada a um aumento transitório da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo. Ainda, como idosos costumam ter limitações funcionais e de atividades físicas mais frequentemente do que indivíduos mais jovens, a angina pectoris é menos associada a exercícios, eles se queixam menos de dor subesternal, e costumam descrever a dor como sendo de menor intensidade e de duração mais curta. Podem também ocorrer queimação epigástrica pós-prandial, dor torácica posterior ou nos ombros. HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS) A hipertensão arterial é uma doença de alta prevalência em idosos, tornando-se fator determinante para as elevadas morbidade e mortalidade dessa população. No Brasil, a cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 8 Marcela Oliveira – Medicina 2020 prevalência estimada de HÁ em idosos é de 65%, podendo chegar a 80% em mulheres. O componente sistólico da pressão arterial é mais importante do que o diastólico em idades avançadas. Indiscutivelmente, o tratamento anti-hipertensivo é benéfico e reduz mortalidade cardiovascular nesse grupo. Alguns estudos mostram redução média de 34% em AVE, 19% em eventos coronarianos e 23% em mortes vasculares após tratamento da HAS. O principal mecanismo fisiopatológico da HÁ sistólica isolada do idoso é o processo de envelhecimento anormal do vaso, que envolve mecanismos neuro-hormonais e vasculares, resultando em rigidez das grandes artérias. Esse processo é conhecido como envelhecimento vascular precoce. O perfil hemodinâmico destes pacientes é caracterizado por aumento de PAS e PAD normal ou reduzida, resultando em pressão de pulso alargada, o que é atualmente valorizado como um marcador de risco cardiovascular quando > 60 ou 65mmHg. Observa-se ainda aumentoda rigidez arterial; • RECONHECER A IMPORTÂNCIA DO EXERCÍCIO FÍSICO NA MANUTENÇÃO DA SAÚDE E CONTROLE DE DOENÇAS CRÔNICAS QUE ESTÃO ASSOCIADAS AOS PROCESSOS DEGENERATIVOS VASCULARES (HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA, DIABETES MELLITUS E DISLIPIDEMIA). Algumas doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares, seus fatores de risco metabólicos como o diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica e dislipidemias são importantes causas de mortalidade entre adultos e idosos. Apesar de a herança genética ser fator de grande relevância na determinação da susceptibilidade à doença, o desenvolvimento dessas morbidades se dá, primordialmente por fatores ambientais e de estilo de vida. Estima-se que 75% dos casos novos de doenças não transmissíveis poderiam ser explicadas por dieta e inatividade. O baixo condicionamento cardiorrespiratório, a pouca força muscular e o sedentarismo, aumentam em três a quatro vezes a prevalência da síndrome metabólica. A atividade física e/ou o exercício físico pode atuar na atenção primária, secundária e terciária da saúde. No entanto, embora a maioria dos mecanismos biológicos associados à redução, tanto da morbimortalidade por agravos não transmissíveis como da incapacidade funcional, pela prática de exercícios físicos, ainda não estejam completamente entendidos, aqueles já estabelecidos tornam evidentes a associação da atividade física com promoção e recuperação da saúde. Existem hoje, recomendações da OMS e do MS do Brasil para a prevenção de algumas doenças crônicas, de modo a chamar a atenção para a quantidade e a intensidade mínima de atividades física necessária para atingir os benefícios e encorajar as pessoas a serem mais ativas. Portanto, ficou estabelecido a frequência mínima de 5 vezes por semana e 30 minutos de duração para intensidades moderadas, 3 vezes por semana e 20 minutos para as vigorosas. Além disso, ficou esclarecido que as atividades leves do cotidiano devem ser somadas ao programa, e que maiores quantidades de atividade física geram maiores benefícios. O tratamento não medicamentoso dos pacientes diabéticos, hipertensos e dislipidêmicos também deve incluir exercícios físicos aeróbios, de intensidade moderada e frequência superior a 3 vezes por semana, além dos exercícios de resistência muscular localizada, em alguns caso. Além disso, acreditam-se que o baixo gasto energético e o baixo condicionamento cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar 9 Marcela Oliveira – Medicina 2020 cardiorrespiratório (VO2 máxima) podem ser considerados fatores de risco isolados no desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Além desses dois fatores, o acumulo adiposo e a redução da massa magra, também estão associados ao maior risco de morbidade precoce. Além de ser fator de risco cardiovascular independente, a obesidade associa-se a uma serie de outros fatores, como dislipidemia, hipertensão arterial e diabetes mellitus, os quais são considerados componentes diagnósticos da síndrome metabólica. Além do acúmulo de tecido adiposo, a redução da massa muscular (sarcopenia) e, consequentemente, da força muscular pode estar associada à síndrome metabólica e ao maior risco cardiovascular por diversos mecanismos, tais como: redução da captação muscular de glicose e de ácidos graxos livres, propiciando resistência à insulina e dislipidemia; redução da taxa metabólica de repouso e do nível de atividade física diária, com consequente redução do gasto energético total e maior propensão à obesidade; redução de capilares sanguíneos, número e densidade mitocondrial e de enzimas oxidativas, com consequente diminuição da capacidade cardiorrespiratória. • IDENTIFICAR OS HÁBITOS DE VIDA QUE CONTRIBUEM COMO FATORES DE RISCO PARA AS DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM IDOSOS São diversos os fatores que contribuem para o aparecimento de doenças cardiovasculares, entre elas temos a aterosclerose, que é o acúmulo de placas de gordura nas artérias; o próprio envelhecimento, que provoca a perda de elasticidade do sistema vascular; maus hábitos e questões genéticas. Por isso, alimentos ricos em gordura contribuem para a formação das placas ateroescleróticas, sendo as gorduras trans e saturadas as que mais colaboram para o desenvolvimento das doenças coronarianas. Já o excesso de sal pode provocar a elevação da pressão arterial, o que exige mais força do coração para realizar os batimentos e fazer o sangue circular. Outro problema associado é a obesidade, principalmente porque ela na maioria das vezes esta associada a doenças como colesterol alto, diabetes e hipertensão. O álcool também é prejudicial ao coração, visto que o consumo excessivo pode causar infarto e ate mesmo desencadear uma insuficiência cardíaca. Isso acontece porque o etanol danifica as células musculares desse órgão, uma condição chamada de miocardiopatia alcoólica. Além disso, essa substancia esta associada também ao fechamento das artérias e o desenvolvimento de arritmias. O tabagismo também apresenta riscos no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, pois substancias presentes no tabaco como a nicotina, provocam o estreitamento das artérias, o que aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial. Além disso, o dióxido de carbono compete como oxigênio, o que faz com que o coração trabalhe mais para oxigenar o organismo. cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar cecel Destacar
Compartilhar