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Maria Ana Clara Durval Fits P32021.1 Mecanismos de Lesão Celular A Célula normal é limitada em funções e estrutura, sendo capaz de adaptar-se a fim de tratar de demandas fisiológicas por meio de homeostase. As adaptações são respostas estruturais e funcionais reversíveis as alterações fisiológicas ou a estímulos patológicos que visam permitir a sobrevivência da célula. Estímulo Resposta Aumento de demanda Hiperplasia/hipertrofia Redução de demanda Atrofia Irritação Crônica (física/química) Metaplasia Lesão celular Sequência de eventos decorrentes de respostas celulares a agentes/estímulos nocivos, privação de nutrientes essenciais ou mutações dadas por meio da superação do limite de respostas adaptativas de uma célula. A lesão celular é reversível até certo ponto, mas se o estímulo persistir ou for intenso o suficiente desde o início, a célula sofre lesão irreversível e, finalmente, ocorre morte celular. Adaptação, lesão reversível e morte celular podem ser os estágios de um dano progressivo que sucede diferentes tipos de agressões. CAUSAS DA LESÃO CELULAR: Variam desde estresse físico a lesões sutis como mutações. Os principais Estímulos nocivos podem ser: · Hipoxia; · Agentes físicos; · Drogas; · Infecções; · Reações imunológicas; · Defeitos genéticos; · Desequilíbrios nutricionais; Essas alterações morfológicas estão associadas com a diminuição da produção de ATP, perda da integridade da membrana celular, deficiência na síntese de proteínas, e danos ao citoesqueleto e ao DNA. Dentro de certos limites, a célula pode reparar essas desordens e, cessado o estímulo nocivo, ela retornará à normalidade. Contudo, havendo agressão excessiva ou persistente, a célula ultrapassa o ainda nebuloso “ponto de não retorno”, evoluindo para a lesão irreversível e morte celular. Característica Necrose Apoptose Tamanho celular Aumentado (tumefação) Reduzido (retração) Núcleo Picnose → cariorrexe → cariólise Fragmentação em fragmentos do tamanho de nucleossomos Membrana plasmática Rompida intacta Conteúdo celular Digestão enzimática; escapa da célula intacto Inflamação adjacente Frequente Nenhuma Papel fisiológico ou patológico Invariavelmente patológica (resultado da lesão celular irreversível) Frequentemente fisiológica, forma de eliminação de células indesejáveis; pode ser patológica após alguns tipos de lesão celular, especialmente danos ao DNA LESÃO REVERSÍVEL E IRREVERSÍVEL: Apresenta na microscopia óptica Tumefação Celular e Degeneração Gordurosa. A tumefação celular aparece quando as células são incapazes de manter a homeostase hidroeletrólica e é resultante da falha das bombas de íons dependentes de energia na MP. A degeneração gordurosa ocorre na lesão hipóxica e em lesões metabólicas ou tóxicas. Ela se manifesta através do aparecimento de vacúolos lipídicos no citoplasma. Alterações estruturais da lesão reversível incluem: · Alterações da membrana plasmática, como formação de bolhas, apagamento e perda das microvilosidades; · Alterações mitocondriais, que incluem tumefação e o aparecimento de pequenas densidades amorfas; · Dilatação do retículo endoplasmático, com destacamento dos polissomas; figuras de mielina intracitoplasmáticas podem estar presentes; · Alterações nucleares, com desagregação dos elementos granulares e fibrilares; Dois fenômenos caracterizam consistentemente a irreversibilidade — a incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial (perda de fosforilação oxidativa e de geração de ATP), mesmo após o término da agressão original, e alterações profundas na função da membrana. A perda de proteínas intracelulares através da membrana da célula lesada e, subsequentemente, para a circulação sanguínea, fornece um meio de detecção de lesão celular tecido-específica e necrose usando amostras de soro sanguíneo. MECANISMOS DE LESÃO CELULAR Vias bioquímicas e moleculares que levam à lesão celular. · A resposta celular ao estímulo nocivo depende do tipo de agressão, sua duração e intensidade; · As consequências da lesão celular dependem do tipo, estado e adaptabilidade da célula lesada; · A lesão celular resulta de diferentes mecanismos bioquímicos que agem em vários componentes celulares essenciais; DEPLEÇÃO DE ATP: Trata-se da redução de níveis de ATP que causa morte celular por necrose. Geralmente pode ocorrer por meio da redução da síntese de ATP se associando a lesão isquêmica e química (tóxica). Uma vez que o ATP é sintetizado por fosforilação oxidativa e glicólise as causas principais da depleção de ATP estão associadas a redução de fornecimento de oxigênio e nutrientes realizados nessas vias, danos mitocondriais e ação de toxinas como cianeto. Reduções de 5 a 10% dos níveis normais de ATP podem levar a: · A atividade da bomba de sódio é reduzida; · O metabolismo energético celular é alterado; · Rompimento do mecanismo de síntese proteica; · Necrose celular; DANOS MITOCONDRIAIS: Uma vez que as mitocôndrias fornecem a energia necessária ao metabolismo (ATP) seus danos causam facilmente lesões e morte celular. A mitocôndria pode ser danificada por aumentos de Ca2+ citosólico, privação de oxigênio, e assim elas são sensíveis a praticamente todos os tipos de estímulos nocivos, incluindo hipoxia e tóxicos. Além disso, mutações de genes mitocondriais são a causa de algumas doenças hereditárias. As principais consequências desses danos são: · Formação de Poro de Transição de Permeabilidade Mitocondrial gerando perda do potencial de membrana da mit. E consequentemente falha na fosforilação oxidativa e depleção de ATP levando a necrose celular; · Formação de espécies reativas de oxigênio em decorrência da anormalidade da fosforilação oxidativa; · O aumento da permeabilidade da membrana mitocondrial externa pode resultar na liberação de caspases (proteínas ativadoras de apoptoses) e em morte celular por apoptose; INFLUXO E PERDA DA HOMEOSTASE DO CÁLCIO: O aumento dos níveis de cálcio causa lesão por diversos mecanismos. · O acúmulo de Ca2+ nas mitocôndrias leva à abertura dos poros de transição de permeabilidade mitocondrial e à falência na geração de ATP. · O aumento do cálcio citosólico ativa diversas enzimas, como fosfolipases, endonucleases e ATPases, com efeitos potencialmente deletérios sobre a célula. · O aumento dos níveis de Ca2+ intracelular resultam, também, na indução da apoptose, pela ativação direta das caspases e pelo aumento da permeabilidade mitocondrial. ESTRESSE OXIDATIVO: A lesão celular induzida por radicais livres, particularmente as espécies reativas de oxigênio, é um importante mecanismo de dano celular em muitas condições patológicas, como a lesão química e por radiação, lesão de isquemia-reperfusão (produzida pela restauração do fluxo sanguíneo em um tecido isquêmico), envelhecimento celular e morte de micorganismos pelos fagócitos. Os radicais livres são espécies químicas que têm um único elétron não emparelhado em um orbital externo. DEFEITOS NA PERMEABILIDADE DA MEMBRANA: Com exceção da apoptose, diversas lesões celulares são causadas por perda precoce da permeabilidade seletiva da membrana. Dentre os mecanismos que originam danos na membrana encontram-se: · Espécies reativas de oxigênio por peroxidação lipídica; · Diminuição da síntese de fosfolipídios casando perda de função mitocondrial por hipoxia e baixa de ATP; · Aumento na quebra dos fosfolipídios que eleva os níveis de Cálcio; · Anormalidades citoesqueléticas; As principais consequências dos danos a membrana são: · Dano à membrana mitocondrial, que gera abertura dos poros de transição; · Dano à membrana plasmática, que leva a perda do equilíbrio osmótico; · Lesão à membrana dos lisossomos liberando em excesso suas enzimas no citoplasma; DANOS AO DNA E ÀS PROTEÍNAS: As células possuem mecanismos que reparam danos ao DNA, porém se o dano é muito grave para ser corrigido (p. ex., após exposição do DNA a fármacos nocivos, radiação ou estresse oxidativo), a célula inicia um programa de suicídio que resulta em morte por apoptose
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