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1 
 
 
O AMBIENTE E AS DOENÇAS DO TRABALHO E GERENCIA 
DE RISCO 
1 
 
 
Sumário 
 
HISTÓRIA DAS DOENÇAS PROFISSIONAIS NO BRASIL ......................................... 3 
LEGISLAÇÃO PARA ACIDENTE DO TRABALHO ...................................................... 5 
PRINCIPAIS DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO ...................................... 6 
DOENÇAS QUE ACOMETEM O SISTEMA RESPIRATÓRIO.................................... 14 
PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO (PAIR) ................................................... 17 
DOENÇAS DE PELE ................................................................................................... 20 
DOENÇAS PSICOSSOCIAIS ...................................................................................... 23 
PREVENÇÃO DAS DOENÇAS OCUPACIONAIS ...................................................... 26 
Riscos ......................................................................................................................... 28 
Riscos - conceitos aplicados .................................................................................... 30 
Gestão de Riscos ....................................................................................................... 32 
Análise de riscos – etapas ........................................................................................ 35 
Técnicas de avaliação de riscos............................................................................... 36 
Financiamento de riscos ........................................................................................... 45 
Noções básicas e princípios de administração de seguros .................................. 45 
Franquias .................................................................................................................... 47 
Seguros proporcionais e não proporcionais........................................................... 47 
Vantagens e desvantagens na adoção de seguros ................................................ 48 
Retenção e transferência de riscos .......................................................................... 48 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 54 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A nossa história, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a instituição, como entidade oferecendo serviços 
educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no 
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além 
de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA DAS DOENÇAS PROFISSIONAIS NO BRASIL 
 
A primeira lei de acidentes do trabalho, o Decreto 3.724 de 1919, incluía na sua 
definição de acidentes do trabalho as "moléstias" contraídas exclusivamente pelo 
exercício profissional, não considerando as doenças decorrentes das condições de 
trabalho. 
O Decreto 24.637, de 1934, ampliava a definição de acidente de trabalho, 
considerando toda lesão corporal, perturbação funcional ou doença produzida pelo 
acidente de trabalho ou em consequência dele. Por outro lado, a lei abria campo 
também para considerar as doenças profissionais atípicas, provenientes de 
determinadas condições em que o trabalho fosse realizado, cabendo provar a relação 
de causalidade entre o trabalho e a doença. Com isso os trabalhadores que contraíam 
tuberculose em função das precárias condições do seu trabalho conseguiam sentença 
favorável, como foi a proferida em 26/06/1941, em São Paulo, ao julgar a solicitação 
de um foguista e calandrista de uma indústria de condutores elétricos que afirmava ter 
contraído tuberculose em função das precárias condições do seu trabalho. O juiz de 
direito Tácito Morback fez a seguinte consideração: "a jurisprudência tem firmado o 
princípio de que a tuberculose, embora não esteja inscrita entre as doenças 
profissionais, em certas circunstâncias assim deve ser considerada". 
Em 1932, o Departamento Nacional do Trabalho (DNT) criou uma seção voltada 
à organização, higiene e segurança do trabalho, que resultou na Inspetoria do 
Trabalho. Porém, somente após a promulgação do Regulamento do DNT, em mea- 
dos de 1934, começou o funcionamento normal da Inspetoria como órgão de 
fiscalização das leis trabalhistas. 
Os três primeiros médicos do trabalho com a função de inspecionar as fábricas 
foram nomeados para fazer inquéritos sobre condições de trabalho e pesquisas sobre 
moléstias profissionais.12 Em 1935, os doutores Edison Cavalcante e Zey Bueno 
inspecionaram uma indústria de vidro e destacaram os principais perigos como 
eczemas, rinites e, especialmente, a silicose pulmonar e pleural, decorrentes do 
contato com diferentes tipos de silicatos e poeiras presentes no ambiente de trabalho. 
Também ressaltaram o saturnismo entre os trabalhadores que atuavam com pintura 
4 
 
 
do vidro realizada com pistolas e com uso de tintas ricas em sais de chumbo. 
Em 1938, foi criado o Serviço de Higiene Industrial junto da Inspetoria do 
Trabalho, ampliando as ações no campo da higiene e da medicina do trabalho. Em 
1942, houve uma reforma do Departamento Nacional do Trabalho, reforçando a 
importância do campo da higiene do trabalho. Criou-se a Divisão de Higiene e 
Segurança do Trabalho (DHST), em substituição ao Serviço de Higiene Industrial.12 
Com base na Recomendação no 112 da OIT, dada em 1959, na década de 
1970 o governo brasileiro regulamenta a obrigatoriedade dos serviços de segurança 
e medicina do trabalho nas empresas, determinando porte e grau de risco. 
Em 1972, o governo federal criou a Portaria no 3237, que tornava obrigatórios, 
além dos serviços médicos, os serviços de higiene e segurança em todas as empresas 
onde trabalham cem ou mais pessoas. O Brasil inicia a adequação aos objetivos da 
OIT procurando fornecer aos seus trabalhadores a devida proteção a que eles têm 
direito. 
O engenheiro de segurança do trabalho surgiu em 1970 nas empresas, devido 
à exigência de lei governamental, objetivando reduzir o número de acidentes, pois 
nessa época o Brasil foi campeão mundial em acidentes de trabalho. Porém, esse 
profissional atuou mais como um fiscal dentro da empresa, e sua visão com relação 
aos acidentes de trabalho era apenas corretiva. 
Em 8 de junho de 1978, é criada a Portaria no 3.214 que aprova as Normas 
Regulamentadoras (NR), relativas à segurança e medicina do trabalho, que obrigam 
as empresas ao seu cumprimento. Atualmente são 33 Normas Regulamentadoras. 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEGISLAÇÃO PARA ACIDENTE DO TRABALHO 
 
A Lei no 8.213, que rege desde 1991 o acidente do trabalho no Brasil, considera 
em seu artigo 19: 
 
"Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da 
empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão 
corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, 
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho."Nesse artigo é descrito também que a empresa é responsável pela adoção e 
uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do 
trabalhador, assim como informar os trabalhadores sobre os riscos da operação e do 
produto que ele vai manipular. A empresa paga multa se deixar de cumprir as normas 
de segurança e higiene do trabalho. 
No artigo 20 consideram-se ainda como acidentes do trabalho outras entidades 
mórbidas, tais como as doenças profissionais produzidas ou desencadeadas pelo 
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade, que devem constar na lista A 
do anexo II do Decreto 3048/99. As doenças do trabalho adquiridas ou desencadea- 
das em razão de condições especiais de trabalho que se relacionem diretamente 
devem constar na lista B do anexo II do Decreto 3048/99, modificada pelo Decreto no 
6.957, de 2009. Neste mesmo decreto, foi incluída a Lista C, referente aos intervalos 
de CID-10 em que se reconhece Nexo Técnico Epidemiológico. 
Equivalem também a acidente do trabalho as doenças relacionadas a 
condições especiais de trabalho não incluídas nas listas A e B. Exemplos: infecção do 
trato urinário em condições especiais de trabalho (ausência de pausas para 
necessidades fisiológicas). 
6 
 
 
PRINCIPAIS DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO 
LER/DORT 
 
 
A ergonomia contribui muito para melhorar o cotidiano das pessoas, sobretudo 
em seus ambientes de trabalho. Algumas atividades requerem mais atenção, como as 
que o indivíduo permanece muito tempo em uma mesma posição ou realizando os 
mesmos movimentos. Essas atividades tendem a causar lesões por esforços 
repetitivos (LER), provocadas especificamente por movimentos repetitivos ou por 
posturas inadequadas, chamadas de posturas antiergonômicas. 
No meio rural, por exemplo, os cortadores de cana são os trabalhadores mais 
atingidos pelas LER/ DORT. No perímetro urbano, bancários, digitadores, operadores 
de linha de montagem e de telemarketing estão entre os profissionais mais acometidos 
com essas doenças. Já os operários das minas e refinações de níquel podem ser 
acometidos pelo câncer de traqueia. Outras doenças ocupacionais afetam os pulmões 
ocasionando asma e asbestose, geradas pela inalação de fragmentos, névoas e 
gases nocivos (PORTAL REPÓRTER BRASIL, 2007). 
 
Figura 1: Cortadores de cana e profissionais de corte e costura estão muito propensos a LER/DORT. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: iStock/ Photos.com/Thinkstock. 
 
 
As LER/DORT, por acepção, constituem um fenômeno relativo ao trabalho, 
assinalado pelo surgi- mento de muitos sintomas, concomitantes ou não, como dor, 
parestesia, fadiga, sensação de peso e de desconforto nos membros superiores, 
7 
 
 
pescoço e/ou membros. Em muitos casos, são fatores que resultam em incapacidade 
laboral temporária ou permanente. Resultam do excesso de uso das composições 
anatômicas do sistema musculoesquelético e da falta de tempo para se recuperar 
(BRASIL, 2000). 
Segundo Varella (2000), LER não é propriamente uma doença, mas uma 
síndrome constituída por um grupo de doenças – tendinite, tenossinovite, bursite, 
epicondilite, síndrome do túnel do carpo, dedo em gatilho, síndrome do desfiladeiro 
torácico, síndrome do pronador redondo, mialgias, que afeta músculos, nervos e 
tendões dos membros superiores principalmente, e sobrecarrega o sistema 
musculoesquelético. Esse distúrbio provoca dor e inflamação e pode alterar a 
capacidade funcional da região comprometida. 
Também chamada de DORT (distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho), 
LTC (lesão por trauma cumulativo), AMERT (afecções musculares relacionadas ao 
trabalho) ou síndrome dos movi- mentos repetitivos, LER é causada por mecanismos 
de agressão, que vão desde esforços repetidos continuadamente ou que exigem muita 
força na sua execução, até vibração, postura inadequada e estresse. Tal associação 
de terminologias fez com que a condição fosse entendida apenas como uma doença 
ocupacional, e que existem profissionais expostos a maior risco: pessoas que traba- 
lham com computadores, em linhas de montagem e de produção ou operam 
britadeiras, assim como digitadores, músicos, esportistas, pessoas que fazem 
trabalhos manuais, como tricô e crochê (VARELLA, 2000). 
 
 
 CURIOSIDADE: 
No Brasil, a terminologia mais empregada pelos técnicos e operários é LER, 
inicialmente usada pelo médico Mendes Ribeiro, em 1986, no I Encontro Estadual 
de Saúde dos Profissionais de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul. A 
primeira doença descrita na literatura associada às atividades repetitivas foi a 
tenossinovite, caracterizada pela restrição ao livre movimento de um tendão, 
devido a uma inflamação deste ou de sua bainha (ASSUNÇÃO; ROCHA, 1994). 
 
 
Não existe apenas uma causa que determine o aparecimento das LER/DORT. 
Fatores condicionantes para o surgimento da síndrome incluem movimentos 
repetitivos, manutenção de posturas inadequadas por período prolongado, trabalho 
estático, frio ou condições climáticas, esforço físico, invariabilidade de tarefas, pressão 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
mecânica sobre partes do corpo, como os membros superiores, condições 
organizacionais e psicossociais (BRASIL, 2000). 
Sob a ótica de Settimi e Silvestre (1995), em decorrência das expressivas 
mudanças estabelecidas no cotidiano de seus portadores, doenças relacionadas ao 
trabalho, como as LER/DORT, necessitam de medidas de intervenção além das 
terapias clínicas e cirúrgicas tradicionais. Partindo desse pressuposto, constata-se a 
necessidade de adotar novos critérios que permitam interferir na situação de trabalho, 
que vão além dos consertos de agravos ou compensação, buscando a prática de 
medi- das preventivas (veja a seção “Prevenção”). 
 
A importância da boa postura 
 
Com o intuito de prevenir as LER/DORT, devem ser evitados movimentos 
rotacionais do tronco, flexões para frente e para o lado, movimentos de extensão 
(como estender a coluna para trás), permanecer muito tempo inerte, sentado ou na 
posição estática, além do manuseio manual de transporte de cargas. 
Uma das grandes preocupações ergonômicas no que se refere à postura 
corporal durante a atividade de trabalho está relacionada às implicações que a posição 
estática durante várias horas seguidas ao dia pode ocasionar. A má postura ou 
postura inadequada pode gerar diversos problemas que vão desde o aumento dos 
níveis de desconforto, até o surgimento de danos na coluna vertebral (as algias). 
Iida (2005) define postura como a análise do posicionamento de partes do 
corpo, como cabeça, tronco e membros, no espaço, sendo que a boa postura contribui 
para efetuar as tarefas sem causar desconforto e estresse. O autor cita três situações 
típicas em que a má postura pode resultar em danos: 
1. Tarefas estáticas que envolvem a postura para da por longos períodos. 
2. Afazeres que demandam muita força. 
 
 
 
9 
 
 
 
 
3. Trabalhos que requerem posturas desfavoráveis, como o tronco inclinado e 
torcido. 
O autor também aponta algumas consequências das diferentes posturas e 
movimentos: 
 Em pé: envolve pés e pernas, podendo ocasionar varizes. 
 Sentado, sem encosto: afeta os músculos extensores do dorso. 
 Assento muito alto: interfere na parte inferior das pernas, nos joelhos e nos pés. 
10 
 
 
 Assento muito baixo: influi no dorso e pescoço. 
 Braços esticados: prejudicam ombros e braços. 
 Pegas inadequadas em ferramentas: podem lesar o antebraço. 
 Punhos em posições não neutras: afetam os punhos. 
 Rotações do corpo: podem danificar a coluna vertebral. 
 Ângulo inadequado do assento e do encosto: interfere nos músculos dorsais. 
 Superfícies de trabalho muitobaixas ou muito altas: podem prejudicar a coluna 
vertebral e a cintura escapular. 
Vejamos em detalhes as vantagens e desvantagens de algumas das posturas 
mais comuns nos postos de trabalho. 
Posição sentada: Em comparação à postura ereta, a postura sentada oferece 
vantagens, pois há maior apoio do corpo em muitas superfícies, como piso, assento, 
encosto, braços da cadeira, mesa, resultando ainda em menos cansaço. No entanto, 
diversas ações manuais na posição sentada reque- rem acompanhamento visual, com 
o tronco e a cabeça inclinados para frente, o pescoço e as costas submetidos a longas 
tensões, podendo resultar no surgimento de dores. Ao girar o corpo com o assento 
fixo, por exemplo, o dorso acaba sendo exposto a tensões (DUL; WEERDMEESTER, 
2012). 
A postura sentada estabelece carga biomecânica expressiva sobre os discos 
intervertebrais, sobretudo na região lombar. Ao trabalhar sentado, movimenta-se 
pouco, acarretando carga estática sobre partes do corpo, as quais, se forem 
agregadas à inércia, podem resultar em fadiga (RIO; PIRES, 2001). 
 
 PARA REFLETIR: 
Desde o surgimento dos ambientes de trabalho, ficar sentado durante um longo 
período de tempo tornou-se normal. A maioria dos escritórios tem estruturas com 
cadeiras e mesas, e o colaborador fica sentado cerca de 8 horas por dia. 
Para muitos, trabalhar sentado é algo positivo devido à comodidade da prática, 
mas diversos estudos indicam que isso pode ser muito prejudicial à saúde. Em 
pesquisas realizadas por institutos da área de saúde, constatou-se que ficar 
sentado 8 horas por dia pode aumentar o risco de morte de doenças 
cardiovasculares em até 50%. 
Para o neurocirurgião Mauricio Mandel, o corpo humano não está estruturado 
para ficar muito tempo parado em uma posição. A falta de movimento faz com que 
os músculos entrem em estado de fadiga e comecem a doer. E os músculos estão 
longe de serem os únicos prejudicados. 
11 
 
 
 
 
Em entrevista para o New York Times, o pesquisador da Clínica Mayo, James 
Levine, ressaltou: “Passar muito tempo sentado é uma atividade letal. Ao simples 
ajuste do corpo na cadeira, vários processos negativos se iniciam no corpo, a perna 
perde as atividades elétricas e a queima de caloria diminui em 75%. Após algumas 
horas sentado, a eficiência da insulina diminui e o corpo fica mais suscetível ao risco 
de diabetes”. 
Trecho adaptado de: Silva (2014). 
 
 
Trabalho em pé: possibilita maior mobilidade corporal, sendo que se pode usar 
braços e pernas para alcançar os controles dos equipamentos. Também é possível 
deslocar-se, facilitando a ação dinâmica de braços, pernas e tronco. Todavia, a 
posição estática em pé é muito exaustiva, uma vez que a manutenção da postura 
requer muito esforço estático da musculatura abrangida (IIDA, 2005). 
Sugere-se essa posição quando há constantes deslocamentos do local de 
trabalho ou a ação requer que se use muita força, devendo ser intercalada com a 
postura sentada e andando, uma vez que permanecer o dia todo na posição em pé 
gera fadiga nas costas e pernas. Se o tronco encontrar-se inclinado, surge o estresse 
adicional, gerando dores no pescoço e nas costas. Por sua vez, o trabalho executado 
com os braços para cima e sem apoio gera dores nos ombros (DUL; 
WEERDMEESTER, 2012). 
Posição deitada: não há concentração de tensão corporal e o sangue circula 
livremente pelo corpo, colaborando para a supressão dos resíduos do metabolismo e 
das toxinas dos músculos, que originam a fadiga. Em funções como a manutenção de 
automóveis, a posição horizontal pode ser extenuante caso não haja apoio para a 
cabeça (IIDA, 2005). 
Mudanças de postura: uma alternativa viável para amenizar os problemas 
decorrentes das posturas prolongadas é diversificar tarefas (intercalando as 
atividades com posturas sentada/em pé), alternar as posições na forma sentada e 
utilizar um selim de apoio para o corpo na posição em pé (DUL; WEERDMEESTER, 
2012). 
Inclinação da cabeça para frente: em decorrência do momento provocado 
pela cabeça, cujo peso é consideravelmente elevado, ocorre fadiga momentânea dos 
músculos do pescoço e do ombro. Quando a inclinação da cabeça em relação à 
12 
 
 
postura vertical for maior que 30 graus, surgem dores no pescoço (IIDA, 2005). 
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Posturas das mãos e dos braços: as atividades que requerem a permanência 
dos braços e das mãos em posições inapropriadas geram dores nos punhos, 
cotovelos e ombros. O punho inclinado durante um período prolongado pode resultar 
em inflamação dos nervos, dores e sensação de formigamento nos dedos. Já a 
posição com os braços levantados sem apoio pode acarretar dores no pescoço e 
ombros. Tais posturas podem ser agravantes, colaborando para o surgimento das 
lesões por esforços repetitivos e DORTs (doenças osteomusculares relacionadas ao 
trabalho). Para que isso não ocorra, uma das medidas a serem adotadas é evitar 
ações acima do nível dos ombros e trabalhar com as mãos para trás (DUL; 
WEERDMEESTER, 2012). 
14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOENÇAS QUE ACOMETEM O SISTEMA RESPIRATÓRIO 
Antracose 
 
 
Trata-se de uma lesão pulmonar causada por diferentes agentes que são 
adquiridos nas áreas de carvoarias. A doença pode ser o ponto de partida para outros 
problemas ainda mais graves e afeta, principalmente, os trabalhadores que têm 
contato direto com a fumaça do carvão. 
Geralmente os indivíduos diagnosticados com a antracose não apresentam 
sintomas nem complicações, mas em alguns casos a doença pode gerar uma fibrose 
pulmonar. 
 
Figura 2: Trabalhadores de carvoarias tendem a ser acometidos pela antracose devido à inalação da 
fumaça do carvão. 
Fonte: Lambranho e Lopes (2008). 
 
 
3.1 Bissinose 
 
 
Trata-se de estreitamento das vias respiratórias causado pela aspiração da 
poeira das fibras de algodão, linho ou cânhamo. Embora seja conhecida por afetar 
15 
 
 
trabalhadores da indústria algodoeira, também afeta aqueles que trabalham com linho 
ou cânhamo. 
Os operários que abrem fardos de algodão em rama ou que trabalham nas 
primeiras fases do processamento do algodão aparentemente são os mais afetados. 
16 
 
 
A exposição prolongada à poeira do algodão aumenta a frequência dos ruídos 
respiratórios, mas não evolui para uma doença pulmonar incapacitante. 
 
Siderose 
 
 
Trata-se de uma doença pulmonar causada pela inalação de pós ou vapores 
que contêm as partículas de óxido de ferro ou ferro. É muito comum em soldadores, 
mas a poeira de ferro e fumaça também é encontrada nas indústrias de mineração, 
siderurgia, ferro ou aço de rolamento, polimento de metais e no trabalho com 
pigmentos ocre. Normalmente não causa sintomas e não resulta em muitos problemas 
para seus portadores. 
 
Figura 3: Soldadores costumam ser acometidos pela siderose devido à inalação da poeira do ferro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO (PAIR) 
 
A surdez temporária é caracterizada pela dificuldade de audição, embora 
passageira, que notamos após exposição por algum tempo ao ruído intenso. A 
exposição prolongada, ou que ocorre de forma súbita e intensa, é capaz não apenas 
de causar a surdez temporária como também a surdez permanente, ou seja, a perda 
irreversível da capacidade auditiva, o que se conhece como perda auditiva induzida 
por ruído (PAIR). A PAIR ocorre em diversos ramos de atividade, principalmente 
construção civil, siderurgia, metalurgia, gráfica, etc. 
Para evitar a PAIR, a Norma Regulamentadora no 15 (NR-15) da Portaria do 
Ministério do Trabalho estabelece limites de exposição a ruído contínuo. Veja o 
Quadro 1. 
 
Quadro 1: Limites detolerância para ruído contínuo ou intermitente segundo a Norma 
Regulamentadora no 15 (NR 15). 
Nível de ruído (dB) Máxima exposição diária permitida 
85 8 horas 
86 7 horas 
87 6 horas 
88 5 horas 
89 4 horas e 30 minutos 
90 4 horas 
91 3 horas e 30 minutos 
92 3 horas 
93 2 horas e 30 minutos 
94 2 horas 
95 1 hora e 45 minutos 
98 1 hora e 30 minutos 
100 1 hora 
102 45 minutos 
104 35 minutos 
105 30 minutos 
18 
 
 
106 25 minutos 
108 20 minutos 
110 15 minutos 
112 10 minutos 
114 8 minutos 
19 
 
 
 
 
 
Fonte: Adaptado de Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, (2007). 
 
 
Previsto pela NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, o 
Programa de Conservação Auditiva (PCA) é hoje o maior aliado da saúde auditiva dos 
trabalhadores. Trata-se de um conjunto de medidas coordenadas que previnem a 
instalação ou evolução das perdas auditivas ocupacionais. É um processo contínuo e 
dinâmico de implantação de rotinas nas empresas. Onde existir o risco para a audição 
do trabalhador, há necessidade de implantação do PCA. 
115 7 minutos 
20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOENÇAS DE PELE 
Dermatose Ocupacional 
 
 
A dermatose ocupacional é o nome dado a qualquer alteração da pele, de 
mucosas e anexos causada direta ou indiretamente por tudo aquilo que seja utilizado 
na atividade profissional ou exista no ambiente de trabalho. 
As dermatoses ocupacionais podem ser causadas por inúmeros agentes, que 
podem ser químicos, físicos ou biológicos. Os mais comuns são: químicos – metais, 
ácidos e álcalis, hidrocarbonetos aromáticos, óleos lubrificantes e de corte, arsênico; 
físicos – radiações, traumas, vibração, pressão, calor, frio; biológicos – vírus, 
bactérias, fungos, parasitas, plantas, animais (ALCHORNE; ALCHORNE; SILVA, 
2010). 
As lesões geralmente iniciam com irritações ou ressecamento da pele, 
evoluindo para rachaduras, sangramentos e eczema. O tratamento precoce diminui o 
tempo de evolução das lesões e pode evitar complicações. A identificação e o 
afastamento do agente causal são medidas muito importantes, mas também devem 
ser adotadas medidas de proteção individual, como higiene pessoal e uso de 
equipamento de segurança (luvas, p.ex.), e de proteção coletiva, como exames 
médicos periódicos e orientações ao trabalhador. 
 
Figura 4: Dermatose ocupacional causada pelo contato direto com o cimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
 
22 
 
 
Câncer de Pele 
 
 
Mais recorrente em indivíduos que trabalham a céu aberto, como em lavouras 
e na construção civil, devido à excessiva exposição ao sol. O câncer de pele é 
bastante comum no Brasil, mas só pode ser considerado ocupacional se estiver 
relacionado à atividade profissional desenvolvida. 
É responsabilidade do empregador proporcionar um ambiente de trabalho 
seguro, inclusive alertando seus funcionários sobre os riscos da exposição sem 
proteção solar e roupas adequadas. 
 
Figura 5: O trabalho a céu aberto exige cuidados especiais com a pele, como o uso de cremes com 
proteção solar e chapéu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Ingram Publishing/Thinkstock. 
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOENÇAS PSICOSSOCIAIS 
 
Problemas como depressão e estresse muitas vezes estão associados à carga 
horária excessiva, à pressão para concluir as tarefas, a conflitos interpessoais, típicos 
de ambientes muito competitivos, entre outros fatores relacionados às atividades e ao 
ambiente de trabalho. É necessário, então, que medidas preventivas sejam adotadas, 
de modo que a carga de trabalho e as exigências por melhores resultados não acabem 
comprometendo a saúde do trabalhador. Não apenas a empresa deve cultivar um 
ambiente comunicativo e tranquilo, na medida do possível, como o próprio funcionário 
deve cuidar de sua saúde, preservando bons hábitos alimentares, praticando 
atividades físicas e dormindo bem. 
Diretamente relacionado às condições de trabalho, o estresse é um problema 
social e de saúde pública, cuja prevenção é uma das maiores metas quando se busca 
a promoção da saúde biopsicossocial. Ele interfere organicamente de muitas 
maneiras, e seus sintomas variam de um indivíduo para outro. Ele leva os envolvidos 
a registrar alterações comportamentais, em geral refletindo várias sensações que as 
pessoas vivenciam no dia a dia, com as cobranças por melhores resultados e a luta 
para vencer a multifuncionalidade no trabalho e em casa. 
Segundo Iida (2005), as pessoas estressadas perdem a autoestima e a 
autoconfiança, o que leva ao desleixo com a higiene pessoal, à insônia, à 
agressividade, e à bebida ou ao fumo em demasia. Além disso, ocorrem alterações 
neuroendocrinológicas que afetam as funções fisiológicas e dificultam as defesas 
naturais do organismo, tornando essas pessoas mais suscetíveis a patologias, como 
dores musculares, disfunções gastrointestinais e problemas cardiovasculares. A 
condição prolongada de estresse interfere no desenvolvimento laboral, restringindo a 
operosidade e a qualidade, ocasionando mais riscos de acidentes, absenteísmos e 
rotatividade dos trabalhadores. Ao afetar o sistema nervoso central, o estresse diminui 
a capacidade do organismo de responder a estímulos, reduzindo a vigilância e 
gerando disfunções emocionais, o que leva frequentemente à ansiedade e à 
depressão (IIDA, 2005). 
24 
 
 
Figura 6: A pressão no trabalho pode evoluir para o estresse, que, por sua vez, pode evoluir para 
quadros de ansiedade e depressão, como síndrome do pânico e transtorno obsessivo compulsivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Creatas Images/Thinkstock. 
 
 
De acordo com Villallobos (1999), o estresse ocupacional dá-se pela 
percepção, por parte do trabalhador, de sua inabilidade para concretizar os trabalhos 
propostos, gerando consternação, incômodo e sentimento de incapacidade para o 
enfrentamento dos problemas. Sob a ótica de Kroemer e Grandjean (2005), o estresse 
ocupacional é assim definido pela análise emocional que deriva da desconexão entre 
o nível de demanda e a capacidade do indivíduo em tratar do assunto. 
Outro dado apontado pelos autores refere-se às pesquisas relacionadas aos 
estressores ocupacionais que levaram à adequação entre o ser humano e o meio 
ambiente. Assim, o bem-estar e a atuação dos trabalhadores podem ser motivados 
pelo nível de adaptação entre as propriedades das pessoas e o ambiente (KROEMER; 
GRANDJEAN, 2005). 
25 
 
 
 
 
 CURIOSIDADE 
Você já ouviu falar da Síndrome de Burnout? Trata-se de um distúrbio 
psíquico descrito em 1974 pelo médico alemão Herbert J. Freudenberger. 
Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse 
crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e 
psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em 
pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso. 
Profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, recursos 
humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que 
enfrentam dupla jornada correm risco maior de desenvolver o transtorno. 
O sintoma típico da síndrome é a sensação de esgotamento físico e 
emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausências no 
trabalho, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, 
irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, 
ansiedade, depressão, pessimismo e baixa autoestima. Dor de cabeça, 
enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores 
musculares, insônia, crises de asma, distúrbios gastrintestinais são 
manifestações físicas que podem estar associadas à síndrome. O 
tratamento inclui o uso de antidepressivos epsicoterapia. Atividade física 
regular e exercícios de relaxamento também ajudam a controlar os 
sintomas. 
Adaptado de: VARELLA (2000). 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PREVENÇÃO DAS DOENÇAS OCUPACIONAIS 
 
De um modo geral todas as doenças ocupacionais são possíveis de prevenir, 
iniciando pela higiene ocupacional que é a ciência e arte dedicada ao reconhecimento, 
avaliação e controle dos riscos físicos, químicos e biológicos originados nos locais de 
trabalho e passíveis de produzir danos à saúde dos trabalhadores. 
O reconhecimento é a primeira etapa. Consiste em reconhecer os agentes 
ambientais que afetam a saúde dos trabalhadores, que implica no conhecimento 
profundo dos produtos envolvidos no processo, métodos de trabalho, fluxo do proces- 
so, layout das instalações, número de trabalha- dores expostos. Essa etapa 
compreende também o planejamento da abordagem do ambiente a ser estudado, 
seleção dos métodos de coletas, bem como dos equipamentos de avaliação. 
A etapa de avaliação é qualitativa e/ou quantitativa dos agentes físicos, 
químicos e biológicos existentes nos postos de trabalho a serem avaliados. A ava- 
liação qualitativa é uma forma de reconhecimento por métodos de observação como 
tipo de processo, equipamentos, operações, procedimentos de limpeza e o principal: 
o mapa de risco do setor e da empresa. A avaliação quantitativa consiste no 
levantamento ambiental com registros dos dados medidos com equipamentos 
específicos. Os riscos quantificados são comparados a critérios predefinidos. Para 
essa avaliação são utilizados instrumentos que devem ser calibrados de preferência 
pelo INMETRO, ou empresas cadastradas por ele, e é preciso seguir técnicas de 
procedimentos definidas por órgãos competentes, como Fundacentro; por exemplo, a 
NHO 01 para avaliação da exposição ocupacional ao ruído. 
Alguns exemplos de instrumentos utilizados para avaliação e o agente avaliado: 
a) Dosímetro: para avaliar a dose de ruído do ambiente; 
b) Luxímetro: para avaliar a iluminação do ambiente; 
c) Bomba de amostragem: para avaliar poeiras; 
d) Bomba para tubos colorimétricos: para avaliar substâncias químicas 
como ozônio, benzeno; 
e) Monitor de calor - termômetro de globo (IBUTG): para avaliar calor. 
27 
 
 
A Figura 7, representa a avaliação dos riscos em higiene ocupacional para 
prevenção das doenças ocupacionais. 
28 
 
 
Figura 7: Avaliação dos riscos em higiene ocupacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: (LIMA, 2008). 
 
 
A terceira etapa são as medidas de controle dos agentes ambientais 
reconhecidos e avaliados pelas etapas anteriores. Para todos os agentes ambientais 
existem medidas de controle que devem ser adotadas, priorizando-se sua eficiência, 
isto é, em primeiro lugar as que se referem à fonte, seguidas das que se referem ao 
percurso e finalmente as relativas aos trabalhadores. As medidas de controle se 
dividem em: 
 Medidas relativas ao ambiente - EPC: são aquelas aplicadas à fonte ou na 
trajetória, tais como substituição do produto tóxico, melhoria no processo de trabalho, 
isolamento, ventilação. 
 Medidas relativas ao homem - EPI: não sendo possível o controle ou enquanto 
as medidas estiverem sendo implantadas, deve- -se utilizar o EPI adequado aos 
riscos, assim como os exames médicos dos trabalhadores. 
 
 
Riscos 
O risco é uma medida de perda econômica e ou de danos à vida humana, 
resultante da combinação entre as frequências de ocorrência e a magnitude das perdas 
ou danos (consequências). 
29 
 
 
Para reforçar o conceito Cicco e Fantazzini (1994), conceituam Risco como: “uma 
ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos, que 
podem ser entendidos como lesões a pessoas, danos a equipamentos e instalações, 
danos ao meio-ambiente, perda de material, em processo ou redução da capacidade de 
produção”. 
Conceito prático 
O ambiente de trabalho, por sua natureza da atividade desenvolvida e pelas 
características de organização, relações interpessoais, manipulação ou exposição a 
agentes biológicos, físicos, químicos ou biológicos. Os problemas com ergonomia dos 
colaboradores ou riscos de acidentes laborais são fato-res que podem comprometer a 
integridade do trabalhador em curto, médio e longo prazo, provocando lesões imediatas, 
doenças ou a morte, além de prejuízos de ordem legal e patrimonial para a empresa. 
Segurança do trabalho é um estado de convivência pacífica e produtiva dos 
componentes do trabalho (recursos materiais, recursos humanos e meio ambiente). As 
funções de segurança são aquelas intrínsecas as atividades de qualquer sistema 
(gerência), subsistema (divisão de setores) ou célula (profissionais), e que devem 
compor o universo do desempenho de cada um desses segmentos “(Reuter, 1989). 
O risco está ligado diretamente ao fato e a possibilidade da ocorrência de um 
evento não desejado, sendo função da frequência da ocorrência das hipóteses 
acidentais e das suas consequências. 
Diante do que vimos, os riscos são a razão principal do SGSST, e por este motivo 
é de extrema importância que a organização adote os meios para ter controle 
operacional, visando a redução destes riscos. 
Avaliação de riscos 
Sob responsabilidade da organização e através do SGSST, devem ser 
estabelecidos e mantidos procedimentos que identifiquem e avaliem os “riscos” para 
respostas rápidas e adequadas ao controle e eliminação destes. 
A avaliação de riscos, em um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde do 
Trabalho, deve ser vista como a base de uma gestão ativa e de entendimento 
preventivo. 
30 
 
 
Os riscos devem ser tratados com peso diferente, de acordo com seu grau de 
perigo. 
Deve-se estabelecer uma metodologia que considere o ambiente, a sua origem 
e o momento de tratar do risco conforme: Identificação e prioridade. E a seguir aplicar 
os controles adequados. 
Para você, futuro Técnico em Segurança do Trabalho, já ir familiarizando-se com 
alguns termos, a seguir verá os conceitos sobre “riscos”. 
Para se obter os resultados pretendidos deve ser elaborado um processo 
organizado da seguinte forma: 
a) Avaliar a situação atual; 
b) Tomar decisões adequadas; 
c) Planejar as medidas corretivas; 
d) Ação corretiva; 
e) Padronização (objetivo fim); 
f) Melhoria Contínua. 
Devemos considerar alguns pontos importantes na avaliação de riscos: 
• Estabelecimento do procedimento a ser utilizado para cada situação; 
• Divulgação das ações aos trabalhadores; 
• Deve ser efetuada por pessoal treinado e capacitado. 
Riscos - conceitos aplicados 
• Incidente: Trata-se de um acontecimento não desejado ou não 
programado, que venha a deteriorar ou diminuir a eficiência operacional da atividade. 
Não apresenta perda de qualquer natureza. 
• Gestão dos Incidentes 
a) Identificar - Estar atento aos desvios dos padrões aceitáveis; 
b) Relatar - Colocar no relatório de Incidentes todos os fatos; 
c) Analisar - Fazer estatísticas dos principais desvios de padrões; 
31 
 
 
d) Planejar - Levantamento de causas para montar um plano de ação; 
e) Controlar - Tomar as ações para eliminar ou minimizar o risco com relação 
aos principais desvios encontrados. 
Acidente: evento não desejado, que apresenta como resultado uma lesão ou 
enfermidade a um trabalhador ou um dano ao patrimônio. (máquinas, equipamentos, 
instalações, etc.) 
O Acidente do Trabalho é aquele que pode ocorrer a serviço da organização pelo 
exercício das atividades na função, provocando lesão corporal, perturbação funcional 
ou doença que cause perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para 
o trabalho, ou até mesmo a morte. 
Esta condição também envolve a causa que, não sendo a única, tenha 
contribuído para o acidente. Sua ocorrência pode se dar no local de trabalho, 
externamente a serviço da empresa, nosintervalos ou a caminho (trajeto). 
Vamos ver a seguir as definições sobre acidentes de trabalho: 
– Acidente pessoal: É caracterizado pela existência de um acidentado e sua 
consequência é a lesão do trabalhador envolvido; 
– Acidente de trajeto: É o acidente sofrido pelo empregado no percurso da 
residência para o trabalho ou deste para aquela; 
– Acidente impessoal: Independe de existir acidentado de ocorrência 
eventual que resultou ou poderia ter resultado de lesão pessoal; 
– Acidentado: É o trabalhador vítima de acidente; 
– Lesão imediata: É a lesão que se verifica imediatamente após a ocorrência 
do acidente; 
– Lesão mediata: É a lesão que não é verificada imediatamente após a 
exposição à fonte da lesão. Caso seja caracterizado o nexo causal, isto é, a relação da 
doença com o trabalho, ficará caracterizada como doença ocupacional. Neste caso, 
quando é admitida a preexistência de uma “ocorrência ou exposição contínua ou 
intermitente”, de natureza acidental, é registrada como acidente de trabalho, nas 
estatísticas de acidentes; 
32 
 
 
– Incapacidade permanente total: É a perda total de capacidade de trabalho, 
em caráter permanente, exclusive a morte. E esta incapacidade corresponde à lesão 
que, não provocando a morte, impossibilita o acidentado de permanentemente exercer 
suas atividades. 
A seguir podemos ver também alguns conceitos importantes relacionados aos 
riscos: 
• Perda: É qualquer tipo de dano às pessoas, aos processos produtivos e às 
instalações; 
• Não conformidade: Qualquer condição ou ação que não atenda às normas 
operacionais, regulamentos e requisitos definidos pelo SGSST, que possa causar direta 
ou indiretamente uma situação de perda de qualquer natureza; 
• Desvio sistêmico: São os eventos que ocorrem com frequência, pode ser 
um evento isolado bem como um conjunto de processos dentro do sistema que venham 
a causar desvios. 
Gestão de Riscos 
Como você está aprendendo sobre gestão, o controle e a redução dos “riscos”, 
também é elemento do sistema da SST. 
Existem critérios específicos relacionados aos “riscos”. Vamos ver!! 
No quadro a seguir, você pode perceber que a gestão de riscos também uti liza 
as ferramentas já estudadas: Planejar, executar, e validar os processos. 
Gestão preventiva 
Um dos pontos mais importantes para um Técnico em Segurança do Trabalho, é 
a capacidade de analisar as situações com o objetivo de prevenção de acidentes e isto 
exige alguns cuidados. 
Vamos conhecê-los? 
Cada etapa de trabalho deve ser estudada de forma separada. Este estudo e 
análise fornecerão informações preciosas. 
Pergunte a você mesmo: Que acidente poderia acontecer em cada processo? 
Você poderá encontrar as respostas: 
33 
 
 
I. Observando o trabalho; 
II. Conversando com o operador; 
III. Analisando acidentes ocorridos. 
Quando você analisa cada processo, deverá observar os agentes que podem 
causar os acidentes: 
• Posicionamento: 
Operações em equipamentos cuja atividade permita a introdução de dedos ou 
mãos. 
• Choque elétrico: 
Fios expostos, principalmente se o trabalho está relacionado com eletricidade. 
• Produtos químicos: 
Contato, permanente ou não, com qualquer desses produtos. 
• Fogo: 
Operações com produtos inflamáveis (derramamentos), soldas e cortes em locais 
impróprios, riscos de vazamentos ou derramamentos de produtos. 
• Área de Trabalho: 
Pisos escorregadios, passagens irregulares ou obstruídas, com saliência ou 
buracos. Ordenação, arranjo físico e limpeza inadequada. 
Conforme a norma NBR ISO 31000, a Gestão de Riscos compreende um 
conjunto de atividades coordenadas, com a finalidade de direcionar e controlar uma 
organização em relação aos “riscos”. Normalmente a Gestão de Riscos engloba as 
seguintes atividades: 
• Análise de Riscos – uso sistemático das informações disponíveis para que 
a origem de ameaças seja identificada e para que os riscos sejam estimados; 
• Avaliação de Riscos – processo de comparação entre o risco previsto com 
os níveis de tolerância estabelecidos para determinado risco; 
34 
 
 
• Tomada de decisão - processo que trata da seleção e prioridade sobre os 
riscos para se implementar medidas corretivas. 
A Gestão de Riscos implica em assegurar a aplicação de processos através da 
análise do ambiente real e identificação de possíveis perigos, a avaliação dos riscos 
detectados e a adoção de medidas preventivas e de controle destes. 
O principal objetivo da gestão é o de promover a proteção e integridade dos 
colaboradores, meio ambiente e espaço físico (ambiente). 
Um dos aspectos mais importantes que deve ser observado pela gestão é o de 
instaurar processos que visam um monitoramento contínuo dos riscos relacionados à 
saúde e segurança do trabalhador. Esta medida deve ser executada desde a elaboração 
de novos projetos, até a ponta final deste. 
Para uma Gestão ordenada sugerimos as etapas a serem seguidas no processo 
de Gestão de Riscos: 
a) Analisar e avaliar o ambiente sobre sua segurança e processos; 
b) Métodos pré-definidos de revisão dos riscos; 
c) Monitoramento e controle de modificações corretivas; 
d) Definir padrão de qualidade para os sistemas críticos; 
e) Treinar, capacitar e informar os recursos humanos; 
f) Processos flexíveis; 
g) Avaliação e controle dos sistemas e processos. 
Para que um programa de Gestão de Riscos seja efetivado com eficácia, é 
necessário seguir alguns pontos básicos de referência, citados a seguir: 
a) Perigos: as situações de perigo relacionadas à todas as atividades, instalações 
físicas, equipamentos, processos e produtos devem ser apontadas, e os possíveis riscos 
que apresentem devem ser AVALIADOS. Com a finalidade de condicionar as 
providências e ações para a eliminação e ou minimização destes riscos; 
35 
 
 
b) Avaliação: aos critérios de avaliação dos riscos devem ser observadas sua 
relevância e priorização nas tratativas das medidas de correção e ou prevenção. Estas 
devem conter critérios de validação para a obtenção de um padrão a ser seguido. 
c) Medidas: a adoção de medidas que visem eliminar ou minimizar os 
elementos que possibilitam a materialização de riscos, devem ser adotadas com critérios 
de prioridade, de acordo com a importância da situação de perigo; 
d) Processos – Planejamento e implantação de processos seguros que 
tenham como objetivo a busca de soluções e resultados adequados a cada situação de 
risco identificada. Os processos devem ser sucintos e claros para a correta assimilação 
e envolvimento de todos, adotando as seguintes condições: 
I. Substituição por produtos, equipamentos e materiais menos perigosos; 
II. Ações de redução do potencial de risco, ou mesmo a eliminação de 
processos que apresentem alto grau de risco; 
III. Processos simplificados, tornando as instalações mais seguras e menos 
sujeitas a falhas (equipamentos / pessoas); 
Análise de riscos – etapas 
Antes de vermos as etapas da Análise de Risco, é importante saber que é em 
sua essência: “Conjunto de técnicas e ferramentas com a finalidade de identificar, 
estimar, avaliar, monitorar e administrar os eventos que colocam em risco a saúde e 
segurança do trabalhador”. 
Etapas da Análise de Riscos 
Etapa 1 – Caracterização do empreendimento; 
Etapa 2 - Identificação dos riscos; 
Etapa 3 - Projeção/ Estimativas dos riscos (frequência e consequências); Etapa 
4 - Avaliação das Estimativas realizadas; 
Etapa 5 – Administração dos riscos (ação a ser aplicada) ; 
Etapa 6 – Monitoramento dos Riscos (padronização e melhoria contínua) 
Acidentes e doenças profissionais 
36 
 
 
Os acidentes de trabalho e doenças profissionais representam um custo humano 
e social inaceitável. 
Também representam ônus diretos e significativos às organizações, que são 
impactadas diretamente pela ausência de trabalhadores qualificados nos postos de 
trabalho e perdas nos processos produtivos, impactandotambém o governo, pela 
questão da seguridade social. 
Pelo fato das más condições de saúde e de segurança no trabalho o potencial 
dos trabalhadores é reduzido, e por consequência enfraquecem a competitividade da 
organização. 
Qualquer acidente gera prejuízo significativo, considerando que os custos diretos 
e indiretos resultantes são absorvidos em sua maioria pela empresa e 
consequentemente atinge todas as partes relacionadas. 
A incidência destes custos deve ser bem conhecida e medida pelas 
organizações, de modo que essas percebam os desperdícios e altos custos para cada 
acidente ocorrido. 
Técnicas de avaliação de riscos 
 
Análise de causa raiz – RCA 
A análise de causa raiz, também conhecida como RCA (Root Cause Analysis), é 
um método que permite a identificação e correção dos principais fatores que 
ocasionaram o problema. Esse método visa descobrir os defeitos originais (causa raiz) 
que geraram o problema, ao invés de buscar soluções imediatas para a resolução de 
um defeito (SILVEIRA; GOMES, 2011). 
RCA é uma ferramenta projetada para auxiliar a identificar não apenas “o que” e 
“como” um evento ocorreu, mas também “por que” ele ocorreu. Somente quando é 
identificado o motivo original de um defeito ter ocorrido, será viável gerar ações para 
que não volte a ocorrer. 
A utilização da ferramenta RCA não evita a busca de soluções imediatas sempre 
que ocorrer algum defeito de produção, avaliando somente os sintomas. Sugere, no 
37 
 
 
entanto, que o defeito seja tratado, mas não seja fechado até que seja analisado e 
identificado à causa original que o fez ocorrer. 
A análise de causa raiz usa uma terminologia específica, apresentando os 
seguintes termos para: 
• Ocorrência – um evento ou condição que não esteja dentro da 
funcionalidade do sistema normal ou comportamento esperado. 
• Evento – uma ocorrência em tempo real. Fato que pode impactar 
seriamente no funcionamento do sistema. 
• Estado – qualquer estado do sistema, que pode apresentar implicações 
negativas para alguma funcionalidade do sistema normal. 
• Por que (também chamado de fator causal) – uma condição ou um evento 
que resulta ou participa na ocorrência de um efeito. Pode ser classificada como: 
– Causa direta – uma causa que resultou na ocorrência. 
– Causa contribuinte – a causa que contribuiu para a ocorrência, mas não a 
fez diretamente. 
– Causa raiz – a causa que, se corrigida, impedirá o retorno desta e de 
ocorrências similares. 
• Cadeia de fatores causais (sequência de eventos e fatores causais) – uma 
sequência de causa e efeito em que uma ação específica cria uma condição que 
contribui ou resulta em um evento. Isso cria novas condições que, por sua vez, resultam 
em outros eventos. 
Para a aplicação do RCA, sugere-se a utilização de uma combinação de técnicas, 
permitindo uma maior exatidão na identificação da causa raiz, conforme descrito a 
seguir: 
Diagrama de causa e efeito, também conhecido como diagrama de Ishikawa 
(espinha de peixe) – permite identificar, explorar e apresentar graficamente todas as 
possíveis causas relacionadas a um único problema. Esta técnica é utilizada em equipe 
e permite classificar os defeitos em seis tipos diferentes de categorias: método, matéria-
prima, mão de obra, máquinas, medição e meio ambiente. 
38 
 
 
O número e os tipos de categorias não são preestabelecidos, permitindo a 
adequação conforme a necessidade. Através dessa técnica, é possível identificar as 
causas potenciais de determinado defeito ou oportunidade de melhoria, bem como seus 
efeitos sobre a qualidade dos produtos. Além disso, permite também estruturar qualquer 
sistema que necessite de resposta de forma gráfica e sintética com melhor visualização. 
• Cinco porquês – baseia-se em cinco perguntas às quais, é colocado em 
questão o porquê daquele problema, questionando-se a causa imediatamente anterior. 
O número de perguntas é variável, visto que a causa raiz do problema pode ser 
identificada através de mais de cinco perguntas ou menos de cinco perguntas. 
• Reunião de análise causal – o brainstorming é utilizado para buscar as 
causas dos problemas em reuniões, que após elencadas são discutidas entre a equipe, 
e posteriormente, os participantes propõem ações corretivas para evitar esses 
problemas no futuro. 
Análise de causa e consequências 
A Análise das Causas e Consequências (ACC) ou causa e efeito de falhas se 
utiliza do procedimento para construção de um diagrama de consequências que inicia 
por um evento inicial, posteriormente cada evento desenvolvido é questionado: 
• Em que condições o evento induz a outros eventos? 
• Quais as alternativas ou condições que levam a diferentes eventos? 
• Que outros componentes o evento afeta? 
• Ele afeta mais do que um componente? 
• Quais os outros eventos que este evento causa? 
Esta técnica possibilita a avaliação qualitativa e quantitativa das consequências 
dos eventos catastróficos de ampla repercussão, e a verificação da vulnerabilidade do 
meio ambiente, da comunidade e de terceiros em geral. Nesse procedimento, escolhe-
se um evento crítico, partindo-se para um lado, com as consequências e para outro, 
determinando as causas. A estruturação é feita através de símbolos. O diagrama ACC 
mais conhecido é o de Ishikawa, também conhecido como espinha de peixe devido à 
semelhança de sua representação gráfica. 
39 
 
 
O diagrama apresenta como pontos fortes: 
• É uma boa ferramenta de levantamento de direcionadores. 
• É uma boa ferramenta de comunicação. 
• Estabelece a relação entre o efeito e suas causas. 
• Possibilita um detalhamento das causas. 
Mas, também apresenta os seguintes pontos fracos: 
• Não apresenta os eventuais relacionamentos entre as diferentes causas. 
• Não focaliza necessariamente as causas que devem efetivamente ser 
atacadas. 
O diagrama de Ishikawa apresenta relevância como ferramenta de 
gerenciamento da qualidade, pois pode evoluir para um diagrama de relações que já 
apresenta uma estrutura mais complexa, não hierárquica. 
O diagrama de causa e efeito foi desenvolvido para representar a relação entre 
“efeito” e todas as possibilidades de “causa” que podem contribuir para tal resultado. O 
efeito ou problema é colocado no lado direito do gráfico, e os grandes contribuidores ou 
“causas” são listados à esquerda. Para cada efeito, existem inúmeros conjuntos de 
causas. Para elaborar um diagrama de causa e efeito (Ishikawa) deve-se seguir os 
seguintes passos: 
a) Definir o problema a ser estudado e o que se deseja obter (o que deve 
acontecer ou o que deve ser evitado). 
b) Procurar conhecer e entender o processo – observar, documentar, falar 
com pessoas envolvidas, ler. 
c) Reunir um grupo para discutir o problema, apresentar os fatos conhecidos, 
incentivar as pessoas a dar suas opiniões, fazer um brainstorming. 
d) Organizar as informações obtidas, estabelecer as causas principais, 
secundárias, terciárias, etc. (hierarquia das causas), eliminar informações irrelevantes, 
montar o diagrama, conferir, discutir com os envolvidos. 
40 
 
 
e) Assinalar os fatores mais importantes para obtenção do objetivo visado (fatores 
chave, fatores de desempenho, fatores críticos). 
Para organizar o diagrama de causa e efeito, pode-se usar as seguintes 
classificações de causas: os Ms (Mão de obra, Método, Material, Máquina, Meio 
ambiente, Medição, Management (gestão); ou 4Ps (Políticas, Procedimentos, Pessoal, 
Planta). Estas são apenas sugestões. A Figura 6.2 apresenta um diagrama 
esquematizado que esclarece a forma de estabelecer e desenvolver os diagramas. 
a) Identificar o efeito (caso) em relação ao qual se decidiu pesquisar as 
causas em termos claros e precisos. O efeito pode ser, por exemplo, o item de custo 
mais elevado. 
b) Estabelecer os objetivos e o tempo limite para as atividades de 
brainstorming (discussão conjunta dos intervenientes na análise de caso).c) Desenhar, em local por todos visível, o esqueleto do diagrama, referindo 
as fontes principais das causas a pesquisar. 
d) Escrever as sub causas no topo das setas em branco e em tantas quantas 
forem às causas sugeridas pelos diversos membros do grupo que estuda o caso. 
e) Entre todas as causas sugeridas, selecionar uma para ser estudada em 
profundidade. Efetuar sucessivamente o mesmo tratamento a cada causa, eliminando 
aquelas que se revelarem não responsáveis pelo efeito em estudo. 
f) Para a causa, ou causas, detectadas como responsáveis, serão depois 
estudados os “remédios” que conduzam à correção do “efeito”. 
 
O método dos cinco “porquês” – 5W 
O método envolve a pergunta “Por que...?” 5 vezes. O objetivo é ir além dos vários 
sintomas do problema para identificar a causa real e subjacente(s). Isso pode soar 
incrivelmente simples, mas o pensamento é necessário para identificar as perguntas 
certas ao perguntar, disciplina e persistência para aplicar o método (CLÁUDIO, 2012). 
Exemplo 
41 
 
 
Sintoma – os manuais para um curso de treinamento foram entregues errados no 
mesmo dia do treinamento. Isso significava que os participantes do curso não tinham 
materiais do curso até quase à hora do almoço, porque a empresa tinha que fazer um 
trabalho urgente de cópia e, em seguida, entregar os manuais do curso. Os participantes 
foram muito infelizes com isso. 
a) Por que os materiais foram entregues errados? 
Andrea geralmente faz isso (copiar e enviar materiais para os locais de curso), 
mas ela estava de férias. A pessoa responsável naquele momento se confundiu e 
mandou livros didáticos “avançados” para o curso “básico”. (sintoma). 
b) Por que ele confundiu os cursos? 
Ele só está fazendo isso por uma semana. Ele não teve tempo para chegar a se 
aprimorar neste trabalho ainda, e não há muito o que aprender. (sintoma). 
c) Se ele não conhece o trabalho ainda, por que ele está fazendo o trabalho? 
Porque não há ninguém para fazê-lo. Mas é claro que ele passou algum tempo 
com Andrea antes dela sair de férias. Pensou-se que ele estaria treinado, mas ele 
costuma demorar um pouco para se familiarizar com os vários cursos e materiais, e 
esses dois cursos particulares têm nomes muito parecidos. (ainda um sintoma). 
d) Mas já aconteceu antes. 
Nós já sabemos que leva um tempo para aprender sobre os vários cursos e 
materiais, então por que não temos as coisas no lugar para ajudar a aprendizagem? 
Por exemplo, temos uma lista de embalagem e instrução para uso na preparação 
e expedição os materiais do curso? Será que alguém pode fazer uma verificação 
cruzada antes que os materiais sejam enviados? Não temos qualquer maneira formal 
de treinamento de nossos funcionários sobre os cursos e materiais diversos? 
Sentimos que devemos fazer alguma coisa assim, mas ainda não fizemos. 
e) Por quê? 
Porque estamos demasiadamente ocupados e não temos uma prioridade. 
Nesse ponto, nós descobrimos, pelo menos, 3 causas: 
42 
 
 
Falta de treinamento. Não há qualquer sistema eficaz de formação interna, para 
se certificar de que uma função crítica (entregar os materiais do curso) pode ser coberta 
durante a ausência de pessoal. 
A falta de documentação. Não foi dada prioridade para anotar informações 
importantes (por exemplo, quais os materiais que devem ir para o curso). 
Controles de processo são insuficientes. Não há exigência de uma verificação 
cruzada, para que as coisas sejam feitas de forma consistente. 
Essas são práticas de gestão – deficiências no atual sistema de gestão. Elas 
podem ser alteradas, e deveriam ser. Se não, o problema vai acontecer novamente. 
A resposta ao primeiro “porquê” deve apontar o caminho para o próximo. Muitas 
vezes não pode sempre correr em linha reta em poucos minutos, perguntando e 
respondendo todas as perguntas imediatamente (a menos que talvez você seja muito 
experiente no método). Por exemplo, às vezes é preciso reunir e analisar mais 
informações, a fim de responder a uma questão particular. E pode precisar parar e 
pensar se está fazendo a pergunta correta. Com o tempo chegar ao 4º ou 5º “Por que...?” 
e desde que tenha feito as perguntas certas, deve estar perto da raiz ou causas. Em 
seguida, deve identificar as práticas de gestão, em vez de apenas os sintomas. Existem, 
muitas vezes, mais de uma causa (CLÁUDIO, 2012). 
Diagrama de Árvore – DA 
O diagrama de árvore serve como desdobramento de um problema para buscar 
sua causa raiz organizando a relação de causa e efeito entre os fenômenos tornando 
possível visualizar com clareza a propagação do problema a partir de cada ocorrência 
das diferentes causas, até o efeito que se deseja eliminar. 
Série de Riscos – SR 
A Série de Risco (SR) representa uma cadeia ou uma sequência de eventos que 
levam a um acidente ou evento catastrófico que mapeia os riscos que conduzem ao 
evento perigoso ou indesejável. Esses riscos são divididos em três categorias – risco 
inicial, risco principal e riscos contribuintes cujas definições são apresentadas a seguir. 
• Risco inicial – aquele que desencadeia todo o processo. 
43 
 
 
• Riscos contribuintes – é o risco que, direta ou indiretamente, dá sequência 
à série, após o risco inicial. 
• Risco principal – considerado como o evento diretamente causador dos 
eventos catastróficos. 
• Evento catastrófico – são eventos com consequências indesejáveis em 
termos de danos á pessoas, equipamentos ou ambiente. 
No gráfico da série de riscos, estão presentes, ainda, os inibidores, que são todas 
as medidas capazes de evitar a ocorrência ou a propagação dos efeitos dos riscos. Ao 
modelar a série de risco, a mesma pode apresentar o inter-relacionamento dos riscos 
de forma simples ou através de ligações “e” ou “ou” que permitem calcular a 
probabilidade de ocorrência do evento. 
Exemplo de análise a priori 
Consideremos um tanque pneumático de alta pressão, de aço carbono comum 
(não revestido). A umidade pode causar corrosão, reduzindo a resistência do aço, que 
debilitado poderá romper-se e fragmentar-se sob o efeito da pressão. Os fragmentos 
poderão atingir e lesionar o pessoal e danificar equipamentos vizinhos. Qual dos riscos 
– a umidade, a corrosão, a debilitação do material ou a pressão causou a falha? 
Nessa série de eventos, a umidade desencadeou o processo de degradação, que 
finalmente resultou na ruptura do tanque. A ruptura do tanque, causadora de lesão e 
outros danos, pode ser considerada como o risco principal ou fundamental da série. 
A umidade que iniciou a série pode ser chamada de risco inicial, a corrosão, a 
perda de resistência e a pressão interna são chamados de riscos contribuintes. O risco 
principal é, muitas vezes, denominado catástrofe, evento catastrófico, evento critico, 
risco crítico ou falha singular. 
Pode-se deduzir, então, que o risco principal é aquele que pode, direta e 
imediatamente, causar: 
• Lesão. 
• Morte. 
• Perda de capacidades funcionais (serviços e utilidades). 
44 
 
 
• Danos a equipamentos, veículos, estruturas. 
• Perda de matérias-primas e/ou produtos acabados. 
• Outras perdas materiais. 
Recomenda-se uma observação cuidadosa da série mostrada a seguir que se 
refere ao exemplo citado, verificando-se o inter-relacionamento entre os riscos e as 
respectivas inibições propostas. 
Exemplo de análise a posteriori 
João estava furando uma tubulação. Para executar o serviço ele se equilibrava 
em cima de algumas caixas em forma de escada. Utilizava uma furadeira elétrica portátil. 
Ele já havia feito vários furos e a broca estava com o fio gasto; por esta razão João 
estava forçando a penetração da mesma. 
Momentaneamente, a sua atenção foi desviada por algumas faíscas que saiam 
do cabo de extensão elétrica, em que havia um rompimento que deixava a descoberto 
os fios condutores. 
Ao desviar a atenção ele torceu o corpo, forçando a broca no furo. Com a pressãoela quebrou e, nesse mesmo instante, ele voltou o rosto para ver o que acontecia, sendo 
atingido por um estilhaço de broca em um dos olhos. Com um grito, largou a furadeira, 
pôs as mãos no rosto, perdeu o equilíbrio e caiu. 
Um acontecimento semelhante, ocorrido há cerca de um ano atrás, nesta mesma 
empresa, gerou como medida a determinação do uso de óculos de segurança na 
execução desse tipo de tarefa. 
Os óculos que João devia ter usado estavam sujos e quebrados, pendurados em 
um prego. Segundo o que o supervisor dissera, não ocorrera nenhum acidente nos 
últimos meses e o pessoal não gostava de usar óculos; por essa razão, ele não se 
preocupava em recomendar o uso dos mesmos nessas operações, porque tinha coisas 
mais importantes a fazer. 
Após investigação e análise da ocorrência, foram levantados dados sufi cientes 
para confeccionar a seguinte série de riscos: 
45 
 
 
Financiamento de riscos 
Noções básicas e princípios de administração de seguros 
 
Conceito, princípios e características 
Seguro consiste em uma operação pela qual, mediante o pagamento de uma 
remuneração (prêmio), uma pessoa (segurado) promete para si ou para outrem 
(beneficiário) no caso da efetivação de um evento determinado (sinistro), uma prestação 
(indenização) por parte de uma terceira pessoa (segurador) que, assumindo um 
conjunto de eventos determinados, os compensa de acordo com as leis da estatística e 
o princípio do mutualismo. As leis da estatística e princípio do mutualismo são as 
técnicas básicas utilizadas na operação do seguro (DE CICCO; FANTAZZINI, 2003). 
Acontecimentos como a morte de uma pessoa, deixando desamparados aqueles 
que dependem de sua atividade, ou a destruição de bens que reduzem o patrimônio são 
acontecimentos que procurasse reparar por intermédio de uma instituição. Nesse 
contexto, o seguro foi criado e aperfeiçoado para restabelecer o equilíbrio perturbado. 
O segurado é a pessoa física ou jurídica perante a qual o segurador assume a 
responsabilidade de determinado risco. 
O prêmio, também elemento essencial do contrato de seguro, é o pagamento 
realizado pelo segurado ao segurador, ou seja, é o preço do seguro para o segurado. 
Os parâmetros para cálculo do prêmio são o prazo do seguro, a importância segurada 
e a exposição ao risco. O prazo padrão do seguro é de 12 meses, podendo, conforme 
as circunstâncias, ser calculados prêmios em prazos inferiores ou superiores. A seguir, 
serão apresentados alguns importantes conceitos. 
a) Resseguradora – é a pessoa jurídica, seguradora e/ou resseguradora que 
aceita, em resseguro, a totalidade ou parte das responsabilidades repassadas pela 
seguradora direta, ou por outros resseguradores, recebendo esta última operação o 
nome de retrocessão. 
b) Seguradoras – empresas que operam na aceitação dos riscos de seguro, 
respondendo, junto ao segurado, pelas obrigações assumidas. Não podem explorar 
qualquer outro ramo de comércio ou indústria. Só podem operar em seguros para os 
46 
 
 
quais tenham autorização. Estão sujeitas a normas, instruções e fiscalização da SUSEP 
e do IRB. Não estão sujeitas à falência, nem podem impetrar concordata. 
c) Corretor de seguros – pessoa física ou jurídica, é o intermediário 
legalmente autorizado a angariar e promover contratos de seguros entre as sociedades 
seguradoras e as pessoas físicas ou jurídicas. O corretor não pode aceitar ou exercer 
empregos públicos, manter relação de emprego ou de direção com companhias 
seguradoras, sendo ainda responsável civilmente perante os segurados e as 
sociedades seguradoras pelos prejuízos que a eles causar por omissão, imperícia ou 
negligência, no exercício de sua profissão. O corretor está sujeito às normas, instruções 
e fiscalização da SUSEP. 
d) Inspeção de riscos – em determinados ramos de seguros, há necessidade 
e obrigatoriedade de uma inspeção prévia nos riscos a segurar. Essa inspeção é feita 
por vários motivos, principalmente para determinação da taxa aplicável ao seguro. O 
técnico que faz a inspeção de risco é chamado de inspetor de risco, que é encarregado 
de examinar o objeto do seguro, descrevendo a atividade e instalações, examinando os 
pontos críticos, avaliando a exposição ao risco coberto, bem como propondo ações e 
medidas que minimizem a materialização de sinistros. 
e) Regulador de sinistros – técnico indicado pelos (re)seguradores nos 
seguros de que participam, para proceder o levantamento dos prejuízos indenizáveis. 
f) Árbitro regulador – técnico que, à vista dos documentos examinados, é 
capaz de definir, em um sinistro, as responsabilidades envolvidas e respectivas 
participações. 
g) Perito de sinistros – técnico especialista, ou sabedor das nuances, 
características e condições tarifárias (gerais, especiais e particulares) de determinado 
tipo de risco sinistrado. 
Os princípios dos seguros são: 
a) Primeiro princípio – a empresa não deve assumir riscos que possam supor 
perdas que conduzam a um desequilíbrio financeiro irreversível. 
b) Segundo princípio – a empresa não deve aceitar riscos cujo custo seja 
superior a rentabilidade esperada da atividade geradora de tal risco. 
47 
 
 
Franquias 
O valor inicial da importância segurada até o qual o segurado é o segurador de si 
próprio é denominado de franquia. Isso representa um certo valor pre-estabelecido, 
significando que prejuízos até esse valor serão suportados pelo próprio segurado. Os 
tipos de franquia são: 
• Franquia dedutível – é a forma mais utilizada quando o valor é reduzido de 
todos os prejuízos. 
• Franquia simples – quando o valor ultrapassa o prejuízo ele deixa de ser 
deduzido. 
Se tivermos a seguinte situação, por exemplo: 
Importância segurada: R$ 700 mil 
Franquia: 10 %. 
Considerando os 2 tipos de franquia, e os seguintes prejuízos: R$ 7 mil; R$ 70 
mil; R$ 140 mil. 
• Franquia dedutível: R$ 70 mil 
R$ 7 mil < franquia: não há indenização 
R$ 70 mil = franquia: não há indenização 
R$ 140 mil > franquia: indenização de R$ 70 mil 
• Franquia simples: R$ 70 mil 
R$ 7 mil < franquia: não há indenização 
R$ 70 mil = franquia: não há indenização 
R$ 140 mil > franquia: indenização de R$ 140 mil 
Seguros proporcionais e não proporcionais 
Seguros proporcionais – os seguros de materiais, equipamentos, instalações, 
geralmente são proporcionais, de forma que se recebe o valor total do prejuízo somente 
se o seguro estiver suficiente. Esse é o princípio da cláusula de rateio. 
48 
 
 
Seguros não proporcionais – nesse tipo de seguro, não é cogitado o valor em 
risco para o cálculo de indenização. O segurador paga pelos prejuízos ocorridos até o 
limite da importância segurada sem aplicar o rateio. 
Por exemplo, considerando-se a seguinte situação de importância segurada (IS) 
de R$ 1,5 milhões; Sinistro com prejuízo de R$ 400 mil. 
Vantagens e desvantagens na adoção de seguros 
Vantagens 
 A indenização após uma perda garante a continuidade da operação, com 
pequena ou nenhuma redução da operação. 
 A incerteza é reduzida, permitindo um planejamento a longo prazo. 
 Seguradoras podem prover serviços tais como: controle de perdas, análise 
de exposições e determinação do valor da perda. 
 Os prêmios de seguro são considerados como despesas dedutíveis para 
fins de imposto de renda. 
Desvantagens 
 O prêmio pode ser significativo e é pago antecipadamente à perda. 
 Tempo e dinheiro consideráveis são aplicados à escolha das seguradoras 
e à negociação das condições. 
 A implantação de um programa de controle de perdas pode sofrer um 
relaxamento com a existência do seguro. 
Retenção e transferência de riscos 
As formas de tratamento de risco são: evitar, reter, prevenir, mitigar e transferir. 
O seguro compõe o processo de tratamento do risco por transferência. Já o auto seguro 
e a auto adoção fazem parte da retenção. 
As alternativas de retenção e transferência de riscos constituem a etapa de 
financiamentode riscos e, podem ser divididas em retenção de riscos (auto-adoção ou 
auto seguro) e transferência de riscos a terceiros (sem seguro ou através de seguro). 
Geralmente, somente os riscos com baixa frequência e alta gravidade devem ser 
transferidos, e os demais devem ser retidos. 
Retenção de riscos 
49 
 
 
Quando a empresa assume as possíveis perdas financeiras acidentais 
decorrentes dos riscos do processo há a retenção de riscos. Essa atitude corresponde 
a um plano financeiro da própria empresa para enfrentar perdas acidentais. As formas 
de retenção de riscos podem ser classificadas em: auto adoção (intencional e não 
intencional) e auto seguro (parcial e total). O auto seguro pode ser diferenciado da auto 
adoção pelo fato de que essa última não exige ou não prevê um planejamento formal. 
Auto adoção 
A adoção da retenção pode ser feita de várias maneiras diferentes: 
• Assumindo todas as perdas de um determinado tipo. 
• Assumindo perdas até certo limite, transferindo ao seguro o excedente. 
• Estabelecendo fundos de reserva antes ou depois das perdas. 
Não é recomendada a adoção de apenas um tipo de financiamento. De acordo 
com o potencial danoso, com a frequência de ocorrência, com a dinâmica e 
imprevisibilidade dos acidentes, e com custo do seguro, a empresa estabelece sua 
estratégia de financiamento dos riscos. Deve-se buscar a melhor relação custo-
benefício entre a reserva de capital e o pagamento de prêmios de seguro levando em 
conta o binômio risco segurado/risco não segurado. Um exemplo é a adoção do auto 
seguro para perdas físicas e transferência do risco de responsabilidade civil. 
A previsão de um percentual de perdas consideradas inerentes e inevitáveis ao 
sistema, que são suportáveis pelo capital de giro da empresa, representa uma auto 
adoção de riscos intencional. Já, quando a empresa desconsidera a influência das 
perdas no seu ativo financeiro a adoção é não intencional. 
a) Auto adoção intencional – acarreta na aceitação de perdas consideradas 
inevitáveis e suportáveis no seu contexto econômico e financeiro. Pode-se incluir nesse 
contexto os pequenos furtos, perdas resultantes do uso e desgaste de prédios, 
máquinas e equipamentos e perdas decorrentes de não pagamentos até certo limite. A 
transferência desses riscos para a seguradora resultaria em um prêmio excessivo que 
possivelmente seria superior às perdas. 
b) Auto adoção não intencional – acarreta na aceitação de perdas que não 
foram planejadas e que representam o inesperado, consequência da não identificação 
50 
 
 
dos riscos, da ignorância, ou até mesmo, o resultado de uma gestão ineficiente. A auto 
adoção não intencional pode resultar em situações catastróficas, uma vez que, riscos 
graves podem passar despercebidos. 
Auto seguro 
O auto seguro envolve um planejamento formal e o estabelecimento de um capital 
de reserva para perdas. A empresa pode assumir os riscos de forma total ou parcial, em 
circunstâncias similares em que ocorre o seguro. 
a) Auto seguro parcial – parte dos riscos é assumida pela empresa e o 
restante é transferido a terceiros. 
b) Auto seguro total – a empresa assume integralmente os riscos. As razões 
principais que podem levar a empresa a adotar o auto seguro, de acordo com De Cicco 
e Fantazzini (2003), são: 
• Redução de despesas na transferência de riscos através de seguros. 
• Incentivo às ações de prevenção e controle de perdas como forma de 
reduzir os custos em auto seguro e em seguro. 
• Soluções mais práticas e rápidas de sinistros que venham a ocorrer sem a 
necessidade de perícia externa que ocorre nos casos de seguros. 
• Atuação em riscos não segurados pelo mercado. 
Para a adoção do auto seguro alguns aspectos devem ser considerados: 
• Os riscos a serem cobertos devem ser agrupados de forma homogênea 
que permita estabelecer valores médios. Os bens protegidos devem estar afastados de 
forma a não permitir a destruição simultânea. 
• A situação financeira da empresa deve permitir a criação desses fundos 
de seguro sem comprometer a operacionalidade. 
• A adoção do auto seguro deve estar atrelada à um esforço na 
implementação e manutenção de uma política de gerenciamento de risco, além de 
estudos estatísticos e adoção de medidas concretas de segurança e prevenção. 
Transferência de riscos 
51 
 
 
A transferência dos riscos a terceiros pode ser realizada sem seguro, ou seja, por 
meio de contratos, acordos ou outras ações, ou através de seguro convencional. 
Transferência sem seguro 
Quando acontece a transferência de riscos sem seguro, as responsabilidades, 
garantias e obrigações de ambas as partes envolvidas ficam devidamente explicitadas 
através de contratos específicos. Este tipo de transferência é usual em serviços de 
construção, montagem, projetos, transportes e outros, devendo haver consulta ao 
gerente de risco ou de projetos, com relação aos termos contratuais. 
Transferência com seguro 
A transferência de riscos a terceiros através de seguro realiza-se em 
circunstâncias similares às do auto seguro. Porém, nesse caso, a empresa seguradora 
assume a responsabilidade pelas perdas mediante o pagamento de determinado 
prêmio. 
Como já definido anteriormente, seguro é a operação pela qual o segurado, 
mediante o pagamento de um prêmio e observância de cláusulas de um contrato, obriga 
o segurador a responder por prejuízos ocorridos no objeto do seguro, consequentes dos 
riscos previstos no contrato, desde que a ocorrência de tais riscos tenha sido fortuita ou 
independente de sua vontade. Os contratos de seguro são constituídos de cláusulas 
gerais e particulares que definem as obrigações e os direitos tanto do segurado como 
do segurador. 
 
As alternativas para seguro de riscos industriais apresentadas pela maioria das 
empresas brasileiras de seguros são: 
• Seguro tradicional com apólices de seguro individuais para cada tipo de 
risco. 
• Seguro para riscos nomeados por meio de apólice única englobando os 
riscos que estarão cobertos. 
• Seguro para riscos operacionais com apólice única para todos os riscos, 
sendo que os riscos excluídos do seguro constam da apólice. 
52 
 
 
Decisão entre seguro e auto seguro 
Uma das dificuldades encontradas pelo gerente de risco é decidir entre transferir 
para uma seguradora ou auto segurar um risco. Para isso, utiliza-se o “Modelo de 
Houston”. Antes de tratarmos do Modelo de Houston, convém compreender o conceito 
de “perda de oportunidade”, que representa um possível ganho financeiro não obtido 
devido à decisão de não participar de um determinado negócio (DE CICCO; 
FANTAZZINI, 2003). 
Para exemplificar esse conceito, toma-se como base uma aplicação em 
caderneta de poupança, um investimento de baixo risco e pequenas taxas de juros, ao 
invés de ser aplicado na própria empresa que possui taxas de retornos maiores, mas 
também maiores riscos. Denomina-se de i a taxa de juros externa à empresa (taxa 
mínima de atratividade) e r a taxa de retorno do capital investido na empresa. A diferença 
entre r e i representa o custo de oportunidade (DE CICCO; FANTAZZINI, 2003). 
Voltando ao Modelo de Houston, supondo-se que um gerente de risco deve 
decidir entre a adoção de auto seguro e a aquisição de seguro para um período de um 
ano em relação a certo risco (DE CICCO; FANTAZZINI, 2003). 
• Se optar pelo auto seguro necessitará de um fundo de reserva (F) no valor 
de R$ 800.000,00. 
• Se, por outro lado, optar por adquirir um seguro, o valor do fundo será 
aplicado na própria empresa. 
• O prêmio do seguro (P) é de R$ 8.000,00. 
Supondo r = 30 % e i = 15 %. 
 
Onde: PFs representa a posição futura com seguro, no nosso caso depois de um 
ano 
 
53 
 
 
Onde: PFAS representa a posição futura com auto seguro, no nosso caso depois 
de um ano 
P/2 representa a perda média esperada no período 
 
Onde: V representa o valor econômico do seguro 
Se V ≥ 0, o gerente de risco

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