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Ap LIBRAS 0817 - Língua Brasileira de Sinais - Libras

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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS 
 Créditos e Copyright
	
NOGUEIRA, Thaís Faria.
Língua Brasileira de Sinais - Libras.  Thaís Faria Nogueira. Santos: Núcleo de Educação a Distância da UNIMES, 2015. p. (Material didático. Núcleo Básico Pedagógico).
 
Modo de acesso: www.unimes.br
1. Ensino a distância.  2. Educação.   3. Libras.   
CDD 370
Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas aqui publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários.
A Unimes Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos.
Copyright (c) Unimes Virtual
É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato.
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
PLANO DE ENSINO
 
CURSO: Licenciaturas
COMPONENTE CURRICULAR: Língua Brasileira de Sinais
SEMESTRE: 2º
CARGA HORÁRIA TOTAL: 80h
EMENTA:
A surdez, causas, diagnóstico e tratamento. A estimulação necessária para o desenvolvimento da criança preparando-a para a vida escolar. O processo da alfabetização, abordagens de ensino, o trabalho realizado na educação inclusiva sob o ponto de vista da filosofia bilíngue. A Língua Brasileira de Sinais como meio natural de comunicação e a estrutura da língua. A legislação que ampara alunos com necessidades especiais, com atenção especial à surdez.
OBJETIVO GERAL:
Promover condições para que o aluno aproprie-se de conhecimentos sobre a educação dos surdos e habilidades relacionados a utilização da Língua Brasileira de Sinais em situações apropriadas do cotidiano escolar.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Unidade I: A Surdez
- Conhecer as causas da surdez, tipos, diagnóstico e tratamento, a história da educação dos surdos, abordagens de ensino e a conceituação da língua de sinais.
Unidade II: A alfabetização da criança surda.
- Abordar a estimulação precoce, o papel da família, escola e do professor. Conhecer as políticas educacionais e métodos de alfabetização utilizados com alunos surdos.
Unidade III: A educação dos surdos
- Perceber a diferença entre os tipos de escola, as dificuldades de aprendizagem e o tipo de avaliação. Identificar recursos pedagógicos e tecnológicos apropriados para os alunos surdos.
Unidade IV: LIBRAS e a educação
- Conhecer o processo de inclusão escolar dos surdos, aspectos sobre a educação de jovens e adultos, capacitação de professores e sobre o profissional tradutor e intérprete de Libras.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
Unidade I: A Surdez
Surdez: Conceituação, causas e classificação;
Surdez: Prevenção, diagnóstico e tratamento;
História do Surdo;
História da Educação do Surdo no Brasil;
Principais abordagens ou filosofias de ensino na Educação dos Surdos;
Língua de Sinais – conceituação;
Libras I;
Alfabeto Manual de Libras.
Unidade II: A alfabetização da criança surda:
O papel da família;
Estimulação precoce;
Estimulação para aquisição da Língua Brasileira de Sinais;
O papel da escola e do professor;
Primeiros anos escolares;
Políticas Educacionais;
Métodos de Alfabetização;
Libras II.
Unidade III:A educação dos surdos:
O processo de leitura e escrita;
A proposta bilíngue para a educação dos surdos;
O trabalho da equipe multidisciplinar;
Desafios na educação dos surdos;
Dificuldades na aprendizagem;
Avaliação de Aprendizagem;
Recursos Pedagógicos e Tecnológicos;
Libras III.
Unidade IV: LIBRAS e a educação:
O processo de inclusão escolar;
Educação de Jovens e Adultos surdos;
Fernando Capovilla e Seu Estudo Sobre a Educação dos Surdos;
Capacitação de Professores no Ensino Fundamental;
Tradutor e Intérprete de Libras-Língua Portuguesa;
A comunidade surda;
A história de Hellen Keller e Anne Sulivan;
Projetos.
Bibliografia Básica:
FERNANDES, S. - Educação de Surdos – Intersaberes – 1. edição - 2012 – Pearson. GOLDFELD,M. – Acriança surda – Linguagem, Cognição numa perspectiva sociointeracionista – 6. edição – Plexus – 1997. QUADROS, R. M., Karnopp, L. B. – A Língua de Sinais Brasileira – estudos linguísticos- Porto Alegre, Artmed - 2004.
Bibliografia Complementar;
BOTELHO, P. - Linguagem e Letramento na Educação dos Surdos – Ideologias e Práticas Pedagógicas –Autêntica – 3. edição – 2010. DIAS, R. – Língua Brasileira de Sinais – Libras – São Paulo – 2015 – Pearson.
LUCHESI, M. R. C. – Educação de Pessoas surdas: experiências vividas, histórias narradas – 4. edição - Papirus – 2012 – Pearson.
PEREIRA, M. C. C. – Libras – Conhecimento além dos sinais –Pearson Education – 1. edição – 2011 - Pearson. SKLIAR, C. (org). Atualidade da Educação Bilíngue para Surdos. Porto Alegre, Mediação, 2 volumes, 1999.
METODOLOGIA: A disciplina está dividida em unidades temáticas que serão desenvolvidas por meio de recursos didáticos, como: material em formato de texto, vídeoaulas, fóruns e atividades individuais. O trabalho educativo se dará por sugestão de leitura de textos, indicação de pensadores, de sites, de atividades diversificadas, reflexivas, envolvendo o universo da relação dos estudantes, do professor e do processo ensino/aprendizagem.
 
AVALIAÇÃO: A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados na parte teórica, prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades em momentos específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações à distância e Prova Presencial, de acordo com a Portaria de Avaliação vigente.
Sumário
Aula 01_Surdez: conceituação, causas e classificação	8
Aula 02_Surdez: Prevenção, diagnóstico e tratamento	13
Aula 03_História do Surdo	19
Aula 04_História da Educação do Surdo no Brasil	24
Aula 05_Principais Abordagens ou Filosofias de Ensino na Educação dos Surdos	28
Aula 06_ Lingua de Sinais	33
Aula 07_Libras I	36
Aula 08_Alfabeto Manual de Libras	39
Aula 09_O Papel da Família	41
Aula 10_Estimulação Precoce	45
Aula 11_Estimulação para Aquisição da Língua Brasileira de Sinais	48
Aula 12_O Papel da Escola e do Professor	50
Aula 13_Primeiros Anos Escolares	53
Aula 14_Políticas Educacionais	56
Aula 15_Métodos de Alfabetização	61
Aula 16_Libras II	65
Aula 17_O Processo de Leitura e Escrita	71
Aula 18_A Proposta Bilíngue para a Educação dos Surdos	74
Aula 19_O Trabalho da Equipe Multidisciplinar	76
Aula 20_Desafios na Educação dos Surdos	78
Aula 21_Dificuldades de Aprendizagem	81
Aula 22_Avaliação de Aprendizagem	83
Aula 23_Recursos Pedagógicos e Tecnológicos	86
Aula 24_Libras III	93
Aula 25_O Processo de Inclusão	97
Aula 26_Educação de jovens e adultos surdos	100
Aula 27_Fernando Capovilla e Seu Estudo Sobre a Educação dos Surdos	103
Aula 28_Capacitação de Professores do Ensino Fundamental	106
Aula 29_Tradutor e Intérprete de Libras-Língua	109
Aula 30_A Comunidade Surda	113
Aula 31_A história de Hellen Keller e Anne Sulivan	119
Aula 32_Projetos	122
Aula 01_Surdez: conceituação, causas e classificação
 A deficiência auditiva, trivialmente conhecida como surdez, consiste na perda parcial ou total da capacidade de ouvir, isto é, um indivíduo que apresente um problema auditivo. Trata-se de uma deficiência sensorial que pode acarretar sérias dificuldades no que se refere ao processo de aquisição e ao desenvolvimento de linguagem.
De acordo com o Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005:
Art. 2o  - Considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.
 Parágrafo único.  Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.
É considerado surdo todo o indivíduo cuja audição não é funcional no dia a dia, e considerado parcialmentesurdo todo aquele cuja capacidade de ouvir, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva.
A deficiência auditiva é uma das deficiências contempladas e integradas nas necessidades educativas especiais (n.e.e.); necessidades pelas quais a escola tanto proclama.
É importante que se saiba que Disacusiasignifica a perda da capacidade auditiva, em menor ou maior grau e que pode ter um caráter transitório ou definitivo.
As principais causas podem ser divididas em:
Pré-natais:
- Causas endógenas que são as que ocorrem no momento da concepção e são herdadas dos pais, como, por exemplo, temos a otosclerose e algumas síndromes.
- Causas exógenas que são consequências de alterações no tecido uterino nos primeiros três meses de gestação. Destacam-se embriopatias tendo a Rubéola como principal responsável, toxoplasmose, citomegalovírus, diabetes, sífilis congênita, irradiação, hipóxia, drogas ototóxicas, alcoolismo materno, anestesias prolongadas eritoblastose fetal (que é a destruição das hemácias do bebê pelo soro materno, incompatibilidade sanguínea fator Rh (-) negativo para a mãe e (+) positivo para o bebê.
Perinatais: Ocorrências durante o trabalho de parto: a icterícia neonatal, sofrimento fetal com contrações interinas intensas e prolongadas, estrangulamento do cordão umbilical, traumatismo obstétrico (uso inadequado de fórceps), parto traumático, quedas na retirada do bebê, anóxia/hipóxia que atinge diretamente a cóclea, lesando o nervo acústico que é particularmente sensível à influência de oxigenação, parto prematuro, drogas ototóxicas, infecção materna externa na hora  do parto (Herpes).
Pós-natais: Todas as ocorrências após o nascimento e que podem ser chamadas de surdez adquirida: Hipóxia/anóxia, infecção, drogas ototóxicas, doenças como: sarampo, caxumba infantil, meningite encefalite, intoxicações medicamentosas, exposição do ouvido à poluição sonora.
Tipos de perdas:
Imagem: CÉSAR & CEZAR. Biologia. São Paulo, Ed Saraiva, 2002
http://www.afh.bio.br/sentidos/Sentidos3.asp
Quanto ao local da lesão pode-se ter:
· Disacusia de transmissão ou perda indutiva – determinada por algumas patologias localizadas no ouvido externo/médio, como, por exemplo: corpo estranho no ouvido (grãos, insetos, introduzidos no conduto auditivo), malformações da orelha, perfuração da membrana timpânica.
· DisacusiaNeurossensorial – local da lesão é determinada na cóclea e/ou no nervo coclear.
· Disacusia Neural se a alteração ocorrer no nervo acústico.
· Disacusia Mista – afeta ao mesmo tempo o ouvido médio e o ouvido interno.
A intensidade ou volume dos sons é medida em unidades chamadas decibéis abreviadas para dB. Sessenta dB é a intensidade do som de uma conversa, e cento e vinte dB a de um avião a jato. Se uma pessoa “perder” 25 dB de volume, poderá ter dificuldades de audição. Perder 95 dB pode ensurdecer totalmente uma pessoa.
A diminuição da audição (surdez) produz uma redução na percepção dos sons e dificulta a compreensão das palavras.
É difícil imaginar o que perdem aqueles que têm surdez.
Portanto, para ilustrar, examinaremos a tabela a seguir:
 
	EXEMPLOS DE DECIBÉIS
	Qualidade do som
	Decibéis
	Tipo de Ruído.
	Muito baixo
	0-20
	Farfalhar das folhas.
	Baixo
	20-40
	Conversação silenciosa.
	Moderado
	40-60
	Conversação normal.
	Alto
	60-80
	Ruído médio de fábrica ou trânsito.
	Muito alto
	80-100
	Apito de guarda e ruído de caminhão.
	Ensurdecedor
	100-120
	Ruído de discoteca e de avião decolando.
 
Classificação das perdas auditivas de acordo com o grau (elaboração de Davis e Silverman):
	CLASSIFICAÇÃO DA SURDEZ
	Classificação
	Média
	Característica
	Normal
	0 a 25 dB
	
	Leve
	26 a 40 dB
	Não recebe os fonemas da forma como são, isto altera a compreensão das palavras; voz fraca e distante não é ouvida – criança considerada “desatenta”; a aquisição da linguagem é “normal/lenta”; poderá apresentar dificuldade na leitura e/ou escrita.
	Moderada
	41 a 70 dB
	Percebe a voz com certa intensidade; pode ocorrer atraso na linguagem e alteração articulatória; discriminação difícil em lugares ruidosos.
	Severa
	71 a 90 dB
	Identifica ruídos familiares (predominantemente graves); percebe voz forte (grave); família necessita orientação precoce para auxiliar o rendimento da criança: compreensão verbal associada a grande aptidão visual.
	Profunda
	Acima de 90 dB
	Não percebe a voz humana sem um estímulo adequado; não há feedback auditivo; maior facilidade para perceber as pistas visuais.
 
Devido à irregularidade das curvas, adota-se a combinação de dois termos, por exemplo: leve a moderada ou severo-profunda.
Pode haver ainda a perda unilateral (em apenas um dos lados) ou bilateral (nos dois ouvidos) e que ainda pode haver graus de perda diferentes em cada um dos ouvidos.
Quando a deficiência auditiva é moderada, temos o que se chama Hipoacusia. Se for uma perda acentuada ocorrerá a Disacusia ou surdez.
Aula 02_Surdez: Prevenção, diagnóstico e tratamento
Prevenção:
A mulher quando jovem deve vacinar-se contra a rubéola.
Os exames pré-nupciais também são importantes, pois:
· Detectam doenças (sífilis, herpes genital, toxoplasmose, etc) que podem provocar a surdez no bebê.
· Quando gestante o pré-natal deverá ser realizado durante todo o período de gestação.
· Durante a gravidez não deve ingerir medicamentos sem orientação médica, álcool ou drogas,
· Evitar contato com pessoas doentes.
· Evitar tirar radiografias nos três primeiros meses de gestação.
Qualquer bebê recém-nascido pode apresentar um problema auditivo no nascimento ou adquiri-lo nos primeiros anos de vida. Isto pode acontecer mesmo que não haja casos de surdez na família ou nenhum fator de risco aparente.
Teste da Orelhinha
O Teste da Orelhinha foi criado através da Lei Municipal nº 3023, de 17 de maio de 2000. Sua finalidade é prevenir ou mesmo remediar a deficiência auditiva (no caso de bebês que apresentam surdez congênita). Trata-se de um programa de triagem neonatal e tem se mostrado eficaz no diagnóstico precoce de perda auditiva. É obrigatório e gratuito.
A audição começa a partir do 5° mês de gestação e se desenvolve intensamente nos primeiros meses de vida. Qualquer problema auditivo deve ser detectado ao nascer, pois os bebês que têm perda auditiva diagnosticada cedo e iniciam o tratamento até os seis meses de idade apresentam desenvolvimento muito próximo ao de uma criança ouvinte.
O teste da orelhinha, é um exame feito no berçário em sono natural, de preferência no 2° ou 3° dia de vida. Demora de 5 a 10 minutos, não tem nenhuma contraindicação, não acorda e nem incomoda o bebê, não exige nenhum tipo de intervenção invasiva (uso de agulha ou qualquer objeto perfurante) e é absolutamente inócuo.
O diagnóstico após os seis meses de vida traz prejuízos inaceitáveis para o desenvolvimento da criança e sua relação com a família.
Infelizmente no Brasil, cerca de 50% dos recém-nascidos não possuem fatores de risco e o diagnóstico é retardado até que sejam observadas anormalidades na fala e na linguagem.
Em 33% dos casos o diagnóstico é dado quando a criança já está por volta dos 12 meses de idade.
A idade média de diagnóstico de surdez na infância varia de 1,74  a 4,3 anos de idade. Contudo, alguns estudos contestam estes números e afirmam: a idade média para diagnóstico pode ser ainda mais alta, situando-se entre 7 e 8 anos de idade em boa parte dos casos.
É extremamente importante que a deficiência seja reconhecida o mais precocemente possível. Para tanto, os pais ou responsáveis devem observar as reações auditivas da criança.
Indicadores de Perda Auditiva:
Os pais são os responsáveis pela primeira suspeita de surdez em 60% das crianças com déficit auditivo.
Observe abaixo algumas características de risco que auxiliam na avaliação da audição do bebê:
Com zero a três meses de vida:
· Não reage a sons (vozes, batidas de portas) piscando, assustando-se ou cessando seus movimentos.
Com quatro ou cinco meses:
· Não procura a fonte sonora, girando a cabeça ou virando seu corpo.
· Não aponta para familiaresou objetos quando pedido.
· Não balbucia ou parou de balbuciar.
· Não se volta quando chamado.
A partir de doze meses:
· Ainda não compreende frases simples.
· Não imita seus familiares ou usa palavras simples para denominar coisas em casa.
· Não utiliza a linguagem falada como outras crianças da mesma idade.
· Assiste à TV muito próxima do aparelho e pede sempre para que o volume seja aumentado.
· Só responde quando a pessoa fala de frente para ela.
· Não reage a sons que não pode ver.
· Não apresenta grande progresso na comunicação e no uso de palavras para se comunicar.
· Pede que repitam várias vezes o que lhe foi dito.
· Tem problemas de concentração na escola, parece desatenta.
· Tem problemas de comportamento na escola.
Diagnóstico
Na suspeita de surdez, os pais devem levar a criança a um especialista (Otorrinolaringologista) para ser examinada. O teste de audição pode ser feito em qualquer idade – mesmo em recém-nascidos.
Audiometria:
A audiometria ou teste de audição é um exame que avalia a audição das pessoas, seu objetivo  basicamente é medir qual a intensidade sonora (volume) mínimo o indivíduo é capaz de ouvir para cada frequência. É realizado por um fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista, pois são os únicos com habilitações necessárias para orientar todas as etapas necessárias na realização deste processo. Quando detectada qualquer anormalidade auditiva,  é possível medir o seu grau e tipo de alteração, assim como orientar as medidas preventivas ou curativas a serem tomadas, evitando assim o agravamento.
O resultado é expresso em um audiograma, que é um gráfico que revela as capacidades auditivas do paciente.
http://otorrinobrasilia.com/perdaauditiva/
No caso de detectada a surdez em crianças, deve-se observar que há diferentes tipos de problemas auditivos e deve-se recorrer a métodos que se adaptem as necessidades da criança.
Cabe ao médico especialista:
· Identificar a causa da surdez.
· Encaminhar ao fonoaudiólogo (especialista na área da linguagem, fala, voz, audição, leitura e escrita);
· Indicar aparelhos para amplificação do som (AASI);
· Orientar os pacientes e responsáveis.
Tratamento
A surdez ou perda auditiva pode ser resultante de um acúmulo de cerume na orelha externa ou de catarro na orelha média, nesses casos, uma limpeza ou uso de medicamentos podem ser totalmente curativos. As infecções de ouvido constantes devem ser muito bem tratadas. Quando uma infecção de ouvido dura muito tempo ou se repete várias vezes pode evoluir para uma diminuição da audição e em casos extremos para a surdez.
Em outros casos, a perda auditiva pode ocorrer devido a uma lesão na cóclea (orelha interna) por fatores genéticos, barulho excessivo,  uso de medicamentos tóxicos, alterações específicas no metabolismo, entres outras causas. Para tais situações não há métodos curativos. Estes pacientes podem se beneficiar de aparelhos auditivos ou, nos casos de surdez severa ou profunda (total), do implante coclear.
Aparelhos auditivos podem ajudar a ouvir bem melhor, apesar de não deixarem a audição perfeita. Eles trabalham amplificando o som do ambiente e utilizando o resíduo auditivo que o surdo possui.
Para pessoas com surdez sensorioneural severa ou profunda o uso de aparelhos auditivos pode ser insuficiente. Para estes casos existe o implante coclear.
O implante coclear é também, conhecido como ouvido biônico, é um dispositivo eletrônico transformador de energia sonora em impulsos elétricos. Sua função é substituir parcialmente a cóclea, captando os sons ambientes por um microfone, transformando-os em impulsos elétricos que irão estimular diretamente o nervo auditivo, que os conduzirá até o cérebro.
Pode trazer bons resultados em crianças nascidas surdas e em adultos que perdem a audição repentinamente, é indicado em casos de surdez severa ou profunda, porém, esse procedimento cirúrgico é feito somente após rigorosa avaliação feita por equipe de médicos e fonoaudiólogos especializados.
http://canaldoouvido.blogspot.com.br/2013_03_03_archive.html
 
Leia mais sobre Implante Coclear:
http://www.implantecoclear.org.br/textos.asp?id=5
Aula 03_História do Surdo
Milhares de anos após o surgimento da espécie humana, o homem já se organizava em grandes e complexas sociedades. Começou então a dar seus primeiros passos na moral e na ética, a filosofar e a pensar em sua existência.
A análise do homem, de suas potencialidades e limitações não poderia ser feita tendo-se como base simplesmente aquilo que se podia ver na natureza “concreta” visível.
As pessoas diferentes eram consideradas “não humanas”. Eram seres desqualificados e inferiores, pessoas com defeito de nascença e, portanto, tidos como animais que precisavam competir pela sobrevivência. Sendo inferiores, deveriam ser eliminados.
Desse modo os considerados “diferentes” enfrentariam os mesmo problemas porque passam todas as minorias humanas: busca pela existência/imposição de padrões.
A padronização leva a praticas inferiorizantes e discriminatórias para aqueles que não se adéquam aos padrões estabelecidos e impostos.  Nesse caso, políticas de assassinatos de bebês e crianças portadoras de alguma característica considerada anormal não era objeto de escândalo, pois, era uma conduta da cultura daquela época.
Sabe-se que o “diferente” causa certo desconforto ao homem, que pode desejar tentar entender o porquê, entretanto, a solução mais simples e rápida era, simplesmente, eliminar.
Tanto preconceito deu origem a regras extraoficiais até o nível religioso onde os doentes ou diferentes eram considerados impuros e condenados por Deus, além de ser considerado castigo o nascimento de descendentes doentes ou diferentes.
Temos ainda a concepção de Aristóteles, que entendia a educação possível somente através da audição. Desse modo, nenhum surdo seria capaz de aprender nada.
Os dados históricos sobre a surdez são escassos nos primórdios da humanidade. Somente no início da era Moderna (século XVI) começamos a ter subsídios sobre a surdez.
Com o nascimento de Jesus, Filho de Deus para os cristãos, a teologia ocidental no tratamento com o diferente mudou bruscamente. Eles, que quase sempre eram considerados minorias linguísticas e culturais, não eram mais considerados impuros e nem carregavam mais sobre si o castigo de seus pecados. Segundo Jesus, todos seriam filhos de Deus, amados pelo Pai, não pelo que poderiam ter, ser ou fazer, mas pelo que eram: seres humanos.
Não se pode dizer que a partir daí o problema tenha desaparecido e nem que o preconceito tenha sido superado, entretanto, o que se sabe é que o homem não conseguia mais anestesiar sua consciência, pois, a religião não endossava e a moral exigia um tratamento mais correto.
Mesmo assim as mudanças vieram gradativamente através da vivência e não por normas impostas e sistematicamente cumpridas.
Segundo Santo Agostinho, filósofo e teólogo cristão, a fé somente seria obtida através da “captação” do Sermão. Para ele, surdos ou deficientes mentais não poderiam crer, porque a fé vem através do sermão, da palavra falada. Para os defensores de Santo Agostinho a Língua de Sinais com que se comunicavam faziam às vezes da palavra falada e dessa forma eles teriam acesso aos ensinamentos de Jesus, tal e qual um ouvinte. Mas, seu pensamento sobre o assunto, talvez nunca venhamos a saber.
No final da Idade Média ocorreram avanços e retrocessos, porém, as atrocidades contra surdos e pessoas diferentes continuaram a existir.
Até o século XV, os surdos eram considerados primitivos e sem possibilidade de serem educados. A partir do século XVI surgem os primeiros pedagogos para surdos, principalmente na França, Espanha, Inglaterra e Alemanha.
Podemos citar alguns: Rudolphus Agrícola, GirolanoCardano, Pedro Ponce de Leon, Juan Pablo Bonet e Abade Charles-Michel de l'Épée.
http://deafkrause.de/deaf-history/alphabet/pedro-ponce-de-leon-1.html
No século XVIII houve a fundação de várias escolas para surdos, a educação evolui em qualidade e o uso da Língua de Sinais possibilita o domínio de diversos assuntos e aprofissionalização.
Segundo Oliver Sacks:
Esse período que agora parece uma espécie de época áurea na história dos surdos, testemunhou uma rápida criação de escolas para surdos em todo o mundo civilizado; a saída dos surdos da negligência e da obscuridade; sua emancipação e cidadania; a rápida conquista de posições de eminência e responsabilidade – escritores, engenheiros, filósofos e intelectuais surdos antes inconciliáveis tornaram-se subitamente possíveis. (SACKS, 1990, p.37).
 
Em consequência do famoso Congresso de Milão ocorrido em 1880 quando se considerou que a melhor forma de educação do surdo seria o oralismo, as escolas de surdos abandonaram a Língua se Sinais. Fato que gerou sérias controvérsias, já que os maiores interessados, os próprios surdos, sequer foram consultados.
Na filosofia oralista busca-se a integração da criança surda na comunidade  de ouvintes desenvolvendo a língua oral Desse modo a surdez passa a ser uma deficiência que deve ser minimizada através da estimulação auditiva.
O surdo para viver em sociedade deveria “ouvir” (com o uso de aparelhos auditivos e com o uso de técnicas de leitura labial) e “falar” através de exaustivos exercícios, ficando a comunicação escrita por último recurso. Para que fosse aceito pelo grupo social o surdo deveria então “superar” o defeito de nascença.
A oralização passou a ser então o principal objetivo da educação do surdo. O ensino de outras disciplinas escolares ficou relegado a segundo plano, gerando um período de queda no nível de escolarização dos surdos.
O oralismo dominou o mundo até a década de 60, quando Willian Stokoe publicou o artigo “SignLanguageStructure: Na OutlineOfthe usual Communicaton System ofthe American Deaf”, demonstrando que a língua de sinais usada pelos americanos, é uma língua com todas as características das línguas orais.
A partir daí surgiram várias pesquisas sobre o assunto. Este fato aliado à insatisfação de vários educadores com o oralismo trouxe a língua de sinais de volta às salas de aula.
Em 1968, Roy Holcon dá origem à Comunicação Total. Tal método trata dos processos comunicativos ocorridos entre surdos e surdos e entre surdos e ouvintes e há a preocupação com a aprendizagem da língua oral. Enfatiza a necessidade de se considerar aspectos  cognitivos, emocionais e sociais que devem caminhar junto à aprendizagem da língua oral.
Na década de 80, a filosofia do Bilinguismo surge trazendo a ideia de que o surdo deve primeiramente adquirir a Língua de Sinais (considerada sua língua materna e natural). Somente como segunda língua deveria ser ensinada a língua oficial do país, mas, preponderantemente na forma escrita. A ótica do Bilinguismo é focar a surdez como uma diferença linguística, e não como uma deficiência a ser normalizada através da reabilitação (visão oralista).
  
 
Referências:
SACKS, Oliver. Vendo Vozes - Uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de Janeiro : Imago, 1990.
Aula 04_História da Educação do Surdo no Brasil  
 
Teve início com a decisão de D. Pedro II de fundar um instituto para a educação de surdos-mudos, que ocorreu em 1857. Através da Lei nº 839 de 26 de setembro do mesmo ano foi designada uma verba para o estabelecimento assim como uma pensão anual para cada um dos 10 alunos admitidos no instituto.
Em seguida chegou ao Brasil o surdo francês HernestHuet para iniciar o trabalho educacional. Por ter sido aluno no Instituto Francês, acredita-se que seu trabalho seria com sinais e escrita, sendo considerado  como aquele que introduziu a Língua de Sinais Francesa no Brasil.
Inicialmente o instituto recebeu o nome de Imperial Instituto de Surdos Mudos. Em 1956 passou a chamar-se Instituto Nacional de Surdos e Mudos e no ano seguinte passou a ser Instituto Nacional de Educação dos Surdos.
Na proposta curricular do instituto constavam as disciplinas: português, aritmética, história, geografia, linguagem articulada e leitura sobre os lábios (para aqueles que tivessem aptidão).
Em 1862, com a saída de Huet o instituto passou a ser dirigido pelo Dr. Manuel de Magalhães Couto, que, por não ser especialista na área abandonou os treinos de fala e leitura. Em 1868, após inspeção, o Instituto foi considerado um asilo de surdos e o cargo de diretor passou para Tobias Leite, que restabeleceu as disciplinar curriculares.
1897 - Sob as influências do Congresso de Milão a educação dos surdos sofria mudanças significativas. Em 1911, o então Instituto Nacional dos Surdos (INES) passa a seguir as tendências adotando o oralismo puro em sala de aula. Neste congresso foi definido que educação dos surdos deveria ser oral, que a língua de sinais afetaria os resultados de aprendizagem e, portanto não era recomendada, mais que isso, seria abolida. Vale acrescentar que os surdos não foram consultados e que as decisões fora tomadas por ouvintes. Porém, a língua de sinais permaneceu até 1957, quando a proibição é oficial.
O descontentamento com o oralismo e as pesquisas sobre línguas de sinais deram origem a novas propostas. A tendência que ganhou destaque nos anos setenta foi chamada Comunicação Total. Essa abordagem educacional chega ao Brasil após a visita de uma professora de surdos à Universidade Gallaudet, nos Estados Unidos. 
Trata-se da prática de utilizar sinais, leitura orofacial, amplificação sonora e alfabeto manual. É permitido que os surdos utilizassem da modalidade que preferissem para sua comunicação. O objetivo é que a criança possa desenvolver uma comunicação real com familiares, professores e seus pares e assim permitir sua integração no meio social.
Analisando as duas filosofias, Oralismo e Comunicação Total os resultados apontaram para melhoria no processo educativo e na comunicação. Entretanto, os alunos que eram instruídos pela Comunicação Total apresentaram sérios problemas para expressar sentimentos, ideias em contextos extraescolares. Os resultados acadêmicos foram inferiores para a faixa etária e a utilização dos sinais, embora permitida, não era eficiente. 
1980 - Na década de oitenta, são iniciadas as discussões acerca do bilinguismo no Brasil. Em ele chega ao Brasil, porém de fato em 1990.
Lingüistas brasileiros começaram a se interessar pelo estudo da Língua de Sinais Brasileira (LIBRAS) e da sua contribuição para a educação do surdo.
1982 - A partir das pesquisas desenvolvidas por Lucinda Ferreira Brito sobre a Língua Brasileira de Sinais, deram início às mudanças, seguindo o padrão internacional de abreviação das Línguas de Sinais, tendo a brasileira sida batizada pela professora de LSCB (Língua de Sinais dos Centros Urbanos Brasileiros), para diferencia-la da LSKB (Língua de Sinais Kapor Brasileira), utilizada pelos índios Urubu-Kapor no Estado do Maranhão.
1983 - Criação no Brasil da Comissão de Luta pelos Direitos dos Surdos.
1986 - O Centro SUVAG (PE) faz sua opção metodológica pelo Bilinguismo, tornando-se o primeiro lugar no Brasil em que efetivamente esta orientação passou a ser praticada.
1987 - Criação da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS), EM 16/05/87, sob a direção de surdos.
1991 - A LIBRAS é reconhecida oficialmente pelo Governo do Estado de Minas Gerais (lei nº 10.397 de 10/1/91).
1994 - Começa a ser exibido na TV Educativa o programa VEJO VOZES (out/94 a fev/95), usando a Língua de Sinais Brasileira.
1994 - Brito passa a utilizar a abreviação LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), que foi criada pela própria comunidade surda para designar a LSCB.
1995 - Criado por surdos no Rio de Janeiro o Comitê Pró-Oficialização da Língua de Sinais.
1996 - São iniciadas, no INES, em convênio com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), pesquisas que envolvem a implantação da abordagem educacional com Bilinguismo em turmas da pré-escola, sob a coordenação da linguista E. Fernandes.
1998 - TELERJ - do Rio de janeiro, em parceria com a FENEIS, inauguraram a Central de atendimento ao surdo - através do número 1402, o surdo em seu TS, pode se comunicar com o ouvinte em telefone convencional.
1999 - Em março, começam a ser instaladas em todoBrasil telessalas com o Telecurso 2000 legendado.
2000 - Closed Caption, oulegendaoculta. Após três anos de funcionamento no Jornal Nacional ela é disponibilizada aos surdos também nos programas Fantástico, Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal da Globo e programa do JÔ.
2000 - TELERJ: Telefone celular para surdos com a opção de SMS.
Em 24 de abril de 2002, através da Lei nº 10.436 a Língua Brasileira de Sinais é reconhecida:
 
Art 1º - É reconhecida como meio legal como leio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades surdas do Brasil.(BRASIL. 2002).
 
2005 - O Decreto 5626 em 22 de dezembro veio regulamentar a lei 10436.
2006 - Exame de Certificação Tradutor Intérprete de Libras – Prolibras, instrutor de Libras e o Curso de Letras-Libras Bacharelado e Licenciatura EaD.
2010 - Curso Superior de Letras-Libras Bacharelado e Licenciatura presencial UFSC.
2010 - Promulgada a lei 12.319 em 01 de Setembro, que regulamenta o exercício da profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
 
Aula 05_Principais Abordagens ou Filosofias de Ensino na Educação dos Surdos
 
No passado, os surdos eram considerados incapazes de serem ensinados, por isso eles não frequentavam escolas. No início do século XVI começaram a admitir a possibilidade de que procedimentos pedagógicos proporcionassem ao surdo o aprendizado. Pedagogos que se dispuseram a trabalhar com surdos estavam apresentando alguns resultados.
O objetivo deles era desenvolver o pensamento de seus alunos surdos para que eles adquirissem conhecimentos e pudesse comunicar-se com o mundo ouvinte. Utilizavam a língua falada como estratégia, em meio a outras, tentando com isso alcançar os objetivos. Esses profissionais trabalhavam em segredo, sem trocar experiências com outros pedagogos.
Na época, famílias nobres e influentes que tinham um filho surdo contratavam os serviços de professores/preceptores para que ele não ficasse privado da fala e consequentemente dos direitos legais (bens de herança, por exemplo), que eram subtraídos daqueles que não falavam. O espanhol Pedro Ponce de Leon é reconhecido historicamente como  o primeiro professor de surdos.
Na tentativa de educar os surdos, além da atenção que  davam a fala  e também a escrita, inventavam alfabetos digitais para que o aluno, que não podia ouvir a língua falada,  pudesse visualizar. O trabalho inicial era de leitura e escrita e evoluía para leitura labial e articulação das palavras.
Os surdos que se beneficiavam desse atendimento pedagógico  pertenciam a famílias nobres, os demais em geral não tinham nenhuma atenção especial. É possível que vivessem em grupos, sem receber nenhuma instrução e tenham desenvolvido algum tipo de língua de sinais para se comunicarem.
Por volta desse período começaram a surgir propostas educacionais.
  
ORALISMO
Surgiu por volta do século XVIII e a partir das resoluções do Congresso de Milão (1880), que trouxe uma completa mudança nos rumos da educação de surdos Acreditava-se que o uso de sinais desviasse o surdo da aprendizagem da língua oral, que era a mais importante do ponto de vista social. Assim, no mundo todo, o oralismo foi o referencial assumido e as práticas educacionais vinculadas a ele foram amplamente desenvolvidas e divulgadas. A língua de sinais foi oficialmente proibida nas escolas e a comunidade surda foi excluída da política e instituições de ensino
Na filosofia Oralista pretendia-se que os surdos fossem reabilitados, ou “normalizados”, pois, a surdez era considerada uma patologia, uma anormalidade. Eles deveriam comportar-se como se ouvissem, ou seja, deveriam aprender a falar. Sinais e alfabeto digitais são proibidos, a  comunicação deveria ser feita pela via auditiva e pela leitura orofacial
Entretanto, nem todos eram capazes de desenvolver a oralidade satisfatoriamente, muitos eram excluídos da possibilidade educativa e  do meio social, vivendo de forma clandestina.
Escola na Grécia - Oralismo – “Espelho” para treinamento labial
http://www.notisurdo.com.br/noticias/antonio21.html
 
Por quase um século essa abordagem não foi questionada, o atraso dos indivíduos gerava falta de estímulo e evasão escolar. Os alunos frequentavam a escola mais para aprender a falar do que propriamente para receber os conteúdos escolares.
Os métodos orais sofrem uma série de críticas pelos limites que apresentam, mesmo com o incremento do uso de próteses, pois, eram basicamente treinamentos de fala, desvinculados de contextos dialógicos propriamente ditos.
Por volta de 1960, surgiram alguns estudos sobre a língua de sinais utilizada pelas comunidades surdas. Algumas escolas ou instituições de surdos estariam utilizando os sinais mesmo às margens do sistema.
O pioneiro trabalho de Wiiliam C. Stokoe (1919 – 2000)  revelou que as línguas de sinais eram verdadeiras línguas, preenchendo em grande parte os requisitos  das línguas orais.
  
COMUNICAÇÃO TOTAL
O fracasso e as críticas contra os resultados do Oralismo deu origem a novos estudos e propostas para a educação dos surdos.
Em 1970 surgiu uma abordagem que foi chamada de Comunicação Total. Era permitida então a prática de uma série de recursos: língua de sinais, leitura orofacial, utilização de aparelhos de amplificação sonora, alfabeto digital. Os surdos poderiam então expressar-se da maneira que achasse mais conveniente, havia liberdade para a utilização dos recursos oferecidos. A surdez então não era entendida como patologia, mas como um fenômeno com significações sociais.
De forma ampla a criança poderia comunicar-se com familiares, professores, surdos e ouvintes e dessa forma não sofreria as consequências do isolamento impostas pela surdez.
Os alunos então utilizavam os sinais em contato com outros surdos fluentes. Nos ambientes escolares o uso dos sinais ocorria, porém, obedecendo a estrutura da Língua Portuguesa. Eles chamavam essa estratégia de “português sinalizado”. Mesmo com a pretensão de facilitar a aprendizagem, o português sinalizado produzia certa confusão para o aluno surdo.
Apesar dos benefícios que aparentemente vieram com essa abertura nas possibilidades educacionais verificaram-se alguns problemas em relação à comunicação fora da escola. As dificuldades escolares continuaram a existir, pois, o desempenho acadêmico ficou ainda abaixo do esperado.
Entre os surdos era possível desenvolver a  língua de sinais propriamente dita, e nos ambientes escolares havia um misto de sinais e língua oral, portanto, a falta de uma língua oficial trouxe dificuldades.
Então, estudos sobre a língua de sinais foram cada vez mais apontando para propostas que orientavam para uma educação bilíngue.
  
BILINGUISMO
Na abordagem bilíngue considera-se a língua de sinais a língua natural dos surdos, uma comunicação que eles aprendem com rapidez e que é eficiente e completa. Através do seu aprendizado precocemente, acredita-se que o desenvolvimento cognitivo e social das crianças surdas seja semelhante com o das crianças ouvintes de mesma  faixa etária.
Na filosofia orienta-se que a criança surda aprenda a língua de sinais o mais cedo possível, que tenha contato com pessoas da comunidade surda para que a língua se torne fluente. A família também deverá aprender a língua para comunicar-se em ela.
Desse modo, a língua de sinais será sua primeira língua (L1) e a língua oficial do país será considera a segunda língua (L2) e língua de instrução, na modalidade oral e quando possível na modalidade escrita.
Nessa abordagem identificam-se duas vertentes:
· Na primeira a criança surda deve adquirir a língua de sinais e a modalidade oral da língua, o mais cedo possível, separadamente. Posteriormente ela deverá ser alfabetizada na língua oficial do país.· Na segunda vertente deve-se oferecer apenas a língua de sinais e posteriormente somente a modalidade escrita da língua. A língua oral seria então descartada.
 
Segundo Quadros (1997), o Bilinguismo é uma proposta de ensino usada por escolas que se propõem a tornar acessível às crianças duas línguas no contexto escolar.
A proposta bilíngue entende o sujeito surdo como participante de duas realidades, vivendo ao mesmo tempo a realidade da língua materna, na qual tem sua visão de mundo construída e aprimorada, e a realidade de uma segunda língua, a utilizada no cotidiano da comunidade a que pertence.
Portanto, para o surdo não seria benéfica a sua adequação à realidade ouvinte, usuária da língua oral, mas sim assumir sua condição de surdez como parte de suas características e identidade.
Por recomendação do MEC, o ensino de surdos no Brasil precisa ser:
 
"(...) efetivada em língua de sinais, independente dos espaços em que o processo se desenvolva. Assim, paralelamente às disciplinas curriculares, faz-se necessário o ensino de língua portuguesa como segunda língua, com a utilização de materiais e métodos específicos no atendimento às necessidades educacionais." (SALLES, et al; 2004 p 47)
 
No Brasil ainda e uma proposta recente, porém, há várias escolas que adotam essa filosofia educacional.
 
Aula 06_ Lingua de Sinais
   
Trata-se de uma língua natural, desenvolvida pelos indivíduos com surdez, que assegura uma comunicação completa e integral.
Elas são criações espontâneas, assim como as línguas orais, e foram se aprimorando com o passar dos anos. Elas desenvolvem-se em todos os países, porém, não são universais e sofrem alterações no vocabulário em todas as gerações.
http://alinefenali.blogspot.com.br/2010/03/aula-dia-12032010.html
 
Cada país possui a sua própria língua de sinais e estas sofrem mudanças em função das influências da cultura local. Possuem expressões regionais, gírias que diferem de região para região.
Como todos sabem existem várias línguas faladas no mundo, consequentemente, existem várias línguas de sinais pelo mundo. A mais conhecida é a Língua de Sinais Americana (ASL – American SignLanguage). 
Muitas línguas de sinais já receberam reconhecimento de governos em muitos países, chamamos isso de reconhecimento oficial.
Algumas pessoas acreditam que ela deveria ser universal devido ao fato de que as pessoas surdas são em pequeno número, porém, não é assim, pois, a língua de sinais não é baseada em gestos ou mímicas, trata-se de uma língua natural, com léxico (léxico é todo o conjunto de palavras que as pessoas de uma determinada língua têm à sua disposição para expressar-se, oralmente ou por escrito) e gramática próprios.
Outro aspecto importante é que cada comunidade de surdos desenvolveu a sua própria língua de sinais, tal como cada povo desenvolveu sua língua oral, é uma construção que demora algum tempo, inclusive temos alguns países onde se verifica a existência de mais de uma língua de sinais.
As línguas de sinais se diferem das línguas orais-auditivas, uma vez que elas se realizam pelo canal visual e na utilização do espaço, por expressões faciais e até movimentos gestuais perceptíveis pela visão, portanto, não são simplesmente gesto e mímicas, trata-se de línguas com léxico e gramática próprios. Elas atendem eficazmente as necessidades de comunicação, por ser um legítimo sistema linguístico. Com elas é possível manter uma comunicação plena sobre qualquer assunto.
São compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico, o que a legitimam como língua.
http://www.libras.com.br
 
A língua de sinais permite que crianças surdas em idade precoce se comuniquem com pessoas surdas e com os pais que se disponham a aprendê-la, plenamente, o que não ocorre com a língua oral.
Aprendendo a língua de sinais precocemente e utilizando no seu cotidiano a criança irá apresentar um desenvolvimento cognitivo semelhante ao da criança ouvinte utilizando a língua oral.
Estudos têm apontado ainda que quando a criança surda é exposta desde cedo à língua de sinais ela terá maior desenvolvimento linguístico que irá melhorar seu desempenho acadêmico, facilitando o aprendizado da língua escrita.
A língua de sinais do nosso país é a Libras, abreviação de Língua Brasileira de Sinais, é utilizada pela comunidade de surdos no Brasil e já foi reconhecida por Lei, ou seja, é uma língua oficial, tal como nossa língua falada.
Aula 07_Libras I 
De acordo com nossa aula anterior, Libras, abreviação de Língua Brasileira de Sinais, é a língua oficial das comunidades de surdos do Brasil, segundo a Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002.
Ela surgiu naturalmente e é de grande importância para os surdos brasileiros. A LIBRAS baseou-se primeiramente na Língua de Sinais Francesa, com semelhanças entre as línguas de sinais europeias e a norte-americana.
A LIBRAS apresenta níveis linguísticos como fonologia, morfologia, sintaxe e semântica. Nas línguas oral-auditivas existem as palavras e naLIBRAS, que é uma língua visual e gestual, existem os sinais. Porém, não basta conhecer os sinais, é necessário conhecer a gramática, que é diferente da que adotamos na Língua Portuguesa. Há variações em função de regionalismo, dialetos e gírias.
Assim como as línguas de sinais de todos os países, a LIBRAS desenvolveu-se ao longo de muitos anos e sofre alterações no vocabulário em todas as gerações, pois, é uma língua viva.
A língua de sinais tem um caráter natural e vai sendo ensinada e modificada de geração em geração. Por exemplo, temos variações regionais, ou seja, uma palavra pode ter sinais diferentes dentro do Brasil. Exemplo: verde tem sinal próprio no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Curitiba.
Existem variações sociais, que seriam alterações na configuração das mãos, sem modificar o sinal. Exemplo disso é a palavra “conversar”, em que a mão receptora pode estar aberta ou fechada.
Existem as mudanças históricas que ocorrem com os sinais com o passar dos anos.
Veremos agora alguns exemplos de sinais icônicos e arbitrários. A língua de sinais utiliza-se de gesto, visão e espaço, por causa disso, as pessoas pensam que os sinais são a representação fiel do referente, ou seja, que são “desenhos” no ar daquilo a que se refere. Porém, não sempre acontece dessa forma.
Sinais icônicos são aqueles que reproduzem a imagem do referente. Por exemplo: avião, borboleta, árvore, livro, casa, telefone. Os sinais destes se assemelham ao objeto ou ao uso atribuído. 
Sinais arbitrários são aqueles que não mantêm nenhuma relação de semelhança com o referente. Por exemplo: depressa, perdoar, namorar, porque, etc. Nesses casos não existe uma relação entre significado e sinal.
 
Vejamos agora, um pouco da estrutura gramatical em LIBRAS:
A estrutura gramatical é organizada em cinco parâmetros principais que são: a configuração da mão, o movimento, ponto de articulação, expressão facial e orientação/direção.
Configuração da mão é o desenho da mão durante a realização do sinal. Segundo pesquisas, existem em LIBRAS sessenta e quatro configurações diferentes das mãos, sendo que 26 destas são as representações das letras.
Ponto de articulação é o local do corpo onde será realizado o sinal. O sinal pode ser indicado, por exemplo: na boca, na barriga, no peito.
Durante a realização do sinal, a mão se desloca no espaço. Isso é denominado movimento. Existem várias direções do movimento. Um movimento pode ser unidirecional quando se movimenta em uma única direção. Pode ser bidirecional quando se movimenta para duas direções podendo usar uma ou ambas as mãos. E também pode ser multidirecional quando explora várias direções. 
Ainda detalhando os movimentos, eles podem ser retilíneos (movimentos retos), helicoidais (espiral), circulares, semicirculares, sinuosos (curvilíneo) ou angulares (ziguezague).
Expressão facial e/ou corporal: São as expressões faciais e corporais, movimentos do corpo, da face, da cabeça e dos olhos realizados no momento da articulação do sinal. Por exemplo: expressão de alegria, medo,dor, raiva, etc.
Orientação: orientação é a direção para a qual a palma da mão aponta na produção do sinal.
A realização dos sinais pode ser com a mão dominante ou com ambas as mãos. A posição da palma da mão poderá ser para cima, para baixo, para o lado, para frente. A mão poderá entrar em contato com o corpo de diversas formas, com um toque ou um risco, por exemplo. 
Aula 08_Alfabeto Manual de Libras
 
Historicamente o alfabeto manual teve origem ainda no império. Foi criado pelo abade Charles-Michel de l’Épée,   no século XVI que foi o fundador da primeira escola para deficientes auditivos em Paris. Ele foi o precursor no uso da língua de sinais. Este método de linguagem utilizando sinais foi desenvolvido e aperfeiçoado pelo abade Sicard e Clerc (que era surdo). Começaram a ensinar  a língua de sinais por meio gramatical. 
 
http://eeblmlibras.blogspot.com.br/2011/04/colocar-o-alfabeto.html
 
Libras e Alfabeto Manual ou Datilologia são meios de comunicação.  A língua de sinais não depende da escrita, porém, o alfabeto manual tem uma estreita ligação com a aprendizagem, pois, ele é um sistema manual que corresponde a grafia espacial. Assim como a língua de sinais, o alfabeto manual também não é universal, cada país desenvolveu o seu próprio.
Ele consiste na soletração de letras e numerais com as mãos, é necessário soletrar pausadamente, formando as palavras com nitidez. Ele é usado apenas para soletrar nomes de pessoas, de lugares, de rótulos, endereços, e para vocábulos inexistentes na  língua de sinais. Pode ser usado também para descrever algo a que se tem dúvida.
Muitas palavras em LIBRAS são simbolizadas pelas letras e não por sinais, é o caso de MARÇO, onde são soletradas todas as letras. Outras se usam as iniciais, como julho onde se soletram JUL.
Assim como as letras do alfabeto, os números também são representados manualmente.
http://eugeniafernandespedagoga.blogspot.com.br/2012_11_01_archive.html
Aula 09_O Papel da Família
    
Os pais, enquanto esperam o nascimento de seus filhos  criam uma imagem ideal de como ele será, ao nascer. A não ser que haja, durante a gestação, algum indício de risco para saúde do bebê, a possibilidade de qualquer anormalidade é descartada.
Falaremos aqui sobre os principais problemas enfrentados pelas famílias com a descoberta da surdez de seus filhos.
Podemos considerar o diagnóstico da surdez como o marco inicial desse processo.
http://lusifran.fonoaudiologa.zip.net/
 
A família se desorganiza emocionalmente. Por falta de conhecimento, os pais sentem-se inseguros diante do futuro, pois, não conseguem visualizar as capacidades e potencialidades da sua criança. De modo geral, a sociedade, e nela incluímos os próprios pais, costumam ter preconceito contra o que não conhecem e que foge aos padrões de normalidade a que estão habituados. Esse preconceito se traduz em atitudes de rejeição ou até mesmo de superproteção.
Passam por estágios em que seus sentimentos estão confusos em função da realidade: sentimentos de ódio, pena, vulnerabilidade, desespero, impotência, que são divididos em: negação, resistência, afirmação e aceitação.
Esse processo é intenso principalmente se a criança surda é filha de pais ouvintes, pois, a comunicação não se fará do modo convencional. Nesse caso, é necessário replanejar a vida em função da nova realidade.
Os pais ouvintes, por descobrirem a surdez precocemente esperam que a criança não tenha comprometimentos linguísticos e cognitivos, que falem na idade certa, que não se comuniquem através da língua de sinais. Enfim, esperam que com os tratamentos que irão iniciar, que pode incluir a adaptação de aparelhos auditivos e terapias, a criança se torne um “ouvinte”.
A reação dos pais nunca é a mesma. Mas em geral o que se vê é que há uma necessidade de se buscar a “cura” para o filho e uma grande resistência de aceita-lo como um indivíduo surdo a ser inserido na sociedade. Eles buscam meios para que seus filhos surdos possam ouvir e assim se tornarem membros da sociedade ouvinte.
 
Os amigos do surdo não o aceitam, porque ele é diferente. A sociedade não o aceita, porque ele é incompleto. Os familiares não o aceitam, porque ele é defeituoso. A escola não o aceita porque ele é deficiente. O surdo não se aceita, porque os outros não o aceitam. (BERNARDINO, 2001, p. 40). 
 
http://www.terapeutadebebes.com.br/2011/11/quase-duzentos-e-setenta-dias-dentro-da.html
Os pais devem buscar apoio em profissionais competentes de diversas áreas, como: psicólogos, médicos, fonoaudiólogos, que poderão passar esclarecimentos importantes ajudando-os a se sentirem preparados e seguros em relação à situação, assim como conhecer famílias de pessoas surdas que possam transmitir suas experiências, prestar solidariedade e auxiliá-los na busca das soluções mais adequadas para cuidar do seu filho.
Cabe aos pais com apoio dos profissionais escolherem a melhor maneira de inserir seu filho na sociedade, sabendo que não há um “conserto” a ser feito, pois, a surdez do seu filho deve ser aceita sem preconceitos, ela não o impossibilita de desenvolver suas potencialidades e tornar-se um ser produtivo e competente, porém, os pais deverão conhecer a sua forma de comunicação e seu processo de aprendizagem.
A família é o agente modificador da realidade da criança, os pais, não sabendo da sua surdez relacionam-se com ela como se ela ouvisse, quando descobrem a surdez tendem a fechar-se para o mundo e para a criança em consequência da frustração e do choque. Essa reação, que causa uma mudança brusca no relacionamento com a criança, com certeza irá afetá-la emocionalmente, trazendo problemas futuros. Portanto, a ligação afetiva, o estímulo através das brincadeiras deve ser mantido e intensificado. É fundamental que os pais transmitam segurança, demonstrem carinho, estabeleçam uma comunicação sem bloqueios (conversando, olhando, demonstrando, facilitando a compreensão).
A família deverá preocupar-se permanentemente com a estimulação da criança para o desenvolvimento da linguagem fazendo-a perceber as vibrações produzidas pelos sons e encorajando-a a emitir sons. Deve estimular o olhar nos olhos, despertar interesse pelos movimentos labiais e expressões faciais, aprender a língua de sinais e utilizar com a criança. Enfatiza-se que os pais utilizem voz normal quando se dirigir a crianças, com frases simples e completas.
A colocação de limites pode parecer difícil para a maioria dos pais, pois, a situação da criança acaba gerando uma superproteção dos pais em relação àquele filho que lhe parece mais frágil, porém, é recomendado que lhe seja dado um tratamento normal. Isso evitará conflitos em relação aos irmãos, será positivo para sua formação, possibilitando que ele desenvolva uma conduta social adequada e se torne um indivíduo mais seguro em suas decisões. 
 
http://prb10rj.org.br/o-diagnostico-psicopedagogico-na-fase-pre-escolar
O momento de encaminhar o filho para a escola pode ser um dos mais angustiantes. Alguns pais ainda não conhecem as opções e os direitos de seus filhos, porém, a possibilidade de verem seus filhos rejeitados por alguma instituição de ensino é algo insuportável.
Nas escolas especiais há a possibilidade de que a criança surda possa relacionar-se com outras iguais a ela. Nas escolas comuns ela estará inserida junto a um grupo diferente dela.
É importante que esse processo tenha o auxílio dos profissionais envolvidos com a criança, para que os pais possam escolher com tranquilidade uma instituição  que atenda a criança em suas necessidades.
Reuniões entre pais, professor e equipe multidisciplinar são fundamentais.Os pais devem sentir-se seguros aos encaminhar seu filho e esse processo que deverá ser constantemente revisto em função de melhorias ou novas perspectivas para a criança.
Referências:
BERNARDINO, Elidéa. Absurdo ou Lógica? Os surdos e sua produção linguística. Minas Gerais: Espaço, 2001.
Aula 10_Estimulação Precoce   
Estimulação precoce é um conjunto de atividades voltadas para a criança surda com idade de zero  a três anose que devem ser realizadas com o apoio  da sua família.
 
http://www.kidsofertas.com/tips/index.php
 
Um bebê em seus primeiros meses de vida tem necessidades próprias. Quando se trata de uma criança surda é preciso sempre levar em consideração que a falta da audição irá influenciar sua percepção do mundo para o resto de sua vida, pois, irá impedir aquisição da linguagem nos moldes tradicionais assim como as experiências vivenciadas em família, principalmente sendo filho de pais ouvintes.
Algumas crianças são protetizadas nessa fase e os pais tem uma grande expectativa. Ao adquirirem os aparelhos de amplificação sonora (AASI) eles acreditam que seu filho terá “corrigido” o seu problema e poderá ser considerado um ouvinte, não mais será surdo.
É preciso que os pais sejam devidamente informados sobre os benefícios do uso das próteses auditivas, pois, eles são imprescindíveis, sua função será a de amplificar os sons do ambiente, possibilitando que a criança "perceba" os sons, mas isto não irá modificar sua condição de pessoa surda na sociedade.
A indicação em geral é feita pelos especialistas, porém, os pais precisam saber exatamente o que esperar, pois, poderão experimentar sentimentos de frustração em relação aos resultados e isso trará à criança prejuízos em seu desenvolvimento emocional, cognitivo e social.
Sentindo-se rejeitada ou percebendo a decepção dos pais a criança pode desenvolver um comportamento negativo em relação ao uso dos aparelhos auditivos, portanto, os pais precisam ser orientados para incentivar a criança e perceber os sons que ela começa a emitir, pois, eles tem significado e é o início de um processo de desenvolvimento da linguagem.
A estimulação precoce busca criar situações de comunicação, que favoreçam a expressão e interação contínua da criança com as pessoas, utilizando-se do olhar, dos gestos, dos sinais, da linguagem oral, etc.
A partir dos 2 a 3 anos, a criança busca conhecer o mundo, se torna cada vez mais consciente de si como pessoa no convívio com outras crianças e adultos. Ela irá desenvolver sinais espontâneos, expressões faciais e outras manifestações comunicativas que precisam ser valorizadas pelos pais e profissionais que estarão atuando com ela.
No ambiente escolar que começará a frequentar (creches, escolas de educação infantil, terapias em grupo, etc.), a criança descobrirá outras manifestações como: partilhar brinquedos e brincadeiras, conversas, rotinas de atividades em que deverá ter a atenção do professor para que possa desenvolver outros aspectos da comunicação e socialização. Cabe ao  professor compreender e estimular as diversas formas de comunicação que serão desenvolvidas pela criança: sinais, desenhos, escrita entre outros.
É dever do professor também orientar os familiares para que assumam seu papel, conscientemente, no trabalho de estimulação da criança surda dando continuidade ao que se faz na escola.
  
Estimulação Auditiva
Conforme já falamos em aulas anteriores, há graus  diferentes de perda auditiva, portanto, nem todas as crianças surdas tem a mesma capacidade auditiva, algumas tem resíduos auditivos que devem ser aproveitados. Podemos ajudá-las a utilizar o resíduo auditivo  e aprender a ter consciência do som.
Para se iniciar esse trabalho é preciso conhecer o grau de perda auditiva da criança.
Estimulação Auditiva - consiste num procedimento sistemático, destinado a aumentar a quantidade de informações de uma pessoa através da audição, contribuindo para sua percepção total.
  
Objetivos da estimulação auditiva:
· Percepção da presença/ausência de sons instrumentais e da fala pela percepção auditiva.
· Desenvolvimento do resíduo auditivo.
· Atenção sonora – adquirindo consciência do mundo sonoro.
· Localização da fonte sonora
· Desenvolvimento da memória auditiva: lembrança e reconhecimento de sons.
A estimulação auditiva deve ser iniciada o mais cedo possível, mesmo que a criança não esteja ainda fazendo uso de aparelhos de amplificação sonora. A função auditiva é desenvolvida nos primeiros anos de vida, quando ocorre a maturação das fibras nervosas do ouvido.
O aparelho para a surdez tem a finalidade de aumentar o volume do som e dirigi-lo diretamente ao ouvido da criança. A utilização sistemática das próteses é importante, mas não será o suficiente para que a criança passe a ouvir e discriminar  os sons. Com o trabalho de estimulação a criança poderá aprender a reconhecer os ruídos e sons ambientais. Posteriormente, com trabalhos mais específicos poderá reconhecer também sons da fala que irão permitir que desenvolva o diálogo.
Este é um trabalho que deve ser realizado em conjunto com a família, pois, é no ambiente doméstico que ela poderá de forma natural atribuir significado aos sons que irá perceber.
Aula 11_Estimulação para Aquisição da Língua Brasileira de Sinais
  
Estimular uma criança que nasce ou torna-se surda no período que vai do nascimento até os três anos de idade é fundamental  para a aquisição da linguagem, uma vez que é considerado  um período crítico, porém ideal,  devido, ao que denominam,  plasticidade neuronal. 
 
https://www.google.com.br/search?q=crian%C3%A7as+aprendendo+libras
 
Nem sempre isso ocorre, pois, pelo fato de ter uma família, na maioria das vezes, de pessoas ouvintes, há um bloqueio na comunicação que a prejudica sobremaneira. Por isso é tão importante o diagnóstico precoce e a busca de informações com profissionais competentes na área da surdez.
Quando a surdez é congênita ou adquirida no período de zero a três anos, geralmente, a criança utiliza o sistema motor para comunicar-se. Esse sistema possibilita a aquisição de Língua Brasileira de Sinais, cuja estrutura é distinta daquela apresentada pela Língua Portuguesa. No entanto é possível que a criança  desenvolva sua linguagem em Língua Portuguesa, desde que seja exposta a um ambiente linguístico adequado, com profissionais competentes e com a família envolvida.
O ensino da LIBRAS deve ser introduzido desde a tenra idade para as crianças com surdez. Este ensino requer um ambiente adequado e que as crianças com surdez tenham contato com adultos surdos, isso favorecerá uma aprendizagem contextualizada e significativa da língua. Entretanto, os pais deverão aprender também, pois, estarão  possibilitando o desenvolvimento espontâneo da LIBRAS como forma de expressão linguística, de comunicação interpessoal e como suporte do pensamento e do desenvolvimento cognitivo de seu filho.
Desse modo, a criança surda adquire maior rapidez e naturalidade para demonstrar seus sentimentos, desejos e necessidades, sua linguagem se desenvolverá de forma plena, pois, utilizando sua forma de comunicação natural será possível maior estruturação do pensamento e da cognição.
Recomenda-se que os pais estejam tranquilos para ajudar a sua criança a dar significado aos sinais que estará aprendendo. Devem utilizar as situações do dia a dia, passando aos poucos os conceitos, pois, a estimulação irá ajudar a desenvolver suas potencialidades. 
Aula 12_O Papel da Escola e do Professor
12.1 – A escola
Crianças com surdez moderada, com adaptação de aparelhos, tem melhores  perspectivas  em escolas regulares. Quando as crianças tem surdez severa/profunda e necessitam de uma educação bilíngue é necessário observar alguns aspectos:
· Estrutura física;
· Capacitação dos professores;
· Recursos pedagógicos e tecnológicos;
· Disposição da equipe em receber o aluno;
· Currículo adequado;
· Adaptações necessárias;
· Professor que domine a língua de sinais;
· Intérprete de Libras;
Alguns pais optam pela escola para surdos e outros acreditam no trabalho feito na escola regular. Seja qual for a escolha, é importante que:
· A escola proporcione ao aluno um ambiente estimulante, acolhedor e solidário;
· A equipe escolar dê assessoria ao professor para buscar os recursos e informações necessárias ao cumprimento de seu trabalho;
· A coordenação pedagógica oriente e auxilie os pais do aluno;
· A escola receba os profissionais que atuam junto ao aluno para reuniões periódicas;
· A escolacrie cursos de Libras na escola para os pais, alunos e equipe escolar;
  
Ainda há um grande número de crianças surdas, filhas de pais ouvintes, chegando à idade escolar desconhecendo sua língua materna (LIBRAS), sem uma comunicação eficiente estabelecida, pois a língua utilizada pelas famílias, português oralizado, não lhes acrescenta nenhum significado.
É no espaço escolar que a grande maioria dos alunos surdos terá oportunidade de encontrar um ambiente linguístico que possibilite a aquisição da sua primeira língua, a Língua de Sinais.
Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005,  regulamenta o uso da Língua de Sinais e da educação bilíngue para os surdos:
 
Art. 22.  As  instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de:
I - escolas e classes de educação bilíngue, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores bilíngues, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental;
 II - escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade linguística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras - Língua Portuguesa.
§ 1o  São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo.(BRASIL, 2005)
12.2 – O professor
Ao assumir o compromisso de ensinar  seus alunos em sala de aula e levando em conta suas individualidades e peculiaridades de aprendizado e desenvolvimento, o professor  muitas vezes não foi preparado para atender um  aluno surdo presente e que necessita do conteúdo em Libras além de adaptações que viabilizem sua aprendizagem.
A interação em sala e em sociedade dá-se por meio dos processos comunicativos estabelecidos. Como imaginar a educação do surdo sem o principal meio de comunicação, a língua de sinais?
O professor deverá receber todo apoio necessário para que sua formação contemple o aprendizado da Língua de Sinais assim como conhecimentos de estratégias apropriadas para o atendimento do aluno surdo em sala de aula,  já que não basta  apenas aceitar sua matrícula. É preciso acolhê-lo, promover a integração com os demais colegas e assim,  trabalhar em equipe: família, escola e comunidade.
A interação de todos com certeza irá favorecer a aprendizagem dos alunos, sejam eles surdos ou ouvintes. Mas é necessário reforçar a importância da mudança na pedagogia ao envolvermos alunos surdos. O processo não deverá ser o mesmo utilizado no currículo ouvinte. Adequações significativas deverão ser realizadas para a contribuição efetiva na prática. 
Há de se considerar, ainda, que as pessoas surdas têm acesso ao mundo pela visão, aspecto que deve ser respeitado no ensino de alunos surdos.
É fundamental que o professor:
· Ø Respeite seu aluno e o receba de forma humana e acolhedora;
· Ø Busque estratégias e  métodos diferenciados que auxiliem no aprendizado;
· Ø Incentive atitudes de respeito, amizade e solidariedade entre todos os alunos;
· Ø Mantenha contato constante com a família da criança;
· Ø Busque orientação com a equipe escolar e faça encaminhamentos profissionais, se necessário;
· Ø Busque conhecimento sobre a surdez e possibilidades educacionais;
· Ø Busque aperfeiçoamento para melhor a qualidade de seu trabalho;
Aula 13_Primeiros Anos Escolares
A vida escolar das crianças surdas começa muito cedo. Ainda bebês são expostos a treinos, terapias, estimulações que visam um melhor desempenho no futuro. Os primeiros anos de vida já constituem períodos de dificuldades: a surdez e suas consequências, a família, a comunicação, a compreensão das coisas. Quanto mais cedo a família buscar ajuda e orientação será melhor para a criança.
Há um período critico em que os pais, inconformados, buscam curas milagrosas, alternativas e novos exames que possam trazer outro diagnóstico, outra perspectiva. É uma fase em que todos à sua volta estão emocionalmente desorganizados, inseguros e a criança fica em compasso de espera, sendo prejudicada por não estar realizando os atendimentos necessários e direcionados que irão beneficiá-la. Sem um ambiente propício, onde ela possa desenvolver sua língua natural e interagir, onde a aceitem independentemente do modo como se comunica, tudo pode ficar muito ruim.
É fundamental o enfrentamento da família em face da notícia da surdez. O apoio dos pais será decisivo para a segurança da criança que deverá iniciar precocemente um trabalho incessante para adaptar-se a uma sociedade ouvinte.
 
http://mdemulher.abril.com.br/blogs/jogo-rapido-educacao/educacao-infantil/como-escolher-a-pre-escola-para-seu-filho/
É muito comum que os pais, até por orientação médica, forçarem a  oralização como forma de normalizar a criança. Essa nem sempre é a solução ideal. Sem a sua língua natural ela estará perdendo tempo precioso que poderia ser utilizado aprendendo as coisas de forma natural e prazerosa.
A realidade ainda não é a ideal para a educação como um todo, aqui em nosso país não é diferente. A educação dos surdos assim como a de pessoas com qualquer tipo de deficiência ou limitação ainda atravessa graves problemas.
Um dos grandes entraves é a falta de preparo dos professores e das instituições escolares para recebê-los, mesmo existindo uma legislação que prevê o ingresso e a permanência de modo adequado.
Tanto para os alunos que são encaminhados para as escolas especiais quanto os que iniciam sua escolarização no ensino regular incluídos nas salas com os ouvintes a problemática existe, não são feitas adaptações curriculares, não há professores que saibam a língua de sinais e os materiais e atividades não são elaborados para esse alunado.
É certo que todas as crianças necessitam de estímulos, das interações com outras crianças, de carinho e atenção que permita um desenvolvimento em todos os aspectos. As crianças surdas não são diferentes, elas necessitam do convívio, das trocas afetivas que irão beneficiar seu aprendizado e ajudá-las a conhecer sobre o mundo.
Na escola, seja especial ou regular é fundamental um planejamento adequado, ações pensadas para atender as suas particularidades e professores que tenham formação adequada para estarem ali, com aquele grupo, tendo consciência de seu papel e de suas possibilidades de realizar o trabalho.
Nas escolas de educação para surdos é desejável que o nível do aprendizado seja condizente com a faixa etária, que a preocupação seja a qualidade do ensino, que seja significativo e atenda às suas necessidades. É desejável que os alunos sejam preparados gradativamente para frequentar o ensino regular e que, chegando lá, possam receber a atenção devida.
Nas classes de inclusão deve haver uma preocupação com estratégias adequadas para que esse aluno esteja lá: aprendendo, interagindo, crescendo em todos os aspectos. O professor deve estar preparado para saber lidar com situações de preconceito, promover um ambiente de solidariedade e  igualdade entre os colegas da turma, saber avaliar seus conhecimentos e sua aprendizagem com critérios adequados. Também deve conhecer seus direitos e os de seu aluno. Exigir a presença do intérprete, de professor auxiliar que possa dividir com ele algumas tarefas, para que o trabalho seja cada vez melhor. Enfim, deve ser um profissional consciente e atualizado.
A escola deve estar preparada para receber o aluno e organizar sua equipe para promover uma permanência com aprendizado e qualidade, contanto com a parceria da família da criança. Ela deve ser um espaço de oportunidades e de crescimento. 
Aula 14_Políticas Educacionais
Abordaremos neste capítulo algumas leis em vigor que regulam desde o diagnóstico do recém-nascido até aspectos educacionais relacionados a pessoas com surdez.
Citaremos a lei eapresentaremos uma pequena parte dela, em seguida indicaremos um link de pesquisa para que possam acessa-lo na íntegra.
· Resolução SS - SP Nº 25, de 26 de fevereiro de 2008 – dispõe sobre o diagnóstico da surdez.
Artigo 1º - O diagnóstico de audição em crianças recém - nascidas de Alto Risco será realizado em todas as maternidades e hospitais de referência para Gestação de Alto - Risco do Estado de São Paulo, integrantes ou não do Sistema Único de Saúde – SUS. (BRASIL,2008)
Acesse: http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=LegislacaoBusca&nota=431 
(substituído)
· Lei nº 12.303, de 2 de agosto de 2010. – Teste da Orelhinha
“...Art. 1º  É obrigatória a realização gratuita do exame denominado Emissões Otoacústicas Evocadas, em todos os hospitais e maternidades, nas crianças nascidas em suas dependências...”
 Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12303.htm
· Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. - Sobre o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais:
Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades surdas do Brasil.(BRASIL, 2002)
Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm
· Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. - regulamentação da Lei 10.436:
 “...Parágrafo único.  Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.
...Art. 3o  A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
....Art. 4o  A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental, no ensino médio e na educação superior deve ser realizada em nível superior, em curso de graduação de licenciatura plena em Letras: Libras ou em Letras: Libras/Língua Portuguesa como segunda língua.
“§ 1o  A formação do instrutor de Libras pode ser realizada também por organizações da sociedade civil representativa da comunidade surda, desde que o certificado seja convalidado por pelo menos uma das instituições referidas nos incisos II e III.”
...Art. 13.  O ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas, deve ser incluído como disciplina curricular nos cursos de formação de professores para a educação infantil e para os anos iniciais do ensino fundamental, de nível médio e superior, bem como nos cursos de licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa.
...Art. 14.  As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior.
...Art. 17. A formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa deve efetivar-se por meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras - Língua Portuguesa.” (BRASIL, 2005). 
Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm
· Resolução CNE/CEB Nº 2 de 11 de setembro de 2001 - sobre a educação de alunos com necessidades educacionais  especiais
§ único. O atendimento escolar desses alunos terá início na educação infantil, nas creches e pré-escolas, assegurando-lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado.(BRASIL,2001)
Acesse: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf
· Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. - sobre a educação especial
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. 
§1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela de educação especial.(BRASIL, 1996) 
Acesse:  http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm(substituído).
· Lei nº 11.796, de 29 de outubro de 2008 - dispõe sobre a instituição do Dia Nacional dos Surdos.
 “Art. 1º -  Fica instituído o dia 26 de setembro de cada ano como o Dia Nacional dos Surdos”. 
Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11796.htm
· Decreto nº 3.691,  de 19 de dezembro de 2000. - Lei do Passe Livre
Regulamenta a Lei no 8.899, de 29 de junho de 1994, que dispõe sobre o transporte de pessoas portadoras de deficiência no sistema de transporte coletivo interestadual.
Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3691.htm
· Lei nº 12.319, de 1º de setembro de  2010 - regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais.
“....Art. 2o  O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpretação das 2 (duas) línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da Libras e da Língua Portuguesa. “
Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12319.htm
· Lei nº 8160, de 08 de janeiro de 1.991.  - regulamentação do Símbolo Internacional de Surdez
"Art.1.- É obrigatória a colocação, de forma visível, do ‘Símbolo Internacional de Surdez" em todos os locais que possibilitam acesso, circulação e utilização por pessoas portadoras de deficiência auditiva, e em todos os serviços que forem postos à sua disposição ou que possibilitem o seu uso. (BRASIL, 1991) 
Acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8160.htm
http://www.dicionariolibras.com.br/website/portifolio_detalhar.asp?cod=124&idi=1&moe=6&id_portifolio=2519
Aula 15_Métodos de Alfabetização 
Uma das etapas de escolarização mais importante no percurso escolar das crianças é a alfabetização. É uma fase complexa em que as crianças surdas costumam sentir muitas dificuldades.
Com a proposta de inclusão em escolas regulares este processo mostra-se ainda mais difícil quando tratamos da alfabetização de crianças surdas, pois elas encontram barreiras de comunicação que dificultam as práticas de letramento.
A primeira dificuldade é que a  maioria dos professores ainda não domina a Libras e, com isso, dificulta a aprendizagem, pois, impedem o acesso a um ensino-aprendizagem eficiente, e pautado em sua língua, que é garantido por lei.
As crianças surdas não dominam a língua oral naturalmente e, portanto, apresentam dificuldade no estabelecimento da relação grafema-fonema, que seria um pré-requisito para iniciar o processo.
Crianças ouvintes aprendem a escrever a Língua Portuguesa utilizando como base a oralidade, relacionam o que está escrito com o que se fala e ouve. A criança surda irá relacionar o escrito com o que ela vê: imagens, objetos, ações, expressões e é, claro: os sinais. Portanto, devemos buscar alternativas para a criança surda independente dessa possibilidade.
Para o desenvolvimento do processo de alfabetização com o surdo, há também diversidade metodológica. Entre os métodos que se destacam estão: o global e o analítico-sintético.
  
15.1 -  Método global
Para a utilização do método global devem ser observados alguns requisitos básicos, tendo em vista o histórico de cada criança. Este método é indicado para alunos que iniciaram atendimento educacional e clínico assim que detectada a surdez e, portanto, participaram de programas

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