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Evolucionismo e Sociologia: O Positivismo e o Darwinismo Social • Objetivo: explorar as consequências do evolucionismo para a explicação da sociedade e para as origens da sociologia Revoluções Modernas e a Sociologia • A Era das Revoluções trouxe profundas alterações políticas, econômicas e sociais. No campo político a Revolução Francesa encerra um processo profundo de questionamento do Antigo Regime e Absolutismos. No campo socioeconômico, a Revolução Industrial altera completamente o modo de produção Capitalista, trazendo consequências intensas para a sociedade: riqueza miséria, violência, suicídios. É nesse contexto que uma ciência da sociedade se vê necessária. Iluminismo e Progresso • Na nova sociedade burguesa o Iluminismo começa a ganhar força: contra qualquer intervenção na capacidade racional humana de autonomia, o progresso social passa a ser visto como sinônimo da Ciência e Filosofia: nenhuma autoridade religiosa ditando os rumos da fé, nenhuma autoridade política controlando as diferentes esferas da vida humana. A origem das espécies • No século XIX, no plano do conhecimento, a Teoria da Seleção Natural das Espécies, desenvolvida pelo inglês Charles Darwin (1809-1882), revolucionou a compreensão sobre a humanidade. • Todos os exemplares da primeira edição do livro de Darwin, A origem das espécies (1859), foram vendidos no mesmo dia em que ficaram à disposição do público. • No século XIX, após a publicação da obra A origem das espécies de Darwin, surgiu a intenção de classificar as sociedades humanas por meio do critério da “evolução”, ou seja, ordenar os povos dos mais simples aos mais complexos, o que fez surgir o positivismo e o darwinismo social. O Darwinismo Social O inglês Herbert Spencer (1820-1903), admirador do pensamento de Charles Darwin, criou a expressão a “sobrevivência do mais apto” antes da obra do próprio Darwin e foi o precursor do darwinismo social. Organicismo, Determinismo e Hierarquia • No plano social, Spencer defendia que são naturalmente superiores os indivíduos que melhor se adaptam (hierarquia) ao ambiente e dele sabem tirar proveito. Assim, buscou uma identificação entre as leis sociais e as leis biológicas, entendendo as relações sociais humanas como integradas aos estudos biológicos (organicismo). • Essa pretensão de matematizar teorias das ciências humanas – previsíveis e inevitáveis – além de supor esses resultados serem moralmente desejáveis, ficou conhecido como determinismo. · Seguidor de Comte, adapta os princípios evolucionistas da seleção natural de Charles Darwin à vida social; · Aplicação do darwinismo ao contexto social: todas as transformações possuem um caráter comum, a lei da evolução; · Mas como no Homem uma causa pode provocar múltiplos efeitos, a seleção natural geraria não só indivíduos mais adaptados, mas também grupos hegemônicos · Descrente em relação ao potencial humano, via nas instituições sociais elementos reguladores da ordem. Bases para o Racialismo •A partir do darwinismo social, Spencer construiu uma teoria sobre as raças, a fim de compreender as diferenças entre os seres humanos. Spencer concluiu que, como os animais, os seres humanos se subdividiriam em raças, sendo que algumas seriam primitivas e outras civilizadas. Comte e o Positivismo • Atento às transformações da produção e do pensamento europeu, o francês Auguste Comte ficou impressionado com os princípios apontados por Darwin e procurou aplicar a teoria da seleção natural à análise das sociedades. De acordo com Comte, assim como nas espécies animais sobrevivem apenas os “mais fortes”, somente as estruturas sociais mais organizadas conseguiriam prosperar. • Comte defendia uma concepção evolucionista de sociedade, pois acreditava que caberia às sociedades com um nível mais complexo de existência (industrializadas e urbanizadas) a tarefa de garantir a vida das sociedades menos desenvolvidas, que são as sociedades ruralizadas, poligâmicas, politeístas e usuárias de tecnologias rudimentares da Ásia e da África. Assim, tais sociedades seriam retiradas da condição de “fósseis vivos”, o que impediria o seu inevitável desaparecimento. Ordem e Progresso • O Positivismo influenciou o movimento republicano no Brasil e a confecção da Bandeira Nacional. O lema "Ordem e Progresso” foi retirado da frase positivista: “O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim”. • O positivismo exerceu grande influência no Brasil, entre militares, médicos, cientistas e intelectuais que participaram da proclamação da República. A partir da influência do positivismo, o regime republicano brasileiro, adotou a separação entre igreja e Estado, a liberdade religiosa e o casamento civil. • Para Comte, existem dois movimentos vitais nas sociedades: chamou de dinâmico (o progresso) o que representava a passagem para formas mais complexas de existência, como a industrialização e de estático (a ordem) o responsável pela preservação dos elementos permanentes das organizações sociais, como a família, a religião, a propriedade, a linguagem e o direito, etc. A ordem e o progresso • Os conservadores valorizam a ordem, os revolucionários, o progresso e os positivistas querem conciliar a ordem e o progresso. Crítica ao Iluminismo • Comte chamava pejorativamente os iluministas de “doutores da guilhotina”, pois tudo o que a Revolução Francesa havia feito era cortar cabeças. Para Auguste Comte, os iluministas tinham desestruturado as instituições sociais, causa do estado de desordem social. A filosofia positiva • Crítico das filosofias “negativas” (as iluministas), Comte se propôs a desenvolver uma filosofia positiva, isto é, comprometida com a realidade, com a utilidade e com o conhecimento científico. • A partir da descoberta das leis gerais, o ser humano seria capaz de prever os fenômenos naturais, podendo agir sobre a realidade. Ver para prever é o lema da ciência positiva. O conhecimento científico torna-se, desse modo, um instrumento de transformação da realidade, de domínio do ser humano sobre a natureza. O mesmo deveria ser feito com os fenômenos sociais. A Física Social • No século XIX, cobrava-se dos pensadores formas de resolução dos problemas sociais. Na França, intensificavam-se as crises econômicas e as lutas de classes. Comte julgava que deveria existir uma ciência que pudesse encontrar as leis imutáveis da vida social. O filósofo chamou essa ciência de “Física Social” e, mais tarde, de Sociologia. O Positivismo • Assim, sob a curiosa denominação de “Física Social”, surgiu a Sociologia, juntamente com o Positivismo, que além do progresso científico, pretendia organizar a sociedade caótica da época, utilizando o conhecimento científico. A lei dos três estados • Para Auguste Comte, o desenvolvimento intelectual do ser humano passou historicamente por três estágios: o teológico ou fictício, o metafísico ou abstrato e o positivo ou científico. • O estado teológico → Os fenômenos são explicados a partir de causas sobrenaturais, ou seja, resultam da ação dos deuses (agentes sobrenaturais), por isso a expressão “estado teológico”. Há muita imaginação e pouca observação dos fenômenos. → Como exemplo do estado teológico podemos citar a mitologia, em que acreditava-se que todos os fenômenos eram causados pelos deuses. Na Grécia antiga acreditava-se que Zeus causava os raios e os trovões e Poseidon, as ondas do mar. • O estado metafísico → No estado metafísico, os agentes sobrenaturais são substituídos por forças abstratas ou por noções que buscam explicar a origem e o destino do universo, como “a Natureza”, “a Essência”, “o Povo”. Por exemplo, um terremoto ou um vendaval são explicados como sendo causados por uma força abstrata, a “Mãe Natureza”, que age sobre os fenômenos naturais. Há muita argumentação e pouca observações dos fenômenos. → Para Auguste Comte, o estado metafísico é a própria filosofia, em seu caráter especulativo de explicar o real a partir de realidades que não são físicas, que fogem à observação. Trata-se do período dos grandes sistemas filosóficos. → Trata-se de utilizar a razãode forma especulativa, como quando o filósofo Platão defende que as ideias são mais reais e verdadeiras do que a realidade material (pensamento que irão estudar em Filosofia). • O estado positivo → O estado positivo se origina do aparecimento das ciências, em que o ser humano coloca a imaginação e a argumentação subordinadas à observação dos fenômenos naturais. → Para Auguste Comte, o estado positivo corresponde à evolução e à maturidade do espírito humano. A criança seria direcionada às explicações teológicas, o adolescente ao metafísico e o adulto, à concepção “positivista” das coisas. Chama-se positivo porque aponta para o real, distanciando-se das formas teológicas e metafísicas de explicação dos fenômenos. Surge um problema • O problema é que a classificação das sociedades em estágios hierarquizados, proposta pelo evolucionismo, ocorreu tendo a sociedade europeia como modelo de civilização e sem considerar a riqueza história e cultural das sociedades não europeias. Assim, as sociedades não europeias foram descritas como bárbaras e, em determinados casos, como selvagens.
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