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Fundamentos de Física Quântica 1 ⚛ Fundamentos de Física Quântica Comportamento da luz (dualidade onda-partícula): Princípio da complementaridade (Bohr, 1928): A descrição ondulatória é complementar à descrição corpuscular. Ou seja, precisamos das duas descrições para completar nosso modelo da natureza, mas nunca precisaremos usar ambas as descrições simultaneamente para descrever uma determinada ocorrência. Ondulatório: Descrito pelas equações de Maxwell (onda eletromagnética), e comprovada através do fenômeno de difração em fendas (Thomas Young) Partícula: Explica fenômenos como reflexão e refração, além do efeito fotoelétrico (natureza quantizada, pacotes denominados fótons/quanta) Efeito Fotoelétrico Para se desprender da superfície, um elétron tem de absorver energia suficiente da luz para superar a atração dos íons positivos do material. Essas forças de atração constituem uma barreira de energia potencial (sua função trabalho). Aplicação - Óculos para visão noturna Um tubo fotomultiplicador para visão noturna usa o efeito fotoelétrico. Os fótons que entram no tubo colidem com a placa, ejetando elétrons que passam através de um disco fino, no qual existem milhões de minúsculos canais. A corrente através de cada canal é ampliada eletronicamente e, a seguir, direcionada para uma tela que cintila quando atingida por elétrons. A imagem sobre a tela, formada por milhões de cintilações, é milhares de vezes mais nítida que a imagem formada a olho nu. Experimento Dois eletrodos condutores encontram-se no interior de um tubo de vidro a vácuo, são conectados por uma bateria e o catodo é iluminado. Dependendo da diferença de potencial entre os dois catodos, os elétrons emitidos pelo catodo iluminado (chamados de fotoelétrons) podem atravessar o anodo, VAC Fundamentos de Física Quântica 2 produzindo uma corrente fotoelétrica no circuito externo (o tubo é submetido a vácuo total ou parcial para minimizar as colisões dos elétrons com as moléculas gasosas). O catodo iluminado emite fotoelétrons com várias energias cinéticas. Se o campo elétrico aponta para o catodo, todos os elétrons são acelerados em direção ao anodo e contribuem para a corrente fotoelétrica. No entanto, ao reverter o campo e ajustar sua intensidade, podemos evitar que elétrons com energia menor alcancem o anodo. De fato, podemos determinar a energia cinética máxima dos elétrons emitidos fazendo o potencial do anodo relativo ao catodo, , negativo o suficiente para que a corrente pare. Isso ocorrerá quando , onde é chamada de potencial de corte. Na medida que um elétron se move do catodo para o anodo, o potencial diminui por e o trabalho negativo é exercido sobre o elétron (carregado negativamente). O elétron com mais energia deixa o catodo com energia cinética e possui energia cinética zero no anodo. Utilizando o teorema trabalho energia, temos: Resultados experimentais: A corrente fotoelétrica depende da frequência da luz. Para um determinado material, a luz monocromática com uma frequência abaixo da frequência de corte mínima não produz nenhuma corrente fotoelétrica, independentemente de sua intensidade. O único efeito do aumento da Km xá VAC V =AC −V0 V0 Vo −eVo K =m xá mv2 1 m xá 2 W = ΔK → qV = K −f K →i −eV =0 0 − mv2 1 max 2 K =m xá eV =o mv2 1 max 2 Fundamentos de Física Quântica 3 intensidade é o aumento do número de elétrons por segundo e, consequentemente, a corrente fotoelétrica . Não existe um intervalo de tempo mensurável entre o instante em que a luz é ligada e aquele em que o catodo emite fotoelétrons (supondo que a frequência da luz supere a frequência de corte). Essa é uma verdade, também, independentemente do quanto a luz é fraca. Quanto maior a frequência da luz, maior é a energia dos fotoelétrons liberados. Chega-se a conclusão portanto que a energia dos fótons é proporcional a frequência da luz, com constante de proporcionalidade , denominada constante de plank. , sendo , ou ( ) Einstein postulou então, que um feixe de luz era constituído por pequenos pacotes de energia, chamados fótons ou quanta. Em sua teoria, um único fóton chegando em uma superfície é absorvido por um único elétron. Essa transferência de energia é um processo de tudo ou nada, contrastando com a transferência contínua de energia que existe na teoria de onda da luz; o elétron absorve toda a energia do próton ou absolutamente nenhuma. O elétron pode se desprender da superfície somente se a energia que ele adquirir for maior que a função trabalho (que corresponde a energia das interações que prendem o elétron ao material). Dessa forma, os fotoelétrons serão emitidos somente se ou . Portanto, o postulado de Einstein explica por que o efeito fotoelétrico ocorre apenas para frequências superiores a um limite mínimo de frequência. Esse postulado também é consistente com a observação de que maior intensidade provoca maior corrente fotoelétrica. O postulado de Einstein também explica por que não existe intervalo algum entre a iluminação e a emissão de fotoelétrons. Assim que fótons com energia suficiente atingem a superfície, elétrons podem absorvê-los e ser liberados. A energia desses pacotes é dada pela relação . Fótons também apresentam a dualidade onda-partícula: apesar de serem unidades de energia, fótons viajam na velocidade da luz e possuem zero massa de repouso. Além do mais, os fótons possuem características de onda (frequência e comprimento) que são facilmente observáveis. i As curvas se estabilizam quando é suficientemente grande e positiva, pois nesse ponto todos os elétrons emitidos são coletados pelo anodo) VAC h E = hf h = 6, 62606957(29) × 10 J ⋅ s−34 h = 4, 136 × 10 eV ⋅−15 s 1eV = 1, 602 × 10 J−19 ϕ hf > ϕ f > ϕ/h E = hf Fundamentos de Física Quântica 4 Ou seja, expressando a tensão de corte como uma função linear da frequência, temos: A tensão de corte corresponde a tensão através da qual o elétron ejetado pelo catodo é desacelerado (via campo elétrico) até , não sendo possível assim, detectar fluxo de corrente no circuito. Sendo (teoria da relatividade de Einstein, que afirma que toda partícula que possui energia também deve possuir momento linear). Assim: Momento linear de um fóton O efeito fotoelétrico fornece evidências convincentes de que a luz é absorvida na forma de fótons. No entanto, para físicos aceitarem o conceito radical de fótons elaborado por Einstein, também foi necessário mostrar que a luz é emitida como fótons. Uma experiência que demonstra isso de forma convincente é o inverso do efeito fotoelétrico: em vez da liberação dos elétrons de uma superfície pela incidência de radiação eletromagnética sobre ela, fazemos que essa superfície venha a emitir radiação — mais especificamente, raios X — ao bombardeá-la com elétrons de velocidades elevadas. Bremsstrahlung Raios X foram produzidos pela primeira vez em 1895, pelo físico alemão Wilhelm Röntgen. Quando o catodo é aquecido até uma temperatura muito elevada, ele libera elétrons em um processo chamado emissão termoiônica (assim como no efeito fotoelétrico, a energia mínima que um elétron individual precisa que lhe seja dado para se desprender da superfície do catodo é igual à função trabalho da superfície. Nesse caso, a energia é fornecida aos elétrons pelo calor em vez da luz). Os elétrons são então acelerados no sentido do anodo pela diferença de potencial . No bulbo é criado vácuo, para evitar colisões com moléculas de ar. Quando for maior que alguns milhares de volts, raios X são emitidos da superfície do anodo. V (f) =0 ( )f−( ) e h e ϕ V0 v = 0 E = m c + p c2 4 2 2 p = = c E = c hf λ h VAC VAC Fundamentos de Física Quântica 5 Um elétron possui carga e e ganha energia cinética quando acelerado por uma diferença de potencial . O fóton mais energético (maior frequência e menor comprimento de onda) é produzido se o elétron é freado e para de uma vez quando atinge o anodo, de modo que toda a energia cinéticado elétron é usada para produzir um fóton, ou seja: Nessa equação não consideramos a função trabalho de um anodo-alvo e a energia cinética inicial dos elétrons “fervidos” do catodo. Essas energias são muito pequenas se comparadas à energia cinética obtida pela diferença de potencial. Se somente uma parte da energia cinética do elétron for usada na produção do fóton, a energia desse fóton será menor que e o comprimento de onda será menor que . Difração e interferência do fóton eVAC VAC bremsstrahlung (palavra alemã que significa “freio da radiação”): energia liberada após a colisão com o anodo. eVAC eVAC λmin Fundamentos de Física Quântica 6 Em vez de registrar a imagem da figura de difração em uma placa fotográfica, podemos usar um tubo fotomultiplicador que serve, na verdade, para detectar até um único elétron. Neste experimento verificamos que, na média, a distribuição dos fótons concorda com nossas previsões baseadas na figura de difração. Em pontos correspondentes aos máximos contamos muitos fótons, nos mínimos não contamos quase nenhum fóton, e assim por diante. Suponha agora que a intensidade seja reduzida a tal ponto que somente alguns fótons por segundo passem através da fenda. Assim, registramos uma série discreta de colisões, cada uma representando um único fóton. Como não há uma maneira de prever o local exato em que um único fóton vai colidir, ao longo do tempo as colisões acumuladas formam a figura de difração esperada. Para reconciliar a descrição ondulatória com a descrição corpuscular da figura de difração, devemos encarar essa figura como uma distribuição estatística que nos informa quantos fótons, na média, atingem cada local. De modo equivalente, a figura nos diz a probabilidade de que um fóton individual atinja um determinado ponto. Se fizermos nosso feixe de luz brilhar em um dispositivo de fenda dupla, obtemos um resultado similar. O princípio da complementaridade se aplica a essas experiências de interferência e difração de forma que o viés ondulatório explica as experiências da fenda única e da fenda dupla. Já a descrição corpuscular explica como um detector fotomultiplicador pode ser usado para construir a figura de interferência mediante a adição de pacotes discretos de energia. As duas descrições completam nossa compreensão dos resultados. Natureza ondulatória das partículas Louis De Broglie quem fez uma proposta marcante sobre a natureza da matéria. Seu pensamento foi: a natureza ama a simetria. A luz possui uma natureza dual, comportando-se em algumas situações como onda e em outras, como partícula. Se a natureza é simétrica, essa dualidade também deveria ser válida para a matéria. Verificou-se então que os elétrons podem interferir e refratar, assim como outros tipos de onda. A Fundamentos de Física Quântica 7 natureza ondulatória dos elétrons não é simplesmente uma curiosidade de laboratório: é o motivo fundamental para que os átomos, que, de acordo com a física clássica deveriam ser instáveis, sejam capazes de existir. Se uma partícula se comporta como onda, ela deve ter um comprimento de onda e uma frequência. De Broglie postulou que uma partícula livre com massa de repouso , deslocando-se com velocidade não relativística , deve ter um comprimento de onda associada a seu momento linear do mesmo modo que um fóton, de tal forma que: e a energia de tal partícula é dada pela mesma relação que o fóton ( ). Para um elétron, temos: e se o elétron for acelerado de um ponto até um ponto por um aumento de potencial temos que o trabalho realizado sob o elétron é e é igual ao seu acréscimo de energia cinética. Assim, o momento linear do elétron é e seu comprimento de onda de De Broglie se torna . De acordo com De Broglie, cada partícula tem associado um comprimento de onda correspondente ao seu comportamento ondulatório. No entanto, para objetos do nosso cotidiano, o comprimento de onda associado é muito inferior as dimensões de um raio ou núcleo atômico, impossibilitando a observação das propriedades ondulatórias de por exemplo um grão de areia, que necessita de uma fenda de largura de grandeza (sendo que dimensões de um átomo típico estão por volta de ) para que seja possível observar seu comportamento ondulatório. Materiais aquecidos emitem luz, e diferentes materiais emitem diferentes tipos de luz. Se a fonte de luz for um sólido quente (como o filamento de uma lâmpada incandescente) ou um líquido, o espectro é contínuo. Mas, se a fonte for um gás aquecido, como o neônio em uma placa, o espectro inclui apenas algumas cores na forma de linhas paralelas nítidas e isoladas. Um espectro desse tipo é chamado de linha espectral de emissão, e as linhas são chamadas de linhas espectrais. Cada linha espectral corresponde a um comprimento de onda e a uma frequência definida. Embora um gás aquecido emita seletivamente apenas certos comprimentos de onda, um gás frio absorve seletivamente certos comprimentos de onda. Se passarmos uma luz branca (espectro contínuo) por um gás e examinarmos a luz transmitida com um espectrômetro, encontramos uma série de linhas escuras correspondentes aos comprimentos de onda que foram absorvidos. Isso é denominado linha espectral de absorção. Ou seja, determinado tipo de átomo ou molécula absorve um conjunto característico de comprimentos de onda quando está frio igual ao que emite quando está aquecido. Logo, os cientistas podem usar a linha espectral de absorção para identificar substâncias da mesma maneira que usam a linha espectral de emissão Modelo atômico de Bohr Devido a inconsistências no modelo atômico em vigor em 1913, Niels Bohr propôs uma nova explicação para explicar a estabilidade atômica, que de acordo com a teoria eletromagnética clássica, afirma que qualquer carga elétrica em aceleração (oscilando ou girando) irradia ondas eletromagnéticas. Dessa forma o elétron perderia energia de forma contínua, emitindo um espectro contínuo de emissão, e eventualmente colidindo com o núcleo. O raciocínio de Bohr era este. A linha espectral de emissão de um elemento nos diz que os átomos desse elemento emitem fótons somente em certas frequências específicas e, portanto, com certas energias m v λ p = mv λ = = p h mv h E = hf K = mv = 2 1 2 2m p2 a b V =ba V −b Va eVba p = 2meVba λ = = p h 2meVba h ≈ 10 m−24 10 m−10 f Fundamentos de Física Quântica 8 específicas . Durante a emissão de um fóton, a energia interna do átomo muda por uma grandeza igual à energia do fóton. Portanto, cada átomo só deverá ser capaz de existir com certos valores específicos de energia interna. Cada átomo possui um conjunto de níveis de energia possíveis. Um átomo pode ter uma quantidade de energia interna igual a qualquer um desses níveis, mas não pode ter uma energia intermediária entre dois níveis. Todos os átomos isolados de determinado elemento têm o mesmo conjunto de níveis de energia, mas os átomos de diferentes elementos têm diferentes conjuntos. De acordo com Bohr, um átomo excitado pode fazer uma transição de um nível de energia para um nível inferior emitindo um fóton com energia igual à diferença de energia entre os níveis inicial e final. A linha espectral de emissão mostra que muitos comprimentos de onda diferentes são emitidos por cada átomo. Logo, cada tipo de átomo precisa ter uma série de níveis de energia, com diferentes espaçamentos na energia entre eles. Cada comprimento de onda no espectro corresponde a uma transição entre dois níveis de energia atômicos específicos (número de raias no espectro , sendo o número de níveis possíveis). A observação de que os átomos são estáveis significa que cada átomo tem o nível de energia mais baixo, chamado nível básico. Os níveis com energias maiores que o nível básico são chamados níveis excitados. Um átomo em um nível excitado, chamado átomo excitado, pode fazer uma transição para o nível básico emitindo um fóton. Mas, como não existemníveis baixos do nível básico, um átomo no nível básico não pode perder energia e, portanto, não pode emitir um fóton. Se esse átomo inicialmente no nível de energia mais baixo for atingido por um fóton exatamente com a quantidade de energia certa, o fóton pode ser absorvido e o átomo acabará no nível mais alto. Em outras palavras, um átomo absorve os mesmos comprimentos de onda que ele emite. Isso explica a correspondência entre a linha espectral de emissão de um elemento e sua linha espectral de absorção. Um átomo que tenha sido excitado para um nível de energia alto, seja por absorção de fóton, seja por colisões, não permanece lá por muito tempo. Depois de pouco tempo, chamado tempo de vida do nível (normalmente em torno de s), o átomo excitado emitirá um fóton e fará uma transição para um nível excitado mais baixo ou para o nível básico. Um gás frio que é iluminado pela luz branca para criar uma linha espectral de absorção, portanto, também produz uma linha espectral de emissão quando visto de lado, pois, quando os átomos perdem a excitação, eles emitem fótons em todas as direções. E = hf hf = = λ hc E −i Ef = Cn,2 n 10−8 Fundamentos de Física Quântica 9 Suponha que tomemos um gás de átomos hipotéticos e o iluminemos com luz violeta com 414 nm de comprimento de onda. Os átomos no nível básico podem absorver esse fóton e fazer uma transição para o nível de 3,00 eV. Alguns desses átomos farão uma transição de volta ao nível básico emitindo um fóton de 414 nm. Porém, outros átomos retornarão ao nível básico em duas etapas, primeiro emitindo um fóton de 620 nm para fazer a transição para o nível de 1,00 eV, depois um fóton de 1.240 nm para fazer a transição de volta ao nível básico. Assim, esse gás emitirá radiação com comprimento de onda maior do que ele absorve, um fenômeno chamado fluorescência. Por exemplo, a descarga elétrica em uma lâmpada fluorescente faz com que o vapor de mercúrio no tubo emita radiação ultravioleta. Essa radiação é absorvida pelos átomos do revestimento no interior do tubo. Os átomos do revestimento, então, reemitem a luz no comprimento de onda maior, a parte visível do espectro. As lâmpadas fluorescentes são mais eficientes que as incandescentes na conversão de energia elétrica em luz visível, pois não desperdiçam tanta energia produzindo fótons infravermelhos (invisíveis). A quantização dos níveis de energia postulado por Bohr resultou em outras grandezas também quantizadas, como o momento angular do elétron. De tal forma que . Uma vez que elétrons em níveis estacionários não emitem continuamente energia, podemos usar a imagem de De Broglie das ondas eletrônicas. Em vez de visualizar o elétron orbitando como uma partícula que se move em torno do núcleo em uma trajetória circular, pense nele como uma onda estacionária senoidal com comprimento de onda , que se estende em torno do círculo. Uma onda estacionária em uma corda não transmite energia, e os elétrons nas órbitas de Bohr não irradiam energia. Para que a onda “saia uniforme” e se junte suavemente consigo mesma, a circunferência desse círculo precisa incluir algum número inteiro de comprimentos de onda. Logo, para uma órbita com raio e circunferência , precisamos ter , onde é o comprimento de onda e Átomo de Hidrogênio segundo Bohr Para o átomo de hidrogênio, temos que a força que promove a ação centrípeta no elétron é de natureza Coulombiana. Assim: que é numericamente igual a . Logo, obtemos que os raios de cada nível energético possível, e suas velocidades correspondentes também são grandezas quantizadas, de acordo com: e L =n mv r =n n n2π h λ rn 2πrn 2πr =n nλn λn n = 1, 2, 3, ... F = 4πϵ0 1 rn 2 e2 F =c rn mvn 2 r =n ϵ0 πme2 n h2 2 v =n ϵ0 1 2nh e2 Fundamentos de Física Quântica 10 Dessa forma, o menor raio orbital corresponde á . Esse raio mínimo é chamado raio de Bohr, e é dado por . Os demais raios são dados então como função do raio de Bohr, segundo a relação . Níveis de energia Conhecendo a velocidade de cada órbita, podemos encontrar a energia associada: e logo Temos então a relação para a energia quantizada. Utilizando a notação , onde (constante de Rydberg), podemos expressar o comprimento de onda do fóton emitido quando o elétron salta de uma órbita mais alta (upper) para uma mais baixa (lower) com a seguinte expressão: Um teste adicional do modelo de Bohr é seu valor previsto da energia de ionização do átomo de hidrogênio. Esta é a energia exigida para remover o elétron completamente do átomo. A ionização corresponde a uma transição do nível básico para um raio orbital infinitamente grande ( , de modo que a energia que deverá ser adicionada ao átomo é (lembre-se de que E1 é negativo). A substituição das constantes na equação gera uma energia de ionização de 13,606 eV. n = 1 a =0 5, 29 × 10 m−11 r =m n a2 0 K =n mv =2 1 n 2 ϵ0 2 1 8n h2 2 me4 U =n − =4πϵ0 1 rn e2 − ϵ0 2 1 4n h2 2 me4 E =n K +n U =n − ϵ0 2 1 8n h2 2 me4 E =n − n2 hcR R = 8ϵ h c02 3 me4 ΔE = = λ hc E −nu E =nl (− )−(−nU 2 hcR ) = nL 2 hcR hcr( − nL 2 1 ) nU 2 1 (n = 1) (n = ∞) E −∞ E =1 0 −E =1 −E1 Fundamentos de Física Quântica 11 Átomos do tipo átomo de hidrogênio Podemos estender o modelo de Bohr para outros átomos de um elétron, como o hélio unicamente ionizado ( ), o lítio duplamente ionizado ( ) e assim por diante. Esses átomos são denominados átomos do tipo do átomo de hidrogênio. Neles, uma carga nuclear não é , mas , onde é o número atômico, igual ao número de prótons no núcleo. O efeito na análise anterior é substituir em todos os lugares por . É preciso observar que os raios orbitais dados tornam-se menores por um fator de , e os níveis de energia são multiplicados por . Experiência de fenda dupla com elétrons A figura formada no anteparo corresponde ao mesmo padrão de interferência visto para os fótons. Além do mais, o princípio da complementaridade nos diz que não podemos aplicar os modelos de onda e partícula simultaneamente para descrever qualquer elemento isolado dessa experiência. Assim, não podemos prever exatamente onde na figura (um fenômeno ondulatório) qualquer elétron individual (uma partícula) pousará. ATENÇÃO: Interferência de elétrons em fenda dupla não é interferência entre dois elétrons. Um erro de conceito comum é acreditar que o padrão se deve à interferência entre duas ondas de elétrons, cada uma representando um elétron que passa por uma fenda. Para mostrar que esse não é o caso, podemos enviar apenas um elétron de cada vez através do dispositivo. Não faz diferença; acabamos com a mesma figura de interferência. De certa forma, cada onda de elétrons interfere consigo mesma. Vemos assim, a dualidade onda- partícula do elétron, em um experimento de interferência, a partir de uma fenda de dimensões comparáveis com o o comprimento de onda de um elétron de De Broglie (espaçamento de grandeza próxima ao espaçamento entre átomos de um cristal). Mecânica Quântica: A equação de Schrödinger é a máxima fundamental para a mecânica quântica, assim como as leis de Newton são para a mecânica e as equações de Maxwell são para o eletromagnetismo. Há evidências convincentes de que, em uma escala atômica ou subatômica, um objeto como um elétron não pode ser descrito simplesmente como uma partícula newtoniana clássica. Em vez disso, devemos levar em conta suas características de onda. Uma vez que conhecemos a função de onda de um movimento de onda específico, sabemos tudo o que há para saber sobre o movimento. Por exemplo, podemos encontrar a velocidade e a aceleração de qualquer He+ Li2+ e Ze Z e2 Ze2 rn Z En Z 2 Fundamentos de Física Quântica 12 ponto da corda a qualquer momento. Sendo assim, parece natural utilizarmos uma função de onda como o elemento central de nossa linguagem da mecânica quântica. O símbolo tradicionalmente usado para essa função de onda é a letra grega psi, .Em geral usaremos a letra maiúscula para representar uma função de todas as coordenadas espaciais e de tempo. Por outro lado, em minúsculo será usado apenas para a função de coordenadas espaciais — não de tempo. Em geral, a função de onda de uma partícula depende de todas as três dimensões do espaço. No entanto, para simplificar vamos começar nosso estudo dessas funções considerando o movimento unidimensional, no qual uma partícula de massa m se move paralelamente ao eixo x e a função de onda depende somente da coordenada x e do tempo t. Sabemos que qualquer função de onda y(x, t) que descreve uma onda em uma corda deve satisfazer a equação de onda: onde é a velocidade da onda na corda, independentemente do seu comprimento de onda. Para uma onda se movendo na direção positiva de e comprimento de onda e frequência , e equação , ao utilizarmos a relação derivada acima, obtemos: ou seja ou ainda de tal forma que obtemos finalmente . Essa equação é exatamente o relacionamento conhecido entre velocidade da onda, comprimento da onda e frequência para ondas em uma corda. Sendo assim, nossos cálculos mostram que a equação acima é uma função de onda válida, para ondas em uma corda para quaisquer valores de A e B, dado que e estão relacionados por Partícula livre: A equação de onda para partículas não pode ser exatamente igual á para uma onda em uma corda, uma vez que a relação entre e são diferentes. PROVA: Para uma partícula livre, que não sofre a influência de nenhuma força sobre ela, durante todo o seu movimento ao longo do eixo x, temos que sua energia potencial tem o mesmo valor para todo valor assumido por x (uma vez que, que , então força zero significa que a energia potencial tem derivada zero). Para simplificar, vamos assumir para todo x. Dessa forma, sua energia mecânica é composta unicamente pela energia cinética sendo . Sendo e substituimos na equação desenvolvida para energia da partícula e obtemos temos assim, a relação entre e para uma onda de partícula. Vemos que esta equação é muito diferente da relação correspondente para ondas em uma corda: para esta, a frequência angular é proporcional ao quadrado do número da onda, ao passo que, para as ondas sobre uma corda, é apenas diretamente proporcional a . Buscando uma forma análoga á uma onda em uma corda, temos: Ψ ou ψ Ψ ψ Ψ = ∂x2 ∂ y(x, t)2 v2 1 ∂t2 ∂ y(x, t)2 v x λ f y(x, t) = A cos (kx− wt) +B sin (kx− wt) k =2 v2 ω2 k = v ω = λ 2π v 2πf v = λf v k ω = vk v k U(x) Fx = –dU(x)/dx U = 0 E = mv = 2 1 2 2m p2 p = mv E = ℏω (E = hf) p = ℏk (p = ) λ h ℏω = 2m ℏ k2 2 ω k k Fundamentos de Física Quântica 13 para uma partícula de massa , momento , movendo- se na direção positiva do eixo ordenado. Vemos assim que uma derivada temporal nos fornece o termo " " necessário ao membro esquerdo da equação, ao passo que uma derivada espacial segunda fornece o termo " ". As demais constantes são adicionadas para se obter equidade. Assim, temos nossa equação de onda primitiva: cujo termo C foi adicionado como um fator de correção. Derivando assim a equação de onda , temos: Assim, igualando os termos correspondentes, para que nosso protótipo de equação de onda satisfaça para todo e , temos ou seja, o fator de correção . A presença do número imaginário significa que as soluções para a equação de Schrödinger são grandezas complexas, com uma parte real e outra parte imaginária. Um exemplo é a nossa função de onda de partícula livre: uma vez que descobrimos que , concluímos que, . Logo: que pode ser reescrita como . Veja como compreender essa função: descreve a distribuição de uma partícula no espaço, exatamente como as funções de onda para uma onda eletromagnética descrevem a distribuição dos campos elétricos e magnéticos. Quando estudamos padrões de interferência e difração, verificamos que a intensidade da radiação em qualquer ponto em um padrão é proporcional ao quadrado da magnitude do campo elétrico — isto é, . Da mesma maneira, o quadrado da função de onda de uma partícula em cada ponto nos informa sobre a probabilidade de encontrar a partícula em torno desse ponto. Mais precisamente, deveríamos dizer o quadrado do valor absoluto da função de onda, . Isso é necessário porque, como vimos, a função de onda é uma grandeza complexa com partes real e imaginária. Para uma partícula que pode se mover apenas ao longo do eixo , a grandeza é a probabilidade de que a partícula seja encontrada no tempo em uma coordenada entre e . É mais provável a partícula ser encontrada em regiões onde é grande, e assim por diante. Para calcular então o módulo da equação de onda, multiplicamos pelo seu conjugado (obtido substituindo por ). Assim: Vemos assim que a função de distribuição de probabilidade não depende da posição, o que significa que existe a mesma probabilidade de encontrar a partícula em qualquer lugar ao longo do eixo ! Matematicamente, isso ocorre porque a função de onda senoidal se estende por todo o caminho desde até com a mesma amplitude . Isso também significa que a função de onda não pode ser normalizada: a integral de sobre todo o espaço é infinito para qualquer valor de . Ou seja, a integral de sobre todos os valores possíveis de deve ser exatamente igual a 1. Em outras palavras, a probabilidade de que a partícula esteja Ψ(x, t) = A cos (kx− wt) +B sin (kx− wt) m p ω k2 − = 2m ℏ2 ∂x2 ∂ Ψ(x, t)2 Cℏ ∂t ∂Ψ(x, t) Ψ(x, t) [A cos (kx− wt) + 2m ℏ k2 2 B sin (kx− wt)] = Cℏω[A sin (kx− wt) −B cos (kx− wt)] x t C =2 −1 C = i − = iℏ Equaç o de Schroedinger para uma part cula livre 2m ℏ2 ∂x2 ∂ Ψ(x, t)2 ∂t ∂Ψ(x, t) ã ı́ i C = i B = iA Ψ(x, t) = A[cos (kx− wt) + i sin (kx− wt)] funç o de onda senoidal para part cula livreã ı́ Ψ(x, t) = Ae eikx −iωt Ψ(x, t) I E2 ∣Ψ(x, t)∣2 x ∣Ψ(x, t)∣2 t x x+ dx ∣Ψ(x, t)∣2 Ψ Ψ∗ i [−i] ∣Ψ(x, t)∣ =2 Ae ⋅i(kx−ωt) Ae =(−i)(kx−ω)t Ψ(x, t) = ∣A∣2 x x = –∞ x = ∞ A ∣Ψ(x, t)∣2 A ∣Ψ(x, t)∣ dx2 x Fundamentos de Física Quântica 14 em algum lugar é exatamente 1, ou 100%. Quando a integral de sobre todo o espaço é igual a unidade (dizemos que a equação está normalizada) e esta recebe o nome de densidade de probabilidade. Pacote de ondas: Para fazer uma função de onda mais bem localizada, imagine duas ondas senoidais adicionais se sobrepondo com diferentes números de onda e amplitudes de modo a reforçar os máximos alternativos de e anular os intermediários. Finalmente, se sobrepusermos ondas com um número muito grande de números de onda diferentes, podemos construir uma onda com um único máximo de Então temos algo que começa a parecer tanto uma partícula como uma onda. É uma partícula no sentido de que é localizada no espaço; se olharmos de longe, pode parecer um ponto. Mas também tem uma estrutura periódica, o que é uma característica de onda. Um pulso de onda localizado, como o mostrado abaixo, é chamado pacote de ondas. Podemos representar um pacote de ondas com uma expressão como: Essa integral representa uma superposição de um número muito grande de ondas, cada uma com um número de onda diferente e uma frequência angular , cada uma com uma amplitude que depende de . a) Se a função A(k) for acentuadamente pontiaguda, estamos sobrepondo apenas uma estreita gama de números de onda. O pulso de onda resultante é então relativamente largo. b) Mas se usarmos uma gama mais vasta de números de onda, de modo que a função seja mais ampla, o pulso da onda localizada é mais estreito . Este é simplesmente o princípio da incerteza em ação. Uma gama estreita de significa um intervalo estreito de e, portanto, um pequeno ; o resultado é um relativamente grande. Uma ampla gama de corresponde a um grande , e o resultante é menor. Você pode verificar a relação com o princípio da incerteza A equação de Schrödinger unidimensional que apresentamos anteriormenteé válida somente para partículas livres, para as quais a função de energia potencial é zero. Mas para um elétron dentro de um átomo, um próton dentro de um núcleo atômico, a energia potencial não pode ser considerada nula. Assim: ∣Ψ(x, t)∣ dx2 ∣Ψ(x, t)∣2 Ψ(x, t) = A(k)e dk∫ −∞ ∞ i(kx−wt) k ω = 2m ℏk2 A(k) k A(k) k p =x ℏk Δpx Δx k Δpx Δx Δxp ≥x ℏ/2 Fundamentos de Física Quântica 15 uma vez que é a energia cinética da partícula, e sua energia mecânica. Estados estacionários: Podemos escrever a função de onda para um estado para uma determinada energia da seguinte forma: Isso significa que a função de onda para um estado de energia definido é o produto de sua função de onda independente do tempo e um fator . (Para uma função de onda senoidal de uma partícula livre, . Um estado de energia definida normalmente é chamado de estado estacionário. A equação de Schrödinger, torna-se um pouco mais simples para os estados estacionários. Ou seja: que derivando e simplificando, obtemos: Partícula em uma caixa: Nosso sistema consiste em uma partícula confinada entre duas paredes rígidas separadas por uma distância . O movimento acontece apenas em uma dimensão, com a partícula se deslocando ao longo apenas do eixo e as paredes em e . A energia potencial correspondente às paredes rígidas é infinita, e a partícula não pode escapar; entre as paredes, a energia potencial é nula. Esse modelo pode representar um elétron livre para se mover dentro de uma molécula comprida e retilínea ou ao longo de um fio bastante fino. Para resolver a equação de Schrödinger nesse sistema, começamos com algumas restrições sobre a função de onda da partícula. Como a partícula está confinada à região , esperamos que a função de distribuição de probabilidade ( ) e que a função de onda seja zero fora dessa região. Além disso, deve ser uma função contínua para que seja uma solução − + U(x)Ψ(x, t) = iℏ Equaç o de Schroedinger 2m ℏ2 ∂x2 ∂ Ψ(x, t)2 ∂t ∂Ψ(x, t) ã 2m ℏ k2 2 ℏω E Ψ(x, t) = ψ(x)e−iEt/ℏ Ψ(x, t) ψ(x) e−iEt/ℏ ψ(x) = Aeikx − + 2m ℏ2 ∂x2 ∂ [ψ(x)e ]2 −iEt/ℏ U(x)ψ(x)e =−iEt/ℏ iℏ ∂t ∂[ψ(x)e ]−iEt/ℏ − + 2m ℏ2 dx2 d ψ(x)2 U(x)ψ(x) = Eψ(x) L x x = 0 x = L ψ(x) 0 ≤ x ≤ L ∣Ψ(x, t)∣ =2 ∣ψ(x)∣2 ψ(x) ψ(x) Fundamentos de Física Quântica 16 matematicamente aceitável para a equação de Schrödinger. Sendo assim, deve ser igual a zero nas fronteiras da região e . As duas últimas condições são conhecidas como as condições de contorno do problema. Resolvemos agora para as funções de onda na região sob as condições anteriormente citadas. Nessa região, ; portanto, nessa região deve satisfazer a Cuja solução é uma superposição de duas ondas: uma que se desloca no sentido com amplitude e outra que se desloca no sentido com o mesmo número de onda, porém com amplitude : que pode ser reescrito na forma trigonométrica como Para satisfazer as condições de contorno: a) b) .: Uma vez que, assim como ocorre com uma corda, o comprimento da região é um número inteiro de metades de comprimento de ondas. Temos finalmente: Os níveis de energia possíveis para uma partícula em uma caixa são dados por onde é o módulo do momento linear de uma partícula livre com comprimento de onda . Isso faz sentido, já que dentro da região a energia potencial é zero e a energia é toda cinética. Para cada valor de , há valores correspondentes de , e ; vamos designá-los por , e . Juntando tudo, obtemos: ψ(x) x = 0 x = L 0 ≤ x ≤ L U(x) = 0 ψ(x) − = Eψ(x) Part cula em uma caixa 2m ℏ2 dx2 d ψ(x)2 ı́ x A1 –x A2 ψ(x) = A e +1 ikx A e2 −ikx ψ(x) = (A +1 A ) cos (kx) +2 i(A −1 A ) sin (kx)2 ψ(0) = 0 → (A +1 A ) =2 0 ψ(L) = 0 → kL = nπ k = L nπ L ψ(x) = 2iA sin kx =1 C sin ( ) L nπ E = = 2m ℏ k2 2 2m p2 p = h/λ λ 0 ≤ x ≤ L n p λ E pn ln En Fundamentos de Física Quântica 17 assim: Temos então que os níveis de energia cada vez mais elevados são proporcionais a , então espaços maiores são cada vez mais espaçados entre si. Há um número infinito de níveis porque as paredes são perfeitamente rígidas; mesmo uma partícula de energia cinética infinitamente grande permanece confinada dentro da caixa. ATENÇÃO Uma partícula em uma caixa não pode ter energia zero. Note que a energia de uma partícula em uma caixa não pode ser zero. Para exigiria , mas substituindo-se na Equação de onda obtém-se uma função de onda nula. Como uma partícula é descrita por uma função de onda não nula, significa que não pode haver uma partícula com . Para uma partícula em uma caixa, sabemos que a mesma só pode ser encontrada num intervalo delimitado por , assim, o processo de normalização da probabilidade se torna possível, uma vez que as extremidades de integração não são mais ilimitadas, e sim dadas pela largura da caixa. Assim: resolvendo a integral, temos que a relação é satisfeita para Logo, para uma função normalizada, temos . Para uma função de onda normalizada, não é meramente proporcional à probabilidade de encontrar a partícula, mas é exatamente igual à probabilidade de encontrar a partícula no intervalo entre as coordenadas e . Esse é o motivo pelo qual chamamos de função de distribuição de probabilidade. Poços de potencial: Um poço de potencial é uma função energia potencial que possui um mínimo. Nossa primeira aplicação da equação de Schrödinger, a partícula em uma caixa, envolvia um poço de potencial p = = λn h 2L nh E = = = N veis de energia para part cula em uma caixan 2m p2 8mL2 n h2 2 2mL2 n π ℏ2 2 2 ı́ ı́ n2 E = 0 n = 0 n = 0 E = 0 0 ≤ x ≤ L ∣ψ(x)∣ dx =2 C sin ( )dx2 2 L nπx 1 = C sin ( )dx∫ 0 L 2 2 L nπx C = L 2 ψ(x) = sin ( ) L 2 L nπx ∣ψ(x)∣ dx2 x x+ dx ∣ψ(x)∣2 U(x) Fundamentos de Física Quântica 18 rudimentar com uma função igual a zero dentro de um intervalo e igual a infinito em qualquer ponto fora desse intervalo. Uma melhor aproximação para diversas situações físicas é um poço finito, que é um poço de potencial com lados retilíneos, porém com altura finita. A Figura abaixo mostra uma função energia potencial igual a zero no intervalo e que possui um valor em qualquer ponto fora desse intervalo. Essa função geralmente é chamada de poço de potencial quadrado, que pode servir como um modelo simples de um elétron confinado em uma placa metálica de espessura se deslocando perpendicularmente à superfície da placa. O elétron pode se mover livremente no interior do metal, mas terá de escalar uma barreira de potencial de altura para escapar de cada superfície do metal. A energia é relacionada com a função trabalho. Na mecânica newtoniana, a partícula fica presa (localizada) em um poço quando sua energia total é menor que a energia . Na mecânica quântica, esse estado localizado em geral é chamado de estado ligado. Todos os estados são ligados quando o poço de potencial possui profundidade infinita. Para um poço de potencial finito, se for maior que , a partícula não está ligada. Também existem estados em que é maior que . Nesses estados de partícula livre, a partícula não está ligada, mas pode se mover livremente em todos os valores de . Qualquer energia maior que é possível; logo, esses estados de partícula livre formam uma região contínua e não um conjunto discreto de níveis com determinadas energias. Dentro do poço quadrado , onde , a equação de Schrödinger independente de tempo é: ou cuja solução já é conhecida, e é dada na forma de senos e cossenos. No entanto, não há condições de contorno nessa situação. Como temos que Assim, para dentro do poço teremos: Já para regiões fora do poço, a equação de Schroedinger se reescreve em . Como a grandeza é positiva, então as soluções dessa equação são funções exponenciais, em vez de senos e cossenos, na forma Note que não pode ser permitido que aproxime-se do infinito, com ou . (Se isso acontecer, não poderíamos satisfazerà condição de normalização da Equação). Isso significa que, devemos ter para e para . Figura abaixo ilustra uma função de onda possível para uma partícula em um poço de potencial finito. A função de onda é senoidal dentro do poço e exponencial fora do poço. Tende assintoticamente a zero para valores elevados de . As funções devem se unir continuamente nas fronteiras e ; a função de onda e sua derivada devem ser contínuas. U(x) 0 ≤ x ≤ L U0 L U0 U0 E U0 E U0 E U0 x E U0 (0 ≤ x ≤ L) U = 0 − = 2m ℏ2 dx2 d ψ(x)2 Eψ(x) = dx2 d ψ(x)2 − ψ(x) ℏ2 2mE E = 2m ℏ k2 2 k = /ℏ2mE ψ(x) = A cos ( x/ℏ) +B sin ( /ℏ)2mE 2mE = dx2 d ψ(x)2 − ψ(x) = ℏ2 2m(E − U )0 ψ(x) ℏ2 2m(U −E)0 U –E0 ψ(x) = Ce +Dekx −kx ψ(x) x→∞ x→ –∞ D = 0 x ≤ 0 C = 0 x ≥ L (0 ≤ x ≤ L) ∣x∣ x = 0 x = L Fundamentos de Física Quântica 19 Barreira de potencial e Tunelamento: Uma barreira de potencial é o oposto de um poço de potencial; ela é descrita por uma função de energia potencial com um máximo. Uma partícula da mecânica quântica comporta-se de forma diferente da mecânica newtoniana: se ela encontra uma barreira como a da Figura abaixo e possui energia menor que , ela pode aparecer do outro lado. Esse fenômeno é chamado tunelamento. No tunelamento da mecânica quântica, ao contrário do que ocorre no tunelamento da mecânica macroscópica, a partícula não atravessa realmente a barreira e não perde nenhuma energia no processo. As figuras acima descrevem o inverso da situação de poço; a energia potencial é igual a zero em todos os pontos, exceto no intervalo , no interior do qual ela possui valor igual a . Isso poderia representar um modelo simples de um elétron entre duas placas metálicas separadas por uma lacuna de ar de espessura . A energia potencial é menor dentro de ambas as placas que na região entre as placas. De forma análoga ás condições de poço, obtemos uma função de onda do tipo indicado na Figura abaixo. A função de onda não é igual a zero dentro da barreira (a região proibida pela mecânica newtoniana). O que ainda é mais notável é que existe uma probabilidade de que a partícula que inicialmente estava do lado esquerdo da barreira possa ser encontrada do lado direito da barreira. E2 0 ≤ x ≤ L U0 L Fundamentos de Física Quântica 20 Existe uma condição de tunelamento, por exemplo, quando enrolamos dois fios de cobre ou fechamos os contatos de uma chave, a corrente passa de um condutor para o outro, apesar da existência de uma fina camada de óxido de cobre isolante que sempre se forma sobre a superfície de um condutor de cobre. Os elétrons tunelam através dessa fina camada de óxido. O tunelamento também é muito importante na física nuclear. Uma reação de fusão pode ocorrer quando dois núcleos tunelam através da barreira de potencial formada pela repulsão elétrica mútua e se aproximam tanto que as forças nucleares de atração produzem a fusão dos dois núcleos. A emissão de partículas alfa de núcleos instáveis também envolve o tunelamento. Uma partícula alfa é um conjunto de dois prótons e dois nêutrons (assim como um núcleo da forma mais comum do hélio). Esses conjuntos se formam naturalmente dentro de um núcleo atômico maior. Uma partícula alfa tentando escapar de um núcleo encontra uma barreira de potencial resultante da ação combinada da força de atração nuclear e da repulsão elétrica da parte restante do núcleo. A partícula alfa tunela através dessa barreira. Dependendo da altura e da largura da barreira, para um dado tipo de núcleo emissor de partículas alfa, a probabilidade do tunelamento pode ser baixa ou alta e o material emissor de alfas terá radioatividade baixa ou alta.
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