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@resumosdamed_ 1 FARMACOLOGIA - FARMACOCINÉTICA FARMACOCINÉTICA x FARMACODINÂMICA: Na farmacocinética, o fármaco deve ser capaz de alcançar seu sítio pretendido de ação após administração por alguma via conveniente. Ou seja, a administração do fármaco em um compartimento corporal (ex.: intestino), do qual se move para seu sítio de ação, em outro compartimento (ex.: cérebro). Portanto, é como o fármaco vai andar no organismo, ou seja, como ele vai ser absorvido, distribuído, biotransformado (metabolizado) e excretado. Por isso, é importante para saber a posologia e a biodisponibilidade. Já a farmacodinâmica é o que o fármaco faz com o organismo, ou seja, é a interação do fármaco ao receptor, que leva a uma resposta (efeito biológico). Esse efeito deve ser benéfico na farmacologia. Por conta da interação e dos efeitos biológicos, há o mecanismo de ação. A farmacodinâmica depende da farmacocinética, portanto, uma está intimamente ligada à outra. REATIVIDADE DE FÁRMACOS E LIGAÇÕES FÁRMACO- RECEPTOR: Os fármacos podem ser sólidos, líquidos ou gasosos. Esses fatores geralmente determinam a melhor via de administração, portanto, para ter um bom “encaixe” a um só tipo de receptor, deve ser peculiar em forma, carga e outras propriedades, para impedir que ele se ligue a outros receptores. Os fármacos interagem com receptores por meio de forças químicas ou ligações, sendo elas: covalente, eletrostáticas ou hidrofóbicas. @resumosdamed_ 2 PROCESSO FARMACOCINÉTICO: Todo processo farmacocinético depende tanto do indivíduo quanto do fármaco. Por isso, dá-se por 4 fases: • Absorção: é a passagem da via de administração para a corrente sanguínea; • Distribuição: fármaco na corrente sanguínea, passando para os órgãos e chegando no tecido alvo; • Biotransformação: principal metabolizador é o fígado, responsável pela transformação do fármaco em uma forma hidrossolúvel pra facilitar a excreção. • Excreção: principal órgão excretor é o rim, que irá excretar água. A via mais comum de administração é a via oral, contudo é a via mais demorada. Quando o medicamento é administrado, ele segue o caminho do TGI, iniciando pela boca → esôfago → estômago → fígado → intestino → circulação sanguínea. 1º) ABSORÇÃO: Absorção é a transferência de um fármaco do seu local de administração para a corrente sanguínea. Sendo assim, a velocidade e a eficiência da absorção dependem do ambiente onde o fármaco é absorvido, das suas características químicas e da via de administração. No estômago (pH 1-3), o fármaco sofre dissolução, passando facilmente pelas membranas, visto que as células que se encontram ali possuem bicamada lipídica, assim, os fármacos que são lipossolúveis (apolares) são absorvidos mais facilmente. Se um fármaco sofrer ionização, ele será mais hidrossolúvel (polar), consequentemente, haverá diminuição da capacidade de passar facilmente pelas membranas (perde a difusão passiva). Para saber se fármaco está ionizado ou não, é necessário saber se ele é ácido ou básico e o pH das partes do organismo. • Se o fármaco for um ácido fraco e estiver localizado no estômago (pH 1-3): não haverá ionização (ácido + ácido), permitindo com que ele seja absorvido facilmente pela circulação intra-hepática (fígado). Contudo, a parte que não for absorvida, seguirá para o intestino (pH 6-8), sofrendo ionização (ácido + base), sendo pouco absorvido por difusão passiva, onde a maior parte é excretada. Portanto, ácido (fármaco) + ácido (estômago) → maior parte é absorvida no estômago. • Se o fármaco for uma base fraca e estiver localizado no estômago (pH1-3): como o fármaco está ionizado, ele será facilmente absorvido na região do intestino, mas, para isso, ele precisa ser resistente ao pH do estômago. Portanto, base (fármaco) + ácido (estômago) → não sofre absorção, sendo a maior parte absorvida no intestino. Pensando nessas características da membrana plasmática, os fármacos possuem diversos tipos de mecanismos para atravessá- la, entre eles podemos dividir em dois grandes grupos: transporte passivo e transporte ativo. @resumosdamed_ 3 1. Transporte Passivo: não ocorre gasto de energia (ex: transporte paracelular e difusão). • Difusão passiva: ocorre quando a droga atravessa facilmente a bicamada lipídica, ou seja, é a favor do grau de ionização. 2. Transporte Ativo: ocorre gasto de energia (ex: difusão facilitada e transportadores de fármacos). • Difusão facilitada: o fármaco é transportado através de transportadores, esse transporte ocorre a favor do gradiente de concentração do lado mais concentrado para o menos concentrado. Visto isso, pode-se dizer que existem alguns fatores que contribuem para a absorção fácil dos fármacos, sendo eles: a) Efeito do pH na absorção de fármacos: A maioria dos fármacos é ácido fraco ou base fraca. Fármacos ácidos (HA) liberam um próton (H+), causando a formação de um ânion (A-): As bases fracas (BH+) também podem liberar um H+. Contudo, a forma protonada dos fármacos básicos, em geral, é carregada, e a perda do próton produz a base (B) não ionizada: Portanto, um fármaco atravessa a membrana mais facilmente se NÃO estiver ionizado. b) Fluxo de sangue no local de absorção: os intestinos recebem um fluxo de sangue muito maior do que o estômago. c) Área ou superfície disponível para absorção: com uma superfície rica em bordas em escova contendo microvilosidades. d) Tempo de contato com a superfície de absorção: se um fármaco se desloca muito rapidamente ao longo do TGI, ele não é bem absorvido. e) Expressão da glicoproteína P: que é uma proteína transportadora transmembrana responsável pelo transporte de várias moléculas, incluindo fármacos. Nas áreas de expressão elevada, a glicoproteína P diminui a absorção de fármacos. ASSIM, o coeficiente de partição (lipossolubilidade), o tamanho da molécula e suas características físico-químicas (ácido/básico) são os principais fatores para a absorção fácil dos fármacos pelas membranas plasmáticas. BIODISPONIBILIDADE: @resumosdamed_ 4 Biodisponibilidade representa a taxa e a extensão com que um fármaco administrado alcança a circulação sistêmica. É determinada pela comparação dos níveis plasmáticos do fármaco depois de uma via de administração particular. A relação dose-efeito de um fármaco é muito variável entre os indivíduos e estas variações dependem de vários fatores, como: dose; farmacocinética do fármaco; gravidade da doença; funções cardíaca, hepática e renal; motilidade gastrintestinal. BIOEQUIVALÊNCIA: Duas formulações são terapeuticamente equivalentes se elas são equivalentes farmacêuticos, isto é, se apresentam a mesma dosagem, contêm a mesma substância ativa e são indicadas pela mesma via de administração, com perfis clínicos e de segurança similares. 2º) DISTRIBUIÇÃO: Distribuição de fármacos é o processo pelo qual um fármaco reversivelmente abandona o leito vascular e entra no interstício (líquido extracelular) e, então, nas células dos tecidos. A distribuição de um fármaco ocorre primariamente através do sistema circulatório, enquanto o sistema linfático contribui com um componente menor. Alguns fatores influenciam a distribuição dos fármacos, sendo eles: • Fluxo sanguíneo; • Permeabilidade capilar; • Grau de ligação do fármaco a proteínas plasmáticas: a alta afinidade as proteínas diminuem a distribuição do fármaco no corpo e também vai ser dificilmente secretado; • Diferença de pH entre os espaços extra e intracelular. O fármaco, quando administrado no indivíduo, atravessa barreiras e chega na corrente sanguínea, apresentando 2 formas: ligado a proteína plasmática e livre. O fármaco precisa se distribuir pelo corpo, mas apenas o fármaco livre é distribuído.Se o indivíduo administra menos que a concentração mínima para efeito desejado/concentração eficaz mínima (CEM), é considerado subdose. Se ele toma mais que a concentração mínima para efeitos adversos/concentração máxima tolerável (CMT), é considerado tóxico. @resumosdamed_ 5 Ele pode ser distribuído para o local de ação terapêutica, para os reservatórios residuais, locais inesperados (onde ocorre as reações adversas), locais onde serão metabolizados e excretados. O volume de distribuição depende do movimento do fármaco, como ele vai sair do plasma para chegar no tecido, quanto mais difícil essa movimentação, menor o volume de distribuição do fármaco. O gráfico de biodisponibilidade permite avaliar a concentração plasmática em relação ao tempo. Quando o fármaco chega na corrente sanguínea, sua concentração aumenta, atingindo um pico, caracterizado pela concentração máxima. Após atingir o pico máximo, sua concentração diminui em um determinado tempo, fazendo com que o fármaco se desprenda das proteínas plasmáticas, resultando na ação farmacológica. Portanto, quem faz a ação biológica/farmacológica é o fármaco livre, pois ele pode se ligar, de formas reversíveis, às proteínas plasmáticas (albumina é a principal delas). Essa proteína funciona como um reserva, já que, enquanto ele está no lúmen, encontra- se ligado, a partir do momento em que chega próximo à parede do órgão, ele se desliga. 3º) EXCREÇÃO/DEPURAÇÃO: A depuração (CL) de um fármaco é o fator que prediz a velocidade de eliminação em relação à concentração do fármaco (C): É importante observar o caráter aditivo da depuração, pois a eliminação do fármaco do corpo pode envolver processos que ocorrem no rim, pulmão, fígado e outros órgãos, sendo que a eliminação na urina por meio dos rins é a mais importante. Ao chegar no rim, o fármaco pode sofrer filtração, reabsorção ou secreção. Aqueles fármacos que ainda se encontram ligados às proteínas plasmáticas, não são filtrados. O principal para o fármaco, para ser excretado, seria passar pelo processo de filtração nos rins, pois, após ela, as substâncias lipossolúveis podem ser reabsorvidas para a corrente sanguínea. Como algumas moléculas não ficam tão hidrossolúveis, elas precisam sofrer secreção. Portanto, para sofrer excreção o fármaco precisa estar hidrossolúvel, polares e livres (não ligados a proteínas). OBS: meia-vida (t1/2) é o tempo necessário para que a quantidade do fármaco se reduza à metade durante a eliminação (ou durante uma infusão constante). 4º) BIOTRANSFORMAÇÃO: Como a maioria dos fármacos é lipossolúvel, para minimizar essa reabsorção, os fármacos são modificados basicamente no fígado em substâncias mais polares por meio das reações de fase I e fase II. @resumosdamed_ 6 Portanto, a biotransformação é o conjunto de alterações químicas que as drogas sofrem no organismo, geralmente promovidas por enzimas, com a finalidade de facilitar a sua eliminação, ou ativar uma droga originalmente inativa, podendo modificar: propriedades físico-químicas da droga como a solubilidade, a polaridade, etc; e atividade biológica (efeito farmacológico). • Reações da Fase I: também são chamadas de reações não sintéticas ou de funcionalização, sendo responsáveis por modificarem as drogas por introdução ou exposição de radicais em suas estruturas, através do processo de oxidação (reações de biotransformação mais frequentes), redução (mais raras que as reações de oxidação) e hidrólise (responsáveis pela degradação de muitas drogas que possuem ligação éster ou amida em sua estrutura). • Reações da Fase II: também são chamadas de reações sintéticas, são responsáveis pela modificação das drogas ou seus metabólitos por conjugarem seus grupos funcionais (OH, COOH, NH2, etc.) com grupamentos de substâncias endógenas (metila, ác. acético, ác. sulfúrico, ác glicurônico, etc.). Portanto, fazem a conjugação do glicuronico. Algumas vezes, apenas uma delas já é suficiente para preparar o fármaco para ser eliminado. Contudo, elas costumam ocorrer em sequência, mas isso não é uma regra, pois podem ocorrer simultaneamente. A estimulação da atividade enzimática aumenta o número de moléculas de enzimas específicas, acelerando a biotransformação de muitas substâncias, e, consequentemente, alterando a duração e intensidade de suas ações. Com isso, haverá: aumenta da velocidade hepática da droga; aumento da velocidade de produção dos metabólitos; aumento da depuração hepática; diminuição da meia-vida séricas da droga livre e total; e diminuição dos efeitos farmacológicos se os metabólitos forem inativos. Já a inibição da atividade enzimática altera o efeito farmacológico de outras drogas, alterando a função normal do organismo. Com isso, haverá: diminuição da velocidade de produção de metabólitos; diminuição da depuração total; aumento da meia-vida da droga no plasma; aumento das concentrações séricas da droga livre e total; e diminuição dos efeitos farmacológicos se os metabólitos forem inativos. Alguns fatores influenciam na biotransformação de drogas, como: • Patologias: cirroses, hepatites (comprometimento biotransformação) @resumosdamed_ 7 • Idade: em recém-nascidos (sistema biotransformador imaturo), encefalopatias por hiperbilirrubinemia; já em idosos (deterioração do sistema biotransformador) e intoxicações. ESQUEMAS E OTIMIZAÇÃO DAS DOSAGENS: As dosagens são classificadas em: • Dose mínima; • Dose máxima; • Dose terapêutica (faixa de dose); • Dose sub-terapêutica; • Dose tóxica; • Dose letal; • Dose letal 50% (DL50) (sem uso em humanos). Para isso, é analisado o tempo necessário para alcançar a concentração de equilíbrio do fármaco. Portanto, o tempo de meia vida é essencial para determinar a posologia; quanto tempo que demora pra 50% da droga ser excretada do organismo. Para fazer um medicamento de uso contínuo, é preciso analisar o tempo de meia vida para identificar quando o indivíduo precisará administrar a segunda dose para manter o medicamento dentro da janela e do índice terapêutico. pelo tempo de meia vida já se sabe quando tem que tomar a segunda dose para manter o medicamento dentro da janela e do índice terapêutico. (dose de uso contínuo/dose terapêutica). JANELA TERAPÊUTICA X ÍNDICE TERAPÊUTICO: Entre o CTM e o CEM, está o índice terapêutico, que é a concentração eficaz para 50% sobre a dose letal para 50%, ou seja, é o quanto eu preciso de dose pra manter 50% eficaz e quanto preciso de dose pra matar 50%. A janela terapêutica é quando analisa o tempo onde está tendo a ação farmacológica. DOSES: • Dose Terapêutica: É a dose administrada ao paciente com a intenção de obter seus efeitos terapêuticos. @resumosdamed_ 8 • Dose de Manutenção: Está relacionado às doses que serão administradas ao paciente, com sua posologia determinada e calculada previamente, a fim de manter a concentração plasmática do fármaco constante para uma melhor eficiência no tratamento. • Dose Tóxica: Está relacionado a uma dose que será administrada numa concentração superior a terapêutica, podendo levar o paciente a um quadro de intoxicação. • Dose de Ataque: Corresponde à uma dose numa concentração superior ao que é normalmente administrado com a finalidade de obter uma resposta mais rápida, seguida posteriormente de doses com concentrações inferiores à de ataque. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. Farmacologia Básica e Clínica. Katzung, Bertram G. Mc Graw Hill.12aedição, 2013.
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