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Prévia do material em texto

UNIDADE I 
Introdução à 
Ciência Econômica
Me. André Teixeira de Carvalho
Introdução	à	Economia	e	ao
Pensamento	Econômico
Olá,	estudante.	Bem-vindo	à	nossa	primeira	aula.	Faremos	aqui	uma	introdução	à	Economia	e	às
mudanças	no	modo	de	pensar	econômico	ao	longo	dos	tempos.	Boa	aula!
Introdução
Caro(a)	estudante...
Você	sabe	o	que	é	Economia?
Por	que,	a	toda	hora	e	a	todo	dia,	há	notícias	econômicas	na	mídia?
Qual	a	importância	dessa	ciência	para	nós,	cidadãs	e	cidadãos,	e	para	as	organizações
onde	trabalhamos?
Por	que	é	necessário	“crescer”	economicamente?
O	“crescimento”	econômico	traz	bem-estar	para	a	sociedade?
Tudo	isso	será	discutido	neste	curso	de	Princípios	de	Economia	e	Mercados.	Primeiro,
entretanto,	vamos	entender	o	que	é	Economia.
Aula	01
1
Segundo	o	sítio	eletrônico	da	Faculdade	de	Economia,	Administração	e	Contabilidade	da
Universidade	de	São	Paulo	(FEAUSP):
Economia	é	a	ciência	social	que	estuda	a	produção,	distribuição	e	consumo	de	bens	e	serviços.
Ela	estuda	as	formas	de	comportamento	humano	resultantes	da	relação	entre	as
necessidades	dos	homens	e	os	recursos	disponíveis	para	satisfazê-las.	Assim	sendo,	esta
ciência	está	intimamente	ligada	à	política	das	nações	e	à	vida	das	pessoas,	sendo	que	uma
das	suas	principais	funções	é	explicar	como	funcionam	os	sistemas	econômicos	e	as	relações
dos	agentes	econômicosTodos	os	indivíduos,	instituições	ou	conjunto	de	instituições	que,
através	das	suas	decisões	e	ações,	tomadas	racionalmente,	intervêm	num	qualquer	circuito
econômico.,	propondo	soluções	para	os	problemas	existentes.
(FEAUSP,	2014)
Parece	complicado...	Mas	vocês	verão	aqui	que	essa	fascinante	ciência	possui	conceitos
básicos	facilmente	entendidos.	Esses	conceitos,	ademais,	são	fortemente	relacionados	à	nossa
vida	diária,	ajudando-nos	a	tomar	melhores	decisões.
Mas	a	Economia	é	uma	ciência	moderna?
Não,	longe	disso!	Para	o	professor	Nali	Souza,
O	termo	Economia	origina-se	das	palavras	gregas	oikos	(casa)	e	nomos	(normas).	Na	Grécia
antiga,	economia	significava	a	arte	de	administrar	o	lar,	levando-se	em	conta	a	renda	familiar
e	os	gastos	efetuados,	durante	um	período	de	tempo.
(SOUZA,	2003)
A	economia	visa,	assim,	auxiliar	a	humanidade	no	atendimento	de	suas	necessidades.	É	uma
ciência	social,	pois	estuda	as	relações	dos	agentes	econômicos	(conceito	a	ser	explicado
adiante)	no	que	se	chama	de	mercado.	Essas	relações,	traduzidas	em	atividades	econômicas	–
sobretudo	trocas	monetárias	–	permitem	o	atendimento	das	referidas	necessidades.
2
Em	razão	da	natureza	humana,	de	querer	sempre	mais,	podemos	dizer	que	as
necessidades	humanas	são	ilimitadas,	enquanto	os	recursos	para	o	seu
atendimento	são	escassos.	Nesse	assunto,	estudante,	você	deve	estar	atento
ao	fato	de	que,	em	um	mundo	que	comportará	9	bilhões	de	habitantes	em
2050,	os	recursos	serão	cada	vez	mais	escassos	e,	portanto,	as	pessoas
deverão	ser	cada	vez	mais	cuidadosas	em	suas	escolhas.
Vamos	agora	entender	o	que	é	mercado...
Pronto!	Podemos	juntar	os	dois	conceitos	–	Economia	e	Mercado	–	em	um	conceito	só:
Esta	disciplina	estuda	as	trocas	entre	agentes	econômicos	em	um	mercado	para	a	satisfação	de
suas	respectivas	necessidades,	em	um	ambiente	de	livre	concorrência.
SAIBA 	MAIS
Para	saber	mais,	Leia	o	QRCode	a	seguir 	e	acesse	a	reportagem	da	pesquisa	da
Organização	das	Nações	Unidas	(ONU)	sobre	a	projeção	do	número	de	habitantes	na
Terra	para	2050.
SAIBA 	MAIS
Mercado	é	todo	lugar,	físico	ou	virtual,	onde	os	agentes	econômicos	estabelecem
livremente	trocas	–	de	bens,	serviços,	trabalho	ou	recursos	monetários	–	para	atender
suas	respectivas	necessidades.
3
http://www.onu.org.br/populacao-mundial-deve-atingir-96-bilhoes-em-2050-diz-novo-relatorio-da-onu/
É	claro	que	nem	todo	mercado	se	baseia	em	trocas	puras,	conforme	descrito	anteriormente.
Veremos,	no	decorrer	da	disciplina,	como	os	recursos	monetários	auxiliam	em	muito	essa
tarefa.
NA 	PRATICA
Recentemente,	uma	criança	veio	feliz	de	uma	“feira	de	trocas”.	Nessa	feira,	a	criança
levou	uma	boneca	antiga	e	a	trocou	por	um	carrinho	usado	de	outra	criança.
Isso	é	Economia	de	Mercado?	Vejamos:
Houve	Trocas?	Sim,	da	boneca	pelo	carrinho.
Havia	Agentes?	Sim,	pelo	menos	duas	crianças.
Existia	o	Mercado	livre?	Claro!	O	local	de	encontro	dessas	crianças.
As	necessidades	foram	atendidas?	Foram.	Uma	criança	saiu	feliz	com	a	pequena
boneca	e	a	outra	criança	ficou	satisfeita	com	o	carrinho	usado.
4
Entendemos	agora	o	que	é	Economia	de	Mercado.	Podemos	então	descobrir	o	objeto	da
ciência	econômica,	ou	seja,	seu	objetivo.
O	objeto	da	ciência	econômica	é	auxiliar	os	agentes	econômicos	a	decidir	quais	trocas	realizar,
em	um	contexto	no	qual	suas	necessidades	são	ilimitadas	e	os	recursos	dos	quais	eles	dispõem
são	escassos.
O	Pensamento	Econômico	ao	Longo	dos
Tempos
Nosso	objetivo	neste	tópico	é	apresentar,	de	forma	cronológica,	as	principais	correntes
econômicas	e	suas	influências	na	condução	das	sociedades	a	um	maior	nível	de	bem-estar.
Podemos,	grosso	modo,	dividir	a	evolução	do	pensamento	econômico	em	quatro	épocas
distintas,	que	veremos	em	detalhes	nesta	aula	e	na	aula	seguinte.
5
Na	Antiguidade	grega,	a	Economia	não	passava	de	ideias	fragmentadas	e	soluções	adaptadas	a
problemas	específicos.	Essas	ideias	são	encontradas,	aqui	e	acolá,	em	estudos	filosóficos	e
políticos	da	época.	Durante	o	Império	Romano,	houve	muitas	trocas	comerciais,	mas	não	havia
um	pensamento	econômico	integrado.	Apesar	do	enorme	fluxo	de	transações	comerciais	no
império,	a	contribuição	romana	à	Humanidade	foi	mais	política	do	que	econômica.
Após	a	queda	do	Império	Romano	no	ano	476	da	era	cristã,	inicia-se	o	período	conhecido	por
Idade	Média.	Na	Alta	Idade	Média	(476	até	o	ano	1000),	observou-se	o	encolhimento	das
atividades	mercantis	no	que	restou	do	antigo	Império	Romano.	As	atividades	econômicas,
antes	centradas	nas	cidades,	retornam	ao	setor	rural,	e	os	feudos	são	formados:	pequenas
regiões	dominadas	pelo	senhor	feudal.	Nestes,	a	atividade	econômica	existia	para	satisfazer
necessidades	básicas,	ou	seja,	a	economia	era	de	subsistência	(produção	para	o	consumo	e	não
para	a	troca)	e	baseava-se	no	trabalho	do	servo,	que	não	era	pago	em	salários.	A	essa
organização	social	chamamos	de	feudalismo	(SANDRONI,	1999).
Fase	|	Das	Origens	até	Cerca	de	1750:	Fase	Pré-Científica	da
Economia
6
Outra	característica	dessa	época	é	o	pouco	uso	do	dinheiro,	com	predomínio	do	escambo
(troca	de	bens	e	serviços	sem	a	intermediação	do	dinheiro)	e	reduzido	contato	entre	regiões
(SANDRONI,	1999).
Na	Baixa	Idade	Média	(século	XI	até	o	século	XV),	a	atividade	econômica	entre	regiões
ressurge	nas	chamadas	feiras.	As	corporações	de	ofícios	(associações	de	pessoas	do	sexo
masculino	e	de	fé	cristã	que	trabalhavam	em	um	mesmo	setor	de	atividade	e	passavam	seus
conhecimentos	de	uma	geração	para	a	outra)	são	criadas.
7
O	comércio	no	mar	Mediterrâneo	é	retomado	e	importantes	centros	comerciais	reaparecem
(com	destaque	para	Gênova,	Florença	e	Veneza).	Por	não	praticarem	a	fé	cristã,	judeus	e
outros	povos	eram	impedidos	de	trabalhar	nas	corporações	e	se	dedicam	ao	comércio	entre	as
regiões	e	à	crescente	intermediação	financeira,	origem	dos	atuais	bancos.
A	Igreja	Católica,	todavia,	influencia	as	atividades	comerciais.	Estimula	o	“justo	preço”	(“aquele
bastante	baixo	para	poder	o	consumidor	comprar,	sem	extorsão	e	suficientemente	elevado
para	ter	o	vendedor	interesse	em	vender	e	poder	viver	de	maneira	decente”	(HUGON,	1998,	p.
51	apud	SOUZA,	2009,	p.	28).	A	igreja	pregava	a	moderação	aos	agentes	econômicos.
VÍDEO
A	Igreja	Católica	condenava	a	cobrança	de	juros	nos	empréstimos,	por
contrariar	a	ideia	de	justiça	nas	trocas.	Os	judeus,	por	não	serem	cristãos,
receberam	permissão	para	cobrar	juros;	daí	sua	predominância	no	setor
financeiro.	Conheça	mais	sobre	esse	período	da	história.
8
A	partir	de	1450,	o	poder	religioso	não	mais	contém	o	crescente	interesse	dos	europeus	por
transações	econômicas.	É	a	época	dos	“grandes	descobrimentos”.	Aliando	a	redescobertaou
criação	de	tecnologias	de	navegação	em	alto-mar	ao	descobrimento	de	novos	territórios	–
sobretudo	nas	Américas	–	os	europeus	inauguram	uma	época	de	progresso	denominada
Mercantilismo	(1450-1750).	Nesse	período,	o	pensamento	econômico	apoiava	os	governantes
no	aumento	da	riqueza	das	nações.	Ademais,	a	busca	de	melhores	condições	materiais
(melhores	habitações,	alimentos	e	vestuários,	por	exemplo)	cria	vasto	mercado	para	novos
bens	e	serviços.	Oriundos	das	Américas,	metais	preciosos	e	recursos	naturais	permitiram	a
melhoria	do	padrão	de	vida	na	Europa.	Pinho	(2004,	p.	28)	esclarecem	que:
Durante	os	três	séculos	do	Mercantilismo,	as	nações	da	Europa	Ocidental	organizaram	sua
economia	interna,	baseadas	na	unidade	nacional	e	na	exportação	de	recursos	econômicos,	sob
o controle	e	direção	do	Estado.
2ª	fase	|	De	1750	a	1870:	fase	científica	da	Economia	–	a
Fisiocracia,	a	Escola	Clássica	e	o	Marxismo
Após	1750,	e	até	1870,	inicia-se	o	período	científico	da	Economia.	Podemos	dividi-lo	em	três
subperíodos:	Primeiro,	a	Fisiocracia,	do	francês	François	Quesnay.	Em	segundo,	a	Escola
Clássica,	liderada	pelo	escocês	Adam	Smith.	Por	fim,	o	pensamento	do	alemão	Karl	Marx
(Marxismo),	opositor	à	Escola	Clássica.
François	Quesnay
9
A	Fisiocracia	considera	o	sistema	econômico	como	um	organismo,	regido	por	leis	próprias,	mas 
derivado	da	ordem	natural	das	coisas.	Para	os	fisiocratas,	“o	universo	é	regido	por	leis	naturais, 
imutáveis	e	universais,	desejadas	pela	Providência	Divina”	(PINHO,	2004,	p.	29-30). 
Consideram	essa	ordem	natural	cientificamente	relevante	e	acreditavam	que,	por	meio	da 
razão,	poderiam	descobri-la.	O	pensamento	fisiocrata	influenciará	posteriormente	as	teorias 
econômicas	que	veem	o	sistema	econômico	como	fundamentalmente	equilibrado.	Uma 
importante	contribuição	de	Quesnay	é	observar	a	interdependência	das	atividades 
econômicas	de	uma	nação;	seu	“tableau	économique”	(em	português,	tabela	econômica)	é 
demonstrativo	dessa	interdependência.
Adam	Smith
Adam	Smith	é	mais	conhecido	pela	sua	obra	prima	Inquérito	sobre	a	natureza	e	as	causas	da
riqueza	das	Nações.	Tem	como	discípulos	brilhantes	pensadores:	Malthus,	Ricardo,	Stuart	Mill
e	Say,	“que	buscam	[...]	explicar	pontos	ambíguos	da	obra	de	Smith”.	(PINHO,	2004,	p.	31).	Para
Adam	Smith,	todo	indivíduo	se	esforça	para	melhorar	o	seu	próprio	bem-estar.	Para	isso,	cada
indivíduo	tenta	ganhar	o	maior	lucro	no	mercado,	oferecendo	bens	ou	serviços	que	outros
indivíduos	necessitam	e/ou	desejam.	Segundo	ele,	existe,	entretanto,	uma	“mão	invisível”	que
combina	os	esforços	individuais,	faz	a	sociedade	avançar	economicamente	e	aumenta	o	bem-
estar	de	todos.	Para	Smith:
Não	devemos	esperar	que	nosso	jantar	venha	da	benevolência	do	açougueiro,	do	cervejeiro	ou
do	padeiro,	mas,	sim,	de	sua	consideração	para	com	seus	próprios	interesses.	Nós	não	nos
dirigimos	ao	seu	humanitarismo,	e	sim	ao	seu	amor-próprio,	e	nunca	lhe	falamos	de	nossas
necessidades,	mas	de	suas	vantagens.
(SMITH	apud	HUNT,	1984,	p.	81)
10
Dessa	maneira,	deixados	sem	interferência	do	Estado,	todos	os	agentes	econômicos,	ao
buscarem	seu	próprio	bem-estar	(seus	próprios	interesses,	nas	palavras	de	Smith),	seriam
conduzidos	pela	“mão	invisível”	em	direção	a	um	maior	bem-estar	de	toda	a	sociedade.
Modernamente,	a	obra	de	Adam	Smith	pode	ser	considerada	uma	teoria	de	desenvolvimento
econômico.
Contrapondo-se	aos	processos	analíticos	da	Escola	Clássica,	Karl	Marx	vê	o	desenvolvimento
econômico	como	resultante	da	luta	de	classes	sociais.	De	um	lado,	coloca	empresários
capitalistas	(denominados	burgueses),	que	buscam	o	máximo	lucro;	do	outro,	estão
trabalhadores,	explorados	pelos	primeiros.	O	avanço	tecnológico	(uso	intensivo	de	máquinas	e
especialização	crescente	da	mão	de	obra)	–	típico	de	sua	época	e	que	constituiu	o	que	se
tornou	mais	tarde	conhecido	como	Revolução	Industrial	–	reduzia	a	importância	da	mão	de
obra	na	formação	da	riqueza.	Segundo	Marx,	os	empresários	pagavam	aos	trabalhadores
salários	de	subsistência	(que	permitiam	apenas	a	mínima	manutenção	do	bem-estar	dos
trabalhadores	e	sua	reprodução	física).	Isso	aumentaria	o	lucro,	o	qual	seria	reinvestido	em
mais	máquinas,	com	o	consequente	aumento	da	produção.	Essa	produção,	todavia,	não
encontraria	compradores	entre	os	trabalhadores	(que	recebiam	muito	pouco),	levando	o
capitalismo	a	crises	periódicas,	cada	vez	mais	profundas.	A	solução	para	essas	crises	seria	a
Revolução	do	Proletariado	(trabalhadores),	que	acabaria	com	a	propriedade	privada	–
Karl	Marx
11
passando	a	propriedade	de	tudo	para	o	Estado	–	e	daria	a	cada	homem	e	mulher	parcela	da
produção	equivalente	ao	respectivo	esforço	individual.
Podemos	dizer	que	a	abordagem	feita	por	Marx	de	sua	época	é	correta:	havia,	em	meados	do
século	XIX,	muita	exploração	social.	Suas	conclusões,	entretanto,	não	foram	validadas	pelos
acontecimentos	futuros.	Seus	estudos	tiveram	mais	influência	política	e	social	do	que	efeito
prático	no	desenvolvimento	econômico	posterior.
12
Continuação:	Fases	do	Pensamento
Econômico
Caro(a)	estudante,	continuaremos	com	o	percurso	histórico	e	evolução	do	pensamento	econômico.
Nesta	aula,	veremos	a	primeira	e	a	segunda	fase	deste.	Continue	estudando	para	desenvolver	as
competências	e	habilidades	necessárias	a	essa	área	de	atuação	e	do	conhecimento.	Boa	aula!
3ª	Fase	|	de	1870	a	1929:	a	Análise
Econômica	Moderna
Aula	02
13
O	ano	de	1870	marca	o	início	da	análise	econômica	moderna.	Os	economistas	desenvolvem
ideias	de	como	alocar	recursos	escassos	entre	usos	alternativos,	com	o	objetivo	de	maximizar	a
utilidade	ou	a	satisfação	dos	consumidores.	Nasce	a	economia	marginalista:	segundo	esta,	o
homem	é	um	ser	essencialmente	racional,	que	toma	decisões	calculadas,	aloca	os	recursos
escassos	para	a	otimização	de	seu	bem-estar:	ele	é	o	“homem	econômico”.
Por	sua	vez,	o	termo	“marginalista”	aqui	é	entendido	da	seguinte	maneira:	caso	aumentemos	o
uso	de	recursos	para	a	produção	de	determinado	bem	ou	serviço	em	uma	unidade,	em	quanto
aumentaria,	na	margem,	a	satisfação	do	consumidor	desse	bem	ou	serviço?
Ou	seja:	“O	‘homem	econômico’,	racional	e	calculador,	estaria	empenhado	em	equilibrar	seus
dispêndios	marginais	(aumento	do	uso	de	recursos	em	uma	unidade)	com	seus	ganhos
marginais	(ganho	adicional	de	bem-estar).”
A	análise	marginalista	apoia-se	na	crescente	sofisticação	da	Matemática	que	ocorre	no	final	do
século	XIX	e	início	do	século	XX.	Para	seus	seguidores	(chamados	de	marginalistas	ou
neoclássicos)	a	economia	tenderia	ao	equilíbrio.	As	intervenções	do	Estado,	ao	contrário	de
ajudar	nesse	equilíbrio,	levariam	à	redução	do	bem-estar	social.	Era	a	época	do	“laissez-faire,
laissez-passer”	(deixar	fazer,	deixar	passar,	em	francês):	os	agentes	econômicos	não	deveriam
ser	importunados	em	suas	atividades	econômicas	pelo	Estado,	o	qual	tinha	participação
mínima.	Dessa	maneira,	a	alocação	de	recursos	seria	ótima	e	a	economia	tenderia	ao
crescimento	contínuo	e	equilibrado.
14
4ª	Fase	|	De	1929	em	Diante:	a	Fase
Contemporânea
Em	outubro	de	1929,	o	pensamento	neoclássico	sofre	um	rude	golpe.	O	forte	desenvolvimento
econômico	das	primeiras	décadas	do	século	XX	é	pulverizado	pela	queda	da	Bolsa	de	Valores
de	Nova	Iorque.	Durante	anos,	os	países	ocidentais	acreditavam	que,	sem	a	interferência	do
Estado,	a	economia	cresceria	continuamente.	Parcelas	crescentes	da	população	investiam	em
ações	das	empresas:	o	preço	dessas	ações	subia	continuamente,	o	que	estimulava	mais
pessoas	a	investir	no	mercado	de	ações.
De	forma	simplificada,	o	preço	de	uma	ação	depende	de	dois	fatores:
Primeiro,	a	demanda	e	oferta	pela	mesma;	e,
Segundo,	o	potencial	de	lucro	da	empresa	que	comercializa	suas	ações.
15
Apesar	de	o	crescimento	da	população	aumentar	a	demanda	por	produtos	e	serviços	nas
primeiras	décadas	do	século	XX,	há	um	teto	para	o	potencial	de	lucro	de	uma	empresa.	Esse
teto	foi	estabelecido	no	que	foi	conhecido	como	Crash	de	1929.	Em	15	de	outubro	daquele
ano,	o	mercado	norte-americano	de	ações	começou	a	cair.	Todos	os	investidores	tentaram
vendersuas	ações	ao	mesmo	tempo.	O	preço	das	mesmas	desabou	e	fortunas	foram	perdidas.
As	pessoas,	agora	mais	pobres,	deixaram	de	consumir.	As	empresas,	sem	o	dinheiro	que	vinha
do	mercado	de	ações	e	observando	o	consumo	por	seus	bens	e	serviços	se	reduzir,	sofreram
prejuízos	e,	em	consequência,	começaram	a	demitir.	Os	fazendeiros	foram	arruinados,	pois	não
havia	mais	compradores	para	os	produtos	agrícolas.	Essa	conjuntura	reduziu	ainda	mais	o
consumo	de	toda	a	sociedade.	Instalou-se	o	que	foi	conhecido	como	a	Grande	Depressão:	a
redução	contínua	da	atividade	econômica,	o	fechamento	de	inúmeras	companhias	e	o	aumento
do	desemprego.	Calcula-se	que,	em	1932,	nos	Estados	Unidos,	um	em	cada	quatro
trabalhadores	estava	desempregado!
16
A	fase	contemporânea	do	pensamento	econômico	inicia-se	propriamente	com	a	Revolução
Keynesiana.	Após	1929,	não	mais	se	acreditava	no	equilíbrio	econômico	automático.	A
depressão	econômica	que	se	inicia	em	1929	irá	durar	quase	13	anos	em	alguns	países,	e	o
papel	“imparcial”	do	Estado	na	condução	da	economia	é	questionado.
O	economista	inglês	John	Maynard	Keynes	(daí	o	termo	“keynesianismo”Modalidade	de
intervenção	do	Estado	na	vida	econômica,	com	a	qual	não	se	atinge	totalmente	a	autonomia	da
empresa	privada,	e	que	prega	a	adoção,	no	todo	ou	em	parte,	das	políticas	sugeridas	na
principal	obra	de	Keynes,	A	Teoria	Geral	do	Emprego,	do	Juro	e	da	Moeda,	1936.	Tais	políticas
propunham	solucionar	o	problema	do	desemprego	pela	intervenção	estatal,	desencorajando	o
entesouramento	em	proveito	das	despesas	produtivas,	por	meio	da	redução	da	taxa	de	juros	e
do	incremento	dos	investimentos	públicos.)	acredita	que	o	Estado,	ao	contrário	de	ficar	isento
em	tempos	de	crise	econômica,	deve	ter	na	ação	governamental	um	instrumento	que	leve	ao
aumento	do	uso	de	recursos	produtivos	ociosos.
John	Maynard	Keynes
SAIBA	MAIS
Para	entender	como	os	EUA	enfrentou	uma	crise	econômica	mundial,	entre	os	anos
de	1929	e	1933,	leia	o	texto	disponível	ao	clicar	aqui .
17
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/crise-de-1929-do-crash-da-bolsa-de-valores-ao-new-deal.htm
Em	épocas	de	crise,	Keynes	sugeria	que	o	Estado	deveria	promover	amplos	programas	de
incentivo	econômico	que	levassem	ao	pleno	emprego	dos	recursos	econômicos	ociosos.	Como
durante	uma	recessão	econômica	reduz-se	o	recebimento	de	impostos	pelo	Estado,	o
financiamento	desses	programas	econômicos	deveria	ser	feito	pela	impressão	de	dinheiro.
Keynes	acreditava	que	programas	econômicos	reestimulariam	as	empresas	a	produzir	e	a
reempregar	as	pessoas.	A	economia	sairia	da	depressão	e,	com	o	aumento	da	produção,
haveria	o	aumento	do	pagamento	de	impostos,	o	que	permitiria	ao	Estado	reequilibrar	suas
finanças	e	reduzir	a	impressão	de	dinheiro	para	pagar	suas	contas.
A	partir	de	1932,	as	ideias	keynesianas	influenciaram	fortemente	o	presidente	norte-
americano	Franklin	Roosevelt	em	seu	programa	econômico	de	reforma	da	economia	norte-
americana,	conhecido	como	“New	Deal”	(Novo	Acordo).	Simplificadamente,	Roosevelt	utilizou
os	seguintes	instrumentos	para	levantar	a	economia	americana:
1. Um	vasto	programa	de	obras	públicas.
2. A	destruição	de	estoques	de	produtos	agrícolas	que	estavam	sem	compradores,	de	modo	a
levantar	os	preços	desses	produtos.
18
3.	O	controle	de	preços	e	produção	para	evitar	crises	de	superprodução.
4.	A	diminuição	e	regulamentação	da	jornada	de	trabalho,	para	aumentar	a	oferta	de	empregos.
As	ações	empreendidas	reverteram	a	deterioração	da	economia	norte-americana.	Essas	ações,
em	maior	ou	menor	medida,	foram	adotadas	por	outros	países	atingidos	pela	Grande
Depressão.
Após	a	Segunda	Guerra	Mundial	(1939-1945),	as	ideias	keynesianas	dominam	o	pensamento
econômico.	Para	manter	a	atividade	econômica	em	alta,	o	Estado	atua	cada	vez	mais
intensamente	na	economia.	Surge	o	Estado	intervencionista,	ou	seja,	um	Estado	que	interfere
na	economia	com	os	seguintes	objetivos:
1.	Regulação	do	setor	privado,	com	a	fixação	de	regras	do	mercado,	dos	preços	de	bens	e
mercadorias	e	dos	salários;
2.	Estímulo	ao	crescimento	contínuo	da	economia;
3.	Redução	das	desigualdades	sociais;	e
4.	Correção	das	falhas	de	mercado:	“Os	mercados	‘falham’	na	alocação	de	recursos	e	o	governo	é
chamado	a	corrigir	essas	falhas”	(SOUZA,	2009,	p.	43).
Apesar	da	aplicação	crescente	das	ideias	de	Keynes	após	1945,	houve	críticos	que
expressaram	preocupação	com	o	que	eles	chamavam	de	“intervenção	excessiva”	do	Estado	na
economia.	Entre	esses	críticos,	destacam-se	os	monetaristas	(ou	neoclássicos	conservadores).
Para	estes,	ao	contrário	do	que	pensam	os	keynesianos,	a	economia	tende	a	trabalhar
eficientemente	se	a	participação	do	Estado	for	reduzida.	Ao	reduzir-se	a	participação	estatal
na	economia,	alcança-se	o	pleno	emprego	de	recursos	da	economia,	inclusive	o	pleno	emprego
da	mão	de	obra	disponível.
Outra	crítica	dos	monetaristas	é	o	fato	de	que,	ao	intervir	na	economia,	sobretudo	quando	há
poucos	impostos	a	recolher,	o	governo	tende	a	gastar	mais	do	que	recebe	e,	para	cobrir	a
diferença,	imprime	moeda.	No	entanto,	a	impressão	de	moeda	pode	causar	inflação,	ou	seja,	o
aumento	contínuo	e	generalizado	dos	preços	de	uma	economia.
19
Por	fim,	a	partir	de	1950,	importantes	trabalhos	sobre	desenvolvimento	econômico	–	focados
no	subdesenvolvimento	–	foram	elaborados	pela	Comissão	Econômica	para	a	América	Latina	e
o Caribe	(Cepal),	sediada	na	capital	do	Chile,	Santiago.	Esses	estudos	observaram	os	problemas
econômicos	dos	países	componentes	da	Cepal.	Surge	a	tese	estruturalista,	segundo	a	qual	o
quadro	de	pobreza	encontrado	na	maioria	dos	países	dessas	duas	regiões	se	devia	a	causas
estruturais,	tais	como:
Os	países	da	região	eram	principalmente	exportadores	de	produtos	primáriosBens
produzidos	em	atividades	agropecuárias	ou	resultantes	de	extração	mineral	e	vegetal
(SANDRONI,	1999,	p.	498).	(exemplo:	café	no	Brasil	e	estanho	na	Bolívia);	haveria	pouca
oferta	de	alimentos	e	outros	produtos	para	as	populações	locais,	o	que	elevava	o	preço
desses	bens	e	causava	pobreza	crônica.	Além	disso,	a	posse	da	terra	era	muito
concentrada,	dificultando	ainda	mais	a	produção	de	alimentos.
Os	países	das	regiões	latino-americana	e	caribenha	comprariam	produtos	importados
industrializados,	cujos	preços	se	elevavam	continuamente.	O	contrário,	entretanto,
ocorreria	com	os	preços	dos	produtos	exportados	por	esses	países	(sobretudo	alimentos
e	minérios),	que	apresentavam	queda	contínua	de	preços	nos	mercados	mundiais.	Dessa
maneira,	poucos	recursos	eram	obtidos	com	exportações	e	muitos	recursos	eram	gastos
com	importações.	Isso	causava	problemas	de	balanço	de	pagamentos.
Dessa	maneira,	para	resolver	problemas	econômicos,	haveria	a	necessidade	de	mudanças	nas
estruturas	econômicas	dos	países	latino-americanos	e	caribenhos,	mudanças	que	incluíssem	a
reforma	agrária	e	a	promoção	de	maior	produção	para	o	mercado	interno.	Ademais,	esses
países	deveriam	estimular	exportações	de	produtos	mais	industrializados,	em	lugar	de	se
concentrarem	na	exportação	de	alimentos	e	minérios.
A	tese	estruturalista,	lançada	após	os	anos	1950,	enfrentou	forte	resistência	política	por	parte
de	países	como	os	Estados	Unidos,	que	a	viam	como	uma	ameaça	aos	interesses	dos	países
mais	desenvolvidos	nas	regiões	latino-americana	e	caribenha.	Ademais,	temas	como	reforma
VÍDEO
Para	entender	mais	sobre	o	processo	inflacionário	pelo	qual	passou	o	Brasil	há
algumas	décadas,	veja	vídeo	da	TV	Folha	disponível	a	seguir.
20
agrária	foram	sempre	complicados	na	América	Latina	e	no	Caribe,	regiões	onde	há	forte
concentração	de	terras	em	mãos	de	poucos	proprietários.
A	tese	estruturalista	explica	as	dificuldades	de	desenvolvimento	que	países	como	o	Brasil
enfrentaram	de	1950	até	muito	recentemente.
Para	finalizar,	vejamos	um	quadro-resumo	com	as	principais	correntes	de	pensamento	e
características	das	quatro	fases	abordadas.
Fase Principais	épocas,	pensamentos	econômicos	e	respectivas	características.
Das	origens	até
cerca	de	1750:
fase	pré-
científica	da
Economia
Antiguidade:Soluções	adaptadas	a	princípios	específicos.	Idade	Média:	Feudalismo	e	retorno
à	atividade	rural,	economia	de	subsistência	e	trabalho	servil.	Corporações	de	Ofício.	Justo
preço.	Moderação.	Mercantilismo:	Grandes	Descobrimentos,	afluxo	de	metais	e	produtos
das	Américas	para	a	Europa.	Riqueza	das	Nações.
De	1750	a
1870:	fase
científica	da
Economia	–	a
Fisiocracia,	a
Escola	Clássica
e	o	Marxismo
Fisiocracia:	sistema	econômico	é	um	“organismo”	regido	por	leis	próprias,	mas	derivado	da
ordem	natural	das	coisas.	Tableau	économique.	Adam	Smith	e	seguidores:	nenhuma
interferência	do	Estado,	bem-estar	“dirigido”	pela	“mão	invisível”,	favorece	o	esforço
individual.	Karl	Marx:	desenvolvimento	econômico	é	resultado	da	luta	de	classes.	Revolução
do	Proletariado.	Análise	mais	política	e	social	do	que	econômica.
De	1870	a
1929:	a	análise
econômica
moderna
Teoria	Marginalista:	economia	tende	ao	equilíbrio	automático.	“Homem	econômico”.
Nenhuma	intervenção	estatal.	Laissez-Faire.
De	1929	em
diante:	a	fase
contemporânea
Revolução	Keynesiana:	Grande	Depressão,	forte	intervenção	estatal	em	tempos	de	crise.
Busca	do	pleno	emprego.	“New	Deal”.	Monetaristas:	redução	da	participação	do	Estado.
Inflação	pode	ser	causada	por	excesso	de	gastos	governamentais	financiados	pela	impressão
de	moeda.	Tese	Estruturalista:	o	subdesenvolvimento	ocorre	por	causas	estruturais.	Países
pobres	exportam	alimentos	e	minérios	e	importam	produtos	industrializados.	Forte
concentração	de	terras.	Reforma	Agrária.	Grande	resistência	por	parte	dos	países	mais
desenvolvidos.
21
Conceitos	Básicos	e	Ideias	Principais
da	Ciência	Econômica	(parte	1)
Esta	aula	é	a	primeira	parte	do	conteúdo	sobre	conceitos	básicos	e	ideias	principais	da	ciência
econômica.	Fique	atento,	os	conceitos	apreendidos	aqui	têm	grande	valia	para	a	formação	nessa	área.
Continue	estudando!
Lei	da	Escassez
Nesta	aula,	veremos	conceitos	básicos	que	serão	utilizados	para	a	compreensão	de	algumas
ideias	principais	da	ciência	econômica.	Comecemos	com	a	chamada	lei	da	escassez.
Sandroni	(1999,	p.	211)	esclarece	que:
A	escassez	surge	do	pressuposto	de	que	as	necessidades	humanas	são	infinitas,	ao	passo	que
os	bens	ou	os	meios	de	satisfazê-las	são	sempre	finitos.	[...]	O	homem	pode	produzir	o
suficiente	de	qualquer	bem	[...]	para	satisfazer	completamente	determinada	necessidade,	mas
jamais	poderá	produzir	o	suficiente	de	todos	os	bens	para	atender	simultaneamente	a	todas
as	necessidades.	De	acordo	com	essa	definição,	a	ciência	econômica	serviria	exatamente	para
gerir	a	escassez.
(SANDRONI,	1999,	p.	211)
Aula	03
22
Ou	seja,	haveria	uma	lei	que	apresenta	à	humanidade	alternativas	de	consumo	e	a	faz	escolher
qual	tipo	de	bem	econômico	deseja	produzir.	Como	já	explicamos,	os	desejos	da	humanidade
não	têm	fim,	mas	isso	não	desobriga	a	humanidade	de	escolher	como	alocar	seus	recursos	para
atender	o	máximo	possível	de	suas	necessidades.
Curva	de	Possibilidades	de	Produção
(CPP),	Pleno	Emprego	e	Fatores	de
ProduçãoElementos	indispensáveis	ao
processo	produtivo	de	bens	materiais
(SANDRONI,	1999).
Uma	maneira	simplificada	de	expressar	a	capacidade	máxima	de	produção	de	uma	economia	é
apresentado	pela	Curva	de	Possibilidades	de	Produção	(CPP).	Segundo	Vasconcellos	e	Garcia
(2008,	p.	5),
Trata-se	de	conceito	teórico	com	o	qual	se	ilustra	como	a	escassez	de	recursos	impõe	um
limite	à	capacidade	produtiva	de	uma	sociedade,	que	terá	que	fazer	escolhas	entre	diferentes
alternativas	de	produção.
(VASCONCELOS;	GARCIA,	2008,	p.	5)
SAIBA	MAIS
Observe	que	o	sentido	de	lei	econômica	aqui	não	é	o	mesmo	do	que	lei	jurídica.	A	lei
econômica	deve	ser	entendida	como	um	princípio	que	deriva	da	observação	de	uma
dada	situação	econômica.	Para	saber	mais,	Leia	o	QRCode	a	seguir 	e	leia	o
conteúdo	disponível.
23
http://estudoeconomia.webnode.com.br/news/lei-economica-vs-lei-cientifica-/
Para	entender	esse	conceito,	pensemos	em	uma	economia	que	produza	apenas	canhões	ou
manteiga,	como	a	descrita	no	gráfico	abaixo.	Caso	a	defesa	do	país	seja	mais	importante,
canhões	terão	preferência	nas	decisões	de	produção.	Caso	queira	mais	alimentos,	a	sociedade
produzirá	mais	manteiga.
Como	ilustra	a	figura,	nos	pontos	A,	B,	C,	D,	E,	e	F,	a	economia	estará	em	seu	limite	de	pleno
emprego,	ou	seja,	utiliza	o	máximo	de	suas	capacidades	produtivas,	e	escolherá	uma	das
alternativas	de	produção.	No	caso	do	ponto	G,	a	economia	está	produzindo	abaixo	do	pleno
emprego	e	a	sociedade	poderá	escolher	produzir	mais	canhões	e	mais	manteiga,	ao	mesmo
tempo.
Finalmente,	a	economia	não	poderá	produzir	no	caso	do	ponto	H,	pois	este	se	encontra	acima
da	curva	de	possibilidades	de	produção.	Para	alcançar	um	ponto	como	H,	a	economia	deverá	se
expandir	tecnologicamente,	ou	seja,	utilizar	melhor	seus	fatores	de	produção,	de	molde	a
alcançar	maior	produtividade.
Afinal,	quais	são	as	questões	centrais	da	Economia?
Para	decidir	entre	diversas	alternativas	de	produção,	a	humanidade	deve	responder	três
questões	centrais.	Rizzieri	(2004,	p.	11)	esclarece	que	essas	questões	são	as	descritas	a	seguir,
resumidas	no	quadro.
Figura	1:	Economia	que	produz	canhões	ou	manteiga
24
Questão Objetivo	da	questão
O	que	e
quando
produzir?
Significa	escolher	quais	produtos	deverão	ser	produzidos	(por	exemplo,	carros	ou	ônibus)	e
em	quais	quantidades.
Como
produzir?
Implica	escolher	quais	recursos	serão	utilizados	e	de	que	maneira	eles	serão	combinados
dentro	de	um	processo	técnico	determinado.
Para	quem
produzir?
Informa	a	quem	se	destinará	a	produção.	Esta,	talvez,	seja	a	escolha	mais	difícil	e	de	maior
impacto	na	distribuição	de	bem-estar	de	toda	a	sociedade.
Agentes	Econômicos
Devemos	igualmente	entender	que	a	economia	é	praticada	por	agentes	conhecidos	como
agentes	econômicos.	A	Associação	Portuguesa	de	Bancos,	em	seu	sítio	eletrônico,	estabelece
esse	conceito:
Os	agentes	econômicos	são	todos	os	indivíduos,	instituições	ou	conjunto	de	instituições	que,
através	das	suas	decisões	e	ações,	tomadas	racionalmente,	intervêm	num	qualquer	circuito
econômico.	Apesar	de	terem	funções	diferenciadas	no	circuito	econômico,	de	produção,	de
consumo	ou	de	investimento,	estabelecem	entre	si	relações	econômicas	essenciais:
Estado:	Que	toma	decisões	de	consumo,	de	investimento	e	de	política	econômica;
Famílias:	Que	tomam	decisões	sobre	o	consumo	de	bens	e	serviços	e	de	poupança,	mediante
os	rendimentos	auferidos;
VÍDEO
Para	saber	mais	sobre	a	escassez	e	a	Curva	de	Possibilidades	de	Produção,
veja	o	vídeo	a	seguir.
25
Empresas:	Que	tomam	decisões	sobre	investimento,	sobre	produção	e	a	oferta	de	trabalho.
Estes	três	agentes,	em	conjunto	com	as	instituições	financeiras,	fazem	parte	de	uma
Economia	Fechada.	Contudo,	e	cada	vez	mais,	deve	considerar-se	um	quarto	agente,	o
Exterior,	com	os	quais	os	restantes	agentes	econômicos	nacionais	estabelecem,	num	quadro
de	Economia	Aberta,	relações	econômicas	intensas.
(ASSOCIAÇÃO	PORTUGUESA	DE	BANCOS,	2014)
As	interações	entre	esses	agentes	econômicos	estabelecem	as	“respostas”	às	questões	acima
mencionadas.
26
Conceitos	Básicos	e	Ideias	Principais
da	Ciência	Econômica	(parte	2)
Esta	é	a	segunda	parte	do	conteúdo	sobre	conceitos	básicos	e	ideias	principais	da	ciência	econômica.
Continue	estudando	para	desenvolver	as	competências	e	habilidades	necessárias	a	essa	área	de
atuação	e	do	conhecimento.	Boa	aula!
Bem	Econômico	e	Fluxos	Fundamentais	da
Economia
Outro	tipo	de	conceito	necessário	ao	bom	entendimento	da	disciplina	Economia	é	o	de	bens.
Primeiro	conceituemos	bem	econômico.
Sandroni	(1999)	informa	que	“bem	é	tudo	o	que	tem	utilidade,	podendo	satisfazer	uma
necessidade	ou	suprir	uma	carência”.	Esclarece	também	que	“os	bens	econômicos	são	aqueles
relativamente	escassos	ou	que	demandam	trabalho	humano	(e	para	os	quais	podemos	atribuir
um	preço).	Assim,	por	exemplo,	o	ar	é	um	bem	livre,	mas	o	minério	de	ferro	é	um	bem
econômico”	(SANDRONI,	1999,	p.	51).
Os	bens	podem	ser	classificados	em	dois	tipos	básicos:
Bens	finais:	aqueles	destinados	ao	consumofinal	pelos	agentes	econômicos.	Por	exemplo,	o
pão,	uma	residência	ou	um	carro.
Aula	04
27
Bens	intermediários:	aqueles	necessários	para	a	produção	de	bens	finais.	Por	exemplo,	a
farinha	(pão),	o	cimento	e	o	tijolo	(residência);	e	o	aço	e	a	borracha	(carro).
Esse	uso	de	bens	pelos	agentes	econômicos	se	faz	no	que	se	denomina	fluxos	fundamentais	da
economia.	Em	uma	economia	de	mercado,	os	bens	e	serviços	que	serão	vendidos	terão	suas
quantidades	e	valores	decididos	pela	livre	concorrência	entre	os	agentes	econômicos.	Os	bens
e	recursos	circulam	entre	famílias	e	empresas	e	daí	o	conceito	de	fluxos.
Veja,	de	forma	esquemática,	a	seguir,	como	esse	fluxo	é	organizado:
SAIBA	MAIS
Para	mais	informações	sobre	os	tipos	de	bens,	Leia	o	QRCode	a	seguir 	e	leia	o
texto	disponível.
Figura	2:	Fluxos	da	Economia
Fonte:	Disponível	em:	<http://tinyurl.com/mfhb5lh>.	Acesso	em:	1º	fev.	2014.
28
http://www.brasilescola.com/economia/bens.htm
Há	dois	tipos	básicos	de	fluxos	fundamentais:
No	lado	real	da	economia	ocorre	o	fluxo	de	bens	e	serviços.	Nesse	caso,	as	famílias
fornecem	recursos	às	empresas	e	as	empresas	suprem	as	famílias	com	unidades	de	bens	e
serviços	finais.
No	lado	monetário	da	economia,	ocorre	o	fluxo	referente	ao	pagamento	pelos	recursos
empregados	e	por	bens	e	serviços	adquiridos.	Empregando	a	moeda	como	meio	de
pagamento,	as	empresas	remuneram	as	famílias	pelos	recursos	empregados.	Essas,	por
sua	vez,	transferem	às	empresas	parte	dos	ganhos	recebidos,	ao	pagarem	pelos	bens	e
serviços	adquiridos.
Tipos	de	Organização	de	Mercado
Vejamos	quais	tipos	de	economia	o	mundo	atual	apresenta:
Economia	de	mercado:	este	conceito	já	foi	apresentado	anteriormente,	mas	não	custa	repeti-
lo:
Economia	de	mercado	é	a	livre	relação	entre	agentes	econômicos	em	um	mercado	para	a
satisfação	de	suas	respectivas	necessidades,	utilizando	um	sistema	de	preços	para	sinalizar
essas	trocas.
Economia	centralmente	planificada:	para	SANDRONI	(1999,	p.	190),
Economia	centralmente	planificada	é	a	denominação	dada	às	economias	socialistas,	por
oposição	à	descentralização	que	caracteriza	as	economias	[...]	de	mercado.	Distingue-se	pela
propriedade	estatal	dos	meios	de	produção	e	pela	planificação	centralizada	da	economia
nacional.	O	Estado,	por	meio	de	órgãos	especializados,	administra	a	produção	em	geral,
determinando	seus	meios,	objetivos	e	prazos	de	concretização;	organiza	os	processos	e
métodos	de	emprego	dos	fatores	de	produção;	controla	de	forma	rígida	os	custos	e	preços	dos
produtos;	controla	ainda	os	mecanismos	da	distribuição	e	dimensiona	o	consumo.
(SANDRONI,	1999,	p.	190,	grifos	nossos)
29
Observa-se	que	existem	atualmente	pouquíssimas	economias	centralmente	planificadas.
Podemos	citar	Cuba	e	Coreia	do	Norte	como	economias	que	efetivamente	são	centralmente
planificadas.
Economia	mista:	Sandroni	(1999,	p.	191),	sobre	esse	tipo	de	economia,	esclarece	que:
[...]	é	um	sistema	econômico	em	que	uma	parte	dos	meios	de	produção	pertence	ao	Estado	e	a
outra,	a	empresários	particulares.	Existe	em	muitos	países	capitalistas	[...].	Nessas	condições,
o Estado,	além	de	orientar	a	economia,	detém	a	propriedade	de	empresas	em	setores
considerados	estratégicos	(bancos,	indústrias	de	base,	transporte,	saúde	e	educação).	Deixa	à
iniciativa	privada	importantes	segmentos	da	economia.
(SANDRONI,	1999,	p.	191,	grifos	nossos,	com
adaptações)
Podemos	dizer	que,	por	conta	da	influência	keynesiana	a	partir	de	1945,	as	economias	mistas
dominam	o	cenário	mundial.
VÍDEO
Veja	a	palestra	disponível	a	seguir	e	saiba	mais	sobre	as	teorias	econômicas	de
Keynes.
30
A	Função	de	Produção
Veremos,	nesta	aula,	detalhes	sobre	a	função	da	produção.	Os	conceitos	apreendidos	aqui	têm	grande
valia	para	a	formação	nessa	área.	Boa	aula!
A	produção	das	mercadorias	e	serviços,	por	parte	das	firmas,	envolve	a	transformação	dos
insumos	por	meio	do	uso	dos	recursos	produtivos:	matérias-primas,	gastos	com	trabalhadores,
uso	das	máquinas	e	equipamentos.	Por	exemplo:	os	fabricantes	de	móveis	utilizam	os	serviços
do	capital	por	meio	das	máquinas,	equipamentos	e	instalações,	já	os	serviços	do	trabalho	se
utilizam	do	emprego	da	mão	de	obra.
A	Função	de	Produção
Os	recursos	produtivos	que	as	empresas	usam	para	produzir	bens	e	serviços	são	chamados	de
fatores	de	produção.
De	uma	forma	mais	ampla,	os	fatores	de	produção	englobam	os	seguintes	elementos:	capital,
trabalho,	recursos	naturais	e	tecnologia.
Aula	05
31
Capital	descreve	o	estoque	de	máquinas,	equipamentos	e	infraestrutura	que	podem	ser
usados	na	produção;	o	trabalho,	por	sua	vez,	apresenta	o	que	o	ser	humano	pode	produzir;	os
recursos	naturais	são	os	elementos	que	provêm	da	natureza;	e	a	tecnologia	representa	a
aplicação	do	conhecimento	acumulado.	O	resultado	do	uso	dos	fatores	de	produção	é
denominado	de	produto	ou	produção	da	empresa.
Podemos	representar	matematicamente	as	várias	técnicas	que	uma	empresa	pode	escolher
para	realizar	suas	atividades,	por	meio	de	uma	função	de	produção.	Para	simplificar	nossa	aula,
vamos	supor	que,	nessa	função	de	produção,	tenha	somente	dois	fatores:	capital	e	trabalho.
Y	=	f(K(L))
Onde:
Y	=	Produção
K	=	Capital
L	=	Trabalho
Essa	fórmula	mostra	a	quantidade	máxima	a	ser	produzida	usando	capital	e	trabalho.	Por
exemplo,	essa	equação	possibilita	descrever	a	quantidade	de	máquinas	de	costuras
necessárias	para	uma	confecção	em	um	dado	período	de	tempo,	ao	mesmo	tempo	em	que	ela
possui	seiscentos	metros	quadros	de	área	construída	e	um	determinado	número	de
32
costureiras.	A	função	de	produção	possibilita	que	diversas	combinações	de	capital	(K)	e
trabalho	(L)	sejam	empregadas	na	produção.
Eficiência	Técnica	versus	Eficiência
Econômica
O	conceito	de	eficiênciatécnica	é	bastante	empregado	nas	empresas.	É	uma	condição	na	qual
as	empresas	combinam	os	insumos	usados	na	produção	para	alcançar	determinado	nível	de
produto,	utilizando	a	menor	quantidade	possível	de	insumos.
Vamos	usar	o	exemplo	de	dona	Iara?
Dona	Iara	é	proprietária	de	uma	pequena	confecção.	Mensalmente,	ela	produz	5	mil	peças	de
roupas	e,	devido	às	favoráveis	condições	de	mercado,	ela	planeja	aumentar	sua	produção	para
10	mil	peças	mensais.	Para	tanto,	ela	deverá	contratar	mais	trabalhadores	e	encomendar	mais
máquinas	de	costura,	além	de	expandir	seu	pequeno	galpão	industrial.
No	seu	planejamento,	ela	vai	se	deparar	com	várias	tecnologias	que	usam	combinações	de
capital	e	trabalho,	produzindo	a	mesma	quantidade	de	peças	de	roupa,	conforme	a	tabela	a
seguir.
Tecnologia/Insumos K	(Capital) L	(trabalho)
A 20 10
B 25 18
C 15 20
Tabela	1:	Combinações	de	tecnologia,	capital	e	trabalho
Qual	delas	é	mais	eficiente?
Para	responder	a	essa	pergunta,	vamos	empregar	o	conceito	que	aprendemos	sobre	eficiência
técnica,	que	aponta	a	combinação	que	utiliza	a	menor	quantidade	de	capital	e	trabalho.	Porém,
um	pequeno	alerta	deve	ser	feito	ao	estudante:	não	se	somam	coisas	diferentes	como	iguais.
33
Isto	é,	não	podemos	somar	capital	e	trabalho	da	mesma	forma	que	não	podemos	somar	arroz
com	feijão.
Assim,	nosso	foco	da	eficiência	técnica	vai	ser	em	cada	fator	de	produção.	Qual	a	tecnologia
que	emprega	menos	capital	e	qual	a	tecnologia	que	emprega	menos	trabalho.	Nesse	caso,
podemos	observar	a	que	a	tecnologia	“A”	apresenta	uma	eficiência	técnica	no	emprego	de
trabalho	e	a	tecnologia	“C”	apresenta	uma	eficiência	técnica	no	emprego	do	capital.
A	partir	do	conceito	de	eficiência	técnica,	vamos	apresentar	o	conceito	de	eficiência
econômica,	que	descreve	a	tecnologia	que	apresenta	o	menor	custo	de	produção.	Para	tanto,
vamos	usar	exemplo	anterior,	supondo	que	cada	unidade	de	capital	(Pk)	custe	5	unidades
monetárias	e	que	cada	trabalhador	(PL)	custe	20	unidades	monetárias.
Assim,	podemos	encontrar	o	custo	do	capital	(CK)	e	o	custo	do	trabalho	(CL).
CK	=	Pk	x	K
CL	=	PL	x	L
CT	=	CK	+	CL
Conforme	a	tabela	a	seguir,	a	tecnologia	que	apresenta	menor	custo	de	produção	é	a
tecnologia	“A”.	Nesse	caso,	podemos	afirmar	que	a	tecnologia	“A”	apresenta	uma	eficiência
econômica.Tecnologia K	(Capital) L	(trabalho) PK Ck PL CL CT
A 20 10 5 100 10 100 200
B 25 18 5 125 10 180 305
C 15 20 5 75 10 200 275
Tabela	2:	Tecnologias	com	diferentes	custos	de	produção
Nesse	exemplo,	a	escolha	de	uma	tecnologia	poupadora	de	trabalho	é	importante	para	balizar
as	decisões	que	um	administrador	de	empresas	deverá	fazer,	principalmente	se	as	perceptivas
de	longo	prazo	assinalarem	uma	forte	tendência	para	aumentos	reais	de	salários.	Desse	modo,
as	firmas	deverão	priorizar	tecnologias	poupadoras	de	trabalho	e	mais	intensivas	em	capital.
34
A	Função	de	Produção	no	Curto	Prazo
No	longo	prazo,	as	firmas	podem	aumentar	sua	produção	usando	livremente	qualquer
quantidade	de	capital	e	de	trabalho.	Todavia,	no	curto	prazo,	isso	não	é	possível.	Dona	Iara,
como	todo	e	qualquer	empresário,	terá	grandes	dificuldades	em	aumentar	sua	produção
comprando	mais	máquinas	e	equipamentos	e	ampliando	as	suas	instalações.	Assim,	restará
somente	uma	alternativa	para	aumentar	a	produção,	que	passa	pelo	emprego	de	mais
trabalhadores.
Nesse	caso,	nossa	função	de	produção	considera	que	o	estoque	de	capital	permanecerá
constante	ou	inalterado.	Em	outras	palavras,	para	aumentar	a	produção,	deve-se	empregar
mais	trabalhadores.
Y	=	f(L)
Na	tabela	a	seguir,	Dona	Iara	tem	a	quantidade	de	produção	em	função	do	número	de
costureiras	empregadas	na	linha	de	produção.	Ela	apresenta	a	quantidade	de	peças	de	roupas
que	uma	empresa	pode	produzir	em	um	dado	período	de	tempo	ao	empregar	várias
quantidades	de	trabalhadores	(L)	dentro	de	uma	fábrica	de	certo	tamanho	com	um
determinado	conjunto	de	máquinas	(estoque	de	capital	constante).
Inicialmente,	podemos	observar	que,	à	medida	que	ela	contrata	mais	costureiras,	sua	produção
aumenta.	Quando	não	há	ninguém	na	linha	de	produção,	a	produção	é	zero.	Porém,	ao
contratar	o	primeiro	trabalhador,	a	produção	total	será	de	20	peças;	com	o	segundo
trabalhador,	a	produção	total	sobe	para	38	peças;	com	o	terceiro	empregado,	54	peças	serão
produzidas.	A	produção	alcançará	seu	ponto	máximo	quando	a	firma	contratar	sete
trabalhadores	na	linha	de	produção.	A	partir	desse	número	de	trabalhadores,	qualquer
trabalhador	que	for	contratado	provocará	uma	redução	na	quantidade	a	ser	produzida.
Esse	fenômeno	obedece	ao	principio	da	Lei	dos	Rendimentos	Decrescentes.	Segundo	essa
teoria,	à	medida	que	a	utilização	de	um	insumo	aumenta	(nesse	caso,	a	mão	de	obra)	e	as
quantidades	dos	demais	insumos	permanecem	constantes,	produto	marginal	daquele	insumo
diminui.	No	caso	da	firma	da	dona	Iara,	ela	também	mostra	que	sua	estratégia	de	aumentar	a
produção	contratando	mais	trabalhadores	tem	um	limite:	nesse	caso,	de	sete	costureiras.
Assim,	qualquer	trabalhador	a	mais	ou	a	menos	contratado	implicará	em	uma	produção	menor.
35
Y	(peças	de	roupas) L	(trabalhadores) PméL PmgL
0 0
20 1 20,00 20
38 2 19,00 18
54 3 18,00 16
68 4 17,00 14
80 5 16,00 12
86 6 14,33 6
90 7 12,86 4
88 8 11,0 -2
Tabela	3:	Confecção	da	dona	Iara
SAIBA	MAIS
Em	resumo:	o	Produto	Marginal	do	Trabalho	(PMgL)	descreve	o	acréscimo	na
produção	total	por	cada	trabalhador	adicional	contratado.	Em	outras	palavras,	o
produto	marginal	do	trabalho	sinaliza	para	o	administrador	da	firma	qual	seria	a
contribuição	na	produção	se	ele	contratasse	um	trabalhador	a	mais.
36
Atenção,	estudante.	Não	devemos	confundir	os	rendimentos	marginais	decrescentes	com
possíveis	alterações	na	qualidade	dos	trabalhadores	empregados.	Os	trabalhadores
contratados	possuem	a	mesma	habilitação	que	todos	os	demais.	Em	sua	perspectiva,	elas
resultam	de	limitações	no	emprego	dos	demais	fatores	produção	que	são	mantidos	inalterados
e	não	do	declínio	da	qualidade	dos	trabalhadores.	Da	mesma	forma,	também	não	devemos
confundir	os	rendimentos	marginais	decrescentes	com	rendimentos	negativos,	visto	que	se
trata	de	acréscimos	cada	vez	menores	à	produção	quando	são	contratados	novos
trabalhadores,	e	não	necessariamente	negativo.
Entretanto,	a	Lei	dos	Rendimentos	Decrescentes	funciona	quando	se	emprega	uma	dada
tecnologia	nas	linhas	de	produção.	Uma	nova	tecnologia	pode	aumentar	a	produção	usando	as
mesmas	quantidades	de	capital	e	de	trabalho	empregadas	com	uma	tecnologia	defasada.
Além	do	produto	marginal	do	trabalhado,	também	podemos	encontrar	outro	indicador.	O
Produto	Médio	do	Trabalho	(PméL).
O	Produto	Médio	do	Trabalho	é	encontrado	se	dividirmos	a	produção	da	firma	pelo	número	de
trabalhadores	contratados.	Trata-se	de	um	dos	principais	indicadores	da	economia.	Com	ele,	é
possível	identificar	a	produção	média	por	trabalhador	e	constitui-se	no	excelente	indicador	de
produtividade	de	empresa.
Figura	3:	Função	da	Produção	da
Firma
37
A	Função	de	Produção	no	Longo	Prazo
No	curto	prazo,	observamos	que,	para	elevar	a	produção	de	uma	empresa,	aumentamos	o	uso
de	um	fator	de	produção,	enquanto	os	outros	permanecem	constantes.	No	caso	da	firma	da
dona	Iara,	a	sua	produção	somente	poderia	crescer	se	usasse	mais	trabalhadores.
No	longo	prazo,	as	firmas	podem	aumentar	a	sua	produção	acrescentando	livremente
qualquer	quantidade	adicional	de	capital	e	de	trabalho.	Os	rendimentos	de	escala	mostram	a
propriedade	técnica	da	função	de	produção	para	descrever	a	relação	entre	a	escala	e
eficiência.	Para	tanto,	todos	os	fatores	de	produção	devem	ser	aumentados	na	mesma
proporção.
Assim,	conforme	exemplo	anterior,	dona	Iara	gostaria	de	saber	qual	o	comportamento	de	sua
empresa	quando	ela	decide	usar	mais	quantidade	de	trabalho	e	de	capital	na	produção	de	sua
firma.	Atualmente,	ela	produz	mensalmente	com	eficiência	econômica	5	mil	peças	de	roupa,
empregado	20	unidades	de	capital	e	10	unidades	de	trabalho.
O	que	poderia	acontecer	com	a	produção	de	sua	firma	se	ela	aumentasse,	na	mesma
proporção,	as	quantidades	de	capital	e	de	trabalho?
Nesse	caso,	a	produção	pode	aumentar	de	três	formas	possíveis:
de	forma	proporcional;
de	forma	mais	que	proporcional;	e
de	forma	menos	que	proporcional.
Na	primeira	situação,	temos	um	rendimento	constante	de	escala.	Por	exemplo:	dona	Iara
aumenta	em	50%	o	uso	do	capital	e	do	trabalho,	o	que	proporciona	um	aumento	de	50%	na
produção	total.
Antes:	5.000	peças	=	f(20	unidade	de	capital;	10	unidade	de	trabalho)
Depois:	7.500	peças	=	f(30	unidades	de	capital;	15	unidade	de	trabalho)
Na	segunda	situação,	temos	um	rendimento	crescente	de	escala.	Por	exemplo:	dona	Iara
aumenta	em	50%	o	uso	do	capital	e	do	trabalho,	o	que	proporciona	um	aumento	de	80%	na
produção	total.
38
Antes:	5.000	peças	=	f(20	unidades	de	capital;	10	unidades	de	trabalho)
Depois:	8.000	peças	=	f(30	unidades	de	capital;	15	unidades	de	trabalho)
Na	terceira	e	última	situação,	temos	um	rendimento	decrescente	de	escala.	Por	exemplo:	dona
Iara	aumenta	em	50%	o	uso	do	capital	e	do	trabalho,	o	que	proporciona	um	aumento	de	40%
na	produção	total.
Antes:	5.000	peças	=	f(20	unidades	de	capital;	10	unidades	de	trabalho)
Depois:	7.000	peças	=	f(30	unidades	de	capital;	15	unidades	de	trabalho)
Caro(a)	estudante,	é	importante	salientar	que	os	rendimentos	decrescentes	de	escala	não	têm
nenhuma	relação	com	a	Lei	dos	Rendimentos	Decrescentes.	Os	rendimentos	decrescentes	de
escala	estão	relacionados	a	uma	situação	que	ocorre	quando	todos	os	fatores	de	produção
variam	em	uma	determinada	proporção.	Já	a	Lei	dos	Rendimentos	Decrescentes	está
relacionada	a	uma	situação	em	que	apenas	um	fator	de	produção	pode	variar,	enquanto	os
demais	permanecem	constantes.
SAIBA	MAIS
Estudantes,	no	acervo	da	disciplina,	há	três	interessantes	textos	sobre	o	que
estudamos	nesta	aula.	O	primeiro	é	mais	um	trecho	do	livro	Macroeconomia,	de
Pindyck	e	Rubinfeld,	intitulada	“Rendimentos	de	escala	na	Indústria	de	Tapetes”
.	O	segundo	trata	da	“Ineficiência	Técnica	entre	as	Indústrias	Americanas”
.	O	terceiro,	“Economias	de	Escala	no	Refino	de	Alumina” .	Acesse	e
saiba	mais!
39
Conceitos	Básicos	de	Receita	Total,
Custo	Total	e	Lucro
Nesta	aula,	última	da	unidade,	você	estudará	os	conceitos	básicos	de	receita,	custo	de	oportunidade,
fronteira	de	possibilidade	de	produção,	custo	de	produçãoe	lucros.	Este	estudo	objetiva	introduzir	os
conhecimentos	necessários	para	compreender	como	as	empresas	se	comportam	nos	diversos	tipos	de
ambientes	competitivos.
Receita	Total	e	Custo	Total
Para	tomar	as	decisões	em	sua	firma,	o	administrador	precisa	entender	a	função	fundamental
da	empresa.	Algumas	pessoas	criam	suas	empresas	visando	a	criação	do	bem-estar	da
sociedade	e	a	satisfação	pessoal.	Contudo,	as	chances	de	sobrevivência	dessa	firma	no	longo
prazo	são	bem	escassas.	A	maior	parte	dos	empreendedores	procura	gerar	condições	para	que
sua	atividade	seja	bem-sucedida.	Desse	modo,	uma	condição	fundamental	para	que	isso
aconteça	está	na	ocorrência	de	lucro.
A	função	fundamental	das	empresas	é	a	geração	de	lucro	para	seus	proprietários.	Em	linhas
gerais,	as	firmas	produzem	bens	e	serviços	que,	por	sua	vez,	necessitam	comprar	insumos	para
o	seu	funcionamento.	As	receitas	totais	das	firmas	são	provenientes	do	valor	da	produção
vendida	no	mercado.	Nesse	caso,	vamos	multiplicar	a	quantidade	produzida	pelos	preços
vendidos.
Aula	06
40
RT	=	P	x	Q
Já	as	despesas	efetuadas	para	a	produção	de	bens	e	serviços,	são	chamadas	de	Custos	Totais
(CT).
CT	=	∑	das	despesas	gastas	com	insumos.
O	que	representa	o	lucro	para	a	empresa.	Se	a	diferença	entre	Receita	Total	e	Custo	Total	for
positiva,	a	firma	estará	obtendo	lucro.	Mas	se	essa	diferença	for	negativa,	a	empresa	estará
apresentando	prejuízo.
Lucro	=	RT	–	CT	>	0
Prejuízo	=	RT	–	CV	<	0
As	empresas	entram	em	saem	dos	mercados	em	busca	de	lucros.	Se	os	mercados	permitissem
que	outras	empresas	entrassem	ou	saíssem	livremente,	novas	empresas	ingressariam	nesses
mercados	pressionados	para	baixo	as	taxas	de	lucros.
Custos	como	Custos	de	Oportunidade
Dona	Iara	pretende	montar	uma	panificadora	em	uma	cidade-satélite.	Para	produzir	pães,
bolos	e	doces,	ela	deverá	ter	um	conjunto	de	despesas	com	mão	de	obra,	matérias-primas,
41
impostos	do	governo,	etc.	Porém,	é	importante,	ao	mensurar,	os	custos	ter	a	consciência	o
custo	de	oportunidade.
Como	exemplo,	podemos	citar:
Deve-se	ou	não	comprar	um	carro?
Deve-se	pintar	a	casa	de	azul	ou	amarelo?
Deve-se	ou	não	aceitar	o	pedido	de	casamento?
Dever-se	ou	não	mudar	de	cidade?
Deve-se	ou	não	comprar	uma	casa?
Deve-se	ou	não	fazer	um	investimento	em	imóveis?
Segundo	Stiglitz	e	Walsh	(2003,	p.	137),	nem	sempre	é	fácil	encontrar	os	custos	de
oportunidade,	pois,	às	vezes,	é	muito	difícil	estimar	os	usos	alternativos	dos	recursos	da	firma.
O	tempo	que	o	administrador	gastou	para	expandir	as	atividades	da	sua	organização	poderia
ter	sido	empregado	para	melhorar	o	controle	dos	custos	da	firma.	O	dinheiro	empregado	na
compra	de	um	campo	de	futebol	para	os	funcionários	poderia	ter	tido	outro	destino.	O	que	foi
gasto	com	os	recursos	poderia	ter	sido	poupado,	proporcionando	valores	suficientes	para
cobrir	mais	do	que	o	necessário	para	comprar	títulos	de	sócios	aos	empregados	da	empresa	em
um	clube	social.
Como	se	pode	notar,	algumas	das	variáveis	usadas	pelas	pessoas	para	tomar	decisões	são
subjetivas.	Da	mesma	forma,	isso	também	se	reflete	nos	custos	de	produção	na	visão	dos
economistas.	Quando	os	economistas	trabalham	com	custos	de	produção,	eles	consideram
todos	os	custos	de	oportunidade	da	produção	de	bens	e	serviços.
SAIBA	MAIS
O	custodeoportunidade	representa	tudo	aquilo	que	a	pessoa	desiste	para	obter
alguma	outra	coisa.	O	custo	de	oportunidade	é	um	instrumento	empregado	pelas
pessoas	em	suas	tomadas	de	decisão.
42
Porém,	na	construção	dos	custos	de	oportunidade	de	uma	firma,	nem	sempre	os	custos	de
oportunidade	são	possíveis	de	serem	quantificados.	Nesses	casos,	eles	não	são	explícitos.
Segundo	Mankiw	(2013,	p.	269),	os	custos	explícitos	são	as	despesas	com	insumos	que	exigem
desembolso	por	parte	da	empresa.	Já	os	custos	implícitos	são	aqueles	que	não	exigem	gastos
monetários	por	parte	da	firma.
A	Curva	de	Possibilidade	de	Produção
A	curva	de	possibilidade	de	produção	ou	fronteira	de	possibilidade	de	produção	apresenta	de
forma	bem	clara	o	princípio	do	custo	de	oportunidade	para	a	economia	como	um	todo.	A	curva
de	possibilidade	de	produção	apresenta	todas	as	combinações	possíveis	de	bens	e	serviços
produzidos	na	economia,	partindo-se	de	uma	situação	de	pleno	emprego.
No	quadro	a	seguir,	vamos	apresentar	uma	pequena	economia	que	esteja	produzindo	somente
dois	bens,	como	as	seguintes	combinações	de	arroz	e	brinquedo.	Em	qualquer	ponto	a	ser
escolhido	pelo	estudante,	podemos	observar	que,	para	aumentar	a	produção	de	arroz,	a
economia	deve	sacrificar	a	produção	de	brinquedos.	Do	mesmo	modo,	se	a	economia	aumentar
a	produção	de	brinquedos,	ela	deve	sacrificar	a	produção	de	arroz.
Na	tabela	a	seguir,	é	possível	observar	que:	para	cada	unidade	de	arroz	a	ser	produzida,	há	uma
renúncia	de	10	unidades	de	brinquedo.	Em	sentido	inverso:	para	cada	unidade	de	brinquedo	a
ser	produzida,	há	uma	redução	de	0,1	unidades	de	produção	de	arroz.
Diversas	combinações	possíveis	de	produção	de	dois	bens	e	uma	economia	em	pleno	emprego.
43
Arroz Brinquedo
0 80
1 70
2 60
3 50
4 40
5 30
6 20
7 10
8 0
Tabela	4:	Combinações	possíveis	de	produção	de	dois	bens	e	uma	economia	em	pleno	emprego
Figura	4:	Curva	de	Possibilidade	de
Produção
44
Nem	sempre	é	possível	constatar	que	a	substituição	de	um	produto	por	outro,	conforme
exemplo	apresentado,	exiba	valores	constantes.	É	mais	provável	encontrar	o	contrário,	pois	os
valores	tendem	a	ser	diferentes,	em	virtude	dos	trabalhadores	empregados	não	terem	as
mesmas	habilidades	na	produção	em	todas	as	mercadorias.	O	agricultor	que	produz	arroz	não
tem	as	mesmas	habilidades	de	um	operário	que	produz	brinquedos	e	vice-versa.
Lucros	Contábeis	e	Lucros	Econômicos
Suponha	que	um	confeiteiro	monte	seu	negócio	em	uma	loja	alugada	e	pague	R$	10	mil	de
aluguel.	Suponha	ainda	que	ele	gaste	mensalmente	outros	R$	10	mil	com	matérias-primas	e	R$
20	mil	com	mão	de	obra.	Somando-se	tudo,	teríamos	R$	40	mil	em	custos	para	a	operação	do
açougue.	Mas	se	o	confeiteiro	comprar	a	loja,	ele	deixará	de	pagar	aluguel.	Isso,	sem	dúvida,
reduziria	os	seus	custos	explícitos	em	R$	10	mil.
Mas	os	seus	custos	econômicos	permaneceriam	idênticos,	pois	existe	um	custo	de
oportunidade	associado	ao	funcionamento	do	açougue	naquela	loja.	Ora,	se	a	confeitaria	não
estivesse	funcionando	ali,	o	dono	do	negócio,	no	caso,	o	confeiteiro,	poderia	alugar	a	loja	por
R$	10	mil.	Assim,	a	compra	da	loja	não	diminui	os	custos	sob	o	ponto	de	vista	econômico,
apenas	transforma	um	custo	explícito,	isto	é,	um	desembolso,	em	um	custo	implícito.
A	consideração	ou	não	dos	custos	implícitos	de	oportunidade	é	o	que	diferencia	a	visão	de	um
economista	para	a	visão	de	um	contador.
45
Como	exemplo	dessas	diferentes	visões,	considere	a	diferença	entre	o	lucro	contábil	e	o	lucro
econômico,	às	vezes,	também	chamado	de	lucro	econômico	puro.	Como	visto	anteriormente,	a
empresa	produz	e	vende	seus	produtos	e	serviços	obtendo,	então,	sua	receita	total.	Se	dessa
receita	você	deduzir	somente	os	custos	explícitos,	isto	é,	aqueles	custos	que	implicam
desembolsos	de	recursos	monetários,	você	obtém	o	lucro	contábil.
Para	obter	o	lucro	econômico,	devemos	ainda	deduzir	todos	aqueles	custos	implícitos,	ou	seja,
aqueles	custos	que	não	implicam	em	desembolsos,	mas	que	são,	todavia,	custos	de
oportunidade.
Observe	que	o	lucro	econômico	será	sempre	menor	que	o	lucro	contábil.
Assim,	quando	você	se	deparar	com	o	lucro	publicado	de	uma	empresa,	lembre-se	que	tal
resultado	é	contábil,	e	não	é	o	melhor	indicador	para	se	avaliar	o	real	desempenho	da	empresa,
pois	não	leva	em	conta	o	custo	de	oportunidade	associado	ao	emprego	do	seu	próprio	capital.
Figura	5:	Lucro	econômico	e	contábil
46
SAIBA	MAIS
Ao	terminamos	esta	aula,	vale	fazer	a	leitura	do	texto	complementar	disponível	no
acervo	da	disciplina,	intitulado	“Os	custos	de	oportunidade	do	curso	superior”
.	Trata-se	de	um	interessante	trecho	do	livro	Introdução	à	Economia,	de	Stiglitz	e
Walsh.
47
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