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MEDULA ESPINHAL Lara Camila | 4º Semestre É a estrutura que menos modificou após a formação do tubo neural no período embrionário; ou seja, ela se repete em todos os filos (está na porção mais caudal) e, à medida que os indivíduos foram evoluindo, receberam estruturas mais rostrais. A medula espinal compreende a parte mais distal do sistema nervoso central contida no estojo ósseo formado pelo canal vertebral; Anatomia da medula É uma estrutura cilíndrica formada por tecido nervoso (células da glia + neurônios) que preenche o canal da coluna vertebral; É segmentada, ou seja, apresenta segmentos, pois se conecta com as estruturas do corpo/periferia através de nervos espinhais; são os nervos espinhais que segmentam a medula e, ao todo, temos 31 nervos espinais mistos. Limites da medula Limite superior: forame magno; Limite inferior: T12/L1 ou L1/L2, no cone medular → afilamento das terminações nervosas medulares que formam um cone. Esse cone é fixado ao saco dural pelo filamento terminal, que se fixa ao periósteo da porção coccígea e tem a função de evitar a movimentação da medula. Abaixo do cone medular há um espaço vertebral que não é ocupado pela medula – isso porque a coluna vertebral cresce mais que a medula – e será preenchido por uma continuação das raízes nervosas e da meninge que formam, assim, a cauda equina) No sentido longitudinal, compreende as porções: cervical, torácica, lombar e sacrococcígea. Embora seja cilíndrica, a medula espinal não é uniforme; há locais de dilatações e intumescências (nessas regiões temos mais neurônios, pois precisamos realizar a parte motora dos membros): - Cervical: plexo braquial (C5-T1) - Lombar: plexo lombossacro (T11-L1) Envoltórios da medula espinhal Do mesmo modo que o encéfalo, a medula também é envolvida por meninges, no entanto se dispõem de forma diferente do encéfalo: ➢ Dura-máter; ➢ Aracnoidea; ➢ Pia-máter; A dura-máter é uma continuação da camada interna da dura mater do encéfalo, e reveste internamente a coluna vertebral. A aracnoidea está colada na dura-máter, sendo um segundo revestimento da coluna vertebral. A pia-mater “agarra” a medula propriamente dita, portanto, está diretamente associada ao tecido nervoso. Na porção mais distal da pia-máter será formada uma extensão meníngea que sai da pia-máter e se estende formando o saco dural (ao se fixar na dura-máter). Do saco dural, teremos um filamento terminal – que funciona como sustentação para o cone medular. Na medula, temos os espaços: ➢ Epidural ➢ Subdural ➢ Subaracnoide Não existem espaços amplos entre a dura-mater e os ossos do crânio; isso porque a dura-mater é formada por dois folhetos, um interno e um externo. Na medula, o folheto externo desaparece e, assim, na medula temos um espaço entre o periósteo da coluna vertebral e a dura máter, esse espaço é chamado de espaço epidural. O espaço epidural é preenchido por tecido adiposo e, entre esse tecido adiposo, temos o plexo venoso vertebral interno. Ou seja, a drenagem sanguínea da medula espinal é feita por esse plexo que ocupa o espaço epidural. O espaço subdural localiza-se entre a dura-máter e a aracnoidea; é um espaço virtual composto por uma pequena quantidade de LCR que tem a função de permitir o movimento entre as meninges. O espaço subaracnóideo está localizado entre a aracnoidea e a pia-máter; é composto por uma maior quantidade de LCR; o espaço subaracnoide é bastante amplo abaixo do cone medular (esse espaço é denominado de cisterna ou saco dural). Por isso, é o local ideal para realizar a punção. ➢ A extensão da pia-mater forma o ligamento dentiado que vai fixar a medula lateralmente à coluna vertebral, impedindo que a coluna se locomova lateralmente. Medula espinal: visão microscópica Na substância branca da medula encontramos: ➢ Sulcos laterais (anterior e posterior); ➢ Sulco intermédio posterior (que se localiza entre o sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior); ➢ Sulco mediano posterior; ➢ Fissura mediana anterior; ➢ Funículo anterior/lateral/posterior; ➢ Funículo posterior é dividido em fascículos: grácil e cuneiforme. ATENÇÃO: o sulco intermédio posterior surge apenas na região cervical, pois à medida que vamos subindo na medula espinal a substância branca vai aumentando. Ao subir para a cervical a substância branca fica maior, pois vai chegando mais fibras relacionadas às demais partes do corpo; na porção cervical recebemos fibras das informação dos membros inferiores, tronco, e membros superiores – o que não ocorre com a porção lombar. Assim, o sulco intermedio posterior divide o funículo posterior em dois, formando dois fascículos: grácil (mais medial, que conduz informações sensitivas dos MMII e tronco) e cuneiforme (mais lateral, que conduz informações sensitivas dos MMSS) De T6 para inferior não temos o sulco intermédio posterior, e assim, o funículo posterior praticamente se resume ao fascículo grácil. Com o surgimento do sulco intermédio posterior, surgirá o fascículo cuneiforme, que traz as informações dos MMSS; Na substância cinzenta da medula encontramos: ➢ Corno anterior/coluna anterior (direito e esquerdo); ➢ Corno lateral/coluna lateral (direito e esquerdo); ➢ Corno posterior/coluna posterior (direito e esquerdo). ATENÇÃO: o corno lateral existe apenas na porção toracolombar, pois é onde encontramos os neurônios pré- ganglionares simpáticos. Nervos espinhais Segmentos da medula A medula é segmentada (31 segmentos) por nervos; e, assim, temos os segmentos cervicais, torácicos, lombares e sacrococcígeos. ➢ Cervical: composto por 8 raízes, sendo que o forame magno se localiza no processo espinhoso de C6; ➢ Torácica: composto por 12 raízes; sendo C6-T4 superiores e T4-T9 inferiores. ➢ Lombar: composto com 5 raízes; ➢ Sacral: composto por 5 raízes, sendo que o cone medular está entre T12 -> L1/L2 ➢ Coccígea: composto por uma raiz; Correspondência vertebro-medular Clinicamente, os segmentos não estão relacionados ao processo espinhoso das vértebras; isso porque a coluna vertebral cresce mais (no sentido caudal) que a medula espinal. Por isso, o segmento medular estará sempre em uma posição mais cranial em relação ao processo espinhoso das vertebras. Quando o indivíduo tem 4 meses de vida intrauterina o segmento medular está alinhado ao processo espinhoso das vértebras; Durante o desenvolvimento intrauterino, a coluna vertebral cresce mais que a medula, e assim, o nervo segue o percurso do seu forame intervertebral, que agora está localizado mais abaixo. Sendo assim, como saber a correspondência vertebro- medular? De C2 até T10 – SOMA 2 Ex: se palparmos o processo espinhoso C8, o segmento medular alinhado ao C8 é o T2. De T11 até T12 – SOMA 5 Ex: se palparmos o processo espinhoso T11, a região medular correspondente é L4. Dermátomos – área do corpo inervada sensorialmente por um único nervo espinal. ➢ Campo receptivo: área inervada por um único neurônio Cada segmento da medula espinal está relacionado a uma área do corpo; Miótomo – área do corpo inervada motorialmente por um único nervo espinal. Medula espinhal: secção transversal Assim, como as demais partes do SNC, a medula é composta pela substância cinzenta e pela substância branca; diferente do encéfalo, a medula possui a substância branca internamente e a substância cinzenta externamente. A substância branca envolve o “H” cinzento, e é formada pelas vias/tratos ascendentes e descendentes da medula espinhal. Essas áreas são chamadas de funículos, e assim, teremos o funículo anterior, lateral e posterior. À medida que vamos da porção caudal para a cranial, a substância branca vai aumentando, e assim,surge o sulco intermédio posterior que divide o funículo posterior em fascículo grácil e cuneiforme. Lembrando... o funículo posterior conduz vias aferentes. O fascículo grácil leva informações sensitivas dos MMII e do tronco e o fascículo cuneiforme leva informações sensitivas dos MMSS. A substância cinza tem o formato parecido com “H”, sendo mais volumosa em sua metade anterior; é formada por corpos celulares, e é dividida em corno posterior e anterior; sendo que na porção toracolombar teremos o corno lateral – pois é nesse local que abrigamos os neurônios pré- ganglionares simpáticos. Como diferenciar o corno anterior do corno posterior? A parte anterior da medula tem uma fissura (fissura mediana anterior), já a posterior tem um sulco (sulco mediano posterior). Além disso, o corno anterior abriga células motoras multipolares (motoneurônios inferiores/periféricos) que inevervam a musculatura axial; já o corno posterior contém células das vias aferentes, oriundas dos gânglios espinais (sensoriais). O corno lateral, por sua vez, abriga células autonômicas simpáticas, cujas fibras deixam a medula junto aos axônios das células motoras e terminam no tronco ou cadeia simpática paravertebral. Antes de 1952 a medula espinal era dividida em corno posterior, anterior, lateral e uma zona intermédia (chamada também de núcleo torácico posterior ou núcleo de Clarke); ➢ Uma das maneiras de classificar a distribuição dos neurônios da medula nos informava que os núcleos do grupo medial da coluna anterior inervam a musculatura do esqueleto axial; já os núcleos do grupo lateral inervam a musculatura dos MMSS e MMII, por isso estão presentes apenas nas intumescências cervical e lombar | O núcleo dorsal/torácico da coluna posterior é o responsável pela propriocepção inconsciente e o núcleo da substância gelatinosa recebe fibras sensitivas que regulam a entrada de impulsos dolorosos no SN. Em seguida, após análises histológicas, concluiu-se que a medula era dividida em lâminas: Lâminas de I a IV -> informações cutâneas (exteroceptivas); Lâminas de V a VI -> informações proprioceptivas Lâmina VII -> propriocepção inconsciente (informação que vai para o cerebelo); Lâmina VIII e IX -> informações motoras Lâmina X -> envolve a região central da medula, formada por neuroglia. OBS: os neurônios motores (lâminas VIII e IX) que se localizam mais lateralmente inervam a região mais distal do corpo, já os que se localizam mais medialmente, inervam a região mais proximal. Neurônios aferentes entram pelo corno dorsal; neurônios aferentes saem pelo corno ventral (que é muito mais amplo que o dorsal); ➢ Note que as lâminas de I a VI estão no corno dorsal (informações sensitivas), VIII e IX estão no corno ventral (informações motoras); ATENÇÃO -> Os gânglios da raiz dorsal são compostos por uma reunião de corpos celulares de neurônios pseudounipolares aferentes sensitivos somáticos. TRATOS DA SUBSTÂNCIA BRANCA Observe que no funículo lateral e anterior temos vias ascendentes e descendentes; 1- TRATOS ASCENDENTES Como citado anteriormente, a substância branca é composta por axônios. Uma fibra nervosa consiste em um ou mais axônios + suas estruturas adjacentes, como a bainha de mielina. A união dessas fibras no SNC, é justamente a substância branca, que podemos chamar de: trato, lemnisco, fascículo, por exemplo. Composto por fibras que penetram pela raiz dorsal, ou seja, que carregam impulsos sensitivos. Funículo posterior: os fascículos (grácil e cuneiforme) possuem fibras responsáveis pela propriocepção consciente, tato epicrítico, sensibilidade vibratória, discriminação de dois pontos, esterognosia. Tratos espinotalâmicos (podem ser laterais e anteriores, por isso alguns autores referem-se a esse trato como trato do funículo antero-lateral): carrega informação de dor, temperatura e tato protopático (mal definido); O trato espinotalâmico pode ser dividido em: ➢ Trato neoespinotalamica/lateral: carrega informações mais rápidas; permite o processamento da informação nociceptiva bem discriminada, relacionada a dor aguda. ➢ Trato paleoespinotalâmico/medial: carrega informações mais lentas (pois há muitas sinapses ao longo da formação reticular do tronco encefálico); permite o processamento da informação nociceptiva de modo não bem localizado, relacionado à dor crônica. OBS: na via espinotalâmica lateral seguem também as fibras espinorreticulares que também conduzem impulsos dolorosos. Essas fibras fazem sinapse na formação reticular do tronco encefálico, onde se originam as fibras reticulotalâmicas, constituindo-se assim a via espino- retículo-talâmica. Essa via conduz impulsos relacionados a dores crônicas e difusas; Tratos espinocerebelares (são laterais): carrega informação de propriocepção inconsciente; ➢ Anterior: sobe bilateralmente, sendo que depois o lado contralateral retorna para o lado onde a informação entrou; ou seja, se a informação entrou pelo lado esquerdo, a informação irá subir tanto pelo lado esquerdo, quanto pelo lado direito. No entanto, o lado direito irá subir no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar para o hemisfério esquerdo, ou seja, por onde ele entrou. ➢ Posterior: sobe ipsilateralmente 2- TRATOS DESCENDENTES São formados por fibras que saem do córtex cerebral ou do tronco encefálico e fazem sinapse com os neurônios medulares; Esses tratos podem ser formados por neurônios pré- ganglionares do SNA, que formam a via descendente visceral; por neurônios que fazem sinapse com outros da coluna posterior da sustância branca e são responsáveis por regular a penetração dos impulsos sensoriais no SNC; por neurônios motores somáticos, que formam a via descendente motora somática; • A via descendente motora pode ser: medial (tratos extrapiramidais) e lateral (tratos piramidais); O trato piramidal (lateral) irá inervar o músculos mais distais dos membros, por isso é responsável pela motricidade fina (movimento de apreensão); O trato extrapiramidal (medial) irá inervar os músculos axiais ou proximais dos membros. Por isso, esse sistema está relacionado ao controle da postura, movimento da cabeça, olhos e equilíbrio. A principal via do trato lateral é o costicoespinal, mas a via piramidal/lateral também é composta pelo trato cortico- nuclear; Trato corticoespinal lateral Se origina no córtex e conduz impulsos nervosos aos neurônios da coluna anterior medial; esses neurônios corticais se cruzam na decussação das pirâmides (bulbo), o que faz com que o lado direito do cérebro comande o lado esquerdo do corpo. Esse trato está localizado no funículo lateral da medula e vai até a medula sacral. OBS: um pequeno número de fibras não se cruza na decussação das pirâmides e continuam em posição anterior, formando, assim, o trato costicoespinal anterior, localizado no funículo anterior da medula. Assim, o trato corticoespinal controla a musculatura proximal dos membros e a musculatura axial; A principal função do trato corticoespinal é motora somática; além disso, é o principal feixe de fibras responsável pela motricidade voluntária no homem. ATENÇÃO -> Além do trato corticoespinal, os tratos rubro-espinhal e reticulo-espinhal também controlam a motricidade voluntária no homem; o trato rubro-espinhal CORRELAÇÃO Se houver lesão no funículo posterior do lado direito e for aplicado um estímulo doloroso no lado direito, o paciente continuará sentindo dor, pois a informação nociceptiva sobe pela via espinotalâmica de modo cruzado. Se houver um estímulo (para avaliar o tato discriminativo) no braço esquerdo, o paciente irá conseguir identificar o objeto; no entanto, se for na mão direita, ele não irá conseguir identificar. Se colocar uma panela quenteem sua mão esquerda, ele não irá sentir dor. age sobre a musculatura distal dos membros, e o trato reticulo-espinhal age sobre a musculatura axial e proximal dos membros. Por isso, lesões no trato corticoespinal não causam quadros de hemiplegia, e os déficits motores que resultam dessas lesões são relativamente pequenos. O trato extrapiramidal (medial) é composto pelos tratos: rubroepinal, reticuloespinal, vestibuloespinal e tetoespinal.
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