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Aula 03 - População Brasileira_ Políticas Territoriais e Regionais

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CARREIRAS MILITARES
GEOGRAFIA DO BRASIL
POPULAÇÃO BRASILEIRA; POLÍTICAS TERRITORIAIS
 E REGIONAIS
Livro Eletrônico
PRESIDENTE: Gabriel Granjeiro
VICE-PRESIDENTE: Rodrigo Teles Calado
COORDENADORA PEDAGÓGICA: Élica Lopes
ASSISTENTES PEDAGÓGICAS: Francineide Fontana, Kamilla Fernandes e Larissa Carvalho
SUPERVISORA DE PRODUÇÃO: Emanuelle Alves Melo
ASSISTENTES DE PRODUÇÃO: Giulia Batelli, Juliane Fenícia de Castro e Thaylinne Gomes Lima
REVISOR(A): Mayra Barbosa Souza
DIAGRAMADOR: Charles Maia da Silva
CAPA: Washington Nunes Chaves
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CEP: 70.070-120
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Demais localidades: 0800 607 2500 Seg a sex (exceto feriados) / das 8h às 20h
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ser fotocopiada, gravada, reproduzida ou armazenada em um sistema de recupe ração de informações ou transmitida 
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autorais e do editor.
© 05/2019
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LUIS FELIPE ZIRIBA
Formado em Geografia pela Universidade de 
Brasília, leciona desde 2001 em cursos e pla-
taformas variadas pelo Distrito Federal, tendo 
começado em pré-vestibulares, seguindo para 
preparatórios para o concurso de admissão à 
carreira diplomática, escolas de ingresso na 
carreira militar (espcex) além de lecionar para 
os mais concorridos concurso do Brasil, tais 
quais Câmara dos Deputados, Senado Federal, 
BC ,PF, PCDF ,entre outros, promovendo nes-
tes últimos, principalmente, aulas na frente de 
Atualidades e de Realidade do DF
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GEOGRAFIA DO BRASIL
População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais
Prof. Luis Felipe Ziriba
Geografia Humana do Brasil: Campo, Urbanização, Transportes e População .......6
Introdução ................................................................................................6
1. Breve Histórico sobre o Campo no Brasil: Atividades Agrárias e Espaço Rural ..7
1.1. AS Novas Escalas de Produção Agrícola e o Cerrado ..................................8
1.2. A Modernização no Campo pós 1960 .....................................................10
1.3. A Questão Fundiária e a Reforma Agrária ..............................................13
1.4. O Agronegócio e a Integração entre Campo e Cidade ..............................17
2. A Evolução Urbana no Brasil ...................................................................32
2.1. O Urbano Colonial e a Rede da Mineração ..............................................33
2.2. A Urbanização no Século XX ................................................................34
2.3. Tendências Atuais da Urbanização no Brasil ...........................................35
2.4. O Regic 2008 .....................................................................................37
2.5. As Questões Urbanas no Brasil: Favelização, Macrocefalia, 
Desmetropolização, Resíduos Sólidos e Violência ...........................................39
2.6. A Violência Urbana: Considerações .......................................................43
3. A Distribuição dos Transportes no Brasil ...................................................48
3.1. Introdução ........................................................................................48
3.2. As Rodovias ......................................................................................49
3.3. As Ferrovias ......................................................................................61
3.4. Hidrovias ..........................................................................................65
3.5. O Transporte Aéreo de Cargas no Brasil .................................................70
3.6. Conclusão .........................................................................................72
4. A Evolução Demográfica Brasileira ...........................................................75
4.1. O Quesito Populoso e Povoado .............................................................75
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GEOGRAFIA DO BRASIL
População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais
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4.2. A Evolução da Demografia Brasileira (Parte 2) ........................................80
4.3. A Atual Estrutura da População Brasileira...............................................87
4.4. Os Principais Movimentos Migratórios Internos pós 1930 .........................89
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GEOGRAFIA DO BRASIL
População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais
Prof. Luis Felipe Ziriba
GEOGRAFIA HUMANA DO BRASIL: CAMPO, URBANIZAÇÃO, 
TRANSPORTES E POPULAÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta terceira aula, dando atenção ao edital ESA 2019, abor-
darei aspectos relacionados aos temas de geografia humana do Brasil: campo, ur-
banização, transportes e população.
Destaco que, para facilitar os seus estudos, fiz uma pequena alteração no cro-
nograma inicial: em vez de três aulas, serão quatro. Assim, a aula 4 versará sobre 
as políticas territoriais nacionais, ok? Vamos lá!
Introdução
É interessante observar que a formação do espaço agrário brasileiro, tal qual 
conhecemos hoje, ou seja, ultramoderno e competitivo, produtor de excedentes, 
que lidera as produções de carne, frango, laranja, café, exportação de soja, atrai 
capital estrangeiro, além de mover a formação de multinacionais brasileiras do 
setor alimentício, possui em suas bases um passado de características arcaicas e 
bastante retrógrado.
Partimos de estruturas agrárias atrasadas e de uma posse da terra extrema-
mente concentrada, com modo produtivo baseado na plantation, ou seja, nas 
grandes propriedades rurais, com um produto voltado à exportação e uma socie-
dade estratificada escravocrata. Ao longo dos séculos de colonização, e também no 
Brasil do Império (a partir de 1822), tais estruturas não evoluíram, sendo tão so-
mente a partir da década de 1930 que surgiu, no campo brasileiro, um novo alento, 
com a formação das primeiras frentes pioneiras da fronteira agrícola, que começa 
a se instalar em solos de cerrado. Vamos entender como se iniciou esse processo.
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GEOGRAFIA DO BRASIL
População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais
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1. Breve Histórico sobre o Campo no Brasil: Atividades 
Agrárias e Espaço Rural
As bases retrógradas do campo brasileiro têm uma origem no modelo de co-
lonização aqui implementado. Uma colonização que se deu por meio do sistema 
tipo colônia de exploração, no qual não havia interesse em torno da forma-
ção de uma sociedade dinâmica, produtora de excedentes que catapultasse um 
mercado interno nem qualquer fomento a estruturas de interligação produtiva e 
territorial.
Na divisão da terra, vigorava o paternalismo das capitanias hereditárias, sub-
divididas em sesmarias. Começa aí, inclusive, a confusão em relação à posse da 
terra no Brasil e a forte concentração fundiária. Sobre esse aspecto, da concentra-ção fundiária, não se preocupe ainda, pois, um pouco mais à frente, tratarei desse 
assunto com mais riqueza de informações.
Somente a partir da década de 1930, com o advento da industrialização, 
da acelerada urbanização e, consequentemente, do contexto de incremento 
populacional ocasionado pela explosão demográfica (tema que será visto 
com mais profundidade em nossa aula 5), é que o Brasil experimenta a for-
mação de uma fronteira agrícola seminal. Após séculos de ciclos agrários 
que funcionaram como ilhas isoladas, sem qualquer iniciativa de promoção de 
escalas de desenvolvimento integrado, sempre com base em um único produto 
na produção agrária para atender aos interesses de fora, o campo brasileiro co-
meça a voltar-se para dentro ao receber implementos de uma política setorial 
de Estado.
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1.1. AS Novas Escalas de Produção Agrícola e o Cerrado
No governo de Getúlio Vargas, em seu primeiro e longo mandato (1930-1945), 
são criadas as bases para a expansão da fronteira agrícola no Brasil Central por 
meio da Marcha para o Oeste. Era o Estado se colocando à frente, empreen-
dendo ações com vistas ao conhecimento físico do território do Brasil central, dos 
seus povos e suas potencialidades variadas, para conseguir, entre outros aspectos, 
como proferiu Getúlio Vargas, “conhecer o branco das nossas cartas cartográficas”, 
implantar de forma consistente as estruturas voltadas ao fomento do desenvol-
vimento agrário interior. É o início da entrada de atividades agrícolas em solos 
de cerrado, dada pela formação das chamadas colônias agrícolas. A primeira, 
das oito instaladas, foi em Ceres-GO, sendo outra muito importante, criada, já um 
pouco depois (década de 1950), a de Dourados-MS.
Se por parte do governo central havia uma ação efetiva com o objetivo de pro-
mover o desenvolvimento rural, e deixar para trás as bases arcaicas que determi-
naram, ao longo dos séculos, a verdadeira face do campo nacional; na outra ponta, 
ocorre a chamada Revolução Verde, ou seja, a transferência de tecnologias pro-
duzidas nos países ricos (em especial, os EUA) para o País, já em fins da década de 
1950, entrada da década de 1960. Eram os chamados pacotes tecnológicos. Uma 
série de produtos químicos, sementes híbridas (ou Variabilidades de Alto Rendi-
mento – VAR) e utensílios agrícolas e maquinários, com vistas a promover novas 
escalas produtivas e competitivas no campo nacional.
Assim, abrem-se as portas para a afetiva ocupação do cerrado brasileiro por 
parte das atividades agropecuárias. Havia fatores profícuos: a união entre esta-
dos, capital privado à disposição, tecnologias, as novas necessidades inerentes ao 
processo de modernização pelas quais nossa sociedade passava e a ausência de 
marcos legais ambientais de qualquer espécie.
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Na década de 1960, dois adventos legais marcam a questão agrária no Brasil. 
O primeiro se deu em 1963, ao ser promulgado o Estatuto do Trabalhador Ru-
ral, quando o presidente João Goulart, pressionado pelos movimentos campesinos, 
principalmente, as ligas camponesas (não havia MST à época), sanciona a lei que, 
dentre outros benefícios, concede ao trabalhador rural os mesmos direitos dos tra-
balhadores urbanos, como aposentadoria, férias de 30 dias e descanso semanal 
remunerado.
Concomitantemente, em 1964, já sob os auspícios do regime militar, é promul-
gada a Lei n. 4.504/1964, mas conhecida como o Estatuto da Terra, para dinami-
zar a produção agrícola e instrumentalizar mecanismos de financiamento dos pro-
dutores rurais, preferencialmente, dos grandes produtores. Esse marco legal cria 
também o estamento da função social da terra no Brasil, obrigando, ao menos 
em tese, que produtores rurais de grandes propriedades (os chamados latifúndios) 
produzissem em vez de fazer da terra apenas uma reserva de valor improdutiva.
Demanda geralmente vinculada a grupos e governos à esquerda, a questão da 
função social da terra e reforma agrária entra em nosso estamento jurídico nos pri-
meiros meses após o golpe militar de 1964. Algo bastante anacrônico, sem dúvida 
alguma.
Com relação ao mesmo tema, a Constituição de 1988 recepciona tal dispositivo 
no art. 5º:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantin-
do-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
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1.2. A Modernização no Campo pós 1960
1.2.1. A Ocupação da Amazônia: Produção Agrária e Militarização
Com a entrada do regime militar no poder, ganha espaço uma orientação ide-
ológica e política muito marcada pelo viés integrar para não entregar. Eram anos 
nos quais o modelo desenvolvimentista e de segurança nacional deviam caminhar 
juntos.
Associada aos grandes projetos de integração nacional, a fronteira agrícola 
inicia sua subida para os solos amazônicos. Pelas mãos do Primeiro Plano Na-
cional de Desenvolvimento (I PND 1972-1974), com petróleo barato e juros bai-
xos, grandes rodovias começam a ser abertas cruzando a Amazônia. A BR-163 
de Cuiabá a Santarém (demonstrada em nossa aula 2 sobre os transportes no 
Brasil), a imensa ligação intencionada pelo projeto original da Transamazônica 
(BR-230), a qual, em tese, ligaria João Pessoa na Paraíba até o Acre, cruzando 
a Amazônia (e o Brasil, na verdade) de Leste a Oeste, além do asfaltamento da 
Belém-Brasília, construído nos anos JK, mas com projeto de asfaltamento con-
cretizado no regime militar, além do trecho norte da BR-364 e a BR-174, ligando 
Manaus a Boavista, e Boavista à Venezuela. Eram as chamadas pinças rodovi-
árias amazônicas, as quais, tal como proferido em discurso de 1970, feito pelo 
ditador Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), levariam “terra sem homens para 
homens sem terras”.
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No mapa a seguir, está exatamente a disposição dessas rodovias no Brasil, e 
seus recortes na hileia amazônica. Há também o acréscimo da BR-210, denomi-
nada como Perimetral Norte, concluída apenas em seus trechos no Amapá, Pará e 
Roraima.
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Ao longo dos anos 1980, o modelo desenvolvimentista do regime militar inicia-
do na década anterior, calcado em uma gama de ações de colonização enviesada 
pelo discurso de “integração amazônica”, resulta em problemas sociais e ambientais 
que ainda estão em voga. Experimentávamos a transferência de pessoas de fora,tal qual nunca visto (em uma década e meia, entre 1970 e 1985, a população na 
região Norte duplica). O encontro de gaúchos, sulistas, na verdade (adquirentes de 
terras em sua grande parte), e de nordestinos (a força do trabalho precário braçal 
em fazendas e garimpos, convencidos todos por um modelo desenvolvimentista im-
portado do Centro-Sul brasileiro implantado pela ótica que rezava na cartilha que a 
floresta deitada era mais valiosa e necessária do que de pé, ou seja, nada baseado 
na sustentabilidade) promovia os rumos da epopeia de conquista de um eldorado.
O extrativismo do caboclo, ou ribeirinho, seja no açaí, ou nas seringueiras, entre 
outros, começa a ser relegado como atividade vinculada ao atraso, a ser combatida. 
Na década de 1980, aumentam sensivelmente os conflitos em relação à terra, cres-
cendo exponencialmente o desmatamento e crimes ambientais na Amazônia, seja 
pela ação da alocação do rebanho bovino e de culturas estranhas – leia-se soja e 
milho – ou pelo corte ilegal do mogno ou das atividades crescentes dos garimpos e 
da mineração. Fato é que a Amazônia jamais seria a mesma. Entre os anos de 1987 
e 1988, organismos internacionais e governos de países desenvolvidos colocam em 
xeque o nosso modelo de ocupação baseado em desmatamento e a forma com que 
o governo brasileiro tratava a questão ambiental e os chamados povos da floresta. 
Nesse período, o cantor Sting e o índio caiapó Raoni levam a bandeira da conserva-
ção da Amazônia aos quatro cantos do mundo. No Natal de 1988, o líder seringalista 
Chico Mendes morre assassinado por fazendeiros adversários à sua causa. Nesse 
mesmo ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) começa suas medi-
ções por sensoriamento remoto dos números do desmatamento da floresta. 
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O desmatamento na Amazônia possui estreita relação com as queima-
das para limpeza do solo para alocação de culturas como a soja. Seguem 
os dados relativos ao desmatamento no Brasil dentro da série histórica iniciada em 
1988. Percebemos que, atualmente, mesmo em recente elevação, tais números 
encontram-se distantes dos picos de meados da década de 2000 e da década de 
1990, ou até da primeira medição, em 1988.
1.3. A Questão Fundiária e a Reforma Agrária
Historicamente, a propriedade da terra no Brasil sempre foi concentrada. Tal 
padrão vem desde o Brasil colonial, na chamada sociedade do engenho, estrutu-
rada pelos enormes latifúndios das plantations. Havia um modelo de divisão de 
terras, o qual perdurou por séculos, estruturado pela doação à fidalguia: às ca-
pitanias, e suas frações menores, sesmarias. Para ter uma ideia, somente em 
1850 é que a terra, no Brasil, passa, de fato, a ser comercializada, com o adven-
to da Lei de Terras, contudo, tal dispositivo não consegue alterar praticamente 
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nada a concentração fundiária. Com o advento da República, também não se 
alteram essas bases, pois a política do-café com leite, que perdurou até 1930, 
acaba resultando em mais poder aos coronéis do Nordeste e, lógico, aos barões 
do café de São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. Ao longo do século XX, as moderni-
zações experimentadas na sociedade, tanto em Vargas quanto em JK, aliadas 
ao crescimento econômico, também não modificam a divisão fundiária, pois 
eram as chamadas modernizações conservadoras, ou seja, havia uma moder-
nização em curso na sociedade, nas bases produtivas e etc., mas não houve o al-
cance necessário com vistas à promoção de alterações nas bases sociais, tal qual 
no quesito do acesso à terra.
Com a entrada do regime militar, e a pulsão por abrir estradas e integrar a Ama-
zônia ao resto do Brasil, em algumas das rodovias criadas, tal qual a Transamazô-
nica, o projeto esteve acompanhado de um plano de desapropriação de áreas 
em faixa de até dez quilômetros em suas laterais destinadas à reforma agrária. O 
Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), criado em 1971, dentro 
do Ministério do Interior, esteve incumbido de promover esses assentamentos. As-
sim, as glebas eram distribuídas. Um conjunto de lotes com um posto de saúde ao 
centro e uma escola de nível primário era denominado de agrovila. Ao conjunto de 
10 agrovilas, já com uma escola de nível secundário e um hospital, dava-se o nome 
de agrópolis. Já a união de agrópolis formava uma rurópolis, sendo apenas duas 
criadas, a de Presidente Médici, no Mato Grosso, e a do município de Rurópolis, no 
Pará. A verdade foi que esse modelo utópico não resistiu à pressão dos grandes 
latifundiários e à voracidade com que o capital se apossou da fartura de terras 
amazônicas e das benesses promovidas pelo governo por meio, primordialmente, 
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dos fartos benefícios fiscais e financeiros ofertados pela Superintendência de De-
senvolvimento da Amazônia (Sudam). No fim da década de 1970, ao curso da 
primeira década do Incra (criado em 1971), a concentração de terras medida pelo 
índice de Gini havia aumentado no Brasil.
Sobre esse tema de concentração fundiária, vale ressaltar que as ações de 
reforma agrária no Brasil começam a ocorrer de forma efetiva apenas nos anos 
1990. Explico: embora o Incra, o órgão responsável pelas ações de reforma agrá-
ria, tenha sido criado em 1971, suas ações ao longo de sua primeira década servi-
ram muito mais à colonização (o “c” do nome Incra) do que propriamente à reforma 
agrária (o “ra”, do nome do órgão). Na década seguinte, no governo de José Sar-
ney (1985-1990), ensaia-se um Plano de Reforma Agrária, lançado com pompa 
e circunstância, mas que não vigou. Das mais de 1,4 milhão de famílias a serem 
assentadas conforme prometido, menos de 100.000 foram beneficiadas. Assim, é 
na década de 1990, atendendo aos movimentos sociais (leia-se MST), que o go-
verno federal começa a promover ações efetivas de assentamento de famílias 
em lotes de reforma agrária. Para efeitos de prova, pode-se afirmar que as ações 
de reforma agrária no Brasil, tanto em termos de área quanto em número de 
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famílias assentadas (o principal indicador a ser levado em consideração), tiveram 
fôlego ao longo dos 16 anos compreendidos pelos dois mandatos de FHC, somados 
aos dois de Lula, perdendo força no governo de Dilma Rousseff. Veja os números:
1
1 http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/03/dilma-assentou-menos-familias-que-lula-e-fhc-meta-e-
-120-mil-ate-2018.html
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1.4. O Agronegócio e a Integração entre Campo e Cidade
O agronegócio é constituído de indústria e comércio no setor rural, pecuária, 
pesca e agricultura, tudo isso associado à produção de conhecimento e tecnologias 
aplicadas. No Brasil, o agronegócio responde, atualmente, por algo em torno de 
30% do PIB. É interessante perceber que, dentre a divisão entre os três seto-
res da produção de valor na economia (o PIB), o primeiro setor, a agropecuária, 
isoladamente, representa apenas 6% do produto interno no Brasil. Assim, são 
realmente as escalas de integração entre o meio agrícola com a indústria e o setor 
de serviços que conseguem impactar a relação urbano-rural; boa parte da mão de 
obra especializada, como agrônomos e veterinários e, principalmente, as indústrias 
de beneficiamento de alimentos encontram-se no meio urbano, é que produzem 
um real peso de valor na economia. Aliás, é importante destacar que o voo alçado 
pelo Brasil ao longo das últimas décadas dentro do contexto agrícola global possui 
estreita relação com o agronegócio. Em tempos mais recentes de crise econô-
mica, foi apenas o âmbito do agronegócio que segurou para que a economia não 
desfalecesse mais e o nosso crescimento negativo não fosse pior ainda (vivemos 
-3,8% de queda no PIB em 2015, e -3,6% em 2016).
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O infográfico a seguir2 demonstra de forma bem simples como se dão as escalas 
de intercâmbio pelo agronegócio do campo com as cidades, e como se agregam 
valores na produção integrada do complexo agroindustrial.
2 http://slideplayer.com.br/slide/2733347/
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O agronegócio responde também, em grande parte, pela internacionalização 
da nossa economia, estruturada pela penetração de empresas multinacionais bra-
sileiras nos mercados globais. As grandes empresas nacionais do setor, como Mi-
nerva Foods, Marfrig e JBS, constam sempre nos níveis mais altos em rankings que 
medem o nível de internacionalização das empresas brasileiras. Se quiser consultar 
um desses rankings de internacionalização de empresas nacionais, o mais usado 
é o da Fundação Dom Cabral disponível, em: https://www.fdc.org.br/professore-
sepesquisa/nucleos/Documents/negocios_internacionais/2017/Ranking_FDC_Mul-
tinacionais_2017.pdf. 
Além dos negócios internacionais de empresas brasileiras, uma parte con-
siderável de nossas exportações em 2016 esteve alicerçada na atividade do 
agronegócio. Estima-se que, dos R$ 256 bilhões exportados pelo Brasil, perto 
de R$ 99 bilhões tenha sido realizado por produtos oriundos da cadeia do agro-
negócio.
O agronegócio é também um indutor de pesquisas no campo. A busca acirrada 
por competitividade por parte das multinacionais alimentícias passa fundamental-
mente pelo incremento na produtividade e, para que isso ocorra, a pesquisa agro-
pecuária é parte fundamental.
Em um planeta em que a população deve chegar perto de 10 bilhões em 2060, o 
Brasil é chave na questão da segurança alimentar, devendo saber conciliar suas 
responsabilidades e aptidões inerentes a um contexto de responsabilidade ambien-
tal e sustentabilidade, para garantir os recursos e a qualidade de vida às gerações 
futuras.
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1.4.1. A Questão da Transgenia no Brasil
A transgenia consiste na evolução do melhoramento genético convencional, pois 
permite transferir características de interesse agronômico entre espécies diferen-
tes. Isso quer dizer que essa tecnologia permite, aos cientistas, isolarem genes 
de microrganismos, por exemplo, e transferi-los para plantas, com o objetivo de 
torná-las resistentes a doenças ou mais nutritivas. O termo transgênico é sinôni-
mo para a expressão Organismo Geneticamente Modificado (OGM). Os OGMs são 
utilizados na agricultura desde os primórdios (pela escolha de melhores sementes 
por exemplo) e sua evolução, os transgênicos, são os organismos que recebem 
um gene de outro organismo doador. Essa alteração no DNA permite mostrar 
uma característica que não havia antes. Vale destacar que, na natureza, sempre 
ocorreram (e ainda ocorrem) alterações ou mutações naturais. Já os transgênicos 
ainda não possuem nem 25 anos de vida no campo, sendo a primeira experiência 
com transgênicos uma plantação de tomate nos EUA, datada de 1994.
A Lei n. 11.105/2005, ou Lei de Biossegurança, que regula as atividades com 
transgênicos e de biotecnologia em geral, está entre as mais rigorosas do mundo. 
Entre a sua descoberta até chegar a ser um produto comercial, segundo essa le-
gislação, um transgênico é obrigado a passar por muitos estudos, podendo levar 
aproximadamente até 10 anos de pesquisa. São estudos que visam exatamente 
garantir a segurança alimentar e ambiental do produto.
Depois de analisado e aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biosse-
gurança (CTNBio) é que o produto poderá ser disponibilizado para o mercado. A 
produção de transgênicos é uma atividade legal e legítima, regida por legislação 
específica, estando pautada por rígidos critérios de biossegurança.
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Atualmente, com Estados Unidos e Argentina, o Brasil lidera na área total de 
plantio de transgênicos, tal qual demonstra o infográfico a seguir, puxado principal-
mente pelo milho e pela soja. No caso dessas duas monoculturas, uma crítica deve 
ser feita frente ao processo de rendição que nossa agricultura vem passando em 
relação às sementes e patentes estrangeiras de transgênicos. Vale destacar que, na 
contramão desse processo, a Embrapa já produz, mas ainda em baixa escala se-
mentes transgênicas de soja e feijão (certificadas desde 2013 para uso no campo) 
e vem desenvolvendo o café e o algodão transgênicos.
O Complexo Agroindustrial, iniciado a partir dos anos 1960 no Brasil (e que estru-
tura o agronegócio), possui dois modelos de integração bem marcados.
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O primeiro é a integração vertical, ou seja, a combinação de processos de 
produção, distribuição, vendas e outros processos econômicos tecnologicamente 
distintos, estando totalmente em controle da empresa.
Esse modelo possui como vantagem competitiva o fatode que, nesse encade-
amento vertical, ocorrem menos surpresas frente a atrasos de fornecedores (que 
são em grande parte eliminados) e também um melhor controle de qualidade.
Um exemplo desse tipo de integração ocorre na produção de grãos, como a 
soja. As grandes multinacionais do setor são responsáveis desde a plantação até 
o armazenamento e venda dos produtos, embora a maior alimentícia do setor, a 
Cargil, seja uma exceção nesse contexto.
Já na integração horizontal, as fases entre produção, beneficiamento e en-
trega do produto ao consumidor são fracionadas entre partes diferentes. Isso ocor-
re na cadeia de produção animal no Brasil, como, por exemplo, de aves e suínos, 
sendo o caso da Sadia. A maior produtora de carne suína do Brasil não possui uma 
matriz sequer de porco que seja da empresa. Em Santa Catarina, mais de 300 co-
operativados fornecem, à multinacional, os suínos, isto, claro, dentro de preceitos 
de criação e higiene rigorosamente estabelecidos pela empresa, que se exime de 
encargos trabalhistas e controle sobre terras de sua propriedade e seus encargos 
inerentes, tais quais impostos e segurança. 
1.4.2. O Matopiba
A grande fronteira agrícola nacional da atualidade é o chamado Matopiba, área 
de expansão do agronegócio mecanizado em solos de cerrado nos interiores dos 
estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
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Área até pouco tempo considerada sem tradição em agricultura, tem chamado 
atenção pela produtividade cada vez crescente. Segundo dados da Companhia 
Brasileira de Abastecimento (Conab), nos últimos quatro anos, somente o estado 
do Tocantins expandiu sua área plantada ao ritmo de 25% ao ano.
Nessas áreas de cerrado, tem sido implementado um modelo de exploração da 
terra baseado em mecanização e especialização, destacando-se as monocul-
turas da soja, milho e feijão, com base em alta intensidade de capital, tecnologia, 
insumos e uso da água.
Aspectos naturais como topografia plana, os solos profundos e o clima favore-
cem o cultivo das principais culturas de grãos e fibras, possibilitando o crescimento 
vertiginoso da região, a qual até final da década de 1980 encontrava-se baseava 
fortemente na pecuária extensiva.
A área reúne 337 municípios e representa um total de cerca de 73 milhões 
de hectares. Existem, na área, cerca de 324 mil estabelecimentos agrícolas, 46 
unidades de conservação, 35 terras indígenas e 781 assentamentos de reforma 
agrária, segundo levantamento feito pelo Grupo de Inteligência Estratégica (Gite), 
da Embrapa.
Essa prosperidade e o crescimento vertiginoso das escalas de produção e a 
ocupação do solo por uma agricultura altamente mecanizada levaram à oficializa-
ção da delimitação do território por meio da assinatura de decreto pela presidenta 
Dilma Rousseff e ao lançamento da Agência de Desenvolvimento Regional do 
Matopiba pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento nos quatro es-
tados que fazem parte da região.
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Finalmente, segundo levantamento do site da ONG Florestal Brasil3, a região con-
ta com 46 Unidades de Conservação, perfazendo uma área protegida de 8.838.764 
de ha (12,08% da área total). É, de fato, uma área pequena se pensarmos na área 
total da região e na importância que representa em termos de biodiversidade e de 
recursos hídricos, na medida em que engloba regiões hidrográficas de extrema 
importância para o abastecimento dos estados do Norte e Nordeste brasileiro. São 
elas a bacia do Tocantins-Araguaia, bacia do Atlântico – trecho Norte/Nordeste e 
bacia do rio São Francisco. Os principais rios dessas bacias presentes na região são: 
Araguaia, Tocantins, São Francisco, Parnaíba, Itapicuru, Mearim, Gurupi e Pindaré. 
Tal organismo, em sua página oficial na internet, destaca que, nos quatro esta-
dos abrangidos pelo Matopiba, existem áreas de transição entre diferentes tipos de 
vegetação. Essas áreas são os ecótonos ou zonas ecotonais, zonas extremamente 
frágeis a perturbações, pois as espécies presentes em ecótonos normalmente são 
adaptadas somente a condições e características ambientais típicas dessas áreas, 
além do fato de que a biota dos ecótonos apresenta um alto nível de endemismo. 
As áreas de transição presentes nos estados do Matopiba englobam os ecótonos 
Cerrado-Amazônia, Cerrado-Caatinga, Cerrado-Mata de Cocais e Cerrado-Pantanal. 
São áreas pouco estudadas, de grande biodiversidade e fragilidade, que sofrerão 
grande impacto caso não ocorra sua devida proteção. Espécies de alto valor ecoló-
gico e econômico podem desaparecer sem ao menos serem estudadas.
1.4.3. O Convívio do Agronegócio com a Agricultura Familiar
Em 1998, no governo de FHC (1995-2002), é criado o Ministério do Desenvol-
vimento Agrário (atual Secretária Especial de Agricultura Familiar – Sead), respon-
sável pela agricultura familiar e reforma agrária, ao vincular em sua alçada o Incra.
3 http://www.florestalbrasil.com/2016/01/o-que-e-o-matopiba.html
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Com uma linha de crédito chamada Programa Nacional de Fortalecimento da 
Agricultura Familiar (Pronaf), ao longo da década passada buscou incrementar os 
incentivos na pequena agricultura. Se em 2001 seu orçamento era em torno de R$ 
2 bilhões, atualmente, a linha de crédito do fundo para a agricultura familiar gira 
em torno de R$ 20 bilhões. O Brasil é um dos únicos países com dois ministérios 
para tratar sobre a questão agrária.
Estima-se que a agricultura familiar seja responsável, no Brasil, por algo em 
torno de 70% da produção de alimentos, 75% da mão de obra ocupada e 
mais de 80% do número de estabelecimentos rurais. Veja alguns dados por 
cultura elaborados por mim, com base nos números fornecidos pelo MDA em 2012 
e os quatro pressupostos que a Lei de Agricultura Familiar (n. 11.326/2006) exige 
para que uma propriedade rural seja incluída no Pronaf.
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Agricultura familiar – os quatro conceitos (Lei n. 11.326/2006):
• área não excedendo mais do que quatro módulos fiscais (dados em hectares 
e regionalizados);
• mão de obra predominante familiar;
• renda predominante originada por tais atividades;
• estabelecimento ou empreendimento dirigido pela família.
Veja os dados atualizadíssimos resumidos sobre a produção agrícola de grãos 
no Brasil (biênio 2015-2016), retirados da publicação base para o gênero do Minis-
tério da Agricultura – Projeções do Agronegócio 2017-2027. Você pode encontrar 
esse documento na íntegra em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/politica-a-
gricola/todas-publicacoes-de-politica-agricola/projecoes-do-agronegocio/projeco-
es-do-agronegocio-2017-a-2027-versao-preliminar-25-07-17.pdf
Principais grãos plantados no Brasil por área e estados de maior ocorrência:
• 1o soja: área total 35,0 mi. hectares.MT 27%; PR 17,3%; SC16,1%;
• 2o milho: área total 17,0 mi. hectares. MT 27%; PR 19,2%; GO 10,6%;
• 3o feijão: área total 2,7 mi. hectares. PR 23,8%; MG 16,1%; MT 11,5%;
• 4o trigo: área total 1,9 mi. hectares. PR 54%; RS 31%;
• 5o arroz: área total 1,75 mi. Hectares. PR 23, 8%; MG 16,1%; MT 11,5%.
Obs.:� em relação ao trigo, dentre todos esses grãos, é o único insumo que não 
possui autossuficiência no Brasil, sendo que nossa demanda interna ainda é 
o dobro da produção. Já são 12 estados plantadores de cana-de-açúcar no 
Brasil (PR, SP, MG, GO, BA, MT, SE, AL, PE, PB, RN e CE). Dois pontos impor-
tantes sobre essa secular cultura agrícola no Brasil: os processos de meca-
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http://www.agricultura.gov.br/assuntos/politica-agricola/todas-publicacoes-de-politica-agricola/projecoes-do-agronegocio/projecoes-do-agronegocio-2017-a-2027-versao-preliminar-25-07-17.pdf
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nização do corte da cana vêm a avançando, principalmente em São Paulo 
(com 50 % da produção nacional), e os novos mercados exportadores 
brasileiros estão agora na Ásia (Índia) e África (Argélia, Nigéria e Marrocos). 
Apenas esses quatro países já respondem por mais de 40% das vendas de 
açúcar do Brasil para o exterior.
1.4.4. Complemento (Matéria Jornalística)
O Brasil está entre os países com maior área irrigada do mundo4
Com cerca de 20 mil pivôs centrais irrigando uma área de 1,275 milhão de hec-
tares, o Brasil está entre os dez países com maior área irrigada no planeta. Mesmo 
assim, o País tem potencial para aumentar em cinco vezes as lavouras com essa 
tecnologia de irrigação. Foi o que mostrou estudo feito pela Embrapa e pela Agência 
Nacional de Águas (ANA). O relatório publicado nesta semana revela um aumento 
de 43% no uso de pivôs entre 2006 e 2014.
O trabalho identificou uma forte concentração na adoção de pivôs: os 100 maio-
res munícipios concentram 70% da área total brasileira irrigada. O levantamento 
foi realizado por meio de imagens de satélite em todo o território nacional. Foram 
identificados pivôs em 22 unidades da federação, todavia 80% da área irrigada 
encontra-se em quatro estados: Minas Gerais, Goiás, Bahia e São Paulo. O estu-
do também registrou uma forte expansão da atividade nos últimos anos em Mato 
Grosso e Rio Grande do Sul.
Responsáveis técnicos pelo estudo, os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo 
(MG) Daniel Pereira Guimarães e Elena Charlotte Landau afirmam que, além de 
auxiliar na gestão do uso da água, gestores públicos poderão ter informações so-
4 https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/12990229/brasil-esta-entre-os-paises-com-maior-a-
rea-irrigada-do-mundo
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http://portal1.snirh.gov.br/ana/apps/webappviewer/index.html?id=c4761c262917448ca79d78f8963052dd
http://www2.ana.gov.br/
https://drive.google.com/file/d/0Bw83NClnqx7LdjdZRU5RU1VnSE0/view?pref=2&pli=1
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bre o uso da água na irrigação e até avaliação da safra agrícola. “O cálculo mostra 
a área irrigada e a localização exata de cada pivô central”, ressalta Charlotte. Os 
pesquisadores contam que foi feito cruzamento das bases de dados referentes à 
agricultura irrigada com as bases de bacias hidrográficas da ANA e de municípios 
com dados organizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 
mostrando não somente o uso, mas também a disponibilidade dos recursos hídri-
cos. Os maiores polos de irrigação, entre os 16 identificados, encontram-se nas 
bacias hidrográficas dos rios São Francisco e Paraná, esta última concentra 50% 
dos pivôs centrais do País.
A pesquisadora da Embrapa destaca que em 2014, 92% dos pivôs concentra-
vam-se nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Bahia, Rio Grande do Sul e 
Mato Grosso (Tabela 1). A aplicação do mapeamento aprimorou as estimativas de 
demanda de água, tanto no cálculo quanto espacialização.
Tabela 1:
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Segundo Thiago Henriques Fontenelle, especialista em recursos hídricos da 
ANA, esse foi o primeiro levantamento da irrigação com pivôs centrais feito com 
imagens de satélites, o que é extremamente relevante. O levantamento foi re-
alizado em 2013 e atualizado em 2014 pela Embrapa Milho e Sorgo. O estudo 
mostra que as áreas já ocupadas com muitos pivôs centrais continuam crescen-
do bastante e que estão surgindo outros polos. O especialista afirma que o uso 
de pivôs centrais contribui para diminuir a pressão com a ocupação de novas 
áreas pela agricultura, e permite a otimização do uso da área.
“Há uma pressão menor para a agricultura ocupar novas áreas, e isto é um 
fator benéfico para o aumento da produtividade. Para a Agência Nacional de 
Águas, estudos dessa natureza permitem atualizar as demandas de uso da água 
e, consequentemente, realizar o balanço hídrico, pois a irrigação é responsável 
por 72% do uso da água no País. Portanto, é preciso que os dados estejam atu-
alizados”, diz Fontenelle.
A irrigação de culturas agrícolas é uma prática utilizada para complementar 
a disponibilidade da água provida naturalmente pela chuva, proporcionando ao 
solo teor de umidade suficiente para suprir as necessidades hídricas das cultu-
ras, favorecendo a obtenção de aumentos de produtividade e contribuindo para 
reduzir a expansão de plantios em áreas com cobertura vegetal natural. No caso 
das culturas irrigadas de soja, milho, café, feijão e outras, o sistema de irrigação 
mais utilizado é o pivô central.
A partir da década de 2000, ocorreu uma acentuada expansão da irrigação 
por pivôs centrais no Brasil, principalmente nos estados de São Paulo, Goiás, 
Minas Gerais e Bahia, motivada pelas facilidades operacionais e de controle da 
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lâmina de irrigação, com custos competitivos, pelo menor dispêndio de mão de 
obra e pela possibilidade de se obter alta eficiência de aplicação e distribuição 
de água.
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Outorgas válidas para irrigação por pivôs centrais
O relatório destaca que a ANA, responsável pela outorga de direito de uso 
de recursos hídricos em corpos d’água de domínio da União (tais como rios, 
que percorrem mais de uma unidade da federação), possuía, em 2014, cerca de 
4.350 outorgas válidas para irrigação, totalizando 620 mil hectares. Dentrees-
ses, o pivô central é o sistema mais outorgado, com 30,1% do total. Em 2014, 
a ANA possuía 14,6% da área nacional de pivôs centrais outorgada, sendo as 
demais áreas localizadas em corpos de domínio dos estados e do Distrito Fede-
ral ou ainda não regularizadas ou em processo de análise pela Agência.
Dentre as principais culturas em outorgas válidas da ANA, em pivôs cen-
trais, destacam-se milho (24,0% da área total), cana-de-açúcar (21,3%), fei-
jão (20,5%), soja (14,7%), café (6,2%) e algodão (3,1%) – perfil similar ao 
apresentado pelo IBGE (2009).
Charlotte considera que, com o crescente interesse no aumento da produ-
ção agrícola no País, é provável que o número de pivôs centrais venha aumen-
tando a cada ano, sendo importante a realização de levantamentos atualizados 
que permitam identificar a localização geográfica e a área irrigada por cada 
pivô central. “Assim será possível conhecer melhor a situação da agricultura 
irrigada no País e o gerenciamento de outorgas solicitadas, representando um 
subsídio para a definição de estratégias envolvendo o uso de agricultura irri-
gada e políticas para gerenciamento do uso das águas nas respectivas bacias 
hidrográficas e políticas de gestão do uso da água nas diferentes regiões do 
Brasil”, disse.
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Segundo a pesquisadora, apesar das adversidades climáticas verificadas nos 
últimos anos, principalmente nas áreas de Cerrado, com o aumento de incentivos 
econômicos para a produção de alimentos, prevê-se a expansão futura das áreas 
irrigadas no País. “Apesar do benefício potencial da irrigação para a produção agrí-
cola, estratégias para promover o aumento da produção agrícola irrigada devem 
considerar restrições relacionadas com a disponibilidade, qualidade e conflitos de 
uso da água das bacias hidrográficas em que estão inseridas. Ações estimulando a 
melhoria da qualidade da água, conservação de nascentes e áreas de preservação 
permanente, bem como o gerenciamento eficiente dos recursos hídricos, contribui-
rão para a melhoria da qualidade e quantidade de água disponível, fundamentais 
para possibilitar a sustentabilidade e expansão futura da agricultura irrigada no 
Brasil”, orienta Charlotte.
2. A Evolução Urbana no Brasil
O Brasil possui, atualmente, uma das maiores taxas de população urbana 
no globo, com algo em torno de 85% de nossa população residindo em cidades. 
Embora não haja um critério que estipule um mínimo populacional para se definir o 
que é uma cidade (diferente do que ocorre na França, por exemplo, onde só pode 
ser considerada uma cidade localidades com mais de 5.000 habitantes), nossa taxa 
de urbanização é maior que a de quase todos os países desenvolvidos no mundo.
Chama a atenção que o fenômeno urbano no Brasil é recente, à medida que 
apenas em meados da década de 1960 é que o Brasil realiza sua transição rural 
para urbano, ou seja, para uma predominância de população residindo em cidades 
frente a população residente no campo.
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2.1. O Urbano Colonial e a Rede da Mineração
As cidades no Brasil colonial eram um fenômeno bastante pontual e mínimo 
Havia um único grande centro urbano relacionado a Salvador, com cidades nas 
cercanias, como Cachoeiro, Santo Amaro da Purificação e Nazaré. Nesse período 
(nos dois primeiros séculos de nossa história), o grosso da população brasileira, ou 
seja, mais de 95%, residia no campo, e as cidades tinham duas funções: a função 
administrativa, ou seja, o núcleo de representação da sociedade rural determina-
do por estruturas como o pelourinho, a prisão e a câmara, e a função geopolítica, 
determinando o vértice da ocupação nos portos, pela necessidade destes para ex-
portar os gêneros agrícolas, principalmente o açúcar, mas também para receber os 
escravos. No urbano colonial, a formatação das cidades era uma cópia do medieval 
português, e bastante desorganizada frente ao modelo espanhol de cidades com 
ruas perpendiculares.
Em 1720, o Brasil possuía apenas 70 cidades ou vilas, sendo Salvador a nossa 
maior cidade, ou concentração urbana, com algo em torno de 100.000 habitantes.
É no século 18, anos 1700, propiciado pela rede urbana oriunda do ciclo da 
mineração, que o Brasil começa a experimentar um processo incipiente de inte-
riorização da urbanização, o qual não fora percebido nos séculos anteriores de co-
lonização. Em fins do século 18, vemos também o alvorecer de núcleos urbanos 
incipientes relacionados à atividade mineradora e à expansão bandeirante, 
resultando na formação de localidades no estado de Goiás, como Pirenópolis e a 
Cidade de Goiás, atualmente Goiás Velho, chegando até o Mato Grosso, formando, 
por exemplo, Cuiabá. Havia ainda dentro desse contexto cidades de pouso, como, 
por exemplo, Jacobina, na Bahia; Pouso Alegre, em Minas Gerais, e várias no inte-
rior de São Paulo relacionadas a essa expansão do bandeirantismo.
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Em Minas Gerais, a rede urbana que se formava, além de conseguir ampliar em 
nível quantitativo o número de cidades e vilas no Brasil, dava uma nova cara ao 
fenômeno urbano também de forma qualitativa, com uma base econômica e so-
cial mais diversificada, e um urbano menos subordinado ao rural. Mesmo assim, ao 
término do período colonial, em 1822, o Brasil ainda é um país rural. Com algo em 
torno de três milhões de habitantes (95% no campo) no total, passamos a partir da 
independência a iniciar um ciclo de crescimento demográfico em função da inclusão 
de imigrantes na sociedade brasileira
Segundo o Censo Imperial de 1872, o Brasil possuía algo perto 10 milhões de 
habitantes, e três cidades apenas com mais de 100 mil habitantes; Rio de Janeiro 
na liderança disparada, com mais 274 mil habitantes; Salvador bem baixo, com 
129 mil, e Recife em terceiro lugar, com 116 mil, seguida de longe por Belém em 
quarto, com 61 mil habitantes. São Paulo, ao período, ainda era praticamente uma 
vila, com algo em torno de 30 mil residentes.
2.2. A Urbanização no Século XX
No primeiro censo do século XX, de 1900, o Rio de Janeiro já contava com 700 
mil habitantes. Aditivada pelo acréscimo de imigrantes, principalmente, de ita-
lianos, São Paulo figurava em segundo lugar, com 240 mil habitantes, seguida 
por Salvador, Recife e Belém. Em 1900, o Brasil tinha 14 milhões de habitantes e 
9,4% de população urbana. Vinte anos depois, nenhuma mudança no ranking 
das maiores cidades e seguimos possuindo ainda 10% de população urbana.
É a partir do Brasil industrial, ou seja, dos anos 1930, que ocorrem dois fenôme-
nos cruciais com relação à urbanização no Brasil. O primeiro diz respeito à revolu-
ção demográfica, ou explosão demográfica. Se antes o crescimento populacional 
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era muito influenciado pelos saldos migratórios positivos, agora é o crescimento 
vegetativo (ou seja, natalidademaior que a mortalidade) que comanda os indica-
dores de acréscimo de população no Brasil em processo comandado pela onda de 
urbanização, à medida que a população passou a morrer menos ao residir em ci-
dades, ao utilizar mais ostensivamente os meios médico-sanitários-farmacêuticos. 
Em outra frente, havia também uma revolução urbana ocorrendo em função do 
acelerado processo de industrialização, e dos ares de modernidade que o gover-
no de Getúlio Vargas imprimia numa sociedade outrora arcaica e engessada pelos 
anseios de uma política do café com leite e um passado colonial que atrasaram e 
muito os rumos do desenvolvimento do Brasil.
Em 1940, o Brasil fez saltar a sua população urbana para mais de 30% frente 
aos parcos 10% de 20 anos antes. Assim, segue sua toada de crescimento e seus 
contingentes urbanos e de forte metropolização. Em 1950; 37% de população ur-
bana, 1960; 45% e, na década de 1970, finalmente chegamos à predominância 
de população urbana sobre a rural. Entre a década de 1950 e 1970, São Paulo é a 
cidade que mais cresce no mundo. A metrópole brasileira que, em 1950, possuía 
algo em torno de 2,8 milhões de habitantes, entra na década de 70 com quase 9 
milhões de habitantes.
2.3. Tendências Atuais da Urbanização no Brasil
Hoje, o Brasil conta com algo em torno de 85% a 86% de população urba-
na. Os indicadores já não crescem tanto como em outras décadas, havendo uma 
diminuição do número de pessoas que saem do campo e migram para as cidades, 
ou seja, uma queda no êxodo rural.
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O auge da transferência de pessoas do campo para as cidades no Brasil se deu 
entre as décadas de 1950 e 1980. Boa parte dessa saída de pessoas se deveu a um 
fluxo de pessoas atraídas pelas oportunidades de trabalho na indústria, já outras 
em função do processo de mecanização no campo, o qual reduziu drasticamente a 
oferta de trabalho no campo.
Vale destacar que, atualmente, não há nenhum estado da Federação com 
predominância de população rural. Os menores contingentes de população urbana 
se encontram no Maranhão (67%) e Alagoas (68%), já os maiores no DF (97%) e 
RJ (96%).
Maiores cidades do Brasil (2016):
1 São Paulo 12 106 920
2 Rio de Janeiro 6 520 266
3 Brasília 3 039 444
4 Salvador 2 953 986
5 Fortaleza 2 627 482
6 Belo Horizonte 2 523 794
7 Manaus 2 130 264
8 Curitiba 1 908 359
9 Recife 1 633 697
10 Porto Alegre 1 484 941
11 Goiânia 1 466 105
12 Belém 1 452 275
13 Guarulhos 1 344 113
14 Campinas 1 182 429
15 São Luís 1 091 868
16 São Gonçalo 1 049 826
17 Maceió 1 019 029
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https://pt.wikipedia.org/wiki/São_Paulo_(cidade)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_(Bahia)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fortaleza
https://pt.wikipedia.org/wiki/Belo_Horizonte
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manaus
https://pt.wikipedia.org/wiki/Curitiba
https://pt.wikipedia.org/wiki/Recife
https://pt.wikipedia.org/wiki/Porto_Alegre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Goiânia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Belém_(Pará)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guarulhos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Campinas
https://pt.wikipedia.org/wiki/São_Luís_(Maranhão)
https://pt.wikipedia.org/wiki/São_Gonçalo_(Rio_de_Janeiro)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maceió
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2.4. O Regic 2008
As cidades são divididas por hierarquias. Contudo, no Brasil, e ao contrário do 
que possa parecer, a hierarquia principal não se encontra relacionada a seus con-
tingentes populacionais. Mesmo ouvindo falar muito sobre o termo cidades médias, 
cidades grandes, cidades pequenas, o que realmente define a hierarquia das cida-
des no Brasil é um estudo do IBGE, chamado de Regime de Influência das Cidades 
(Regic), elaborado entre 2007 e 2008. Nesse estudo, foram levados em considera-
ção vários aspectos de desenvolvimento urbano e seus aparelhos, tais quais a área 
de influência da cidade (tanto direta quanto indireta), sendo que São Paulo, a nossa 
grande metrópole nacional, atinge, por tal critério, 51.000.000 de pessoas (1/5 da 
população brasileira), além do número de vagas em UTI, ou até o número de vagas 
em instituições de nível superior. São muitos parâmetros tomados em conta pelo 
IBGE. Nosso Instituto de Geografia promove uma miscelânea desses números e 
valores e define a qual hierarquia cada cidade pertence. Vamos ver!
O topo da hierarquia é constituído por 12 metrópoles divididas em três ca-
tegorias.
Aconselho que saiba quais são essas cidades no topo da hierarquia urbana e suas 
categorias.
Grande metrópole nacional: São Paulo (1).
Metrópoles nacionais: Rio de Janeiro e Brasília (2).
Metrópoles regionais: Belém, Manaus, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, 
Goiânia, Curitiba e Porto Alegre (nove, no total).
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Aspectos importantes a serem levados em conta sobre a questão das metrópoles 
no Brasil:
• todas as metrópoles são cidades com mais de 1 milhão de habitantes, mas a 
regra para se atribuir se é ou não uma metrópole não é demográfica. Po-
deria constar nessa lista uma cidade com menos de 1 milhão de habitantes, 
sem problema nenhum, porém, não é o que ocorre;
• chama a atenção o fato de que todas as 12 metrópoles são capitais de 
seus respectivos estados. Também não é algo obrigatório, absolutamente, 
mas tal evento se deve ao fato de que no Brasil há uma tendência explícita 
de que as principais cidades sejam exatamente as capitais de seus estados. 
É a tônica de nosso processo de macrocefalia urbana. As principais e mais 
importantes cidades encontram-se localizadas nas capitais de estados, con-
centrando fatores produtivos e demográficos;
• à época da divulgação da lista com as metrópoles brasileiras, não foi incluída a 
cidade de Campinas, em São Paulo, causando certo estranhamento por par-
te de alguns estudiosos da questão urbana no Brasil. A cidade de São Paulo, 
com sua enorme abrangência e influência, acabou, de certa forma, eclipsando 
Campinas. Assim, a próspera cidade do estado de São Paulo (segunda maior 
cidade do estado, inclusive), mesmo esbanjando altos índices de desenvolvi-
mento, não conseguiu ascender como metrópole em nossa hierarquia urbana;
• por último, vale destacar as categorias abaixo das metrópoles no Brasil
As outras categorias no Regic 2007:
• capital regional (70 cidades);
• centro sub-regional (169);
• centro de zona (910);
• centro local (4.446).
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2.5. As Questões Urbanas no Brasil: Favelização, Macrocefalia, 
Desmetropolização, Resíduos Sólidos e Violência
2.5.1. A Favelização
A origem das favelas, além de estar associada à industrialização e à urba-
nização das sociedades, também é uma consequência histórica do processo de 
escravismo que marcou a história do Brasil. Segundo uma pesquisa realizada 
pelo professor doutor em Geografia, Andrelino Campos, o final do tráfico negreiroe da escravidão estão diretamente associados à formação das primeiras ocupações 
irregulares nos morros cariocas. Segundo aponta o pesquisador, os ex-escravos, 
além da população mais pobre, passaram a habitar os morros por estes ficarem 
mais próximos de zonas que ofereciam vagas no mercado de trabalho.
Portanto, podemos dizer que o processo de favelização revela as consequ-
ências das desigualdades socioeconômicas que marcam a produção do espaço e 
contribuem para a segregação urbana e cultural das classes menos abastadas da 
sociedade.
Conforme informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE), o Brasil já ultrapassou a marca de 11 milhões de pessoas morando 
em favelas, o que é equivalente a cerca de 7% da população total, um número 
superior à população total de Portugal. Desse contingente de pessoas, 80% delas 
são de regiões metropolitanas, o que nos ajuda a perceber como a urbanização 
está diretamente associada ao surgimento das favelas. Em São Paulo, o número de 
pessoas residindo em favelas já ultrapassa 17% e no Rio bate 22%.
Atualmente, é interessante perceber que o lugar no Brasil onde mais cresce o 
processo de favelização é exatamente a Unidade da Federação com maior renda 
per capita e melhor IDH, o Distrito Federal. A conurbação (ou seja, o encontro hori-
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zontal entre áreas, bairros, ou cidades) entre os condomínios de baixa renda Pôr do 
Sol e Sol Nascente, ambos na região administrativa da Ceilândia, já produz o maior 
fenômeno recente de favelização no Brasil (e bem recente, à medida que se inicia 
formação desses dois bolsões de favelização há mais ou menos 15 anos apenas) e 
também, muito provavelmente, a maior favela do País. 
O IBGE considera como favelas (e o Instituto dá o nome de aglomerações 
subnormais para tais formações) os adensamentos de baixa renda que possuam:
• mais de 51 domicílios;
• sejam irregulares, possuam ausência quase que completa de serviços públi-
cos básicos, como saúde, educação, saneamento e coleta de lixo.
Já pela definição da Organização das Nações Unidas (ONU), favela é um conjun-
to de moradias em que se vive sem um ou mais dos seguintes itens: água potável, 
instalações sanitárias próprias, segurança e número suficiente de cômodos. 
2.5.2. A Macrocefalia Urbana
A macrocefalia urbana se caracteriza pela concentração de atividades e po-
pulação em espaço limitado, ou seja, poucas cidades em um país, ou no caso de 
um estado com apenas uma ou duas principais cidades.
Os grandes centros urbanos de países periféricos e semiperiféricos são a per-
feita manifestação da macrocefalia urbana. Podemos citar, por exemplo, o caso do 
Brasil. Segundo o IBGE, o país possui, atualmente, mais de cinco mil cidades, po-
rém, 12 delas, as metrópoles, concentram funções econômicas, culturais, adminis-
trativas, políticas, deixando as demais dependentes do que acontece nessas 12. Há 
também o caso clássico de Buenos Aires, na Argentina, cidade que concentra quase 
50% da economia argentina ou Montevidéu, no Uruguai, a qual concentra mais de 
50% da população do país em sua área metropolitana.
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A macrocefalia é uma consequência da desqualificação do processo de urbani-
zação, à medida que a população se transfere de maneira acelerada, desorgani-
zada e descapitalizada do campo para a cidade, não dando tempo nem condições 
de implantar uma estrutura urbana de maneira bem distribuída, gerando, então, 
a intensa concentração em uma ou poucas localidades, o que manifesta a 
macrocefalia.
2.5.3. Desmetropolização
Outro ponto muito importante da geografia urbana no Brasil diz respeito ao fe-
nômeno da desmetropolização, termo este que tem relação com a perda do valor 
relativo do peso demográfico e econômico das metrópoles (ou das grandes 
cidades) em comparação às cidades médias.
Esse é um fenômeno que vem ocorrendo no Brasil com grande intensidade ao 
longo dos últimos 30 anos em função das maiores oportunidades, e do padrão 
atrativo mais acentuado, proporcionado pelas cidades médias frente as várias me-
trópoles, as quais já se encontram saturadas em sua capacidade de atrair novos 
investimentos e também contingentes populacionais.
Pesa muito nesse processo o crescimento das escalas do agronegócio nacional, 
o qual encontra nas cidades médias, em vez das metrópoles, seus epicentros pro-
dutivos, tanto relacionados à atividade industrial quanto ao setor de serviços.
Dentro desse contexto de desmetropolização, podemos citar o crescimento das 
cidades de Uberlândia (MG), Maringá e Londrina (PR), São José do Rio Preto (SP), 
e até cidades na expansão da fronteira agrícola para Amazônia, como Rondonópolis 
e Lucas do Rio Verde (MT), ou no oeste baiano, como Luís Eduardo Magalhães e 
Barreiras (BA), e no interior do Piauí, como Picos (PI). Mas independentemente da 
localização, de norte a sul no Brasil percebe-se exatamente o mesmo fenômeno: 
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o alvorecer de cidades que crescem a taxas muito maiores do que as das 
capitais dos seus respectivos estados. Esse é o fenômeno da desmetropolização 
em curso. Para finalizar, vale a pena ressaltar que as metrópoles no Brasil não 
estão ainda diminuindo de tamanho, ok? O que ocorre, repito, é a perda do 
vigor do crescimento dessas cidades, e menores indicadores de crescimento se 
comparados às cidades médias.
2.5.4. A Questão dos Resíduos Sólidos
A questão dos resíduos sólidos no Brasil é um dos pontos mais importantes 
dentro do contexto urbano, mas ainda é assunto bastante eclipsado em função das 
discussões acerca de outras problemáticas urbanas que ganharam mais espaço, 
como, por exemplo, a questão da violência, do trânsito, do acesso à saúde pública, 
entre outros aspectos.
Em 2010, foi promulgada a Lei de Resíduos Sólidos, a qual dispunha, dentre 
seus artigos, a obrigatoriedade de todos os municípios no Brasil extinguirem, sem 
exceção, os seus lixões até 2014. Porém, na chegada da data prevista, o que se 
viu foi que a grande maioria dos municípios não conseguiu extinguir seus lixões. 
Assim, o legislador buscou resolver essa questão adiando essa obrigatoriedade, es-
calonando pelo tamanho das cidades as obrigações, a serem repartidas entre 2018 
e 2021. Veja:
• Municípios com população acima de 500.000 habitantes: prazo – setembro 
de 2018;
• Municípios com população acima de 100.000 habitantes: prazo – setembro 
de 2019;
• Municípios com população acima de 50.000 habitantes: prazo – setembro de 
2020;
• Municípios com população acima até 50.000 habitantes: prazo – setembro 
de 2021.
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Aterros sanitários são um local destinado à decomposição final de resíduos 
gerados pela atividade humana. Nele, são dispostos resíduos domésticos, comer-
ciais, da indústria de construção e também resíduos sólidos retirados sólidosdo 
esgoto. Os aterros eliminam a poluição da atmosfera e do solo, funcionando como 
se fosse um lixão controlado.
2.6. A Violência Urbana: Considerações
O Brasil vem experimentando, ao longo dos últimos 20 anos, um aumento em 
seus indicadores de violência, principalmente, nos indicadores de homicídios, o 
indicador mais drástico de todos. Nossas cidades vêm passando por um processo 
de acentuação da violência dentro dessa crise geral de violência. A saber, hoje, o 
Brasil é o país no mundo com o maior número de homicídios totais: em 2016, mais 
de 61.000 vidas forma ceifadas por assassinatos.
Um fenômeno que chama a atenção nesse aspecto diz respeito ao fato de que 
a violência urbana no Brasil vem se interiorizando, ou seja, não está mais 
restrita apenas aos grandes centros urbanos, embora as grandes cidades também 
tenham ficado mais violentas ao longo das últimas décadas.
Nas pequenas cidades das frentes pioneiras agrícolas, por exemplo, em 
estados como Pará, Rondônia e Mato Grosso (e aí influenciam muito as questões 
relacionadas a morte pelo acesso à terra e a crimes por questões fúteis, como defe-
sa da honra e bebedeira) e em localidades menores nas periferias de cidades 
grandes, por vezes as taxas de homicídios são até maiores do que as de cida-
des metropolitanas. A interiorização da violência caminha junto com a expansão da 
epidemia de crack no Brasil, em uma relação de causa e consequência. Estima-se 
que em nenhum país do mundo exista tantos viciados nessa nociva droga (algo em 
torno de 700 mil a 1 milhão, segundo dados do Ministério da Saúde), e esse núme-
ro de viciados só cresce em localidades menores do interior do Brasil.
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Esgoto
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Outro fato que contribuiu enormemente com esses acréscimos nas estatísticas 
de homicídios nas cidades brasileiras, principalmente, nas capitais, diz respeito à 
atuação de facções criminosas relativamente novas e nascidas dentro de pre-
sídios, as quais, hoje, irradiam suas ações de controle do tráfico de drogas e da 
primazia nos roubos para fora dos muros das penitenciarias. Daí vem o PCC (com 
atuação no Brasil inteiro), seus rivais Família do Norte (com origem em Manaus 
e busca pelo controle do tráfico de drogas em toda Região Norte), o Sindicato do 
Crime (forte atuação no Rio Grande do Norte, o estado mais violento do Brasil em 
número de homicídios por população de 100.000 habitantes em 2017), entre ou-
tras organizações.
Para embasar melhor a drástica questão relacionada à crescente violência urba-
na no Brasil com parâmetros globais, apresento uma matéria publicada no portal 
G1, de 07/04/2017. Leia com atenção a dimensão a que chegou a violência urbana 
no País, com o maior número de cidades violentas no mundo.
A matéria, como poderá ver, cita apenas municípios com população acima de 
300.000 habitantes. No Brasil, há uma série de municípios menores e mais violen-
tos do que os listados. 
Brasil tem 19 cidades em ranking de ONG com as 50 mais violentas do 
mundo5
O Brasil foi o país com o maior número de cidades entre as 50 mais violentas 
do mundo em 2016, segundo a lista divulgada nesta quinta-feira (07/04) pela ONG 
mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal. O país possui 
19 municípios no ranking.
5 https://g1.globo.com/mundo/noticia/brasil-tem-19-cidades-em-ranking-de-ong-com-as-50-mais-vio-
lentas-do-mundo.ghtml
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“Das 50 cidades da lista, 19 estão no Brasil, oito no México, sete na Venezuela, 
quatro nos Estados Unidos, quatro na Colômbia, três na África do Sul, duas em 
Honduras, uma em El Salvador, uma na Guatemala e uma na Jamaica”, afirmou 
a ONG.
Na décima posição no ranking, Natal é a cidade mais violenta do país, com 69,56 
homicídios por 100 mil habitantes. O município é seguido por Belém* e Aracaju.
A lista inclui ainda Feira de Santana (15º), Vitória da Conquista (16º), Campos 
dos Goytacazes (19º), Salvador (20º), Maceió (25º), Recife (28º), João Pessoa 
(29º), São Luís (33º), Fortaleza (35º), Teresina (38º), Cuiabá (39º), Goiânia (42º), 
Macapá (45º), Manaus (46º), Vitória (47º) e Curitiba (49º).
Com 130,35 homicídios por 100 mil habitantes, Caracas, na Venezuela, aparece 
no topo do ranking das mais violentas do mundo, seguida por Acapulco, no México, 
e San Pedro Sula, em Honduras. Segundo a ONG, a repetição da posição da capital 
venezuelana por dois anos seguidos confirma a crise criminal no país.
Em relação a 2015, duas cidades brasileiras deixaram o ranking no ano passa-
do: Porto Alegre e Campina Grande.
Segundo a ONG, os níveis de violência na América Latina não são uma surpresa 
e refletem a impunidade. No Brasil, ela atinge 92% dos homicídios, na Venezuela, 
El Salvador e em Honduras, chega a 95%.
A lista da ONG é baseada no número de homicídios por 100 mil habitantes e 
analisa municípios com mais de 300 mil habitantes.
• Caracas (Venezuela) – 130,35 homicídios/100 mil habitantes
• Acapulco (México) – 113,24
• San Pedro Sula (Honduras) – 112,09
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• Distrito Central (Honduras) – 85,09
• Victoria (México) – 84,67
• Maturín (Venezuela) – 84,21
• San Salvador (El Salvador) – 83,39
• Ciudad Guayana (Venezuela) – 82,84
• Valencia (Venezuela) – 72,02
• Natal (Brasil) – 69,56
• Belém (Brasil) – 67,41
• Aracaju (Brasil) – 62,76
• Cape Town (África do Sul) – 60,77
• St. Louis (EUA) – 60,37
• Feira de Santana (Brasil) – 60,23
• Vitória da Conquista (Brasil) – 60,10
• Barquisimeto (Venezuela) – 59,38
• Cumaná (Venezuela) – 59,31
• Campos dos Goytacazes (Brasil) – 56,45
• Salvador e RMS (Brasil) – 54,71
• Cali (Colômbia) – 54,00
• Tijuana (México) – 53,06
• Guatemala (Guatemala) – 52,73
• Culiacán (México) – 51,81
• Maceió (Brasil) – 51,78
• Baltimore (EUA) – 51,14
• Mazatlán (México) – 48,75
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• Recife (Brasil) – 47,89
• João Pessoa (Brasil) – 47,57
• Gran Barcelona (Venezuela) – 46,86
• Palmira (Colômbia) – 46,30
• Kingston (Jamaica) – 45,43
• São Luís (Brasil) – 45,41
• New Orleans (EUA) – 45,17
• Fortaleza (Brasil) – 44,98
• Detroit (EUA) – 44,60
• Juárez (México) – 43,63
• Teresina (Brasil) – 42,84
• Cuiabá (Brasil) – 42,61
• Chihuahua (México) – 42,02
• Obregón (México) – 40,95
• Goiânia e Aparecida de Goiânia (Brasil) – 39,48
• Nelson Mandela Bay (África do Sul) – 39,19
• Armenia (Colômbia) – 38,54
• Macapá (Brasil) – 38,45
• Manaus (Brasil) – 38,25
• Vitória (Brasil) – 37,54
• Cúcuta (Colômbia) – 37,00
• Curitiba (Brasil) – 34,92
• Durban (África do Sul) – 34,43
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