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CARREIRAS MILITARES GEOGRAFIA DO BRASIL POPULAÇÃO BRASILEIRA; POLÍTICAS TERRITORIAIS E REGIONAIS Livro Eletrônico PRESIDENTE: Gabriel Granjeiro VICE-PRESIDENTE: Rodrigo Teles Calado COORDENADORA PEDAGÓGICA: Élica Lopes ASSISTENTES PEDAGÓGICAS: Francineide Fontana, Kamilla Fernandes e Larissa Carvalho SUPERVISORA DE PRODUÇÃO: Emanuelle Alves Melo ASSISTENTES DE PRODUÇÃO: Giulia Batelli, Juliane Fenícia de Castro e Thaylinne Gomes Lima REVISOR(A): Mayra Barbosa Souza DIAGRAMADOR: Charles Maia da Silva CAPA: Washington Nunes Chaves Gran Cursos Online SBS Quadra 02, Bloco J, Lote 10, Edifício Carlton Tower, Sala 201, 2º Andar, Asa Sul, Brasília-DF CEP: 70.070-120 Capitais e regiões metropolitanas: 4007 2501 Demais localidades: 0800 607 2500 Seg a sex (exceto feriados) / das 8h às 20h www.grancursosonline.com.br/ouvidoria TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – De acordo com a Lei n. 9.610, de 19.02.1998, nenhuma parte deste livro pode ser fotocopiada, gravada, reproduzida ou armazenada em um sistema de recupe ração de informações ou transmitida sob qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico ou mecânico sem o prévio consentimento do detentor dos direitos autorais e do editor. © 05/2019 O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br/ouvidoria http://www.grancursosonline.com.br LUIS FELIPE ZIRIBA Formado em Geografia pela Universidade de Brasília, leciona desde 2001 em cursos e pla- taformas variadas pelo Distrito Federal, tendo começado em pré-vestibulares, seguindo para preparatórios para o concurso de admissão à carreira diplomática, escolas de ingresso na carreira militar (espcex) além de lecionar para os mais concorridos concurso do Brasil, tais quais Câmara dos Deputados, Senado Federal, BC ,PF, PCDF ,entre outros, promovendo nes- tes últimos, principalmente, aulas na frente de Atualidades e de Realidade do DF O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br 4 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Geografia Humana do Brasil: Campo, Urbanização, Transportes e População .......6 Introdução ................................................................................................6 1. Breve Histórico sobre o Campo no Brasil: Atividades Agrárias e Espaço Rural ..7 1.1. AS Novas Escalas de Produção Agrícola e o Cerrado ..................................8 1.2. A Modernização no Campo pós 1960 .....................................................10 1.3. A Questão Fundiária e a Reforma Agrária ..............................................13 1.4. O Agronegócio e a Integração entre Campo e Cidade ..............................17 2. A Evolução Urbana no Brasil ...................................................................32 2.1. O Urbano Colonial e a Rede da Mineração ..............................................33 2.2. A Urbanização no Século XX ................................................................34 2.3. Tendências Atuais da Urbanização no Brasil ...........................................35 2.4. O Regic 2008 .....................................................................................37 2.5. As Questões Urbanas no Brasil: Favelização, Macrocefalia, Desmetropolização, Resíduos Sólidos e Violência ...........................................39 2.6. A Violência Urbana: Considerações .......................................................43 3. A Distribuição dos Transportes no Brasil ...................................................48 3.1. Introdução ........................................................................................48 3.2. As Rodovias ......................................................................................49 3.3. As Ferrovias ......................................................................................61 3.4. Hidrovias ..........................................................................................65 3.5. O Transporte Aéreo de Cargas no Brasil .................................................70 3.6. Conclusão .........................................................................................72 4. A Evolução Demográfica Brasileira ...........................................................75 4.1. O Quesito Populoso e Povoado .............................................................75 O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 5 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba 4.2. A Evolução da Demografia Brasileira (Parte 2) ........................................80 4.3. A Atual Estrutura da População Brasileira...............................................87 4.4. Os Principais Movimentos Migratórios Internos pós 1930 .........................89 O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 6 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba GEOGRAFIA HUMANA DO BRASIL: CAMPO, URBANIZAÇÃO, TRANSPORTES E POPULAÇÃO Caro(a) aluno(a), nesta terceira aula, dando atenção ao edital ESA 2019, abor- darei aspectos relacionados aos temas de geografia humana do Brasil: campo, ur- banização, transportes e população. Destaco que, para facilitar os seus estudos, fiz uma pequena alteração no cro- nograma inicial: em vez de três aulas, serão quatro. Assim, a aula 4 versará sobre as políticas territoriais nacionais, ok? Vamos lá! Introdução É interessante observar que a formação do espaço agrário brasileiro, tal qual conhecemos hoje, ou seja, ultramoderno e competitivo, produtor de excedentes, que lidera as produções de carne, frango, laranja, café, exportação de soja, atrai capital estrangeiro, além de mover a formação de multinacionais brasileiras do setor alimentício, possui em suas bases um passado de características arcaicas e bastante retrógrado. Partimos de estruturas agrárias atrasadas e de uma posse da terra extrema- mente concentrada, com modo produtivo baseado na plantation, ou seja, nas grandes propriedades rurais, com um produto voltado à exportação e uma socie- dade estratificada escravocrata. Ao longo dos séculos de colonização, e também no Brasil do Império (a partir de 1822), tais estruturas não evoluíram, sendo tão so- mente a partir da década de 1930 que surgiu, no campo brasileiro, um novo alento, com a formação das primeiras frentes pioneiras da fronteira agrícola, que começa a se instalar em solos de cerrado. Vamos entender como se iniciou esse processo. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 7 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba 1. Breve Histórico sobre o Campo no Brasil: Atividades Agrárias e Espaço Rural As bases retrógradas do campo brasileiro têm uma origem no modelo de co- lonização aqui implementado. Uma colonização que se deu por meio do sistema tipo colônia de exploração, no qual não havia interesse em torno da forma- ção de uma sociedade dinâmica, produtora de excedentes que catapultasse um mercado interno nem qualquer fomento a estruturas de interligação produtiva e territorial. Na divisão da terra, vigorava o paternalismo das capitanias hereditárias, sub- divididas em sesmarias. Começa aí, inclusive, a confusão em relação à posse da terra no Brasil e a forte concentração fundiária. Sobre esse aspecto, da concentra-ção fundiária, não se preocupe ainda, pois, um pouco mais à frente, tratarei desse assunto com mais riqueza de informações. Somente a partir da década de 1930, com o advento da industrialização, da acelerada urbanização e, consequentemente, do contexto de incremento populacional ocasionado pela explosão demográfica (tema que será visto com mais profundidade em nossa aula 5), é que o Brasil experimenta a for- mação de uma fronteira agrícola seminal. Após séculos de ciclos agrários que funcionaram como ilhas isoladas, sem qualquer iniciativa de promoção de escalas de desenvolvimento integrado, sempre com base em um único produto na produção agrária para atender aos interesses de fora, o campo brasileiro co- meça a voltar-se para dentro ao receber implementos de uma política setorial de Estado. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 8 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba 1.1. AS Novas Escalas de Produção Agrícola e o Cerrado No governo de Getúlio Vargas, em seu primeiro e longo mandato (1930-1945), são criadas as bases para a expansão da fronteira agrícola no Brasil Central por meio da Marcha para o Oeste. Era o Estado se colocando à frente, empreen- dendo ações com vistas ao conhecimento físico do território do Brasil central, dos seus povos e suas potencialidades variadas, para conseguir, entre outros aspectos, como proferiu Getúlio Vargas, “conhecer o branco das nossas cartas cartográficas”, implantar de forma consistente as estruturas voltadas ao fomento do desenvol- vimento agrário interior. É o início da entrada de atividades agrícolas em solos de cerrado, dada pela formação das chamadas colônias agrícolas. A primeira, das oito instaladas, foi em Ceres-GO, sendo outra muito importante, criada, já um pouco depois (década de 1950), a de Dourados-MS. Se por parte do governo central havia uma ação efetiva com o objetivo de pro- mover o desenvolvimento rural, e deixar para trás as bases arcaicas que determi- naram, ao longo dos séculos, a verdadeira face do campo nacional; na outra ponta, ocorre a chamada Revolução Verde, ou seja, a transferência de tecnologias pro- duzidas nos países ricos (em especial, os EUA) para o País, já em fins da década de 1950, entrada da década de 1960. Eram os chamados pacotes tecnológicos. Uma série de produtos químicos, sementes híbridas (ou Variabilidades de Alto Rendi- mento – VAR) e utensílios agrícolas e maquinários, com vistas a promover novas escalas produtivas e competitivas no campo nacional. Assim, abrem-se as portas para a afetiva ocupação do cerrado brasileiro por parte das atividades agropecuárias. Havia fatores profícuos: a união entre esta- dos, capital privado à disposição, tecnologias, as novas necessidades inerentes ao processo de modernização pelas quais nossa sociedade passava e a ausência de marcos legais ambientais de qualquer espécie. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 9 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Na década de 1960, dois adventos legais marcam a questão agrária no Brasil. O primeiro se deu em 1963, ao ser promulgado o Estatuto do Trabalhador Ru- ral, quando o presidente João Goulart, pressionado pelos movimentos campesinos, principalmente, as ligas camponesas (não havia MST à época), sanciona a lei que, dentre outros benefícios, concede ao trabalhador rural os mesmos direitos dos tra- balhadores urbanos, como aposentadoria, férias de 30 dias e descanso semanal remunerado. Concomitantemente, em 1964, já sob os auspícios do regime militar, é promul- gada a Lei n. 4.504/1964, mas conhecida como o Estatuto da Terra, para dinami- zar a produção agrícola e instrumentalizar mecanismos de financiamento dos pro- dutores rurais, preferencialmente, dos grandes produtores. Esse marco legal cria também o estamento da função social da terra no Brasil, obrigando, ao menos em tese, que produtores rurais de grandes propriedades (os chamados latifúndios) produzissem em vez de fazer da terra apenas uma reserva de valor improdutiva. Demanda geralmente vinculada a grupos e governos à esquerda, a questão da função social da terra e reforma agrária entra em nosso estamento jurídico nos pri- meiros meses após o golpe militar de 1964. Algo bastante anacrônico, sem dúvida alguma. Com relação ao mesmo tema, a Constituição de 1988 recepciona tal dispositivo no art. 5º: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantin- do-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXII – é garantido o direito de propriedade; XXIII – a propriedade atenderá a sua função social; O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 10 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba 1.2. A Modernização no Campo pós 1960 1.2.1. A Ocupação da Amazônia: Produção Agrária e Militarização Com a entrada do regime militar no poder, ganha espaço uma orientação ide- ológica e política muito marcada pelo viés integrar para não entregar. Eram anos nos quais o modelo desenvolvimentista e de segurança nacional deviam caminhar juntos. Associada aos grandes projetos de integração nacional, a fronteira agrícola inicia sua subida para os solos amazônicos. Pelas mãos do Primeiro Plano Na- cional de Desenvolvimento (I PND 1972-1974), com petróleo barato e juros bai- xos, grandes rodovias começam a ser abertas cruzando a Amazônia. A BR-163 de Cuiabá a Santarém (demonstrada em nossa aula 2 sobre os transportes no Brasil), a imensa ligação intencionada pelo projeto original da Transamazônica (BR-230), a qual, em tese, ligaria João Pessoa na Paraíba até o Acre, cruzando a Amazônia (e o Brasil, na verdade) de Leste a Oeste, além do asfaltamento da Belém-Brasília, construído nos anos JK, mas com projeto de asfaltamento con- cretizado no regime militar, além do trecho norte da BR-364 e a BR-174, ligando Manaus a Boavista, e Boavista à Venezuela. Eram as chamadas pinças rodovi- árias amazônicas, as quais, tal como proferido em discurso de 1970, feito pelo ditador Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), levariam “terra sem homens para homens sem terras”. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 11 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba No mapa a seguir, está exatamente a disposição dessas rodovias no Brasil, e seus recortes na hileia amazônica. Há também o acréscimo da BR-210, denomi- nada como Perimetral Norte, concluída apenas em seus trechos no Amapá, Pará e Roraima. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 12 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Ao longo dos anos 1980, o modelo desenvolvimentista do regime militar inicia- do na década anterior, calcado em uma gama de ações de colonização enviesada pelo discurso de “integração amazônica”, resulta em problemas sociais e ambientais que ainda estão em voga. Experimentávamos a transferência de pessoas de fora,tal qual nunca visto (em uma década e meia, entre 1970 e 1985, a população na região Norte duplica). O encontro de gaúchos, sulistas, na verdade (adquirentes de terras em sua grande parte), e de nordestinos (a força do trabalho precário braçal em fazendas e garimpos, convencidos todos por um modelo desenvolvimentista im- portado do Centro-Sul brasileiro implantado pela ótica que rezava na cartilha que a floresta deitada era mais valiosa e necessária do que de pé, ou seja, nada baseado na sustentabilidade) promovia os rumos da epopeia de conquista de um eldorado. O extrativismo do caboclo, ou ribeirinho, seja no açaí, ou nas seringueiras, entre outros, começa a ser relegado como atividade vinculada ao atraso, a ser combatida. Na década de 1980, aumentam sensivelmente os conflitos em relação à terra, cres- cendo exponencialmente o desmatamento e crimes ambientais na Amazônia, seja pela ação da alocação do rebanho bovino e de culturas estranhas – leia-se soja e milho – ou pelo corte ilegal do mogno ou das atividades crescentes dos garimpos e da mineração. Fato é que a Amazônia jamais seria a mesma. Entre os anos de 1987 e 1988, organismos internacionais e governos de países desenvolvidos colocam em xeque o nosso modelo de ocupação baseado em desmatamento e a forma com que o governo brasileiro tratava a questão ambiental e os chamados povos da floresta. Nesse período, o cantor Sting e o índio caiapó Raoni levam a bandeira da conserva- ção da Amazônia aos quatro cantos do mundo. No Natal de 1988, o líder seringalista Chico Mendes morre assassinado por fazendeiros adversários à sua causa. Nesse mesmo ano, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) começa suas medi- ções por sensoriamento remoto dos números do desmatamento da floresta. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 13 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba O desmatamento na Amazônia possui estreita relação com as queima- das para limpeza do solo para alocação de culturas como a soja. Seguem os dados relativos ao desmatamento no Brasil dentro da série histórica iniciada em 1988. Percebemos que, atualmente, mesmo em recente elevação, tais números encontram-se distantes dos picos de meados da década de 2000 e da década de 1990, ou até da primeira medição, em 1988. 1.3. A Questão Fundiária e a Reforma Agrária Historicamente, a propriedade da terra no Brasil sempre foi concentrada. Tal padrão vem desde o Brasil colonial, na chamada sociedade do engenho, estrutu- rada pelos enormes latifúndios das plantations. Havia um modelo de divisão de terras, o qual perdurou por séculos, estruturado pela doação à fidalguia: às ca- pitanias, e suas frações menores, sesmarias. Para ter uma ideia, somente em 1850 é que a terra, no Brasil, passa, de fato, a ser comercializada, com o adven- to da Lei de Terras, contudo, tal dispositivo não consegue alterar praticamente O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 14 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba nada a concentração fundiária. Com o advento da República, também não se alteram essas bases, pois a política do-café com leite, que perdurou até 1930, acaba resultando em mais poder aos coronéis do Nordeste e, lógico, aos barões do café de São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. Ao longo do século XX, as moderni- zações experimentadas na sociedade, tanto em Vargas quanto em JK, aliadas ao crescimento econômico, também não modificam a divisão fundiária, pois eram as chamadas modernizações conservadoras, ou seja, havia uma moder- nização em curso na sociedade, nas bases produtivas e etc., mas não houve o al- cance necessário com vistas à promoção de alterações nas bases sociais, tal qual no quesito do acesso à terra. Com a entrada do regime militar, e a pulsão por abrir estradas e integrar a Ama- zônia ao resto do Brasil, em algumas das rodovias criadas, tal qual a Transamazô- nica, o projeto esteve acompanhado de um plano de desapropriação de áreas em faixa de até dez quilômetros em suas laterais destinadas à reforma agrária. O Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), criado em 1971, dentro do Ministério do Interior, esteve incumbido de promover esses assentamentos. As- sim, as glebas eram distribuídas. Um conjunto de lotes com um posto de saúde ao centro e uma escola de nível primário era denominado de agrovila. Ao conjunto de 10 agrovilas, já com uma escola de nível secundário e um hospital, dava-se o nome de agrópolis. Já a união de agrópolis formava uma rurópolis, sendo apenas duas criadas, a de Presidente Médici, no Mato Grosso, e a do município de Rurópolis, no Pará. A verdade foi que esse modelo utópico não resistiu à pressão dos grandes latifundiários e à voracidade com que o capital se apossou da fartura de terras amazônicas e das benesses promovidas pelo governo por meio, primordialmente, O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 15 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba dos fartos benefícios fiscais e financeiros ofertados pela Superintendência de De- senvolvimento da Amazônia (Sudam). No fim da década de 1970, ao curso da primeira década do Incra (criado em 1971), a concentração de terras medida pelo índice de Gini havia aumentado no Brasil. Sobre esse tema de concentração fundiária, vale ressaltar que as ações de reforma agrária no Brasil começam a ocorrer de forma efetiva apenas nos anos 1990. Explico: embora o Incra, o órgão responsável pelas ações de reforma agrá- ria, tenha sido criado em 1971, suas ações ao longo de sua primeira década servi- ram muito mais à colonização (o “c” do nome Incra) do que propriamente à reforma agrária (o “ra”, do nome do órgão). Na década seguinte, no governo de José Sar- ney (1985-1990), ensaia-se um Plano de Reforma Agrária, lançado com pompa e circunstância, mas que não vigou. Das mais de 1,4 milhão de famílias a serem assentadas conforme prometido, menos de 100.000 foram beneficiadas. Assim, é na década de 1990, atendendo aos movimentos sociais (leia-se MST), que o go- verno federal começa a promover ações efetivas de assentamento de famílias em lotes de reforma agrária. Para efeitos de prova, pode-se afirmar que as ações de reforma agrária no Brasil, tanto em termos de área quanto em número de O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 16 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba famílias assentadas (o principal indicador a ser levado em consideração), tiveram fôlego ao longo dos 16 anos compreendidos pelos dois mandatos de FHC, somados aos dois de Lula, perdendo força no governo de Dilma Rousseff. Veja os números: 1 1 http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/03/dilma-assentou-menos-familias-que-lula-e-fhc-meta-e- -120-mil-ate-2018.html O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/03/dilma-assentou-menos-familias-que-lula-e-fhc-meta-e-120-mil-ate-2018.html http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/03/dilma-assentou-menos-familias-que-lula-e-fhc-meta-e-120-mil-ate-2018.html 17 de 95www.grancursosonline.com.brGEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba 1.4. O Agronegócio e a Integração entre Campo e Cidade O agronegócio é constituído de indústria e comércio no setor rural, pecuária, pesca e agricultura, tudo isso associado à produção de conhecimento e tecnologias aplicadas. No Brasil, o agronegócio responde, atualmente, por algo em torno de 30% do PIB. É interessante perceber que, dentre a divisão entre os três seto- res da produção de valor na economia (o PIB), o primeiro setor, a agropecuária, isoladamente, representa apenas 6% do produto interno no Brasil. Assim, são realmente as escalas de integração entre o meio agrícola com a indústria e o setor de serviços que conseguem impactar a relação urbano-rural; boa parte da mão de obra especializada, como agrônomos e veterinários e, principalmente, as indústrias de beneficiamento de alimentos encontram-se no meio urbano, é que produzem um real peso de valor na economia. Aliás, é importante destacar que o voo alçado pelo Brasil ao longo das últimas décadas dentro do contexto agrícola global possui estreita relação com o agronegócio. Em tempos mais recentes de crise econô- mica, foi apenas o âmbito do agronegócio que segurou para que a economia não desfalecesse mais e o nosso crescimento negativo não fosse pior ainda (vivemos -3,8% de queda no PIB em 2015, e -3,6% em 2016). O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 18 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba O infográfico a seguir2 demonstra de forma bem simples como se dão as escalas de intercâmbio pelo agronegócio do campo com as cidades, e como se agregam valores na produção integrada do complexo agroindustrial. 2 http://slideplayer.com.br/slide/2733347/ O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 19 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba O agronegócio responde também, em grande parte, pela internacionalização da nossa economia, estruturada pela penetração de empresas multinacionais bra- sileiras nos mercados globais. As grandes empresas nacionais do setor, como Mi- nerva Foods, Marfrig e JBS, constam sempre nos níveis mais altos em rankings que medem o nível de internacionalização das empresas brasileiras. Se quiser consultar um desses rankings de internacionalização de empresas nacionais, o mais usado é o da Fundação Dom Cabral disponível, em: https://www.fdc.org.br/professore- sepesquisa/nucleos/Documents/negocios_internacionais/2017/Ranking_FDC_Mul- tinacionais_2017.pdf. Além dos negócios internacionais de empresas brasileiras, uma parte con- siderável de nossas exportações em 2016 esteve alicerçada na atividade do agronegócio. Estima-se que, dos R$ 256 bilhões exportados pelo Brasil, perto de R$ 99 bilhões tenha sido realizado por produtos oriundos da cadeia do agro- negócio. O agronegócio é também um indutor de pesquisas no campo. A busca acirrada por competitividade por parte das multinacionais alimentícias passa fundamental- mente pelo incremento na produtividade e, para que isso ocorra, a pesquisa agro- pecuária é parte fundamental. Em um planeta em que a população deve chegar perto de 10 bilhões em 2060, o Brasil é chave na questão da segurança alimentar, devendo saber conciliar suas responsabilidades e aptidões inerentes a um contexto de responsabilidade ambien- tal e sustentabilidade, para garantir os recursos e a qualidade de vida às gerações futuras. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br https://www.fdc.org.br/professoresepesquisa/nucleos/Documents/negocios_internacionais/2017/Ranking_FDC_Multinacionais_2017.pdf https://www.fdc.org.br/professoresepesquisa/nucleos/Documents/negocios_internacionais/2017/Ranking_FDC_Multinacionais_2017.pdf https://www.fdc.org.br/professoresepesquisa/nucleos/Documents/negocios_internacionais/2017/Ranking_FDC_Multinacionais_2017.pdf 20 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba 1.4.1. A Questão da Transgenia no Brasil A transgenia consiste na evolução do melhoramento genético convencional, pois permite transferir características de interesse agronômico entre espécies diferen- tes. Isso quer dizer que essa tecnologia permite, aos cientistas, isolarem genes de microrganismos, por exemplo, e transferi-los para plantas, com o objetivo de torná-las resistentes a doenças ou mais nutritivas. O termo transgênico é sinôni- mo para a expressão Organismo Geneticamente Modificado (OGM). Os OGMs são utilizados na agricultura desde os primórdios (pela escolha de melhores sementes por exemplo) e sua evolução, os transgênicos, são os organismos que recebem um gene de outro organismo doador. Essa alteração no DNA permite mostrar uma característica que não havia antes. Vale destacar que, na natureza, sempre ocorreram (e ainda ocorrem) alterações ou mutações naturais. Já os transgênicos ainda não possuem nem 25 anos de vida no campo, sendo a primeira experiência com transgênicos uma plantação de tomate nos EUA, datada de 1994. A Lei n. 11.105/2005, ou Lei de Biossegurança, que regula as atividades com transgênicos e de biotecnologia em geral, está entre as mais rigorosas do mundo. Entre a sua descoberta até chegar a ser um produto comercial, segundo essa le- gislação, um transgênico é obrigado a passar por muitos estudos, podendo levar aproximadamente até 10 anos de pesquisa. São estudos que visam exatamente garantir a segurança alimentar e ambiental do produto. Depois de analisado e aprovado pela Comissão Técnica Nacional de Biosse- gurança (CTNBio) é que o produto poderá ser disponibilizado para o mercado. A produção de transgênicos é uma atividade legal e legítima, regida por legislação específica, estando pautada por rígidos critérios de biossegurança. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 21 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Atualmente, com Estados Unidos e Argentina, o Brasil lidera na área total de plantio de transgênicos, tal qual demonstra o infográfico a seguir, puxado principal- mente pelo milho e pela soja. No caso dessas duas monoculturas, uma crítica deve ser feita frente ao processo de rendição que nossa agricultura vem passando em relação às sementes e patentes estrangeiras de transgênicos. Vale destacar que, na contramão desse processo, a Embrapa já produz, mas ainda em baixa escala se- mentes transgênicas de soja e feijão (certificadas desde 2013 para uso no campo) e vem desenvolvendo o café e o algodão transgênicos. O Complexo Agroindustrial, iniciado a partir dos anos 1960 no Brasil (e que estru- tura o agronegócio), possui dois modelos de integração bem marcados. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 22 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba O primeiro é a integração vertical, ou seja, a combinação de processos de produção, distribuição, vendas e outros processos econômicos tecnologicamente distintos, estando totalmente em controle da empresa. Esse modelo possui como vantagem competitiva o fatode que, nesse encade- amento vertical, ocorrem menos surpresas frente a atrasos de fornecedores (que são em grande parte eliminados) e também um melhor controle de qualidade. Um exemplo desse tipo de integração ocorre na produção de grãos, como a soja. As grandes multinacionais do setor são responsáveis desde a plantação até o armazenamento e venda dos produtos, embora a maior alimentícia do setor, a Cargil, seja uma exceção nesse contexto. Já na integração horizontal, as fases entre produção, beneficiamento e en- trega do produto ao consumidor são fracionadas entre partes diferentes. Isso ocor- re na cadeia de produção animal no Brasil, como, por exemplo, de aves e suínos, sendo o caso da Sadia. A maior produtora de carne suína do Brasil não possui uma matriz sequer de porco que seja da empresa. Em Santa Catarina, mais de 300 co- operativados fornecem, à multinacional, os suínos, isto, claro, dentro de preceitos de criação e higiene rigorosamente estabelecidos pela empresa, que se exime de encargos trabalhistas e controle sobre terras de sua propriedade e seus encargos inerentes, tais quais impostos e segurança. 1.4.2. O Matopiba A grande fronteira agrícola nacional da atualidade é o chamado Matopiba, área de expansão do agronegócio mecanizado em solos de cerrado nos interiores dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 23 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Área até pouco tempo considerada sem tradição em agricultura, tem chamado atenção pela produtividade cada vez crescente. Segundo dados da Companhia Brasileira de Abastecimento (Conab), nos últimos quatro anos, somente o estado do Tocantins expandiu sua área plantada ao ritmo de 25% ao ano. Nessas áreas de cerrado, tem sido implementado um modelo de exploração da terra baseado em mecanização e especialização, destacando-se as monocul- turas da soja, milho e feijão, com base em alta intensidade de capital, tecnologia, insumos e uso da água. Aspectos naturais como topografia plana, os solos profundos e o clima favore- cem o cultivo das principais culturas de grãos e fibras, possibilitando o crescimento vertiginoso da região, a qual até final da década de 1980 encontrava-se baseava fortemente na pecuária extensiva. A área reúne 337 municípios e representa um total de cerca de 73 milhões de hectares. Existem, na área, cerca de 324 mil estabelecimentos agrícolas, 46 unidades de conservação, 35 terras indígenas e 781 assentamentos de reforma agrária, segundo levantamento feito pelo Grupo de Inteligência Estratégica (Gite), da Embrapa. Essa prosperidade e o crescimento vertiginoso das escalas de produção e a ocupação do solo por uma agricultura altamente mecanizada levaram à oficializa- ção da delimitação do território por meio da assinatura de decreto pela presidenta Dilma Rousseff e ao lançamento da Agência de Desenvolvimento Regional do Matopiba pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento nos quatro es- tados que fazem parte da região. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 24 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Finalmente, segundo levantamento do site da ONG Florestal Brasil3, a região con- ta com 46 Unidades de Conservação, perfazendo uma área protegida de 8.838.764 de ha (12,08% da área total). É, de fato, uma área pequena se pensarmos na área total da região e na importância que representa em termos de biodiversidade e de recursos hídricos, na medida em que engloba regiões hidrográficas de extrema importância para o abastecimento dos estados do Norte e Nordeste brasileiro. São elas a bacia do Tocantins-Araguaia, bacia do Atlântico – trecho Norte/Nordeste e bacia do rio São Francisco. Os principais rios dessas bacias presentes na região são: Araguaia, Tocantins, São Francisco, Parnaíba, Itapicuru, Mearim, Gurupi e Pindaré. Tal organismo, em sua página oficial na internet, destaca que, nos quatro esta- dos abrangidos pelo Matopiba, existem áreas de transição entre diferentes tipos de vegetação. Essas áreas são os ecótonos ou zonas ecotonais, zonas extremamente frágeis a perturbações, pois as espécies presentes em ecótonos normalmente são adaptadas somente a condições e características ambientais típicas dessas áreas, além do fato de que a biota dos ecótonos apresenta um alto nível de endemismo. As áreas de transição presentes nos estados do Matopiba englobam os ecótonos Cerrado-Amazônia, Cerrado-Caatinga, Cerrado-Mata de Cocais e Cerrado-Pantanal. São áreas pouco estudadas, de grande biodiversidade e fragilidade, que sofrerão grande impacto caso não ocorra sua devida proteção. Espécies de alto valor ecoló- gico e econômico podem desaparecer sem ao menos serem estudadas. 1.4.3. O Convívio do Agronegócio com a Agricultura Familiar Em 1998, no governo de FHC (1995-2002), é criado o Ministério do Desenvol- vimento Agrário (atual Secretária Especial de Agricultura Familiar – Sead), respon- sável pela agricultura familiar e reforma agrária, ao vincular em sua alçada o Incra. 3 http://www.florestalbrasil.com/2016/01/o-que-e-o-matopiba.html O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br http://www.florestalbrasil.com/2016/01/o-que-e-o-matopiba.html 25 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Com uma linha de crédito chamada Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), ao longo da década passada buscou incrementar os incentivos na pequena agricultura. Se em 2001 seu orçamento era em torno de R$ 2 bilhões, atualmente, a linha de crédito do fundo para a agricultura familiar gira em torno de R$ 20 bilhões. O Brasil é um dos únicos países com dois ministérios para tratar sobre a questão agrária. Estima-se que a agricultura familiar seja responsável, no Brasil, por algo em torno de 70% da produção de alimentos, 75% da mão de obra ocupada e mais de 80% do número de estabelecimentos rurais. Veja alguns dados por cultura elaborados por mim, com base nos números fornecidos pelo MDA em 2012 e os quatro pressupostos que a Lei de Agricultura Familiar (n. 11.326/2006) exige para que uma propriedade rural seja incluída no Pronaf. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 26 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Agricultura familiar – os quatro conceitos (Lei n. 11.326/2006): • área não excedendo mais do que quatro módulos fiscais (dados em hectares e regionalizados); • mão de obra predominante familiar; • renda predominante originada por tais atividades; • estabelecimento ou empreendimento dirigido pela família. Veja os dados atualizadíssimos resumidos sobre a produção agrícola de grãos no Brasil (biênio 2015-2016), retirados da publicação base para o gênero do Minis- tério da Agricultura – Projeções do Agronegócio 2017-2027. Você pode encontrar esse documento na íntegra em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/politica-a- gricola/todas-publicacoes-de-politica-agricola/projecoes-do-agronegocio/projeco- es-do-agronegocio-2017-a-2027-versao-preliminar-25-07-17.pdf Principais grãos plantados no Brasil por área e estados de maior ocorrência: • 1o soja: área total 35,0 mi. hectares.MT 27%; PR 17,3%; SC16,1%; • 2o milho: área total 17,0 mi. hectares. MT 27%; PR 19,2%; GO 10,6%; • 3o feijão: área total 2,7 mi. hectares. PR 23,8%; MG 16,1%; MT 11,5%; • 4o trigo: área total 1,9 mi. hectares. PR 54%; RS 31%; • 5o arroz: área total 1,75 mi. Hectares. PR 23, 8%; MG 16,1%; MT 11,5%. Obs.:� em relação ao trigo, dentre todos esses grãos, é o único insumo que não possui autossuficiência no Brasil, sendo que nossa demanda interna ainda é o dobro da produção. Já são 12 estados plantadores de cana-de-açúcar no Brasil (PR, SP, MG, GO, BA, MT, SE, AL, PE, PB, RN e CE). Dois pontos impor- tantes sobre essa secular cultura agrícola no Brasil: os processos de meca- O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br http://www.agricultura.gov.br/assuntos/politica-agricola/todas-publicacoes-de-politica-agricola/projecoes-do-agronegocio/projecoes-do-agronegocio-2017-a-2027-versao-preliminar-25-07-17.pdf http://www.agricultura.gov.br/assuntos/politica-agricola/todas-publicacoes-de-politica-agricola/projecoes-do-agronegocio/projecoes-do-agronegocio-2017-a-2027-versao-preliminar-25-07-17.pdf http://www.agricultura.gov.br/assuntos/politica-agricola/todas-publicacoes-de-politica-agricola/projecoes-do-agronegocio/projecoes-do-agronegocio-2017-a-2027-versao-preliminar-25-07-17.pdf 27 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba nização do corte da cana vêm a avançando, principalmente em São Paulo (com 50 % da produção nacional), e os novos mercados exportadores brasileiros estão agora na Ásia (Índia) e África (Argélia, Nigéria e Marrocos). Apenas esses quatro países já respondem por mais de 40% das vendas de açúcar do Brasil para o exterior. 1.4.4. Complemento (Matéria Jornalística) O Brasil está entre os países com maior área irrigada do mundo4 Com cerca de 20 mil pivôs centrais irrigando uma área de 1,275 milhão de hec- tares, o Brasil está entre os dez países com maior área irrigada no planeta. Mesmo assim, o País tem potencial para aumentar em cinco vezes as lavouras com essa tecnologia de irrigação. Foi o que mostrou estudo feito pela Embrapa e pela Agência Nacional de Águas (ANA). O relatório publicado nesta semana revela um aumento de 43% no uso de pivôs entre 2006 e 2014. O trabalho identificou uma forte concentração na adoção de pivôs: os 100 maio- res munícipios concentram 70% da área total brasileira irrigada. O levantamento foi realizado por meio de imagens de satélite em todo o território nacional. Foram identificados pivôs em 22 unidades da federação, todavia 80% da área irrigada encontra-se em quatro estados: Minas Gerais, Goiás, Bahia e São Paulo. O estu- do também registrou uma forte expansão da atividade nos últimos anos em Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Responsáveis técnicos pelo estudo, os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo (MG) Daniel Pereira Guimarães e Elena Charlotte Landau afirmam que, além de auxiliar na gestão do uso da água, gestores públicos poderão ter informações so- 4 https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/12990229/brasil-esta-entre-os-paises-com-maior-a- rea-irrigada-do-mundo O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br http://portal1.snirh.gov.br/ana/apps/webappviewer/index.html?id=c4761c262917448ca79d78f8963052dd http://www2.ana.gov.br/ https://drive.google.com/file/d/0Bw83NClnqx7LdjdZRU5RU1VnSE0/view?pref=2&pli=1 28 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba bre o uso da água na irrigação e até avaliação da safra agrícola. “O cálculo mostra a área irrigada e a localização exata de cada pivô central”, ressalta Charlotte. Os pesquisadores contam que foi feito cruzamento das bases de dados referentes à agricultura irrigada com as bases de bacias hidrográficas da ANA e de municípios com dados organizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrando não somente o uso, mas também a disponibilidade dos recursos hídri- cos. Os maiores polos de irrigação, entre os 16 identificados, encontram-se nas bacias hidrográficas dos rios São Francisco e Paraná, esta última concentra 50% dos pivôs centrais do País. A pesquisadora da Embrapa destaca que em 2014, 92% dos pivôs concentra- vam-se nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Bahia, Rio Grande do Sul e Mato Grosso (Tabela 1). A aplicação do mapeamento aprimorou as estimativas de demanda de água, tanto no cálculo quanto espacialização. Tabela 1: O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 29 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Segundo Thiago Henriques Fontenelle, especialista em recursos hídricos da ANA, esse foi o primeiro levantamento da irrigação com pivôs centrais feito com imagens de satélites, o que é extremamente relevante. O levantamento foi re- alizado em 2013 e atualizado em 2014 pela Embrapa Milho e Sorgo. O estudo mostra que as áreas já ocupadas com muitos pivôs centrais continuam crescen- do bastante e que estão surgindo outros polos. O especialista afirma que o uso de pivôs centrais contribui para diminuir a pressão com a ocupação de novas áreas pela agricultura, e permite a otimização do uso da área. “Há uma pressão menor para a agricultura ocupar novas áreas, e isto é um fator benéfico para o aumento da produtividade. Para a Agência Nacional de Águas, estudos dessa natureza permitem atualizar as demandas de uso da água e, consequentemente, realizar o balanço hídrico, pois a irrigação é responsável por 72% do uso da água no País. Portanto, é preciso que os dados estejam atu- alizados”, diz Fontenelle. A irrigação de culturas agrícolas é uma prática utilizada para complementar a disponibilidade da água provida naturalmente pela chuva, proporcionando ao solo teor de umidade suficiente para suprir as necessidades hídricas das cultu- ras, favorecendo a obtenção de aumentos de produtividade e contribuindo para reduzir a expansão de plantios em áreas com cobertura vegetal natural. No caso das culturas irrigadas de soja, milho, café, feijão e outras, o sistema de irrigação mais utilizado é o pivô central. A partir da década de 2000, ocorreu uma acentuada expansão da irrigação por pivôs centrais no Brasil, principalmente nos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Bahia, motivada pelas facilidades operacionais e de controle da O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 30 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba lâmina de irrigação, com custos competitivos, pelo menor dispêndio de mão de obra e pela possibilidade de se obter alta eficiência de aplicação e distribuição de água. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 31 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Outorgas válidas para irrigação por pivôs centrais O relatório destaca que a ANA, responsável pela outorga de direito de uso de recursos hídricos em corpos d’água de domínio da União (tais como rios, que percorrem mais de uma unidade da federação), possuía, em 2014, cerca de 4.350 outorgas válidas para irrigação, totalizando 620 mil hectares. Dentrees- ses, o pivô central é o sistema mais outorgado, com 30,1% do total. Em 2014, a ANA possuía 14,6% da área nacional de pivôs centrais outorgada, sendo as demais áreas localizadas em corpos de domínio dos estados e do Distrito Fede- ral ou ainda não regularizadas ou em processo de análise pela Agência. Dentre as principais culturas em outorgas válidas da ANA, em pivôs cen- trais, destacam-se milho (24,0% da área total), cana-de-açúcar (21,3%), fei- jão (20,5%), soja (14,7%), café (6,2%) e algodão (3,1%) – perfil similar ao apresentado pelo IBGE (2009). Charlotte considera que, com o crescente interesse no aumento da produ- ção agrícola no País, é provável que o número de pivôs centrais venha aumen- tando a cada ano, sendo importante a realização de levantamentos atualizados que permitam identificar a localização geográfica e a área irrigada por cada pivô central. “Assim será possível conhecer melhor a situação da agricultura irrigada no País e o gerenciamento de outorgas solicitadas, representando um subsídio para a definição de estratégias envolvendo o uso de agricultura irri- gada e políticas para gerenciamento do uso das águas nas respectivas bacias hidrográficas e políticas de gestão do uso da água nas diferentes regiões do Brasil”, disse. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 32 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Segundo a pesquisadora, apesar das adversidades climáticas verificadas nos últimos anos, principalmente nas áreas de Cerrado, com o aumento de incentivos econômicos para a produção de alimentos, prevê-se a expansão futura das áreas irrigadas no País. “Apesar do benefício potencial da irrigação para a produção agrí- cola, estratégias para promover o aumento da produção agrícola irrigada devem considerar restrições relacionadas com a disponibilidade, qualidade e conflitos de uso da água das bacias hidrográficas em que estão inseridas. Ações estimulando a melhoria da qualidade da água, conservação de nascentes e áreas de preservação permanente, bem como o gerenciamento eficiente dos recursos hídricos, contribui- rão para a melhoria da qualidade e quantidade de água disponível, fundamentais para possibilitar a sustentabilidade e expansão futura da agricultura irrigada no Brasil”, orienta Charlotte. 2. A Evolução Urbana no Brasil O Brasil possui, atualmente, uma das maiores taxas de população urbana no globo, com algo em torno de 85% de nossa população residindo em cidades. Embora não haja um critério que estipule um mínimo populacional para se definir o que é uma cidade (diferente do que ocorre na França, por exemplo, onde só pode ser considerada uma cidade localidades com mais de 5.000 habitantes), nossa taxa de urbanização é maior que a de quase todos os países desenvolvidos no mundo. Chama a atenção que o fenômeno urbano no Brasil é recente, à medida que apenas em meados da década de 1960 é que o Brasil realiza sua transição rural para urbano, ou seja, para uma predominância de população residindo em cidades frente a população residente no campo. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 33 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba 2.1. O Urbano Colonial e a Rede da Mineração As cidades no Brasil colonial eram um fenômeno bastante pontual e mínimo Havia um único grande centro urbano relacionado a Salvador, com cidades nas cercanias, como Cachoeiro, Santo Amaro da Purificação e Nazaré. Nesse período (nos dois primeiros séculos de nossa história), o grosso da população brasileira, ou seja, mais de 95%, residia no campo, e as cidades tinham duas funções: a função administrativa, ou seja, o núcleo de representação da sociedade rural determina- do por estruturas como o pelourinho, a prisão e a câmara, e a função geopolítica, determinando o vértice da ocupação nos portos, pela necessidade destes para ex- portar os gêneros agrícolas, principalmente o açúcar, mas também para receber os escravos. No urbano colonial, a formatação das cidades era uma cópia do medieval português, e bastante desorganizada frente ao modelo espanhol de cidades com ruas perpendiculares. Em 1720, o Brasil possuía apenas 70 cidades ou vilas, sendo Salvador a nossa maior cidade, ou concentração urbana, com algo em torno de 100.000 habitantes. É no século 18, anos 1700, propiciado pela rede urbana oriunda do ciclo da mineração, que o Brasil começa a experimentar um processo incipiente de inte- riorização da urbanização, o qual não fora percebido nos séculos anteriores de co- lonização. Em fins do século 18, vemos também o alvorecer de núcleos urbanos incipientes relacionados à atividade mineradora e à expansão bandeirante, resultando na formação de localidades no estado de Goiás, como Pirenópolis e a Cidade de Goiás, atualmente Goiás Velho, chegando até o Mato Grosso, formando, por exemplo, Cuiabá. Havia ainda dentro desse contexto cidades de pouso, como, por exemplo, Jacobina, na Bahia; Pouso Alegre, em Minas Gerais, e várias no inte- rior de São Paulo relacionadas a essa expansão do bandeirantismo. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 34 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Em Minas Gerais, a rede urbana que se formava, além de conseguir ampliar em nível quantitativo o número de cidades e vilas no Brasil, dava uma nova cara ao fenômeno urbano também de forma qualitativa, com uma base econômica e so- cial mais diversificada, e um urbano menos subordinado ao rural. Mesmo assim, ao término do período colonial, em 1822, o Brasil ainda é um país rural. Com algo em torno de três milhões de habitantes (95% no campo) no total, passamos a partir da independência a iniciar um ciclo de crescimento demográfico em função da inclusão de imigrantes na sociedade brasileira Segundo o Censo Imperial de 1872, o Brasil possuía algo perto 10 milhões de habitantes, e três cidades apenas com mais de 100 mil habitantes; Rio de Janeiro na liderança disparada, com mais 274 mil habitantes; Salvador bem baixo, com 129 mil, e Recife em terceiro lugar, com 116 mil, seguida de longe por Belém em quarto, com 61 mil habitantes. São Paulo, ao período, ainda era praticamente uma vila, com algo em torno de 30 mil residentes. 2.2. A Urbanização no Século XX No primeiro censo do século XX, de 1900, o Rio de Janeiro já contava com 700 mil habitantes. Aditivada pelo acréscimo de imigrantes, principalmente, de ita- lianos, São Paulo figurava em segundo lugar, com 240 mil habitantes, seguida por Salvador, Recife e Belém. Em 1900, o Brasil tinha 14 milhões de habitantes e 9,4% de população urbana. Vinte anos depois, nenhuma mudança no ranking das maiores cidades e seguimos possuindo ainda 10% de população urbana. É a partir do Brasil industrial, ou seja, dos anos 1930, que ocorrem dois fenôme- nos cruciais com relação à urbanização no Brasil. O primeiro diz respeito à revolu- ção demográfica, ou explosão demográfica. Se antes o crescimento populacional O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 35 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba era muito influenciado pelos saldos migratórios positivos, agora é o crescimento vegetativo (ou seja, natalidademaior que a mortalidade) que comanda os indica- dores de acréscimo de população no Brasil em processo comandado pela onda de urbanização, à medida que a população passou a morrer menos ao residir em ci- dades, ao utilizar mais ostensivamente os meios médico-sanitários-farmacêuticos. Em outra frente, havia também uma revolução urbana ocorrendo em função do acelerado processo de industrialização, e dos ares de modernidade que o gover- no de Getúlio Vargas imprimia numa sociedade outrora arcaica e engessada pelos anseios de uma política do café com leite e um passado colonial que atrasaram e muito os rumos do desenvolvimento do Brasil. Em 1940, o Brasil fez saltar a sua população urbana para mais de 30% frente aos parcos 10% de 20 anos antes. Assim, segue sua toada de crescimento e seus contingentes urbanos e de forte metropolização. Em 1950; 37% de população ur- bana, 1960; 45% e, na década de 1970, finalmente chegamos à predominância de população urbana sobre a rural. Entre a década de 1950 e 1970, São Paulo é a cidade que mais cresce no mundo. A metrópole brasileira que, em 1950, possuía algo em torno de 2,8 milhões de habitantes, entra na década de 70 com quase 9 milhões de habitantes. 2.3. Tendências Atuais da Urbanização no Brasil Hoje, o Brasil conta com algo em torno de 85% a 86% de população urba- na. Os indicadores já não crescem tanto como em outras décadas, havendo uma diminuição do número de pessoas que saem do campo e migram para as cidades, ou seja, uma queda no êxodo rural. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 36 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba O auge da transferência de pessoas do campo para as cidades no Brasil se deu entre as décadas de 1950 e 1980. Boa parte dessa saída de pessoas se deveu a um fluxo de pessoas atraídas pelas oportunidades de trabalho na indústria, já outras em função do processo de mecanização no campo, o qual reduziu drasticamente a oferta de trabalho no campo. Vale destacar que, atualmente, não há nenhum estado da Federação com predominância de população rural. Os menores contingentes de população urbana se encontram no Maranhão (67%) e Alagoas (68%), já os maiores no DF (97%) e RJ (96%). Maiores cidades do Brasil (2016): 1 São Paulo 12 106 920 2 Rio de Janeiro 6 520 266 3 Brasília 3 039 444 4 Salvador 2 953 986 5 Fortaleza 2 627 482 6 Belo Horizonte 2 523 794 7 Manaus 2 130 264 8 Curitiba 1 908 359 9 Recife 1 633 697 10 Porto Alegre 1 484 941 11 Goiânia 1 466 105 12 Belém 1 452 275 13 Guarulhos 1 344 113 14 Campinas 1 182 429 15 São Luís 1 091 868 16 São Gonçalo 1 049 826 17 Maceió 1 019 029 O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br https://pt.wikipedia.org/wiki/São_Paulo_(cidade) https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_de_Janeiro_(cidade) https://pt.wikipedia.org/wiki/Salvador_(Bahia) https://pt.wikipedia.org/wiki/Fortaleza https://pt.wikipedia.org/wiki/Belo_Horizonte https://pt.wikipedia.org/wiki/Manaus https://pt.wikipedia.org/wiki/Curitiba https://pt.wikipedia.org/wiki/Recife https://pt.wikipedia.org/wiki/Porto_Alegre https://pt.wikipedia.org/wiki/Goiânia https://pt.wikipedia.org/wiki/Belém_(Pará) https://pt.wikipedia.org/wiki/Guarulhos https://pt.wikipedia.org/wiki/Campinas https://pt.wikipedia.org/wiki/São_Luís_(Maranhão) https://pt.wikipedia.org/wiki/São_Gonçalo_(Rio_de_Janeiro) https://pt.wikipedia.org/wiki/Maceió 37 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba 2.4. O Regic 2008 As cidades são divididas por hierarquias. Contudo, no Brasil, e ao contrário do que possa parecer, a hierarquia principal não se encontra relacionada a seus con- tingentes populacionais. Mesmo ouvindo falar muito sobre o termo cidades médias, cidades grandes, cidades pequenas, o que realmente define a hierarquia das cida- des no Brasil é um estudo do IBGE, chamado de Regime de Influência das Cidades (Regic), elaborado entre 2007 e 2008. Nesse estudo, foram levados em considera- ção vários aspectos de desenvolvimento urbano e seus aparelhos, tais quais a área de influência da cidade (tanto direta quanto indireta), sendo que São Paulo, a nossa grande metrópole nacional, atinge, por tal critério, 51.000.000 de pessoas (1/5 da população brasileira), além do número de vagas em UTI, ou até o número de vagas em instituições de nível superior. São muitos parâmetros tomados em conta pelo IBGE. Nosso Instituto de Geografia promove uma miscelânea desses números e valores e define a qual hierarquia cada cidade pertence. Vamos ver! O topo da hierarquia é constituído por 12 metrópoles divididas em três ca- tegorias. Aconselho que saiba quais são essas cidades no topo da hierarquia urbana e suas categorias. Grande metrópole nacional: São Paulo (1). Metrópoles nacionais: Rio de Janeiro e Brasília (2). Metrópoles regionais: Belém, Manaus, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Goiânia, Curitiba e Porto Alegre (nove, no total). O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 38 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Aspectos importantes a serem levados em conta sobre a questão das metrópoles no Brasil: • todas as metrópoles são cidades com mais de 1 milhão de habitantes, mas a regra para se atribuir se é ou não uma metrópole não é demográfica. Po- deria constar nessa lista uma cidade com menos de 1 milhão de habitantes, sem problema nenhum, porém, não é o que ocorre; • chama a atenção o fato de que todas as 12 metrópoles são capitais de seus respectivos estados. Também não é algo obrigatório, absolutamente, mas tal evento se deve ao fato de que no Brasil há uma tendência explícita de que as principais cidades sejam exatamente as capitais de seus estados. É a tônica de nosso processo de macrocefalia urbana. As principais e mais importantes cidades encontram-se localizadas nas capitais de estados, con- centrando fatores produtivos e demográficos; • à época da divulgação da lista com as metrópoles brasileiras, não foi incluída a cidade de Campinas, em São Paulo, causando certo estranhamento por par- te de alguns estudiosos da questão urbana no Brasil. A cidade de São Paulo, com sua enorme abrangência e influência, acabou, de certa forma, eclipsando Campinas. Assim, a próspera cidade do estado de São Paulo (segunda maior cidade do estado, inclusive), mesmo esbanjando altos índices de desenvolvi- mento, não conseguiu ascender como metrópole em nossa hierarquia urbana; • por último, vale destacar as categorias abaixo das metrópoles no Brasil As outras categorias no Regic 2007: • capital regional (70 cidades); • centro sub-regional (169); • centro de zona (910); • centro local (4.446). O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 39 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba 2.5. As Questões Urbanas no Brasil: Favelização, Macrocefalia, Desmetropolização, Resíduos Sólidos e Violência 2.5.1. A Favelização A origem das favelas, além de estar associada à industrialização e à urba- nização das sociedades, também é uma consequência histórica do processo de escravismo que marcou a história do Brasil. Segundo uma pesquisa realizada pelo professor doutor em Geografia, Andrelino Campos, o final do tráfico negreiroe da escravidão estão diretamente associados à formação das primeiras ocupações irregulares nos morros cariocas. Segundo aponta o pesquisador, os ex-escravos, além da população mais pobre, passaram a habitar os morros por estes ficarem mais próximos de zonas que ofereciam vagas no mercado de trabalho. Portanto, podemos dizer que o processo de favelização revela as consequ- ências das desigualdades socioeconômicas que marcam a produção do espaço e contribuem para a segregação urbana e cultural das classes menos abastadas da sociedade. Conforme informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- tística (IBGE), o Brasil já ultrapassou a marca de 11 milhões de pessoas morando em favelas, o que é equivalente a cerca de 7% da população total, um número superior à população total de Portugal. Desse contingente de pessoas, 80% delas são de regiões metropolitanas, o que nos ajuda a perceber como a urbanização está diretamente associada ao surgimento das favelas. Em São Paulo, o número de pessoas residindo em favelas já ultrapassa 17% e no Rio bate 22%. Atualmente, é interessante perceber que o lugar no Brasil onde mais cresce o processo de favelização é exatamente a Unidade da Federação com maior renda per capita e melhor IDH, o Distrito Federal. A conurbação (ou seja, o encontro hori- O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 40 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba zontal entre áreas, bairros, ou cidades) entre os condomínios de baixa renda Pôr do Sol e Sol Nascente, ambos na região administrativa da Ceilândia, já produz o maior fenômeno recente de favelização no Brasil (e bem recente, à medida que se inicia formação desses dois bolsões de favelização há mais ou menos 15 anos apenas) e também, muito provavelmente, a maior favela do País. O IBGE considera como favelas (e o Instituto dá o nome de aglomerações subnormais para tais formações) os adensamentos de baixa renda que possuam: • mais de 51 domicílios; • sejam irregulares, possuam ausência quase que completa de serviços públi- cos básicos, como saúde, educação, saneamento e coleta de lixo. Já pela definição da Organização das Nações Unidas (ONU), favela é um conjun- to de moradias em que se vive sem um ou mais dos seguintes itens: água potável, instalações sanitárias próprias, segurança e número suficiente de cômodos. 2.5.2. A Macrocefalia Urbana A macrocefalia urbana se caracteriza pela concentração de atividades e po- pulação em espaço limitado, ou seja, poucas cidades em um país, ou no caso de um estado com apenas uma ou duas principais cidades. Os grandes centros urbanos de países periféricos e semiperiféricos são a per- feita manifestação da macrocefalia urbana. Podemos citar, por exemplo, o caso do Brasil. Segundo o IBGE, o país possui, atualmente, mais de cinco mil cidades, po- rém, 12 delas, as metrópoles, concentram funções econômicas, culturais, adminis- trativas, políticas, deixando as demais dependentes do que acontece nessas 12. Há também o caso clássico de Buenos Aires, na Argentina, cidade que concentra quase 50% da economia argentina ou Montevidéu, no Uruguai, a qual concentra mais de 50% da população do país em sua área metropolitana. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 41 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba A macrocefalia é uma consequência da desqualificação do processo de urbani- zação, à medida que a população se transfere de maneira acelerada, desorgani- zada e descapitalizada do campo para a cidade, não dando tempo nem condições de implantar uma estrutura urbana de maneira bem distribuída, gerando, então, a intensa concentração em uma ou poucas localidades, o que manifesta a macrocefalia. 2.5.3. Desmetropolização Outro ponto muito importante da geografia urbana no Brasil diz respeito ao fe- nômeno da desmetropolização, termo este que tem relação com a perda do valor relativo do peso demográfico e econômico das metrópoles (ou das grandes cidades) em comparação às cidades médias. Esse é um fenômeno que vem ocorrendo no Brasil com grande intensidade ao longo dos últimos 30 anos em função das maiores oportunidades, e do padrão atrativo mais acentuado, proporcionado pelas cidades médias frente as várias me- trópoles, as quais já se encontram saturadas em sua capacidade de atrair novos investimentos e também contingentes populacionais. Pesa muito nesse processo o crescimento das escalas do agronegócio nacional, o qual encontra nas cidades médias, em vez das metrópoles, seus epicentros pro- dutivos, tanto relacionados à atividade industrial quanto ao setor de serviços. Dentro desse contexto de desmetropolização, podemos citar o crescimento das cidades de Uberlândia (MG), Maringá e Londrina (PR), São José do Rio Preto (SP), e até cidades na expansão da fronteira agrícola para Amazônia, como Rondonópolis e Lucas do Rio Verde (MT), ou no oeste baiano, como Luís Eduardo Magalhães e Barreiras (BA), e no interior do Piauí, como Picos (PI). Mas independentemente da localização, de norte a sul no Brasil percebe-se exatamente o mesmo fenômeno: O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 42 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba o alvorecer de cidades que crescem a taxas muito maiores do que as das capitais dos seus respectivos estados. Esse é o fenômeno da desmetropolização em curso. Para finalizar, vale a pena ressaltar que as metrópoles no Brasil não estão ainda diminuindo de tamanho, ok? O que ocorre, repito, é a perda do vigor do crescimento dessas cidades, e menores indicadores de crescimento se comparados às cidades médias. 2.5.4. A Questão dos Resíduos Sólidos A questão dos resíduos sólidos no Brasil é um dos pontos mais importantes dentro do contexto urbano, mas ainda é assunto bastante eclipsado em função das discussões acerca de outras problemáticas urbanas que ganharam mais espaço, como, por exemplo, a questão da violência, do trânsito, do acesso à saúde pública, entre outros aspectos. Em 2010, foi promulgada a Lei de Resíduos Sólidos, a qual dispunha, dentre seus artigos, a obrigatoriedade de todos os municípios no Brasil extinguirem, sem exceção, os seus lixões até 2014. Porém, na chegada da data prevista, o que se viu foi que a grande maioria dos municípios não conseguiu extinguir seus lixões. Assim, o legislador buscou resolver essa questão adiando essa obrigatoriedade, es- calonando pelo tamanho das cidades as obrigações, a serem repartidas entre 2018 e 2021. Veja: • Municípios com população acima de 500.000 habitantes: prazo – setembro de 2018; • Municípios com população acima de 100.000 habitantes: prazo – setembro de 2019; • Municípios com população acima de 50.000 habitantes: prazo – setembro de 2020; • Municípios com população acima até 50.000 habitantes: prazo – setembro de 2021. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 43 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Aterros sanitários são um local destinado à decomposição final de resíduos gerados pela atividade humana. Nele, são dispostos resíduos domésticos, comer- ciais, da indústria de construção e também resíduos sólidos retirados sólidosdo esgoto. Os aterros eliminam a poluição da atmosfera e do solo, funcionando como se fosse um lixão controlado. 2.6. A Violência Urbana: Considerações O Brasil vem experimentando, ao longo dos últimos 20 anos, um aumento em seus indicadores de violência, principalmente, nos indicadores de homicídios, o indicador mais drástico de todos. Nossas cidades vêm passando por um processo de acentuação da violência dentro dessa crise geral de violência. A saber, hoje, o Brasil é o país no mundo com o maior número de homicídios totais: em 2016, mais de 61.000 vidas forma ceifadas por assassinatos. Um fenômeno que chama a atenção nesse aspecto diz respeito ao fato de que a violência urbana no Brasil vem se interiorizando, ou seja, não está mais restrita apenas aos grandes centros urbanos, embora as grandes cidades também tenham ficado mais violentas ao longo das últimas décadas. Nas pequenas cidades das frentes pioneiras agrícolas, por exemplo, em estados como Pará, Rondônia e Mato Grosso (e aí influenciam muito as questões relacionadas a morte pelo acesso à terra e a crimes por questões fúteis, como defe- sa da honra e bebedeira) e em localidades menores nas periferias de cidades grandes, por vezes as taxas de homicídios são até maiores do que as de cida- des metropolitanas. A interiorização da violência caminha junto com a expansão da epidemia de crack no Brasil, em uma relação de causa e consequência. Estima-se que em nenhum país do mundo exista tantos viciados nessa nociva droga (algo em torno de 700 mil a 1 milhão, segundo dados do Ministério da Saúde), e esse núme- ro de viciados só cresce em localidades menores do interior do Brasil. O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br https://pt.wikipedia.org/wiki/Esgoto 44 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba Outro fato que contribuiu enormemente com esses acréscimos nas estatísticas de homicídios nas cidades brasileiras, principalmente, nas capitais, diz respeito à atuação de facções criminosas relativamente novas e nascidas dentro de pre- sídios, as quais, hoje, irradiam suas ações de controle do tráfico de drogas e da primazia nos roubos para fora dos muros das penitenciarias. Daí vem o PCC (com atuação no Brasil inteiro), seus rivais Família do Norte (com origem em Manaus e busca pelo controle do tráfico de drogas em toda Região Norte), o Sindicato do Crime (forte atuação no Rio Grande do Norte, o estado mais violento do Brasil em número de homicídios por população de 100.000 habitantes em 2017), entre ou- tras organizações. Para embasar melhor a drástica questão relacionada à crescente violência urba- na no Brasil com parâmetros globais, apresento uma matéria publicada no portal G1, de 07/04/2017. Leia com atenção a dimensão a que chegou a violência urbana no País, com o maior número de cidades violentas no mundo. A matéria, como poderá ver, cita apenas municípios com população acima de 300.000 habitantes. No Brasil, há uma série de municípios menores e mais violen- tos do que os listados. Brasil tem 19 cidades em ranking de ONG com as 50 mais violentas do mundo5 O Brasil foi o país com o maior número de cidades entre as 50 mais violentas do mundo em 2016, segundo a lista divulgada nesta quinta-feira (07/04) pela ONG mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal. O país possui 19 municípios no ranking. 5 https://g1.globo.com/mundo/noticia/brasil-tem-19-cidades-em-ranking-de-ong-com-as-50-mais-vio- lentas-do-mundo.ghtml O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 45 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba “Das 50 cidades da lista, 19 estão no Brasil, oito no México, sete na Venezuela, quatro nos Estados Unidos, quatro na Colômbia, três na África do Sul, duas em Honduras, uma em El Salvador, uma na Guatemala e uma na Jamaica”, afirmou a ONG. Na décima posição no ranking, Natal é a cidade mais violenta do país, com 69,56 homicídios por 100 mil habitantes. O município é seguido por Belém* e Aracaju. A lista inclui ainda Feira de Santana (15º), Vitória da Conquista (16º), Campos dos Goytacazes (19º), Salvador (20º), Maceió (25º), Recife (28º), João Pessoa (29º), São Luís (33º), Fortaleza (35º), Teresina (38º), Cuiabá (39º), Goiânia (42º), Macapá (45º), Manaus (46º), Vitória (47º) e Curitiba (49º). Com 130,35 homicídios por 100 mil habitantes, Caracas, na Venezuela, aparece no topo do ranking das mais violentas do mundo, seguida por Acapulco, no México, e San Pedro Sula, em Honduras. Segundo a ONG, a repetição da posição da capital venezuelana por dois anos seguidos confirma a crise criminal no país. Em relação a 2015, duas cidades brasileiras deixaram o ranking no ano passa- do: Porto Alegre e Campina Grande. Segundo a ONG, os níveis de violência na América Latina não são uma surpresa e refletem a impunidade. No Brasil, ela atinge 92% dos homicídios, na Venezuela, El Salvador e em Honduras, chega a 95%. A lista da ONG é baseada no número de homicídios por 100 mil habitantes e analisa municípios com mais de 300 mil habitantes. • Caracas (Venezuela) – 130,35 homicídios/100 mil habitantes • Acapulco (México) – 113,24 • San Pedro Sula (Honduras) – 112,09 O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 46 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba • Distrito Central (Honduras) – 85,09 • Victoria (México) – 84,67 • Maturín (Venezuela) – 84,21 • San Salvador (El Salvador) – 83,39 • Ciudad Guayana (Venezuela) – 82,84 • Valencia (Venezuela) – 72,02 • Natal (Brasil) – 69,56 • Belém (Brasil) – 67,41 • Aracaju (Brasil) – 62,76 • Cape Town (África do Sul) – 60,77 • St. Louis (EUA) – 60,37 • Feira de Santana (Brasil) – 60,23 • Vitória da Conquista (Brasil) – 60,10 • Barquisimeto (Venezuela) – 59,38 • Cumaná (Venezuela) – 59,31 • Campos dos Goytacazes (Brasil) – 56,45 • Salvador e RMS (Brasil) – 54,71 • Cali (Colômbia) – 54,00 • Tijuana (México) – 53,06 • Guatemala (Guatemala) – 52,73 • Culiacán (México) – 51,81 • Maceió (Brasil) – 51,78 • Baltimore (EUA) – 51,14 • Mazatlán (México) – 48,75 O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 47 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba • Recife (Brasil) – 47,89 • João Pessoa (Brasil) – 47,57 • Gran Barcelona (Venezuela) – 46,86 • Palmira (Colômbia) – 46,30 • Kingston (Jamaica) – 45,43 • São Luís (Brasil) – 45,41 • New Orleans (EUA) – 45,17 • Fortaleza (Brasil) – 44,98 • Detroit (EUA) – 44,60 • Juárez (México) – 43,63 • Teresina (Brasil) – 42,84 • Cuiabá (Brasil) – 42,61 • Chihuahua (México) – 42,02 • Obregón (México) – 40,95 • Goiânia e Aparecida de Goiânia (Brasil) – 39,48 • Nelson Mandela Bay (África do Sul) – 39,19 • Armenia (Colômbia) – 38,54 • Macapá (Brasil) – 38,45 • Manaus (Brasil) – 38,25 • Vitória (Brasil) – 37,54 • Cúcuta (Colômbia) – 37,00 • Curitiba (Brasil) – 34,92 • Durban (África do Sul) – 34,43 O conteúdo deste livro eletrônico é , vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 48 de 95www.grancursosonline.com.br GEOGRAFIA DO BRASIL População Brasileira; Políticas Territoriais e Regionais Prof. Luis Felipe Ziriba 3. A
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