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034_Série_Santuário_e_Profecias_Apocalípticas_Vol_1_Interpretação

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[ffitiriarabiefferaie~ 
INTERPRETAÇÃ* 
PROFÉTICA 
Série 
, 	Santuário e profecias 
apocalípticas 
( 	
•U NA SPRE SS 
plif 
), 
Publicada originalmente em inglês com o título de Daniel 
and Revelation Committee, a série Santuário e profecias 
apocalípticas reúne alguns dos mais importantes estudos 
já produzidos no meio adventista acerca da temática. Em 
seu conjunto, a coleção representa um verdadeiro tratado 
histórico-teológico sobre a profecia bíblica, especialmen-
te no que se refere à doutrina dos últimos eventos. 
N -ste volume: 
O juízo investigativo na Bíblia 
eria Antíoco IV o chifre pequeno de Daniel 8? 
O princípio dia-ano 
O tema do juízo no capítulo 7 de Daniel 
Á percepção de Daniel acerca de Cristo 
O dia da expiação e 22 de outubro de 1844 
UN Á SP 
que colocava em dúvida a 
interpretação tradicional 
adventista do santuário. O 
evento contribuiu para a 
rejeição das ideias de Ford e 
a consolidação da posição 
clássica adventista. Como 
resultado dos debates 
promovidos naquele local, o 
Instituto de Pesouisa Bíblica 
Centro Universitário Adventista de São Paulo 
Fundado em 1915— www.unasp.edu.br 
missão: Educar no contexto dos valores bíblico-cristãos para o viver pleno e a excelência no servir. 
Visão: Ser um centro universitário reconhecido através da excelência dos serviços prestados dos seus elevados 
, 	. 
padrões éticos e da qualidade pessoal e profissional de seus egressos. • 
Administração da Entidade 	Presidente: Domingos José de Souza 	 . 
Mantenedora (UCB) 	 Secretário: Emmanuel Guimarães 
Tesoureiro - Elnio Álvares de Freitas 	• 
Administração Geral do Unasp Reitor Euler Pereira Bahia 
Pra Reitora de Pós -Graduação, Pesquisa e Exten- 
são:Tânia Denise Kuntze 
Pra Reitora de Graduação: Sílvia Cristina de, 
Oliveira Quadros 	 . , 
Pró -Reitor Administrativo: Elnio Alvares de Freitas 
. 	 Secretário Geral: Marcelo Franca Alves 
Campus Eng, Coelho 	 Diretor Geral: José Paulo Martini 
- Diretor de Graduação: Afonso Ligório Cardoso 
Diretora de Pós Graduação Pesquisa e Extensão: 
Francisca Pinheiro da Silveira Costa 
Campus São Paulo 	 Diretor Geral: Hélio Carnassale 
Diretor de Graduação: IlsonTercio Caetano 
• Diretor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão: 
Marcos Natal de Souza Costa 
Campus Virtual 	 Diretor Geral: Valcenir do Vale Costa 
. 	Faculdade de Teologia 	Diretor Emilson dos Reis 
Coordenador Acadêmico: Ozeas a Moura 
. 	 Faculdade Adventista de 	Diretor Geral: Euler Pereira Bahia 
Hortolândia 	 Diretora de Graduação: Eira Cress 
. 	 Diretora de Pôs Graduação Pesquisa e Extensão: 	• 
Eli Andrade Rocha Prates 
*LT .1\T ASPRESSi 
Imprensa Universitária Adventista 
Editor Renato Groger 
Editor Associado: Rodrigo Follis 
Conselho Editorial: 
' 	 .José Paulo Martini, Afonso Cardoso, Elizeu de Sousa, Francisca Costa, Adolfo Suárez, Ernilabn dos ' 
Reis, Renato Groger, Ozeas C. Moura, Betania Lopes, Martin Kuhn 
A Unaspress está sediada no Unasp, campos Engenheiro Coelho, SP 
• . 
stuaos se ecien... -m 
INTERPRETAÇÃO 
ROFÉTIC Á 
Tradução: Francisco Alves de Pontes 
L'UNASPRESS1 
Im rensa Universitária Adventista 
iPÀ 
	
ltTNA SPRESS) 	Estudos Selecionados em Interpretação Profética 
	
Imprensa Universitária Adventista 	edição —2012 
1.000 exemplares 
	
Caixa Postal 11 — Unasp 	4.000 (tiragem acumulada) 
	
Engenheiro-Coelho-SP 13.165-000 	 . 
	
(19) 3858-9055 	 , 
	
www.unaspress.unasp.edu.br 	Todos os direitos em língua portuguesa reserva- 
dos para a Unaspress, Proibida a'reprodução por 	. 
quaisquer meios, salvo em breves citações, com 
	
Editoração: Renato Groger, Rodrigo Follis 	indicação da fonte. 
	
Programação visual: Pedro Valença 	 ' 
	
Diagramação: Bárbara Reis, Marcia Trindade 	Todo o texto, incluindo as citações, foi adap- 
	
Capa: Havia Luís 	tado segundo o Acordo Ortográfico da Língua 
' 	Revisão: Thiago Basílio, Juliana Castro 	Portuguesa, assinado em 1990, em vigor desde 
	
Norrnatização: Giulia Pradela 	janeiro de 2009. 
• 
• • 
• 
• Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP Brasil) 
Shea, William H. 
- 	Estudos selecionados em interpretação profética /William H. Shea ; tradução Francisco 
Alves de Pontes. —2 ecl: — Engenheiro Coelho, SP : Unaspress - Imprensa Universitária 
Adventista, 2012. -- (Série santuário e profecias apocalípticas ; v. 1) 
ISBN: 978-85-89504-59-1 
Título original: Selected studies on prohetic interpretation 
1. Adventistas do Sétimo Dia - Doutrinas 2. Bíblia. A T - Crítica e interpretação 3. Bíblia. 
AT Daniel - Crítica e interpretação 4. Julgamento divino - Ensino bíblico-5..Profecias I.Título. 
12-05581 	 CDD-221.15 
Índices para catálogo sistemático: 
1. Juízos divinos : AntigoTestamento : 
Interpretação profética 221.15 
SUMÁRIO 
7 Prefácio à edição brasileira 
9 Prefácio à edição em inglês 
11 Paralelos bíblicos para o juízo investigativo 
37 Por que Antíoco IV não é o chifre pequeno de Daniel 8 
73 O princípio dia-ano (l a parte) 
111 O princípio dia-ano (2 a parte) 
117 Juízo em Daniel 7 
159 Retratos de Jesus no centro de Daniel 
169 O dia da expiação e 22 de outubro de 1844 
GUIA PARA TRASLITERAÇÃO 
As consoantes das palavras bíblicas aramaicas e hebraicas ou frases são transli-
teradas e impressas em itálico como se segue: 
Consoantes 
= w 
= T 	- 	 z n 	= 	t 
noun_ m ou= 
- 	t ou= 	n 
Vogais 
a 1Z‹ o _ 
_ 1 t< 
= u 
PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA 
• Em agosto de 1980, um grupo de 114 teólogos e administradores se reu-
niu em Glacier View, Colorado, para analisar as ideias do teólogo australiano 
Desmond Ford, que questionava a tradicional interpretação adventista do san-
tuário. O evento contribuiu para a rejeição das ideias de Ford e a consolidação 
da posição tradicional adventista. Entre os principais oponentes de Ford estava 
William H. Shea, destacado historiador e linguista do Antigo Testamento. Suas 
mais importantes críticas às teorias de Ford aparecem neste volume. 
Criticando a teoria popular de que apenas os ímpios são julgados por Deus, 
Shea chama .a atenção do leitor para um número significativo de ocasiões, na 
história de Israel, em que o próprio povo de Deus foi julgada O autor critica 
também a tentativa de se identificar Antíoco Epifânio como o "chifre pequeno" 
de Daniel 8, e apresenta várias evidências bíblicas e extra bíblicas que confir-
mam a validade do princípio dia-ano de interpretação profética. Atenção espe-
cial é dada à natureza e ao tempo do juízo descrito em Daniel 7. 
Com o lançamento deste clássico aclventista, marco inicial de vários estudos 
subsequentes, a Unaspress contribui para consolidar a base exegética, teológica 
e histórica da doutrina bíblica do santuário em nosso país. A familiaridade com 
o conteúdo da obra é indispensável para todos aqueles que desejam aprofundar 
o conhecimento dessa importante doutrina. 
• Alberto R. Timm 
Diretor associado do White State — EUA 
PREFÁCIO À EDIÇÃO EM INGLÊS 
Para a pergunta "O que é um adventista do sétimo dia?", a resposta mais 
comum é: "Adventista do sétimo dia é o cristão que observa o sábado (sé-
timo dia), e que está se preparando para a segunda vinda do Salvador?' Mas 
a perspectiva é mais ampla do que isto. 
Há uma estrutura mais significativa que mantém unido o quadro de ver-
dades bíblicas ensinadas pela Igreja Adventista do Sétimo Dia: a compreensão 
das profecias de Daniel e Apocalipse. Nelas, os adventistas encontraram sua 
identidade, tempo e tarefa. 
A Igreja Adventista interpreta a profecia bíblica empregando os princípios 
da "escola" histórica de interpretação profética. A opinião historicista (também 
conhecida como a opinião "histórico-contínua") considera que as profecias de 
Daniel e Apocalipse manifestam-se em tempo histórico desde os dias de seus 
respectivos autores até o estabelecimento do eterno reino de Deus. Assim como 
seus antepassados imediatos, os mileritas eram historicistas, o que também é 
verdade no tocante aos reformadoresdo século 16. 
A pregação das profecias de Daniel e Apocalipse pela Reforma teve um no-
tável efeito sobre a Europa Tendia a centralizar-se na apostasia cristã que havia 
surgido dentro do cristianismo a quem os reformadores viam simbolizada no 
chifre pequeno (Dn 7), na besta semelhante ao leopardo (Ap 13) e na mulher 
assentada sobre a besta escarlate (Ap 17). 
Na Contra-Reforma do século 16, Roma, esforçando-se para enfrentar o desa-
fio, procurou desviar o impulso das aplicações proféticas apresentadas pelos refor-
madorea O resultado foi argumentação para o que se tornaria dois distintos, porém 
diversos, métodos de interpretação profética os sistemas preterista e futurista. 
O sistema futurista elimina totalmente a era cristã do significado profético. 
Além de remover a maior parte das profecias de Apocalipse (e certos aspectos de 
Daniel) e colocar o seu cumprimento no final dos tempos. O sistema preterista 
alcança o mesmo objetivo, relegando ao passado as profecias de ambos os livros. 
No entanto, não permite ao Apocalipse estender-se além do sexto século d.C. 
Com o passar do tempo, essas peculiares contra-interpretações começaram 
a penetrar no pensamento protestante. Primeiro, o preterismo mostrou-se ativo 
no final do século 18. Depois, as interpretações preteristas se tornaram o ponto 
de vista padrão do Protestantismo Liberal. E por fim, o futurismo apresentou 
raízes profundas no último quarto do século 19. Desde então, há um desen-
volvimento notório desse conceito no atual sistema de interpretação profética 
seguido pela maioria dos protestantes conservadores. 
Hoje, os adventistas do sétimo dia estão praticamente sós como expoentes 
dos princípios historicistas de interpretação profética. Eventos recentes sugerem 
que a Contra-Reforma embora adiada, está agora batendo à porta adventista. 
O sistema historicista de interpretação, bem como as posturas religiosas dele , 
derivadas, enfrenta centenas de desafios contemporâneos. Tanto as perspectivas 
futuristas quanto as preteristas são recomendações insistentes à Igreja. Hoje, é 
de grande importância que os cristãos adventistas do sétimo dia compreendam 
os princípios (e a sólida base racional para eles) usados para interpretar as im-
portantes profecias de Daniel e Apocalipse 
Portanto, é um prazer para a Comissão de Daniel e Apocalipse publicar 
para um estudo mais amplo de ministros e membros leigos esta série de es-
tudos selecionados. Todas as citações aqui apresentadas reafirmam os princí-
pios historicistas de interpretação (tais como o princípio dia-ano) e as posições 
	
filosóficas (tais como o juízo investigativo) às quais nossos pioneiros chegaram 	, 
por meio desses mesmos princípios. 
William H. Shea, autor destes estudos, lecionou durante 14 anos no Semi-
nário Teológico da Universidade Andrews e atuou como diretor do departa-
mento de Antigo Testamento. Depois de passar sete anos como médico em um 
hospital missionário na América Central, Shea dedicou-se a três anos de estudo 
de pós-graduação em Assiriologia na Universidade de Harvard.. Recebeu seu 
Ph.D pela Universidade de Michigan. Suas especialidades são estudos em antigo 
Oriente Próximo e história do Antigo Testamento. Atualmente ele é diretor as-
sociado do Instituto de Pesquisas Bíblicas. 
Comissão de Daniel e Apocalipse 
Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia 
 
 
1 
PARALELOS BÍBLICOS PARA 
O JUÍZO INVESTIGATIvo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uma teologia bíblica plena 
mente desenvolvida do juízo di 
vino baseia-se na extensa quanti 
dade de literatura do Antigo e 
Novo Testamento sobre o assunto. 
A extensão plena da literatura do 
Antigo Testamento é demasiado 
vasta para tratarmos aqui, como se 
pode ilustrar por apenas uma de 
suas categorias: as profecias contra 
as nações (também· chamadas os 
"oráculos estrangeiros"). 
Nessas passagens, os profetas 
pronunciam os juízos divinos sobre 
as nações vizinhas a Israel. O vol- 
ume total de texto dedicado a esse 
tipo de profecia no Antigo Testa· 
mento chega a cerca de 35 capítulos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esboço do capítulo 
. 1. Introdução 
2. Juízos do tabernáculo 
3. Juízos do templo celestial 
4. Juízos do templo terrestre 
5. Ezequiel 1-10 
6. Resumo 
12 
Estudos selecionados em interpretação profética 
Se esses capítulos fossem retirados de seus respectivos livros e reunidos em um 
novo livro bíblico, ele seria maior do que qualquer livro do Novo Testamento, e 
tão ou mais longo do que 32 dos 39 livros do Antigo Testamento. 
Todos os profetas maiores contêm extensas coleções desse material (Is 13-23, 
Jr 46-51, Ez 26-32), bem como oito dos doze profetas menores (Am 1-2, J13, Ob, Jn, 
Mq 5, Na, Sf 2, Zc 9). Três dos livros dos profetas menores consistem• inteiramente 
de profecias dessa espécie (Jn, Na e Ob). Esse tipo de profecia provê o ambiente 
para os juízos pronunciados sobre as nações semelhantes a animais de Daniel. 
A diferença é a estrutura de tempo em que tais profecias são colocadas. Os 
outros Profetas profetizaram contra nações contemporâneas a eles, ao passo 
que os juízos apocalípticos de Daniel foram pronunciados sobre nações que se 
levantariam e cairiam desde seu tempo até o estabelecimento do eterno reino 
de Deus. Assim, devido à semelhança dessa literatura, os oráculos proféticos 
proveem o cenário para os juízos apocalípticos de Daniel. Este é apenas um dos 
vários vínculos entre profecia clássica e apocalíptica. 
Contudo, nosso propósito não é analisar os oráculos estrangeiros do An-
tigo Testamento. Chamamos a atenção para um segmento da literatura do 
Antigo Testamento que também precisa ser examinado a fim de desenvolv-
er uma completa teologia bíblica de juízo divino. Uma consideração _espe-
cial também deve ser dedicada aos juízos de Deus (tanto favoráveis quanto 
desfavoráveis) sobre seu próprio povo (Israel) e ao elemento de bênçãos e 
maldições da fórmula da aliança (compare Dt 27-33, por exemplo). Ambas 
categorias abrangem um extenso conjunto de literatura. Considerando a ex-
tensa quantidade de material sobre este assunto, é evidente a dificuldade de 
prover uma análise compreensível disto. 
Dadas estas limitações, selecionei um aspecto da matéria que é particular-
mente relevante para o assunto de Daniel, a saber, o local de onde eram lança-
dos os juízos divinos quando se menciona este aspecto do juízo. A maioria das 
passagens sobre juízo no Antigo Testamento não comenta sobre o lugar. Mas 
em um número significativo de casos, o texto declara explicitamente que Deus 
lançava esses juízos de seu santuário. 
Três diferentes localidades são mencionadas no texto bíblico. O tabernácu-
lo terrestre é comumente identificado no livro de Números como o local de 
onde Deus julgava o seu povo durante os 40 anos em que este vagueou pelo 
deserto. Posteriormente, segundo algumas citações de Salmos e dos profetas, 
o templo de Jerusalém, identificado como lugar de habitação de Deus, tornou-
se a fonte de onde seus juízos eram emitidos. Os poderosos atos de Deus em 
seu templo terrestre correspondem em natureza aos seus atos em seu templo 
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo 
celestial. Portanto, outros salmos e profetas descrevem os juízos divinos como 
sendo emitidos do templo celestial. 
O conceito adventista de juízo investigativo pré-advento afirma que o ju-
lgamento do povo de Deus é atualmente conduzido em seu santuário celes-
tial. Nos tempos do Antigo Testamento, não importava se o juízo viesse do 
tabernáculo terrestre, templo terrestre ou templo celestial, pois havia a certeza 
de que ele vinha de um santuário ativamente usado por Deus naquele tempo. 
Desse modo, a atividade de julgamento de Deus no passado, a partir de seu 
santuário, provê um antecedente e um vínculo bíblico para o que os adventistas 
afirmam acerca da atividade divina no presente. 
Esses paralelos bíblicos para o juízo investigativo que atualmente provém 
do templo celestial indicam que esta moderna contraparte ou duplicatanão é 
singular em seu escopo e extensão. Tampouco é exclusiva em espécie ou quali-
dade. Os adventistas acabam agindo como míopes ou com vistas curtas nesse 
assunto. Imaginam que um juízo investigativo nesta época é completa e inteira-
mente singular e sem paralela 
Este aspecto da literatura do juízo no Antigo Testamento é demasiado ex- 
tenso para permitir que cada passagem seja discutida em detalhes A lista de 	, 
textos que vem a seguir é extensa, mas não exaustiva; seu objetivo é ilustrar. 	
13 
JUIZOS DO TABERNÁCULO 
JUÍZOS DESFAVORÁVEIS 
Imediatamente fatais 
Levítico 10. Logo após terem sido investidos como sacerdotes, Nadabe 
e Abiu, filhos de Arão, "trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o 
que não lhes ordenara" (v. 1). Os comentários diferem até certo ponto sobre a 
natureza mais precisa do sacrilégio cometido, mas, de qualquerforma, como 
resultado "saiu fogo de diante do Senhor e os consumiu; e morreram perante o 
Senhor" (v. 2). Que fato ocorreu ao lado do altar, diante do tabernáculo eviden-
cia-se nas instruções de Moisés para o sepultamento deles: "Tirai vossos irmãos 
de diante do santuário, para fora do arraial" (v. 4). 
Números 16. Coré era um levita que desafiou Arão pelo sacerdócio (v. 10). 
Datã e Abirão desafiaram mais diretamente a liderança de Moisés (v. 13). Juntos, 
eles se imaginavam precisamente tão santos e capazes de conduzir Israel como eram 
Moisés e Arão (v. 3). Assim, um teste foi planejado para resolver este problema. 
Estudos selecionados em interpretação profética 
Tomaram, pois, cada qual o seu incensário, neles puseram fogo, sobre eles deita-
ram incenso e se puseram perante a porta da tenda da congregação com Moisés 
e Arâo. Coré fez ajuntar contra eles todo o povo à porta da tenda da congrega-
ção; então, a glória do Senhor apareceu a toda a congregação (v. 18-19). 
O Senhor rejeitou a pretensão dos rebeldes e eles foram tragados pela terra (v. 
32). Os principais simpatizantes do levante entre os anciãos foram consumidos 
pelo fogo (v. 35). A congregação voltou no dia seguinte culpando Moisés e Arão de 
causar o distúrbio. "Ajuntando-se o povo contra Moisés e Arão, e virando-se para 
a tenda da congregação, eis que a nuvem a cobriu, e a glória do Senhor apareceu. 
Vieram, pois, Moisés e Arão perante a tenda da congregação" (v. 42-43). 
Então, irrompeu uma praga entre o grupo de rebeldes, mas Arão a dete-
ve fazendo expiação por eles. O caso de Nadabe e Abiu, e o de Coré, Datã e 
Abirão são os únicos em que os juízos (imediatamente fatais) foram especi-
ficados como saindo diretamente do santuário. Ambos envolviam os planos 
humanos para ministração na presença de Deus contrários e em desafio às 
instruções específicas para esses ministérios. 
Sentenças adiadas 
Números 14. Esta narrativa conta a história do que aconteceu depois que os 14 
espias trouxeram o relatório de Canaã. Aceitando o relato pessimista, os israe-
litas lamentaram que eles não tivessem morrido no deserto e quiseram escolher 
outro líder que os levasse de volta para o Egito. Em resposta, "a glória do Senhor 
apareceu na tenda da congregação a todos os filhos de Israel. Disse o Senhor a 
Moisés: Até quando me provocará este povo?" (v. 10-11). 
Deus então propôs deserdar os israelitas e fazer dos descendentes de Moisés 
uma grande nação. Mas Moisés intercedeu por eles. Em resposta, Deus esten-
deu-lhes o perdão. Israel, porém, não escapou impune de sua rebelião. Assim, 
aqueles homens e mulheres da geração mais antiga, que tinham visto todos os 
sinais e maravilhas que Deus havia operado e que, não obstante, se rebelaram 
contra Ele, não deveriam entrar em Canaã. Vagueariam no deserto por 40 anos, 
até que surgisse uma nova geração que entrasse na terra prometida. 
Números 20. Nem mesmo Moisés foi poupado de tal tratamento. Depois 
de vaguear no deserto por 40 anos, os israelitas vieram outra vez a Caeles, 
fronteira de Canaã. Mas não havia água em Cades, por isso o povo começou a 
•se queixar desejando ter morrido no deserto ou ficado no Egito. 
Moisés e Arão se retiraram da multidão de queixosos e se dirigiram "para a 
porta da tenda da congregação e se lançaram sobre o seu rosto" (v. 6). Do santuário, 
Deus os instruiu a reunir o povo e falar "à rocha, que dará a sua água" (v. 8). 
Paralelos bíblicos para o juízo investiga Uivo 
Todavia, Moisés feriu a rocha ern'vez de falar-lhe como Deus havia instruído. 
A rocha deu a água necessária, mas por causa da desobediência de Moisés o Se-
nhor disse: "Visto que não crestes em mim, para me santificardes diante dos filhos 
de Israel, por isso, não fareis entrar este povo na terra que lhe der (v. 12). 
O texto não declara especificamente se a sentença de Moisés veio do ta-
bernáculo onde anteriormente lhe fora dada instrução acerca de falar à rocha. 
Entretanto, isto é uma possibilidade. 
Uma sentença menor 
Números 12. Miriã e Arão falaram contra Moisés porque ele havia se ca-
sado com uma mulher cusita (v. 1). Assim, eles não somente criticaram o ma-
trimônio, mas questionaram as atitudes de Moisés como líder de Israel, uma 
vez que Deus também falara a eles (v. 2). Como resultado, "o Senhor disse a 
Moisés, e a Arão, e a Miriã: Vós três, saí à tenda da congregação. E saíram eles 
três. Então, o Senhor desceu na coluna de nuvem e se pôs à porta da tenda" (v. 
4-5). Ali o Senhor testificou em favor de seu servo Moisés. 
Depois, "a nuvem afastou-se de sobre a tenda; e eis que Miriã achou-se le-
prosa, branca como neve" (v. 10). Moisés, contudo, intercedeu em seu favor. E, 
embora curada, Miriã foi banida do acampamento por sete dias. 
15 
JUÍZOS FAVORÁVEIS 
Juízos com respeito ao cargo 
Números 11. A responsabilidade pelos filhos de Israel pesava muito sobre 
Moisés. "Eu sozinho não posso levar todo este povo, pois me é pesado demais" 
(v. 14). O Senhor então fez arranjos para indicar assistentes que o ajudassem 
a carregar aqueles "fardos": 
Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, [...] e os trarás perante a tenda 
da congregação, para que assistam ali contigo. Então, descerei e ali falarei con-
tigo; tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a 
carga do povo, para que não a leves tu somente (v. 16-17). 
Moisés seguiu a instrução do Senhor neste assunto: 
E ajuntou setenta homens dos anciãos do povo, e os pôs ao redor da tenda. 
Então, o Senhor desceu na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava 
sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; quando o Espírito repousou 
sobre eles, profetizaram (v 24-25). 
Estudos selecionados em interpretação profética 
Esses homens foram aceitos no cargo pelo Senhor no santuário. Ele evi-
denciou sua aceitação, julgando em seu favor, por assim dizer, ao enviar 
sobre eles o seu Espírito. 
Números 17. Um teste foi preparado para confirmar Arão como sumo 
sacerdote depois de Coré tê-lo desafiado. Doze varas foram escolhidas, uma 
para cada tribo. O nome do líder de cada tribo foi escrito em uma vara. No 
entanto, o nome de Arão foi escrito sobre a vara de Levi. Esse caso foi resol-
vido, não à porta do santuário, mas dentro do santuário. "E as porás na tenda 
da congregação, perante o testemunho, onde eu vos encontrarei" (v. 4). 
Segundo as instruções, "Moisés pôs estas varas perante o Senhor, na ten-
da do testemunho" (v. 7). O Senhor julgou a favor de Arão e o confirmou no 
cargo. "Moisés entrou na tenda do testemunho, e eis que a vara de Arão, pela 
casa de Levi, brotara" (v. 8). 
Um juízo com respeito à terra 
Números 27. Zelofeade não tivera nenhum filho, e, portanto, assim ne-
nhum herdeiro do sexo masculino. No entanto, cinco filhas lhe nasceram 
antes que ele morresse no deserto. Depois da morte do pai, as mulheres sen-
tiram-se injustamente privadas do direito de possuir terra em Israel. Assim, 
16 elas apresentaram o seu caso à tenda da congregação na presença de Moisés, 
líderes e congregação (v. 2). Mais uma vez houve investigação do caso no 
santuário e um julgamento pronunciado dali.Moisés levou a causa delas perante o Senhor. Disse o Senhor a Moisés: As filhas 
de Zelofeade falam o que é justo; certamente lhes darás possessão de herança 
entre os irmãos de seu pai e farás passar a elas a herança de seu pai (v. 5-7). 
Assim, o Senhor julgou em favor das filhas de Zelofeade quando o caso foi 
apresentado perante Ele no santuário. 
JUIZOS DO TEMPLO CELESTIAL 
Nos SALMOS 
Salmo 11. 0 salmo começa com uma lamentação pessoal sobre a violência feita 
aos justos pelos ímpios. O salmista, contudo, continua o texto com uma expressão 
de confiança na justiça de Deus que, com seus juízos, endireitará as relações dese-
quilibradas entre os dois grupos. O templo celestial é o lugar onde Deus pronuncia 
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo 
esses juízos: "O Senhor está no seu santo femplo; nos céus tem o Senhor seu trono; 
os seus olhos estão atentos, as suas pálpebras sondam os filhos dos homens. O Se-
nhor põe à prova ao justo e ao ímpio" (v. 4-5a). Do templo vem os seus juízos sobre 
os ímpios (v. 6) e o seu juízo em favor dos justos (v. 7). 
Salmo 14. Este salmo se inicia com a declaração: "Diz o insensato no seu 
coração: Não há Deus." Esta negação da existência de Deus produz seu fruto 
na impiedade dos homens e no dano que eles causam ao povo de Deus. O 
Senhor observa a tudo de seu templo celestial e avalia tais condutas. "Do céu 
o Senhor olha para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há 
quem busque a Deus" (v. 2). 
Esta situação, no entanto, se reverterá quando Deus julgar contra os ímpios 
e em favor dos justos. "Tomar-se-ão de grande pavor, porque Deus está com a 
linhagem do justo. Meteis a ridículo o conselho dos humildes, mas o Senhor é o 
seu refúgio" (v. 5-6). Baseado nesse tema, o salmista conclui o texto com um apelo 
a Deus. Ele suplica pelo livramento do povo e a restauração de sua boa sorte. 
Salmo 29. Este salmo contém a expressão do juízo divino sobre os cananeus. 
Nele, o salmista descreve o juízo como uma tempestade que vem do Mediterrâneo 
para assolar o território cananita (não-israelita) com força destruidora (v. 3-8a). 
O texto conta como a tempestade foi ordenada por Deus de seu templo celestial 
enquanto a hoste angélica estava a posto (v. 1-2, 9b). Em resposta a esta demons- 17 
tração de seu poder, toda a hoste de anjos no templo celestial de Jeová atribuía-lhe 
glória, da mesma maneira como foi exortada a fazer no início do salmo. O texto 
termina com uma referência ao fato de que Jeová está entronizado como rei para 
sempre e com um apelo para que Ele conceda força e paz ao seu povo (v. 10-11). 
Salmo 53. Este capítulo é uma duplicata do salmo 14. Veja acima. 
Salmo 76. O texto provê uma interessante ilustração de conexão entre a 
obra de Deus no templo terrestre e no templo celestial. O início do salmo de-
screve Jerusalém como o lugar de residência divina: "Conhecido é Deus em 
Judá; grande, o seu nome em Israel. Em Salém, está o seu tabernáculo, e, em 
Sião, a sua morada" (v. 1-2). 
Dessa morada terrestre Deus derrotou os inimigos de seu povo, de acordo com 
os cinco versos seguintes. Mas isto não era simplesmente uma imagem da atividade 
de Jeová no seu templo em Jerusalém. Esse juízo em favor do povo oprimido desceu 
do Céu: "Desde os céus fizeste ouvir o teu juízo; tremeu a terra e se aquietou, ao 
levantar-se Deus para julgar e salvar todos os humildes da terra" (v. 8-9). 
Salmo 102. Este salmo é o clamor de alguém cujos sofrimentos são inexpli-
cáveis. Os primeiros 11 versos transmitem as lamentações do salmista acerca 
de sua condição pessoal. O lamento estende-se até incluir sua preocupação 
Estudos selecionados em interpretação profética 
com a triste condição de Sião. Em resposta a situação, o autor expressa a con-
fiança de que Deus se levantará de seu trono e julgará em favor de Sião e contra 
seus inimigos: "Tu, porém, Senhor, permaneces para sempre, e a memória do 
teu nome de geração em geração. Levantar-te-ás e terás piedade de Sião; é tem-
po de te compadeceres dela, e já é vinda a sua hora" (v. 12-13). 
O trono do qual Deus se levantaria para julgar em favor de seu povo estava loca-
lizado no Céu: "que o Senhor, do alto do seu santuário, desde os céus, baixou vistas 
à terra, para ouvir o gemido dos cativos e libertar os condenados à morte" (v. 19-20). 
Salmo 103. O salmista expressa um hino de gratidão a Deus. O texto de ação 
de graças também é chamado de Te Deum do Antigo Testamento. Graças são 
dadas pela quíntupla bênção de perdão• • dos pecados, cura de enfermidade, livra-
mento da cova, admissão a uma bem-aventurada vida após a morte, e o eterno 
usufruto da beleza divina no Céu. O autor reconhece que estas bênçãos fluem da 
fidelidade de Deus às suas promessas. A aliança de amor com os homens é outro 
tema repetido ao longo do salmo (compare os v. 4, 8, 11, 17). 
A partir desse contexto, Deus julga em favor de seu povo oprimido. "O Se-
nhor faz justiça e julga a todos os oprimidos" (v. 6). Essa justiça flui de seu trono 
celestial, local de onde governa seu reino terrestre. "Nos céus, estabeleceu o 
18 
	Senhor o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo" (v. 19). 
Nos PROFETAS 
Miqueias 1. Segundo a introdução ao livro, os juízos de Deus sobre o povo 
rebelde emanam de seu templo celestial. 
Ouvi, todos os povos. Prestai atenção, ó terra e tudo o que ela contém, e seja o 
Senhor Deus testemunha contra vós outros, o Senhor desde o seu santo templo'. 
Porque eis que o Senhor sai de seu lugar, e desce, e anda sobre os altos da terra. 
Os montes debaixo dele se derretem, e os vales se fendem; são como a cera dian-
te do fogo, como as águas que se precipitam ninn abismo. Tudo isto por causa da 
transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel. 
1 Reis 22. Acabe recrutou a assistência militar de Josafá (Judá) para atacar 
os sírios que controlavam Ramote-Gileade no território transjordaniano de 
Manasses. Antes de sair com ele, Josafá quis saber se a palavra do Senhor estava 
disponível por meio de um de seus profetas. Acabe convocou os profetas da 
corte que naturalmente sancionaram a campanha proposta, a ponto de encenar 
a vitória que se julgava próxima. Josafá, porém, não ficou satisfeito com a situa-
ção e quis inquirir de um profeta de Jeová. Acabe admitiu que Micaías, filho de 
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo 
Inlá, satisfazia os requisitos propostos por Josafá, mas lhe repugnava chamá-lo, 
"porque nunca profetiza de mim o que é bom, mas somente o que é mau" (v. 8). 
Ante a insistência de Josafá, Micaía.s foi convocado. 
Quando a avaliação foi a princípio procurada, Micaías respondeu sarcasti-
camente: "Sobe e triunfarás, porque o Senhor a entregará nas mãos do rei" (v. 
15). Então, Acabe fê-lo jurar por Jeová que suas palavras eram verdade. Mos-
trando-se à altura dessa ocasião, Micaías respondeu: "Vi todo o Israel disperso 
pelos montes, como ovelhas que não têm pastor; e disse o Senhor: 'Estes não 
têm dono; torne cada um em paz para a sua casa"' (v. 17). 
O pastor, nesta profecia obviamente era Acabe, e Micaías claramente lhe 
comunicou a profecia de sua morte na batalha e a derrota de suas tropas. O pro-
feta confirmou que esta sentença vinha da corte celestial: "Ouve, pois, a palavra 
do Senhor: Vi o Senhor assentado no seu trono, e todo o exército do céu estava 
junto a ele, à sua direita e à sua esquerda" (v 19). 
Acabe perseverou nesciamente e a profecia de Micaías se cumpriu quando 
ele morreu em combate (v 34-35). 
d 
JUIZOS DO TEMPLO TERRESTRE 	 19 
NOS SALMOS 
Salmo 9. O início do salmo apresenta um louvor a Deus. O motivo específi-
co para esse louvor é explicado pela derrota de um inimigo (v 5-6). A ruína do 
adversário é atribuída ao justo juízo da parte de Deus. "Pois, ao retrocederem os 
meus inimigos, tropeçam e somem-se da tua presença; porque sustentas o meu 
direito e a minha causa; no trono te assentas e julgas retamente" (v. 3-4). 
Em seguida à descrição da derrota do inimigo (v. 5-6), o salmo retorna, em um 
modelotemático A:B:A, à ideia de que essa derrota é atribuível ao justo juízo de Deus. 
"Mas o Senhor permanece no seu trono eternamente, trono que erigiu para julgar. Ele 
mesmo julga o numdo com justiça; administra os povos com retidão" (v 7-8). 
No final do salmo, o autor salienta o mesmo pensamento: "Faz-se co-
nhecido o Senhor, pelo juízo que executa; enlaçado está o ímpio nas obras 
de suas próprias mãos" (v. 16). 
Contudo, uma passagem de louvor no meio do salmo localiza o trono de Deus 
em Sião ou Jerusalém "Cantai louvores ao Senhor, que habita em Sião" (v 11). 
Salmo 50. A vinda de Deus para julgar o seu povo é descrita neste salmo 
em termos de uma teofania. A primeira estrofe do poema identifica Deus como 
Estudos selecionados em interpretação profética 
o juiz que vem de Sião, portanto, de seu templo terrestre. Ele intima o povo a 
comparecer à sua demanda ou pleito judicial contra eles mesmos (v. 1-7). Os 
céus personificados atuam como testemunhas neste cenário. Eles não fazem 
referência ao lugar de onde Ele vem para julgar: 
Desde Sião, excelência de formosura, resplandece Deus (v. 2). Intima os céus 
lá em cima e a terra, para julgar o seu povo. Congregai os meus santos, os que 
comigo fizeram aliança por meio de sacrifícios. Os céus anunciam a sua justiça, 
porque é o próprio Deus que julga (v. 4-6). 
As próximas duas estrofes dirigem o texto aos justos em Israel que não ha-
viam compreendido inteiramente o tipo de sacrifício que Deus desejava — não 
uma outra rodada de animais oferecidos, mas ações de graças (v. 8-15). A estro-
fe seguinte descreve as várias maneiras como os israelitas ímpios transgrediam 
as leis de Deus e sua aliança (v. 16-21). A estrofe final contém uma advertência 
aos justos e uma exortação aos ímpios, os dois grupos em Israel a serem julga-
dos por Deus de Sião (v. 22-23). 
Salino 60.0 salmo é um lamento público em que o autor descreve uma der-
rota nacional. O capítulo oferece, ainda, uma oração pela vitória sobre os inimi- 
20 gos da nação, especialmente Edom. Ele segue uma estrutura literária A:B::.N:13'. 
A (v. 3-5) representa a descrição da derrota ou história passada, e representa a 
promessa divina de reverter a derrota ou história futura (v. 6-8). B e B' represen-
tam orações oferecidas pela vitória de Israel. A seção A que contém a promessa 
divina de vitória futura, é introduzida com a declaração: "Falou Deus em seu 
santuário" (v. 6, Revised Standard Version). Assim, a futura derrota dos inimigos 
de Israel descrita nesta seção vem como um juízo pronunciado por Deus sobre 
eles, muito provavelmente de seu santuário terrestre. 
Salmo 73. Este é um salmo sapiencial em que a justiça divina e o problema 
da prosperidade dos ímpios são examinados. O salmista não podia compreen-
der isto até que entrou "no santuário de Deus" e atinou "com o fim deles" (v. 17). 
O verso 17 é o centro temático e estrutural do salmo. A partir deste ponto, o 
autor desenvolve sua compreensão acerca da disposição final dos casos dos ímpios 
e dos justos. Os ímpios perecerão como um sopro de vento, mas Deus prometeu 
receber os justos em glória. Baseado no seu desenvolvimento desta compreensão, o 
salmista se dispõe a confiar em Deus. Portanto, foi nos recintos do santuário terres-
tre que ele desenvolveu a compreensão de que o julgamento final de Deus seria justo. 
Salmo 99. Este é um dos vários salmos que descrevem o domínio de Deus. No 
texto se destaca a expressão "o Senhor reina". A descrição inicial centraliza o reinado 
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo 
divino em Jerusalém: "Ele está entronizadb acima dos querubins; abale-se a terra. O 
Senhor é grande em Sião e sobremodo elevado acima de todos os povos" (v. 1-2). 
O aspecto específico do caráter de Deus, aqui destacado como digno de 
adoração, encontra-se na descrição do salmista: "És rei poderoso que ama a 
justiça; tu firmas a equidade, executas o juízo e a justiça em Jacó" (v. 4). 
A segunda metade do salmo fala como Deus comunicou Sua vontade a 
Moisés, Arão e Samuel. Contudo, mesmo para esses poucos privilegiados, Ele 
foi "Deus perdoador, ainda que tomando vingança dos seus feitos" (v. 8). Com 
base neste aspecto do caráter de Deus, como foi demonstrado em seu trato com 
esses líderes, Israel é exortado a prostrar-se "ante o escabelo de seus pés" (v. 5). 
e "Rute o seu santo monte" (v. 9), isto é, no templo terrestre em Jerusalém. 
NOS PROFETAS 
Isaías 6. Esta narrativa descreve o chamado de Isaías ao ministério profé-
tico. O primeiro verso data a visão do ano em que morreu o rei Uzias, cerca de 
740 a.C, e apresenta o local onde Deus apareceu e identificou como templo. O 
segundo e o terceiro versos descrevem os serafins que acompanhavam a Deus 
e lhe entoavam hinos de santidade. 
Como resultado dessa manifestação da glória divina, "as bases do limiar 21 se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça" (v. 4). Os 
comentaristas divergem sobre qual edifício estava envolvido. No entanto, é 
provável que a visão se refira ao templo terrestre. Isaías ficou impressionado 
com a oportunidade de ver Deus e sua glória. "Ai de mim! Estou perdido! Por-
que sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros 
lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!" (v. 5). 
Deus, então, enviou um dos serafins a Isaías com uma brasa do altar. Quando 
os lábios de Isaías foram tocados por da, seus pecados foram perdoados e lhe foi 
dada a capacidade cie cumprir a missão para a qual fora chamado — servir como 
profeta e levar a mensagem de Deus ao povo. Isaías aceitou a tarefa e sua mensagem. 
É a esta altura que comumente param as homilias sobre o capítulo. Geral-
mente elas debatem a glória de Deus, a habilitação de Isaías para servir como 
mensageiro divino ou a disposição do profeta em aceitar a responsabilidade. 
Mas a narrativa contém mais do que estes três elementos. A solicitação de • 
Deus a Isaías incluía a tarefa de levar uma mensagem de juízo ao seu povo. Ao 
profeta perguntar até quando a mensagem deveria ser dada, foi-lhe dito: "Até 
que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, as casas fiquem sem 
moradores, e a terra seja de todo assolada, e o Senhor afaste dela os homens, e 
no meio da terra seja grande o desamparo" (v. 11-12). 
Estudos selecionados em interpretação profética 
A despeito da natureza desta profecia, a &lima frase do verso• final deste 
capítulo já apresenta a promessa embrionária do remanescente. Estes• final-
mente voltariam do exílio para repovoar o país julgado e desolado. Portanto, 
não é de surpreender que Isaías posteriormente profetizasse o exílio e pro-
metesse um retorno dele, uma vez que o profeta recebeu essa mensagem no 
tempo em que foi chamado para o ministério profético. 
Na ocasião em que teve a visão da glória divina no templo terrestre, Isaías 
ainda recebeu uma mensagem de juízo para o seu povo. E esta mensagem de 
juízo se referia diretamente ao exílio que Judá finalmente experimentou um 
século depois do seu tempo. 
Isaías 18.0 texto faz uma interessante referência a Deus julgando do lugar 
de sua habitação. O contexto do capítulo é uma série de profecias contra as na-
ções, especificamente o oráculo contra a Etiópia. Ao pronunciar o juízo sobre 
a Etiópia, Deus disse que olharia calmamente de sua "morada" (v. 4). O juízo 
designava que as forças etíopes seriam derrotadas: "Serão deixados juntos às 
aves dos montes e aos animais da terra" (v. 6). 
Aqui, tanto o templo celestial quanto o terrestre poderiam estar envolvidos. 
O último, entretanto, parece mais provável. Neste caso, o templo terrestre é tido 
como local de origem do juízo divino, porque Isaías 6 (discutido acima) e a con- 
22 
	
	dusão do oráculo estrangeiro profetizam um tempo em que os etíopes levariam 
presentes "ao lugar do nome do Senhor dos Exércitos, ao monte Sião" (v. 7). 
Amós 1. Amos é razoavelmente direto na introdução à profecia acerca de os 
juízos divinos sobre o reino do Norte de Israel virem da residênciade Deus, ou 
templo, em Jerusalém: "O Senhor rugirá de Sião e de Jerusalém fará ouvir a sua 
voz; os prados dos pastores estarão de luto, e secar-se-á o cume do Carmelo" (v. 2). 
Joel 2-3. Joel 2:30 a 3:21 descreve como Deus julgaria entre seu povo 
e as nações. Ao fazê-lo, todas as nações se congregariam no vale de Josafá 
("Jeová julga") para o julgamento: 
Congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá; e ali entrarei em 
juízo contra elas (3:2). Levantem -se as nações e sigam para o vale de Josafá; por-
que ali me assentarei para julgar todas as nações em redor (3:12). 
Esse juízo deveria ser dupla Deus julgaria em favor de seu povo e contra as 
nações. Por sua parte, o povo de Deus seria liberto (2:32), voltaria ao seu país 
(3:7), teria sua sorte restaurada (3:1) e gozaria de um futuro próspero e pacífico 
(3:18, 20). As nações eram consideradas culpadas por subjugar o povo de Deus 
e sua terra (3:2), saquear o país e o seu templo (3:5) e exilar o povo de Deus (3:6). 
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo 
Portanto, as nações que trouxeram todas estas calamidades sobre o povo de 
Deus precisavam de julgamento. Suas próprias populações seriam deportadas e 
suas terras deixadas desoladas (3:8, 19). Esses juízos deveriam ser lançados do 
santo monte Sião de Deus em Jerusalém, o lugar onde Ele habitava: 
O Senhor brama de Sião e se fará ouvir de Jerusalém, e os céus e a terra tre-
merão; mas o Senhor será o refúgio do seu povo e a fortaleza dos filhos de 
Israel. Sabereis, assim, que eu sou o Senhor, vosso Deus, que habito em Sião, 
meu santo monte (3:16-17). 
Malaquias 3. Esta profecia é sobre o tempo em que "o Senhor, a quem vós 
buscais", "de repente, virá ao seu templo" (v. 1). Esse fato introduzirá um dia de 
julgamento: "Mas quem poderá suportar o dia da sua vinda? E quem poderá 
subsistir quando ele aparecer? Porque ele é como o fogo do ourives e como a 
potassa dos lavandeiros" (v. 2). 
Nesse tempo, Deus "assentar-se-á como derretedor e purificador de prata; puri-
ficará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata; eles trarão ao Senhor 
justas ofertas" (v. 3). Além disso, a profecia identifica esse período como um tempo 
de julgamento: "Chegar-me-ei a vós outros para juízo" (v. 5). Então, é possível per-
ceber sete classes entre o professo povo de Deus que não serão aceitas pelo Senhor. 23 
Ezequiel 1-10. Deus suportou longa e pacientemente a conduta de seu povo 
rebelde durante os oito séculos em que eles habitaram a terra prometida de Canaã 
(quatro séculos sob os juízes e quatro séculos sob os reis). As atitudes de violação 
da aliança com Deus e o fracasso em desenvolver um genuíno relacionamento de 
constante amor fez com que Deus permitisse que o seu povo professo fosse exila-
do da terra sobre a qual eles tinham habitado por tão longo tempo 
A situação acima apresenta paralelos (os quais já vimos) em que é natural 
apenas esperar que o destino do povo de Deus se expressasse na forma de jul-
gamento pronunciado por profetas. Poderíamos não esperar que tal julgamento 
fosse pronunciado, porém mais especificamente, que o juízo viria do templo de 
Deus, o lugar de onde os juízos já estudados foram lançados. 
E assim aconteceu. O juízo que se ajusta a esses critérios é a mais prolonga-
da das cenas de juízo do Antigo Testamento Ezequiel o viu durante os últimos 
anos de existência do povo de Deus sob a monarquia. Historicamente, a cena de 
juízo da visão profética foi cumprida ou executada por Nabucodonosor quando 
conquistou e queimou Jerusalém em 586 a.0 e exilou o povo de Deus. A discus-
são seguinte sobre esta cena de juízo é uma adaptação de meus escritos publica-
dos em outra obra (WALLENKAMPF; LESHER, 1981, p. 283-291). 
Estudos selecionados em interpretação profética 
EZEQUIEL 1 - 1 O 
A compreensão do juízo investigativo de Judá em Ezequiel 1-10 esclarece-
rá as visões da corte celestial mencionadas por outros profetas. Por exemplo, 
estudando-se a visão apocalíptica do juízo investigativo final de Deus conforme 
descrita na cena do tribunal de Daniel 7, é importante levar em conta a analogia 
precedente do juízo final de Judá. O julgamento anterior no templo de Jerusa-
lém reflete em miniatura o que é previsto acontecer em escala macrocósmica na 
sessão do julgamento posterior a ser convocada no templo celestial. 
A VIAGEM DE DEUS 
O ministério profético de Ezequiel começou quando a mão de Jeová veio 
sobre ele enquanto estava junto ao rio Quebar no quinto dia do quarto mês, 
no quinto ano de exílio. A data corresponde a julho de 592 a.0 - cálculo 
com base em um calendário de outono a outono usado para interpretar as 
datas do livro de Ezequiel (Ez 1:1-3). 
Para compreendermos as mensagens registradas nos primeiros 24 capítulos 
de Ezequiel concernentes a Judá, é importante notar o compacto espaço cronoló- 
24 gico em que essas mensagens foram comprimidas. O cerco de Jerusalém começou 
em janeiro de 588 a.C, apenas três anos e meio após o chamado de Ezequiel. Dois 
anos e meio depois, em 586 a.C, a cidade caiu nas mãos dos babilônios. Portanto, 
as mensagens são datadas dos dias finais do reino de Judá, e representam a última 
advertência de Deus ao seu povo. Esta parte do ministério de Ezequiel não foi di-
fundida além de duas, três ou quatro décadas como foram os ministérios de Isaías 
e Jeremias. Somente quando esse aspecto cronológico do ministério de Ezequiel é 
apreciado suas mensagens podem ser postas na devida perspectiva. 
Referindo-se ao seu chamado para o ministério profético, Ezequiel (contem-
porâneo de Daniel) disse que os céus foram abertos diante dele e ele viu visões de 
Deus (Ez 1:1). A visão é narrada com extenso detalhe no que se segue. A descrição 
não trata tanto de Deus como dos seres e objetos que Ezequiel viu com Ele. Muita 
criatividade erudita dedica-se ao estudo dos vários detalhes dessa visão para os 
comentários bíblicos. Aqui é importante notar as características essenciais do tex-
to frequentemente omitidas. Já que os comentaristas, ao lidar com um assunto tão• 
complicado, têm dificuldade em ver a floresta pelas árvores. 
No início, Ezequiel viu um grande redemoinho vindo do norte. Essa nuvem 
tempestuosa é descrita em termos mais do que naturais: "Uma grande nuvem, 
com fogo a revolver-se, e resplendor ao redor dela, e no meio disto, uma coisa 
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo 
como metal brilhante que saía do meio do fogo" (Ez 1:4). A direção da qual essa 
nuvem se aproximava - norte - é significativa, e será discutida posteriormente. 
As primeiras feições a saírem da nuvem tempestuosa tomaram a forma de 
quatro seres viventes (v. 5-14). Embora esses quatro seres viventes sejam identifi-
cados em Ezequiel 10 como "querubins", «importante notar por razões discutidas 
abaixo que o termo querubim não é aplicado a eles no capítulo 1. Esses quatro 
seres viventes reaparecem ao redor do trono de Deus em Apocalipse 4. Ainda que 
haja pequenas diferenças nas descrições de cada um deles por Ezequiel e João, é 
óbvio que seres vistos por ambos os homens eram os mesmos. Eles são menciona-
dos em ambas as passagens em termos similares - como seres viventes. 
Deixando de lado os símbolos envolvidos na aparência dos quatro seres vi-
ventes, há três principais características a respeito deles que deveríamos notar. Pri-
meiramente, eles têm asas (v. 6, 8, 11, 14). Como asas são usadas para voar, esses 
seres viventes são descritos em movimento (v. 9, 12, 14). Além disso, algo que se 
assemelhava a tochas de fogo com carvões incandescentes se movia entre eles (v. 
13). A finalidade do fogo é descrito no capítulo 10. O mais importante do contexto, 
porém, é a descrição de intensa atividade por parte dos seres viventes Eles estavam 
em movimento - voando para algum lugar. Mas, antes de determinarmos o local 
para onde se dirigiam devemos também notar o que mais eles levavam consiga 
A próxima parte da visão descreve quatro rodas, uma para cada ser vivente 	25 
(v. 17, 19-21).Mas rodas são usadas para movimento, particularmente sobre a 
terra. Desse modo, as rodas tocam o solo de vez em quando (v 19, 21). Nesta 
passagem, é importante notar novamente a intensa descrição de movimento. 
As rodas também iam para algum lugar. Antes de determinarmos a direção das 
rodas, devemos identificar o que elas levavam consigo. A visão continua descre-
vendo o firmamento que se estendia acima das cabeças e asas dos quatro seres 
viventes (v. 22-25). Esse firmamento também permanecia em movimento, por-
que os seres viventes se moviam com ele (v. 24) e, por ordem (v. 25), o faziam 
parar. O propósito do firmamento era conduzir ao trono de Deus (v. 26). 
A parte final da visão (v. 26-28) apresenta o próprio Deus assentado sobre 
o trono. Ele é descrito como "semelhança" de forma humana, porém, a maior 
parte da descrição de Deus associa-se também a descrição de sua glória. Assim, 
a glória que o circunda e irradia de sua pessoa é descrita como "metal brilhante, 
como fogo [...] e um resplendor ao redor dela, 27). 
Estes são os mesmos elementos vistos na nuvem tempestuosa no início do 
capítulo (v. 4). Com isso, é evidente que o esplendor que emanava da nuvem era 
simplesmente a glória de Deus. "Assim", diz Ezequiel, "era a aparência da glória 
do Senhor" (v. 28). Como resultado da revelação da glória divina, Ezequiel caiu 
Estudos setecionados em interpretação profética 
com o rosto em terra. Deus falou ao sacerdote exilado e deu-lhe comissão e 
encargo de profeta ao povo de Deus. 
No centro da visão está a pessoa de Deus e a glória que o acompanha. Con-
tudo, sua pessoa e glória estão circunscritas em termos de localidade, uma vez 
que Ele está assentado sobre seu trono. O trono de Deus, por sua vez, permane-
ce sustentado pelo firmamento do palanquim divino, que é sustentado por seus 
acompanhantes, os quatro seres viventes, e as rodas debaixo deles. 
As rodas, os seres viventes e o firmamento estão em movimento. A descrição 
de movimento é destacada ao longo da passagem. O trono divino deve acompa-
nhar o firmamento que o sustém, o que indica que Deus também está em mo-
vimento. Deus vai para algum lugar, ponto essencial da visão. Ele conduz sua 
carruagem celestial rumo a um destino específico. Os comentaristas enfatizam 
que esta é uma visão da glória de Deus, o que certamente é. Mas eles percebem, 
incidentalmente, apenas o movimento envolvido na visão. Deus e sua glória não 
estão oscilando ociosamente de um lado para outro num vácuo. O movimento é 
intencional e direcional. Deus é quem ordena às rodas e aos seres viventes segui-
rem na direção em que devem viajar, juntamente com o firmamento e o seu trono. 
Isto nos leva a indagar quanto ao local para onde Deus se dirigia quando 
Ezequiel o viu em visão junto ao rio Quebar. Para responder a esta pergunta, re- 
26 tornaremos ao verso 4 onde é declarado que a carruagem da nuvem tempestuosa 
sob o controle de Deus foi vista vindo do norte. Do ponto de vista de Ezequiel, a 
nuvem tempestuosa saindo do Norte poderia ter viajado ou para o sudeste (para 
os exilados em Babilônia), ou para o sudoeste (para Judá e Jerusalém). 
O relato desta visão não nos diz qual direção a carruagem de Deus tornou. 
No entanto, com a leitura dos capítulos 9-11 se deduz que Deus viajava em di-
reção a sudoeste, para o seu templo em Jerusalém. Nos capítulos subsequentes, 
o profeta descreve Deus se despedindo do templo após ter fixado sua residência 
ali por um período de tempo. O ponto principal da visão do primeiro capítulo 
de Ezequiel é que Deus estava em trânsito por meio de sua carruagem celestial 
para o local de sua residência terrestre, o templo de Jerusalém 
O JUÍZO DE DEUS 
Os dois capítulos do livro de Ezequiel contêm a missão e encargo do profeta 
(Ez 2-3). Os próximos três capítulos (4-7) apresentam urna série de denúncias 
para as transgressões de Judá e profecias concernentes ao seu futuro julgamento. 
As profecias de julgamento foram tanto encenadas (Ez 4:1 e 5:5) quanto declara-
das em termos como cerco, fome, extermínio, exílio da população e desolação 
do país. O mudo profeta só podia falar quando o Espírito o estimulava. 
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo 
A denúncia do pecado inicia-se com a declaração geral à rejeição dos estatutos 
e ordenanças de Deus pelo povo (Ez 5:6). Ela ainda continua com denúncias espe-
cíficas da idolatria (Ez 6), violência, orgulho, injustiça e crimes sangrentos na so-
ciedade (Ez 7). Finalmente, culmina com a visão da idolatria presente entre o povo 
de Deus - pecado que corrompeu os próprios recintos do templo de Jeová (Ez 8). 
A visão de Ezequiel da quádrupla corrupção dos recintos do templo é data-
da do sexto mês do sexto ano do exílio, ou setembro de 591 a.0 (Ez 8:1). Esta 
data indica que Jeová estivera residindo em seu templo por 14 meses. O período 
de tempo, aqui indicado, em que Jeová residiu em seu templo suscita de manei-
ra especial duas interrogações relacionadas: em primeiro lugar, por que Ele veio 
ali, e o que fez Ele enquanto ali esteve? A primeira pergunta é relevante, pois 
observamos que a presença de Jeová em seu templo já era representada pela 
glória do Shekinah que repousava sobre a arca da aliança no lugar santíssimo 
antes de ser dada a Ezequiel a visão do capítulo 1. , 
Se a presença de Jeová já se manifestava deste modo naquele lugar, por que Ele 
necessitava vir ao seu templo na visão dada a Ezequiel no capítulo 1? A resposta é 
evidente. Deus veio ah para fazer uma obra especial E a visão específica da vinda 
divina ao seu templo enfatiza grandemente a natureza importante dessa obra 
As mensagens dadas ao profeta, conforme registradas nos capítulos que 
transpõem a lacuna entre as visões do capítulo 1 e do capítulo 8, áugerern que a 	27 
obra especial era o julgamento. Em outras palavras, Jeová se assentou em juízo 
sobre seu povo em seu templo por uns 14 meses, como pode ser determinado 
pelas datações associadas às visões, conteúdo das próprias visões e natureza das 
mensagens dadas a Ezequiel durante o intervalo entre as duas visões. 
A continuação da visão no capítulo 9 provê apoio adicional para a ideia de 
que Jeová fixou residência em seu templo durante esse período de tempo a fim 
de julgar o seu povo, uma vez que o resultado dessa sessão de juízo é descrito 
nesta mesma passagem O povo de Judá que professava servir a Deus foi dividi-
do em duas classes: os que realmente o serviam - evidenciados pelos seus suspi-
ros e gemidos acerca das abominações cometidas na terra - e aqueles que não o 
serviam - evidenciados como os responsáveis pelas abominações. A divisão en-
tre esses dois grupos deveria ser feita pelo anjo designado como um escriba Ele 
foi instruído a passar pelo meio do povo e escrever um sinal (literalmente a letra 
hebraica tãw) nas testas daqueles que pertenciam ao primeiro grupo (Ez 9:4). 
Neste exemplo específico, o uso da letra tãw como um marcador especial 
pode derivar do fato de que ela era a última letra do alfabeto hebraica Ao se-
lecionar os indivíduos deste modo, o anjo os assinalava como os últimos dos 
justos, isto é, os justos remanescentes a serem salvos da destruição de Judá. 
Estudos selecionados em interpretação profética 
O significado do simbolismo é evidente a partir das ações subsequentes dos 
anjos destruidores, que deveriam passar pelo meio da cidade para exterminar 
as pessoas que não estavam assinaladas. Historicamente, esta profecia se cum-
priu quando o exército de Nabucodonosor cercou e conquistou Jerusalém al-
guns anos depois de ser dada a visão a Ezequiel. 
A outra parte do julgamento era um juízo sobre a cidade. Neste caso, a ci-
dade deveria ser queimada com as brasas de fogo que os quatro seres viventes 
traziam consigo (Ez 1:13; 10:2). A história mostra que esse juízo também foi 
executado pelo exército de Nabucodonosor (2Rs 25:9). 
Assim, duas classes de pessoas em Judá foram diferenciadas nesse tempo 
— os justos e os ímpios. Ou seja, os remanescentes a serem salvos e os não-rema-nescentes a serem destruídos. Essa separação significava que a distinção entre 
os indivíduos desses dois grupos tinha sido elaborada enquanto Jeová se as-
sentava em julgamento em seu templo. A execução da sentença era o resultado 
de decisões tomadas durante a sessão de julgamento no templo. O juízo dos 
habitantes de Judá foi considerado investigativo, uma vez que as decisões foram 
tomadas a partir de cada caso e, como resultado, havia uma separação entre 
essas duas classes de pessoas. 
28 
A PARTIDA DE DEUS 
Tendo sido tomada uma decisão em cada caso, não havia mais necessidade 
de Jeová permanecer em seu templo. Durante a visão da corrupção idólatra do 
templo (Ez 8), Jeová fez a interrogação: "Filho do homem, vês o que eles estão 
fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me 
afaste do meu santuário?" (Ez 8:6). Desse modo, a partida de Jeová de seu tem-
plo não foi um ato arbitrário, pois o seu povo o havia expulsado de sua própria 
casa. A cena é dada nos capítulos 9 a 11. 
Ezequiel vê o trono sobre o firmamento com os seres viventes em prontidão, 
agora chamados querubins (Ez 10:1). A carruagem de Deus está vazia, esperando 
que Jeová se assente sobre seu trono. A descrição do deslocamento de Deus de seu 
templo é repetida três vezes (Ez 9:3; 10:4; 10:18). O som das asas dos querubins é 
ouvido em seguida (10:5), e as rodas postas em movimento (Ez 10:13). A carrua-
gem divina deve erguer-se mais uma vez porque Jeová está partindo de seu templo. 
Ezequiel enfatiza que os seres viventes que viu anteriormente agora deveriam 
ser identificados como querubins. Com exceção da referência aos anjos que guar-
davam o acesso ao jardim do Éden (Gn 3:24), os querubins no Antigo Testamento 
estão geralmente associados aos modelos representativos ligados ao propiciatório 
que cobria a arca da aliança no lugar santíssimo do templo. Quando esses seres 
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo 
vieram com a carruagem de Jeová no capítulo 1, eles foram identificados apenas 
como seres viventes (isto é, celestiais). Agora, entretanto, eles são identificados 
com os querubins que estiveram presentes até esse ponto no templo terrestre. 
Assim, esses seres vivos tornam-se, por assim dizer, "espíritos" que animam 
as figuras simbólicas do templo, outrora inanimadas e• representativas. A iden-
tificação desses seres celestiais com suas representações terrestres no templo e a 
partida de ambos é uma outra maneira de declarar quão enfaticamente o tem-
plo de Jeová tinha sido abandonado - até mesmo os modelos dos querubins da 
cobertura da arca, agora, seguiam seu caminho. A carruagem divina é primeira-
mente vista no limiar do próprio edifício do templo. "Então se levantou a glória 
do Senhor de sobre o querubim, indo para a entrada da casa; a casa encheu-se 
da nuvem, e o átrio, da resplandecência da glória do Senhor" (Ez 10:4). Em se-
guida, ela se moveu para a porta oriental dos recintos do templo. 
Os querubins levantaram as suas asas e se elevaram da terra a minha vista, quan-
do saíram acompanhados pelas rodas; pararam à entrada da porta oriental da 
Casa do Senhor, e a glória do Deus de Israel estava no alto, sobre eles (Ez 10:19). 
Finalmente, a carruagem cruzou o vale de Cedrom para descansar por um 
pequeno momento sobre o Monte das Oliveiras enquanto Jeová, com o juízo de 	29 
seu povo concluído, parte por fim de sua casa, seu povo e sua cidade. 
Então, os querubins elevaram as suas asas, e as rodas os acompanhavam; e a gló-
ria do Deus de Israel estava no alto, sobre eles. A glória do Senhor subiu do meio 
da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade (Ez 11:22-23). 
A visão que abrange os capítulos 9 a 11 é recíproca à visão dada no início 
do livro de Ezequiel. No capítulo 1, Jeová veio ao seu templo para uma obra de 
juízo. E nos capítulos 9 a 11, essa obra de juízo completou-se quando Ele par-
tiu de seu templo e cidade. Tendo Jeová deixado o seu templo, Ele não partiu 
para o norte, direção da qual viera (Ez 1:4), direção da qual também vieram os 
agentes terrestres de seu juízo: o exército babilônio. Jeová partiu para o oriente 
(Ez 10:19; 11:23), em direção ao seu povo exilado. Segundo as profecias que se 
seguem em Ezequiel, o povo de Deus ainda voltaria para o seu país e cidade. 
A EXPECTATIVA DE DEUS 
O décimo capítulo do livro de Daniel relata uma visão de Deus e sua gló-
ria. A visão veio sobre o autor enquanto ele jejuava e orava por um determinado 
Estudos selecionados em interpretação profética 
problema durante três semanas (Dn 10:3). Miguel e Gabriel lutaram contra Ciro, 
presumivelmente, acerca do mesmo problema durante o mesmo período de 21 
dias (Dn 10:13). Sendo que Daniel recebeu a visão deste capítulo no final de três 
semanas completas, o dia do recebimento da visão corresponderia a um sábado. 
Nessa ocasião, Daniel recebeu uma visão de Deus e sua glória. A descrição é se-
melhante à visão dada a Ezequiel (Ez 1 e 10). No caso de Daniel, ele não viu Deus 
indo para seu templo ou vindo dele. Deus ainda estava no oriente. 
Isto suscita a interrogação acerca da razão pela qual Daniel, Miguel e Gabriel 
estavam tão preocupados nessa ocasião. Essa visão foi dada no terceiro ano de 
Ciro (Dn 10:1). Nessa época, a primeira onda de exilados já havia voltado para 
Judá (Ed 1:1; 3:1, 8), de sorte que o retorno dos cativos não estava mais em risco. 
A cidade de Jerusalém não deveria ser reconstruída até quase um século depois, 
portanto, Jerusalém também não estava em perigo. Isto exclui o templo. 
Conforme está revelado em Ageu, Zacarias e Esdras 5 e 6, não era intenção 
de Deus que a reconstrução do templo fosse tão adiada como foi. Esse adia-
mento aconteceu principalmente por causa de oposição local (Ed 4:4). Um dos 
aspectos dessa oposição foi que "alugaram contra eles conselheiros para frustra-
rem o seu plano" (Ed 4:5). Alguém aluga conselheiros para servir na corte real 
(nesse tempo, a corte mais importante era a de Ciro), o lugar mais eficiente para 
30 	esses conselheiros alugados fazerem seu lobby. 
A convergência desses fatores sugere que Ciro cedeu à pressão exercida pe-
los supostos conselheiros e ordenou aos judeus que suspendessem a construção 
do templo. Provavelmente, este é o assunto em jogo no capítulo 10 de Daniel: a 
mudança de opinião por Ciro quanto à reconstrução do templo de Jerusalém. 
Segundo a visão de Daniel, a glória de Deus permanecia no oriente, pois Ele 
ainda esperava para voltar ao seu templo, cuja construção fora retardada pelos 
obstáculos, que historicamente não foram superados durante outra década. 
O RETORNO DE DEUS 
A descrição do retorno do exílio e da restauração de Jerusalém se desenvolve 
plenamente no último terço do livro de Ezequiel. Especialmente em seus oito ca-
pítulos finais. A parte central da descrição é a restauração do templo. Ali, há uma 
exposição notavelmente detalhada do que é apresentado nos capítulos 40 a 42 
Depois de o templo ser reconstruído, a glória de Deus pôde a ele retornar. A gló-
ria divina vinha do oriente, direção para a qual ela anteriormente partira do templo. 
E eis que, do caminho do oriente, vinha a glória do Deus de Israel; a sua voz era 
como o ruído de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa de sua glória. O 
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo 
aspecto da visão que tive era como o da visão que eu tivera ... junto ao rio Que-
bar; e me prostrei, rosto em terra. A glória do Senhor entrou no templo pela por-
ta que olha para o oriente. O Espírito me levantou e me levou ao átrio interior; e 
eis que a glória do Senhor enchia o templo (Ez 43:2 -5). 
Um aápecto interessante da visão de restauração do templo e da glória de 
Deus retornando ao seu lugar de habitação é a data em que ela foi dada. A da-
tação de Ezequiel 40:1 propõe que esse dia seja o décimo dia de rot hagãnãh 
do vigésimo-quinto ano do exílio. Esse dado cronológico é singular no Antigo 
Testamento, por isso, surge uma pergunta: A qual ano novoo texto se refere 
(primavera ou outono)? Aqui, as datas de Ezequiel são interpretadas de acordo 
com um calendário de outono, portanto, devemos seguir os mesmos métodos 
de interpretação. O rosh hashanah do judaísmo moderno é celebrado no ou-
tono. Isso provê uma pequena indicação suplementar de que um calendário 
outonal é pretendido nesta datação e noutra parte em Ezequiel. 
Mas essa visão não foi dada a Ezequiel no dia do ano novo de outono, ou 1° de 
tishri. O profeta recebeu a mensagem dez dias depois. O décimo dia do ano novo 
de outono, ou rosh hashanah, aqui mencionado, é, portanto, yom kippur, ou o dia 
da expiação A celebração acontecia no décimo dia do sétimo mês, ou tishri. Assim, 
esta visão do templo purificado e restaurado foi dada no dia da expiação, quando o 	31 
primeiro templo foi purificado ritualmente durante os serviços sagrados. Naquele 
dia, Ezequiel viu em visão o segundo templo restaurado, limpo e purificada 
Desse modo, as visões de Deus e sua glória dadas a Ezequiel e Daniel, fo-
calizavam o templo de Deus e sua relação com ele. No capítulo 1 de Ezequiel, 
Ele vem do norte para o seu templo a fim de dedicar-se à obra de julgamento. 
Em Ezequiel 10, entretanto, após a conclusão da obra de julgamento, Deus 
deixa seu templo e segue em direção ao oriente por 14 meses. Quase 70 anos 
mais tarde, Ele ainda é visto por Daniel no oriente esperando para reentrar 
em seu templo ainda não reconstruído. Por fim, Ezequiel vê a Deus no dia da 
expiação (40:1) retornando do oriente para o seu templo, o qual finalmente 
deveria ser reconstruído (43:1-7). 
RESUMO 
Vinte e oito passagens que tratam de juízo no Antigo Testamento foram ana-
lisadas anteriormente devido as suas conexões com o santuário. Essa lista não é 
exaustiva, mas razoavelmente compreensiva e bastante representativa. As formas 
Estudos selecionados em interpretação profética 
do santuário mencionadas nessas passagens são distribuídas de modo relativa-
mente estatístico. Cerca de um terço delas (oito) estão relacionadas ao tabernácu-
lo no deserto; um outro terço (nove) têm conexões com o templo celestial; e na 
parte final (onze) são postas no contexto do templo terrestre de Jerusalém. 
Em geral, as conexões com o templo celestial são mais comuns nos Salmos, 
enquanto que as conexões com o templo terrestre são mais evidentes nos profetas. 
O fato de ocorrer relações alternativas nestes dois conjuntos de literatura indica 
que esta distinção não é de grande importância. Ao contrário, a distribuição um 
tanto estatística salienta que este aspecto do juízo da obra de Deus no templo ce-
lestial relacionava-se diretamente com a obra divina em suas residências terrestres. 
Nos tempos do Antigo Testamento, a obra de juízo no templo celestial e no 
templo/tabernáculo terrestre eram os dois lados da mesma moeda. Ou melhor, 
diferentes manifestações da mesma obra, como estão diretamente ligadas no 
salmo 76. Há muitas profecias ou declarações acerca de juízo no Antigo Testa-
mento que não contêm nenhuma menção específica ou conexão com o santu-
ário. Essa relação, porém, não precisa ser mencionada em todos os exemplos. 
Com base na discussão acima, o contexto do santuário pode ser subenten-
dido nesses outros casos. Assim como o santuário era o centro da atividade 
redentora de Deus, mesmo que esse propósito seja explicitamente declarado em 
32 	alguma determinada passagem ou não, ele era também a origem de seus juízos. 
O santuário, terrestre ou celestial, era o lugar onde Deus habitava. Ali, também 
se centralizava o governo de Deus. E, devido ao fato de ser Ele o único a emitir tais 
juízos, é apenas natural que as sentenças fossem emitidas do lugar onde Ele habitava. 
Desse modo, a discussão bíblica sobre a relação entre santuário e juízo é natural. 
É interessante notar quão frequentemente esses juízos eram pronunciados 
no contexto de uma visão teofânica de Deus. Todas as vezes que a Bíblia des-
creve essas visões, muito comumente as apresenta neste tipo de literatura. Esta 
relação pode não ser exclusiva, mas é comum. A santidade e glória de Deus 
expressas em tais cenas certamente adicionam solenidade ao seu significado. 
O objetivo dos juízos do santuário deve ser revisto. Todos os casos ligados 
ao tabernáculo no deserto eram obviamente dirigidos ao povo de Deus, mesmo 
que o juízo envolvesse indivíduos ou grandes grupos. Considerando quão di-
reta era a relação entre o tabernáculo e o acampamento de Israel durante a per-
manência temporária do êxodo, é apenas natural que mais juízos pessoalmente 
relacionados ocorressem em conexão com o tabernáculo que na história isra-
elita posterior. O juízo sobre Acabe, em 1 Reis 22, é a mensagem mais pessoal 
desse gênero encontrada nas passagens posteriores ligadas aos templos terrestre 
e celestial. Há várias mensagens de juízos pessoais transmitidas pelos profetas 
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo 
durante o período da monarquia — mensagens destinadas a reis ou pessoas co-
muns. No entanto, elas não se relacionavam diretamente ao santuário. Além 
desses juízos pessoais, um espectro bastante amplo de juízos aparece relaciona-
do ao santuário. Os juízos se dividem em seis categorias diferentes: 
1.Juízo favorável sobre os justos. Nas passagens consideradas acima este 
aspecto do juízo aparece por si mesmo somente no Salmo 103. Neste texto, o 
juízo é posto no contexto do templo celestial. 
2.Juízo distintivo entre os justos e os ímpios em Israel. Salmo 14 (e Salmo 
53, duplicata do 14) relaciona tal juízo com o templo celestial. Malaquias 3, Eze-
quiel 10 e Salmos 50 e 73 relacionam essa espécie de juízo ao templo terrestre. 
3.Juízo emitido em favor dos justos em oposição aos ímpios. Este tipo de 
juízo ocorre no contexto do templo celestial dos Salmos 11 e 102. Ele também 
aparece em Joel 2 e 3 no contexto do templo terrestre. 
• 4. Juízo sobre pecados de pessoas tidas como justas sob outros aspectos. 
Este juízo aparece no contexto do templo terrestre, em Salmos 99. 
5. Juízo desfavorável sobre os ímpios. Provém do templo celestial, no 
caso particular de Acabe em 1 Reis 22. Este mesmo tipo de juízo, com a mes-
ma origem, é aplicado mais geralmente em Miqueias 1. É importante, porém, 	33 
lembrar que embora o ímpio Judá fosse julgado digno de exílio, a promessa 
profética de que o remanescente voltaria do exílio foi transmitida pelo mes-
mo profeta. Isto também é válido na visão de Isaías 6, que trata do juízo e do 
retorno de um remanescente. 
6. Os seis casos de juízos sobre nações estrangeiras são explicitamente de-
clarados como vindos do santuário. O juízo dos cananeus veio do templo celes-
tial (Si 29), ao passo que os juízos sobre Edom e Etiópia vieram do templo ter-
restre (S160 e Is 18). A coleção de nações estrangeiras identificadas em Joel 3 foi 
também julgada a partir do templo terrestre. O Salmo 76 contém um juízo geral 
proveniente do templo celestial sobre inimigos estrangeiros não especificados. Já 
no Salmo 9, o juízo é identificado como oriundo do templo terrestre. 
A relação entre a obra do santuário celestial e do santuário terrestre é esclarecida 
quando as passagens sobre juízo Uo Antigo Testamento são analisadas dentro das 
categorias descritas acima. Em quatro dessas seis categorias, os mesmos tipos de 
juízos são identificados como procedentes dos templos terrestre e celestial. Apenas 
na primeira e terceira categorias esta generalização não é válida. Nestes exemplos, 
somente uma passagem pode ser citada como pertencendo a cada categoria. 
Estudos selecionados em interpretação profética 
Os tipos mais comuns de passagens sobre juízo são aquelas dirigidas contra as 
nações estrangeiras e aquelas que distinguem entre justos e ímpios entre o povo 
de Deus. Seis exemplos das primeiras e cinco das últimas foram recolhidos. Em-
bora seja preeminente a categoria de juízos sobre as nações estrangeiras, deve-se 
notar que quando os diferentes tipos de juízos sobre o povo de Deus são reunidos, 
eles formam uma coleçãoconsideravelmente maior que a dos estrangeiros. 
Das 20 passagens sobre juízo relacionadas aos templos terrestre e celestial, 
a preocupação de 14 é com o povo de Deus, ao passo que seis se preocupam 
com as nações estrangeiras. Quando são adicionados os oito casos de juízo do 
tabernáculo, a proporção se amplia para 22 a 6. Esta proporção se ajusta ao 
quadro geral de juízo no Antigo 'Testamento. 
Um estudo das passagens acerca do juízo dentro de suas mais amplas ca-
tegorias indica que Deus estava preocupado com três categorias de pessoas no 
mundo (em vez de com apenas duas, como insistiriam alguns). Essas três maio-
res categorias consistem nos justos em Israel, ímpios em Israel e nações. Embo-
ra os dois últimos grupos partilhassem destinos um tanto similares em relação 
aos seus juízos, eles eram reunidos a partir de diferentes pontos de origem. As 
transferências do terceiro para o primeiro grupo se efetuavam somente em uma 
base individual. Isto ocorreu nos casos de Rute, Urias, Ebede-Meleque e outros. 
34 Nem todos os juízos coletivos sobre nações estrangeiras eram desfavoráveis. 
Há, por exemplo, a profecia de restauração do Egito depois de sua desolação, em 
Ezequiel 29. Além deste tipo específico de profecia, havia uma visão profética 
maior e mais favorável em relação ao lugar a ser ocupado por estas nações rio 
reino escatológico de Deus. Uma das mais preeminentes declarações encontra-
-se nas passagens duplicadas de Isaías 2 e Miqueias 4. O texto é citado aqui por-
que se refere ao juízo de Deus sobre as nações e procede de seu templo: 
Mas, nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabeleci-
do no cume dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão os povos. 
Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à casa do Deus 
de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; por-
que de Sião procederá a lei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém. Ele julgará entre 
muitos povos e corrigirá nações poderosas e longínquas; estes converterão as suas 
espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras (Mq 4:1-3). 
Ao comparar a descrição de juízo em Daniel com esses aspectos de julga-
mentos do santuário registrados em outros lugares no Antigo Testamento, é evi-
dente que a descrição de Daniel contém todos os elementos essenciais dos últi-
mos. O julgamento de nações estrangeiras, relatada anteriorrnente na categoria 
Paralelos bíblicos para o juízo investigativo 
seis, está presente em Daniel no surgimento e queda das nações e na queda final, 
conforme descrita em Daniel 2:4; 7:11-12, 26; 8:25 e 11:45. 
As categorias um e quatro (que tratam dos justos) podem ser agrupadas com 
a categoria dois, que distinguia os justos e os ímpios entre o povo de Deus. Isso é 
explicitamente mencionado em Daniel 12:1 e 3, e descrito de forma implícita em 
Daniel 8:14. A categoria cinco (rejeição de alguns homens do professo povo de 
Deus) abrange o lado desfavorável do juízo descrito sob a categoria dois. Este fato 
também é explicitamente mencionado em Daniel 12:2 e implícito em Daniel 8:14. 
Finalmente, o juízo em favor do povo de Deus e contra os seus inimigos, ex-
postos na categoria três, é o aspecto do juízo subentendido em Daniel 2:44 e mais 
explicitamente declarado em Daniel 7:22. Assim, os correlativos para todas as ca-
tegorias de juízo do santuário no Antigo Testamento também são encontrados no 
julgamento final, em Daniel. Um quadro composto é precisamente desenvolvido 
a partir de todas as passagens sobre juízo do santuário fora de Daniel no Antigo 
Testamento. Desse mesmo modo, um quadro composto do juízo final também 
deve ser desenvolvido, considerando todas as passagens sobre juízo em Daniel. 
Assim como acontece no restante do Antigo Testamento, em alguns casos 
esses juízos são especificamente identificados como vindos do santuário e em 
outros não. Por exemplo, as passagens sobre juízo em Daniel 2A4, 8:25 e 11:45 
não estão especificamente ligadas ao santuário, enquàntõi as cenas do juízo em 
Daniel 7:9-13, 22, 26; 8:14 e 12:1 estão. Uma diferença nestas duas categorias de 
textos em Daniel é que as passagens do juízo ligadas ao santuário estão frequen-
temente mais preocupadas com o povo de Deus do que com as nações. Todavia, 
uma vez que todas as decisões do juízo procedem de Deus, das podem ser vistas 
no contexto de juízo do santuário - habitação de Deus. 
Duas das diferenças significativas entre juízos do Antigo Testamento em geral 
e o juízo final descrito em Daniel envolvem tempo e objetiva Os juízos do santuá-
rio nas passagens do Antigo Testamento estudadas acima se referem a juízos sobre 
pessoas, povos ou nações que foram contemporâneas do profeta que os anunciou. 
Em Daniel, por outro lado, o juízo final se localiza no contexto de uma es-
trutura apocalíptica depois do surgimento e queda de uma série de nações e no 
final de um período específico de tempo profético. Desse modo, os outros juízos 
no Antigo Testamento e os juízos em Daniel eram qualitativamente semelhan-
tes, mas postos em diferentes dimensões de tempo. 
Uma outra grande diferença é a de escopo ou alvo. Esses outros juízos do 
Antigo Testamento eram localizados em escopo, lidando com diferentes indi-
víduos, grupos de pessoas ou nações do Antigo Oriente Próximo. Contudo, o 
juízo em Daniel é de mais longo alcance, pois indica termos atuais da história 
35 
Estudos selecionados em interpretação profética 
humana. Por isso, é cósmico em escopo. As passagens sobre juízo no Antigo 
Testamento fora de Daniel são uma série de minijulgamentos em escala micros-
cópica, por assim dizer. Elas levam e apontam para o grande juízo final. Além 
de prover uma anterior reflexão e um paralelo ou analogia ao mesmo em escala 
macroscópica descrita em Daniel (e em Apocalipse). 
Deus reuniu sua corte celestial para julgar seu rib ou "processo da aliança" con-
tra o seu povo em várias ocasiões nos tempos do Antigo Testamento. Desse modo, 
não deveríamos liberar ou mesmo esperar que Ele proceda da mesma forma no 
final de nossa era? Assim, enquanto esses julgamentos vétero-testamentais são 
qualitativamente semelhantes ao juízo em Daniel devido aos níveis similares ou 
categorias de juízo encontrados em ambos, eles diferem em escopo e em termos 
da estrutura conceituai na qual são encontrados. Das 28 passagens sobre juízo do 
santuário compiladas do Antigo Testamento, o paralelo mais próximo ao juízo 
celestial do tempo presente é o juízo investigativo de Judá, descrito em Ezequiel 
1 a 10. É interessante comparar seus respectivos contextos cronológicos. 
Deus estabeleceu o seu povo na terra prometida de Canaã conforme des-
crito no livro de Josué. Desde então, por quatro séculos eles viveram sob a lide-
rança de juízes, e por outros quatro séculos sob o domínio de reis. No final de 
todo esse período de oito séculos, o julgamento final foi pronunciado sobre eles 
36 na visão dada a Ezequiel. O povo recebeu a profecia apenas poucos anos antes 
de serem arrastados para o exílio e varridos da terra prometida doada por Deus. 
O juízo descrito em Daniel ocorre em uma conjuntura semelhante, mas em 
termos mais amplos da história do povo de Deus e do mundo. O "tempo do fim" 
e datado nesta era da história humana, mais precisamente antes da introdução 
do grande e eterno reino de Deus. Portanto, em uma escala menor, o juízo in-
vestigativo de Judá realizado no templo terrestre de Jerusalém ocorria em uma 
conjuntura intermediária da história da salvação. Assim, o juízo investigativo 
no templo terrestre se compara ao juízo investigativo no templo celestial, con-
vocado para concluir o capítulo final dessa história. 
REFERÊNCIA 
WALLENKAMPF, A. V.; LESHER W. R. (Eds.). The sanctuary and atonement. SiIyer Spring: 
Biblical Research Institute, 1981. 
2 
POR QUE ANTIOCO IV 
NÃO É O CHIFRE 
PEQUENO DE DANIEL 8 
Esboço do capítulo 
1. Significado da interpretação 
2. Daniel 7 
3. Daniel8 
4. Daniel 9 
5. Danie111 
6. Sumário

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