Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A hora e a vez de Augusto Matraga João Guimarães Rosa Guimarães Rosa nasceu em 1908, em Minas Gerais. Foi um dos mais importantes escritores brasileiros da terceira fase do modernismo — marcada pelo regionalismo. Além de ter seguido a carreira de diplomata e de médico. Uma das grandes características de suas obras, além do regionalismo, é o uso de neologismos — criação de novas palavras — ao ponto de ter um dicionário só para suas invenções. Sagarana É importante citar que A hora e a vez de Augusto Matraga é o último dos 9 contos do livro Sagarana, que foi publicado em 1946. - narrador em terceira pessoa Matraga é, na verdade, Estêves. Augusto Estêves ou Nhô Augusto, filho de coronel. Após uma reza na igreja, todos os endireitados foram embora, ficando atrás da igreja os tumulteiros, inclusive um leiloeiro. Entre essas pessoas, só duas mulheres: Angélica e Sariema. As duas ali estavam sendo disputadas, sobretudo a Sariema, apesar de não terem beleza. Um Capial e Sariema estavam trocando olhares. As coisas começaram a se apertar para o capial, os homens gritaravam para Tião, o leiloeiro, leiloar Sariema. ``Dou cinco mil réis´´. De repente, houve um deslocamento de gente, Nhô Augusto, todo vestido de preto, gritou ao leiloeiro: cinquenta-mil réis! Nho tinha 4 capangas com ele. O pessoal gritava: Nhô Augusto leva Sariema. O Capial, que chegou primeiro, apanha de seus 4 guarda-costas. Sariema pega no braço de Augusto e ele sai com ela daquele tumulto. Chegando em frente a uma igreja Nho a expulsa: ela era muito seca, segundo ele. Descendo a ladeira, Augusto Matraga recebe um recado de sua esposa por meio de Quim recadeiro. Ela queria que ele fosse para casa, Nhô, grosseiro, responde: lá eu não vou! Era fim de outubro. Dona Dionora, mulher de Matagra, recebe a resposta. Eles tinham uma filha de 10 anos. As duas iam embora, Dionara sabia que Nhô Augusto era doido, duro, não se importava nem com a filha, vivia com os capangas e outras mulheres. Dionora amara-o apenas por três anos, agora pensava em outro homem, mas ela tinha medo de Nhô mata-la. O outro realmente gostava dela. Ele convidou as duas para fugirem dali. E foram, mesmo com medo de os três morrerem por Matraga. Quim recadeiro vai até Nhô Augusto e conta tudo. Augusto pega já o revólver, mas tinha um problema: seus capangas não queriam mais trabalhar para ele. Foram trabalhar para Major Consilva que pagava melhor. Nhô Augusto ficou bravo e foi cavalgando, primeiro para matar o Major, depois a mulher e o amante. Chegando lá, Major mandou matá-lo. Ele foi espancado, inclusive pelos seus antigos capangas, apanhou também do capial que antes disputou com ele Sariema. Nhô Augusto foi arrastado para um barranco. Major mandou, primeiro, marcá-lo à ferro como um boi, depois disso que o matassem. Augusto já estava quase morto, todo quebrado. Na hora em que eles marcaram a pele dele com o ferro quente, Augusto saltou num berro pelo penhasco. Saiu rolando pelo barranco. Todos acharam que ele havia morrido e então foram embora. @isabeli (imsabeli) Um homem negro que morava perto do fim desse barranco saiu de seu esconderijo quando todos se afastaram. Ele chamou a mulher e o casal levou Nhô Augusto para a casa deles. Depois de alguns dias, Nhô Agusto já estava um pouco melhor, com o corpo todo machucado, ainda não andava, mas não morreu. Lembrou-se da mulher e da filha, mas sem raiva, com um olhar de saudade e tristeza. Estava tudo perdido. Ao longo dos dias o casal de pretos foi cuidando de todas as feridas. Matraga queria pelo menos ter a absolvição de seus pecados. O casal, então, chama um padre. Nhô Augusto confessa com medo de não ser perdoado. Fé ele tinha. O padre manda ele se mudar dali para esquecer a mulher e a filha, disse que agora teria que trabalhar por três e ajudar os outros sempre que puder: Reze e trabalhe. Então disse: Cada um tem a sua hora e a sua vez, você há de ter a sua. Matraga relembrou as rezas aprendidas com a avó, mudou completamente. Pegou raiva de suas maldades, agora, que tudo já estava perdido, queria apenas salvar sua alma. Ele e o casal foram embora dali, ao sair Nhô Augusto ajoelha-se no chão e diz: Eu vou pra o céu, e vou mesmo, por bem ou por mal!... E a minha vez há de chegar... Pra o céu eu vou, nem que seja a porrete!´´. E foram os três para um sítio no sertão. Augusto agora era do bem, onde ele passava todos gostavam, trabalhava muito, as pessoas que viam o achavam meio louco, meio santo. E seis anos se passaram assim. Nhô Augusto sempre repetias as palavras do padre: Cada um tem a sua hora e a sua vez e a minha há de chegar. Ele sempre lembrava de seus pecados, mas a distancia estava fazendo esquecer daquilo. Um dia Tião encontra Nhô Augusto ali, conta tudo o que aconteceu: sua mulher iria casar com o amante, a filha cresceu linda, mas foi seduzida e Quim Recadeiro morreu tentando vingar a morte de Nhô. Augusto manda Tião sair dali, não queria saber. Iria pro céu nem que fosse a porrete. Nhô Augusto ajudava as pessoas e assim ficava feliz. Ainda tinha dúvidas se ele realmente iria pro céu. Ficou mexido com as coisa s que Tião falou, ficou triste pelo Quim. Mas decidiu continuar trabalhando e pagando os seus pecados. Chegou do Norte uns homens muito fortes a cavalo, liderados por Joãozinho BemBem. Nho Augusto ofereceu ajuda para eles, chamou os capangas para dormir em sua casa. Joãozinho simpatizou com Augusto, que estava fazendo o possível para deixar a noite daqueles confortáveis. Bem-Bem fala sobre os seus capangas para Nho Augusto, segundo ele, eram gente de bem e só faziam mortes legais. Estavam ali para se vingarem de um coronel. Eles beberam cachaça juntos, Nho Augusto chegou a pegar uma arma emprestada para atirar em um pássaro na pitangueira. O grupo percebeu que no passado Augusto já havia mexido com isso. No outro dia foram embora, Joãozinho gostou tantoo de Nhô Augusto que o convidou para o seu bando. Nhô Augusto negou. Um dos capangas do bando pediu para ele rezar por sua irmã que estava doente. E assim foram, Nhô sentiu inveja pois eles não precisavam se preocupar com a salvação da alma igual ele. Teve vontade de ir com Bembem sentia saudade de mulheres. Nhô Augusto decidiu sair dali, pegou um burro e despediu-se do casal de negros. A sua hora e a vez iria chegar, continuaria rezando e aguentando firme, com o diabo por perto. Na estrada via as coisas lindas criadas por Deus na natureza. Era uma segunda vida que Deus havia lhe dado. Estava feliz e bem com Deus, não se importava que caminho pegar, onde o burro o levasse ele iria. Chegou num vilarejo e viu que as pessoas estavam assustadas: era o grupo de Joãozinho BemBem. Nho não teve medo pois os conhecia. Joãozinho convidou Nho para o grupo de novo, mas antes ele precisavam se vingar. Nho perguntou sobre Juruminho, aquele que pediu para ele rezar por sua irmã. Joãozinho, então explica: foi morto e nós vamos matar toda a família do assassino. Nhô reza pela alma do Juruminho. Joãozinho volta a chamar Nhô para o bando, agora tinha uma vaga livre. Nhô Augusto nega, diz que não pode; depois de tantos anos... E BemBem aceita a negação de Nhô. O pai do assassino de Juruminho aparece e ajoelha implorando que não matassem seus filhos, matassem ele, mas não eles. BemBem não quis nem saber, mataria um e ele teria que escolher qual e como, tiro ou faca. O velho vendo que não tinha mais o que fazer levantou e berrou: Pois então, satanás, eu chamo a força de Deus p'ra ajudar a minha fraqueza no ferro de tua força maldita. Nhô Augusto viu isso e pediu a BemBem para não fazer aquilo pois o velho estava pedindo em nome do Senhor. Joãozinho pergunta a Nhô se ele estava caçoando com a cara deles. Nhô desafia BemBem, se queria matar o velho, teria, antes, que passar por cima dele. Começa um duelo entre os dois. Nhô proferia palavras ruins que aprendera em sua vida pecadora e que estavam guardadas há muitotempo. O povo assistia aquilo. Nhô estava com uma faca, corre até BemBem e esfaqueia a barriga dele. Bembem cai no chão. Nho também cai pois agora tinha levado tiros dos capangas de Joãozinho. Mesmo no chão, quase morto, Nho pede para que ajudem BemBem. Joãozinho diz que morre, mas morre com a facada do homem mais maneiro e corajoso que já tinha conhecido. Morrem como amigos. Augusto queria que BemBem morresse arrependido para irem juntos ao céu, mas ficou sem respostas, Joãozinho tinha morrido. O povo riu da morte dele, mas Nhô Augusto mandou eles não fazerem nada de ruim com o corpo, era para enterrá-lo pois era o seu irmão. Deitado, quase morrendo, olhando para o céu, pediu que chamassem um padre para lhe benzer. O agradeceu e disse que foi Deus quem mandou aquele homem ali. Matraga morreu como um santo.
Compartilhar