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Acidentes por animais peçonhentos (ofídico, escorpiônico e araneísmo)

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Acidentes por animais peçonhentos 
Isabela Candeloro Ribeiro 
 
Vital Brasil foi um médico brasileiro responsável pelo desenvolvimento da soroterapia no mundo, fundador do 
Instituto Butantan em São Paulo no início do séx. XX. Em geral, os soros são heterólogos, ou seja, se colhe o veneno 
do animal peçonheto (cobra, por exemplo) e inocula em quantidade pequena (dose que não mata) no cavalo. Após 
2-3 semanas, tem-se a produção de anticorpos pelo próprio organismo do cavalo. Faz-se uma sangria, prepara o 
sangue retirado (centrifuga) e com a parte do soro sanguíneo se prepara o soro antiofídico, antiescorpiônico etc. 
Hoje em dia, no Brasil, 85% dos soros são produzidos pelo Instituto Butantan e cerca de 15% pelo Instituto Vital 
Brasil em Niterói. Além do soro heterólogo, existe o soro homólogo que é produzido com o próprio soro humano. 
Tem-se uma quantidade bem menor, pois a condição de produção é limitada e o custo é bem mais caro. Este é 
reservado para aqueles casos em que há reação alérgica grave (anafilaxia) ao soro heterólogo. 
Os acidentes por animais peçonhentos ocupam o segundo lugar nos casos de intoxicação humana, ficando atrás 
apenas dos casos de intoxicação por medicamentos. Atualmente, temos um número de casos muito elevado, sendo 
notificados, em 2019, 170 mil casos de acidentes por animais peçonhentos no Brasil, sendo o escorpião responsável 
por mais da metade desses casos (80-90 mil casos de acidentes por escorpião; cerca de 30 mil casos por ofídios; 30 
mil por aracnídeos; 20 mil por abelha, água viva, lagarta, entre outros). 
 
OFIDISMO (COBRAS) 
Os acidentes ofídicos têm importância médica em virtude de sua grande frequência e gravidade. Das 366 espécies 
de serpentes catalogadas no Brasil, 55 são peçonhentas e podem ser encontradas em todas as macrorregiões. Elas 
são divididas em 4 grupos principais: 
❖ Grupo Bothrops (jararaca); 
❖ Grupo Crotalus (cascavel); 
❖ Grupo Lachesis (surucucu); 
❖ Grupo Micrurus (coral). 
 
Identificação das serpentes peçonhentas: 
❖ Fosseta loreal: orifício entre os olhos e as narinas. É um órgão sensório, a serpente utiliza ondas de calor 
para poder identificar sua presa. 
❖ Aspecto dos olhos: forma elíptica. 
❖ Dentição: 
o Opistóglifas (não peçonhentas: jiboia, sucuri, caninana, cobra verde, cobra do cipó, cobra d’água): 
a dentição proeminente fica no fundo da boca com função de prender a presa. Sem função de 
inoculação de veneno. 
o Proteróglifas (Micrurus – cobra coral): 
dentição anterior mais pronunciada, fixa 
e pequena (maior que os outros dentes 
da arcada). Pode inocular veneno, pois 
tem um sulco no meio (canal) por onde o 
veneno passa para o tecido da presa. 
o Solenóglifas (Bothrops - jararaca, 
Lachesis - surucucu, Crotalus - cascavel): 
dentição anterior bem pronunciada e 
móvel (quando a serpente abre a boca, o 
dente vem para frente). Na base dos dentes temos duas glândulas de veneno (uma em cada 
dente), nas quais suas paredes são formadas por musculatura – ela comprime mais ou menos de 
acordo com a quantidade de veneno que quer inocular. Tem forma de bizéu como agulhas de 
injeção (oco por dentro). 
❖ Cauda: 
o Lisa (Bothrops) 
o Eriçada (Lachesis): ponta eriçada. 
o Chocalho (Crotalus) 
Obs.: As serpentes Micrurus possuem uma classificação própria. Elas não possuem fosseta loreal e seus olhos são 
arredondados, o que indica que elas possuem hábitos diurnos, diferente das cobras Bothrops, Crotalus e Lachesis 
que possuem hábitos noturnos. E sua dentição é proteróglifa. 
 
Serpentes não peçonhentas (Dipsadidae) – Philodryas, Clelia. 
Philodrya são as serpentes conhecidas como cobra verde ou cobra cipó, enquanto a Clelia são serpentes conhecidas 
como muçuranas ou cobra preta ou cobra limpa-campo – se alimentam de cobras peçonhentas e as vezes podem 
ser agressivas e morder o ser humano. O que pode acontecer após a mordida dessas serpentes: inflamação, dor, 
infecção secundária por bactérias presentes na própria boca da serpente ou da pele do indivíduo. O tratamento 
nesse caso é conservador: anti-inflamatório, lavar bem a ferida, antibiótico profilático (clavulin) e profilaxia do 
tétano (recomendada já que as serpentes vivem no solo e podem carrear a bactéria do tétano) → atualizar se 
estiver atrasado. 
Jararaca: forma de gancho de telefone ou 
bumerangue no couro. 
Cascavel: tem formas losangulares no couro e o 
chocalho na ponta. 
Cobras corais: são providas de anéis em três cores 
vermelho/coral/laranja, branco/amarelo e preto. 
Surucucu: tem coloração amarela e marcações em 
preto em formato de bigorna. 
 
Acidentes ofídicos segundo o gênero de serpente no Brasil: 
O acidente mais comum no Brasil (90,5%) é por serpentes do gênero Bothrops (jararaca). Seguido por Crotalus 
(7,7%), Lachesis (1,4%) e Micrurs (0,4%). 
Os acidentes por Bothrops são maiores devido a sua distribuição geográfica (todos os biomas), a presença de mais 
de 20-30 espécies de jararaca no país e sua agressividade (ao se sentirem ameaçadas ela ataca). É uma serpente 
que se adapta a ambientes urbanos e periurbanos. No Estado do Rio, o acidente por Bothrops também se destaca 
como principal (96%) seguido por acidentes por Crotalus (3%) e outros (1%). 70% dos acidentes por cascavel no 
Estado do Rio são documentados no município de Valença. 
A letalidade geral dos acidentes ofídicos no Brasil gira em torno de 0,45%, ou seja, de cada 200 acidentes tem-se 
1 óbito → pode ser menor nas regiões Sudeste e Sul, devido a uma assistência médica melhor. Nas regiões Nordeste, 
Centro-Oeste e Norte é maior. 
 
Principais espécies e distribuição: 
❖ Bothropoides jararaca (jararaca, jararaca preguiçosa): área de abrangência vai do sul da Bahia até Porto 
Alegra. 
❖ Bothrops jararacussu (jararacuçu): maior jararaca do Brasil (2m de comprimento). Habita mais ou menos a 
mesma região da serpente anterior. 
❖ Bothrops moojeni (caiçaca): mais comum na região do cerrado. Habita desde o Maranhã até o Paraná (área 
menos úmida). 
❖ Bothropoides neuwiedi (jararaca pintada, jararaca do rabo branco): área de abrangência enorme, presente 
em quase todo o Brasil exceto Amazônia. 
❖ Bothropoides erytrhomelas: mais específica da região da caatinga, semiárido nordestino. 
❖ Rhinocerophis alternatus (urutu cruzeira): mais comum na região centro-sul do Brasil. Muito comum em 
Visconde de Mauá. Habita do centro-sul de Minas até Rio Grande do Sul. 
❖ Bothrops atrox (jararaca do norte) e Bothriopsis bilineata (cobra papagaio ou jararaca verde --> hábitos 
arborícolas = vive nas árvores): presente na região Amazônica. 
❖ Crotalus durissus: temos quatros subespécies no Brasil: 
o C.d. surulma - norte. 
o C. d. cascaval - nordeste 
o C. d. collineatus – Cerrado 
o C. d. terrificus – centro-sul do Brasil → Valença até Sul do país. 
❖ Lachesis muta (sururuca, sururucu pico de jaca, surucutinga, malha-de-fogo): única espécie no Brasil. É a 
maior cobra peçonhenta das Américas, podendo atingir até 3m de comprimento. O couro tem umas 
espículazinhas, lembrando casca de jaca. Localizada na região Amazônica e nas áreas de mata Atlântica 
preservada. 
❖ Micrurus: temos mais de 20 espécies de coral no Brasil. As mais importantes são: 
Cascavel de quatro ventas, 
boicininga, maracambóla, 
maracá. 
o Micrurus corallinus (coral, coral verdadeira, boicorá): presente desde o sul da Bahia até o Rio 
Grande do Sul, passando pelo Rio de Janeiro e São Paulos. Acidente por micrurus mais comum. 
o Micrurus frontalis: também pega a região centro-sul do Brasil. 
o Micrurus lemniscatus: distribuição mais ampla em parte da mata Atlântica, parte do Cerrado e da 
região Norte do país. 
 
ATIVIDADE FISIOPATOLÓGICA DOS VENENOS OFÍDICOS: 
Veneno botrópico e laquético 
são muito parecidos: têm 
atividade inflamatória, 
coagulante e hemorrágica. A 
única diferença é que o veneno 
laquético tem um estímulo 
nervoso vagal (“neurotóxico”). 
Em relaçãoao efeito local, temos 
a necrose tecidual, ou seja, a ação 
inflamatória provoca a 
inflamação do tecido e os tecidos locais podem necrosar e podem levar a lesão endotelial causando hemorragias. 
Os efeitos sistêmicos têm-se a liberação de mediadores inflamatórios (tromboxano, histamina) e substâncias 
vasoativas (adrenalina, noradrenalina, acetilcolina); ativação da cascata da coagulação podendo ocorrer formação 
de fibrinas e levar a uma facilitação dos sangramento, pois se tem consumo dos fatores de coagulação ou trombose; 
lesão endotelial. 
Veneno crotálico e elapídico: o que os dois tem em comum é uma ação neurotóxica, aqui sim é uma neurotoxina 
com algumas características clínicas semelhantes nos dois acidentes. O veneno crotálico tem uma neurotoxina que 
age na pré-sinapse e o elapídico tem uma neurotoxina que age na pós-sinapse. Entretanto, algumas espécies de 
corais que além da ação pós-sináptica tem ação pré-sináptica semelhante a ação por envenenamento crotálico. 
Além disso, o veneno crotálico tem ação miotóxico, ou seja, leva fibra muscular; e 40% dos acidentes pode ter ação 
coagulante. Os venenos crotálico e elapídico não provocam nenhum efeito local, no máximo um ou dois orifícios e 
uma hiperemia e edema bem discretos. De forma sistêmica, pode ocorrer o bloqueio neuromuscular devido a ação 
neurotóxica; a ação miotóxica pode causar a rabdomiólise (destruição de fibra muscular) e ativação da cascata de 
coagulação nos acidentes crotálicos. O bloqueio neuromuscular nos acidentes elapídicos pode ser, em alguns casos, 
muito grave, já que existem algumas espécies que fazem bloqueio pré e pós-sináptico, causando um efeito 
semelhante a uma anestesia geral → podem provocar parada respiratória de forma rápida. 
 
DIAGNÓSTICO CLÍNICO: 
Acidente botrópico: 
No local, vemos um edema, uma hiperemia e áreas de 
sangramento devido a lesão endotelial. Podem ter áreas de 
equimose, presença de bolhas que podem ter sangue dentro, 
necrose tecidual. Uma característica bem marcante do 
acidente é a queixa de dor devido a ação inflamatória. 
Complicações: 
❖ Abscesso: cerca de 40% dos casos evoluem para 
abscesso devido a infecção secundária por bactérias da própria boca do animal ou da pele do indivíduo); 
❖ Necrose tecidual que pode ser necessário desbridamento ou amputação; 
❖ Síndrome compartimental (paciente que tem um edema enorme que acaba comprimindo artéria, veia, 
nervo. Um dos sinais clínicos mais importantes é a perda de sensibilidade dos pés/mãos com dormência, 
pulso fino e difícil de palpar) → intervenção cirúrgica para descomprimir, se não fizer pode lesar o nervo 
permanentemente. 
❖ Hemorragias e hematúria: sangramentos à distância. Paciente pode apresentar gengivorragia, epistaxe, 
formação de equimoses, lesão renal provocando hematúria → associado a ativação dos fatores de 
coagulação. 
❖ Insuficiência renal aguda: lesão renal importante provocada pelo próprio veneno ou até mesmo sequestro 
de líquido, podendo levar a necrose tubular. 
❖ Sequelas: pessoas que demoram a procurar assistência – necrose, perda parcial da força do membro. 
 
Acidente crotálico: 
Aspecto bem diferente em relação aos acidentes botrópicos. 
Há um edema muito discreto e pequena hiperemia, nada 
além disso, pois não há ação inflamatória. Entretanto, temos 
a ação neurotóxica com presença de face miastênica ou 
neurotóxica – ptose palpebral, oftalmoplegia, perda da 
mímica da face devido a paralisia dos pares cranianos, vista 
dupla. 
Complicações: 
❖ Rabdomiólise: lesão muscular devido a ação 
miotóxica. Nada mais é do que a destruição em 
grande escala do tecido muscular. Tem-se o aumento 
da CK ou CPK (creatinofosfoquinase) e é através dela 
que se monitora a complicação. 
❖ Mioglobinúria: é uma consequência da rabdomiólise. Ocorre a liberação da mioglobina que tem uma 
coloração avermelhada e vai se depositar no rim, dando uma coloração avermelhada/alaranjada a urina. 
❖ Insuficiência renal aguda: ocorre devido a rabdomiólise e depósito de mioglobina nos rins. É até mais 
comum nos acidentes crotálicos do que nos botrópicos, sendo importante causa de morte. Paciente queixa-
se de uma dor muscular generalizada, é preciso ficar atento a urina → tratamento envolve hidratação e um 
pouco de alcalinização com gluconato de cálcio ou bicarbonato e em alguns casos dialisar. 
❖ Insuficiência respiratória: bloqueio neuromuscular que leva a parada respiratória. O atendimento deve ser 
feito em UTI: paciente deve ser intubado, fazer ventilação mecânica e soroterapia que diminui essa 
insuficiência respiratória. 
 
Acidente laquético: 
Os acidentes costumam ser muito graves devido a 
grande inoculação de veneno. Tem-se edema, 
equimose, necrose tecidual. 
Complicações: são muito parecidas com o acidente por 
jararaca. 
❖ Abscessos 
❖ Hemorragias 
❖ Necrose 
❖ Amputação 
❖ Síndrome compartimental 
❖ Insuficiência renal 
❖ Estimulação vagal: hipotensão arterial, tonturas, bradicardia, escurecimento visual, cólicas abdominais e 
diarreia. É preciso ficar atento, fazer uma quantidade adequada de soro para inibir essas alterações tardias. 
❖ Sequelas. 
 
Acidente elapídico: 
É o acidente menos frequente no Brasil. No local da picada não 
há nada, apenas os orifícios. As vezes se tem uma hiperemia 
discreta e um edema, nada além disso, pois não tem ação local. 
Entretanto, encontramos as faces miastênica ou neurotóxica, 
assim como oftalmoplegia, ptose palpebral etc. 
Complicações: 
❖ Insuficiência respiratória aguda: algumas 
espécies de corais fazem bloqueio pré e pós 
sináptico, podendo evoluir para insuficiência 
respiratória em menos de duas horas. Os 
acidentes elapídicos mais comuns no Brasil são pela Micrurus corallinus e essa é uma das espécies que 
possuem esse efeito. O atendimento deve ser rápido para evitar esse tipo de complicação. 
 
FATORES DE RISCO PARA COMPLICAÇÕES: 
❖ Não se deve fazer torniquete, pois aumenta o 
risco de necrose. É melhor deixar o veneno 
circular, pois o próprio sistema imunológico 
imediato vai agir para tentar “segurar” o 
veneno. 
❖ Não se deve fazer incisões ao redor da ferida 
com o objetivo de causar uma sangria e assim 
eliminar o veneno → não adianta nada e aumenta o risco de infecções secundárias. 
❖ Os acidentes costumam ser mais graves em crianças e idosos e quando se localizam em extremidades → 
podem provocar uma necrose levando a necessidade de amputação (principalmente nos acidentes 
botrópicos e laquéticos). 
❖ O principal fator de risco é a demora em procurar o socorro. O atendimento inicial deve ser feito entre 2 e 
6 horas após o acidente, exceto quando o acidente for elapídico, nesse caso há a necessidade de se fazer o 
atendimento em até 2 horas pois existe o risco de parada respiratória. Por exemplo: o acidente por jararaca 
não pode ultrapassar de 6h para procurar atendimento, pois ultrapassando esse período o risco de 
complicações aumenta bastante. 
 
CONDUTA NOS ACIDENTES OFÍDICOS: 
❖ Não corte, não fure. 
❖ Não dê pinga, querosene ou álcool 
❖ Não faça torniquete ou coloque substâncias na ferida, como borra de café 
❖ Mantenha a vítima em repouso 
❖ Leve com urgência para atendimento: importante saber quais são os hospitais de referência para esse tipo 
de acidente para encaminhar o paciente. 
❖ Elevar membro picado 
❖ No atendimento: 
o Acalmar a vítima 
o Verificar sinais vitais: pulso, PA, respiração, diurese 
o Determinar o tempo de coagulação: pega uma seringa de 5ml, cole o sangue do paciente e segura 
essa seringa por até 10 minutos. Se o sangue coagular em até 9 minutos é sinal de que o tempo de 
coagulação está normal. Se levar mais do que 10 minutos significa que o tempo de coagulação está 
prolongado. Se der mais do que 30 minutos está incoagulável. Outra maneira de se fazer isso é 
enviar o sangue para o laboratório → é importante, pois em 90% dos casos o tempo de coagulaçãoestará alterado, ainda que em casos leves por jararaca (é o acidente mais comum). Já no acidente 
por não peçonhento não há alteração. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: 
❖ Hemograma: leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda. 
❖ Plaquetopenia: ativação da coagulação 
❖ VHS: elevado – provocada pela ação inflamatória 
❖ Ureia, creatinina, creatinofosfoquinase (CPK), TGO, LDH: elevados 
❖ Eletrólitos: hiperpotassemia (IRA), hipocalcemia. 
 
TRATAMENTO GERAL DOS ACIDENTES: 
❖ Elevar o membro picado 
❖ Hidratação (30 a 40ml/h ou 1 a 2ml/kg/h): proteger rins. O paciente precisa ter uma diurese de 30 a 40ml 
por hora no mínimo. 
❖ Analgesia: dipirona → codeína + paracetamol ou tramadol → morfina → bloqueio com anestésico 
❖ Profilaxia do tétano: colocar em dia para não evoluir para tétano. 
❖ Antibiótico sistêmico profilático (?) – Amoxicilina + Clavulanato ou Clindamicina + Gentamicina → 
recomendação do professor, não está na cartilha, visto que 40% por jararaca e surucucu vão evoluir pra 
abscesso. 
 
TRATAMENTO SOROTERÁPICO DOS ACIDENTES OFÍDICOS: 
Acidentes Soros Gravidade Nº ampolas 
 
 
 
Botrópico 
Antibotrópico 
(SAB) 
Leve: quadro local discreto, sangramento em pele ou 
mucosas; pode haver apenas distúrbio na coagulação 
2 a 4 
 
Antibotrópico-
laquético (SABL) 
Moderado: edema e equimose evidentes, sangramento sem 
comprometimento do estado geral; pode haver distúrbio na 
coagulação 
5 a 8 
Grave: alterações locais intensas, hemorragia grave, 
hipotensão, anuria 
12 
 
Laquético 
 
Antibotrópico-
laquético (SABL) 
Moderado: quadro local presente, pode haver sangramentos, 
sem manifestações vagais 
10 
Grave: quadro local intenso, hemorragia intensa com 
manifestações vagais 
20 
 
 
Crotálico 
 
 
Anticrotálico (SAC) 
Leve: alterações neuroparalíticas discretas, sem mialgia, 
escurecimento da urina ou oligúria 
5 
Moderado: alterações neuroparalíticas evidentes, mialgia e 
mioglobinúria (urina escura) discretas 
10 
 
Grave: alterações neuroparalíticas evidentes, mialgia e 
mioglobinúria intesnsas, oligúria 
20 
Elapídico Antielapídico (SAE) Considerar todos os casos potencialmente graves pelo risco 
de insuficiência respiratória 
10 
O número de ampolas é feito de uma vez só. A recomendação diz que não é necessário levar o animal. Pelas 
características clínicas e epidemiológicas (distribuição geográfica) é possível identificar que tipo de serpente atacou 
o indivíduo. Única coisa que pode confundir é acidente por jararaca leve e por não peçonhentas: faz se tempo de 
coagulação. 
 
PREVENÇÃO DOS ACIDENTES OFÍDICOS: 
As serpentes normalmente se encontram em buracos na terra ou cupinzeiros; entulhos, acúmulo de madeira, tijolos, 
pedras, lixos; plantações de cana, milho etc.; locais quentes, úmidos e escuros; locais onde tem ratos pode ter 
cobras. 
Deve-se usar botas de cano longa ou perneiras de couro com botinas (80-85% dos acidentes ocorrem nos membros 
inferiores); usar luvas de aparas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha e palha (15% dos 
acidentes acontecem nos membros superiores); não colocar a mão dentro de buracos, cupinzeiros etc.; limpais 
paióis, quintais e terrenos baldios; tampar buracos de muros e frestas de portas; evitar entulhos, lixo e acúmulo de 
material de construção perto das casas; preservar os predadores naturais de serpentes como: emas, seriemas, 
gaviões e gambás. 
 
ESCORPIONISMO: 
O acidente mais comum no Brasil é por escorpiões. Existem diversas 
subespécies de escorpiões Tityus, mas sem tanta relevância médica. Os 
escorpiões mais perigosos do Brasil são: T. serrulatus (escorpião 
amarelo) e T. bahiensis (escorpião preto). Os escorpiões têm cerca de 7 
cm de comprimento da ponta da cauda até a região anterior do corpo. 
A reprodução do T. serrulatus é feita de forma partonogenética, ou seja, 
o escorpião tem as duas gônadas se autofecundando (verdadeira praga, 
pois se reproduz facilmente, principalmente no calor) – os filhotes ficam em cima do corpo da mãe. 
Espécies e distribuição geográfica: 
❖ Tityus serrulatus (escorpião amarelo): se encontra no centro-sul do Brasil, indo desde o Nordeste até o sul. 
Os Estados com mais notificação de acidentes por esse tipo de escorpião são: Minas Gerais, Bahia e São 
Paulo. 
❖ Tityus bahiensis (escorpião preto): é comum desde o Nordeste até o sul do país. 
❖ Tityus stigmurus: mais comum em regiões secas do semiárido nordestino. 
❖ Tityus cambridgei (Tityus preto): comum na região Amazônica 
 
Identificação do escorpião peçonhento: 
❖ Presença de duas espículas na cauda: uma grande inoculadora de veneno na porção terminal da cauda e 
uma espícula acessória que não inocula nada → normalmente caracteriza os peçonhentos no Brasil. 
❖ Serrilha no quarto segmento e mancha escura no último segmento caudal → ele não falou isso, mas estava 
escrito no slide. 
 
Epidemiologia dos acidentes escorpiônicos: 
❖ Maior número de casos nas regiões Nordeste (Bahia) e Sudeste (MG, SP) 
❖ Maior incidência nos meses quentes e chuvosos (Jan, Fev, Mar e Abr) 
❖ 65% dos acidentes acometendo a mão e o antebraço 
❖ T. serrulatus envolvido nos acidentes de maior gravidade principalmente em crianças. Facilmente 
entendido devido a superfície corporal e peso corporal bem inferiores que os adultos. 
❖ A maiorias dos casos são benignos, não requerendo uso de soro em grande parte. 
❖ Letalidade total de 0,58%, se assemelha a letalidade por acidentes por serpentes. 
❖ Atualmente há registros de quase 100 mil casos de acidentes por escorpião por ano no país. 
 
Mecanismo de ação do veneno escorpiônico: 
O veneno dos escorpiões ativam os canais de sódio, provocando despolarização das terminações nervosas de forma 
local e sistêmica. Isto altera as enervações sensitivas, motoras e do SNA (simpático ou parassimpático). No caso da 
T. serrulatus, essa despolarização ocorre de forma mais intensa. 
 
Acidente escorpiônico: 
No local da picada dá uma dor muito forte, eritema, edema discreto e sudorese local. De forma sistêmica, o 
escorpionismo grave pode levar a um edema agudo de pulmão e alterações cardíacas como: arritimias (BAV, 
despolarização, supraventricular, sobrecarga ventricular – complexo QRS muito grandes)e ICC → esses casos mais 
graves devem ser tratados na UTI. 
 
EXAMES LABORATORIAIS: 
❖ Rx de tórax: EAP (edema agudo de pulmão), ICC 
❖ ECG: arritmias, ARV, BAV, SAE, SVE 
❖ Hemograma: leucocitose e desvio para esquerda → só obrigatório nas formas mais graves 
❖ Eletrólitos: diminuição do Na+ e do K+ 
❖ Amilase, CK e CK-MB elevadas nos acidentes moderados e graves 
 
TRATAMENTO GERAL: 
❖ Analgesia: começa sempre com dipirona → codeína + paracetamol → tramadol ou derivados da morfina 
→ bloqueio anestésico com infiltração de lidocaína no local da picada 
❖ Atropina EV no caso de BAV (bloqueio átrio-ventricular) 
❖ Nifedipina SL na hipertensão arterial e no edema agudo de pulmão → não se usa mais Nifedipina, mas 
ainda está lá no manual. Nesse caso, se faz alguma droga anti-hipertensiva, pode ser até mesmo o captopril, 
furosemida (diurético – diminuir a volemia), algum derivado da morfina (meperidina) e oxigenoterapia 
❖ Aminas vasoativas em caso de choque 
❖ Casos graves → atendido na UTI com suporte ventilatório, circulatório etc. 
 
QUADRO CLÍNICO E TRATAMENTO ESPECÍFICO: 
Classificação Quadro Clínico Tratamento 
Leve (> 90%) Dor, eritema, sudorese local Sintomáticos 
Moderado (< 5%) Alterações locais + sistêmicas: agitação, sonolência, sudorese, 
náuseas, vômitos, hipertensão arterial, taquicardia, taquipneia. 
SAE 
2-3 amp., EV 
 
Grave (< 5%) 
Vômitos profusos, sialorreia, sudorese profusa, agitação, 
tremores, espasmos musculares, bradicardia, bradipenia, 
alterações de ECG, EAP, ICC, choque 
SAE 
4-6 amp. EV 
 
PREVENÇÃO DO ACIDENTE ESCORPIÔNICO: 
❖ Manter a casa limpa, evitando acúmulo de lixo 
❖ Cuidado ao manuseartijolos, blocos e outros materiais de construção 
❖ Tampar buracos e frestas de paredes, janelas, portas e rodapés 
❖ Sacudir roupas, sapatos e toalhas antes de usar 
❖ Verificar a roupa de cama antes de deitar-se, afastando a cama da parede 
❖ Controlar a infestação por baratas 
❖ Preservar os predadores naturais (sapos e galinhas) dos escorpiões 
 
ARANEÍSMO 
Principais espécies: 
❖ Phoneutria (armadeira): representa 27% dos casos de 
acidentes por aranhas no Brasil. Mais comum na região 
Sudeste e Sul. 
❖ Loxosceles (aranha-marrom): representa 36,6% dos 
acidentes por aranha no país, sendo a aranha com maior 
número de casos. Mais comum nas regiões Sul e Sudeste, 
principalmente no Estado do Paraná – maior notificação. 
❖ Latrodectus (viúva-negra): apenas 0,4% dos casos notificados de acidentes foram por esse tipo. Mais 
comum no litoral do Nordeste. 
No Brasil, temos um total de 6859 casos de acidentes por araneísmo, com 4 acidentes a cada 100.000 habitantes. 
ACIDENTE POR PHONEUTRIA: 
É uma aranha grande e alguns chamam de aranha cabeluda, mas não é a caranguejeira. Atinge, em média, de 12 a 
15 cm de diâmetro de uma pata até a outra. É relativamente grande, sendo comum em vários estados do Brasil, 
principalmente em áreas rurais e de mata. Temos várias espécies como: 
❖ P. fera, P. reldyl: no Norte 
❖ P. nigriventer: GO, MS, MG, RJ, SP, PR, SC, RS 
❖ P. keyserfingi: ES, MG, RJ, SP, PR, SC, RS 
Os acidentes por aranha Phoneutria é mais comum no final do verão e início do outono: a incidência aumenta nos 
meses de abril e maio nas regiões Sul e Sudeste. Há um predomínio também em extremidades como a região 
anatômica da picada, principalmente nas mãos. Se convencionou a identificação de aranha calculando o intervalo 
entre a picada e a busca pelo atendimento médico. Normalmente, a picada por uma aranha armadeira é muito 
dolorosa, então o atendimento é rápido → início precoce dos sintomas. As circunstâncias desses acidentes são: 
calçando sapato, limpando jardim, manuseando frutas e legumes. 
Mecanismo de ação do veneno de Phoneutria: é muito parecido com o veneno de escorpião, entretanto é bem 
menos potente. Ele também faz ativação dos canais de Na+ e despolarização de terminações nervosas sensitivas, 
motoras e do SNA (simpático e parassimpático). 
Quadro clínico: no local da picada se tem edema e dor 
importantes e eritema. Nas formas graves por 
envenenamento por Phoneutria, há o aparecimento do 
priapismo (enrijecimento do pênis de forma involuntária) 
→ há a presença de uma substância que causa esse efeito -
→ está sendo pesquisada para criar uma medicação para 
disfunção erétil sem efeitos cardiovasculares. 
Tratamento: 
Classificação Manifestações Clínicas Tratamento Geral Tratamento Específico 
Leve* Dor local na maioria dos casos, eventualmente 
taquicardia e agitação 
Observação até 
seis horas 
- 
Moderado Dor local intensa associada a: sudorese e/ou 
vômitos ocasionais e/ou agitação e/ou 
hipertensão arterial. 
Internação 2 a 4 ampolas de 
SAAr* (crianças) - IV 
Grave Além das anteriores, apresenta uma ou mais d 
seguintes manifestações: sudorese profunda, 
sialorreia, vômitos frequentes, hipertonia 
muscular, priapismo, choque e/ou edema 
pulmonar agudo. 
 
Unidade de 
Cuidados 
Intensivos 
5-10 ampolas de 
SAAr* IV 
 
 
ACIDENTE POR LOXOSCELES: 
Conhecida também como aranha marrom. Diferentemente da Phoneutria, a Loxosceles é bem pequena, atingindo 
apenas 3cm de diâmetro. Por muitas vezes nem chama muito atenção, podendo ficar escondida em uma roupa, 
sapato, roupa de cama. Temos três espécies que podem provocar 
envenenamento grave: 
❖ L. intermedia 
❖ L. laeta 
❖ L. gaúcho 
Os acidentes ocorrem principalmente nos meses mais quentes no 
Sul e no Sudeste. A região anatômica da picada é predominantemente em regiões centrais. O intervalo entre a 
picada e atendimento é maior, já que o aparecimento dos sintomas tende a ser mais tardio – a picada não dói ou 
dói muito pouco. Circunstância do acidente: se vestindo, dormindo. 
Manifestações clínicas gerais: febre, mal-estar e exantema localizado ou generalizado. O acidente por Loxosceles 
tem duas formas clínicas: 
❖ Forma cutânea: representa mais ou menos 90% dos casos. 
Edema local endurado, dor, equimose, isquemia (formação 
de trombos vasculares e sangramentos, aspecto de pele 
marmurata/em mármore), vesícula, bolha e necrose. 
❖ Forma cutâneo-hemolítica: 5 a 10% dos casos podem evoluir 
para essa forma clínica. Além das manifestações cutânea, 
pode aparecer hemólise intravascular (lesão de hemácias, 
icterícia pela liberação de bilirrubina), CIVD (coagulação 
intravascular disseminada), IRA (depósito da hemoglobina no 
rim levando a uma insuficiência renal aguda com 
hemonoglubinúria). 
Mecanismo de ação do veneno loxoscélico: a substância mais importante é a esfingomielinase D que levará a 
destruição do endotélio vascular, hemólise, ativação da cascata do complemento (inflama), da coagulação e 
consumo das plaquetas. Então ocorre inflamação no local da picada, obstrução de pequenos vasos, edema, 
hemorragia e necrose focal. 
Exames complementares: 
❖ Na forma cutânea: hemograma com leucocitose com neutrofilia 
❖ Na forma cutâneo-visceral: anemia aguda, plaquetopenia, reticulocitose, hiperbilirrubinemia indireta, 
hipercalcemia, aumento de ureia e creatinina e coagulograma alterado. 
Tratamento: 
❖ Analgesia: dipirona → codeína + paracetamol → tramadol 
❖ Cuidados locais com eventual tratamento cirúrgico (compressas frias, permanganato de potássio 1/40.000 
ou água boricada) 
❖ Hemotransfusão 
❖ Soroterapia até 36 horas 
❖ Corticoterapia 
❖ Antibioticoterapia em casa de infecção secundária na ferida (amoxicilina-clavulanato). 
Classificação Manifestações Clínicas Tratamento 
 
Leve 
Loxosceles identificado como agente causador do acidente. 
Lesão característica. Sem comprometimento do estado geral. 
Sem alterações laboratoriais. 
Sintomático. 
Acompanhamento até 72 
horas após a picada 
 
 
Moderado 
 
Com ou sem identificação da Loxosceles no momento da 
picada. Lesão sugestiva ou característica. Alterações 
sistêmica (rash cutâneo, petéquias). Sem alterações 
laboratoriais sugestivas de hemólise. 
Soroterapia: 
5 ampolas de SAAr IV e/ou 
Prednisona: 
Adultos 40mg/dia 
Crianças 1mg/kg/dia 
Durante 5 dias. 
 
 
Grave 
 
Lesão característica. Alteração no estado geral: anemia 
aguda, icterícia. Evolução rápida. Alterações laboratoriais 
indicativas de hemólise. 
Soroterapia: 
10 ampolas de SAAr IV e 
Prednisona: 
Adultos 40mg/dia 
Crianças 1mg/kg/dia 
Durante 5 dias. 
 
ACIDENTE POR LATRODECTUS: 
Conhecida popularmente como viúva-negra. Temos duas espécies mais importantes no Brasil: 
❖ Latrodectus curacaviensis: chamada de flamenguinha por sua 
coloração. Comum no CE, BA, ES, RJ, RN e SP. 
❖ Latrodectus geometricus: encontrada em todo o país. 
Tratamento geral e específico: 
Gravidade Manifestações Tratamento 
Leve Local: dor, edema, sudorese. Dor nos membros inferiores, 
parestesia dos membros, tremores, contraturas 
Geral: analgésicos, observação 
Moderado Anteriores + dor abdominal, sudorese generalizada, 
ansiedade, agitação, mialgia, cefaleia, tontura, dificuldade 
de deambulação, hipertermia 
Geral: analgésico, sedativos. 
Específico: SAL 1 ampola 
Atropina 1 ampola 
Grave Todos acima + taqui/bradicardia, hipertensão, 
taquidispneia, náuseas, vômitos, priapismo, retenção 
urinária 
Geral: analgésico, sedativos 
Específico: SAL 2 ampolas 
Atropina 1 a 2 ampolas 
 
CUIDADOS NA SOROTERAPIA: 
❖ Investigar história alérgica do paciente 
❖ Não realizar teste de sensibilidade → se o paciente por alérgico, o próprio teste pode provocar anafilaxia 
❖ Aplicar por via IV diluído 1:2 a 1:5 (dose de acordo com a gravidade = adultos e crianças) por 30 a 60 minutos. 
❖ Administrar anti-histamínico H1 IM, corticoide e anti-histamínicoH2 (ranitidina) IV 30 minutos antes da 
aplicação (pré-medicação) 
❖ Deixar material de parada cardiorrespiratória pronto: saída de O2, ambu, tubo orotraqueal, adrenalina → 
caso haja anafilaxia. 
 
REAÇÕES ADVERSAS DA SOROTERAPIA: 
❖ Reações precoces: urticária, tremores, náuseas, tosse, dor abdominal, prurido, rubor facial, choque 
anafilático → tratamento anti-histamínicos e adrenalina. 
❖ Reação tardias: doença do soro (febre, artralgia, linfadenopatia, exantema e proteinúria) que normalmente 
ocorre após 10 dias da aplicação do soro → tratamento anti-histamínicos e corticoides.

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