Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Estadual do Ceará-UECE Faculdade de Veterinária- FAVET Disciplina: Fisiologia Veterinária II Prof.: Rafael Campos Matrícula: 1512744 Data: 05/05/2021 1) Descreva como ocorre a regulação do metabolismo de cálcio em animais doméstico, abordando com detalhes os hormônios envolvidos, células secretoras, órgãos alvos e efeitos biológicos (Vale 2,5 pontos). A regulação do metabolismo do cálcio acontece por feedback negativo. Quando há baixa concentração de cálcio, os receptores sensores de cálcio ativam receptores de membrana e o paratormônio é liberado pela paratireoide, agindo a nível de rim, aumentando a atividade da vitamina D e a reabsorção de cálcio, e a nível de osso, aumentando a remodelação óssea e com isso os níveis de cálcio. Esta regulação depende da interação entre a Vitamina D e o paratormônio e a calcitonina. Quando os sensores de cálcio presentes nas células principais da paratireoide detectam a diminuição dos níveis de cálcio, elas iniciam o processo de liberação do paratormônio. A regulação por meio do paratormônio terá seu efeito sobre três órgãos principais: rins, ossos e intestino. Nos rins, o paratormônio estimula a reabsorção de cálcio, além de levar à formação da forma ativa da vitamina D, o calcitriol, que auxiliará também na reabsorção renal do cálcio filtrado. Nos ossos, o paratormônio liga- se aos receptores presentes nos osteoblastos, o que resulta na estimulação do recrutamento de pró-osteoclastos, fazendo que estes sejam maturados em osteoclastos ativos. Estas células, em sua forma ativa, são responsáveis pelo aumento da reabsorção óssea e pela liberação de cálcio na circulação. No intestino, ocorrem dois processos de absorção de cálcio no intestino. A via transcelular saturável, que depende de vitamina D, que é oriunda do metabolismo realizado pelo paratormônio e a via paracelular não saturável, que ocorre quando há cálcio em abundância oriundo da alimentação do indivíduo. Há que se mencionar, também, a calcitonina, sintetizada pela tireoide, que será uma antagonista do paratormônio, a qual atua inibindo a atividade dos osteoclastos, por conseguinte, diminuindo a reabsorção óssea e aumentando a excreção de cálcio pelas vias renais, resultando na diminuição dos níveis desse cálcio ionizado livre. 2) Grupos de buscas e salvamentos encontraram um carneiro com intensa desidratação e perfurações/ sangramento após o rompimento de uma barragem no estado de Minas Gerais. Explique detalhadamente os mecanismos hipotalâmicos- hipofisários no controle hídrico deste animal. (Vale 2,5 pontos). Devido a intensa desidratação e sangramento, vai ser gerada uma informação para o hipotálamo de que há alteração na osmolaridade e redução do volume sanguíneo Neste momento, o organismo estaria trabalhando para obter de volta a homeostase. Isso será realizado, pela AVP (argenina, vasopressina), dentre vários outros mecanismos. No hipotálamo, estará ocorrendo, através dos neurônios magnocelulares, dos núcleos hipotalâmicos supra-ópticos, a liberação do hormônio Argenina Vasopressina, mais conhecido como ADH (hormônio antidiurético), vai atuar nos receptores V1 e V2, nos vasos sanguíneos e rins respectivamente. Pois a liberação do AVP é principalmente estimulada pelo aumento de osmolaridade plasmática, como é o caso desse paciente. O AVP será liberado pela neuro-hipófise, onde vai atingir a circulação e chegar aos seus órgãos alvo, que serão o rim e o coração. Em decorrência do aumento osmolaridade, o AVP irá atuar, depois de liberado pela hipófise, nos rins desse animal. Sua função consistirá em aumentar a absorção e a conservação hídrica do organismo, através do aumento da permeabilidade do ducto coletor do rim, com a finalidade de reduzir a osmolaridade e também aumentar a PA (pressão arterial). A redução da pressão arterial (PA), inclusive, estimularia secreção de AVP, essa redução ia diminuir o estiramento dos barorreceptores e sua taxa de disparo. Essa redução provoca queda da pressão nos vasos, resultando no aumento da liberação de AVP. A redução da PA também estimulará a liberação da renina, pelo aparelho justa-glomerular do rim. Nos rins, seu efeito é aumentar a reabsorção de água, corrigindo a hipoosmolaridade através da interação com as aquaporinas, que serão movidos para a membrana da célula renal e vai permitir a passagem da água para sua reabsorção no ducto coletor. 3) Quanto à Glândula tireoide (Vale 2,5 pontos) a) Explique como ocorre a regulação hipotalâmica-hipofisária - tireoidiana e ressalte como ocorre síntese de hormônio tireoidiano a nível celular. Quando há baixa quantidade de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), o hipotálamo recebe a informação para secretar o hormônio estimulador de tireotrofina (TRH), que atua na adeno-hipófise, e esta produz o hormônio estimulador da tireoide (TSH), que será transportado até a tireoide para exercer suas funções. Esta regulação é controlada por retroalimentação negativa, pois a liberação de TSH é inibida pela T3 (triiodotironina), ao chegar à tireoide, o TSH liga-se aos receptores de membrana acoplados à proteína G, onde vai estimular síntese dos hormônios tireoidianos, T3 e T4. A tireoide possui uma diversidade de tipos celulares, entre elas: endoteliais, foliculares, parafoliculares, fibroblastos, linfócitos e adipócitos. As células foliculares compõem a unidade funcional da tireoide, que são os folículos tireoidianos, onde ocorre a síntese dos hormônios da tireoide. Estas células ficam dispostas de forma ao redor de uma cavidade central repleta de colóide, que é onde ocorre a produção dos hormônios tireoidianos, especificamente na membrana apical. O coloide que contém a proteína Tiroglobulina (Tg), esta que sofrerá a iodação de múltiplos de seus resíduos de tirosina, seguida de acoplamento de alguns dos resíduos de iodo tirosina para formar T3 e T4 com a incorporação de 3 e 4 moléculas de iodo. b) Descreva como ocorre a interação hormônios tireoidianos -receptor (justificando a ordem de potência dos hormônios) e efeitos fisiológicos dos hormônios tireoidianos. A atividade dos hormônios tireoidianos é mediada pela interação com receptores nucleares presentes no corpo todo, e seus efeitos ocorrem quando ocupam receptores específicos, resultando em efeitos sobre a expressão dos genes intracelulares. O receptor de hormônios tireoidianos pode ativar ou inibir a transcrição gênica, a depender do contexto em que ele foi ativado e do estado de ligação de quem está ligando-se a ele. Os receptores tireoidianos que não se encontram ocupados, vão se ligar a elementos de resposta aos hormônios da tireoide no DNA e estão associados a um complexo de proteínas que exercem função supressora. Quando o hormônio se liga ao seu receptor, ele promove a dissociação desse complexo, que vai levar à uma modulação gênica. Os efeitos fisiológicos do T3 e T4, consistem em efeitos celulares e efeitos órgão específicos A tireoide produz maior quantidade de T4, e este hormônio age como pró-hormônio para a formação de T3. T4 é relativamente inativo por possuir menor afinidade com os receptores nucleares em relação ao T3. Esses hormônios atuam no crescimento e metabolismo através da ação sobre a síntese proteica e enzimática, a atividade contrátil do coração, mobilização de lipídeos, e mielinização e crescimento axonal. 4) Discuta sobre (2,5 pontos) a) Relação/comunicação endócrina do Hipotálamo-hipófise- adrenal, relacionando os principais hormônios sintetizados pelas diferentes regiões da adrenal O Eixo Hipotálamo Hipófise-Adrenal se relaciona de forma que ocorre uma estimulação de neurônios hipotalâmicos que induz a liberação de hormônio corticotrófico (CRH) na hipófise que libera na corrente sanguínea o hormônio ACTH. Estes agindo em receptores acoplados à proteína G estimula a síntese e liberação de cortisol e pequenas quantidades de andrógenos.O cortisol atuando sobre o hipotálamo e hipófise anterior inibe a liberação de ACTH. A este mecanismo de controle é dado o nome de retroalimentação negativa. A adrenal é dividida em medula e córtex, o córtex da adrenal é formado por três zonas concêntricas: reticular, fasciculada e glomerulosa. Na primeira, são sintetizados os andrógenos; na segunda, o cortisol; e na terceira, a mais externa, o mineralocorticoide aldosterona. A medula pertence ao sistema nervoso simpático e sintetiza e libera catecolaminas, adrenalina e noradrenalina. O córtex está dividido em três zonas. A mais externa é a glomerulosa, que sintetiza aldosterona. A intermediária compõe a maior parte do córtex, suas células formam colunas e estão repletas de gotículas de lipídeos (colesterol). É nesta camada que é sintetizado o cortisol. A camada reticular contém células que se dispõe irregularmente e são pobres em lipídeos, sendo nesta camada que são sintetizados os andrógenos. O controle de síntese e liberação de cortisol é realizado pelo sistema nervoso central, quer por uma via neural direta, quer por uma via hormonal, ativando o Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal. A ativação neural está ligada ao processo do despertar, enquanto a via hormonal está ligada ao controle do estresse. O pico de cortisol gerado pela ativação simpática é breve, enquanto o pico de cortisol gerado pelo eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal é mais longo. Neste caso, o CRF (fator de liberação de corticotrofina) é liberado pelo hipotálamo a partir do núcleo paraventricular. Este peptídeo atua como liberador de ACTH e beta endorfina. O ACTH atua sobre a zona fasciculada da adrenal, levando à liberação de cortisol. Finalmente, o cortisol, atuando sobre o sistema nervoso central, diminui a liberação de CRF, e inibe a síntese de ACTH quando atua diretamente na hipófise. O cortisol tem efeitos genômicos e não genômicos, controlando humor, resposta imunológica, metabolismo de carboidratos, lipídios e proteico. Altera de forma importante o metabolismo ósseo e concentrações altas estão associadas à osteoporose. Os glicocorticoides também aumentam a função cardíaca e o tônus vascular periférico. A adrenal também é controlada pelo Sistema Nervoso Simpático. Todo o circuito é neural e a medula da adrenal, que produz o hormônio adrenalina, funciona como um grande gânglio autonômico. Este é um circuito importante, que prepara os animais para acordar. b) Descreva os efeitos fisiológicos dos glicocorticoides. . Entre os efeitos fisiológicos dos glicocorticoides, cita-se os metabólicos que incluem degradação da proteína muscular e aumento da excreção de nitrogênio, aumento da gliconeogênese e os níveis plasmáticos de glicose, além do aumento da síntese hepática do glicogênio, diminuição da utilização da glicose, diminuição da utilização dos aminoácidos, aumento da mobilização de gorduras e a redistribuição da gordura. Aos efeitos hemodinâmicos, pode-se mencionar que mantém a integridade vascular e a reatividade, mantém o volume hídrico. Em relação ao efeito imunológico, como exemplos, há que aumenta a produção de citocinas anti-inflamatórias, diminui a produção de citocinas pró-inflamatórias, diminui a inflamação ao inibir a produção de prostaglandinas e leucotrienos, inibe os efeitos inflamatórios da bradicinina e da serotonina, aumenta as contagens dos neutrófilos, das plaquetas e das hemácias. Por fim, no sistema nervoso central, os efeitos são diminuir a liberação do CRH e do ACTH e de modular a percepção e a emoção.
Compartilhar