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- -1 LEGISLAÇÃO E EXERCÍCIO PROFISSIONAL ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DE ENFERMAGEM: DE FLORENCE AOS DIAS ATUAIS Renata de Moura Bubadué - -2 Olá! Você está na unidade . Conheça aqui osAspectos éticos e legais de enfermagem: de Florence aos dias atuais aspectos que envolvem a história da enfermagem em seus aspectos legais e éticos, bem como a legislação atual que regulamenta o exercício profissional nos níveis de graduação e técnico. Entenda fundamentos éticos aplicáveis a diversos grupos populacionais para tomada de decisão em saúde e garantia dos direitos fundamentais nos serviços de saúde. Aprenda a defender os marcos legais e éticos da enfermagem na promoção de saúde e prevenção de agravos. Compreenda a importância da postura ética do profissional de enfermagem para o manejo de situações controversas e dilemas que possam ser encontrados no cotidiano do cuidado. Bons estudos! - -3 1 Noções preliminares Aqui serão apresentados os marcos legais e históricos sobre a construção da ciência de enfermagem da época de até os dias atuais no contexto mundial e brasileiro, fornecendo a você ferramentas para aFlorence Nightingale prática profissional pautada na ética e na legalidade. O tema contribuirá para que você consiga desenvolver a consciência crítica necessária para atuar nos serviços de saúde nos âmbitos e . O profissionalpúblicos privados de enfermagem, seja ele de nível de graduação ou técnico deve estar comprometido com a promoção da saúde da população, prevenindo agravos decorrentes de patologias que possam surgir em âmbito ou .coletivo individual Entender a trajetória história da ciência da enfermagem o auxiliará para que você defenda os espaços que essa profissão ocupa e a importância do cuidado direto às pessoas nos diversos espaços de saúde. Já os aspectos legais e éticos contribuirão para que você realize sua atividade profissional com segurança e respaldo, tendo consciência da amplitude e dos limites das ações de enfermagem previstas na regulamentação brasileira. - -4 1.1 Trajetória histórica da enfermagem mundial e brasileira A ciência de enfermagem data do , quando Florence Nightingale, uma inglesa aristocrata, decideséculo XIX desafiar os costumes femininos da época. Nascida em 1820, Florence cresceu em uma família com alto poder aquisitivo e, com isso, teve a possibilidade de estudar com os livros disponíveis na biblioteca de seu pai. Na época, as mulheres não tinham o direito de se profissionalizarem. Contudo, resistente a adequar-se à cultura da época, Florence continuou estudando, sendo em diversas disciplinas, de acordo com Costa (2009);autodidata Frello e Carraro (2013) e Lopes e Santos (2010). Em 1945, contrariando sua família, posicionou-se frente às injustiças dos serviços de saúde a pessoas em situação de vulnerabilidade e pobreza. Decidiu que queria contribuir com a sociedade de alguma forma e utilizou seu privilégio de mulher rica para ser ouvida no que tange às questões de saúde para pessoas necessitadas. Desde então, trabalhou em comitês legislativos para responsabilizar o Estado pela saúde dos mais pobres, conhecendo hospitais regidos por freiras e encantando-se pelo trabalho desenvolvido pelas enfermeiras. Em 1853, Florence completou 33 anos de idade em (dia que, hoje, comemora-se o 12 de maio dia do ) e cinco meses depois, em outubro, instalava-se a , um conflito de três anos queenfermeiro Guerra da Criméia ocorreu entre a Rússia e uma coligação formada pelo Reino Unido, França e Reino de Sardenha. Diante daquele contexto de guerra, Florence viu-se numa posição privilegiada para treinar para irem a um dos38 enfermeiras campos de guerra promover o cuidado dos soldados em 1954, segundo Costa (2009); Frello e Carraro (2013) e Lopes e Santos (2010). Durante seu período no campo de guerra, Florence percebeu a importância do ambiente para recuperação da saúde, fazendo com o que o hospital fosse um local com e . Essas medidas, , simples,ventilação limpeza a priori resultaram na queda da mortalidade dos soldados em 80%, fazendo com que Florence assumisse o posto de quando retornou ao Reino Unido em 1957.heroína nacional Essa conduta de observação e estatística fez com que Florence desenvolvesse uma das primeiras teorias de enfermagem, publicada no livro , em 1869 na Inglaterra, conforme Nightingale (1989). A Notas de Enfermagem criada por ela deu origem à enfermagem como ciência, uma vez que, no referido livro,Teoria Ambientalista Florence discorre sobre o papel da enfermeira enquanto promotora do cuidado, apresentando conhecimento clínico e estatístico com gráficos setoriais criados por ela, popularmente chamados de . A partirgráficos de pizza desse livro, o Reino Unido passou a adotar medidas de saneamento básico articuladas à saúde, sendo um dos mobilizadores da saúde pública britânica como uma ação intersetorial de responsabilidade do governo. Por meio de sua autonomia e iniciativa, Florence tornou-se importante figura do movimento feminista da , tendo suas conquistas eternizadas e comemoradas até os dias de hoje.época - -5 Concomitante ao trabalho e vida de Florence, diversos países tinham suas figuras cuidadoras que se tornaram precursoras da enfermagem em . Dentre essas, tem-se a baiana , nascida em 1814. Casada comloco Anna Nery um capitão do exército e mãe de dois oficiais do exército, a escolha de Anna Nery por acompanhá-los na Guerra (1864-1870) foi instigada pelo desejo de servir à nação, mas também de acompanhar sua famíliado Paraguai nesse período. Em 1864, ela pediu autorização ao Presidente da província da Bahia para acompanhar os filhos na guerra, oferecendo serviços de cuidado nos hospitais de guerra no . O pedido foi deferido eRio Grande do Sul Anna partiu para o hospital junto aos voluntários para trabalhar como enfermeira. Durante a guerra, prestou cuidados em diversos hospitais da região, conforme necessidade e solicitação de seus superiores. Viu um de seus filhos morrer durante o combate, mas continuou a servir o exército a fim de contribuir com a recuperação de outros. O cuidado desenvolvido não era organizado cientificamente, contudo, sua coragem de atuar durante a guerra constituiu em um grande marco na enfermagem brasileira. Quando retornou da guerra, recebeu do governo pelos serviços prestados dedicou-se à vidamedalhas e homenagens social do pós-guerra. Mudou-se ao Rio de Janeiro após 1973, quando seu filho foi transferido como capitão do exército. Residiu na cidade até sua morte, em 20 de maio de 1880. A , instituída emprimeira escola de enfermagem do Brasil 1923, leva seu nome como homenagem, tendo seu prédio tombado pelo patrimônio histórico e fazendo parte da , segundo Grisard e Vieira (2008).Universidade Federal do Rio de Janeiro Essas duas figuras são de extrema importância para a enfermagem, sendo as datas do nascimento de Florence Nightingale ( ) e da morte de Anna Nery ( ) que delimitam a ,12 de maio 20 de maio Semana de Enfermagem instituída pelo pelo então presidente da república .Decreto 48.202 de 1960 Juscelino Kubitschek Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /a226db25028394596cf3d764c5f872c1 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/a226db25028394596cf3d764c5f872c1 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/a226db25028394596cf3d764c5f872c1 - -6 1.2 Marco legal e breve trajetória legal da enfermagem A trajetória legal da enfermagem é recente. A primeira lei que dispôs do exercício de enfermagem enquanto profissão data e englobou a profissão de , popularmente conhecida como . Essa lei1955 obstetriz parteira esteve em vigor até 1986, quando, durante a presidência de , a foi publicada em 25 deJosé Sarney Lei 7.498 junho. Em vigor até os dias atuais, essa lei, conhecida como , éLei do Exercício Profissional de Enfermagem regulamentada pelo , de 8 de junho de 1987.Decreto n. 94.406Ao longo dos anos, essas legislações passaram por atualizações por meio de leis e decretos que alteraram ou vetaram artigos existentes na sua redação original. Contudo, a essência do trabalho de enfermagem em suas modalidades de , e permanecem até os dias de hoje e serãoenfermeiro técnico auxiliar de enfermagem enumeradas a seguir. Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /968f94942ae0ce0b40859edbb536ce02 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/968f94942ae0ce0b40859edbb536ce02 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/968f94942ae0ce0b40859edbb536ce02 - -7 1.3 Categorias profissionais dispostas na Lei do Exercício Profissional A seguir, serão apresentadas as categorias profissionais dispostas na Lei do Exercício Profissional: • Enfermeiro Segundo artigo sexto da Lei 7.498/86, essa categoria profissional é caracterizada por pessoas que obtiveram o diploma de graduação em enfermagem, isto é, documento emitido por uma instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação, seja ele no Brasil ou no exterior. Quando o diploma for de uma faculdade de fora do Brasil, a pessoa deve validá-lo em uma universidade daqui. Nos casos de ainda existirem pessoas com diploma de obstetriz, reconhece-se que a pessoa tem conhecimento avançado na área e, por isso, considera-se que ela é enfermeira ou enfermeiro. • Técnico de Enfermagem Segundo o artigo sétimo da Lei 7.498/86, esse profissional passou por uma formação técnica reconhecida pelo Ministério da Educação e obteve diploma ou certificado que o habilitasse para função. Caso o documento tenha sido expedido no exterior, também deverá ser validado no Brasil. • Auxiliar de Enfermagem O artigo oitavo da Lei 7.498/87 dispõe que esse profissional teve seu diploma ou certificado expedido nos moldes de normativas anteriores à lei do exercício profissional, tendo formação prática de duração inferior à realizada pelo técnico de enfermagem. • Parteiras Segundo o artigo nono da Lei 7.498/86, essa categoria profissional data 1946, quando começaram a existir cursos de certificação e diplomação na área no Brasil e no exterior. Hoje, esses cursos estão extintos na modalidade que era oferecida na época, porém as pessoas que obtiveram esse diploma podem desempenhar suas atividades de maneira legalizada nos dias atuais por meio desse reconhecimento. • • • • - -8 1.4 Atividades privativas do enfermeiro Dentre as categorias profissionais, o enfermeiro dispõe de atividades privativas previstas no artigo décimo- primeiro da Lei do Exercício Profissional, que envolve atividades de gestão, direção, consultoria e auditoria de serviços de enfermagem. Compreendem-se como serviços de enfermagem todos aqueles desempenhados pela classe, incluindo o cuidado. Com isso, o enfermeiro assume uma postura de gestor do cuidado, mesmo que esse cuidado seja desempenhado por toda equipe. Nesse sentido, a é feita peloSistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) enfermeiro, que fica responsável pelo e pela organização de suaProcesso de Enfermagem (PE) operacionalização, por meio de ações que ele mesmo realiza ou delega à equipe de enfermagem, conforme Santos e Lima (2011). Orientado e organizado pela SAE, o PE tem que são desenvolvidas de modo sistemático e contínuocinco etapas para promover o cuidado integral ao cliente. Essas etapas são: Etapa 1 Histórico e anamnese. Etapa 2 Diagnóstico de enfermagem. Etapa 3 Prescrição ou planejamento de enfermagem. Etapa 4 Implementação. Fique de olho A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é comumente confundida com o Processo de Enfermagem (PE). Contudo, a SAE é um processo amplo e organizacional que envolve métodos, instrumentos, recursos humanos e organização. Já o PE consiste em cinco etapas para o cuidado sistematizado. - -9 Etapa 5 Avaliação de enfermagem. Na primeira etapa, tem-se a coleta de dados por meio da entrevista e exame físico para que o Diagnóstico de seja feito (segunda etapa), aplicando classificações específicas, sendo a Enfermagem (DE) Classificação e a classificação proposta pela Internacional para Prática de Enfermagem (CIPE) North American Nursing as mais (NANDA - Associação de Diagnósticos de Enfermagem Norte Americana)Diagnosis Association utilizadas. A partir do DE, o enfermeiro inicia a terceira etapa que incorpora aspectos de planejamento do cuidado para prescrição de enfermagem. Nesta etapa, o enfermeiro prevê os resultados esperados e elenca intervenções para que eles sejam alcançados por meio da sua implementação (quarta etapa), de acordo com Pokorsi et al (2009). Por fim, é necessário que o enfermeiro esteja sempre atento à efetividade dessas intervenções. Para isso, deve-se reavaliar continuamente o paciente e as intervenções prescritas a ele, dando continuidade àquelas que estão trazendo resultado e reorientando aquelas que não se mostram eficazes naquele contexto, segundo Pokorski et al (2009). Além disso, o enfermeiro é responsável pela consulta de enfermagem, um espaço terapêutico e de intervenção, em que o PE deve ser aplicado. E por procedimentos de maior complexidade científica como acompanhamento de pré-natal de baixo risco, episiotomia, episiorrafia, aplicação de anestesia local, cateterismo vesical de alívio e de demora, cateterismo gástrico e entereal, aprazamento de prescrição médica, classificação de risco, punção de Port-a-Cath, punção de veia jugular, passagem e cuidados do cateter venoso central de inserção periferia de longa permanência (PICC), administração de quimioterapia, retirada de drenos, coleta de gasometria arterial e administração de nutrição parenteral. - -10 Figura 1 - Alimentação parenteral Fonte: Digicomphoto, iStock, 2020. #PraCegoVer: a imagem mostra frascos de alimentação parenteral, que consistem em eletrólitos e componentes a serem administrados diretamente na veia quando não há possibilidade de nutrição de outra maneira. Por fim, destaca-se uma atividade importante, porém não privativa do enfermeiro: as anotações de cujas informações devem estar escritas com detalhamento e completude para que os profissionaisenfermagem tenham acesso ao histórico do paciente nos prontuários quando for necessário. Esse registro é extremamente importante, porque nem sempre os profissionais conseguem conversar com detalhamento na troca de plantões, além de que o registro imediato previne a perda de informações e garante a continuidade do cuidado. Assim, é responsabilidade do enfermeiro cobrar de sua equipe registros consistentes e com riqueza de informações, uma vez que ele é o dos serviços de enfermagem.líder e coordenador - -11 1.5 Atividades desempenhadas pelos técnicos e auxiliares de enfermagem Os devem participar no processo do cuidado ao paciente, desempenhando tarefas etécnicos de enfermagem procedimentos delegadas pelo enfermeiro nos termos da lei, auxiliando o enfermeiro na supervisão do trabalho dos auxiliares de enfermagem e fazendo parte da equipe de saúde, de acordo com Araújo et al (2020). Já os desempenham atividades de menor complexidade, como observação de sinais e sintomas,auxiliares cuidados de conforto e higiene ao paciente em condição estável e pouco complexa, segundo Brasil (1987). Fique de olho Ter atividades privativas não isenta o enfermeiro de desempenhar cuidados diretos ao paciente. Nesse sentido, o enfermeiro pode desempenhar todas as atividades de enfermagem, incluindo aquelas descritas como funções dos auxiliares e técnicos de enfermagem. - -12 2 Ética profissional de enfermagem Quando pensamos em ética, nos remetemos à Grécia Antiga com teóricos como Sócrates e Aristóteles. E, de fato, o termo origina-se dessa época, mas seu significado, aqui, é tomado de forma um pouco mais simples do que as teorias propostas por esses filósofos. Derivada do grego, a palavra remete à ética costumes,hábitos e condutas , segundo Queiroz et al (2020). Então, ao pensar na ética profissional de enfermagem, contemplamos condutas, hábitos e comportamentos que orientam o trabalho dos profissionais dessa área. Por ser um trabalho que interage diretamente com a saúde das pessoas, a ética em enfermagem perpassa aspectos da moralidade que envolvem seguir as legislações vigentes tanto para a , quanto para a .prática clínica pesquisa O movimento ético na saúde data do fim da , quando profissionais da saúdeSegunda Guerra Mundial desenvolviam pesquisas em saúde sem nenhum compromisso ético com o ser humano e sem pensar no que os experimentos poderiam acarretar para aquelas pessoas, conforme Bub (2005). Diante disso, as atividades profissionais de saúde passaram por reformulações normativas, as quais incluíram as publicações dos ao redor do mundo. Com isso, as condutas profissionais deCódigos de Ética de Enfermagem enfermagem passaram a estar em consonância com as normativas que regem o direito do paciente e o exercício profissional, contudo não está restrita a elas. Comportamentos eticamente profissionais abrangem aspectos culturais e morais dos contextos que estamos inseridos. Como exemplo, podemos pensar no aplicado no Canadá. Em um contextoprincípio do efeito duplo de cuidados paliativos em que a pessoa sofre muita dor e está em tratamento contínuo para seu alívio, no Canadá, é eticamente correto e legalmente aceito, administrar uma dose de medicação que pode resultar na morte do paciente, se a intenção for o alivio da dor e não a eutanásia. O mesmo não é permitido no Brasil, fazendo com que a ética profissional do enfermeiro canadense admita uma conduta que é proibida no Brasil. Vale ressaltar que ambos países são contra a eutanásia, por isso, o princípio do duplo efeito deve ser aplicado em situações específicas. Outro exemplo de condutas diferenciadas entre os dois países é que, no Brasil, a participação das crianças e adolescentes nos processos de decisão de sua saúde está bastante regulada pelos . Já na Província depais Quebec, no Canadá, adolescentes a partir dos 14 anos de idade tem de tomar decisões de saúde semautonomia consentimento dos pais. Assim, uma adolescente que descobre estar grávida pode escolher pelo aborto no - -13 Canadá, sem que seus pais saibam que ela o fez. Isso também vai ao encontro da questão de que o aborto é legalizado lá, que é bastante polêmica, porém faz com que se reflita sobre como a interfere noscultura local processos éticos em saúde. Em todos países, existem códigos de ética que orientam a postura profissional da enfermagem. No Brasil, o foi publicado em por meio da primeiro Código de Ética da Enfermagem 20 de agosto de 2000 Resolução do , dispondo de normativas, condutas e puniçõesConselho Federal de Enfermagem (COFEn) número 240/200 pelo seu não cumprimento na prática profissional dos trabalhadores da área. À medida em que os anos foram passando e o conhecimento na área da ética clínica e de pesquisa avançando, surgiram novas normativas que revogaram o essa e outras resoluções que foram publicadas em sequência. Atualmente, as atividades da equipe de enfermagem são regidas pelo último Código de Ética da área, aprovado na e publicado no anexo da referida resolução.Resolução COFEn 564/2017 A seguir, apresentaremos alguns destaques do código de ética de enfermagem. Contudo, ressaltamos que é fundamental buscar outras fontes para aprofundamento no tema. - -14 2.1 Código de Ética de Enfermagem Publicado em 2017, o último Código de Ética de Enfermagem reconhece a disciplina da enfermagem como que tem como foco a promoção, prevenção e recuperação da saúde individual eciência, arte e prática social coletiva da população livre de preconceitos e distinção. Isso orienta a prática da enfermagem para uma perspectiva inclusiva em que o papel do profissional é desempenhar ações de saúde a todos seguimentos populacionais. Dentre os fundamentais, tem-se a prática profissional autônoma e compromissada com honestidade,princípios autonomia, justiça, beneficência e não–maleficência para que o paciente seja respeitado e ouvido nos serviços de saúde, garantido que ele exerça seus direitos fundamentais de cidadania previstos no artigo quinto da Constituição Federal. Esse documento dispõe dos direitos e deveres dos profissionais da área. Consideram-se aqueles que sedireitos referem à liberdade do exercício da profissão com liberdade e sem sofrer qualquer tipo de violência física ou psicológica; da participação em movimentos, associações, comitês de ética e atos de defesa da classe; exercer cargos de gestão, direção, ensino, pesquisa, extensão de enfermagem e ter sua autoria de produções advindas dessas atividades reconhecida; bem como realizar atividades de maneira sistematizada e organizada com o acesso de informação necessário para isso. A seção dos engloba princípios éticos que regem a atividade de enfermagem, cujos significados estãodeveres dispostos a seguir: Justiça Princípio ético que rege a forma que os profissionais se posicionam frente à diversidade. Aplicá-lo significa prestar um cuidado a todos sem distinção de raça, cor, orientação sexual etc. Equidade Esse princípio rege a maneira que os profissionais se posicionam frente à diferentes necessidades das pessoas. Isso quer dizer que tratar as pessoas com equidade é oferecer a todas o acesso ao serviço de saúde de acordo com suas demandas de cuidado. Resolutividade Princípio que envolve a capacidade de resolver as questões de saúde que os pacientes apresentam, estando relacionado à capacidade de tornar a pessoa autônoma no cuidado em relação à sua saúde. Dignidade - -15 Princípio que aborda o reconhecimento da pessoa enquanto alguém que merece respeito. Competência Princípio relacionado à capacitação profissional e condições de exercer uma profissão. Na enfermagem, está relacionada à conclusão de formação específica, seja ela técnica ou de graduação. Ambas formações fornecem ao profissional autoridade sobre a área de conhecimento em níveis de complexidade diferentes. Responsabilidade Princípio relacionado à postura profissional de alguém que assume suas posições, escolhas e condutas e está ciente de que suas ações têm uma reação nos diversos contextos. Honestidade Princípio relacionado à integridade profissional de alguém que desempenha suas funções com verdade e equidade. Lealdade Princípio relacionado ao modo como o profissional se posiciona frente ao conhecido de enfermagem, envolvendo a capacidade de respeitar as posturas e posicionamentos profissionais da classe. Além disso, os estão centrados no cumprimento das normativas dos órgãos dedeveres ético-profissionais classe, sendo seu registro profissional e responsabilidade denunciar irregularidades profissionais presenciadas. No campo da , estendem-se os deveres de respeitar a autonomia do paciente e seu direitoprática profissional de participar nas decisões sobre o cuidado em relação à sua saúde com informações necessárias e de acordo com suas capacidades legais e cognitivas. Isso significa que crianças e adolescentes também devem ser respeitados e que o compromisso ético do profissional se estende a essas populações não só nas situações supracitadas, mas também no .sigilo profissional Crianças e adolescentes, assim como adultos, têm direito a sigilo profissional caso isso não venha a ferir sua integridade. Nesse sentido, o profissional de enfermagem deve respeitar processos particulares de todas faixas etárias, salvo situações que possam colocar a criança ou o adolescente em , como questões que envolvemrisco idealização de suicídio, por exemplo. Fique de olho É importante ressaltar que o sigilo também envolve a não divulgação de fotografias em redes sociais, preservando a identidade dos pacientes conforme item VII do artigo quarto da Resolução COFEN 554/2017. - -16 Outro aspecto importante abordado está no artigo 47 que discorre, conforme COFEN (2017):Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos competentes, ações e procedimentos de membros da equipe de saúde, quando houver risco de danos decorrentes de imperícia, negligência e imprudência ao paciente, visando a proteção da pessoa, família e coletividade. Esse artigo pode ser exemplificado em questões que envolvem erro de medicação. Ao identificar a conduta errônea, o enfermeiro, enquanto coordenador da equipe, deve posicionar-se em favor da proteção da pessoa, mesmo que essa conduta resulte na punição do profissional que cometeu o erro. O dever do profissional esbarra no direito do paciente, assim, frente ao dilema de proteger sua equipe ou proteger seu paciente, o enfermeiro deve prezar pela . Contudo, isso não significa que ointegridade do paciente profissional deve ser demitido ou algo semelhante, mas que as providências corretivas devem ser tomadas, mesmo que essas sejam em forma de treinamento e educação. Além dos cuidados de promoção de saúde, prevenção de agravos e recuperação, o enfermeiro deve estar preparado para vivenciado pela família posteriormente. Oprestar auxílio no processo de morte e no luto artigo 48 trata de como a responsabilidade profissional envolve, também, o fim da vida. O parágrafo único desse artigo discorre, segundo Brasil (2017): Nos casos de doenças graves incuráveis e terminais com risco iminente de morte, em consonância com a equipe multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis para assegurar o conforto físico, psíquico, social e espiritual, respeitada a vontade da pessoa ou de seu representante legal. Como exposto no texto acima, o cuidado de enfermagem transcende as questões tradicionais de saúde e envolve, também, o conforto físico, psíquico, social e espiritual no processo de morrer de todas as faixas etárias, abordando o público infanto-juvenil e seu responsável legal. O penúltimo aspecto a ser abordado aqui diz respeito às do profissional de enfermagem. É proibidoproibições desenvolver ações que ferem a legislação e o Código de Ética de Enfermagem, o que envolve desvios de funções dos profissionais técnicos e enfermeiros. O campo da enfermagem é bastante ampliado e abrange aspectos do ciclo vital completo, contudo, essa profissão tem competências específicas as quais podem ser alcançadas em diversos níveis. - -17 A pode resultar em desvios de funções de técnicos de enfermagem que acabam porsobrecarga de trabalho desempenhar ações privativas do enfermeiro que cursou ensino superior. O estresse ao que o enfermeiro está submetido ao desempenhar funções não só clínicas, mas também de gerência contribui para o enfermeiro tenha menos tempo para se atualizar e buscar novas normativas, de acordo com Lima da Silva et al (2013). Assim, procedimentos, como a sondagem nasogástrica, que de atribuição de nível técnico, pode continuar a serera delegada a esse profissional por desconhecimento. Esse procedimento, especificamente, foi instituído como atividade privativa do enfermeiro após estudos apontarem um maior número de intercorrências em procedimentos realizados por profissionais de nível técnico, de acordo com COFEN (2019). Além disso, proíbe-se qualquer tipo de frente à situação de urgência e emergência, mesmo quandonegligência esse profissional não está em atividade laboral. Também é importante ressaltar a importância de conhecer farmacologia e o efeito de drogas que possam ser prescritas, bem como sua via de administração, pois é proibida a , conforme o artigo 78.administração de medicação sem conhecimento científico Os artigos 80, 81, 82 e 84 da Resolução 564/2017 dispõem de delimitações importantes conforme enumerado abaixo. Art. 80 Executar prescrições e procedimentos de qualquer natureza que comprometam a segurança da pessoa. Art. 81 Prestar serviços que, por sua natureza, competem a outro profissional, exceto em caso de emergência, ou que estiverem expressamente autorizados na legislação vigente. Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros profissionais de saúde ou áreas vinculadas, no descumprimento da legislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esterilização humana, reprodução assistida ou manipulação genética. Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando no exercício profissional, assédio moral, sexual ou de qualquer natureza, contra pessoa, família, coletividade ou qualquer membro da equipe de saúde, seja por meio de atos ou expressões que tenham por consequência atingir a dignidade ou criar condições humilhantes e constrangedoras. Art. 84 Anunciar formação profissional, qualificação e título que não possa comprovar. Em favor do conhecimento científico, é vedada a divulgação de informação da área sem conhecimento científico comprovado, de acordo com o artigo 86 em Brasil (2017). Isso significa que os profissionais de enfermagem têm com a não disseminação de ou informações possam causar dano à população.responsabilidade ética fake news Por fim, o Código de Ética de Enfermagem dispõe das pelo não cumprimento dopenalidades e infrações disposto. As providências devem ser tomadas pelos , sendo a conselhos de classe regionais ou federais - -18 gravidade julgada por esses órgãos. Ressalta-se que omissão e negligência também são passivas de punição. Nesse sentido, não apenas ações danosas são punidas, mas também o não posicionamento ou atitude que pode resultar em dano ao paciente ou ao coletivo. Em situação de pandemia, desastres ou catástrofes, o profissional de enfermagem não pode negar uma convocação ministerial para atuar nesse contexto. Um exemplo disso é a possível convocação dos profissionais da área para atuarem no combate à . Se houver convocação ministerial parapandemia da Covid-19 em 2020 atuação prática de profissionais no âmbito do , mesmo profissionais alocados no ensinoSistema Único de Saúde de enfermagem, deverão apresentar-se disponíveis para as atribuições e desempenho de funções. O não cumprimento pode resultar em um processo administrativo no âmbito dos conselhos de classe. Dentro dos conselhos, a tomada de decisão sobre as medidas preventivas leva em consideração diversos aspectos, previstos na . No artigo 112, dispõe as como aResolução 564/2017 circunstâncias atenuantes, busca pela minimização das consequências espontaneamente imediatamente ao ato, confessando de maneira livre e espontânea sua infração e colaborando para melhor resolução; ter histórico de boa postura profissional; e ter sido coagido a realizar a atividade ilegítima por pressão física ou psicológica. Já o artigo 113 considera os , sendo eles: a repetição do ato infrator; ter tido consequênciasagravantes permanentes como a morte ou uma deficiência; realizar deliberadamente a atividade com consciência de estar infringindo a normativa e tendo um motivo fútil para tal conduta; ocultamento e não busca por resolução espontânea, visando sua impunidade acima do bem-estar do paciente; aproveitar-se da situação clínica ou psíquica da vítima utilizando-se sua autoridade no sérico de saúde; e falsificar documentos que possam incriminá-lo, resultando em ocultamento de evidências. As penalidades serão todas registradas no prontuário do infrator junto aos respectivos conselhos, relatando a gravidade da infração, as circunstâncias que favoreceram sua ocorrência, os antecedentes do profissional e o dano causado pelo ato extranormativo. Nesse sentido, é muito importante que você, futuro profissional da área, leia atentamente as normativas regulatórias da classe, dando ênfase à Lei do Exercício Profissional, ao Decreto que regulamenta essa lei e à Resolução que dispõe do Código de Ética de Enfermagem e lembre-se de que o conhecimento não se esgota, então busque outras fontes e converse com seus colegas sobre o assunto. Assista aí https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2 /b435586ab4d8d1a92f8429055ab18fc7 https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/b435586ab4d8d1a92f8429055ab18fc7https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2/b435586ab4d8d1a92f8429055ab18fc7 - -19 é isso Aí! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer aspectos que envolvem a história da enfermagem em seus aspectos legais e éticos; • entender os fundamentos éticos aplicáveis a diversos grupos populacionais para tomada de decisão em saúde; • conhecer a garantia dos direitos fundamentais nos serviços de saúde; • aprender sobre os marcos legais e éticos da enfermagem na promoção de saúde e prevenção de agravos; • compreender a importância da postura ética do profissional de enfermagem para manejo de situações controversas e dilemas que possam ser encontrados no cotidiano do cuidado. Referências BRASIL. . Dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras providências. Brasília:Decreto número 94.406 DOU, 1997. BRASIL. . Dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outrasLei número 7.498, de 25 de junho de 1986 providências. Brasília: DOU, 1986. BUB, M. B. C. Ética e prática profissional em saúde. , Florianópolis, v. 14, n. 1, p. Texto contexto - enfermagem 65-74, mar. 2005. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. . Aprova o código de ética de enfermagem.Resolução 554/2017 Brasília: DOU, 2017. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. . Normativa a atuação da equipe de enfermagemResolução 619/2019 na sondagem oro/nasogástrica e nasoentérica. Brasília: DOU, 2019. COSTA, R. et al. O legado de Florence Nightingale: uma viagem no tempo. , Texto contexto - enfermagem Florianópolis, v. 18, n. 4, p. 661-669, dez. 2009. FRELLO, A. T.; CARRARO, T. E. Contribuições de Florence Nightingale: uma revisão integrativa da literatura. Esc. , Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 573-579, ago. 2013.Anna Nery GRISARD, N; VIEIRA, E.T.S. Ana Néri, madrinha da enfermagem no Brasil. Gaz. méd. Bahia, Salvador, v. 78, n. 2, .p. 145-147, jul.-dez. 2008 LIMA DA SILVA, J. L. et al . Estrés en la actividad administrativa de enfermería: consecuencias para la salud. Av. , Bogotá , v. 31, n. 2, p. 144-152, jul. 2013.Enferm. LOPES, L. M. M.; SANTOS, S. M. P. dos. Florence Nightingale: apontamentos sobre a fundadora da enfermagem moderna. , Coimbra, v. serIII, n. 2, p. 181-189, dez. 2010. Rev. Enf. Ref. • • • • • - -20 NIGHTINGALE, F. Notas sobre enfermagem: o que é e o que não é. São Paulo: Cortez; CE-PEn, 1989. POKORSKI, S. et al. Processo de enfermagem: da literatura à prática. O quê de fato nós estamos fazendo?. Rev. , Ribeirão Preto, v. 17, n. 3, p. 302-307, jun. 2009.Latino-Am. Enfermagem QUEIROZ, A. B. A. et al. Nursing work in assisted human reproduction: between technology and humanization. , Brasília, v. 73, n. 3, 2020.Rev. Bras. Enferm. SANTOS, J. L. G. dos; LIMA, M. A. D. da S. Gerenciamento do cuidado: ações dos enfermeiros em um serviço hospitalar de emergência. , Porto Alegre, v. 32, n. 4, p. 695-702, dez. 2011. Rev. Gaúcha Enferm. Olá! 1 Noções preliminares 1.1 Trajetória histórica da enfermagem mundial e brasileira Assista aí 1.2 Marco legal e breve trajetória legal da enfermagem Assista aí 1.3 Categorias profissionais dispostas na Lei do Exercício Profissional Enfermeiro Técnico de Enfermagem Auxiliar de Enfermagem Parteiras 1.4 Atividades privativas do enfermeiro 1.5 Atividades desempenhadas pelos técnicos e auxiliares de enfermagem 2 Ética profissional de enfermagem 2.1 Código de Ética de Enfermagem Assista aí é isso Aí! Referências
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