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Apostila-Classicos-Sociologia
ESTÁCIO EAD
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fenômenos sociais coletivos. Para Emile Durkheim o importante era o fenômeno coletivo e não o comportamento individual, pois a sociedade está acima do individuo. Karl Marx, por sua vez, trata da relação dos agrupamentos sociais, e não do indivíduo. 9 Para colocar o homem no centro das preocupações sociológicas, Weber teve que reformular o método científico: a tarefa do sociólogo é captar o sentido das condutas humanas. Weber concebe o objeto da sociologia como, "a captação da relação de sentido" da ação humana, ou seja, conhecer um fenômeno social seria extrair o conteúdo simbólico da ação que o configura. Para Weber não é possível explicar um fenômeno social como resultado da relação entre causas e efeitos, semelhante às ciências naturais, mas compreendê-lo como fato carregado de sentido, isto é, como algo que aponta para outros fatos e somente em função dos quais poderia ser conhecido em toda a sua amplitude. Por exemplo, mais importante do que entender porque de algo aconteceu (causas) é compreender o que levou ao indivíduo, ou conjunto de indivíduos, a se comportar de determinada maneira. O método compreensivo, defendido por Weber, consiste em entender o sentido que as ações de um indivíduo contêm e não apenas o aspecto exterior dessas mesmas ações. Por exemplo, se uma pessoa dá a outra um pedaço de papel, esse fato, em si mesmo, é irrelevante para o cientista social. Somente quando se sabe que a primeira pessoa deu o papel para a outra como forma de saldar uma dívida (o pedaço de papel é um cheque) é que se está diante de um fato propriamente humano, ou seja, de uma ação carregada de sentido. O fato em questão não se esgota em si mesmo e aponta para todo um complexo de significações sociais, na medida em que as duas pessoas envolvidas atribuem ao pedaço de papel a função do servir como meio de troca ou pagamento; além disso, essa função é reconhecida por uma comunidade maior de pessoas. Conceitos: Para realizar a análise compreensiva, Weber formula o conceito “tipo ideal”, que representa o primeiro nível de generalização de conceitos abstrato. O tipo ideal é um ponto de partida, contendo parâmetros estabelecidos de comportamento, de ação, de dominação. O tipo ideal fornece o recurso essencial para a compreensão dos comportamentos sociais, permitindo analisar as formas de ação social. 10 1. Tipos de ação social Os tipos de ação social jamais são encontrados na realidade em toda a sua pureza, e, na maior parte dos casos, os quatro tipos de ação encontram-se misturados. Ação é social quando um determinado comportamento implica uma relação de sentido para quem age. Nem todo comportamento humano é social. É preciso que tenha sentido para o individuo que age. A ação social orienta-se pelo comportamento de outros. Os “outros” podem ser indivíduos e conhecidos ou uma multiplicidade de desconhecidos. Weber definiu quatro tipos de ação social: a. Ação tradicional: tradições, costume. Ex: dar presente de Natal b. Ação afetiva: baseada em sentimentos e afetividade, não racional. Ex: torcer por um time c. Ação racional orientada para valores: racional, a ação é importante e não os fins. Ex: trabalho voluntário ou de um político, onde o retorno não é o dinheiro ou prestígio final, mas a missão. (em crise) d. Ação racional orientada pra fins: racional, o importante é o resultado. Ex: empresa capitalista. Esses tipos de ação existem de formas diferentes nas sociedades humanas. Nas sociedades antigas e feudais prevaleciam os tipos tradicionais e afetivos, daí a família e a igreja terem papel fundamental nessas sociedades. Na sociedade capitalista predomina ação racional, com planejamento eficiente e com metas, orientada pra fins. A empresa do século XVIII para a atual sofreu várias modificações, mas seus fins e objetivos continuam os mesmos: lucro, acumulação econômica e otimização produtiva. Esse tipo de comportamento social pautado na racionalidade é o que caracteriza a sociedade moderna e a que subordinam a tradição, os afetos e os valores à racionalidade. Isso leva ao “desencantamento do mundo”, pois o homem passa a maior parte do seu tempo realizando atividades buscando os efeitos esperados (racional) e não pautados em seus valores, suas tradições e suas afetividades. . 11 2. Tipos de dominação/autoridade Existem três tipos puros de dominação: a. Tradicional: respeita aos costumes e regras. É o tipo em que o indivíduo ocupa posição de autoridade independentemente do controle de um corpo administrativo. A autoridade e as prerrogativas pessoais são mais extensas. Ex: coronéis, soberanos e patriarcas antigos ou medievais b. Carismática: capacidade de liderança e comando, em que se almeja estabelecer uma nova ordem. c. Racional-legal: assentada na noção de direito que se liga aos aspectos racionais e técnicos da administração. Racionalidade e justiça se fundem. Ex: sociedades modernas. Atua baseado nas leis e regulamentos e precisa de formação técnica. Temas Weber abrangeu vários temas em sua produção acadêmica: religião, direito, arte, economia, política, burocracia. 1. A religião Em “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, Weber buscou examinar as implicações das orientações religiosas na conduta econômica do indivíduo, considerando as contribuições dos valores éticos protestantes na formação do moderno capitalismo. A acumulação de capital foi um fator importante para o capitalismo, mas surge também uma nova mentalidade guiada por princípios religiosos. Essas convicções religiosas no indivíduo, a partir de uma vida pessoal rígida e disciplinada, levaram o indivíduo a valorizar o trabalho e a considerar o sucesso econômico como bênção de Deus. Havia uma doutrina pessoal austera, que permitiu a acumulação de riqueza e novos investimentos – que foi a base do capitalismo. 2. O Capitalismo Por que o capitalismo se desenvolveu somente na sociedade Ocidental, especialmente na Europa a partir do século XVI? Como historiador, Weber possuía grande conhecimento das civilizações orientais que chegaram a ter forte economia 12 monetária, avanço tecnológico e uso intensivo. No entanto, não desenvolveram o capitalismo. Considerava que as instituições capitalistas – as grandes empresas - eram fruto de uma organização racional que desenvolvia suas atividades dentro e um padrão de precisão e eficiência. O capitalismo se caracterizava pela busca contínua de rentabilidade por meio de empreendimentos científicos e racionais, sendo uma expressão da modernização e racionalidade. Weber conclui que ética protestante, juntamente com outros fatores políticos, tecnológicos e econômicos, contribuiu para o surgimento do capitalismo. Nos países ocidentais se fortaleceu uma forma de ação social especial a partir da religiosidade protestante: ascetismo e valorização do trabalho, que então passou a ser considerado uma virtude. Estabeleceu-se um ideal de vida baseado no trabalho assentadas nas seguintes posturas: disciplina, parcimônia, discrição e poupança. Esses novos valores defendidos pelas seitas protestantes alteraram a conduta de diversos grupos dirigentes e elites econômicas. Na ordem feudal, a nobreza considerava o trabalho indigno e o ócio era virtude e privilégio. Nesse processo, foi surgindo uma nova mentalidade que recusava o desperdício, o luxo e o ócio e valorizava o trabalho, a poupança, a pontualidade e a racionalidade. Na sociedade moderna consolidou-se um estilo de vida que tinha significado religioso (fé no trabalho) e efeito econômico (acumulação e investimento). Sem a ética protestante o capitalismo teria evoluído diferente, pois para ser capitalista não basta ter dinheiro. E preciso outras qualidades: conduta racional, metódica e científica.