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www.japasseieducacao.com.br Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br Diretor de Escola da Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes e Professor de Legislação e Conhecimentos Pedagógicos na escola JáPassei Educação. Desde 2006 é Professor Universitário das áreas de Pedagogia, Química, Engenharia e Farmácia na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Desde 2009 atua como elaborador de provas de concurso e correção de provas dissertativas, tendo trabalhado com a VUNESP (2009 a 2013), F.C.C. (2013 e 2014) e atualmente presta serviço para a banca Consel. Graduado em: Pedagogia – Licenciatura Plena (Habilitação: Administração e Supervisão Escolar); Ciências: Licenciatura Plena em Biologia; Matemática – Licenciatura Plena; Ciências: Licenciatura Plena com habilitação em Química. Pós Graduado latu sensu em: Metodologia do Ensino-Aprendizagem da Matemática; Direito Educacional; Didática e Tendências Pedagógicas; Mestre em Ciência, Tecnologia e Gestão pela Università degli Studi de Ferrara (Itália). Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br MANTOAN, MARIA TERESA EGLÉR. ABRINDO AS ESCOLAS ÀS DIFERENÇAS, CAPÍTULO 5, IN: MANTOAN, MARIA TERESA EGLÉR (ORG.) PENSANDO E FAZENDO EDUCAÇÃO DE QUALIDADE. SÃO PAULO: MODERNA, 2001. Este livro focaliza concepções, ideias e práticas educativas para analisar o que existe hoje, apontando as questões a serem tratadas com urgência nas escolas, e mostrar possibilidades de mudança, adequando-as aos seus novos donos - os alunos de nosso tempo. O que se almeja é reformar a escola, ou seja, refazer o seu design, através da participação dos educadores. As diferenças de classe social, idade, gênero, capacidade intelectual, raça, interesses entre os alunos como chave do aprimoramento do ensino e do sucesso na aprendizagem acadêmica são ainda parcialmente aceitas e constituem um forte impacto no conservadorismo dos sistemas educacionais, que insistem na eliminação dessas diferenças como meio para melhorar a qualidade do ensino em suas escolas. Questionam-se os limites da diversidade, além dos quais os alunos são inelegíveis para os programas escolares. A tendência é de se encorajar os alunos a ignorar suas próprias diferenças e as dos outros. Não lidar com as diferenças é não perceber a diversidade que nos cerca, os muitos aspectos em que somos diferentes uns dos outros e transmitir, implícita ou explicitamente, que as diferenças devem ser ocultadas, tratadas à parte. Essa maneira de agir remete, entre outras formas de discriminação, à necessidade de se separar alunos com dificuldades em escolas e classes especiais, à busca da “pseudo” homogeneidade nas salas de aula, para o ensino ser bem-sucedido, enfim, à dificuldade que temos de conviver com pessoas que se desviam um pouco mais da média das diferenças, conduzindo-as ao isolamento, à exclusão, dentro e fora das escolas. As escolas abertas à diversidade são aquelas em que todos os alunos se sentem respeitados e reconhecidos nas suas diferenças, ou melhor, são escolas que não são indiferentes às diferenças. Ao nos referirmos a essas escolas, estamos tratando de ambientes educacionais que se caracterizam por um ensino de qualidade, que não exclui, não categoriza os alunos em grupos arbitrariamente definidos por perfis de aproveitamento escolar e por avaliações padronizadas e que não admitem a dicotomia entre educação regular e especial. As escolas para todos são escolas inclusivas, em que todos os alunos RESUMO DO LIVRO Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br estudam juntos, em salas de aulas do ensino regular. Esses ambientes educativos desafiam as possibilidades de aprendizagem de todos os alunos e as estratégias de trabalho pedagógico são adequadas às habilidades e necessidades de todos. Todos os alunos experimentam em momentos de sua trajetória escolar um ou outro problema, obstáculo, dificuldade nas aprendizagens acadêmicas. As razões pelas quais os alunos fracassam em algumas situações escolares são complexas e não devem recair única e inteiramente no que é inerente ao aprendiz. Grande parte dessas dificuldades e incapacidades são devidas da própria escola. Nesse sentido, podemos afirmar que o número de pessoas com problemas de aprendizagem em uma escola está relacionado com a qualidade da educação nela oferecida. Da mesma forma, todos os alunos devem se beneficiar do apoio escolar e de suportes individualizados, quando estão passando por situações que os impedem de conseguir sucesso nas atividades escolares. Nas escolas inclusivas todos se apoiam mutuamente e são atendidos em suas necessidades específicas por seus pares, sejam colegas de classe, escola ou profissionais de áreas afins. A pretensão dessas escolas é a superação de todos os obstáculos que as impedem de avançar no sentido de garantir um ensino de qualidade, preocupado em desenvolver os talentos, as tendências naturais, as habilidades de cada aluno para esta ou aquela especialidade. Em cada turma os talentos se misturam às histórias de vida dos alunos, às suas experiências individuais e coletivas. Nesse ambiente é que os conteúdos acadêmicos ganham nuances de entendimento, versões, confrontos necessários à elaboração interdisciplinar das ideias, à compreensão do mundo. A intenção é de fazer com que os alunos percebam a importância de somar esses talentos e reconheçam a complementaridade de suas habilidades e vivências, para explorar temas de estudo,para compreender melhor as noções acadêmicas. Temos de recusar e de acusar todos os desvios dos propósitos da educação para todos de seus verdadeiros fins. A retórica dos discursos públicos é envolvente e enganosa e esconde interesses que não são os das práticas inclusivas nas escolas. Aumentar o número de matrículas das crianças com deficiência no ensino regular não significa caminhar em direção da inclusão e muito menos de uma escola de qualidade para todos. O mesmo se pode dizer da diminuição dos percentuais de reprovação e dos casos que milagrosamente se “reabilitam” nas classes de aceleração e em programas de reforço da aprendizagem tão comuns nas nossas escolas. Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br Os obstáculos ao acesso de todos a uma educação de qualidade variam de uma escola para outra, conforme o tipo e grau das deficiências escolares; os projetos de remoção dessas barreiras são sempre pontuais e localizados. As propostas de ensino de qualidade para todos os alunos precisam ser explicitadas a partir de um verdadeiro repasse de conceitos e de posicionamentos teóricos e práticos que fundamentam o ensino tradicionalmente ministrado nas escolas. Reconstruir os fundamentos e a estrutura organizacional das escolas, na direção de uma educação de qualidade para todos, remete, igualmente, a questões específicas, relacionadas ao conhecimento do objeto ensinado e ao sujeito que aprende. Trata-se de mais um desafio que implica na consideração da especificidade dos conteúdos acadêmicos e da subjetividade do aprendiz, ou seja, em um sistema duplo de interpretação do ato de educar, referendado por pressupostos de natureza epistemológica e psicológica e na concretização de propostas inovadoras, que revertem o que tradicionalmente se pratica nas salas de aula. Há ainda a considerar que o ato de educar supõe intenções, representações que temos do papel da escola, do professor, das noções , do modo de aprender, do aluno e de sua aprendizagem e essas concepções variam, conforme os paradigmas, as ideologias, os fundamentos científicos que as sustentam Toda ação pedagógica ocorre em uma época, em um dado ambiente e estes influem sobre o que fazemos e compreendemos, definindo os contornos de nossos atos pedagógicos, dos mais elementares, aos mais expressivos e complexos. Nem sempre os fins gerais da educação e os fins que cada educando estabelece para a sua educação se integram, provocando quebras no movimento das ações educativas e na condução que os fins exercem sobre os meios pelos quais o ensino se efetiva. A mediação do professor é outro ponto básico, que enfeixa os tópicos que ora destacamos neste preâmbulo de discussões. Sabemos que reduzido às suas próprias descobertas, ou seja, à mercê de seus recursos individuais, o aluno avança pouco, evolui lentamente e não consegue atualizar e explorar todas as suas possibilidades cognoscitivas. Só combateremos a exclusão escolar, na medida em que as escolas se tornarem aptas para incluir, incondicionalmente, todos os seus alunos, em um único sistema de ensino. Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br Muitos sistemas têm se tornado inclusivos, por buscarem o aprimoramento constante da formação de seus professores e o sucesso na aprendizagem de seus alunos. Essa busca exige esforços contínuos, como veremos adiante. A luta pela inclusão de todos os alunos nas salas de aulas regulares está disseminada nos países, nas redes de ensino público, nas escolas particulares. Nossa experiência se circunscreve em sistemas municipais de ensino e é o trabalho em suas escolas, com seus alunos, pais e professores que iremos mesclar com as considerações que faremos, no desenrolar deste texto. Valores, princípios e atitudes A identificação de escolas que caminham no sentido de eliminar os obstáculos ao acesso de todos à educação é possível e observável, desde que não se busque em suas características um modelo pré- definido e fechado que possa ser adotado universalmente. Existem, contudo, tendências e princípios básicos dessas escolas que estão na base de todos os processos pelos quais elas caminham para alcançar seus objetivos. Podemos identificar entre esses princípios e tendências aspectos que dizem respeito à organização escolar, aos programas de ensino, processos de ensino e aprendizagem, serviços de suporte, formação inicial e continuada de professores, mudança de atitudes, valores, desenvolvimento de comunidade. Uma característica marcante dessas escolas é o esforço que despendem no sentido de mudar atitudes com relação às diferenças entre os alunos. Essas atitudes se circunscrevem ao âmbito escolar e fora dele, estendendo-se às famílias e à comunidade. Os obstáculos a serem vencidos nesse sentido são de natureza subjetiva e, ao nosso ver, os mais fortes, pois dizem respeito a questões que estão arraigadas à nossa formação e experiências pessoais em uma sociedade que não está habituada a reconhecer e a valorizar as diferenças. A igualdade entre as pessoas é o valor fundamental, quando tratamos de escolas para todos. Podemos encará-lo de vários ângulos, mas em todos eles o sentido da igualdade não se esgota no indivíduo, expandindo as considerações para aspectos de natureza política, social, econômica, Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br A igualdade não se contradiz com o respeito às diferenças entre as pessoas, mas as reforça, na medida em que esse valor se desdobra em três princípios particulares. Esses autores referem--se inicialmente ao respeito pelas pessoas, no sentido de que “cada ser humano tem direito à dignidade, independentemente de suas capacidades ou de suas realizações” ...(p.”13). Apontam também o direito à satisfação das necessidades básicas e o princípio da igualdade de oportunidades e estabelecem uma distinção entre oportunidade igual e justa para todos e oportunidade igual e igualitária para todos. A primeira formulação prescreve que os avanços sociais ...” devem se basear unicamente no talento do indivíduo: assim, nenhuma pessoa está em desvantagem em razão de seu sexo, de sua raça, de sua religião, de seus antecedentes sociais ou de toda outra consideração” (p.13). A segunda supõe que ...” cada pessoa deve ter uma oportunidade real de desenvolver suas capacidades específicas de modo satisfatório e “uma medida substancial de realização pessoal deve ser disponível para cada indivíduo, independentemente de suas habilidades (idem, p.14). Doré (1996) destaca que este princípio é invocado nos meios escolares, quando a discussão recai sobre a escolha de uma sala de aula regular ou especial para responder às necessidades particulares dos alunos. Acrescenta aos princípios citados a “discriminação positiva”, que garante aos alunos e às pessoas em geral os recursos humanos e materiais de que necessitam para o seu desenvolvimento e adaptação social. No meio escolar este princípio não desaparece com a inclusão, mas deve estar disponível a todos os alunos que estiverem vivendo situações de desvantagem, frente aos demais, no desempenho de suas atividades. Quando se trata de propiciar oportunidades iguais e justas para todos, temos muito ainda a fazer nas nossas escolas, para corresponder ao princípio pelo qual os seres humanos têm direito à dignidade, sejam quais forem as suas capacidades ou realizações. Barreiras atitudinais são predisposições que levam as pessoas a responderem a situações ou a outras pessoas de modo desfavorável, tendo em vista um dado valor. No caso da igualdade entre as pessoas, as barreiras se materializam na recusa das pessoas em reconhecer e defender esse valor, atravésde comportamentos, reações, emoções e palavras. A existência dessas barreiras comprova a cultura marcadamente discriminatória, elitista e segregacionista de nossas escolas, influenciando todos os procedimentos e o discurso de seus membros, chegando mesmo a atingir os alunos e seus pais. Em uma palavra, a igualdade entre as pessoas é um valor esquecido nos padrões e concepções da escola tradicional. Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br Muitos diretores escolares, professores e pais ainda relutam em aceitar que o perfil dos alunos mudou, que as crianças e jovens de hoje não são mais os mesmos que tinham acesso às escolas anteriormente, reclamando da origem social destes e alegando a influência da origem no sucesso e no fracasso escolar. O preconceito é constatado, quando se trata de alunos que têm dificuldades para aprender por serem ou por estarem deficientes, do ponto de vista intelectual, social, afetivo, emocional, físico, cultural e outros. Existe também quando se trata de alunos de raça negra, de famílias de religiões populares, os chamados “crentes”, de filhos de famílias desestruturadas, de mães solteiras e pais omissos, drogados, marginais. Nossa experiência em escolas particulares demonstrou que difícil trabalhar com as atitudes de professores, pais, coordenadores, diretores e/ou proprietários e até mesmo com alguns alunos para fazê-los perceber o quanto ainda estão marcados por ideias e sentimentos que lhes impedem de admitir que um aluno possa ser diferente daquele que acreditam ser os representativos de uma determinada classe social, de um dado grupo de pessoas que é bem-dotada social, cultural e intelectualmente. Os próprios pais de crianças com deficiência são os primeiros a admitir o preconceito e a discriminação, pois não matriculam nas mesmas escolas os seus outros filhos! Eles entendem que as escolas que acolhem a todas as crianças só o fazem porque estão menos comprometidas com a qualidade do ensino e a aprendizagem dos alunos e que os alunos sem deficiência serão prejudicados pela presença de colegas com déficits de compreensão e de desempenho, que comprometem a expectativa escolar, rebaixando-a para todos. Para inúmeros outros autores que estão envolvidos em projetos de inclusão, na concepção de uma educação de qualidade para todos, (Forest, 1984, 1985, 1987; Richler, 1993; Stainback e Stainback,1990; Forest e Pearpoint, 1992; Kunc, 1992), o desenvolvimento do espírito comunitário é uma condição para que o valor e os princípios da igualdade se efetivem. De certo que o alto nível do espírito de coletividade, cultivado por sociedades diferenciadas, é a base do igualitarismo. Pertencer à comunidade é uma necessidade fundamental de toda pessoa, e um direito que deve ser garantido a todos. Nos dois últimos séculos, a educação formal se caracterizou por ter excluído os alunos com deficiência, mais do que por tê-los incluído nas escolas. No começo do século vinte estendeu--se a educação pública para todas as crianças e foi nessa mesma época que, em paralelo, se criaram as estruturas da educação especial. O crescimento desse sistema segregado de educação refletiu a centralização, as especializações de funções, a hierarquia administrativa do modelo organizacional das corporações Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br industriais. Esse momento influiu no incremento do ensino especial, como um sistema à parte. Mais e mais pessoas foram matriculadas nas escolas e classes especiais e “incluídas pela deficiência” (Bunch,1994). A educação especial, infelizmente, não cumpriu com a promessa que muitos tinham depositado nela. A sociedade jamais poderia pensar que as classes especiais falhariam em seus propósitos de superar as classes regulares no atendimento escolar aos deficientes, a despeito da especialização dos professores e do número reduzido de alunos (MacMillan and Hendrick, 1993). Em toda parte, a maioria das crianças que entram nessas classes especiais nunca mais as deixam. A porta de saída é bem mais estreita do que a da entrada e forma-se o conhecido “buraco da agulha” dos sistemas de ensino especial. A partir de 1990, o movimento em favor da Educação para Todos, defendido na conferência organizada pelas Nações Unidas em Jomtien, na Tailândia, começou a ser discutido e a influir na transformação das escolas e das comunidades mais sensíveis a esta inovação. Em 1993 foram adotadas as Normas Uniformes para as Pessoas com Incapacidade. Elas foram promulgadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas e nos seus princípios fundamentais estabelecem que o termo “igualdade de oportunidades” alude ao processo mediante o qual os diversos sistemas da sociedade, o entorno físico, os serviços, as atividades, a informação e a documentação sejam colocadas à disposição de todos, especialmente das pessoas com incapacidades. O mesmo documento especifica que as pessoas com deficiência deveriam receber o apoio necessário nas estruturas comuns de educação, saúde, emprego e serviços. A educação foi considerada uma área crítica e estava vinculada ao princípio de inclusão. Aos países caberia o reconhecimento do princípio de igualdade de oportunidades de educação nos níveis fundamental, médio e superior para as crianças, jovens e adultos com deficiência e deveriam cuidar para que constituíssem uma parte integrante do sistema de ensino. Foi a partir do final dos anos 80 que o movimento em favor da inclusão de alunos com deficiência nas salas de aulas regulares começou a se expandir em todo o mundo. Em 1994 em Salamanca, na Espanha, foi assinada a Declaração que convocou todos os governos a adotar com urgência, como questão legal ou de política, o princípio da educação inclusiva. No seu item 2, o referido documento da Unesco afirma que “as escolas regulares com orientação inclusiva são o meio mais efetivo para combater as atitudes discriminatórias, criar comunidades abertas, construir uma sociedade integrada e se obter uma educação para todos”. Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br Outras manifestações ocorreram a partir da Declaração de Salamanca; em 1995, em Copenhague, no Encontro Mundial sobre o Desenvolvimento Humano, o compromisso 6 do documento final dessa reunião reafirmou a necessidade de serem asseguradas oportunidades educacionais igualitárias em todos os níveis de educandos, em ambientes integrados. Nesse mesmo ano o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP) edita um guia sobre a participação de pessoas com deficiência no desenvolvimento humano sustentável no qual assegura que “as pessoas com deficiência não devem ser excluídas(...). São necessários mudanças e esforços consideráveis para que sejam integradas e com sucesso nos programas regulares...”. Como se pode perceber, o movimento em favor de uma escola aberta à diversidade partiu da exclusão das pessoas com deficiência da sociedade, das escolas, da vida laboral, dos serviços comunitários. Todos são unânimes em destacar a importância da educação no processo global que conduz à participação plena das pessoas com deficiência. No Brasil, essas ideias apontaram a partir do documento de Salamanca e desde então muita polêmica e discussão têm sido criadas em torno do assunto, especialmente entre os dirigentes de instituições para deficientes, pais, profissionais da educação especial e áreas médica e paramédica está fervilhando e bem pouco assimilado pela comunidade escolar e pela sociedade em geral. O ensino especial lidera a discussão da inclusão nas escolas, o que tem contribuído decisivamente para restringir e esvaziar o seu sentido lato da educação inclusiva de não excluir ninguém das escolas,não apenas os deficientes e de lutar por aperfeiçoar o sistema educativo, de modo que possa oferecer educação de qualidade para todas as crianças, como já nos referimos anteriormente. A liderança do ensino especial nessa discussão está, ao nosso ver, prejudicando significativamente o movimento em favor das escolas abertas à diversidade e ainda é resistente à inclusão, quando se trata de casos mais graves, ou seja, de alunos com maiores prejuízos sendo atendidos seja nas classes especiais como nas de ensino regular. O esclarecimento público a esse respeito está sendo enviesado por outros interesses, inclusive os de caráter corporativista, envolvendo classes de profissionais, que se sentem ameaçados pelas possíveis interferências do movimento no trabalho que estão presentemente desenvolvendo nas suas especialidades. O debate comunitário do tema prima por desviar a atenção dos interessados, inclusive a mídia, para questões que não são centrais ao debate da inclusão escolar - as escolas de qualidade para todos. Em outras palavras, o debate se concentra prioritariamente na deficiência nas escolas., quando deveria se centrar na eficiência das escolas, para corresponder às necessidades e interesses e peculiaridades de todos os seus alunos. São bem poucas as vozes que se Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br manifestam, atualmente, no sentido de desviar o rumo das discussões e de relacionar o movimento inclusivo com as reformas do ensino regular e com isso a ideia da inclusão escolar vai se deformando e tomando rumos fora de sua rota principal. Sejam quais forem as intenções dos representantes da educação especial, na área da pesquisa, da administração e operacionalização de serviços educacionais e terapêuticos neste momento, o certo é que a reação dos que estão lutando pela inclusão de todos nas escolas regulares terá de se intensificar. As comunidades escolares e a sociedade como um todo devem ser esclarecidas, pelo rebate das ideias equivocadas que estão sendo veiculadas, sem o que a questão será diluída no pessimismo, nas incertezas, na descrença de um grupo que, certamente, não se afina com os objetivos dessa inovação, não importam os seus motivos. Não queremos negar que a inclusão na educação foi deflagrada pelos diretamente interessados na promoção e garantia dos direitos à participação plena e igualdade de oportunidades para pessoas com deficiência, mas não somente essas pessoas têm seus direitos negados ou esquecidos, dentro ou fora das escolas. A inclusão escolar de pessoas com deficiência é compreendida como parte de um contexto mais amplo de reivindicações sociais, que englobam a exclusão de todos as minorias. Nas escolas, a educação para todos constitui esse contexto, que uma vez apto a oferecer um ensino de qualidade para todos os seus alunos englobará também os deficientes. A maneira pela qual devemos avaliar as necessidades e buscar respostas educativas para solucionar problemas de desempenho escolar dos alunos e de aperfeiçoamento da formação dos profissionais de educação é mais do que uma revisão dos limites que separam as modalidades regular e especial de ensino escolar. Envolve novos valores e atitudes pessoais e profissionais, que se chocam com a cultura tradicional das escolas, inclusive com a nossa maneira de conceber as pessoas excluídas. Quando um sistema de ensino regular não está em condições de atender às necessidades de todos os seus alunos não pode se propor, ingenuamente, a incluir os excluídos, pois estes são exatamente os alunos que ela não dá ou não deu conta de educar! A inclusão na educação é um desafio que não atinge somente as escolas, porque a escola é parte da comunidade e tem sua vida afetada pelos avanços e limites de ordem física, intelectual, cultural, social do meio em que se insere. A garantia do direito da educação em escolas que não excluem as pessoas Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br sob nenhum pretexto é um sinal de desenvolvimento comunitário e de elevação de seus valores e atitudes, princípios e ideais. Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br Questões – 1 (2019 / MetroCapital Soluções / Prefeitura de Laranjal Paulista - SP / Professor I) De acordo com Mantoan, a exclusão escolar ocorre das mais diversas maneiras, sendo a ignorância do aluno um dos pontos primordiais. Para essa autora, isso: A) resulta na melhoria das estruturas de acessibilidades físicas, materiais, financeiras e tecnológicas das escolas. B) reflete a sociedade latino-americana como um todo, que tem a exclusão como uma de suas características. C) dificulta o processo evolutivo sugerido por Darwin. D) ocorre por falta de punição dos agressores. E) ocorre porque a escola se democratizou, abrindo-se a novos grupos, mas ainda não a novos conhecimentos. Questões – 2 (2019 / VUNESP / Prefeitura de Cerquilho - SP / Professor de Educação Básica) Para a inclusão de todas as crianças, são necessárias mudanças na organização escolar e na formação de professores e a remoção de barreiras atitudinais. Nesse sentido, conforme Mantoan (2001), é preciso A) adaptar o currículo e ajudar os alunos deficientes durante a realização de suas avaliações. B) desenvolver um ensino individualizado para os alunos com deficits intelectuais. C) facilitar as atividades a alguns alunos, prevendo as dificuldades que possam encontrar para realizá- las. D) garantir tempo para que todos os alunos aprendam e reprovar a ideia de repetência. E) segmentar os atendimentos dentro da escola, criando salas de reforço escolar. Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br Questões – 3 (2019 / MetroCapital Soluções / Prefeitura de Laranjal Paulista – SP / Professor I) Segundo o entendimento de Mantoan, a escola no Brasil está profundamente marcada pela evasão escolar e pelo fracasso. Sobre tal fracasso, a autora afirma que: I – continua sendo do aluno, já que a escola resiste em admiti-lo como seu e lhe atribui má qualidades que são do próprio ensino por ela ministrado. II – gera crises familiares em razão da pouca cultura adquirida no ambiente escolar. III – é fruto da baixa capacidade dos docentes. A) Apenas o item I é verdadeiro. B) Apenas o item II é verdadeiro. C) Apenas o item III é verdadeiro. D) Apenas os itens I e III são verdadeiros. E) Apenas os itens II e III são verdadeiros. Questões – 4 (2019 / MetroCapital Soluções / Prefeitura de Nova Odessa - SP / Professor de Educação Básica) De acordo com os postulados de Mantoan, a exclusão escolar ocorre das mais diversas maneiras, sendo a ignorância do aluno um dos pontos primordiais. Para essa autora, isso: I - representa a decadência do modelo educacional moderno. II - ocorre devido à condição social da família dos alunos. III - ocorre em razão das políticas públicas de cunho sociais existentes no Brasil. IV - ocorre em decorrência do neoliberalismo adotado pelo Estado brasileiro nos últimos 20 anos. A) Apenas o item I é verdadeiro. B) Apenas o item II é verdadeiro. C) Apenas o item III é verdadeiro. D) Apenas os itens II e IV são verdadeiros. E) Nenhum dos itens é verdadeiro. Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br Questões – 5 (VUNESP / Prefeitura de Poá - SP / Professor Adjunto de Educação Básica I) Segundo Mantoan, os termos integração e inclusão, embora tenham significados semelhantes, são empregados para expressar situações de inserção diferentes. Inclusão significaA) o uso de material especial para os alunos com dificuldade. B) a divisão da sala entre os alunos, para atender melhor os que apresentam dificuldade. C) a avaliação específica para os alunos de inclusão. D) o planejamento do currículo, com atividades especiais, para os alunos com deficiência. E) a frequência de todos os alunos, sem exceção, às salas de aula do ensino regular. Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/ www.japasseieducacao.com.br Questão 01 E Questão 02 D Questão 03 A Questão 04 E Questão 05 E Laiane Micaelle Rodrigues - laiane.m.r@gmail.com - CPF: 435.163.548-79 http://www.japasseieducacao.com.br/