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Clínica de Pequenos Animais SNC SNP Encéfalo Medula Espinhal Cerebelo Cérebro Tronco encefálico Telencéfalo Diencéfalo Mesencéfalo Ponte Bulbo Nervos Gânglios Terminações nervosas Espinhais Cranianos (Nelson & Couto, 2015) (Nelson & Couto, 2015) Exame neurológico em cães e gatos Denise Ramos Pacheco Primeiros passos: Resenha (raça, idade e sexo do animal) Anamnese (histórico)* Exame físico Exame neurológico minucioso Exames complementares Exame Neurológico Análise do LCR (líquor)** Laboratoriais (hemograma, bioq, urinálise) Biópsia Imagem (RX, Mielografia, TC e RM) **LCR: líquido cefalorraquidiano TC: tomografia computadorizada RM: ressonância magnética O exame neurológico: sequência 1) Existe disfunção do SN? 2) Localização e extensão? 3) Diagnóstico e prognóstico? Determinar: processo agudo x crônico; progressivo x não progressivo *anamnese neurológica: início e evolução da lesão; nível de consciência; antecedentes mórbidos/convulsões; ambiente onde vive e contactantes; manejo/tratamento anterior; avaliação dos nervos cranianos. Avaliação dos nervos cranianos: dificuldade em encontrar alimento pelo olfato? Está enxergando? Tromba em objetos pela casa ou em locais estranhos? Alteração na simetria da face? Orelha caída? Sialorreia? Dificuldade em apreender o alimento? Mastigação? Mudanças no latido? Miado? Avaliação da locomoção: Existe incoordenação? Quedas durante a alimentação? Corrida? Andar em círculos? Cabeça apoiada na parede ou no chão? *head pressing Movimentos anormais da cabeça? *head tilt; opistótono Sinais de paresia ou paralisia? Dor cervical (relutância em subir escadas ou no sofá/cama, ou em inclinar a cabeça sobre o comedouro/bebedouro)? (Google Imagens) (Nelson & Couto, 2015) Denise Ramos Pacheco Etapas do exame neurológico Estado mental e comportamento Postura Avalia a interação do animal com o ambiente. O nível de consciência é classificado em: a) Alerta/vigília: acordado e consciente; b) Depressão: levemente indiferente ao meio; c) Obnubilação: sonolência, acorda com estímulo sonoro; c) Estupor: acorda com estímulo doloroso (resposta positiva à estímulos nociceptivos); d) Coma: animal não acorda, nem mesmo com estímulo doloroso. Comportamento: agressividade, andar compulsivo, vocalização, delírio e head pressing (pressionar a cabeça contra obstáculos). Deve ser avaliada considerando o posicionamento da cabeça, tronco e membros durante o repouso, sendo classificada como normal ou inadequada. Animal em postura correta. (Nelson & Couto, 2015) "Head tilt" (rotação do plano mediano da cabeça devido a desordem vestibular central ou periférica, normalmente ipsilateral à lesão; doenças cervicais ou alterações cerebelares). (N elso n & C o u to , 2 0 15 ) "Head turn" com pleurotótono (olhar para o flanco, rotação do corpo). Geralmente indica lesão prosencefálica ipsilateral. (M a teria l d a a u la ) (N elso n & C o u to , 2 0 15 ) A: Rigidez de descerebração (extensão 4 membros, opistótono e estupor ou coma). B: Rigidez de descerebelação (extensão membros torácicos, flexão de pélvicos e opistótono, alerta). (N elso n & C o u to , 2 0 15 ) Postura de Schiff-Sherrington: extensão rígida de membros torácicos, propriocepção e função motora normal, e flacidez de membros pélvicos com diminuição da função motora. Geralmente por lesão grave e aguda da medula toracolombar. Denise Ramos Pacheco Marcha e locomoção Deve ser avaliada em área ampla e não escorregadia. Para que haja uma marcha normal é necessário que o córtex cerebral, tronco encefálico (sistema vestibular), o cerebelo, a medula espinhal, os nervos periféricos, a junção neuromuscular e os músculos tenham suas funções íntegras². (N elso n & C o u to , 2 0 15 ) Ampla base de sustentação, abdução excessiva do membro (indicando ataxia - perda da coordenação motora). Ataxia cerebelar: hipermetria e tremores de intenção; "dismetrias". Ataxia sensorial (proprioceptiva): lesão na medula espinhal; andar incoordenado por déficit na propriocepção. Ataxia vestibular: alterações vestibulares; quedas, inclinação de cabeça e andar em círculos. Paralisia (plegia): ausência total de movimentação (função motora) voluntária. Paresia: diminuição (perda incompleta) da movimentação voluntária dos membros. Quedas, tropeços, locomoção rígida. Tetraparesia/paralisia: alteração na função motora dos quatro membros. Paraparesia/plegia: alteração na função motora dos membros pélvicos. Monoparesia/plegia: alteração na função motora de um membro. Hemiparesia: alteração na função motora dos membros de um lado do corpo. Paresia ambulatorial: animal com paresia mas ainda capaz de deambular. Paresia não ambulatorial: animal com paresia sem capacidade de deambular. Hipermetria: movimentos exagerados dos membros (semelhante à "subir um degrau"). (N elso n & C o u to , 2 0 15 ) Claudicação: deve ser diferenciada de lesões ortopédicas ou compressão de raíz nervosa. Identificar o(s) membro(s) acometido(s). Andar em círculos: alteração comportamental associada a lesões prosencefálicas ou no sistema vestibular. Geralmente, o círculo é realizado ipsilateralmente à lesão. Tremores involuntários Tremores (de ação, repouso e de intenção) Miotonias Desordens de movimento (discinesias, distonias, coreia, balismo, atetose) Mioclonia Catalepsia Crises epilépticas “Head bobbing” Movimentos involuntários que possuem etiologias distintas mas são muito parecidos na apresentação inicial. Denise Ramos Pacheco Reações posturais O posicionamento proprioceptivo (propriocepção) e o saltitamento são os dois testes posturais realizados na rotina. Propriocepção (posicionamento) é avaliada pela colocação da superfície dorsal da pata do animal no chão enquanto o peso do animal é sustentado. A resposta normal é o retorno imediato à posição normal. Deve ser realizado nos membros torácicos e pélvicos.(N el so n & C o u to , 2 0 15 ) Avalia a capacidade do sistema Aferente em reconhecer a posição alterada de um membro, e a capacidade do sistema Eferente de retornar a posição normal. O normal é o retorno à posição normal em 1-3 segundos. Deve-se fletir (dobrar) a extremidade dos 4 membros. (N el so n & C o u to , 2 0 15 ) B, Saltitamento de membros torácicos (animal suportado pelo abdome e um dos membros torácicos é levantado do chão; inclinado e deslocado lateralmente em direção ao membro que está sendo avaliado; a resposta normal é elevar e reposicionar rapidamente o membro abaixo de seu corpo assim que ele se move lateralmente). C, Saltitamento de membros pélvicos (animal suportado pelo peito e um dos membros pélvicos é elevado; inclinado e deslocado lateralmente em direção ao membro que está sendo avaliado; a resposta normal é elevar e reposicionar rapidamente o membro abaixo de seu corpo assim que ele se move lateralmente). D, Carrinho de mão (animal suportado pelo abdome e movido para frente; a cabeça pode ser elevada para evitar captação visual e acentuar anormalidades proprioceptivas). E, Hemicaminhada (membros torácicos e pélvicos de um lado são elevados, e os movimentos de caminhada para frente e para o lado são avaliados). Outros testes: Aprumo vestibular: pode ser feito vendado ou não vendado. Segura o animal com a cabeça inclinada em direção ao chão ou a uma superfície, e o aproxima dessa superfície para avaliar sua reação. A resposta normal é o animal estender os dois membros torácicos em direção ao chão, como uma forma de "proteção" à queda. Colocação tátil (proprioceptivo) e visual: para o teste visual, desvendar o animal. Deve-se erguer o animal pelo abdômen, vendá-lo e ir com ele em direção à mesa. O normal, quando está chegando próximo à mesa (ou superfície), é o animal esticar os dois braços para tocar a mesa e atingir a superfície de apoio. Pode acontecer de o animal ficar com os membros imóveis, sem realizar esse movimento de colocá-los em cima da mesa automaticamente, indicando alguma alteração. Propulsão extensora: ao segurar o animal pelas "axilas"e erguê-los, a resposta normal é estender os membros pélvicos e dar pequenos passos para trás. Denise Ramos Pacheco Avaliação dos membros pélvicos: - Reflexo de retirada: avalia a integridade do segmento espinhal L4-S3 e raízes nervosas associadas, além dos nervos ciático (lateral) e femoral (medial). Deve-se pressionar o interdígito, gerando flexão de quadril e jarrete. A presença de extensor cruzado (flexão do membro testado e extensão do membro contralateral) pode indicar lesão cranial ao segmento espinhal L4. - Reflexo patelar: avalia a integridade dos segmentos espinhais L4-L6 e do nervo femoral. O membro testado deve ser mantido relaxado em flexão parcial, para aplicar um golpe suave no tendão patelar usando um martelo de Taylor. Classificado em: 0 = arreflexia; +2 = normorreflexia; +4 = hiperreflexia com clônus; de acordo com a resposta ao estímulo. Obs: também testar o membro que se encontra em decúbito, em que se espera a extensão do membro devido à contração reflexa do músculo quadríceps femoral. Respostas diminuídas ou ausentes, geralmente, indicam lesão no segmento espinhal L4-L6 ou no nervo femoral. Animais idosos, com hipotrofia e contratura grave do quadríceps femoral, podem apresentar esse reflexo diminuído, mesmo que não haja lesão nesse segmento espinhal. Reflexos aumentados podem ser observados em lesão cranial a L4, e em alguns casos específicos em que se tem lesão no segmento L6-S1 e diminuição do tônus da musculatura, que contrapõe a extensão do joelho, ocasionando pseudohiperreflexia. - Tibial cranial; - Ciático: animal em decúbito lateral, palpar o espaço formado pelo trocânter maior do fêmur e a tuberosidade isquiática. Usando a extremidade cônica do plexímetro para percutir, ocorre flexão do jarrete; a resposta normal requer o nervo ciático, segmentos espinhais L6-S1 e o nervo peroneal (ramo do nervo ciático) intactos. Se houver lesão nesses componentes o reflexo estará diminuído, e normal a aumentado com lesões em NMS cranial a L6. - Gastrocnêmio. Reflexos miotáticos/segmentares/espinhais e tônus muscular Auxiliam na classificação dos sinais neurológicos como provenientes de lesão de NMS* ou NMI* e é considerada como uma continuação da avaliação das reações posturais. De um modo geral, em lesão de NMS os reflexos e o tônus encontram-se normais a aumentados, enquanto em lesão de NMI, há diminuição ou ausência de reflexos e tônus. *NMS: neurônio motor superior *NMI: neurônio motor inferior Avaliação dos membros torácicos: - Reflexo de retirada: avalia a integridade do segmento espinhal C6-T2 e raízes nervosas associadas, além dos nervos que compõem o plexo braquial (axilar, musculocutâneo, mediano, ulnar e radial). Com o animal em decúbito lateral, o deve-se pinçar o interdígito com o dedo ou uma pinça hemostática, realizando pressão suficiente para provocar o reflexo. O estímulo gera uma flexão completa dos músculos flexores e retirada do membro. - Extensor radial do carpo (reflexo miostático carporradial); - Bíceps (reflexo miostático biceptal); - Tríceps (reflexo miostático triceptal). (N el so n & C o u to , 2 0 15 ) (N el so n & C o u to , 2 0 15 ) (N el so n & C o u to , 2 0 15 ) Reflexo patelar. A e B: Reflexo de retirada do membro pélvico. C: Reflexo ciático: a percussão do nervo ciático no espaço entre o trocânter maior do fêmur e a tuberosidade isquiática resulta na flexão do membro. Reflexo de retirada do membro torácic.: Denise Ramos Pacheco Reflexo Extensor Cruzado: quando os reflexos de retirada (flexores) são estimulados em um animal em decúbito lateral, uma extensão reflexa do membro oposto ao que está sendo estimulado é chamada de reflexo extensor cruzado. A presença desse reflexo em um animal paralisado ou em um animal que não está tentando se levantar sugere a existência de uma lesão em NMS para o membro que está sendo avaliado. Reflexo perineal: a estimulação do períneo com uma pinça hemostática resulta em contração do esfíncter anal e flexão da cauda. Esse reflexo testa a integridade do nervo pudendo e segmentos espinhais S1- S3 e cauda equina. (N el so n & C o u to , 2 0 15 ) Reflexo perineal. Reflexo cutâneo do tronco. A e B, pinçar a pele dorsal com pinça hemostática imediatamente lateral à coluna vertebral. Se a medula espinal não estiver lesionada entre o local da estimulação e os segmentos espinais C8-T1, ocorrerá uma contração bilateral do músculo cutâneo do tronco. Este reflexo pode estar ausente caudalmente a uma lesão grave da medula espinal. C, Os nervos espinais sensoriais dirigem-se caudalmente, portanto os dermátomos para sensibilidade cutânea laterais à coluna vertebral estão caudais aos seus respectivos corpos vertebrais. Uma lesão espinal no ponto a irá, portanto, resultar em uma perda da resposta do panículo caudalmente ao ponto b. Reflexo Cutâneo do Tronco (Panículo): o pinçamento da pele do dorso causa uma contração reflexa bilateral dos músculos cutâneos do tronco, produzindo uma contração da pele que se sobrepõe. Este reflexo pode ser muito útil na avaliação de pacientes com lesão grave de medula espinhal localizada na região T3-L3. O reflexo cutâneo do tronco pode estar comprometido unilateralmente quando há lesão ipsilateral do plexo braquial ou dos segmentos espinhais C8-T1, raízes nervosas ventrais ou nervos espinhais. Material apresentado na aula. Denise Ramos Pacheco 12 pares de nervos que possuem seus núcleos no prosencéfalo (I e II) e tronco encefálico (III e IV – Mesencéfalo, V- Ponte, VI, VII, VIII, IX, X, XI e XII – Bulbo). A avaliação pode ser realizada seguindo a sequência dos nervos cranianos de I a XII ou por regiões. Material apresentado na aula. Material apresentado na aula. (Nelson & Couto, 2015) (Nelson & Couto, 2015) Avaliação de nervos cranianos I - Olfatório II - Óptico III - Oculomotor IV - Troclear V - Trigêmio VI - Abducente VII - Facial VIII - Vestibulococlear IX - Glossofaríngeo X - Vago XI - Acessório XII - Hipoglosso Material apresentado na aula. I - Nervo Olfatório Deve-se vendar o animal e oferecer algum alimento com cheiro agradável, e observar se o animal se interessa (se o olfato está adequado). Não usar produtos irritativos como éter ou álcool, pois irritam mucosa e estimulam outras vias de inervação. Material apresentado na aula. II - Nervo óptico Resposta à ameaça: cobre um dos olhos do animal e avança a mão de maneira ameaçadora em direção ao olho oposto, tomando cuidado para evitar tocar as pálpebras ou o bigode, ou gerar corrente de ar que poderia estimular a córnea, que é inervada pela porção sensorial do nervo trigêmeo (NC5). É uma resposta aprendida e não estará presente até 10 a 12 semanas de vida nos filhotes de cães e gatos. Teste da via visual: a visão pode ser avaliada pela observação da resposta do animal frente ao ambiente, pela realização de movimentos súbitos e soltando-se bolinhas de algodão para ver se o animal acompanha os movimentos. Pode ser necessária a criação de um labirinto com objetos para avaliar a visão em cada olho. Reflexo pupilar: em ambiente escuro, avalia-se a resposta de contração da pupila que recebeu a luz (reflexo pupilar direto) e da pupila contralateral (reflexo pupilar consensual). A contração (miose) é por função parassimpática e a dilatação (midríase) por função simpática. O nervo óptico é responsável pela função sensitiva (recebe o estímulo luminoso) e o oculomotor é responsável pela função motora de constrição pupilar. Esse reflexo não testa a visão do animal. Denise Ramos Pacheco Material apresentado na aula. O estrabismo é um posicionamento anormal do globo ocular. O posicionamento normal dos globos oculares é dependente da inervação da musculatura periorbital, pelos nervos cranianos III, IV e VI e de uma função normal do sistema vestibular. Para avaliação dos globos oculares, o avaliador deve posicionar-se de frente para o animal e observar qualquer desvio patológico e/ou posicional, após elevação e extensão do pescoço. Estrabismo patológico lateral é decorrente de umalesão do nervo oculomotor (III), enquanto que o medial ocorre devido à lesão do nervo abducente (VI) o de rotação do globo ocular por causa da lesão do nervo troclear (IV) e o posicional ventral é consequência de lesão do nervo vestibulococlear (VIII). Portanto, disfunção do nervo oculomotor (III) pode resultar em estrabismo ventrolateral e inabilidade em rotacionar o olho dorsal, ventral ou medialmente e lesões no nervo troclear (IV) causam rotação dorsolateral do olho. III e IV - Nervo oculomotor e troclear Material apresentado na aula. Midríase: influência do SN simpático (medo, excitação); perda da inervação parassimpática no globo ocular (gerando anisocoria - midríase no olho afetado e miose no contralateral); coma, hipóxia cerebral, TCE grave, edema intracraniano, descolamento de retina. Miose: estímulo parassimpático (ex: intoxicação por organofosforado); perda da inervação simpática (anisocoria - síndrome de Horner). Material apresentado na aula. (N el so n & C o u to , 2 0 15 ) Estrabismo ventrolateral. Estrabismo ventrolateral: lesão no nervo oculomotor (III). Rotação ocular dorsolateral: lesão no nervo troclear (IV). Estrabismo medial: lesão no nervo abduscente (VI). (N el so n & C o u to , 2 0 15 ) Denise Ramos Pacheco Material apresentado na aula. O nervo trigêmeo supre inervação sensorial para a pele da face, córnea, mucosa do septo nasal, membranas mucosas da nasofaringe, e dentes e gengivas das arcadas superior e inferior, e promove função motora aos músculos da mastigação. A função motora é testada pela avaliação dos reflexos palpebrais (sensorial NC5 - trigêmio, motor NC7 - facial), sensibilidade na pele da face, e resposta à estimulação da mucosa do septo nasal. A função motora é testada pela avaliação dos músculos mastigatórios quanto à hipotrofia e avaliando-se a resistência mandibular quando a boca é aberta. Paralisia motora bilateral de trigêmeo resulta em mandíbula caída e incapacidade de fechar a boca. A perda da sensibilidade corneana em cães com paralisia de trigêmeo pode diminuir a liberação reflexa de lágrimas e fatores tróficos, levando a ceratites (ceratite neurotrófica) e ulceração de córnea em alguns cães. É importante observar, também, qualquer assimetria facial (entre as faces direita e esquerda). V - Nervo trigêmio (N el so n & C o u to , 2 0 15 ) A distribuição sensorial do nervo trigêmeo (NC5) pode ser avaliada pelo pinçamento da pele da maxila (A) e pela estimulação da mucosa do septo nasal (B) com uma pinça hemostática. Material apresentado na aula. Lesões no nervo abducente causam estrabismo medial e inabilidade para olhar lateralmente. VI - Nervo abduscente Material apresentado na aula. Material apresentado na aula. Promove inervação motora para os músculos da face e inervação sensorial para os dois terços rostrais da língua (para paladar) e palato. Fibras parassimpáticas inervam as glândulas lacrimais e as glândulas salivares mandibular e sublingual. A função motora é testada pela observação da face quanto a simetria e movimentos espontâneos de piscar e da orelha, assim como pelo reflexo palpebral, resposta à ameaça e habilidade em contrair a face em resposta ao pinçamento (sensorial NC5, motor NC7). Como o nervo facial atravessa a orelha média antes de ser distribuído aos músculos da face, lesões na orelha média podem causar disfunção de nervo facial. VII - Nervo facial M a te ri a l a p re se n ta d o n a a u la . Denise Ramos Pacheco Material apresentado na aula. Audição: fazer movimentos no ar, bater palma, estralar dedos, movimentar chaves, de forma a testar a reação/função auditiva do animal. Vestibular: avaliação de alterações de aprumo vestibular, postura da cabeça e locomoção do animal. Lesões no nervo VIII pode acarretar em surdez, inclinação da cabeça ("head tilt"), quedas do lado da lesão e andar em círculos. Pode ocorrer também estrabismo posicional (evidente durante a extensão da cabeça e pescoço) e nistagmo espontâneo (o qual pode indicar lesão vestibular central - bulbar, lesão na porção vestibular do NC8 ou lesão no cerebelo). Avaliação do nistagmo fisiológico: movimentar a cabeça do animal para ambos os lados na direção horizontal, a resposta esperada é um movimento rítmico e involuntário dos olhos (nistagmo fisiológico) que, geralmente, apresenta uma fase lenta na direção oposta à rotação da cabeça e fase rápida na mesma direção (o olhar fixo de ambos os olhos deve dirigir-se lentamente para a esquerda antes de se mover rapidamente para a direita para retomar uma posição central). Nistagmo patológico: quando há nistagmo na ausência de movimentação da cabeça. Nistagmo posicional: segurar a cabeça do animal em cada posição lateral. A cabeça e o pescoço devem então ser estendidos e mantidos nessa posição enquanto os olhos são avaliados para identificar estrabismo ventral e desenvolvimento de nistagmo. Na maioria dos animais com lesões vestibulares centrais ou periféricas graves ou agudas, um nistagmo em repouso (espontâneo) é detectado. O nistagmo posicional ocorre, em distúrbios vestibulares menos graves ou compensados, quando é possível observar pequenos movimentos de nistagmo quando a cabeça do animal for mantida em certa posição. É mais provável que o nistagmo posicional se torne evidente quando o animal for repentinamente posicionado em decúbito dorsal com a cabeça e pescoço estendidos. A direção do nistagmo é definida de acordo com a direção da fase rápida dos movimentos oculares (nistagmo vertical, horizontal ou rotatório). VIII - Nervo vestibulococlear Material apresentado na aula. Material apresentado na aula. (Nelson & Couto, 2015) Denise Ramos Pacheco Para avaliação dos nervos cranianos IX e X realiza-se o reflexo de deglutição ou ânsia, aplicando uma pressão externa nos ossos hioides e na cartilagem tireóide, para gerar a deglutição ou, estimula-se diretamente a faringe, com um dos dedos, para provocar o reflexo de ânsia. Lesões nesses pares de nervos cranianos podem resultar em disfagia, paralisia de laringe, disfonia e regurgitação. Pode-se também observar o animal comendo e bebendo. A porção parassimpática de NC10 pode ser testada pela mensuração da bradicardia reflexa que normalmente ocorre quando se faz pressão digital em ambos os olhos (reflexo oculocardíaco). IX e X - Nervo glossofaríngeo e vago Material apresentado na aula. Funções: glossofaríngeo (inervação motora faringe e palato, e sensorial ao terço caudal da língua e faringe) -> paladar e deglutição; vago (inervação motora e sensorial à laringe, faringe e esôfago e sensorial à vísceras torácicas e abdominais - inervação vagal) -> reflexo de vômito. Avaliação: compressão da faringe e avaliação do movimento de deglutição. Alterações: redução do tônus faríngeo, disfagia, regurgitação, ausência do reflexo de vômito, voz alterada, respiração estertorosa, dispneia inspiratória (paralisia faríngea) e megaesôfago. XI e XII - Nervo acessório e hipoglosso Material apresentado na aula. Funções: hipoglosso fornece inervação motora para os músculos da língua e o acessório fornece inervação à musculatura do pescoço. Avaliação: observação do tônus da língua (inspeção buscando hipotrofia ou assimetria), durante o ato de comer, beber ou lamber alimento pastoso colocado no focinho. Observação de hipotrofia/atrofia da musculatura do trapézio (pescoço). Lesões isoladas do nervo craniano acessório são raras. (N el so n & C o u to , 2 0 15 ) Funções dos nervos cranianos. Avaliação dos nervos cranianos de acordo com os testes realizados durante o exame neurológico. Ca d er n o s T éc n ic o s d e V et er in á ri a e Z o o te cn ia , n º 6 9 - a g o st o d e 2 0 13 . Denise Ramos Pacheco Avaliação sensorial Avaliação da nocicepção: para avaliação de dor superficial, pinçar as membranas interdigitais dos membros pélvicos e torácicos. Se a dor superficial estiver diminuída, realiza-se avaliação da dor profunda em que, com uma pinça hemostática, aplica-se uma pressãonas falanges distais (compressão do periósteo). É importante avaliar a reação consciente do animal, e não apenas a retirada do membro, uma mudança comportamental como virar a cabeça, vocalização ou tentativa de morder. O pescoço deve ser suavemente manipulado em flexão dorsal, lateral e ventral e devem ser avaliadas a resistência ao movimento ou dor. Palpação da coluna: detectar áreas dolorosas (hiperestesia) ou com restrição de movimento na região da coluna vertebral ou plexos. Deve-se realizá-la como última etapa do exame neurológico para diminuir o estresse durante a avaliação. A palpação da coluna lombar e torácica consiste de aplicações crescentes de pressão (discreta, moderada, intensa) lateralmente aos processos espinhosos em uma seqüência crânio-caudal ou caudo-cranial, com o animal em estação. A coluna cervical deve ser manipulada suavemente com movimentações laterais, ventral e dorsal. Outra técnica bastante sensível para detectar hiperestesia na coluna cervical é a realização de pressão nos corpos vertebrais cervicais enquanto efetiva-se o suporte do pescoço dorsal com a outra mão. Além disso, é importante palpar a região dos plexos braquial e lombossacro. (N el so n & C o u to , 2 0 15 ) Avaliação da dor profunda. A ausência da sensação de dor profunda indica lesão grave na medula espinal. (N el so n & C o u to , 2 0 15 ) (N el so n & C o u to , 2 0 15 ) M a te ri a l a p re se n ta d o n a a u la . Manipulação do pescoço através de uma amplitude de movimentos. Aplicação de pressão por meio de palpação profunda dos corpos vertebrais e dos músculos epaxiais espinais. Observação: animais com dor cervical mantêm a cabeça baixa com a cabeça e pescoço estendidos, e evitam virar o pescoço para olhar para o lado; para isso, viram o corpo como um todo. Animais com dor da coluna torácica ou lombar sustentam-se com as costas arqueadas. Animais com ossos, articulações ou músculos doloridos apresentam tipicamente um andar rígido, com passos curtos, e são relutantes ao movimento. Controle da micção. Inervação simpática: nervo hipogástrico; parassimpática: nervo pélvico; inervação somática: nervo pudendo. Trabalham juntos para armazenar urina e esvaziar bexiga. Controle da defecação. M a te ri a l a p re se n ta d o n a a u la . M a te ri a l a p re se n ta d o n a a u la . Denise Ramos Pacheco
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