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Processo Penal pdf

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.. 
Luiz Carlos Bivar Corrêa Júnior 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS 
I DIREITO 
t 
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f P R O C E S S U A L 
I
I 
i 
Alualizado com as reformas do CPP ILeis fi" 11.689/2008, 11,590/2008,11.71912008 e 11,900/2009) e as 
leis n~ 11.983/2009, 12.015/2009, 12.016/2009, 12.019/2009, 12.030/2009, 12,033/2009 e 12.037/2009 
5~ edição 
I Brasília 
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í 
Vestcon 
2009 
r
f 
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r 
© 2009 Vestcon Editora ltda. 
Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei n" 9.610, de 19/2/1998. 
Proibida a reprodução de qualquer parte deste livro, sem autorização prévia expressa por escrito do ~ 
autor e da editora, por quaisquer meios empregados, sejam eletrônicos, mecânicos, videográficos, I 
fonográficos, reprográficos, microfílmicos, fotográficos, gráficos ou outros. Essas proibições aplicam-se • 
também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas. 
lCorrêa Júnior, Luiz Carlos Blvar. 
Direito processual penal/Luiz Carlos Bivar Corrêa Júnior. - S. ed. - Brasília: Ed. Vestcon, 2009. 
456 p. ; 21 em. 
ISBN 978-85-381-0446-9 I 
1. Direito. 2. Processo Penal. I Título. 11. Autor. 
CDU 343.1 
DIRETORIA EXECUTIVA 
Norma Suely A. P. Pimentel 
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO 
Cláudia Alcântara Prego de Araújo 
SUPERVISÃO EDITORIAL 
Maria Neves 
SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO 
Julio Cesar Joveli 
EDITORAÇÃO elETRÔNICA 
Marcos Aurélio Pereira 
REVISÃO 
Ana Daniela Neves 
Andréa Olímpio de Abreu 
Dinalva Fernandes da Rocha 
Thais Schmidt Pereira 
CAPA 
Agnelo Pacheco 
Bertoni Design 
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~iP-~ !
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Vestcon 
SEPN 509 Ed. Contag 3° andar CEP 70750-502 Brasília/Df 
SAC: 0800600 4399 Te!.: (61) 3034 9576 Fax: (61) 33474399 
www.vestcon.com.br 
Publicado em 11/2009 
Atualizado até 10/2009 
(LCRI2) 
À mulher da minha vida, 
Karla Nicoletti, que, a cada dia, 
reinventa o amor: intenso, calmo, sereno, 
pueril, eterno. Desejo que cada página folheada do 
presente livro te faça lembrar deste que tanto a ama. 
www.vestcon.com.br
.. 
A Deus, criador do mundo, que dia 
após dia continua a me proteger e a me honrar. 
Aos meus pais, que permitiram com sua dedicação me tornar 
a pessoa que sou hoje, e aos meus irmãos, pelo incentivo. 
Aos meus alunos, 
aos quais desejo todo sucesso. 
"1 
i 
.. 
, . 
SUMÁRIO 
Apresentação 15 
Introdução 17 
Capítulo 1-Princípios Informadores do Processo Penal ...................................19 
Devido processo legal ou justo processo ........................................................19 
Publicidade dos atos processuais ....................................................................20 
Juiz natural ......................................................................................................21 
Motivação das decisões (fundamentação) ..................................................... 22 
Presunção de inocência, estado de inocência, tratamento de 
inocente ou presunção de não culpabilidade .............................. : ................. 22 
Iniciativa das partes ou princípio da inércia ...................................................23 
Princípio da correlação ...................................................................................23 
Verdade real ...................................................................................................23 
Favor rei ........................... : ............................................................................. 23 
Princípio da identidade física do juiz ............................................................... 24 
Duplo grau de jurisdição ................................................................................24 
Inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos (art. 5°, LVI, 
da CF/1988 e art. 157 do CPP, com redação determinada pela Lei nº 
11.690/2008) ..................................................................................................25 
Capítulo 2 - Aplicação da lei Processual Penal ..................................................29 
Aplicação da lei processual penal no tempo ...................................................29 
Aplicação da lei processual penal no espaço ..................................................31 
Aplicação da lei processual penal em relação a determinadas pessoas .........33 
,.<> 
Capítulo 3 -lnquêrlto?l!oli!;:léill(arts. 4° a 23 do CPP) ..........................................41 
Conceito ..........................................................................................................41 
. Finalidade ........................................................................................................42 
Características ................................................................................................42 
Notícia do crime (natitiu criminis) ..................................................................43 
Formas de instauração do inquérito policial ..................................................44 
Incomunicabilidade da prisão ........................................................................45 
" 
Prazo para conclusão do inquérito policial (art. 10 do CPP) ..........................46 
Identificação criminal (art. 5°, LVIII, da CF, e Lei nO 12.037/2009) .................46 
Diligências mais comuns em sede de inquérito (art. 6° do CPP) .................... .48 
Valor probatório do inquérito policial ............................................................49 
Vícios ..............................................................................................................50 
Relatório final 
Reflexos do novo Código Civil no inquérito policial ........................................53 
Artigos pertinentes ..........................................................................................53 
Capítulo 4 - Ação Penal (arts. 24 a 60 do CPP) ...................................................57 
O:mceit:o 
Classificação 
Princípios 
Representação 
Espécies 60 
Requisição ......................................................................................................63 
Diferenças e Semelhanças en~re a Denúncia e a Queixa ................................. 65 
Diferenças entre prescrição; decadência e perempção .................................66 
Diferenças e semelhanças entre a renúncia e o perdão ................................67 
entre a renúncia e o perdão .....................................................68 
Capítulo 5 - Prisão e Liberdade Provisória (arts. 282 a 350 do CPP) ..................73 
Prisão cautelar, provisória ou processual ........................................................74 
Prisões em espéCie 
Artigos pertinentes 
Disposições gerais sobre as prisões.................................................................74 
Prisão especial .................................................................................................76 
Liberdade provisória .......................................................................................86 
Capítulo 6 - Jurisdição e Competência (arts. 69 a 91 do CPP) 109 
Jurisdição ......................................................................................................109 
Princípios da jurisdição .................................................................................109 
Competência .................................................................................................110 
121 
Capítulo 7 - Das Provas (arts. 155 a 184 do CPP) .............................................127 
Disposições quanto às provas ............................................................127 
Ônus da prova ..............................................................................................128 
Sistemas de apreciação das provas ................... · .......................................... 128 
~Z~~ ...······· ..·.. ·.······· ..······ ..·..·..········ ..·········..··.·....·................................ 129 
CI'asslficaçãodas provas ...............................................................................130 
Provas em espécie .........................................................................................130 
Artigos pertinentes .......................................................................................140 
Capítulo 8 - Sistemas Processuais 155 
Inquisitivo ou inquisitório 155 
Acusatório ou acusatório puro 156 
Acusatório formal ou misto 156 
Capítulo 9 - Questões e Processos Incidentes (arts. 92 a 154 do CPP) ............ 157 
Conceito .......................................................................................................157 
Questões nrpiudidais ................................................................................... 157 
Processos incidentes 158 
Artigos pertinentes 167 
Capítulo 10 - Comunicação dos Atos Processuais 
(arts. 351 a 372 do CPP) .....................................................................................177 
Citação ..........................................................................................................177 
Intimação e notificação (arts. 370 a 372 do CPP) .........................................184 
Artigos pertinentes ....................................................................................... 185 
Capítulo 11- Sujeitos Processvais (arts. 251 a 281 do CPP) ............................189 
Conceito .......................................................................................................189 
Classificação ................................................................................................. 189 
Juiz 189 
Ministério Público 191 
194
Acusado 
Defensor 195 
196Curador 
Auxiliares da Justiça 
Artigos pertinentes 199 
Capítulo 12 - Dos Procedimentos (arts. 394 a 555 do CPP) ..............................203 
Introdução ....................................................................................................203 
Procedimentos ..............................................................................................204 
Artigos pertinentes (CPP) ..............................................................................220 
Artigos pertinentes (Lei n2 11.101/2005) ......................................................273 
Organização...................................................................................................278 
III 
111 
Considerações sobre a Segunda e Terceira Fases ..........................................286 
Artigos pertinentes (CPP) ..............................................................................292 
Capítulo 13 - Das Nulidades (arts. 563 a 573 do CPP) ......................................309 
Conceito .......................................................................................................309 
Princípios ......................................................................................................309 
Espécies de vícios .........................................................................................310 
Momento oportuno para arguição das nulidades ....................................... .313 
Principais súmulas do STF .............................................................................315 
Artigos pertinentes .......................................................................................315 
Capítulo 14 - Dos Recursos (arts. 574 a 667 do CPP) ........................................319 
Disposições gerais ........................................................................................319 
Pressupostos (ou requisitos) recursais .........................................................322 
Efeitos dos recursos .....................................................................................325 
Recursos em espécie ....................................................................................326 
Apelação........................................................................................................329 
Protesto por novo júri ...................................................................................332 
Embargos de declaração (arts. 382, 619 e !5 20 do CPP) ................................332 
Carta testemunhável .....................................................................................334 
Embargos infringentes ou de nulidades........................................................335 
Correição parcial ou reclamação ...................................................................337 
Agravos no processo penal ...........................................................................338 
Recúrso ordinário constitucional (arts. 102 e 105 da CF/1988) ....................339 
Revisão criminal ............................................................................................340 
Habeas corpus ou writ ..................................................................................342 
Mandado de segurança em matéria criminal (art. 52, LXIX, da CF/1998 
e lei n2 12.016/2009)....................................................................................350 
Artigos pertinentes .......................................................................................354 
Capítulo 15 - Exercícios de Fixação ...................................................................367 
Inquérito policial, ação penal e princípios informa dores 
do processo penal ........................................................................................367 
Prisões e competência .................................................................................387 
Provas, sistemas processuais, questões e processos incidentes ..................403 
Atos do juiz, das partes, dos auxiliares da justiça e comunicação 
dos atos processuais ....................................................................................413 
Procedimentos .............................................................................................424 
Das nulidades e dos recursos .......................................................................438 
Gabarito ........................................................................................................451 
Bibliografia .........................................................................................................455 
Exercícios retirados das seguintes provas 
Cespe/TJDFT/Analista Judiciário/2003 
Cespe/TJDFT/Técnico Judiciário/2003 
Cespe/STJ/Técnico Judiciário/2004 
Cespe/Polícia Federal/Papiloscopista/2004 
Cespe/Polícia Federal/Escrivão Policial/2004 
NCE/PCDF/Delegado de Polícia Civil do DF/2004 
NCE/PCDF/Agente Penitenciário da Polícia Civil do DF/2005 
NCE/PCDF/Agente de Polícia Civil do DF/2005 
Cespe/CLDF/Consultor Legislativo da Câmara Legislativa do DF/2006 
Cespe/Senado/Consultor Legislativo do Senado Federal/2002 
Cespe/Ceajur/SGA/Defensor Público do DF/200l 
Cespe/OAB-DF/2006 
Esaf/AFC/CGU/Analista de Finanças e Controle (Área Correição)/2006 
NCE/Delegado de Polícia Civil do Rio de Janeiro/2002 
NCE/Papiloscopista Policial do Rio de Janeiro/2002 
NCE/lnspetor de Polícia do Rio de Janeiro/200l 
Esaf/MPU/Analista Processual/2004 
Esaf/Procurador da Fazenda Nacional/2004 
Esaf/Procurador do Banco Central do Brasil/2002 
FESMPDFT/2006 
Cespe/Ceajur/SGA/Defensor Público do DF/2006 
Cespe/TSE/Analista Judiciário/2007 
FCC/MPU/Analista (Área Processual)/2007 
Cespe/CBMDF/Bacharel em Direito/2007 
Cespe/OAB-DF/2007 
Cespe/OAB-DF/2008 
Cespe/STJ/Analista Judiciário/Área Judiciária/2008 
Cespe/STF/Analista Judiciário/Área Judiciária/2008 
FGV!Senado Federal/Advogado/2008 
Funesp/Analista Judiciário-MT/2008 
Cespe/TJ-AL/Juiz de Direito Substituto/2008 
Cespe/PC-ES/Agente de Polícia Civil/2009 
Cespe/TRE-GO/Analista/Área Judiciária/2009 
Funesp/Analista Judiciário-MT/2008 
Cespe/TJ-AL/Juiz de Direito Substituto/2008 
Cespe/PC-ES/Agente de Polícia/2009 
Cespe/TRE-GO/ Analista/Área Judiciária/2009• • 
APRESENTAÇÃO 
Seguindo a tendência de mudança do processo penal, materializada por 
meio de pequenas reformas, a presente sofreu modificações e está atuali­
zada conforme as Leis nOS 11.689/2008, 11.690/2008, 11.719/2008 e 11.900/2009 
(reformas do CPP), bem como as Leis nOs 11.983/2009 (revoga a contraven 
de mendicância), 12.015/2009 (altera os crimes sexuais), 12.016/2009 (disclplma o 
mandado de segurança individual e coletivo), 12.019/2009 (prevê a possibilidade 
de o relator de ações penais de competência originária do Superior Tribunal de 
Justiça e do Supremo Tribunal Fed.er'al convocar desembargador ou juiz para a reali­
zação de interrogatório e outros atos de instrução), 12.033/2009 (altera a ação pe­
nai do crime de injúria que especifica) e 12.037/2009 (dispõe sobre a identificação 
criminal do civilmente identificado). 
Além disso, esta obra está ajustada às mais recentes orientações do Supremo 
Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça (inf0rmativos dos anos de 2008 e 
2009), contando, ainda, com novos exercícios de fixação. 
Com isso, espero sinceramente continuar auxiliando aqueles que, nos bancos 
acadêmicos, traçam sua caminhada pela ciência do bem como os que alme­
jam a tão sonhada vaga no serviço público. 
Doutor. 
'I 
INTRODUÇÃO 
DIREITO MATERIAL 
o Direito Material destina-se a traçar as regras de conduta dos indivíduos 
em sociedade, ou seja, dita os direitos e os deveres dos seres humanos no convívio 
social. Exemplo: o Direito Penal se preocupa em definir as infrações penais (tipificar 
condutas) e cominar (atribuir) a respectiva sanção. 
DIREITO PROCESSUAL 
o Direito Processual é a forma de operacionalização do Direito Material. 
Pode ser considerado um instrumento a serviço do Direito Material. Apesar disso, 
é ramo autônomo do Direito. De fato, de nada adiantaria existir o Direito Material 
sem o Direito Processual. Da mesma forma, o Direito Processual sem o Direito Ma­
terial cairia no vazio. 
CONCEITO DE PROCESSO PENAL 
Na clássica lição de Marques (1998, p. 32), o processo penal é 
o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do 
Direito Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a 
estruturação dos órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares. 
Na verdade, o Direito Processual Penal visa compor as lides de natureza pe­
nai, por meio da aplicação do Direito Penal objetivo. Modernamente, o processo 
penal possui uma atuação garantista, buscando resolver os conflitos de interesses 
entre o Estado-Administração e o infrator, estabelecendo-se uma sequência orde­
nada de atos que vão desde a formulação da acusação até o julgamento da lide. 
r 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PRod~sUAL PENAL f 
Trata-se de um instrumento em favor do acusado, que funciona como limita­
dor do poder estatal. Confere uma série de garantias ao acusado, como o contradi­
tório, a ampla defesa, o devido processo legal, o estado de inocência etc. De acordo 
com Fernando Capez (2005, p. 3): 
(...) na relação processual aplicam-se os chamados princípios constitucionais 
do processo, garantindo-se às partes direitos como o contraditório, a 
da de, o de ser julgado pelo juiz natural da causa, a ampla defesa (no caso do 
acusado) etc. 
Hoje, não basta que o processo justo; ele tem que parecer justo. 
CAPíTULO 1 
PRINCípIOS INFORMADORES 
DO PROCESSO PENAL 
DEVIDO PROCESSO LEGAL OU JUSTO PROCESSO 
Esse princípio tem sua origem na Inglaterra, por volta de 1215, com a Magna 
Carta. Éconhecido pela expressão due process of law. Inicialmente, aplicava-se ape­
nas à função legislativa do Estado (ou referia-se à forma correta, devida, de se 
elaborarem as leis), mas, com o tempo, passou a ser aplicado também à função exe­
cutiva e judiciária. No Brasil, está previsto no art. 5°, LlV, da Constituição Federal. 
entende-se como devido processo legal a forma devida, correta de se pra­
ticarem os atos processuais, de acordo com o estabelecido em lei. Subdivide-se em: 
1- Devido Processo Legal formal ou instrumental: refere-se à forma (técnica 
procedimental). Consiste em saber se os atos processuais estão sendo praticados 
conforme o procedimento previamente estabelecido em lei. 
11- Devido Processo Legal material ou substantivo (substantive due process of 
law). Trata-se de uma análise da razoabilidade e proporcionalidade do ato. Não basta 
saber se o ato obedeceu ao procedimento previsto em lei. Devemos, também, per­
guntar se a prática de tal ato é razoável ou proporcional, ou seja, se existe uma cor­
respondência entre o fim almejado pelo agente e os meios empregados para tanto. 
O devido processo legal é um dos princípios mais importantes dentro do 
processo penal. Alguns autores chegam a dizer que todos os demais princípios de­
correm dele. Trata-se de certo exagero, mas não podemos negar que, do devido 
processo legal, teríamos alguns subprincípios: 
1- Contraditório (art. 5°, LV, da Constituição Federal de 1988). Nada mais é 
do que uma condução dialética do processo (sempre que uma das partes se ma­
nifestar, a outra terá a oportunidade de rebater tais argumentos). O contraditório 
18 
I I I 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
poderia ser assim representado: tese + antítese =síntese, ou seja, tese de acusação 
+ tese da defesa = sentença do juiz. 
li-Igualdade entre as partes. Não basta dar a chance de ambas as partes se 
manifestarem. Exige-se, também, uma igualdade de forças. Assim, por igualdade 
entre as partes devemos entender igualdade e paridade de forças e oportunidades. 
É hoje corolário de um processo penal moderno e garantista. 
111 - Ampla defesa (art. 5°, LV, da Constituição Federal de 1988). É a pos­
sibilidade de o acusado utilizar todos os instrumentos que estejam ao seu alcan­
ce, desde que não constituam prova ilícita, a fim de provar a veracidade de suas 
alegações, podendo, inclusive, negar ou calar a verdade. A ampla defesa abrange: 
i) a autodefesa (possibilidade de o acusado contar a sua versão dos fatos. Éexercida 
por ocasião do seu interrogatório e abrange o direito de presença e o direito de au­
diência); e ii) a defesa técnica (exercida por um profissional legalmente habilitado). 
No Brasil a defesa técnica é obrigatória, inclusive nos Juizados Especiais Criminais. 
IV - Direito ao silêncio e à não autoincriminação. O acusado tem o direito 
constitucional de permanecer calado. Além disso, ninguém está obrigado a produ­
zir prova contra si mesmo. 
OBSERVAÇÕES 
··?'~)'Nal~in~9.~9~/1i;J9.6(i~tE!rCePtações telefÔlJic<Js},dj~-SE!quep contraqitóriQ é 
. c, ;;difefiçlóAã'quér~àíiz~do após a.cóleta "da prova.; , 
t:~~' ~.~',::,)~,.._' t ,.~.:::~:;~'::(:?:"~'~?:;;:'~.'+~:: ~1~-:~ \~:,\,L_,? . -': :' '.-..': :,>.: ".~' ~;_:::.,:".~'.; 
PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS 
Encontra-se prevista no art. 5', LX, da Constituição Federal. Assim, lia lei só 
poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade 
ou o interesse social o exigirem". 
Percebe-se, portanto, que, em regra, os atos processuais são públicos, po­
dendo ser assistidos por qualquer pessoa. Entretanto, existem casos em que essa 
publicidade poderá ser restringida. Exemplo: defesa da intimidade ou em razão do 
interesse social. É justamente o oposto do que ocorre no inquérito policial. Confor­
me veremos mais adiante, o inquérito, em regra, é sigiloso. 
Finalmente, a Lei nQ 12.015/2009 acrescentou o art. 234-B ao Código Penal, 
estabelecendo que os procesos por crimes definidos no seu Título VI (Crimes contra 
a dignidade sexual) correrão sob segredo de justiça, 
20 
CAPíTULO 1- PRINciPiaS INrORMADORES DO PROCESSO PENAL 
OBSERVAÇÃO 
JUIZ NATURAL 
Nos termos do art. 5°, LlII, da Constituição Federal de 1988, "ninguém será 
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente". Isso significa 
que o acusado, ao ser processado, já deve saber de antemão quem será a autorida­
de judicial competente para julgá-lo, ou seja, a competência já deveestar previa­
mente definida, conforme regras objetivas. Assim, proíbe-se, no Brasil, a existência 
de juízos ou tribunais de exceção (art. 5°, XXXVII, da Constituição Federal de 1988), 
isto é, aqueles criados com finalidade casuística, especificamente para julgar deter­
minado caso. 
Além do Princípio do Juiz Natural, a jurisprudência majoritária também admi­
te o Princípio do Promotor Natural. Assim, da mesma forma que ninguém será sen­
tenciado senão pela autoridade competente, ninguém será processado ou acusado 
senão pela autoridade competente. Além disso, proíbe-se a existência de órgãos 
de acusação de exceção. Existe uma corrente minoritária que nega a existência 
do promotor natural, por entender que ele seria incompatível com o princípio da 
indivisibilidade que rege o Ministério Público (o raciocínio seria que, tendo em vista 
que os membros do Ministério Púbico podem substituir uns aos outros, não teria 
sentido falar-se em órgão de acusação previamente fixado). 
Finalmente, cabe registrar que não existe o princípio do delegado natural. 
Nada impediria, portanto, que se designassem órgãos de investigação casuísticos, 
ou seja, especificamente criados para acompanhar aquele caso. Não há, assim, a 
exigência de o investigado conhecer, de antemão, a autoridade já previamente 
competente para investigá-lo. 
OBSERVAÇÃO 
21 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
MOTIVAÇÃO DAS DECISOES (FUNDAMENTAÇÃO) 
Exige que todas as decisões judiciais sejam motivadas. Tem a finalidade de 
aferir a imparcialidade do julgador, bem como a legalidade e a justiça de suas deci­
sões. Decorre do art. 93, IX, da Constituição Federal. 
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA, ESTADO DE INOCÊNCIA, TRATAMENTO DE INOCENTE OU 
PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE 
Nos termos do art. 5°, LVII, da Constituição "ninguém será considerado 
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". Significa dizer 
que, enquanto a sentença não se tornar definitiva (enquanto não houver o trânsito 
em julgado), ninguém poderá ser considerado culpado. Disso decorrem algumas 
conclusões: 
o ônus da prova incumbe a quem alega. Assim, se o Ministério Público 
um homicídio ao João, não será ele quem terá que provar que é inocente, 
mas sim o Ministério Público terá que provar ser ele culpado (existe uma presunção 
legal relativa de não culpabilidade); 
11- havendo dúvidas na valoração de uma prova, devemos adotar a interpre­
tação mais benéfica ao acusado. Além disso, temos também o princípio do in dubio 
pro reo, ou seja, havendo dúvidas quanto à inocência ou não do acusado, devemos 
absolvê-lo; 
111 - no curso da instrução, devemos dar um tratamento de inocente ao 
acusado, especialmente quando da análise dos requisitos para decretação de sua 
prisão provisória. 
Importante acrescentar apenas que, nos termos da Súmula nO 9 do STJ, a 
existência da prisão provisória não ofende o princípio da presunção de inocência. 
OBSERVAÇÃO 
22 
r 
~ .. 
CAPiTULO 1- PRINClplOS INFORMADORES DO PROCESSO PENAL 
INICIATIVA DAS PARTES OU PRINCípIO DA INÉRCIA 
Esse princípio é conhecido pela expressão ne procedat iudex ex officio. Isso 
significa que, em regra, o juiz não se manifesta sem ser provocado (a jurisdição é 
inerte). Existem algumas exceções: o juiz pode decretar a prisão preventiva de ofí­
cio, pode conceder a ordem de habeas corpus de ofício etc. 
PRINCípIO DA CORRELAÇÃO 
Segundo esse princípio, deve haver uma correlação entre aquilo que foi pe­
dido pelas partes (denúncia/queixa e peças de defesa) e o que será apreciado pelo 
juiz, de modo que ele não aprecie mais do que foi pedido (ultra petita), menos do 
que foi pedido (citra petita) ou algo diverso do que foi pedido (extra petita). Mais à 
frente, quando estudarmos a sentença, analisaremos os fenômenos da emendatio 
libelli e da mutatio libelli, que se referem a esse assunto. 
VERDADE REAL 
A doutrina mais tradicional costuma diferenciar o processo civil do processo 
penal, estabelecendo que, para o primeiro, aplicaríamos o princípio da verdade 
formal, ao passo que, para o processo penal, valeria o princípio da verdade real. 
Por verdade formal entende-se aquela produzida pelas partes (que não ne­
cessariamente corresponde a como os fatos realmente se passaram). No processo 
penal, entretanto, seria diferente. O juiz não deve se conformar meramente com a 
verdade produzida pelas partes, devendo, sim, buscar descobrir como os fatos se pas­
saram (materialidade, autoria etc.). Alguns autores criticam o termo "verdade real", 
pois defendem que nunca o magistrado teria certeza se o que foi provado realmente 
corresponde ou não à verdade dos fatos. Para eles, o melhor seria falar em verdade 
processual (aquilo que surge como verdade, considerando a realidade processual). 
É importante ressaltar que a doutrina mais moderna não faz a clássica dis­
tinção entre verdade real e verdade formal. Para ela, tanto no processo civil como 
no processo penal, o juiz deve buscar descobrir como os fatos se passaram. Isso 
significa que o princípio da verdade real se aplicaria a ambos. 
FAVOR REI 
Trata-se, em verdade, de mais uma regra de interpretação. Assim, havendo 
dúvidas na interpretação de uma norma, devemos sempre adotar aquela que for 
mais benéfica ao acusado, privilegiando-se o seu status libertatis. 
23 
li, 
" 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
PRINCípIO DA IDENTIDADE FíSICA DO JUIZ 
De acordo com esse princípio, o mesmo juiz que participou da coleta de pro­
vas (presidiu a instrução criminal) é que deve proferir sentença. Antes do advento 
da Lei nO 11.719, de 20 de junho de 2008, costumava-se dizer que tal princípio não 
se aplicava ao processo penal, salvo no Júri em que os mesmos jurados que presen­
ciavam o depoimento das testemunhas e participavam dos debates é que deveriam 
proferir o veredicto. Agora, entretanto, nos termos da nova redação do art. 399, 
§ 2°, do cpp ("o juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença"), determi­
nada pela referida lei, fica evidente que o processo penal, assim como o processo 
civil, adotam o princípio da identidade física do juiz. 
DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
Duplo grau de jurisdição é a possibilidade de revisão das decisões judiciais 
por um outro órgão jurisdicional. Questiona-se se ele seria obrigatório no Brasil, ou 
seja, se necessariamente todas as decisões, para ter eficácia, deveriam ser subme­
tidas a uma revisão. 
O Pacto de São José da Costa Rica (ou Convenção Americana de Direitos Hu­
manos), internalizado por nossa ordem jurídica por meio do Decreto n° 678/1992, 
estabelece que o acusado tem o direito de revisão das decisões que lhe sejam des­
favoráveis, o que dá a entender que o duplo grau seria obrigatório. 
O Supremo Tribunal Federal, entretanto, já se manifestou no sentido de que 
o duplo grau de jurisdição, no Brasil, não é obrigatório. Ele existiria, sim, nos casos 
em que a lei o estabelecer, nos termos do art. 5°, LV, da Constituição. Assim, no 
Brasil, o duplo grau não é de ordem constitucional, mas sim de ordem legal (uma 
vez que irá existir nos casos em que a lei previr). Exemplo: senadores, nos crimes co­
muns, são julgados e processados perante o Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, 
sendo a decisão desfavorável, não haverá outro grau recursal. Consequentemente, 
não há que se falar em duplo grau jurisdicional nessa hipótese. 
OBSERVAÇÃO 
24 
CAPíTULO 1- PRINCíPIOS INFORMADORES DO PROCESSO PENAL 
INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILíCITOS (ART. 5°, LVI, DA CF/l988 
EART. 157 DO CPP, COM REDAÇÃO DETERMINADA PELA LEI N° 11.690/2008) 
Doutrinariamente, apesar de divergências, distinguiam-se as provas ilegais 
das ilícitas, das ilegítimas e das irregulares. As provas ilegais seriam o gênero, po­
dendo ser três as espécies: 
a) provas ilícitas: são aquelas produzidas com violação do direito material. 
Exemplo: confissão obtida mediante tortura (viola a dignidade e a integridade da 
pessoa humana); 
b)provas ilegítimas: são aquelas produzidas com violação do direito proces­
sual. Exemplo: ordem judicial que autoriza a quebra do sigilo bancário de alguém 
sem a devida fundamentação (viola a regra prevista no art. 93, IX, da CF/1988, de 
que todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas); 
c) provas irregulares: terminologia criada por alguns autores (RANGEL, 2005) 
para se referirem àquelas provas que respeitam as normas de direito processual, 
porém são produzidas em desacordo com alguma formalidade legal. Exemplo: man­
dado de 'busca e apreensão expedido pelo juiz, para que se apreenda determinado 
bem específico, no qual ocorre a apreensão de outro bem qu.e nele não consta. 
Nesse caso, a coleta obedeceu ao direito processual (decorreu de ordem judicial 
devidamente fundamentada), contudo violou certas formalidades legais (apreen­
são de objeto que não constava do mandado). A maioria dos autores, entretanto, 
não menciona essa terceirÇl modalidade de prova ilegal, pois entendem que, nesse 
caso, poder-se-ia falar em prova ilícita (já que o segundo objeto foi apreendido sem 
a devida ordem judicial, violando as regras do direito material). 
Feita essa distinção, a Constituição, no inciso LVI do seu art. 5°, estabele­
ce que "são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos". Isso 
significa que não se admitem provas ilícitas dentro do processo, e não que serão 
necessariamente declarados nulos todos os processos em que se ache uma prova 
ilícita. Com a Lei n° 11.690/2008, o art. 157 do CPP é expresso ao determinar que 
"são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, as­
sim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais". Dessa 
forma, a doutrina majoritária (NUCCI, 2008) vem entendendo que as provas ilícitas 
passaram a ser o gênero, tendo como espécies as provas ilegais (aquelas que vio­
lam o direito material) e as provas ilegítimas (violam o direito processual). Tanto as 
provas ilegais quanto as ilegítimas podem violar normas constitucionais ou legais. 
Provas Ilícitas por Derivação ou Ilicitude por Derivação 
Questiona-se se uma prova ilícita contamina as outras que dela se origina­
rem? Atualmente, o STF adota a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (fruits 
25 
lO 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
of the poisonous tree), segundo a qual uma prova ilícita contamina todas as outras 
que dela se originarem. 
Assim, imagine uma confissão obtida mediante tortura (prova ilícita) na qual 
o agente, depois de torturado, delata os seus comparsas que, então, são presos 
pela polícia. Nesse caso, tais prisões deverão ser relaxadas, uma vez que somente 
foram possíveis graças à confissão obtida mediante tortura (a prisão será uma pro­
va ilícita derivada). 
Representação 
8 
o § lOdo art. 157 do Cpp estabelece que "são também inadmissíveis as pro­
vas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade en­
tre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte 
independente das primeiras". Entende-se por fonte independente aquela que por 
si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução 
criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova (art. 157 do § 20 do CPP). 
A parte final do § 10 significa que uma prova ilícita por derivação deixa de ser ilícita 
caso demonstrada a existência de outras provas lícitas que permitam a obtenção 
dessa primeira prova (critério da prova separada ou da fonte independente). Esse 
entendimento já era consagrado pela jurisprudência do STF, ficando agora expresso 
no texto legal. 
OBSERVAÇÕES 
26 
CAPíTULO 1- PRINCíPIOS INFORMADORES DO PROCESSO PENAL 
distinguir, ainda, os termos. interceptação telefônica, escuta .tele­
........ f~niça e gravação telefôl1;cêi. Na interc~ptaçãQ telefônica uma terceira pessoa 
,(s~mque nenhuma délSpa~ess.aiba) ~apta. ac()twersa. já na escuta telefônica, . 
..... ·.umterceiro (com oconhe-dmehiode uma das partes) capta tal conversa. 
27 
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CAPíTULO 2
f 
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
Neste capítulo, estudaremos a aplicação da lei processual penal no tempo, 
no espaço e em relação a determinadas pessoas (imunidades), fazendo a devida 
diferenciação da aplicação da lei penal. 
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO 
De acordo com o art. 2° do Código de Processo Penal: "A lei processual penal 
aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência 
da lei anterior". 
Como se pode perceber, no que se refere à lei processual penal, vale o Princípio 
da Aplicação Imediata, ou seja, pa ra ela vale a regra do tempus regit actum (o ato pro­
cessual será disciplinado pela lei que estava em vigor no dia em que ele foi praticado). 
Fica claro, assim, que a lei processual não retroage (os atos processuais praticados sob 
a vigência da lei anterior permanecem válidos), só alcançando os atos praticados a 
partir de sua entrada em vigor. No entanto, duas situações podem ocorrer: 
I os atos processuais praticados sob a vigência da lei anterior (atos anterio­
res, já consumados sob a égide da lei antiga) são válidos e devem ser preservados, 
não sendo alcançados pela nova lei processual penal (esta não retroage, nem para 
melhorar nem para piorar a situação do acusado); 
li-os atos ocorridos antes da entrada em vigor da nova lei processual penal, 
mas que ainda se encontram em desenvolvimento (processos que ainda estão em 
andamento quando surge a nova lei processual) serão atingidos por essa nova 
não importando se ela é mais benéfica ou gravosa para o acusado. Nesse caso, 
fala-se que haveria certa retroatividade da lei processual, já que ela está sendo 
aplicada a fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor, mas que ainda estão em 
desenvolvimento. 
RESUMOS ESQUEMATICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Nota-se, então, que a lei processual penal não segue a mesma regra da lei 
Esta, nos termos do art. 5°, inciso XL, da Constituição Federal, não retroage, 
salvo para beneficiar o acusado (para ela vale a regra da retroatividade mais bené­
Já a lei processual penal tem aplicação imediata, valendo no mesmo dia em 
que entrar em vigor. Para Fernando Capez (2005, p. 
[... ] a lei processual penal só alcança os atos praticados a partir de sua vigên­
cia (dali para frente). A retroatividade existe, no entanto, sob outro aspecto. 
As normas de natureza processual aplicam-se aos processos em andamento, 
ainda que o fato tenha sido cometido antes de sua entrada em vigor e mes­
mo que sua aplicação se dê em prejuízo do agente. Éque a sua aplicação no 
tempo não se encontra regida pelo art. 5°, XL, da CF, o qual proíbe a lei de 
retroagir para prejudicar o acusado. Tal dispositivo constitucional não está se 
referindo à lei processual, que tem incidência imediata, mas tão somente à 
Por exemplo: a proibição da concessão de e de liberdade pro­
visória para os crimes considerados hediondos aplica-se aos processos em 
andamento, ainda que o delito tenha sido cometido antes de a lei lhe dar tal 
qualificação. A norma retroage para alcançar um fato praticado antes de sua 
entrada em vigor. 
Pode-se perceber, portanto, que a lei processual penal não segue a mesma 
regra da lei penal quanto à sua aplicação. Esta retroage para beneficiar o acusado, 
enquanto a lei processual tem aplicação imediata e só se aplica do dia em que 
entrar em vigor para a frente. Como diferenciar então uma norma penal de uma 
norma processual penal? 
A norma que afeta, de algum modo, a pretensão punitiva ou 
executória do aumentando-a ou diminuindo-a. 
qualquer norma 
que crie uma nova causa de extinção de punibilidade; norma que aumenta ou dimi­
nui a pena de um delito já previamente existente etc. 
Já a norma processual penal refere-se à técnica procedimental, não refle­
tindo na pretensão punitiva ou executória do Estado. Exemplos: normas relativas 
às formasde citação, intimação ou notificação; interrogatório; fiança ou liberdade 
provisória etc. Para Fernando Capez (2005, p. 53): 
[...] é o caso das regras que disciplinam a prisão provisória, proibindo a con­
cessão de fiança ou de liberdade provisória para determinados crimes, am­
o prazo da prisão temporária ou obrigando o condenado a se recolher 
à prisão para poder apelar da sentença condenatória. Embora haja restrição 
libertatis, o encarceramento se impõe por uma necessidade ou conve­
niência do processo, e não devido a um aumento na satisfação do direito de 
punir do Estado. Se o sujeito vai responder preso ou solto ao processo, isso 
30 
tO 
CApITULO 2" APUCAÇÃO OA LEI PROCESSUAL PENAL 
não diz respeito à pretensão punitiva, até porque tal tempo será detraído de 
futura execução (CP, art. 42). Desse modo, se um agente comete um crime 
antes da entrada em vigor de uma lei, que proíbe a liberdade provisória, caso 
venha a ser preso, não poderá ser solto, uma vez que a norma, por ser proces­
sual, tem incidência imediata, alcançado os fatos praticados anteriormente, 
mesmo que prejudique o agente. 
OBSERVAÇÕES 
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO 
Nos termos do art. lOdo CPP: 
o processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, 
ressalvados: 
1- os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
11 - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos minis­
tros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e 
dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade 
(Constituição, arts. 86, 89, § 2°, e 100); 
111 os processos da competência da Justiça Militar; 
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, 
nO 17); 
V os processos por crimes de imprensa.1 
Em abril de 2009, o Supremo Tribunal federal entendeu que o conjunto de dispositivos da lei de Imprensa (Lei n9 $.250/1967) 
não foi recepCionado pela Constituição Federal (AOPF nO BO/OF. ReL Min. Carlos Britto, 30/4/2009). 
31 
"I 
I" 
brasileira só vale dentro dos limites territoriais nacionais (lex fori). Se o pro­
.. 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
\ Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referi­dos nos nOs IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem 
de modo diverso. 
No que se refere à aplicação da lei processual penal no espaço, vale o Princí­
pio da Territorialidade Absoluta, ou seja, a lei processual penal nacional se aplica 
exclusivamente aos processos e aos julgamentos ocorridos no território brasileiro. 
Como se pode perceber, a regra não é a mesma da lei penal, pois, para esta, vale o 
da territorialidade relativa ou mitigada, sendo possível sua aplicação, em 
casos, aos crimes ocorridos fora do território brasileiro (extraterritorialidade 
- art. 7° do Código Penal). Para Fernando Capez (2005, p. 57): 
a lei penal aplica-se aos crimes cometidos fora do território nacional que 
sujeitos à lei penal nacional (cf. art. 7° do CP). É a chamada extra­
territorialidade da lei penal. Contudo, é preciso que se frise: a lei processual 
cesso tiver tramitação no estrangeiro, aplicar-se-á a lei do 
processuais forem praticados. 
Deve ser destacado, ainda, que as ressalvas contidas no art. 1° do CPP não 
representam, como podem parecer, exceções à territorialidade da lei processual 
penal brasileira, mas apenas hipóteses em que não se aplicaria o CPP brasileiro, e 
sim outras leis processuais penais (leis extravagantes), a exemplo dos crimes mili ­
tares, eleitorais, entorpecentes etc. 
De fato, a lei processual penal representa um aspecto de soberania do Esta­
do, não podendo, portanto, ser aplicada fora de seus limites territoriais. Finalmen­
te, leiam-se as palavras de Luiz Flávio Gomes (2005, p. 42): 
[... ] o art. 1° do CPP adotou o chamado princípio da territorialidade, que sig­
nifica: 
(a) que o Código de Processo Penal é válido em todo território nacional (não li 
existe nenhuma parte do nosso território em que não tenha aplicação o CPP); .~ 
(b) que o CPP é único em todo território nacional: os Estados-Membros não u 
podem, em princípio, legislar sobre processo - CF, art. 22, I; somente sobre 
procedimentos e direito penitenciário - CF, art. 24, XI [... ]; 
No Brasil, o processo penal é uno (princípio da unidade processual), ou seja, 
há aplicação de uma só legislação para o processo penal no 
(c) que o Cpp e outras leis processuais só valem no território brasileiro (não 
se aplicam fora do Brasil em nenhuma situação, ainda que se trate de extra­
territorialidade da lei 
principio, segue o CPP: 
dissemos em princípio porque, na verdade, em muitos casos o CPP só é aplicado 
(d) que todo processo 
32 
CAPíTULO 2 - APLICAÇÃO DA LEI PRO.CESSUAL PENAL 
subsidiariamente. Ex.: tóxicos, crime militar, crime eleitoral, crimes de impren­
sa2 etc. Esses crimes, como se sabe, contam com procedimentos próprios; 
(e) que todo crime ocorrido no território brasileiro, com autoria conhecida 
em princípio, é processado no Brasil, segundo o CPP. Essa regra, entretanto, 
conta com exceções: (a) imunidade do Presidente da República; (b) imunida­
de diplomática. Ex.: embaixador norte-americano que comete crime no Brasil 
(financeiro ou tributário, ou narcotráfico, por exemplo) será julgado e proces­
sado em seu país de origem, nos Estado Unidos da América. 
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL EM RELAÇÃO ADETERMINADAS PESSOAS 
Imunidades diplomáticas 
As imunidades diplomáticas encontram-se previstas na Convenção de Viena 
sobre relações diplomáticas, assinada em 18 de abril de 1961; e na Convenção de 
Viena sobre relações consulares, assinada em 24 de abril de 1963, ratificadas em 23 
de fevereiro de 1965 e 20 de abril de 1967, respectivamente. Essas convenções se 
referem a qualquer delito e abrangem os agentes diplomáticos (embaixador, se­
cretários da embaixada, pessoal técnico e administrativo das representações); os 
membros de suas famílias; os funcionários de organizações internacionais (ONU, 
OEA etc.) quando em serviço; os chefes de Estado estrangeiro quando em visita a 
outros pa.íses, bem como os membros de sua comitiva. 
Não são abrangidos por essas imunidades os empregados particulares dos 
agentes diplomáticos (ainda que da mesma nacionalidade destes), a não ser que 
o Estado acreditante as reconheça. Ademais, os cônsules (agentes administrativos 
que representam interesses de pessoas físicas ou Jurídicas estrangeiras) não gozam 
dessas imunidades, a não ser na existência de tratado entre as nações interessadas. 
Entretanto, como leciona Mirabete (2006, p. 44): 
[...1não estão, porém, sujeitos à jurisdição das autoridades judiciárias e ad­
ministrativas do Estado receptor pelos atos realizados no exercício das fun­
ções consulares. Além disso, gozam de alguns privilégios a respeito da prisão 
preventiva (arts. 41 e 43 da Convenção de Viena sobre relações consulares). 
Como se pode perceber, o cônsul não representa o Estado, exercendo fun­
ções referentes às atividades privadas, principalmente mercantil. Por isso, tem imu­
nidade apenas frente às autoridades judiciárias e administrativas do Estado recep­
tor (acreditado) no tocante aos atos praticados no exercício da função consular. 
1 	 Em abril de 2009, o Supremo Tribunal Federal entendeu que o coníunto de dispositivos da Lei de Imprensa (Lei 
nO 5.250/1967) não fol recepdonado pela Constituição Federa! (ADPF nO 130/DF. ReI. Min. Carlos Britto, 30/4/2009). 
33 
lO 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Logo, não se aplica essa imunidade consular aos membros de sua família. Ademais, 
permite-se o inquérito, ação penal e prisão relativos a crimes não relacionados com 
a função consular. Finalmente, considerando que alguns 
países unificaram as carreiras (cônsul e diplomata), dentre os quais se inclui 
o Brasil, os profisSionaiS da diplomacia transitam concomitantemente entre 
as funçõesdiplomáticas e consulares. Assim, a função exercida no momento 
é que determina a pauta de privilégios no tocante à imunidade diplomática. 
(DEMO, 2006, p. 29) 
OBSERVAÇÕES 
'~~iJ~rdi~;~.~!i~~!2,~~,:~1iJ~i.JJi~~~~~;f~~1~~i~~j;é;'"'>';~"." •. ,;.;i;',;, '~~"ié2t.~t&k~t;; 
Imunidades parlamentares 
A fim de que o Poder Legislativo e seus membros possam agir com indepen­
dência e liberdade, a Constituição da República outorgou aos congressistas algumas 
prerrogativas, entre elas, as imunidades parlamentares. Estas podem ser de duas 
espécies: a) imunidade material, penal ou absoluta; e b) imunidade processual, 
formal ou relativa. 
De acordo com o art. 53 da Constituição Federal: 
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. 
§ 1° Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão subme­
tidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. 
34 
CAPíTULO 2 - APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
§ 2° Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não 
poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os 
autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para 
que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. 
§ 3° Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido 
após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, 
que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria 
de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. 
§ 4° O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo im­
prorrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. 
§ 5° A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. 
§ 6° Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre 
informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem 
sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. 
§ 7° A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora 
militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença dà 
Casa respectiva. 
§ 8° As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o esta­
do de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos 
membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto 
do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. 
Imunidade material, penal ou absoluta 
Nos termos do art. 53 da Constituição Federal, "os deputados e senadores são 
invioláveis, çjyil e penalmente, por quaisquer de suas palavras, opiniões e votos." 
~ ._~---------------
Essa imunidade abrange qualCJuer ti~de manifestação do congressista, esc~ta ou 
verbaL exigindo-se, apenas, que ocorra no exercício da função parlamentar, dentr-o 
O!ÚQrª-f!o recinto d~Com aE~n~35,de iÕ01, 
tal imunidade foi ampliada para se referir tanto ao aspecto penal quanto ao civil. 
Exige-se, ainda, a existência de n~ entre a suposta manifestação ofensiva 
e o exercício do mandato, pois a imunidade parlamentar não pode servir como 
licença para se ofenderem pessoas desarrazoada mente. É sim g5lrantia. para o li­
vre exe.c020 da função legislativa. O STF entende, entretanto, que essa "conexão 
com o exercício do mandato ou com a condição parlamentar" só é exigida para as 
ofensas irrogadas fora do Parlamento. Para os pronunciamentos feitos no interior 
das Casas Legislativas não cabe indagar sobre o conteúdo das ofensas ou a conexão 
com o mandato, dado que acobertadas com o manto da inviolabilidade. Nesse caso, 
caberá à própria Casa a que pertencer o parlamentar coibir eventuais excessos no 
desempenho dessa prerrogativa3. 
3 Nesse sentido: vide Inquérito STF nO 1.958, ReI. Min. Carlos Britto, DJ de 18/2/2005. 
35 
"1 
r 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
A doutrina diverge no que se refere à natureza Jurídica da imunidade absolu­
ta, sendo três as posições mais aceitas: 
1-é causa excludente do crime (Pontes de Miranda, Nelson Hungria e outros); 
11- é causa pessoal de exclusão ou isenção de pena (Helena Cláudio Fragoso 
e Damásio de Jesus); -{t 
111- é causa de exclusão da tipicidade (Fernando Capez, Luiz Flávio Gomes eÍ:c). 
Os deputados estaduais também gozam dessas imunidades absolutas (art. 27, 
§ 10, da CF/1988). Da mesma forma, os vereadores, porém a imunidade só existe I
quando o crime for praticado no exercício do mandato e na circunscrição do municí­
pio (art. 29, VIII, da CF/1988). Conforme veremos logo adiante, os vereadores não es­
tão abrangidos pela imunidade formal, seja quanto à prisão, seja quanto ao processo. 
OBSERVAÇÕES 
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:f 
Imunidade formal, processual ou relativa 
De acordo com Mirabete (2006, p. 47): 
~ 
~ as imunidades relativas são as que se referem à prisão, ao processo, às 
ljprerrogativas de foro e para servir como testemunha, embora somente as 
~ 
duas primeiras sejam incluídas na noção de imunidade em sentido estrito. .~ 
:1 
ijNo que se refere ao foro, nos termos do art. 53, § 1°, da CF/1988, os deputados 
;1 
federais e senadores serão julgados, nos crimes comuns, perante o Supremo Tribunal 
Federal. Caso se trate de crime de responsabilidade, o julgamento será feito pelo Se­
nado Federal (ou pela Câmara dos Deputados, no caso dos deputados federais). Encer­
rada a função parlamentar, cessa automaticamente o foro por prerrogativa de função. 
Registre-se que a Súmula nO 394 do STF foi cancelada em 25 de agosto de 1999: 
cometido o crime durante o exercício funcional do mandato parlamentar, 
prevalece a competência especial por prerrogativa de função, ainda que o 
inquérito ou a ação penal sejam iniciados após a cessação daquele exercício. 
36 
" 
CAPíTULO 2 - APLICAÇÃO DA lEI PROCESSUAL PENAL 
Éimportante destacar, ainda, que a Lei na 10.628/2002, que deu nova redação 
ao art. 84 do Código de Processo Penal e lhe acrescentou dois novos parágrafos, foi 
declarada inconstitucional pelo plenário do STF em 15 de setembro de 2005 (ADln 
n° 2.797). Assim, o antigo § 1° do art. 84 do CPP "a competência especial por prer­
rogativa de função, relativa a atos administrativos do agente, prevalece ainda que o 
inquérito ou a ação judicial sejam iniciados após a cessação do exercício da função 
pública" não tem mais aplicabilidade. 
Quanto à possibilidade ou não de prisão, dispõe o § 2° do art. 53 da Magna 
Carta que os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em 
flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24 
horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva 
sobre a prisão. Como se pode perceber, o parlamentar jamais poderá ser preso por 
crime afiançável. ~5J.E, o parlamentar só está sujeito a dois tipos 
de prisão: a) flagrante por crime inafiançável; e b) quando houver sentença con­
denatória transitada em julgado. Nenhuma outra modalidade de prisão cautelar 
(preventiva; temporária; decorrente de pronúncia; decorrente de sentença con­
denatória recorrível; ou decorrente de acórdão de segunda instância) ou mesmo a 
prisão civil (exemplo: alimentos) tem cabimento (precedentes do STF). 
Já quanto ao processo, antes da Emenda Constitucional nO 35/2001, exigia-se 
a prévia licença da Casa Legislativa para a instauração de ação penal contra o par­
lamentar. Tal licença era verdadeira condição de prosseguibilidade da ação penal. 
Com o advento da referida emenda constitucional, entretanto, importantes altera­
surgiram. 
Nos termos do § 3° do art. 53 da Constituição: 
[... ] recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido 
após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respec­
tiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da 
maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento 
da ação. 
o § 4° do mesmo dispositivo: "o pedido desustação será aprecia­
do pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu 
recebimento pela Mesa Diretora". Registre-se, ainda, que a sustação do processo 
suspende a prescrição, enquanto durar o mandato (art. 53, § 5°, da CF/1988). Essa 
última regra significa que, encerrado o mandato, a prescrição volta a correr pelo 
tempo que faltava. 
Como se pode perceber, atualmente não se exige mais a prévia licença da 
Casa Legislativa para iniciar a ação penal contra os parlamentares, deixando, assim, 
de existir um controle prévio. Porém, segundo a leitura do art. 53, § 3°, há agora um 
37 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
controle posterior exercido pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, 
consistente na possibilidade de se sustar o andamento da ação penal. Note, no 
entanto, que a possibilidade de sustação do andamento da ação penal só existe se 
o crime foi cometido após a diplomação do parlamentar. Conforme bem alegado 
por Fernando Capez (2005, p. 61-62): 
[ ... ] recebida a denúncia, em se tratando de crime cometido antes da diploma­
ção, o processo terá seu curso normal perante o juiz natural (STF, Tribunal de 
Justiça etc.), e não existe a possibilidade de sua sustação pelo Parlamento. Por 
isso mesmo é que o STF não tem sequer a obrigação de comunicá-lo sobre a 
existência da ação em curso. Em se tratando de crime cometido após a 
mação, ao contrário, incide a nova disciplina Jurídica da imunidade processual 
(leia-se: da suspensão parlamentar do processo). Impõe-se, nesse caso, que o 
Supremo Tribunal Federal dê ciência à Casa respectiva que poderá sustar o an­
damento da ação. De qualquer modo, essa possibilidade não alcança o coautor 
ou partícipe do delito. A Súmula nO 245 do STF é esclarecedora: "a imunidade 
parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa". 
Além disso, nos termos do art. 53, § 6°, da Constituição, os deputados e se­
nadores têm imunidade para servir como testemunha. Isso significa que eles não 
estão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão 
do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles rece­
beram informações. 
Ressalte-se, ainda, que as imunidades dos deputados e senadores subsistirão 
durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante voto de dois terços 
dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do 
Congresso que sejam incompatíveis com a execução da medida (art. 53, § 8°, da 
CF/1988). Finalmente, lembre-se de que a incorporação de deputados e senadores 
às Forças Armadas, ainda que militares e em tempos de guerra, dependerá de pré­
via licença da Casa respectiva (art. 53, § ]O, da CF/1988). 
OBSERVAÇÕES 
38 
.. 
CAPfTULO 2 - APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL 
Imunidade do advogado 
Dispõe o art. 7° do Estatuto da Advocacia (Lei n° 8.906/1994): 
Art. 7° [ ... ] 
[...] 
§ 20 O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difa­
mação ou.~ puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício 
de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares 
perante a OAB, pelos excessos que cometer. 
Segundo'esse dispositivo, o advogado não responde pelos crimes de injúria, 
difamação e desacato cometidos no exercício da sua atividade. O STF, n"o entanto, 
suspendeu a eficácia desse dispositivo no que diz respeito à expressão "desacato". 
Conclusão: 
Atualmente, o advogado só está imune pelos crimes de injúria e difamação 
cometidos no exercício da função. Responde, portanto, pelos crimes de calúnia e 
desacato, ainda que cometidos no exercício de suas funções. 
Ademais, a exemplo do que ocorre com a imunidade parlamentar material, o 
advogado somente é inviolável quanto às suas manifestações quando estas decor­
rem do estrito exercício da profissão. 
Imunidade do presidente da República 
o'V 
De acordo com o art. 86 da Constituição Federal: 
.J/J 
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois ter­
ços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o 
Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado 
Federal, nos crimes de responsabilidade. 
§ 10 O Presidente ficará suspenso de suas funções: 
1- nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo 
Supremo Tribunal Federal; 
39 
'li 
li, 
.. 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
11 nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Se­
nado Federal. 
§ 2° Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, ojulgamento não esti­
ver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular 
prosseguimento do processo. 
§ 3° Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o 
Presidente da República não estará sujeito a prisão. 
§ 4° O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser 
responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. 
o presidente da República será julgado pelo Supremo Tribunal Federal, nos 
crimes comuns, e pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade (neste caso, 
o julgamento no Senado será presidido pelo presidente do STF). No entanto, exige­
se a prévia autorização da Câmara dos Deputados pelo voto de dois terços de seus 
membros (art. 51, I, da CF/1988). 
Além disso, o § 4° do art. 86 da Constituição trouxe hipótese de imunidade 
penal temporária do presidente da República. Em outras palavras, durante a vigên­
cia do mandato presidencial, está impedida a instauração de processo-crim~ contra 
o chefe do Executivo Federal se os fatos imputados forem estranhos ao exercício da 
função. No entanto, tratando-se de atos propter officium (relativos ao exercício da 
função), não está impedida a persecução criminal (precedentes do STF). 
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40 r'i: 
CAPíTULO 3 
INOUÉRITO POLICIAL 
(ARTS. 40 A23 DO CPP) 
CONCEITO 
Inquérito policial é o conjunto de diligências realizadas pela Polícia Judiciária 
(Polícia Civil e Polícia Federal), com o intuito de reunir provas da materialidade e in­
dícios de autoria de uma certa infração penal e, assim, fornecer os elementos de con­
vicção necessários para que o titular da ação penal (Ministério Público, nos casos de 
ação penal pública, e o particular, nos casos de ação penal privada) possa oferecê-Ia. 
Trata-se, então, de um procedimento ou expediente de caráter administra­
cautelar, provisório e preparatório da ação penal. O inquérito policial é um 
procedimento pré-processual, cujos atos têm caráter administrativo. Não se con­
funde, portanto, com o processo, cujos atos têm caráter judicial. 
OBSERVAÇÕES 
RESUMOS ESQUEMÁnCOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Diferenças entre Polícia Administrativa 
(ou de Segurança) e Polícia Judiciária (ou de Investigação) 
Polícia Administrativa ou de Segurança Polícia Judiciá ria 
1- Polícia Militar; Polícia Rodoviária Federal; polí- 11_ Polícia Civil e Polícia Federal 
cia Ferroviária Federal; Guardas Municipais etc. 
2 - Rege-se basicamente pelas regras do Direito 12 - É regida basicamente pelas normas do Direito 
Administrativo. Penal e Processual Penal. 
3 - Sua finalidade é preponderantemente preven-13 - É preponderantemente repressiva e excep­
tiva e excepcionalmente repressiva. cionalmente preventiva. 
4 - Atua basicamente sobre bens e direítos e, 14 - Seu foco de atuação principal são as pessoas 
eventualmente, sobre pessoas. e, eventualmente, os bens e direitos. 
FINALIDADE 
A finalidade do inquérito policial é meramente investigativa. Podem-se apon­
tar, ainda, três outras finalidades: 
I - formar a opinio deficti do titular da Ação Penal, ou seja, formar sua con­
vicção quanto à existência ou não do delito, diante dos elementos de informação 
que lhe são fornecidos; 
11- fornecer a chamada justa causa para a ação penal, isto é, aquelas evidên­
cias mínimas que permitem uma acusação formal, diantedas provas da materiali­
dade e dos indícios de autoria; 
111- reunir cautelarmente as provas que correm risco de deteriorização, uma 
vez que, ordinariamente, as provas são produzidas durante a fase processual. 
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CARACTERíSTICAS ~ 
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H 
I' 
Dentre as principais características do inquérito policial, podem-se apontar jl 
as seguintes: ri 
I 
ti1- trata-se de um procedimento escrito (formal); 
11- em regra, é sigiloso. A necessidade ou não desse sigilo é avaliada pela auto­
ridade policial (delegado). Esse sigilo, entretanto, não se aplica ao juiz, aos membros 
do Ministério Público e, conforme orientação mais recente do STF, ao advogado;4 ;i 
~ 
Vide Informativo nQ 356 e Súmula Vinculante nQ< 14, ambos do Supremo Tribunal Federal. 
11 
~i
42 
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CApiTULO 3 -INQUÉRITO POLICIAL (ARTS. 4" A 23 DO CPP) 
111 - trata-se, em regra, de um procedimento inquisitivo, ou seja, diferente­
mente do que ocorre no processo, não há contraditório no inquérito policial. Exce­
ção: No caso de expulsão de estrangeiros (Lei nO 6.815/1980), o inquérito poliCiai 
será conduzido pela Polícia Federal, havendo contraditório obrigatório; 
OBSERVAÇÃO 
IV - autoritariedade: o delegado de polícia é a autoridade máxima dentro do 
inquérito; 
V discricionariedade: cada delegado de polícia conduz o inquérito da forma 
que achar mais conveniente. Note que a discricionariedade se refere apenas à for­
ma de condução do inquérito policial e não à sua instauração. Assim, sendo caso de 
se instaurar o inquérito, não pode a autoridade policial se negar a fazê-lo, cabendo 
ao prejudicado recorrer ao chefe de polícia; 
VI - oficialidade: o inquérito policial é conduzido por um órgão oficial do Es­
tado (Polícia Integra o Poder Executivo); 
VII oficiosidade: nos crimes sujeitos à ação penal pública incondicionada, 
o inquérito policial é instaurado de ofício pela autoridade policial, não se exigindo 
a prévia manifestação de vontade da vítima. No entanto, conforme será visto mais 
adiante, se o crime for de ação penal pública condicionada à representação ou de 
ação penal privada, o inquérito policial só poderá ser instaurado ser houver a prévia 
manifestação de vontade da vítima ou do seu representante legal; 
VIII o inquérito policial não é obrigatório para o início da ação penal. Isso 
significa que, desde que a materialidade e a autoria restem comprovadas por qual­
quer outro meio, o promotor de justiça poderia oferecer a denúncia sem a necessi­
dade de se instaurar o inquérito previamente. Trata-se, assim, de um procedimen­
to totalmente dispensável para o início do processo. Para o delegado, entretanto, 
o inquérito é obrigatório, não podendo dispensá-lo conforme o seu bel-prazer. 
NOTíCIA DO CRIME (NOrlTlA CR/MINIS) 
Éa forma pela qual a autoridade policial toma conhecimento da ocorrência 
de uma certa infração penal. Coloquialmente, usamos a expressão "prestar queixa" 
(termo incorreto). A notitia críminis pode ser classificada em: 
43 
4 
III 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
1- Direta, imediata, espontânea ou não qualificada. Ocorre quando a comu­
nicação à autoridade policial de ocorrência de uma infração penal se faz de maneira 
informal, por meio de suas atividades rotineiras. Exemplos: noncias de TV ou 
nal, delação apócrifa (erroneamente chamada de "denúncia anônima"). descoberta 
ocasional do corpo de delito. 
11 - Indireta, mediata, provocada ou qualificada. É aquela em que a comu­
nicação à polícia de que uma infração ocorreu se faz de maneira formal. Exemplos: 
ofício requisitório do juiz/promotor enviado ao delegado de polícia, comunicando 
a ocorrência de um crime e requisitando a instauração de inquérito; requerimento 
do ofendido. 
111- Coercitiva ou obrigatória. Recebe esse nome quando se trata de caso dé 
flagrante delito. A autoridade policial toma conhecimento da ocorrência do crime 
no momento em que o preso em flagrante lhe é 
OBSERVAÇÕES 
FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INOUtRITO POLICIAL 
Uma vez que a autoridade policial está ciente do cometimento de uma de­
terminada infração penal, o passo seguinte será a instauração do 
44 
0' 
CAPíTULO 3 -INQU~RlTO POLICIAL (ARTS. 42 A 23 DO CPP) 
para apurar tal infraçãos. As formas de instauração do inquérito policial dependem 
do tipo de ação penal a que a infração penal estará sujeita: 
1- Quando se tratar de uma infração sujeita à ação penal pública incondi­
cionada. O inquérito terá início da seguinte forma: 
a) de ofício pelo delegado (portaria); 
b) por meio do requerimento de qualquer do povo. Édirigido ao delegado 
(portaria); 
c) mediante ofício do juiz/promotor. Esse ofício é dirigido ao de­
legado que, por meio de instaurará o inquérito. Nesse caso, ele ficará 
obrigado a instaurá-lo; 
d) por meio do Auto de Prisão em Flagrante (APF), nos casos de prisão em 
flagrante. 
11- Quando se tratar de uma infração sujeita à ação penal pública condicio­
nada ou ação penal privada (desde que acompanhados da prévia manifestação de 
vontade da vítima): 
a) pelo delegado (Portaria); 
b) mediante ofício nrl'\rY\nTf"\Y' é ao delegado que, 
por meio da 
c) por meio do APF, nos casos de prisão em flagrante. 
OBSERVAÇÃO 
INCOMUNICABILIDADE DA PRISÃO 
Já constitui entendimento pacífico, tanto na doutrina quanto na jurisprudên­
cia, que a incomunicabilidade da prisão (art. 21 do Código Processual Penal) não foi 
recepcionada pela Constituição Federal. A Carta Política é expressa, em seu art. 5°, 
LXII, ao dispor que "a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão 
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa 
por ele indicada". Assim, como se trata de norma mais recente e de maior hierar­
quia, é a que deve prevalecer. 
45 
IV 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Conclusão 
Não há mais que se falar em incomunicabilidade da prisão após o advento 
da CF/1988. 
PRAZO PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL (ART. 10 DO CPP) 
I - Justiça estadual. Dez dias contados da data de efetivação da prisão (indi­
ciado preso). Esse prazo é, em regra, improrrogável. No entanto, existem decisões 
do Superior Tribunal de Justiça admitindo que esse prazo seja razoavelmente ul­
trapassado quando o atraso nas investigações se der por culpa da própria defesa, 
ou quando se tratar de requerimento de diligências imprescindíveis ou houver um 
número excessivo de indiciados. Caso o indiciado esteja solto, o prazo de conclusão 
do inquérito será de trinta dias contados do recebimento da notitia criminis. Estan­
do o indiciado solto, e sendo a infração de difícil elucidação, admitem-se sucessivas 
prorrogações (art. 10, § 3°, do CPP). 
11-Justiça federal (Lei nO 5.010/1966). Quinze dias (indiciado preso). Esse pra­
zo pode ser prorrogado, uma vez só, por igual período. Caso o indiciado se encontre 
solto, o prazo de conclusão do inquérito será de trinta dias. Estando o indiciado em 
liberdade, e sendo o fato de difícil elucidação, admitem-se sucessivas prorrogações. 
111_ Entorpecentes (Lei n° 11.343/2006). Trinta dias (indiciado preso) e no­
venta dias (indiciado solto). 
OBSERVAÇÕES 
IV - Crimes contra a economia popular (Lei nO 1.521/1951). Dez dias (indicia­
do preso) e dez dias (indiciado solto). Estando ele preso, esse prazo será, em regra, 
improrrogável. Caso o indiciado esteja solto, admitem-se sucessivas prorrogações. 
IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL (ART. 5°, LVIII, DA CF. ELEI N° 12.031/2009) 
A regra geral, nos termos do que dispõe a CF, é que o civilmente identificado 
não será submetido à identificação criminal, salvo nos casos previstos na lei. Em 2000, 
46 
CAPíTULO 3 -INQU~RITO POliCIAL (ARTS. 4' A 23 DO CPP) 
foi editada a Lei n° 10.054, que trouxe as hipóteses em que mesmo alguém já sendo 
civilmente identificado também teria de ser submetido à identificação criminal. 
Nada obstante, em 1Q de outubro de 2009, entrou em vigor a Lei n2 12.037 
(dispõe sobre a identificação criminal do civilmente identificado)6, revogando ex­
pressamente a Lei nQ 10.054/2000(art. 92). 
Assim como a Lei n2 10.054/2000, a nova legislação regulamenta o art. 5, LVIII, 
da CF/1988, estabelecendo que o civilmente identificado não será submetido à 
identificação criminal, salvo nos casos previstos em lei. 
A identificação criminal, atualmente, é feita de duas formas (art. 52): 
fotográfica 
~ ..Formas ~ datiloscoplca 
Conforme o art. 3 da Lei nQ 12.037/2009, poderá ocorrer a identificação cri­
minal, ainda que apresentado o documento civil, quando: 
a) o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; 
b) o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o 
indiciado; 
c) o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações 
conflitantes entre 
d) a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo 
despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante 
representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa; 
e) constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; 
f) o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expe­
dição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos carac­
teres essenciais. 
Deve-se ressaltar também que, conforme o art. 6 da referida é vedado 
mencionar a identificação criminal do indiciado em atestados de antecedentes ou 
em informações não destinadas ao juízo criminal, antes do trânsito em julgado da 
sentença condenatória. Ademais, no caso de não oferecimento da denúncia, ou sua 
rejeição ou absolvição, é facultado ao indiciado ou ao réu, após o arquivamento 
definitivo do inquérito ou trânsito em julgado da sentença, requerer a retirada da 
identificação fotográfica do inquérito ou processo, desde que apresente provas de 
sua identificação civil (art. 7). 
6 	 Nos termos do art. 2 da lei n~ 12.037/2009, a identificação civil é atestada por um dos seguintes documentos: i) carteira de 
identidade; li) carteira de trabalho; im carteira funcional; IV) passaporte; v) carteira de identificação funcional; ou vi) qualquer 
outro documento público que permita a identificação. 
47 
" 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 
OBSERVAÇÕES 
DILIGÊNCIAS MAIS COMUNS EM SEDE DE INQUÉRITO (ART. 6° DO CPP) 
I - Resguardo do local, de modo que não se alteré o estado das coisas, até a 
chegada dos peritos. 
11- Apreensão de objetos e colheita de provas. 
111- Exames, avaliações e perícias. 
IV Reconhecimento de pessoas e de coisas e acareações. 
V -Interrogatório do indiciado. 
VI - Declarações da vítima. 
VII- Depoimento ou oitiva de testemunhas. 
VIII- Ordenamento da identificação criminal do indiciado, nos casos em que 
a lei autoriza. 
IX - Reconstituição da infração: o indiciado não está obrigado a participar, 
pois ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Além disso, a reconsti­
tuição não deve ser feita quando ofender a moral ou os bons costumes. 
X - Nos termos do art. 10 da lei nO 11.340, de 7 de agosto de 2006, na hipó­
tese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imedia­
to, as providências legais cabíveis, destacando-se as contidas nos arts. 11 e 12 da 
referida lei. 
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e fami­
liar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: 
48 
I
~ 
r.' 
i 
I 
r.,t 
tl 
Fi, 
~ 
CAPíTULO 3 -INQUÉRITO POLICIAL (ARTS. 42 A 23 DO CPp) 
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato 
ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; 
11 - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Mé­
dico legal; 
lfI fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou 
local seguro, quando houver risco de vida; 
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus 
pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta lei e os serviços 
disponíveis. 
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imedia­
to, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código 
de Processo Penal: 
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação 
a termo, se apresentada; 
11- colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de 
suas circunstâncias; 
remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado 
ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas 
de urgência; 
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e 
requisitar outros exames periciais necessários; 
V ouvir o agressor e as testemunhas; 
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha 
de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou 
registro de outras ocorrências policiais contra ele; 
VII- remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Minis­
tério Público. 
§ 1° O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e 
deverá conter: 
I qualificação da ofendida e do agressor; 
11 nome e idade dos dependentes; 
111- descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida. 
§ 2° A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no 
§ 1° o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em 
posse da ofendida. 
§ 3° Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos 
fornecidos por hospitais e postos de saúde. 
VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL 
Segundo o Supremo Tribunal Federal, é vedada (nula) a condenação apoiada 
exclusivamente nas provas do inquérito policial, pois em tal situação haveria vio­
49 
RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL P<NAL 
laçãoabprincípio constitucional do contraditório. Daí por que se diz que o valor 
probatqrio do inquérito é apenas relativo, já que deve estar apoiado (balizado) por 
oLitróS~lementos de prova. Isso agora ficou claro, como já mencionado, com o 
art. ],5,5 dO CPP, com redação determinada pela Lei nO 11.690/2008. 
víCIOS 
Conforme já mencionado, os vícios do inquérito não contaminam o proces­
so ou a ação que dele se originar, já que se trata de fases distintas. Nulidades do 
inquérito, no máximo, contaminam o próprio inquérito. Segundo a jurisprudência, 
entretanto, a nulidade de um ato específico pode diminuir-lhe o valor probatório. 
Lembre-se de que tudo o que foi feito no inquérito será revisto e refeito quan­
do da ação penal, salvo aquelas perícias consideradas irrepetiveis. Daí por que as 
nulidades dos atos do inquérito não trazem maiores consequências para o processo. 
ARQUIVAMENTO 
Muito se discute quanto à natureza Jurídica do ato de arquivamento do in­
quérito. De uma forma geral, a doutrina entende que se trata de decisão inter­
locutória que põe fim à investigação. No entanto, prevalece na jurisprudência o 
entendimento de que o arquivamento do inquérito seria um simples pronuncia­
mento sem qualquer conteúdo jurisdicional, ou seja, o juiz não ingressa na análise 
do mérito da questão ao arquivar o inquérito. 
Características do arquivamento 
1-Somente a autoridade judicial pode arquivar o inquérito, não o podendo fa­
zer nem o delegado, nem o promotor. Além disso, o juiz não pode arquivar o inquérito 
de ofício, ou seja, só poderá fazê-lo se houver pedido do Ministério Público. 
11- A decisão de determinar o arquivamento do inquérito é, em regra, irre­
corrível, ou seja, não cabe qualquer recurso. 
Exceção 1: a decisão que arquiva o inquérito policial ou absolve o réu nos 
crimes contra a saúde pública ou economia popular estão sujeitas ao "recurso de 
ofício" (reexame necessário ou remessa obrigatória - art. 7° da Lei n~ 1.521/1951). 
Exceção 2: a decisão

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