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.. Luiz Carlos Bivar Corrêa Júnior RESUMOS ESQUEMÁTICOS I DIREITO t .~ f P R O C E S S U A L I I i Alualizado com as reformas do CPP ILeis fi" 11.689/2008, 11,590/2008,11.71912008 e 11,900/2009) e as leis n~ 11.983/2009, 12.015/2009, 12.016/2009, 12.019/2009, 12.030/2009, 12,033/2009 e 12.037/2009 5~ edição I Brasília ~, t í Vestcon 2009 r f r r © 2009 Vestcon Editora ltda. Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos pela Lei n" 9.610, de 19/2/1998. Proibida a reprodução de qualquer parte deste livro, sem autorização prévia expressa por escrito do ~ autor e da editora, por quaisquer meios empregados, sejam eletrônicos, mecânicos, videográficos, I fonográficos, reprográficos, microfílmicos, fotográficos, gráficos ou outros. Essas proibições aplicam-se • também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas. lCorrêa Júnior, Luiz Carlos Blvar. Direito processual penal/Luiz Carlos Bivar Corrêa Júnior. - S. ed. - Brasília: Ed. Vestcon, 2009. 456 p. ; 21 em. ISBN 978-85-381-0446-9 I 1. Direito. 2. Processo Penal. I Título. 11. Autor. CDU 343.1 DIRETORIA EXECUTIVA Norma Suely A. P. Pimentel DIREÇÃO DE PRODUÇÃO Cláudia Alcântara Prego de Araújo SUPERVISÃO EDITORIAL Maria Neves SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO Julio Cesar Joveli EDITORAÇÃO elETRÔNICA Marcos Aurélio Pereira REVISÃO Ana Daniela Neves Andréa Olímpio de Abreu Dinalva Fernandes da Rocha Thais Schmidt Pereira CAPA Agnelo Pacheco Bertoni Design /~~~ ~iP-~ ! "e/ !~, Vestcon SEPN 509 Ed. Contag 3° andar CEP 70750-502 Brasília/Df SAC: 0800600 4399 Te!.: (61) 3034 9576 Fax: (61) 33474399 www.vestcon.com.br Publicado em 11/2009 Atualizado até 10/2009 (LCRI2) À mulher da minha vida, Karla Nicoletti, que, a cada dia, reinventa o amor: intenso, calmo, sereno, pueril, eterno. Desejo que cada página folheada do presente livro te faça lembrar deste que tanto a ama. www.vestcon.com.br .. A Deus, criador do mundo, que dia após dia continua a me proteger e a me honrar. Aos meus pais, que permitiram com sua dedicação me tornar a pessoa que sou hoje, e aos meus irmãos, pelo incentivo. Aos meus alunos, aos quais desejo todo sucesso. "1 i .. , . SUMÁRIO Apresentação 15 Introdução 17 Capítulo 1-Princípios Informadores do Processo Penal ...................................19 Devido processo legal ou justo processo ........................................................19 Publicidade dos atos processuais ....................................................................20 Juiz natural ......................................................................................................21 Motivação das decisões (fundamentação) ..................................................... 22 Presunção de inocência, estado de inocência, tratamento de inocente ou presunção de não culpabilidade .............................. : ................. 22 Iniciativa das partes ou princípio da inércia ...................................................23 Princípio da correlação ...................................................................................23 Verdade real ...................................................................................................23 Favor rei ........................... : ............................................................................. 23 Princípio da identidade física do juiz ............................................................... 24 Duplo grau de jurisdição ................................................................................24 Inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos (art. 5°, LVI, da CF/1988 e art. 157 do CPP, com redação determinada pela Lei nº 11.690/2008) ..................................................................................................25 Capítulo 2 - Aplicação da lei Processual Penal ..................................................29 Aplicação da lei processual penal no tempo ...................................................29 Aplicação da lei processual penal no espaço ..................................................31 Aplicação da lei processual penal em relação a determinadas pessoas .........33 ,.<> Capítulo 3 -lnquêrlto?l!oli!;:léill(arts. 4° a 23 do CPP) ..........................................41 Conceito ..........................................................................................................41 . Finalidade ........................................................................................................42 Características ................................................................................................42 Notícia do crime (natitiu criminis) ..................................................................43 Formas de instauração do inquérito policial ..................................................44 Incomunicabilidade da prisão ........................................................................45 " Prazo para conclusão do inquérito policial (art. 10 do CPP) ..........................46 Identificação criminal (art. 5°, LVIII, da CF, e Lei nO 12.037/2009) .................46 Diligências mais comuns em sede de inquérito (art. 6° do CPP) .................... .48 Valor probatório do inquérito policial ............................................................49 Vícios ..............................................................................................................50 Relatório final Reflexos do novo Código Civil no inquérito policial ........................................53 Artigos pertinentes ..........................................................................................53 Capítulo 4 - Ação Penal (arts. 24 a 60 do CPP) ...................................................57 O:mceit:o Classificação Princípios Representação Espécies 60 Requisição ......................................................................................................63 Diferenças e Semelhanças en~re a Denúncia e a Queixa ................................. 65 Diferenças entre prescrição; decadência e perempção .................................66 Diferenças e semelhanças entre a renúncia e o perdão ................................67 entre a renúncia e o perdão .....................................................68 Capítulo 5 - Prisão e Liberdade Provisória (arts. 282 a 350 do CPP) ..................73 Prisão cautelar, provisória ou processual ........................................................74 Prisões em espéCie Artigos pertinentes Disposições gerais sobre as prisões.................................................................74 Prisão especial .................................................................................................76 Liberdade provisória .......................................................................................86 Capítulo 6 - Jurisdição e Competência (arts. 69 a 91 do CPP) 109 Jurisdição ......................................................................................................109 Princípios da jurisdição .................................................................................109 Competência .................................................................................................110 121 Capítulo 7 - Das Provas (arts. 155 a 184 do CPP) .............................................127 Disposições quanto às provas ............................................................127 Ônus da prova ..............................................................................................128 Sistemas de apreciação das provas ................... · .......................................... 128 ~Z~~ ...······· ..·.. ·.······· ..······ ..·..·..········ ..·········..··.·....·................................ 129 CI'asslficaçãodas provas ...............................................................................130 Provas em espécie .........................................................................................130 Artigos pertinentes .......................................................................................140 Capítulo 8 - Sistemas Processuais 155 Inquisitivo ou inquisitório 155 Acusatório ou acusatório puro 156 Acusatório formal ou misto 156 Capítulo 9 - Questões e Processos Incidentes (arts. 92 a 154 do CPP) ............ 157 Conceito .......................................................................................................157 Questões nrpiudidais ................................................................................... 157 Processos incidentes 158 Artigos pertinentes 167 Capítulo 10 - Comunicação dos Atos Processuais (arts. 351 a 372 do CPP) .....................................................................................177 Citação ..........................................................................................................177 Intimação e notificação (arts. 370 a 372 do CPP) .........................................184 Artigos pertinentes ....................................................................................... 185 Capítulo 11- Sujeitos Processvais (arts. 251 a 281 do CPP) ............................189 Conceito .......................................................................................................189 Classificação ................................................................................................. 189 Juiz 189 Ministério Público 191 194 Acusado Defensor 195 196Curador Auxiliares da Justiça Artigos pertinentes 199 Capítulo 12 - Dos Procedimentos (arts. 394 a 555 do CPP) ..............................203 Introdução ....................................................................................................203 Procedimentos ..............................................................................................204 Artigos pertinentes (CPP) ..............................................................................220 Artigos pertinentes (Lei n2 11.101/2005) ......................................................273 Organização...................................................................................................278 III 111 Considerações sobre a Segunda e Terceira Fases ..........................................286 Artigos pertinentes (CPP) ..............................................................................292 Capítulo 13 - Das Nulidades (arts. 563 a 573 do CPP) ......................................309 Conceito .......................................................................................................309 Princípios ......................................................................................................309 Espécies de vícios .........................................................................................310 Momento oportuno para arguição das nulidades ....................................... .313 Principais súmulas do STF .............................................................................315 Artigos pertinentes .......................................................................................315 Capítulo 14 - Dos Recursos (arts. 574 a 667 do CPP) ........................................319 Disposições gerais ........................................................................................319 Pressupostos (ou requisitos) recursais .........................................................322 Efeitos dos recursos .....................................................................................325 Recursos em espécie ....................................................................................326 Apelação........................................................................................................329 Protesto por novo júri ...................................................................................332 Embargos de declaração (arts. 382, 619 e !5 20 do CPP) ................................332 Carta testemunhável .....................................................................................334 Embargos infringentes ou de nulidades........................................................335 Correição parcial ou reclamação ...................................................................337 Agravos no processo penal ...........................................................................338 Recúrso ordinário constitucional (arts. 102 e 105 da CF/1988) ....................339 Revisão criminal ............................................................................................340 Habeas corpus ou writ ..................................................................................342 Mandado de segurança em matéria criminal (art. 52, LXIX, da CF/1998 e lei n2 12.016/2009)....................................................................................350 Artigos pertinentes .......................................................................................354 Capítulo 15 - Exercícios de Fixação ...................................................................367 Inquérito policial, ação penal e princípios informa dores do processo penal ........................................................................................367 Prisões e competência .................................................................................387 Provas, sistemas processuais, questões e processos incidentes ..................403 Atos do juiz, das partes, dos auxiliares da justiça e comunicação dos atos processuais ....................................................................................413 Procedimentos .............................................................................................424 Das nulidades e dos recursos .......................................................................438 Gabarito ........................................................................................................451 Bibliografia .........................................................................................................455 Exercícios retirados das seguintes provas Cespe/TJDFT/Analista Judiciário/2003 Cespe/TJDFT/Técnico Judiciário/2003 Cespe/STJ/Técnico Judiciário/2004 Cespe/Polícia Federal/Papiloscopista/2004 Cespe/Polícia Federal/Escrivão Policial/2004 NCE/PCDF/Delegado de Polícia Civil do DF/2004 NCE/PCDF/Agente Penitenciário da Polícia Civil do DF/2005 NCE/PCDF/Agente de Polícia Civil do DF/2005 Cespe/CLDF/Consultor Legislativo da Câmara Legislativa do DF/2006 Cespe/Senado/Consultor Legislativo do Senado Federal/2002 Cespe/Ceajur/SGA/Defensor Público do DF/200l Cespe/OAB-DF/2006 Esaf/AFC/CGU/Analista de Finanças e Controle (Área Correição)/2006 NCE/Delegado de Polícia Civil do Rio de Janeiro/2002 NCE/Papiloscopista Policial do Rio de Janeiro/2002 NCE/lnspetor de Polícia do Rio de Janeiro/200l Esaf/MPU/Analista Processual/2004 Esaf/Procurador da Fazenda Nacional/2004 Esaf/Procurador do Banco Central do Brasil/2002 FESMPDFT/2006 Cespe/Ceajur/SGA/Defensor Público do DF/2006 Cespe/TSE/Analista Judiciário/2007 FCC/MPU/Analista (Área Processual)/2007 Cespe/CBMDF/Bacharel em Direito/2007 Cespe/OAB-DF/2007 Cespe/OAB-DF/2008 Cespe/STJ/Analista Judiciário/Área Judiciária/2008 Cespe/STF/Analista Judiciário/Área Judiciária/2008 FGV!Senado Federal/Advogado/2008 Funesp/Analista Judiciário-MT/2008 Cespe/TJ-AL/Juiz de Direito Substituto/2008 Cespe/PC-ES/Agente de Polícia Civil/2009 Cespe/TRE-GO/Analista/Área Judiciária/2009 Funesp/Analista Judiciário-MT/2008 Cespe/TJ-AL/Juiz de Direito Substituto/2008 Cespe/PC-ES/Agente de Polícia/2009 Cespe/TRE-GO/ Analista/Área Judiciária/2009• • APRESENTAÇÃO Seguindo a tendência de mudança do processo penal, materializada por meio de pequenas reformas, a presente sofreu modificações e está atuali zada conforme as Leis nOS 11.689/2008, 11.690/2008, 11.719/2008 e 11.900/2009 (reformas do CPP), bem como as Leis nOs 11.983/2009 (revoga a contraven de mendicância), 12.015/2009 (altera os crimes sexuais), 12.016/2009 (disclplma o mandado de segurança individual e coletivo), 12.019/2009 (prevê a possibilidade de o relator de ações penais de competência originária do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Fed.er'al convocar desembargador ou juiz para a reali zação de interrogatório e outros atos de instrução), 12.033/2009 (altera a ação pe nai do crime de injúria que especifica) e 12.037/2009 (dispõe sobre a identificação criminal do civilmente identificado). Além disso, esta obra está ajustada às mais recentes orientações do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça (inf0rmativos dos anos de 2008 e 2009), contando, ainda, com novos exercícios de fixação. Com isso, espero sinceramente continuar auxiliando aqueles que, nos bancos acadêmicos, traçam sua caminhada pela ciência do bem como os que alme jam a tão sonhada vaga no serviço público. Doutor. 'I INTRODUÇÃO DIREITO MATERIAL o Direito Material destina-se a traçar as regras de conduta dos indivíduos em sociedade, ou seja, dita os direitos e os deveres dos seres humanos no convívio social. Exemplo: o Direito Penal se preocupa em definir as infrações penais (tipificar condutas) e cominar (atribuir) a respectiva sanção. DIREITO PROCESSUAL o Direito Processual é a forma de operacionalização do Direito Material. Pode ser considerado um instrumento a serviço do Direito Material. Apesar disso, é ramo autônomo do Direito. De fato, de nada adiantaria existir o Direito Material sem o Direito Processual. Da mesma forma, o Direito Processual sem o Direito Ma terial cairia no vazio. CONCEITO DE PROCESSO PENAL Na clássica lição de Marques (1998, p. 32), o processo penal é o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares. Na verdade, o Direito Processual Penal visa compor as lides de natureza pe nai, por meio da aplicação do Direito Penal objetivo. Modernamente, o processo penal possui uma atuação garantista, buscando resolver os conflitos de interesses entre o Estado-Administração e o infrator, estabelecendo-se uma sequência orde nada de atos que vão desde a formulação da acusação até o julgamento da lide. r RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PRod~sUAL PENAL f Trata-se de um instrumento em favor do acusado, que funciona como limita dor do poder estatal. Confere uma série de garantias ao acusado, como o contradi tório, a ampla defesa, o devido processo legal, o estado de inocência etc. De acordo com Fernando Capez (2005, p. 3): (...) na relação processual aplicam-se os chamados princípios constitucionais do processo, garantindo-se às partes direitos como o contraditório, a da de, o de ser julgado pelo juiz natural da causa, a ampla defesa (no caso do acusado) etc. Hoje, não basta que o processo justo; ele tem que parecer justo. CAPíTULO 1 PRINCípIOS INFORMADORES DO PROCESSO PENAL DEVIDO PROCESSO LEGAL OU JUSTO PROCESSO Esse princípio tem sua origem na Inglaterra, por volta de 1215, com a Magna Carta. Éconhecido pela expressão due process of law. Inicialmente, aplicava-se ape nas à função legislativa do Estado (ou referia-se à forma correta, devida, de se elaborarem as leis), mas, com o tempo, passou a ser aplicado também à função exe cutiva e judiciária. No Brasil, está previsto no art. 5°, LlV, da Constituição Federal. entende-se como devido processo legal a forma devida, correta de se pra ticarem os atos processuais, de acordo com o estabelecido em lei. Subdivide-se em: 1- Devido Processo Legal formal ou instrumental: refere-se à forma (técnica procedimental). Consiste em saber se os atos processuais estão sendo praticados conforme o procedimento previamente estabelecido em lei. 11- Devido Processo Legal material ou substantivo (substantive due process of law). Trata-se de uma análise da razoabilidade e proporcionalidade do ato. Não basta saber se o ato obedeceu ao procedimento previsto em lei. Devemos, também, per guntar se a prática de tal ato é razoável ou proporcional, ou seja, se existe uma cor respondência entre o fim almejado pelo agente e os meios empregados para tanto. O devido processo legal é um dos princípios mais importantes dentro do processo penal. Alguns autores chegam a dizer que todos os demais princípios de correm dele. Trata-se de certo exagero, mas não podemos negar que, do devido processo legal, teríamos alguns subprincípios: 1- Contraditório (art. 5°, LV, da Constituição Federal de 1988). Nada mais é do que uma condução dialética do processo (sempre que uma das partes se ma nifestar, a outra terá a oportunidade de rebater tais argumentos). O contraditório 18 I I I RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL poderia ser assim representado: tese + antítese =síntese, ou seja, tese de acusação + tese da defesa = sentença do juiz. li-Igualdade entre as partes. Não basta dar a chance de ambas as partes se manifestarem. Exige-se, também, uma igualdade de forças. Assim, por igualdade entre as partes devemos entender igualdade e paridade de forças e oportunidades. É hoje corolário de um processo penal moderno e garantista. 111 - Ampla defesa (art. 5°, LV, da Constituição Federal de 1988). É a pos sibilidade de o acusado utilizar todos os instrumentos que estejam ao seu alcan ce, desde que não constituam prova ilícita, a fim de provar a veracidade de suas alegações, podendo, inclusive, negar ou calar a verdade. A ampla defesa abrange: i) a autodefesa (possibilidade de o acusado contar a sua versão dos fatos. Éexercida por ocasião do seu interrogatório e abrange o direito de presença e o direito de au diência); e ii) a defesa técnica (exercida por um profissional legalmente habilitado). No Brasil a defesa técnica é obrigatória, inclusive nos Juizados Especiais Criminais. IV - Direito ao silêncio e à não autoincriminação. O acusado tem o direito constitucional de permanecer calado. Além disso, ninguém está obrigado a produ zir prova contra si mesmo. OBSERVAÇÕES ··?'~)'Nal~in~9.~9~/1i;J9.6(i~tE!rCePtações telefÔlJic<Js},dj~-SE!quep contraqitóriQ é . c, ;;difefiçlóAã'quér~àíiz~do após a.cóleta "da prova.; , t:~~' ~.~',::,)~,.._' t ,.~.:::~:;~'::(:?:"~'~?:;;:'~.'+~:: ~1~-:~ \~:,\,L_,? . -': :' '.-..': :,>.: ".~' ~;_:::.,:".~'.; PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS Encontra-se prevista no art. 5', LX, da Constituição Federal. Assim, lia lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem". Percebe-se, portanto, que, em regra, os atos processuais são públicos, po dendo ser assistidos por qualquer pessoa. Entretanto, existem casos em que essa publicidade poderá ser restringida. Exemplo: defesa da intimidade ou em razão do interesse social. É justamente o oposto do que ocorre no inquérito policial. Confor me veremos mais adiante, o inquérito, em regra, é sigiloso. Finalmente, a Lei nQ 12.015/2009 acrescentou o art. 234-B ao Código Penal, estabelecendo que os procesos por crimes definidos no seu Título VI (Crimes contra a dignidade sexual) correrão sob segredo de justiça, 20 CAPíTULO 1- PRINciPiaS INrORMADORES DO PROCESSO PENAL OBSERVAÇÃO JUIZ NATURAL Nos termos do art. 5°, LlII, da Constituição Federal de 1988, "ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente". Isso significa que o acusado, ao ser processado, já deve saber de antemão quem será a autorida de judicial competente para julgá-lo, ou seja, a competência já deveestar previa mente definida, conforme regras objetivas. Assim, proíbe-se, no Brasil, a existência de juízos ou tribunais de exceção (art. 5°, XXXVII, da Constituição Federal de 1988), isto é, aqueles criados com finalidade casuística, especificamente para julgar deter minado caso. Além do Princípio do Juiz Natural, a jurisprudência majoritária também admi te o Princípio do Promotor Natural. Assim, da mesma forma que ninguém será sen tenciado senão pela autoridade competente, ninguém será processado ou acusado senão pela autoridade competente. Além disso, proíbe-se a existência de órgãos de acusação de exceção. Existe uma corrente minoritária que nega a existência do promotor natural, por entender que ele seria incompatível com o princípio da indivisibilidade que rege o Ministério Público (o raciocínio seria que, tendo em vista que os membros do Ministério Púbico podem substituir uns aos outros, não teria sentido falar-se em órgão de acusação previamente fixado). Finalmente, cabe registrar que não existe o princípio do delegado natural. Nada impediria, portanto, que se designassem órgãos de investigação casuísticos, ou seja, especificamente criados para acompanhar aquele caso. Não há, assim, a exigência de o investigado conhecer, de antemão, a autoridade já previamente competente para investigá-lo. OBSERVAÇÃO 21 RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL MOTIVAÇÃO DAS DECISOES (FUNDAMENTAÇÃO) Exige que todas as decisões judiciais sejam motivadas. Tem a finalidade de aferir a imparcialidade do julgador, bem como a legalidade e a justiça de suas deci sões. Decorre do art. 93, IX, da Constituição Federal. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA, ESTADO DE INOCÊNCIA, TRATAMENTO DE INOCENTE OU PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE Nos termos do art. 5°, LVII, da Constituição "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". Significa dizer que, enquanto a sentença não se tornar definitiva (enquanto não houver o trânsito em julgado), ninguém poderá ser considerado culpado. Disso decorrem algumas conclusões: o ônus da prova incumbe a quem alega. Assim, se o Ministério Público um homicídio ao João, não será ele quem terá que provar que é inocente, mas sim o Ministério Público terá que provar ser ele culpado (existe uma presunção legal relativa de não culpabilidade); 11- havendo dúvidas na valoração de uma prova, devemos adotar a interpre tação mais benéfica ao acusado. Além disso, temos também o princípio do in dubio pro reo, ou seja, havendo dúvidas quanto à inocência ou não do acusado, devemos absolvê-lo; 111 - no curso da instrução, devemos dar um tratamento de inocente ao acusado, especialmente quando da análise dos requisitos para decretação de sua prisão provisória. Importante acrescentar apenas que, nos termos da Súmula nO 9 do STJ, a existência da prisão provisória não ofende o princípio da presunção de inocência. OBSERVAÇÃO 22 r ~ .. CAPiTULO 1- PRINClplOS INFORMADORES DO PROCESSO PENAL INICIATIVA DAS PARTES OU PRINCípIO DA INÉRCIA Esse princípio é conhecido pela expressão ne procedat iudex ex officio. Isso significa que, em regra, o juiz não se manifesta sem ser provocado (a jurisdição é inerte). Existem algumas exceções: o juiz pode decretar a prisão preventiva de ofí cio, pode conceder a ordem de habeas corpus de ofício etc. PRINCípIO DA CORRELAÇÃO Segundo esse princípio, deve haver uma correlação entre aquilo que foi pe dido pelas partes (denúncia/queixa e peças de defesa) e o que será apreciado pelo juiz, de modo que ele não aprecie mais do que foi pedido (ultra petita), menos do que foi pedido (citra petita) ou algo diverso do que foi pedido (extra petita). Mais à frente, quando estudarmos a sentença, analisaremos os fenômenos da emendatio libelli e da mutatio libelli, que se referem a esse assunto. VERDADE REAL A doutrina mais tradicional costuma diferenciar o processo civil do processo penal, estabelecendo que, para o primeiro, aplicaríamos o princípio da verdade formal, ao passo que, para o processo penal, valeria o princípio da verdade real. Por verdade formal entende-se aquela produzida pelas partes (que não ne cessariamente corresponde a como os fatos realmente se passaram). No processo penal, entretanto, seria diferente. O juiz não deve se conformar meramente com a verdade produzida pelas partes, devendo, sim, buscar descobrir como os fatos se pas saram (materialidade, autoria etc.). Alguns autores criticam o termo "verdade real", pois defendem que nunca o magistrado teria certeza se o que foi provado realmente corresponde ou não à verdade dos fatos. Para eles, o melhor seria falar em verdade processual (aquilo que surge como verdade, considerando a realidade processual). É importante ressaltar que a doutrina mais moderna não faz a clássica dis tinção entre verdade real e verdade formal. Para ela, tanto no processo civil como no processo penal, o juiz deve buscar descobrir como os fatos se passaram. Isso significa que o princípio da verdade real se aplicaria a ambos. FAVOR REI Trata-se, em verdade, de mais uma regra de interpretação. Assim, havendo dúvidas na interpretação de uma norma, devemos sempre adotar aquela que for mais benéfica ao acusado, privilegiando-se o seu status libertatis. 23 li, " RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL PRINCípIO DA IDENTIDADE FíSICA DO JUIZ De acordo com esse princípio, o mesmo juiz que participou da coleta de pro vas (presidiu a instrução criminal) é que deve proferir sentença. Antes do advento da Lei nO 11.719, de 20 de junho de 2008, costumava-se dizer que tal princípio não se aplicava ao processo penal, salvo no Júri em que os mesmos jurados que presen ciavam o depoimento das testemunhas e participavam dos debates é que deveriam proferir o veredicto. Agora, entretanto, nos termos da nova redação do art. 399, § 2°, do cpp ("o juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença"), determi nada pela referida lei, fica evidente que o processo penal, assim como o processo civil, adotam o princípio da identidade física do juiz. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO Duplo grau de jurisdição é a possibilidade de revisão das decisões judiciais por um outro órgão jurisdicional. Questiona-se se ele seria obrigatório no Brasil, ou seja, se necessariamente todas as decisões, para ter eficácia, deveriam ser subme tidas a uma revisão. O Pacto de São José da Costa Rica (ou Convenção Americana de Direitos Hu manos), internalizado por nossa ordem jurídica por meio do Decreto n° 678/1992, estabelece que o acusado tem o direito de revisão das decisões que lhe sejam des favoráveis, o que dá a entender que o duplo grau seria obrigatório. O Supremo Tribunal Federal, entretanto, já se manifestou no sentido de que o duplo grau de jurisdição, no Brasil, não é obrigatório. Ele existiria, sim, nos casos em que a lei o estabelecer, nos termos do art. 5°, LV, da Constituição. Assim, no Brasil, o duplo grau não é de ordem constitucional, mas sim de ordem legal (uma vez que irá existir nos casos em que a lei previr). Exemplo: senadores, nos crimes co muns, são julgados e processados perante o Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, sendo a decisão desfavorável, não haverá outro grau recursal. Consequentemente, não há que se falar em duplo grau jurisdicional nessa hipótese. OBSERVAÇÃO 24 CAPíTULO 1- PRINCíPIOS INFORMADORES DO PROCESSO PENAL INADMISSIBILIDADE DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILíCITOS (ART. 5°, LVI, DA CF/l988 EART. 157 DO CPP, COM REDAÇÃO DETERMINADA PELA LEI N° 11.690/2008) Doutrinariamente, apesar de divergências, distinguiam-se as provas ilegais das ilícitas, das ilegítimas e das irregulares. As provas ilegais seriam o gênero, po dendo ser três as espécies: a) provas ilícitas: são aquelas produzidas com violação do direito material. Exemplo: confissão obtida mediante tortura (viola a dignidade e a integridade da pessoa humana); b)provas ilegítimas: são aquelas produzidas com violação do direito proces sual. Exemplo: ordem judicial que autoriza a quebra do sigilo bancário de alguém sem a devida fundamentação (viola a regra prevista no art. 93, IX, da CF/1988, de que todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas); c) provas irregulares: terminologia criada por alguns autores (RANGEL, 2005) para se referirem àquelas provas que respeitam as normas de direito processual, porém são produzidas em desacordo com alguma formalidade legal. Exemplo: man dado de 'busca e apreensão expedido pelo juiz, para que se apreenda determinado bem específico, no qual ocorre a apreensão de outro bem qu.e nele não consta. Nesse caso, a coleta obedeceu ao direito processual (decorreu de ordem judicial devidamente fundamentada), contudo violou certas formalidades legais (apreen são de objeto que não constava do mandado). A maioria dos autores, entretanto, não menciona essa terceirÇl modalidade de prova ilegal, pois entendem que, nesse caso, poder-se-ia falar em prova ilícita (já que o segundo objeto foi apreendido sem a devida ordem judicial, violando as regras do direito material). Feita essa distinção, a Constituição, no inciso LVI do seu art. 5°, estabele ce que "são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos". Isso significa que não se admitem provas ilícitas dentro do processo, e não que serão necessariamente declarados nulos todos os processos em que se ache uma prova ilícita. Com a Lei n° 11.690/2008, o art. 157 do CPP é expresso ao determinar que "são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, as sim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais". Dessa forma, a doutrina majoritária (NUCCI, 2008) vem entendendo que as provas ilícitas passaram a ser o gênero, tendo como espécies as provas ilegais (aquelas que vio lam o direito material) e as provas ilegítimas (violam o direito processual). Tanto as provas ilegais quanto as ilegítimas podem violar normas constitucionais ou legais. Provas Ilícitas por Derivação ou Ilicitude por Derivação Questiona-se se uma prova ilícita contamina as outras que dela se origina rem? Atualmente, o STF adota a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (fruits 25 lO RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL of the poisonous tree), segundo a qual uma prova ilícita contamina todas as outras que dela se originarem. Assim, imagine uma confissão obtida mediante tortura (prova ilícita) na qual o agente, depois de torturado, delata os seus comparsas que, então, são presos pela polícia. Nesse caso, tais prisões deverão ser relaxadas, uma vez que somente foram possíveis graças à confissão obtida mediante tortura (a prisão será uma pro va ilícita derivada). Representação 8 o § lOdo art. 157 do Cpp estabelece que "são também inadmissíveis as pro vas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade en tre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras". Entende-se por fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova (art. 157 do § 20 do CPP). A parte final do § 10 significa que uma prova ilícita por derivação deixa de ser ilícita caso demonstrada a existência de outras provas lícitas que permitam a obtenção dessa primeira prova (critério da prova separada ou da fonte independente). Esse entendimento já era consagrado pela jurisprudência do STF, ficando agora expresso no texto legal. OBSERVAÇÕES 26 CAPíTULO 1- PRINCíPIOS INFORMADORES DO PROCESSO PENAL distinguir, ainda, os termos. interceptação telefônica, escuta .tele ........ f~niça e gravação telefôl1;cêi. Na interc~ptaçãQ telefônica uma terceira pessoa ,(s~mque nenhuma délSpa~ess.aiba) ~apta. ac()twersa. já na escuta telefônica, . ..... ·.umterceiro (com oconhe-dmehiode uma das partes) capta tal conversa. 27 f i I I. I. I ! ! ~ CAPíTULO 2 f APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL Neste capítulo, estudaremos a aplicação da lei processual penal no tempo, no espaço e em relação a determinadas pessoas (imunidades), fazendo a devida diferenciação da aplicação da lei penal. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO De acordo com o art. 2° do Código de Processo Penal: "A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior". Como se pode perceber, no que se refere à lei processual penal, vale o Princípio da Aplicação Imediata, ou seja, pa ra ela vale a regra do tempus regit actum (o ato pro cessual será disciplinado pela lei que estava em vigor no dia em que ele foi praticado). Fica claro, assim, que a lei processual não retroage (os atos processuais praticados sob a vigência da lei anterior permanecem válidos), só alcançando os atos praticados a partir de sua entrada em vigor. No entanto, duas situações podem ocorrer: I os atos processuais praticados sob a vigência da lei anterior (atos anterio res, já consumados sob a égide da lei antiga) são válidos e devem ser preservados, não sendo alcançados pela nova lei processual penal (esta não retroage, nem para melhorar nem para piorar a situação do acusado); li-os atos ocorridos antes da entrada em vigor da nova lei processual penal, mas que ainda se encontram em desenvolvimento (processos que ainda estão em andamento quando surge a nova lei processual) serão atingidos por essa nova não importando se ela é mais benéfica ou gravosa para o acusado. Nesse caso, fala-se que haveria certa retroatividade da lei processual, já que ela está sendo aplicada a fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor, mas que ainda estão em desenvolvimento. RESUMOS ESQUEMATICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL Nota-se, então, que a lei processual penal não segue a mesma regra da lei Esta, nos termos do art. 5°, inciso XL, da Constituição Federal, não retroage, salvo para beneficiar o acusado (para ela vale a regra da retroatividade mais bené Já a lei processual penal tem aplicação imediata, valendo no mesmo dia em que entrar em vigor. Para Fernando Capez (2005, p. [... ] a lei processual penal só alcança os atos praticados a partir de sua vigên cia (dali para frente). A retroatividade existe, no entanto, sob outro aspecto. As normas de natureza processual aplicam-se aos processos em andamento, ainda que o fato tenha sido cometido antes de sua entrada em vigor e mes mo que sua aplicação se dê em prejuízo do agente. Éque a sua aplicação no tempo não se encontra regida pelo art. 5°, XL, da CF, o qual proíbe a lei de retroagir para prejudicar o acusado. Tal dispositivo constitucional não está se referindo à lei processual, que tem incidência imediata, mas tão somente à Por exemplo: a proibição da concessão de e de liberdade pro visória para os crimes considerados hediondos aplica-se aos processos em andamento, ainda que o delito tenha sido cometido antes de a lei lhe dar tal qualificação. A norma retroage para alcançar um fato praticado antes de sua entrada em vigor. Pode-se perceber, portanto, que a lei processual penal não segue a mesma regra da lei penal quanto à sua aplicação. Esta retroage para beneficiar o acusado, enquanto a lei processual tem aplicação imediata e só se aplica do dia em que entrar em vigor para a frente. Como diferenciar então uma norma penal de uma norma processual penal? A norma que afeta, de algum modo, a pretensão punitiva ou executória do aumentando-a ou diminuindo-a. qualquer norma que crie uma nova causa de extinção de punibilidade; norma que aumenta ou dimi nui a pena de um delito já previamente existente etc. Já a norma processual penal refere-se à técnica procedimental, não refle tindo na pretensão punitiva ou executória do Estado. Exemplos: normas relativas às formasde citação, intimação ou notificação; interrogatório; fiança ou liberdade provisória etc. Para Fernando Capez (2005, p. 53): [...] é o caso das regras que disciplinam a prisão provisória, proibindo a con cessão de fiança ou de liberdade provisória para determinados crimes, am o prazo da prisão temporária ou obrigando o condenado a se recolher à prisão para poder apelar da sentença condenatória. Embora haja restrição libertatis, o encarceramento se impõe por uma necessidade ou conve niência do processo, e não devido a um aumento na satisfação do direito de punir do Estado. Se o sujeito vai responder preso ou solto ao processo, isso 30 tO CApITULO 2" APUCAÇÃO OA LEI PROCESSUAL PENAL não diz respeito à pretensão punitiva, até porque tal tempo será detraído de futura execução (CP, art. 42). Desse modo, se um agente comete um crime antes da entrada em vigor de uma lei, que proíbe a liberdade provisória, caso venha a ser preso, não poderá ser solto, uma vez que a norma, por ser proces sual, tem incidência imediata, alcançado os fatos praticados anteriormente, mesmo que prejudique o agente. OBSERVAÇÕES APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO Nos termos do art. lOdo CPP: o processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: 1- os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 11 - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos minis tros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2°, e 100); 111 os processos da competência da Justiça Militar; IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, nO 17); V os processos por crimes de imprensa.1 Em abril de 2009, o Supremo Tribunal federal entendeu que o conjunto de dispositivos da lei de Imprensa (Lei n9 $.250/1967) não foi recepCionado pela Constituição Federal (AOPF nO BO/OF. ReL Min. Carlos Britto, 30/4/2009). 31 "I I" brasileira só vale dentro dos limites territoriais nacionais (lex fori). Se o pro .. RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL \ Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nOs IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso. No que se refere à aplicação da lei processual penal no espaço, vale o Princí pio da Territorialidade Absoluta, ou seja, a lei processual penal nacional se aplica exclusivamente aos processos e aos julgamentos ocorridos no território brasileiro. Como se pode perceber, a regra não é a mesma da lei penal, pois, para esta, vale o da territorialidade relativa ou mitigada, sendo possível sua aplicação, em casos, aos crimes ocorridos fora do território brasileiro (extraterritorialidade - art. 7° do Código Penal). Para Fernando Capez (2005, p. 57): a lei penal aplica-se aos crimes cometidos fora do território nacional que sujeitos à lei penal nacional (cf. art. 7° do CP). É a chamada extra territorialidade da lei penal. Contudo, é preciso que se frise: a lei processual cesso tiver tramitação no estrangeiro, aplicar-se-á a lei do processuais forem praticados. Deve ser destacado, ainda, que as ressalvas contidas no art. 1° do CPP não representam, como podem parecer, exceções à territorialidade da lei processual penal brasileira, mas apenas hipóteses em que não se aplicaria o CPP brasileiro, e sim outras leis processuais penais (leis extravagantes), a exemplo dos crimes mili tares, eleitorais, entorpecentes etc. De fato, a lei processual penal representa um aspecto de soberania do Esta do, não podendo, portanto, ser aplicada fora de seus limites territoriais. Finalmen te, leiam-se as palavras de Luiz Flávio Gomes (2005, p. 42): [... ] o art. 1° do CPP adotou o chamado princípio da territorialidade, que sig nifica: (a) que o Código de Processo Penal é válido em todo território nacional (não li existe nenhuma parte do nosso território em que não tenha aplicação o CPP); .~ (b) que o CPP é único em todo território nacional: os Estados-Membros não u podem, em princípio, legislar sobre processo - CF, art. 22, I; somente sobre procedimentos e direito penitenciário - CF, art. 24, XI [... ]; No Brasil, o processo penal é uno (princípio da unidade processual), ou seja, há aplicação de uma só legislação para o processo penal no (c) que o Cpp e outras leis processuais só valem no território brasileiro (não se aplicam fora do Brasil em nenhuma situação, ainda que se trate de extra territorialidade da lei principio, segue o CPP: dissemos em princípio porque, na verdade, em muitos casos o CPP só é aplicado (d) que todo processo 32 CAPíTULO 2 - APLICAÇÃO DA LEI PRO.CESSUAL PENAL subsidiariamente. Ex.: tóxicos, crime militar, crime eleitoral, crimes de impren sa2 etc. Esses crimes, como se sabe, contam com procedimentos próprios; (e) que todo crime ocorrido no território brasileiro, com autoria conhecida em princípio, é processado no Brasil, segundo o CPP. Essa regra, entretanto, conta com exceções: (a) imunidade do Presidente da República; (b) imunida de diplomática. Ex.: embaixador norte-americano que comete crime no Brasil (financeiro ou tributário, ou narcotráfico, por exemplo) será julgado e proces sado em seu país de origem, nos Estado Unidos da América. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL EM RELAÇÃO ADETERMINADAS PESSOAS Imunidades diplomáticas As imunidades diplomáticas encontram-se previstas na Convenção de Viena sobre relações diplomáticas, assinada em 18 de abril de 1961; e na Convenção de Viena sobre relações consulares, assinada em 24 de abril de 1963, ratificadas em 23 de fevereiro de 1965 e 20 de abril de 1967, respectivamente. Essas convenções se referem a qualquer delito e abrangem os agentes diplomáticos (embaixador, se cretários da embaixada, pessoal técnico e administrativo das representações); os membros de suas famílias; os funcionários de organizações internacionais (ONU, OEA etc.) quando em serviço; os chefes de Estado estrangeiro quando em visita a outros pa.íses, bem como os membros de sua comitiva. Não são abrangidos por essas imunidades os empregados particulares dos agentes diplomáticos (ainda que da mesma nacionalidade destes), a não ser que o Estado acreditante as reconheça. Ademais, os cônsules (agentes administrativos que representam interesses de pessoas físicas ou Jurídicas estrangeiras) não gozam dessas imunidades, a não ser na existência de tratado entre as nações interessadas. Entretanto, como leciona Mirabete (2006, p. 44): [...1não estão, porém, sujeitos à jurisdição das autoridades judiciárias e ad ministrativas do Estado receptor pelos atos realizados no exercício das fun ções consulares. Além disso, gozam de alguns privilégios a respeito da prisão preventiva (arts. 41 e 43 da Convenção de Viena sobre relações consulares). Como se pode perceber, o cônsul não representa o Estado, exercendo fun ções referentes às atividades privadas, principalmente mercantil. Por isso, tem imu nidade apenas frente às autoridades judiciárias e administrativas do Estado recep tor (acreditado) no tocante aos atos praticados no exercício da função consular. 1 Em abril de 2009, o Supremo Tribunal Federal entendeu que o coníunto de dispositivos da Lei de Imprensa (Lei nO 5.250/1967) não fol recepdonado pela Constituição Federa! (ADPF nO 130/DF. ReI. Min. Carlos Britto, 30/4/2009). 33 lO RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL Logo, não se aplica essa imunidade consular aos membros de sua família. Ademais, permite-se o inquérito, ação penal e prisão relativos a crimes não relacionados com a função consular. Finalmente, considerando que alguns países unificaram as carreiras (cônsul e diplomata), dentre os quais se inclui o Brasil, os profisSionaiS da diplomacia transitam concomitantemente entre as funçõesdiplomáticas e consulares. Assim, a função exercida no momento é que determina a pauta de privilégios no tocante à imunidade diplomática. (DEMO, 2006, p. 29) OBSERVAÇÕES '~~iJ~rdi~;~.~!i~~!2,~~,:~1iJ~i.JJi~~~~~;f~~1~~i~~j;é;'"'>';~"." •. ,;.;i;',;, '~~"ié2t.~t&k~t;; Imunidades parlamentares A fim de que o Poder Legislativo e seus membros possam agir com indepen dência e liberdade, a Constituição da República outorgou aos congressistas algumas prerrogativas, entre elas, as imunidades parlamentares. Estas podem ser de duas espécies: a) imunidade material, penal ou absoluta; e b) imunidade processual, formal ou relativa. De acordo com o art. 53 da Constituição Federal: Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. § 1° Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão subme tidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. 34 CAPíTULO 2 - APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL § 2° Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. § 3° Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. § 4° O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo im prorrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. § 5° A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. § 6° Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. § 7° A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença dà Casa respectiva. § 8° As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o esta do de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. Imunidade material, penal ou absoluta Nos termos do art. 53 da Constituição Federal, "os deputados e senadores são invioláveis, çjyil e penalmente, por quaisquer de suas palavras, opiniões e votos." ~ ._~--------------- Essa imunidade abrange qualCJuer ti~de manifestação do congressista, esc~ta ou verbaL exigindo-se, apenas, que ocorra no exercício da função parlamentar, dentr-o O!ÚQrª-f!o recinto d~Com aE~n~35,de iÕ01, tal imunidade foi ampliada para se referir tanto ao aspecto penal quanto ao civil. Exige-se, ainda, a existência de n~ entre a suposta manifestação ofensiva e o exercício do mandato, pois a imunidade parlamentar não pode servir como licença para se ofenderem pessoas desarrazoada mente. É sim g5lrantia. para o li vre exe.c020 da função legislativa. O STF entende, entretanto, que essa "conexão com o exercício do mandato ou com a condição parlamentar" só é exigida para as ofensas irrogadas fora do Parlamento. Para os pronunciamentos feitos no interior das Casas Legislativas não cabe indagar sobre o conteúdo das ofensas ou a conexão com o mandato, dado que acobertadas com o manto da inviolabilidade. Nesse caso, caberá à própria Casa a que pertencer o parlamentar coibir eventuais excessos no desempenho dessa prerrogativa3. 3 Nesse sentido: vide Inquérito STF nO 1.958, ReI. Min. Carlos Britto, DJ de 18/2/2005. 35 "1 r RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL A doutrina diverge no que se refere à natureza Jurídica da imunidade absolu ta, sendo três as posições mais aceitas: 1-é causa excludente do crime (Pontes de Miranda, Nelson Hungria e outros); 11- é causa pessoal de exclusão ou isenção de pena (Helena Cláudio Fragoso e Damásio de Jesus); -{t 111- é causa de exclusão da tipicidade (Fernando Capez, Luiz Flávio Gomes eÍ:c). Os deputados estaduais também gozam dessas imunidades absolutas (art. 27, § 10, da CF/1988). Da mesma forma, os vereadores, porém a imunidade só existe I quando o crime for praticado no exercício do mandato e na circunscrição do municí pio (art. 29, VIII, da CF/1988). Conforme veremos logo adiante, os vereadores não es tão abrangidos pela imunidade formal, seja quanto à prisão, seja quanto ao processo. OBSERVAÇÕES ~ I ! ! í :f Imunidade formal, processual ou relativa De acordo com Mirabete (2006, p. 47): ~ ~ as imunidades relativas são as que se referem à prisão, ao processo, às ljprerrogativas de foro e para servir como testemunha, embora somente as ~ duas primeiras sejam incluídas na noção de imunidade em sentido estrito. .~ :1 ijNo que se refere ao foro, nos termos do art. 53, § 1°, da CF/1988, os deputados ;1 federais e senadores serão julgados, nos crimes comuns, perante o Supremo Tribunal Federal. Caso se trate de crime de responsabilidade, o julgamento será feito pelo Se nado Federal (ou pela Câmara dos Deputados, no caso dos deputados federais). Encer rada a função parlamentar, cessa automaticamente o foro por prerrogativa de função. Registre-se que a Súmula nO 394 do STF foi cancelada em 25 de agosto de 1999: cometido o crime durante o exercício funcional do mandato parlamentar, prevalece a competência especial por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados após a cessação daquele exercício. 36 " CAPíTULO 2 - APLICAÇÃO DA lEI PROCESSUAL PENAL Éimportante destacar, ainda, que a Lei na 10.628/2002, que deu nova redação ao art. 84 do Código de Processo Penal e lhe acrescentou dois novos parágrafos, foi declarada inconstitucional pelo plenário do STF em 15 de setembro de 2005 (ADln n° 2.797). Assim, o antigo § 1° do art. 84 do CPP "a competência especial por prer rogativa de função, relativa a atos administrativos do agente, prevalece ainda que o inquérito ou a ação judicial sejam iniciados após a cessação do exercício da função pública" não tem mais aplicabilidade. Quanto à possibilidade ou não de prisão, dispõe o § 2° do art. 53 da Magna Carta que os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. Como se pode perceber, o parlamentar jamais poderá ser preso por crime afiançável. ~5J.E, o parlamentar só está sujeito a dois tipos de prisão: a) flagrante por crime inafiançável; e b) quando houver sentença con denatória transitada em julgado. Nenhuma outra modalidade de prisão cautelar (preventiva; temporária; decorrente de pronúncia; decorrente de sentença con denatória recorrível; ou decorrente de acórdão de segunda instância) ou mesmo a prisão civil (exemplo: alimentos) tem cabimento (precedentes do STF). Já quanto ao processo, antes da Emenda Constitucional nO 35/2001, exigia-se a prévia licença da Casa Legislativa para a instauração de ação penal contra o par lamentar. Tal licença era verdadeira condição de prosseguibilidade da ação penal. Com o advento da referida emenda constitucional, entretanto, importantes altera surgiram. Nos termos do § 3° do art. 53 da Constituição: [... ] recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respec tiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. o § 4° do mesmo dispositivo: "o pedido desustação será aprecia do pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora". Registre-se, ainda, que a sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato (art. 53, § 5°, da CF/1988). Essa última regra significa que, encerrado o mandato, a prescrição volta a correr pelo tempo que faltava. Como se pode perceber, atualmente não se exige mais a prévia licença da Casa Legislativa para iniciar a ação penal contra os parlamentares, deixando, assim, de existir um controle prévio. Porém, segundo a leitura do art. 53, § 3°, há agora um 37 RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL controle posterior exercido pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, consistente na possibilidade de se sustar o andamento da ação penal. Note, no entanto, que a possibilidade de sustação do andamento da ação penal só existe se o crime foi cometido após a diplomação do parlamentar. Conforme bem alegado por Fernando Capez (2005, p. 61-62): [ ... ] recebida a denúncia, em se tratando de crime cometido antes da diploma ção, o processo terá seu curso normal perante o juiz natural (STF, Tribunal de Justiça etc.), e não existe a possibilidade de sua sustação pelo Parlamento. Por isso mesmo é que o STF não tem sequer a obrigação de comunicá-lo sobre a existência da ação em curso. Em se tratando de crime cometido após a mação, ao contrário, incide a nova disciplina Jurídica da imunidade processual (leia-se: da suspensão parlamentar do processo). Impõe-se, nesse caso, que o Supremo Tribunal Federal dê ciência à Casa respectiva que poderá sustar o an damento da ação. De qualquer modo, essa possibilidade não alcança o coautor ou partícipe do delito. A Súmula nO 245 do STF é esclarecedora: "a imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa". Além disso, nos termos do art. 53, § 6°, da Constituição, os deputados e se nadores têm imunidade para servir como testemunha. Isso significa que eles não estão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles rece beram informações. Ressalte-se, ainda, que as imunidades dos deputados e senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso que sejam incompatíveis com a execução da medida (art. 53, § 8°, da CF/1988). Finalmente, lembre-se de que a incorporação de deputados e senadores às Forças Armadas, ainda que militares e em tempos de guerra, dependerá de pré via licença da Casa respectiva (art. 53, § ]O, da CF/1988). OBSERVAÇÕES 38 .. CAPfTULO 2 - APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL Imunidade do advogado Dispõe o art. 7° do Estatuto da Advocacia (Lei n° 8.906/1994): Art. 7° [ ... ] [...] § 20 O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difa mação ou.~ puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. Segundo'esse dispositivo, o advogado não responde pelos crimes de injúria, difamação e desacato cometidos no exercício da sua atividade. O STF, n"o entanto, suspendeu a eficácia desse dispositivo no que diz respeito à expressão "desacato". Conclusão: Atualmente, o advogado só está imune pelos crimes de injúria e difamação cometidos no exercício da função. Responde, portanto, pelos crimes de calúnia e desacato, ainda que cometidos no exercício de suas funções. Ademais, a exemplo do que ocorre com a imunidade parlamentar material, o advogado somente é inviolável quanto às suas manifestações quando estas decor rem do estrito exercício da profissão. Imunidade do presidente da República o'V De acordo com o art. 86 da Constituição Federal: .J/J Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois ter ços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. § 10 O Presidente ficará suspenso de suas funções: 1- nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; 39 'li li, .. RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 11 nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Se nado Federal. § 2° Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, ojulgamento não esti ver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. § 3° Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão. § 4° O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. o presidente da República será julgado pelo Supremo Tribunal Federal, nos crimes comuns, e pelo Senado Federal, nos crimes de responsabilidade (neste caso, o julgamento no Senado será presidido pelo presidente do STF). No entanto, exige se a prévia autorização da Câmara dos Deputados pelo voto de dois terços de seus membros (art. 51, I, da CF/1988). Além disso, o § 4° do art. 86 da Constituição trouxe hipótese de imunidade penal temporária do presidente da República. Em outras palavras, durante a vigên cia do mandato presidencial, está impedida a instauração de processo-crim~ contra o chefe do Executivo Federal se os fatos imputados forem estranhos ao exercício da função. No entanto, tratando-se de atos propter officium (relativos ao exercício da função), não está impedida a persecução criminal (precedentes do STF). ·ê ~ ~ I ~ t ~ ~ rj 40 r'i: CAPíTULO 3 INOUÉRITO POLICIAL (ARTS. 40 A23 DO CPP) CONCEITO Inquérito policial é o conjunto de diligências realizadas pela Polícia Judiciária (Polícia Civil e Polícia Federal), com o intuito de reunir provas da materialidade e in dícios de autoria de uma certa infração penal e, assim, fornecer os elementos de con vicção necessários para que o titular da ação penal (Ministério Público, nos casos de ação penal pública, e o particular, nos casos de ação penal privada) possa oferecê-Ia. Trata-se, então, de um procedimento ou expediente de caráter administra cautelar, provisório e preparatório da ação penal. O inquérito policial é um procedimento pré-processual, cujos atos têm caráter administrativo. Não se con funde, portanto, com o processo, cujos atos têm caráter judicial. OBSERVAÇÕES RESUMOS ESQUEMÁnCOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL Diferenças entre Polícia Administrativa (ou de Segurança) e Polícia Judiciária (ou de Investigação) Polícia Administrativa ou de Segurança Polícia Judiciá ria 1- Polícia Militar; Polícia Rodoviária Federal; polí- 11_ Polícia Civil e Polícia Federal cia Ferroviária Federal; Guardas Municipais etc. 2 - Rege-se basicamente pelas regras do Direito 12 - É regida basicamente pelas normas do Direito Administrativo. Penal e Processual Penal. 3 - Sua finalidade é preponderantemente preven-13 - É preponderantemente repressiva e excep tiva e excepcionalmente repressiva. cionalmente preventiva. 4 - Atua basicamente sobre bens e direítos e, 14 - Seu foco de atuação principal são as pessoas eventualmente, sobre pessoas. e, eventualmente, os bens e direitos. FINALIDADE A finalidade do inquérito policial é meramente investigativa. Podem-se apon tar, ainda, três outras finalidades: I - formar a opinio deficti do titular da Ação Penal, ou seja, formar sua con vicção quanto à existência ou não do delito, diante dos elementos de informação que lhe são fornecidos; 11- fornecer a chamada justa causa para a ação penal, isto é, aquelas evidên cias mínimas que permitem uma acusação formal, diantedas provas da materiali dade e dos indícios de autoria; 111- reunir cautelarmente as provas que correm risco de deteriorização, uma vez que, ordinariamente, as provas são produzidas durante a fase processual. u CARACTERíSTICAS ~ n H I' Dentre as principais características do inquérito policial, podem-se apontar jl as seguintes: ri I ti1- trata-se de um procedimento escrito (formal); 11- em regra, é sigiloso. A necessidade ou não desse sigilo é avaliada pela auto ridade policial (delegado). Esse sigilo, entretanto, não se aplica ao juiz, aos membros do Ministério Público e, conforme orientação mais recente do STF, ao advogado;4 ;i ~ Vide Informativo nQ 356 e Súmula Vinculante nQ< 14, ambos do Supremo Tribunal Federal. 11 ~i 42 ~ CApiTULO 3 -INQUÉRITO POLICIAL (ARTS. 4" A 23 DO CPP) 111 - trata-se, em regra, de um procedimento inquisitivo, ou seja, diferente mente do que ocorre no processo, não há contraditório no inquérito policial. Exce ção: No caso de expulsão de estrangeiros (Lei nO 6.815/1980), o inquérito poliCiai será conduzido pela Polícia Federal, havendo contraditório obrigatório; OBSERVAÇÃO IV - autoritariedade: o delegado de polícia é a autoridade máxima dentro do inquérito; V discricionariedade: cada delegado de polícia conduz o inquérito da forma que achar mais conveniente. Note que a discricionariedade se refere apenas à for ma de condução do inquérito policial e não à sua instauração. Assim, sendo caso de se instaurar o inquérito, não pode a autoridade policial se negar a fazê-lo, cabendo ao prejudicado recorrer ao chefe de polícia; VI - oficialidade: o inquérito policial é conduzido por um órgão oficial do Es tado (Polícia Integra o Poder Executivo); VII oficiosidade: nos crimes sujeitos à ação penal pública incondicionada, o inquérito policial é instaurado de ofício pela autoridade policial, não se exigindo a prévia manifestação de vontade da vítima. No entanto, conforme será visto mais adiante, se o crime for de ação penal pública condicionada à representação ou de ação penal privada, o inquérito policial só poderá ser instaurado ser houver a prévia manifestação de vontade da vítima ou do seu representante legal; VIII o inquérito policial não é obrigatório para o início da ação penal. Isso significa que, desde que a materialidade e a autoria restem comprovadas por qual quer outro meio, o promotor de justiça poderia oferecer a denúncia sem a necessi dade de se instaurar o inquérito previamente. Trata-se, assim, de um procedimen to totalmente dispensável para o início do processo. Para o delegado, entretanto, o inquérito é obrigatório, não podendo dispensá-lo conforme o seu bel-prazer. NOTíCIA DO CRIME (NOrlTlA CR/MINIS) Éa forma pela qual a autoridade policial toma conhecimento da ocorrência de uma certa infração penal. Coloquialmente, usamos a expressão "prestar queixa" (termo incorreto). A notitia críminis pode ser classificada em: 43 4 III RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL 1- Direta, imediata, espontânea ou não qualificada. Ocorre quando a comu nicação à autoridade policial de ocorrência de uma infração penal se faz de maneira informal, por meio de suas atividades rotineiras. Exemplos: noncias de TV ou nal, delação apócrifa (erroneamente chamada de "denúncia anônima"). descoberta ocasional do corpo de delito. 11 - Indireta, mediata, provocada ou qualificada. É aquela em que a comu nicação à polícia de que uma infração ocorreu se faz de maneira formal. Exemplos: ofício requisitório do juiz/promotor enviado ao delegado de polícia, comunicando a ocorrência de um crime e requisitando a instauração de inquérito; requerimento do ofendido. 111- Coercitiva ou obrigatória. Recebe esse nome quando se trata de caso dé flagrante delito. A autoridade policial toma conhecimento da ocorrência do crime no momento em que o preso em flagrante lhe é OBSERVAÇÕES FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INOUtRITO POLICIAL Uma vez que a autoridade policial está ciente do cometimento de uma de terminada infração penal, o passo seguinte será a instauração do 44 0' CAPíTULO 3 -INQU~RlTO POLICIAL (ARTS. 42 A 23 DO CPP) para apurar tal infraçãos. As formas de instauração do inquérito policial dependem do tipo de ação penal a que a infração penal estará sujeita: 1- Quando se tratar de uma infração sujeita à ação penal pública incondi cionada. O inquérito terá início da seguinte forma: a) de ofício pelo delegado (portaria); b) por meio do requerimento de qualquer do povo. Édirigido ao delegado (portaria); c) mediante ofício do juiz/promotor. Esse ofício é dirigido ao de legado que, por meio de instaurará o inquérito. Nesse caso, ele ficará obrigado a instaurá-lo; d) por meio do Auto de Prisão em Flagrante (APF), nos casos de prisão em flagrante. 11- Quando se tratar de uma infração sujeita à ação penal pública condicio nada ou ação penal privada (desde que acompanhados da prévia manifestação de vontade da vítima): a) pelo delegado (Portaria); b) mediante ofício nrl'\rY\nTf"\Y' é ao delegado que, por meio da c) por meio do APF, nos casos de prisão em flagrante. OBSERVAÇÃO INCOMUNICABILIDADE DA PRISÃO Já constitui entendimento pacífico, tanto na doutrina quanto na jurisprudên cia, que a incomunicabilidade da prisão (art. 21 do Código Processual Penal) não foi recepcionada pela Constituição Federal. A Carta Política é expressa, em seu art. 5°, LXII, ao dispor que "a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada". Assim, como se trata de norma mais recente e de maior hierar quia, é a que deve prevalecer. 45 IV RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL Conclusão Não há mais que se falar em incomunicabilidade da prisão após o advento da CF/1988. PRAZO PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL (ART. 10 DO CPP) I - Justiça estadual. Dez dias contados da data de efetivação da prisão (indi ciado preso). Esse prazo é, em regra, improrrogável. No entanto, existem decisões do Superior Tribunal de Justiça admitindo que esse prazo seja razoavelmente ul trapassado quando o atraso nas investigações se der por culpa da própria defesa, ou quando se tratar de requerimento de diligências imprescindíveis ou houver um número excessivo de indiciados. Caso o indiciado esteja solto, o prazo de conclusão do inquérito será de trinta dias contados do recebimento da notitia criminis. Estan do o indiciado solto, e sendo a infração de difícil elucidação, admitem-se sucessivas prorrogações (art. 10, § 3°, do CPP). 11-Justiça federal (Lei nO 5.010/1966). Quinze dias (indiciado preso). Esse pra zo pode ser prorrogado, uma vez só, por igual período. Caso o indiciado se encontre solto, o prazo de conclusão do inquérito será de trinta dias. Estando o indiciado em liberdade, e sendo o fato de difícil elucidação, admitem-se sucessivas prorrogações. 111_ Entorpecentes (Lei n° 11.343/2006). Trinta dias (indiciado preso) e no venta dias (indiciado solto). OBSERVAÇÕES IV - Crimes contra a economia popular (Lei nO 1.521/1951). Dez dias (indicia do preso) e dez dias (indiciado solto). Estando ele preso, esse prazo será, em regra, improrrogável. Caso o indiciado esteja solto, admitem-se sucessivas prorrogações. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL (ART. 5°, LVIII, DA CF. ELEI N° 12.031/2009) A regra geral, nos termos do que dispõe a CF, é que o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nos casos previstos na lei. Em 2000, 46 CAPíTULO 3 -INQU~RITO POliCIAL (ARTS. 4' A 23 DO CPP) foi editada a Lei n° 10.054, que trouxe as hipóteses em que mesmo alguém já sendo civilmente identificado também teria de ser submetido à identificação criminal. Nada obstante, em 1Q de outubro de 2009, entrou em vigor a Lei n2 12.037 (dispõe sobre a identificação criminal do civilmente identificado)6, revogando ex pressamente a Lei nQ 10.054/2000(art. 92). Assim como a Lei n2 10.054/2000, a nova legislação regulamenta o art. 5, LVIII, da CF/1988, estabelecendo que o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nos casos previstos em lei. A identificação criminal, atualmente, é feita de duas formas (art. 52): fotográfica ~ ..Formas ~ datiloscoplca Conforme o art. 3 da Lei nQ 12.037/2009, poderá ocorrer a identificação cri minal, ainda que apresentado o documento civil, quando: a) o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; b) o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; c) o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre d) a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade policial, do Ministério Público ou da defesa; e) constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; f) o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expe dição do documento apresentado impossibilite a completa identificação dos carac teres essenciais. Deve-se ressaltar também que, conforme o art. 6 da referida é vedado mencionar a identificação criminal do indiciado em atestados de antecedentes ou em informações não destinadas ao juízo criminal, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. Ademais, no caso de não oferecimento da denúncia, ou sua rejeição ou absolvição, é facultado ao indiciado ou ao réu, após o arquivamento definitivo do inquérito ou trânsito em julgado da sentença, requerer a retirada da identificação fotográfica do inquérito ou processo, desde que apresente provas de sua identificação civil (art. 7). 6 Nos termos do art. 2 da lei n~ 12.037/2009, a identificação civil é atestada por um dos seguintes documentos: i) carteira de identidade; li) carteira de trabalho; im carteira funcional; IV) passaporte; v) carteira de identificação funcional; ou vi) qualquer outro documento público que permita a identificação. 47 " RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL OBSERVAÇÕES DILIGÊNCIAS MAIS COMUNS EM SEDE DE INQUÉRITO (ART. 6° DO CPP) I - Resguardo do local, de modo que não se alteré o estado das coisas, até a chegada dos peritos. 11- Apreensão de objetos e colheita de provas. 111- Exames, avaliações e perícias. IV Reconhecimento de pessoas e de coisas e acareações. V -Interrogatório do indiciado. VI - Declarações da vítima. VII- Depoimento ou oitiva de testemunhas. VIII- Ordenamento da identificação criminal do indiciado, nos casos em que a lei autoriza. IX - Reconstituição da infração: o indiciado não está obrigado a participar, pois ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Além disso, a reconsti tuição não deve ser feita quando ofender a moral ou os bons costumes. X - Nos termos do art. 10 da lei nO 11.340, de 7 de agosto de 2006, na hipó tese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imedia to, as providências legais cabíveis, destacando-se as contidas nos arts. 11 e 12 da referida lei. Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e fami liar, a autoridade policial deverá, entre outras providências: 48 I ~ r.' i I r.,t tl Fi, ~ CAPíTULO 3 -INQUÉRITO POLICIAL (ARTS. 42 A 23 DO CPp) I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário; 11 - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Mé dico legal; lfI fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida; IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta lei e os serviços disponíveis. Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imedia to, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada; 11- colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias; remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência; IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários; V ouvir o agressor e as testemunhas; VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele; VII- remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Minis tério Público. § 1° O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter: I qualificação da ofendida e do agressor; 11 nome e idade dos dependentes; 111- descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida. § 2° A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1° o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida. § 3° Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde. VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL Segundo o Supremo Tribunal Federal, é vedada (nula) a condenação apoiada exclusivamente nas provas do inquérito policial, pois em tal situação haveria vio 49 RESUMOS ESQUEMÁTICOS DE DIREITO PROCESSUAL P<NAL laçãoabprincípio constitucional do contraditório. Daí por que se diz que o valor probatqrio do inquérito é apenas relativo, já que deve estar apoiado (balizado) por oLitróS~lementos de prova. Isso agora ficou claro, como já mencionado, com o art. ],5,5 dO CPP, com redação determinada pela Lei nO 11.690/2008. víCIOS Conforme já mencionado, os vícios do inquérito não contaminam o proces so ou a ação que dele se originar, já que se trata de fases distintas. Nulidades do inquérito, no máximo, contaminam o próprio inquérito. Segundo a jurisprudência, entretanto, a nulidade de um ato específico pode diminuir-lhe o valor probatório. Lembre-se de que tudo o que foi feito no inquérito será revisto e refeito quan do da ação penal, salvo aquelas perícias consideradas irrepetiveis. Daí por que as nulidades dos atos do inquérito não trazem maiores consequências para o processo. ARQUIVAMENTO Muito se discute quanto à natureza Jurídica do ato de arquivamento do in quérito. De uma forma geral, a doutrina entende que se trata de decisão inter locutória que põe fim à investigação. No entanto, prevalece na jurisprudência o entendimento de que o arquivamento do inquérito seria um simples pronuncia mento sem qualquer conteúdo jurisdicional, ou seja, o juiz não ingressa na análise do mérito da questão ao arquivar o inquérito. Características do arquivamento 1-Somente a autoridade judicial pode arquivar o inquérito, não o podendo fa zer nem o delegado, nem o promotor. Além disso, o juiz não pode arquivar o inquérito de ofício, ou seja, só poderá fazê-lo se houver pedido do Ministério Público. 11- A decisão de determinar o arquivamento do inquérito é, em regra, irre corrível, ou seja, não cabe qualquer recurso. Exceção 1: a decisão que arquiva o inquérito policial ou absolve o réu nos crimes contra a saúde pública ou economia popular estão sujeitas ao "recurso de ofício" (reexame necessário ou remessa obrigatória - art. 7° da Lei n~ 1.521/1951). Exceção 2: a decisão
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