Buscar

PROCESSO PENAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 180 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 180 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 180 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
1 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
CONCURSO: CARREIRAS POLICIAIS – Polícia Civil 
 
ÍNDICE: 
1 – Aplicação da Lei Processual Penal...................................................................................01 
2 – Princípios Constitucionais................................................................................................04 
3 – Sistemas Processuais........................................................................................................07 
4 – Inquérito Policial..............................................................................................................10 
5 – Ação Penal........................................................................................................................24 
6 – Competência.....................................................................................................................30 
7 – Medidas Cautelares..........................................................................................................34 
8 – Teoria Geral da Prova no Processo Penal........................................................................55 
9 – Código de Processo Penal................................................................................................64 
10 – Súmulas..........................................................................................................................94 
11 – Questões de Concursos..................................................................................................97 
 
Capítulo 1 
 
 
Aplicação da Lei Processual Penal 
 
 
 LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO 
O estudo da aplicabilidade da Lei Processual Penal está relacionado à sua aptidão para produzir efeitos. Essa aptidão 
para produzir efeitos está ligada a dois fatores: espacial e temporal. 
Assim, a norma processual penal (como qualquer outra) vigora em determinado lugar e em determinado momento. 
Nesse sentido, devemos analisar onde e quando a lei processual penal brasileira se aplica. 
O art. 1° do CPP diz o seguinte: 
Art. 1º O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados: 
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os 
do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, 
arts. 86, 89, § 2o, e 100); 
- os processos da competência da Justiça Militar; 
III - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, no 17); 
IV - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF nº 130 
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais 
que os regulam não dispuserem de modo diverso. 
Assim, podemos perceber que o CPP adotou, como regra, o princípio da territorialidade. O que seria esse princípio? 
Esse princípio determina que a lei produzirá seus efeitos dentro do território nacional. 
Desta maneira, o CPP é a lei aplicável ao processo e julgamento das infrações penais no Brasil. As regras de aplicação 
da Lei Penal brasileira estão no Código Penal, mas isso não nos interessa aqui. O que nos interessa é o seguinte: Se for caso 
de aplicação da Lei Penal brasileira, as regras do processo serão aquelas previstas no CPP, em todo o território nacional. 
Portanto, não se admite a existência de Códigos Processuais estaduais, até porque compete privativamente à União 
legislar sobre direito processual, nos termos da Constituição Federal: 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 
Como disse a vocês, esta é a regra! Mas toda regra possui exceções. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
2 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
São elas: 
A) Tratados, convenções e regras de Direito Internacional 
B) Jurisdição política - Prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes 
conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de 
responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2o, e 100) 
C) Processos de competência da Justiça Eleitoral 
D) Processos de competência da Justiça Militar 
E) Legislação especial 
 
Assim, o CPP é aplicável aos processos de natureza criminal que tramitem no território nacional, com as ressalvas 
feitas anteriormente. Em relação aos tratados internacionais, ao julgamento dos crimes de responsabilidade, aos 
procedimentos previstos na Legislação especial e aos processos criminais da Justiça Eleitoral, o CPP é aplicável de forma 
subsidiária. Em relação aos processos penais da Justiça Militar, há divergência doutrinária. 
Há quem sustente que, em relação aos processos da Justiça Militar o CPP não é aplicável nem mesmo de forma 
subsidiária, pois o CPPM é suficientemente abrangente. Prevalece, contudo, o entendimento de que o CPP é aplicável de 
forma subsidiária (há previsão nesse sentido, no próprio CPPM). 
Além disso, o CPP só é aplicável aos atos processuais praticados no território nacional. Se, por algum motivo, o ato 
processual tiver de ser praticado no exterior (oitiva de testemunha, etc.), por meio de carta rogatória (ou outro instrumento 
de cooperação jurídica internacional), serão aplicadas as regras processuais do país em que o ato for praticado. 
 
Situações em que a lei processual penal de um Estado pode ser aplicada fora dos seus limites territoriais (segundo a 
doutrina): 
 (a) aplicação da lei processual penal de um Estado em território nullius; 
 (b) quando houver autorização do Estado onde deva ser praticado o ato processual; 
 (c) em caso de guerra, em território ocupado; 
(d) Art. 5º, §4º, CF: “O Brasil se submete à jurisdição do Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado 
adesão”. 
Gozam de imunidade diplomática: Chefes de governo estrangeiro ou de Estado estrangeiro, suas famílias e membros 
das comitivas, embaixadores e suas famílias, funcionários estrangeiros do corpo diplomático e suas famílias, assim como 
funcionários de organizações internacionais em serviço (ONU, OEA, etc.) – têm a prerrogativa de responder no seu país de 
origem pelo delito praticado no Brasil (Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, aprovada pelo Decreto Legislativo 
103/1964, e promulgada pelo Decreto nº 56.435, de 08/06/1965). 
Assim, em razão de tratados ou convenções que o Brasil haja firmado, ou mesmo em virtude de regras de Direito 
Internacional, a lei processual deixa de ser aplicada aos crimes praticados por tais agentes no território nacional. 
Tais pessoas não podem ser presas e nem julgadas pela autoridade do país onde exercem suas funções, seja qual for o 
crime praticado (CPP, art. 1o, I). Em caso de falecimento do diplomata, os membros da sua família “continuarão no gozo dos 
privilégios e imunidades a que têm direito, até a expiração de um prazo razoável que lhes permita deixar o território do 
Estado acreditado” (art. 39, § 3o, Convenção de Viena sobre relações diplomáticas). Admite-se a renúncia dessa garantia. 
 
 ATENÇÃO: Tal imunidade não é extensiva aos empregados particulares dos agentes diplomáticos. 
Cônsul: só goza de imunidade em relação aos crimes funcionais. 
Prerrogativas constitucionais do Presidente da República e de outras autoridades,em relação aos crimes de responsabilidade 
– Refere-se à segunda ressalva do art. 1o, CPP. 
 
Compete ao Senado Federal processar e julgar o Presidente da República e o Vice, quanto aos crimes de responsabilidade 
– Art. 52, I, II, CF, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
3 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
conexos com aqueles, os Ministros do STF, membros do CNJ e do CNMP, o Procurador-Geral da República e o Advogado-
Geral da União nos crimes de responsabilidade. 
Processo e Competência da Justiça Militar 
Outra ressalva do Art. 1o, CPP. Art. 124, CF: à Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. 
 
Crimes de imprensa: 
A não recepção da lei de imprensa não impede o curso regular dos processos fundamentados nos dispositivos legais da 
referida lei, nem, tampouco, a instauração de novos processos, aplicando-se a eles, contudo, as normas da legislação 
comum, o CC, o CP, o CPC e o CPP. 
 
 Crimes eleitorais: 
A competência criminal da Justiça Eleitoral é fixada em razão da matéria, cabendo a ela o processo e o julgamento dos crimes 
eleitorais (os previstos no Código Eleitoral e os que a lei, eventual e expressamente, defina como eleitorais). 
Outras exceções: por força do princípio da especialidade, aplica-se a legislação especial, e o CPP subsidiariamente: 
•Crimes de abuso de autoridade – Lei 4.898/65; 
•Crimes de competência originária dos Tribunais possuem procedimento específico previsto na Lei 8.038/90; 
•Infrações de menor potencial ofensivo – contravenções penais e crimes cuja pena máxima não ultrapasse 2 anos – 
procedimento especial dos Juizados Especiais Criminais – Lei 9.099/95; 
•Crimes falimentares – Lei 11.101/05; 
•Estatuto do Idoso – Lei 10.741/03; 
•Lei Maria da Penha – Lei 11.340/06; 
•Lei de drogas – Lei 11.340/06. 
 
 LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO 
Nos termos do art. 2° do CPP: 
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei 
anterior. 
Por este artigo podemos extrair o princípio do tempus regit actum, também conhecido como princípio do efeito imediato ou 
aplicação imediata da lei processual. Este princípio significa que a lei processual Assim, vocês devem ter muito cuidado! 
Ainda que o processo tenha se iniciado sob a vigência de uma lei, sobrevindo outra norma, alterando o CPP (ainda que mais 
gravosa ao réu), esta será aplicada aos atos futuros. Ou seja, a lei nova não pode retroagir para alcançar atos processuais já 
praticados, mas se aplica aos atos futuros dos processos em curso. 
Esta possibilidade não ofende o art. 5°, XL da Constituição Federal, que diz: 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
Normas genuinamente processuais: cuidam de procedimentos, atos processuais, técnicas do processo – a elas se aplica 
o art. 2o, CPP. 
Normas processuais materiais ou mistas: abrigam naturezas diversas, de caráter penal (que cuidam do crime, da pena, 
da medida de segurança, dos efeitos da condenação e do direito de punir do Estado) e processual penal (versam sobre o 
processo desde o seu início até o final da execução ou extinção da punibilidade). 
A essas normas, aplica-se o critério do Direito Penal: tratando-se de norma benéfica ao agente, mesmo depois da sua 
revogação, a referida lei continuará a regular os fatos ocorridos durante a sua vigência (ultratividade da lei processual 
penal mista mais benéfica); na hipótese de novatio legis in mellius, a referida norma será dotada de caráter retroativo, 
a ela se conferindo o poder de retroagir no tempo, a fim de regular os fatos ocorridos anteriormente à sua vigência. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
4 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
Capítulo 2 
 
 
Princípios Constitucionais 
 
 
 PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (OU DA NÃO CULPABILIDADE) 
DUDH – Art. 11.1: “Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não se prova sua 
culpabilidade, de acordo com a lei e em processo público no qual se assegurem todas as garantias necessárias para sua 
defesa”. 
É o direito de não ser declarado culpado senão mediante sentença transitada em julgado, ao término do processo 
legal, em que o acusado tenha se utilizado de todos os meios de prova pertinentes para sua defesa (ampla defesa) e para a 
destruição da credibilidade das provas apresentadas pela acusação (contraditório). 
Assim, enquanto não houver uma sentença criminal condenatória irrecorrível, o acusado não pode ser considerado culpado 
e, portanto, não pode sofrer as consequências da condenação. Desse princípio decorre que o ônus (obrigação) da prova cabe 
ao acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O réu é, desde o começo, inocente, até que o acusador prove sua culpa. 
Em razão dele existe, ainda, o princípio do in dubio pro reo ou favor rei, segundo o qual, durante o processo (inclusive na 
sentença), havendo dúvidas acerca da culpa ou não do acusado, deverá o Juiz decidir em favor deste, pois sua culpa não foi 
cabalmente comprovada. 
 
 PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL OU JUIZ LEGAL 
Deve ser compreendido como o direito que cada cidadão tem de saber, previamente, a autoridade que irá 
processá-lo, bem como julgá-lo, caso venha a praticar uma conduta definida como infração penal pelo ordenamento jurídico. 
Juiz natural ou legal é aquele constituído antes do fato delituoso a ser julgado, mediante regras taxativas de competência 
estabelecidas em lei. Assegurar que as partes sejam julgadas por um juiz imparcial e independente. Para grande parte da 
doutrina, a primeira vez que o princípio do Juiz Natural surgiu com tal denominação foi mesmo na Carta Constitucional 
Francesa de 1814. 
Boa parte da Doutrina sustenta, ainda, a existência do princípio do Promotor Natural. Tal princípio estabelece que 
toda pessoa tem direito de ser acusada pela autoridade competente. Assim, é vedada a designação pelo Procurador-Geral de 
Justiça de um Promotor para atuar especificamente num determinado caso. Isso seria simplesmente um acusador de 
exceção, alguém que não estava previamente definido como o Promotor (ou um dos Promotores) que poderia receber o 
caso, mas alguém que foi definido como o acusador de um réu após a prática do fato, cuja finalidade é fazer com que o 
acusado seja processado por alguém que possui determinada característica (Promotor mais brando ou mais severo, a 
depender do infrator). 
Entretanto, a definição de atribuições especializadas (Promotor para crimes ambientais, crimes contra a ordem 
financeira, etc.) não viola este princípio, pois não se está estabelecendo uma atribuição casuística, apenas para determinado 
caso, mas uma atribuição abstrata, que se aplicará a todo e qualquer caso semelhante. É exatamente o mesmo que ocorre 
em relação às Varas especializadas. 
 
 PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL 
Esse princípio é o que se pode chamar de base principal do Direito Processual brasileiro, pois todos os outros, de uma forma 
ou de outra, encontram nele seu fundamento. Este princípio está previsto no art. 5°, LIV da CRFB/88, nos seguintes termos: 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 
Assim, a Constituição estabelece que ninguém poderá sofrer privação de sua liberdade ou de seus bens sem que haja um 
processo prévio, em que lhe seja assegurada toda a sorte de instrumentos de defesa. 
Elementos essenciais do devido processo legal:direito ao processo; direito à citação e ao conhecimento prévio do teor da 
acusação; direito a um julgamento público e célere, sem dilações indevidas; direito ao contraditório e à plenitude de defesa 
(autodefesa e defesa técnica); direito de não ser processado e julgado com base em leis ex post facto; direito à igualdade 
entre as partes; direito de não ser processado com fundamento em provas revistas de ilicitude; direito ao benefício da 
gratuidade; direito à observância do princípio do juiz natural; direito ao silêncio (contra autoincriminação); direito à prova; 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
5 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
direito de presença e participação ativa nos atos de interrogatório judicial dos demais litisconsortes penais passivos, quando 
existentes. 
 
 PRINCÍPIO VEDAÇÃO PROVAS ILÍCITAS 
No nosso sistema processual penal vige o princípio do livre convencimento motivado do Juiz, ou seja, o Juiz não está 
obrigado a decidir conforme determinada prova (confissão, por exemplo), podendo decidir da forma que entender, desde 
que fundamente sua decisão em alguma das provas produzidas nos autos do processo. 
Em razão disso, às partes é conferido o direito de produzir as provas que entendam necessárias para convencer o Juiz a 
acatar sua tese. Entretanto, esse direito probatório não é ilimitado, encontrando limites nos direitos fundamentais previstos 
na Constituição. Essa limitação encontra-se no art. 5°, LVI da Constituição. Vejamos: 
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
Vejam que a Constituição é clara ao dizer que não se admitem no processo as provas que tenham sido obtidas por meios 
ilícitos. Mas o que seriam meios ilícitos? Seriam todos aqueles meios em que para a obtenção da prova tenha que ser 
violado um direito fundamental de alguém. 
A Doutrina divide as provas ilegais em provas ilícitas (quando violam normas de direito material) e provas ilegítimas (quando 
violam normas de direito processual). Veremos mais sobre o tema na aula sobre provas 
 ATENÇÃO! A Doutrina dominante admite a utilização de provas ilícitas quando esta for a única forma de se obter a 
absolvição do réu. 
 
 PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
Este princípio estabelece que as decisões judiciais devem estar sujeitas à revisão por outro órgão do Judiciário. Embora não 
esteja expresso na Constituição, grande parte dos doutrinadores o aceita como um princípio constitucional implícito10, 
fundamentando sua tese nas regras de competência dos Tribunais estabelecidas na Constituição, o que deixaria implícito que 
toda decisão judicial deva estar sujeita a recurso, via de regra. 
Entretanto, mesmo aqueles que consideram ser este um princípio de índole constitucional entendem que há exceções, que 
são os casos de competência originária do STF, ações nas quais não cabe recurso da decisão de mérito (óbvio, pois o STF é a 
Corte Suprema do Brasil). Assim, essa exceção não anularia o fato de que se trata de um princípio constitucional, apenas não 
lhe permite ser absoluto. 
 
 PRINCÍPIO VEDAÇÃO A AUTO INCRIMINAÇÃO 
Tal princípio, também conhecido como nemo tenetur se detegere, tem por finalidade impedir que o Estado, de alguma forma, 
imponha ao réu alguma obrigação que possa colocar em risco o seu direito de não produzir provas prejudiciais a si próprio. O 
ônus da prova incumbe à acusação, não ao réu. 
Este princípio pode ser extraído da conjugação de três dispositivos constitucionais: 
 Direito ao silêncio 
 Direito à ampla defesa 
 Presunção de inocência 
Assim, em razão deste princípio, o acusado não é obrigado a praticar qualquer ato que possa ser prejudicial à sua 
defesa, como realizar o teste do bafômetro (trata-se de uma fase pré-processual, mas o resultado seria utilizado 
posteriormente no processo), fornecer padrões gráficos para realização de exame grafotécnico, etc. 
Mas como surge o Direito Processual Penal? Estudar a origem do Direito Processual Penal pressupõe a análise das FONTES 
do Direito Processual Penal. 
No que tange às FONTES do Direito Processual Penal, elas podem ser materiais ou formais. Estas últimas se dividem 
em imediatas e mediatas. Fonte formal (ou de cognição) – Meio pelo qual a norma é lançada no mundo jurídico. Podem ser 
imediatas (também chamadas de diretas ou primárias) mediatas (também chamadas de indiretas, secundárias ou supletivas). 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
6 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
IMEDIATAS – São as fontes principais, aquelas que devem ser aplicadas primordialmente (Constituição, Leis, tratados e 
convenções internacionais). Basicamente, portanto, os diplomas normativos nacionais e internacionais 
MEDIATAS – São aplicáveis quando há lacuna, ausência de regulamentação pelas fontes formais imediatas (costumes, 
analogia e princípios gerais do Direito). 
Fonte material (ou de produção) – É o órgão, ente, entidade ou Instituição responsável pela produção da norma processual 
penal. No Brasil, em regra, é a União (por meio do processo legislativo federal), por força do art. 22, I da Constituição, 
podendo os Estados legislarem sobre questões específicas. Sobre Direito Penitenciário a competência é concorrente entre 
União, estados e DF. 
 
 PRINCÍPIO DA INÉRCIA 
Alguns doutrinadores não consideram este um princípio do processo penal com base constitucional, embora seja unânime 
que é aplicável ao processo penal brasileiro. 
Este princípio diz que o Juiz não pode dar início ao processo penal, pois isto implicaria em violação da sua imparcialidade, já 
que, ao dar início ao processo, o Juiz já dá sinais de que irá condenar o réu. 
Um dos dispositivos constitucionais que dá base a esse entendimento é o art. 129, I da Constituição Federal: 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; 
Percebam que a Constituição estabelece como sendo privativa do MP a promoção da ação penal pública. Assim, diz-se que o 
MP é o “titular da ação penal pública”. 
Mas e a ação penal privada? Mais à frente vocês verão que a ação penal privada é de titularidade do ofendido. Assim, o Juiz 
já não poderia a ela dar início por sua própria natureza, já que a lei considera que, nesses casos, o interesse do ofendido em 
processar ou não o infrator se sobrepõe ao interesse do Estado na persecução penal. 
Este princípio é o alicerce máximo daquilo que se chama de sistema acusatório, que é o sistema adotado pelo nosso 
processo penal5. No sistema acusatório existe uma figura que acusa e outra figura que julga, diferentemente do sistema 
inquisitivo, no qual acusador e julgador se confundem na mesma pessoa, o que gera parcialidade do julgador, ofendendo 
inúmeros outros princípios. 
 ESQUEMATIZANDO: PRINCÍPIOS 
EXPLÍCITOS IMPLÍCITOS 
LEGALIDADE-RESERVA LEGAL RAZOABILIDADE 
ANTERIORIDADE DUPLO GRAU 
DIGNIDADE HUMANA BAGATELA 
DEVIDO PROCESSO LEGAL PROBIÇÃO DE EXCESSO 
VEDAÇÃO PROVA ILÍTICA LESIVIDADE 
JUIZ PROMOTOR NATURAL INTERVENÇÃO MÍNIA 
CONTRADITORIO E AMPLA DEFESA ADEQUAÇÃO SOCIAL 
CELERIDADE-RAZOAVEL PROCESSO CULPABILIDADE 
 
“NÃO DESISTA” VOCÊ VAI CONSEGUIR” 
____________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________ 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
7 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
Capítulo 3 
 
 
Sistemas Processuais 
 
 
 SISTEMA INQUISITORIAL 
Adotado pelo Direito canônico a partir do século XIII, posteriormente se propagou pela Europa, sendo empregado 
inclusive pelos tribunais civis até o século XVIII. Ademais, carrega características do regime político absolutista. 
É um sistema rigoroso, secreto e escrito (em regra – mas a forma não lhe era essencial), que adota ilimitadamente a 
tortura como meio de atingir o esclarecimento dos fatos e de concretizar a finalidade do processo penal – para se chegar à 
confissão, por exemplo, e à verdade material. Não há que se falar em contraditório, pois as funções de acusar, defender e 
julgar estão reunidas nas mãos do juiz inquisidor, sendo o acusado considerado mero objeto do processo, e não sujeito de 
direitos. O magistrado, chamado de inquisidor, era a figura do acusador e do juiz ao mesmo tempo, possuindo amplos 
poderes de investigação e de produção de provas, seja no curso da fase investigatória, seja durante a instrução processual 
(para se chegar à verdade absoluta) – o que comprometia a imparcialidade do juiz. E o acusado geralmente permanecia 
encarcerado previamente, sendo mantido incomunicável. 
 
 SISTEMA ACUSATÓRIO 
Vigorou entre a Antiguidade grega e romana e na Idade Média, nos domínios do direito germânico. A partir do 
século XIII entra em declínio, passando a ter prevalência o sistema inquisitivo. Atualmente, o processo penal inglês é o que 
mais se aproxima de um sistema acusatório puro. 
Caracteriza-se pela presença de partes distintas, contrapondo-se acusação e defesa em igualdade de condições, e 
ambas se sobrepondo um juiz, de maneira equidistante e imparcial. 
Há uma separação das funções de acusar, defender e julgar. 
O processo caracteriza-se como um legítimo actumtriumpersonarum. 
Foi o sistema acolhido pela CF/88, que tornou privativa do MP a propositura da ação penal pública; a relação processual 
somente tem início mediante a provocação da pessoa encarregada de deduzir a pretensão punitiva (ne procedatjudexofficio); 
impede que o magistrado promova atos de ofício na fase investigatória – atribuição do MP. 
 
CARACTERÍSTICAS: oralidade; publicidade; aplicação do princípio da presunção de inocência (o acusado permanece solto 
durante o processo); atividade probatória pertence às partes – o juiz não era dotado do poder de determinar, de ofício, a 
produção de provas (que devem ser fornecidas pelas partes – posição de passividade do juiz quanto às provas e reconstrução 
dos fatos), e seu poder instrutório era excepcional no decorrer do processo; separação rígida entre juiz e acusação; paridade 
entre acusação e defesa. 
OBS: O que diferencia o sistema inquisitorial do acusatório é a posição dos sujeitos processuais e a gestão da prova. 
SISTEMA INQUISITORIAL SISTEMA ACUSATÓRIO 
Não há separação das funções de acusar, defender e julgar, 
que estão concentradas em uma única pessoa, que assume 
as vestes de um juiz inquisidor; 
Separação das funções de acusar, defender e julgar. Por 
consequência, caracteriza-se pela presença das partes 
(actumtriumpersonarum), contrapondo-se acusação e defesa 
em igualdade de condições, sobrepondo-se a ambas um juiz, 
de maneira equidistante e imparcial. 
Como se admite o princípio da verdade real, o acusado não 
é sujeito de direitos, sendo tratado como mero objeto do 
processo, daí por que se admite inclusive a tortura como 
meio de se obter a verdade absoluta; 
O princípio da verdade real é substituído pelo princípio da 
busca da verdade, devendo a prova ser produzida com fiel 
observância ao contraditório e à ampla defesa; 
Gestão da prova: o juiz inquisidor é dotado de ampla 
iniciativa acusatória e probatória, tendo liberdade para 
determinar de ofício a colheita de elementos informativos e 
de provas, seja no curso das investigações, seja no curso da 
Gestão de prova: recai precipuamente sobre as partes. Na 
fase investigatória, o juiz só deve intervir quando provocado, 
e desde que haja necessidade de investigação judicial. 
Durante a instrução processual, prevalece o entendimento 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
8 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
instrução processual. de que o juiz tem certa iniciativa probatória, podendo 
determinar a produção de provas de ofício, desde que o faça 
de maneira subsidiária; 
A concentração de poderes nas mãos do juiz e a iniciativa 
acusatória dela decorrente são incompatíveis com a 
garantia da imparcialidade (CADH, art. 8o, §1o) e com o 
princípio do devido processo legal 
A separação das funções e a iniciativa probatória residual 
restrita à fase judicial preservam a equidistância que o 
magistrado deve tomar quanto ao interesse das partes, 
sendo compatíveis com a garantia da imparcialidade e com o 
princípio do devido processo legal. 
 
 SISTEMA MISTO OU FRANCÊS 
É a fusão dos dois modelos anteriores – surge com o Code d’InstructionCriminelle francês, de 1808 (instituído por Napoleão). 
A primeira fase é tipicamente inquisitorial, com instrução escrita e secreta, sem acusação e sem contraditório. O 
objetivo é apurar a materialidade e a autoria do fato delituoso. 
Na segunda fase, de caráter acusatório, o órgão acusador apresenta a acusação, o réu se defende e juiz julga, 
vigorando, em regra, a publicidade e a oralidade. 
OBS.: Quando o CPP entrou em vigor, havia o entendimento de que ele era misto, sendo o inquérito policial a primeira fase. 
Porém, com o advento da CF/88, que prevê de maneira expressa a separação das funções de acusar, defender e julgar, 
assegurado o contraditório e a ampla defesa; e o princípio da presunção de não culpabilidade, entendeu-se tratar de um 
sistema acusatório (apesar de não ser um sistema acusatório puro). 
 
 FONTES DO PROCESSO PENAL 
Significado 
Fonte: nascedouro, nascente. Fonte processual penal: de onde nasce o direito penal. 
Classificação 
As fontes processuais penais são divididas em fontes materiais ou substancias e fontes formais. 
Materiais, Substanciais ou De produção: 
São aquelas que verdadeiramente criam o direito. 
Fundamento Legal: 
Art. 22, I CF - Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, 
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. 
Art. 24, IV, X e XI CF - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: IV - custas dos 
serviços forenses; X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em matéria 
processual. 
ATENÇÃO: 
A fonte material do direito processual penal, ou seja, quem cria/produz o direito processual penal é o Estado através do 
Congresso Nacional (CN). É competência privativa da União legislar sobre o direito processual, mas a Constituição permite 
que Lei Complementar autorize os Estados a legislar sobre matérias específicas das normas gerais de competência privativa 
da União. 
 
ATENÇÃO: 
 As custas processuais podem ter valor diferente em cada Estado. Em relação à competência concorrente do art. 24, cada 
Estado pode regular de modo diferente, mas respeitando as normas gerais, no caso o Código Processual Penal(CPP). 
 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
9 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
Formais, De conhecimento, De cognição ou De revelação: 
São aquelas que exteriorizam, manifestam o direito que acabou de ser criado pelas fontes materiais. Por exemplo, o 
professor cria para os alunos presentes em sala uma regra de conduta – fonte material, e para dar conhecimento aos que 
faltaram à aula estabelece essa regra em uma folha e coloca na parede da sala – fonte formal. 
 
Imediatas ou Diretas 
a) Primárias (CPP e CF): alguns autores só falam do Código Processual Penal, mas nenhuma lei pode contrariar a Constituição 
sob pena de ser declarada sua inconstitucionalidade. 
b) Secundárias (Outros diplomas): Lei dos Juizados Especiais Criminais (9099/95) – JEC, Lei de Drogas etc. 
 
Súmula vinculante (Art. 103 “a” da CF – Emenda 45/04). 
A súmula formaliza o entendimento de um tribunal sobre determinado assunto. A súmula vinculante é para dar celeridade 
aos processos judiciais, ou seja, o juiz julga de acordo com a súmula do Supremo Tribunal Federal (STF), evitando diversos 
recursos. Polêmica: o Judiciário não estaria legislando, ferindo, assim, a tripartição de “poderes”? Não. O Supremo Tribunal 
Federal apenas está se manifestando sob uma norma já existente – art. 103, “a” CF. O Supremo Tribunal Federal (STF) só se 
manifestará sobre a validade, interrupção ou eficácia de uma determinada norma que gera controvérsias e, 
consequentemente, número de processos e recursos (insegurança jurídica). 
 
 FONTES : Mediatas ou Indiretas (Remotas) 
a) Costumes: aquilo que é praticado de forma reiterada pela população na convicção de sua obrigatoriedade. Não é apenas 
um hábito por causa da convicção da obrigatoriedade. 
b) Princípios Gerais do Direito: são constituídos de regras que se encontram na consciência dos povos e são universalmente 
aceitas, mesmo não escritas. Orientam a compreensão do sistema jurídico, em sua aplicação e integração. 
c) Jurisprudência: há divergência quanto à inclusão da jurisprudência nas fontes formais mediatas. Na verdade, para alguns, 
ao invés de ser considerada fonte, é considerada uma forma de interpretação. 
d) Povo: apenas para alguns doutrinadores 
____________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________ 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
10 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
Capítulo 4 
 
 
Inquérito Policial 
 
 
Conceito 
“Inquérito policial é, pois, o conjunto de diligências realizadas pela Polícia Judiciária para a apuração de uma infração 
penal e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo” 
 
 ESQUEMATIZANDO CONCEITO 
Procedimento administrativo preliminar 
 Caráter informativo 
Presidido pela autoridade policial (delegado: art. 144 CF c/c art. 3º da Lei 12830/13); 
Tem por objetivo apurar a autoria, a materialidade, as circunstâncias do fato e eventuais fontes de prova (art 2º, §1º, da 
Lei 12.830/13); 
Finalidade contribuir na formação da opinião delitiva do titular da ação. 
 
Objeto do direito processual penal 
É a persecução penal - que é a persecução do crime -, dividido em: inquérito policial e processo. 
 
 PERSECUÇÃO CRIMINAL – FASES 
1º FASE 2º FASE 
INQUISITIVO- INVESTIGATIVO-INQUERITO PROCESSUAL-AÇÃO PENAL 
 
Art. 144 da CF e Lei nº 12.830/13 (entrou em vigor em 20/06/2013). 
a) polícia administrativa ou ostensiva, que tem o papel preventivo. Figuram como polícia administrativa: polícia rodoviária, 
ferroviária, marítima, militar. 
b) polícia judiciária ou civil seja ela na esfera estadual ou federal. Polícia civil é o gênero, cujas espécies são as polícias 
federais e estaduais. O papel da polícia judiciária é repressivo. 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem 
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos 
de bombeiros militares. 
Obs: Estrutura. Com o advento da CF 88, a polícia judiciária passou a ser gerida por Delegados de carreira, leia-se 
concursados e, necessariamente, bacharéis em direito, sendo que o tratamento protocolar é o mesmo dispensado aos juízes, 
promotores, defensores e advogados - art. 3º da Lei 12.830/13: O cargo de delegado de polícia é privativo de bacharel em 
Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem os magistrados, os membros da 
Defensoria Pública e do Ministério Público e os advogados. 
Obs: Papel funcional. Qual o papel funcional da polícia judiciária? Cabe à polícia civil auxiliar o poder Judiciário e confeccionar 
o inquérito policial ou outros procedimentos investigativos (art. 2º, §1º, da lei 12.830/13).§ 1o Ao delegado de polícia, na 
qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro 
procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das 
infrações penais. 
 
 
DIREITO PROCESSUALPENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
11 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
 CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL 
Inquisitivo 
Inquisitivo é um termo que deriva do latim inquisitīvus e que faz referência àquilo pertencente ou relativo à averiguação ou à 
indagação. Cabe destacar que o verbo inquirir é sinónimo de examinar, averiguar ou indagar cuidadosamente algo. 
A dúvida surgiu se, com a com a entrada em vigor da Lei 10.792, em 02 de dezembro de 2003, com suas significantes 
alterações introduzidas na Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210, de 11 de junho de 1984) e no Código de Processo Penal 
(Decreto-Lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941), [5] se permanece a característica inquisitiva do inquérito policial ou se 
doravante ele passaria a ter cunho contraditório. 
Alguns doutrinadores defendem que ao inquérito policial não se aplica o princípio da ampla- defesa , pois se não há 
acusação, só havendo acusado na fase processual, não há que se falar em defesa. Defendem porém, que o princípio do 
contraditório passou a ser aplicado. Segundo os defensores dessa alteração, com as inovações, a lei passou a exigir a 
presença do advogado, constituído ou nomeado, no interrogatório do acusado, como forma de assegurar maior amplitude 
de defesa (art. 185). Terminam concluindo que, se com a nova lei, profundas mudanças foram introduzidas no interrogatório, 
tais também deverão ser observadas pelo delegado de polícia no inquérito policial, por imposição do art. 6, V do Código de 
Processo Penal. [6] 
No ato judicial não mais subsiste o teor inquisitivo, sendo portanto contraditório. Não bastasse, ampliar e assegurar os meios 
de defesa, garante a nova lei, o direito de entrevista reservada do acusado com o advogado, ocasião em que poderá receber 
orientação técnica (art. 185, § 2º). Exige-se também agora, melhor dizer, desde 02 de dezembro de 2003, a presença de 
advogado, constituído ou nomeado, para o indiciamento do investigado, especialmente quando preso em flagrante delito. 
Possibilita-lhe a entrevista reservada com o defensor e deste a promoção de perguntas. O advogado, atuando no inquérito 
policial, é o reconhecimento do contraditório neste procedimento, porque assegura ao indicado conhecimento das provas 
produzidas na investigação, o direito de contrariá-las, arrolar testemunhas e promover perguntas, direito a não ser indiciado 
com base em provas ilícitas e o privilégio contra a auto-incriminação. 
Entendemos, por pura questão de lógica, que, no procedimento investigatório, não se fala em contraditório no início das 
investigações, mas somente após o reconhecimento dos indícios da conduta delituosa que motivaram o indiciamento. O 
contraditório, após o indiciamento, não conspira contra o êxito das investigações, ao contrário, assegura maior legitimidade 
as conclusões da investigação. Como conseqüência, para os defensores dessa tese, a adoção do princípio do contraditório, dá 
ao inquérito policial outra natureza, não de peça meramente informativa, mas com valor de prova na instrução, 
consequentemente, mais célere e mais rápida a prestação jurisdicional. 
Há outros doutrinadores, porém, que defendem que o inquérito continua a ser um procedimento inquisitivo pois, além de 
haver certa discricionariedade da autoridade policial - discricionariedade essa, limitada pela legalidade e garantidora da 
integridade do investigado, resguardando o seu estado de inocência – há também a impossibilidade de que um vício da peça 
informativa, que é o inquérito policial, venha a corromper o processo judicial. Terminam esses doutrinadores, por concluir 
que, com a nova lei, profundas mudanças foram introduzidas no interrogatório, tais também deverão ser observadas pelo 
delegado de polícia no inquérito policial, por imposição do art. 6, V do Código de Processo Penal, naquilo que lhe é aplicado e 
não mais do que nesse limite. 
Destacamos o entendimento de Fernando Capez, ao afirmar que a natureza inquisitiva do inquérito permanece e pode ser 
evidenciada pelo artigo 107 [7] do CPP, que proíbe a argüição de suspeição das autoridade policiais, e pelo artigo 14, que 
permite à autoridade policial indeferir qualquer diligência requerida pelo ofendido ou indiciado, com exceção do exame de 
corpo de delito, de acordo com o previsto no artigo 184 do CPP. [8] 
Fernando da Costa Tourinho Filho, por sua vez, nos ensina que, havendo o princípio do contraditório, a defesa não deveria 
estar sujeita a restrições, porque quando se fala em contraditório, fala-se da completa igualdade entre acusação e defesa - o 
que não há realmente no inquérito policial pois, não há neste momento procedimental um acusado e sim um indiciado. 
Não se poderia argumentar contra a inovação trazida pela lei, pois de certa forma já é reconhecida a sistemática no inquérito 
judicial e não policial, para apurar crime falimentar e no inquérito policial elaborado pela Polícia Federal com fim de expulsão 
de estrangeiro. Porém, não se prospera a tese de que o inquérito policial seria mais do que uma peça informativa. Nesse 
sentido pronunciou-se o Supremo Tribunal Federal no julgamento do HC n. 82.222-SP, relatora Ministra Ellen Gracie, j. em 
17.9.2002: 
Forma de gestão/administração do inquérito. Causa: concentração de poder em autoridade única. E a consequência? 
Inaplicabilidade do contraditório e da ampla defesa. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
12 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
 Escrito 
Por mais rasteiro que possa parecer, prepondera a forma documental. 
Art 9º CPP: Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste 
caso, rubricadas pela autoridade. 
Pode o delegado, havendo estrutura, utilizar as novas ferramentas tecnológicas para documentar o inquérito, como captação 
de som e imagem e até mesmo a estenotipia, que nada mais é do que uma técnica de redução de palavras por símbolos. (Lei 
11.719/08). 
 
 ATENÇÃO 
A investigação de crimes no Brasil é uma atividade exclusiva dos órgãos públicos (polícia, Ministério Público, Tribunais de 
Contas etc.) ? 
NÃO. Não existe uma determinação de que somente o Poder Público possa apurar crimes. A imprensa, os órgãos sindicais, a 
OAB, as organizações não governamentais e até mesmo a defesa do investigado também podem investigar infrações penais. 
Qualquer pessoa (física ou jurídica) pode investigar delitos, até mesmo porque a segurança pública é “responsabilidade de 
todos” (art. 144, caput, da CF/88). 
Obviamente que a investigação realizada por particulares não goza dos atributos inerentes aos atos estatais, como a 
imperatividade, nem da mesma força probante, devendo ser analisada com extremo critério, não sendo suficiente, por si só, 
para a edição de um decreto condenatório (art. 155 do CPP). Contudo, isso não permite concluir que tais elementos colhidos 
em uma investigação particular sejam ilícitos ou ilegítimos, salvo se violarem a lei ou a Constituição. 
 
 Discricionariedade 
Ela se caracteriza por uma margem de conveniência e oportunidade na condução da investigação, de forma que o delegado 
organiza o inquérito dentro da sua estratégia investigativa. 
Os artigos 6º e 7º do CPP apresentam um rol de diligências para melhor aparelhar a investigação. Esse é o mínimo 
contingencial das diligências. 
 
 ATENÇÃO! 
O artigo 2º da lei 12.830, de forma não exaustiva, também nos apresenta um rol de diligências que poderão ser adotadas. 
Os requerimentos apresentados pela vítima ou pelo suspeito poderão ser indeferidos se o delegado reputá-los impertinentes 
(art.14 CPP: O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, 
ou não, a juízo da autoridade), ressalve-se, contudo, o exame de corpo de delito quando o crime apresentar vestígios (art. 
158 CPP: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo 
supri-lo a confissão do acusado.). Em que pese à omissão da lei, por analogia para combater o indeferimento caberá recurso 
administrativo endereçado ao chefe de polícia. Nada impede que o MP seja acionado para requisitar a diligência. Art. 184. Ou 
até mesmo o juiz, como já decidiu o STJ. 
 
 NOVA LEGISLAÇÃO 
Publicada a Lei 13.721/2018, que altera o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), para 
estabelecer que será dada prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva 
violência doméstica e familiar contra mulher ou violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. 
Art. 1º Esta Lei altera o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), para estabelecer que será 
dada prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva violência doméstica e 
familiar contra mulher ou violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. 
Art. 2º O art. 158 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar com a 
seguinte redação: 
Art. 158. .................................................................. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
13 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: 
I - violência doméstica e familiar contra mulher; 
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.” 
 
 Oficiosidade 
Em se tratando de crime de ação penal pública incondicionada, a autoridade policial deve instaurar o Inquérito Policial 
sempre que tiver notícia da prática de um delito desta natureza. Quando o crime for de ação penal pública incondicionada 
(regra), portanto, a instauração do IP poderá ser realizada pela autoridade policial independentemente de provocação de 
quem quer seja. É claro que, se o MP já dispuser dos elementos necessários ao ajuizamento da ação penal, o IP não precisa 
ser iniciado. O que o inciso I do art. 5º quer dizer é que a autoridade policial tem o poder-dever de instaurá-lo, de ofício, no 
caso de crimes desta natureza (O que determinará a instauração, ou não, será a existência de indícios mínimos da infração 
penal e a eventual utilidade do IP). 
 
 Sigiloso 
O inquérito não se submete à publicidade ordinária, cabendo ao delegado velar pelo sigilo da investigação, em prol da 
eficiência. Art. 20 CPP - A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo 
interesse da sociedade. 
a) sigilo externo 
É o aplicado aos terceiros desinteressados, como a imprensa, preservando-se a imagem do sujeito, em razão do seu estado 
de inocência. Publicidade restrita ou interna. 
A veiculação de matéria jornalística informando a investigação de determinada pessoa gera direito à indenização? Segundo o 
STJ, em regra, o jornal não tem o dever de indenizar a pessoa noticiada como investigada, ainda que ela venha a ser 
absolvida no processo criminal. Nos termos do REsp 1297567-RJ, para que haja a responsabilização da imprensa pelos fatos 
por ela noticiados é necessário que exista prova de que o agente divulgador conhecia ou poderia conhecer a falsidade da 
informação divulgada. A mera divulgação de informação não se mostra apta a ensejar o abuso do direito de informação. 
 
b) sigilo interno 
É o aplicado aos interessados. O sigilo interno é frágil, pois não atinge o acesso aos autos. Conclusão: o MP, o “juiz” (sistema 
acusatório. Cuidado em chamar de interessado), e até mesmo o advogado e o defensor, poderão acessar os autos da 
investigação, tendo contato com as diligências já realizadas e documentadas. Esse é o chamado direito retrospectivo, direito 
de ter acesso ao que já foi produzido e está documentado. 
 
 ATENÇÃO! O direito do advogado está substanciado no*art. 7º, XIV, do Estatuto da OAB - examinar, em qualquer 
instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer 
natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em 
meio físico ou digital; e na súmula vinculante 14 do STF. 
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em 
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do 
direito de defesa. 
 
 Atenção; o STF DISSE: 
Não viola o entendimento da SV 14-STF a decisão do juiz que nega a réu denunciado com base em um acordo de colaboração 
premiada o acesso a outros termos de declarações que não digam respeito aos fatos pelos quais ele está sendo acusado, 
especialmente se tais declarações ainda estão sendo investigadas, situação na qual existe previsão de sigilo, nos termos do 
art. 7º da Lei nº 12.850/2013. STF. 2ª Turma. Rcl 22009 AgR/PR, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/2/2016 (Info 814). 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
14 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de 
inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos processuais caso essa intimação não ocorra. O inquérito policial é um 
procedimento informativo, de natureza inquisitorial, destinado precipuamente à formação da opinio delicti do órgão 
acusatório. Logo, no inquérito há uma regular mitigação das garantias do contraditório e da ampla defesa. Esse 
entendimento justifica-se porque os elementos de informação colhidos no inquérito não se prestam, por si sós, a 
fundamentar uma condenação criminal. A Lei nº 13.245/2016 implicou um reforço das prerrogativas da defesa técnica, sem, 
contudo, conferir ao advogado o direito subjetivo de intimação prévia e tempestiva do calendário de inquirições a ser 
definido pela autoridade policial. STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019 (Info 933) 
 
 Indisponível 
Em nenhuma circunstância o delegado poderá arquivar o inquérito, já que toda investigação iniciada deve ser concluída e 
encaminhada à autoridade competente (art. 17 do CPP). Ou seja, ainda que o fato não exista, for atípico, ou o crime estiver 
prescrito não há disponibilidade sobre o inquérito. 
 
Oficial 
Incumbe ao Delegado a presidência do inquérito. O procedimento fica a cargo de órgão oficial do Estado. 
 
Dispensável 
Para que o processo comece não é necessária a prévia elaboração de inquérito policial e o titular da ação poderá prospectar 
lastro indiciário de outras fontes autônomas. 
 
 
S E I D O I D O 
 Tipos de Inquérito 
 
 
 
 
 
a) Inquérito Parlamentar: presidido pelos membros da CPI. Votado o relatório pela casa parlamentar, havendo indícios da 
ocorrência de crime, haverá a remessa ao MP que deverá analisar o inquérito parlamentar em caráter de urgência. (lei 
10.001/00) 
b) Inquérito Militar: tem por objeto as infrações militarese será conduzido por um oficial da respectiva instituição militar. 
c) Inquérito judicial da lei de falências: ele tinha por objetivo a apuração das infrações falimentares e comportava, por 
disposição normativa, contraditório e ampla defesa. O instituto se encontra revogado, pois a nova Lei de Falência não 
disciplina a matéria. ATENÇÃO! Havendo desejo político, o legislador poderá autorizar a aplicação de contraditório e ampla 
defesa em procedimento investigativo. 
d) Inquérito em face de membro do MP: Havendo indícios de envolvimento de membro do MP em infração penal, o 
Procurador Geral deve ser provocado, já que o delegado não tem atribuição para indiciar os membros do MP. Lei Orgânica 
Nacional do MP. LONMP. 
 
Inquéritos não policiais. 
 Havendo indícios de que um magistrado contribuiu para o delito, os autos da investigação ou a notícia do fato serão 
remetidos ao tribunal a que o magistrado está vinculado (art. 33, parágrafo único, da Lei Complementar 35/79). As 
autoridades que usufruem de foro por prerrogativa funcional podem ser indiciadas pelo delegado? Não! O indiciamento 
OFICIOSO 
DISPENSÁVEL 
SIGILOSO 
ESCRITO 
INDISPONÍVEL 
DISCRICIONÁRIO 
OFICIAL 
INQUSITIVO 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
15 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
pressupõe autorização do tribunal – RELATOR – a que a autoridade está vinculada. Havendo prévia autorização, quem deverá 
realizar a investigação? Segundo o STF, no inquérito 2411 o indiciamento da autoridade pressupõe autorização do tribunal 
em que ela usufrui da prerrogativa funcional. Uma vez promovida a autorização de indiciamento, subsistem três posições 
quanto à condução da investigação: 
A condução caberia ao próprio delegado de polícia: o delegado só provocaria o tribunal nas hipóteses submetidas à cláusula 
de reserva jurisdicional; 
A condução caberia ao próprio tribunal onde a autoridade usufrui o foro por prerrogativa de função (gestão intelectual do 
procedimento): a investigação seria conferida a um desembargador ou ministro e a polícia judiciária seria provocada para 
implementar eventuais diligências. Há precedentes jurisprudenciais. Essa posição poderia violar o sistema acusatório; 
Para Paulo Rangel, em homenagem ao sistema acusatório, deve o tribunal encaminhar a condução da investigação para 
cúpula do Ministério Público Estadual ou Federal, conforme o caso. 
 
Início do IP (instauração do IP) 
As formas pelas quais o Inquérito Policial pode ser instaurado variam de acordo com a natureza da Ação Penal para a qual ele 
pretende angariar informações. A ação penal pode ser pública incondicionada, condicionada ou ação penal privada. 
 
Vícios no Inquérito Policial 
São irregularidades existentes na ação penal ocasionados no inquérito pelo desrespeito da legislação processual ou 
principiologia penal. Existe nulidade na fase do inquérito policial? A doutrina se divide quanto à existência ou não de 
nulidades na fase do inquérito policial, subsistindo as seguintes posições: 
Para Ada Pellegrini Grinover, o sistema de nulidade é idealizado para a fase processual (é uma sanção), e no inquérito 
teríamos meras irregularidades ou vícios. 
Para Paulo Rangel, o sistema de nulidade é também aplicável ao inquérito, já que os requisitos do ato jurídico perfeito são 
também aplicáveis na fase investigativa (é comum o uso da expressão “nulidades” nas decisões do STF e do STJ – 
consolidação jurisprudencial). 
Consequências: o entendimento prevalente é de que os vícios do inquérito policial ficam adstritos ao procedimento e não 
tem o condão de contaminar o futuro processo, já que é procedimento meramente dispensável (jurisprudência utilitarista do 
STF e STJ). Os vícios do inquérito são endo-procedimentais. 
Para Amilton Bueno de Carvalho (Desembargador do RS), os vícios do inquérito atingem e contaminam o processo, pois o 
juiz, ao ter contato com a investigação viciada, está impedido de proferir sentença (posição minoritária). Há, porém, uma 
posição intermediária encampada por Gustavo Henrique Badaró, os vícios do inquérito comprometem o processo quando 
atingem os elementos migratórios, já que a inicial acusatória assim lastreada está desprovida de justa causa (base única de 
sustentação da denúncia) e a sentença que eventualmente valora elemento migratório está contaminada por nulidade 
absoluta. 
 
Incomunicabilidade 
Era a possibilidade do preso, durante o inquérito, não ter contato com terceiros, por decisão judicial motivada, pelo prazo 
máximo de três dias e sem prejuízo do acesso do advogado. 
 
 Filtro Constitucional: Como o art. 136, §3º, IV, da CF - § 3º - Na vigência do estado de defesa: IV - é vedada a 
incomunicabilidade do preso- não tolera incomunicabilidade, nem mesmo no Estado de Defesa, resta concluir que o art. 21, 
CPP, não foi recepcionado (a exegese constitucional leva à conclusão de que a incomunicabilidade foi revogada 
tacitamente). Contudo, há posição minoritária capitaneada por Vicente Greco que sustenta que o art. 21, CPP continuaria em 
vigor. Assim, para o doutrinador, a incomunicabilidade ainda persiste, já que a Constituição no art. 136 está restrita à lógica 
do Estado de Defesa. 
- Legislação Especial: A lei nº 10.792/2003 inseriu o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) nos arts. 52 e ss, LEP e, mesmo 
nele, NÃO há previsão de incomunicabilidade, subsistindo apenas a necessidade do agendamento de visitas. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
16 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
 Atribuição da Polícia 
É a quantidade de poder prefixada em lei e que vai delimitar a margem de atividade de determinada autoridade. 
 
 CRITÉRIOS DEFINIDORES DA ATRIBUIÇÃO: 
 Territorial: 
A circunscrição em que o crime se consumou figura como linha mestra na definição da atribuição. Observação: nas comarcas 
com mais de uma circunscrição estão dispensadas as precatórias entre delegados. Apenas nas circunscrições localizadas em 
outras comarcas é preciso usar precatórias; 
 
Material: 
Permite especializar a atuação da polícia para determinado conjunto de infrações penais. Teremos delegados especializados 
no combate a um determinado tipo de delito. Exemplo: Delegacia de Homicídios. 
 
A Polícia Federal investiga apenas crimes de competência da Justiça Federal? 
NÃO. Em regra, a Polícia Federal é responsável pela investigação dos crimes que são de competência da Justiça Federal. Isso 
porque uma das principais funções da PF é exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. 
No entanto, a Polícia Federal investiga também outros delitos que não são de competência da Justiça Federal. 
As atribuições da Polícia Federal estão previstas inicialmente no art. 144 da CF/88: 
Art. 144 (...) 
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, 
destina-se a: 
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de 
suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual 
ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; 
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação 
fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; 
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; 
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciáriada União. 
 
 FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO IP NOS CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 
 De ofício 
Tomando a autoridade policial conhecimento da prática de fato definido como crime cuja ação penal seja pública 
incondicionada, poderá proceder (sem que haja necessidade de requerimento de quem quer que seja) à instauração do IP, 
mediante Portaria. 
Quando a autoridade policial toma conhecimento de um fato criminoso, independentemente do meio (pela mídia, por 
boatos que correm na boca do povo, ou por qualquer outro meio), ocorre o que se chama de notitia criminis. Diante da 
notitia criminis relativa a um crime cuja ação penal é pública incondicionada, a instauração do IP passa a ser admitida, ex 
officio, nos termos do já citado art. 5°, I do CPP. 
Quando esta notícia de crime surge através de uma delação, estaremos diante da delatio criminis simples. Nos termos 
do art. 5°, § 3° do CPP: 
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba 
ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a 
procedência das informações, mandará instaurar inquérito. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
17 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
Mas, e no caso de se tratar de uma denúncia anônima. Como deve proceder o Delegado, já que a 
 
 Requisição do Juiz ou do MP 
O IP poderá ser instaurado, ainda, mediante requisição do Juiz ou do MP. Nos termos do art. 5°, II do CPP: 
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: (...) 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do 
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
 
Essa requisição deve ser obrigatoriamente cumprida pelo Delegado, não podendo ele se recusar a cumpri-la, pois 
requisitar é sinônimo de exigir com base na Lei. Contudo, o Delegado pode se recusar8 a instaurar o IP quando a requisição: 
 
Requerimento da vítima ou de seu representante legal Nos termos do art. 5°, II do CPP: 
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: (...) 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do 
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
 
Vejam que aqui o CPP fala em requerimento, não requisição. Por isso, a Doutrina entende que nessa hipótese o 
Delegado não está obrigado a instaurar o IP, podendo, de acordo com a análise dos fatos, entender que não existem indícios 
de que fora praticada uma infração penal e, portanto, deixar de instaurar o IP. 
O requerimento feito pela vítima ou por seu representante deve preencher alguns requisitos. Entretanto, caso não for 
possível, podem ser dispensados. Nos termos do art. 5°, § 1° do CPP: 
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: 
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de 
presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; 
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. 
 
Caso seja indeferido o requerimento, caberá recurso para o Chefe de Polícia. Vejamos: 
Art. 5o (...) 
(...) 
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de 
Polícia. 
 
 Auto de Prisão em Flagrante- APF 
Embora essa hipótese não conste no rol do art. 5° do CPP, trata-se de hipótese clássica de fato que enseja a 
instauração de IP. Parte da Doutrina, no entanto, a equipara à notitia criminis e, portanto, estaríamos diante de uma 
instauração ex officio, o que não deixa de ser verdade. 
Formas de instauração do IP nos crimes de Ação Penal Pública Condicionada à Representação 
A ação penal pública condicionada é aquela que, embora deva ser ajuizada pelo MP, depende da representação da 
vítima, ou seja, a vítima tem que querer que o autor do crime seja denunciado. 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
18 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
Nestes crimes, o IP pode se iniciar: 
 Representação do Ofendido ou de seu representante legal 
Trata-se da chamada delatio criminis postulatória, que é o ato mediante o qual o ofendido autoriza formalmente o 
Estado (através do MP) a prosseguir na persecução penal e a proceder à responsabilização do autor do fato, se for o caso . 
Trata-se de formalidade necessária nesse tipo de crime, nos termos do art. 5°, § 4° do CPP: 
Art. 5º (...) 
§ 4º O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela 
ser iniciado. 
 
Não se trata de ato que exija formalidade, podendo ser dirigido ao Juiz, ao Delegado e ao membro do MP. Caso não seja 
dirigida ao Delegado, será recebida pelo Juiz ou Promotor e àquele encaminhada. Nos termos do art. 39 do CPP: 
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes 
especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à 
autoridade policial. 
 
Caso a vítima não exerça seu direito de representação no prazo de seis meses, estará extinta a punibilidade (decai do 
direito de representar), nos termos do art. 38 do CPP: 
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de 
queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier 
a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o 
oferecimento da denúncia. 
Caso se trate de vítima menor de 18 anos, quem deve representar é o seu representante legal. Caso não o faça, entretanto, 
o prazo decadencial só começa a correr quando a vítima completa 18 anos, para que esta não seja prejudicada por eventual 
inércia de seu representante. Inclusive, o verbete sumular n° 594 do STF se coaduna com este entendimento. 
E se o autor do fato for o próprio representante legal (como no caso de estupro e violência doméstica)? Nesse caso, 
aplica-se o art. 33 do CPP10, por analogia, nomeando-se curador especial para que exercite o direito de representação: 
 
 Requisição de auto13ridade Judiciária ou do MP 
Como nos crimes de ação penal pública incondicionada, o IP pode ser instaurado mediante requisição do Juiz do membro do 
MP, entretanto, neste caso, dependerá da existência de representação da vítima. 
 
 Auto de Prisão em Flagrante - APF 
Também é possível a instauração de IP com fundamento no auto de prisão em flagrante, dependendo, também, da existência 
de representação do ofendido. Caso o ofendido não exerça esse direito dentro do prazo de 24h contados do momento da 
prisão, é obrigatória a soltura do preso, mas permanece o direito de o ofendido representar depois, mas dentro do prazo 
de 06 meses. 
 
 Requisição do Ministro da Justiça 
Esta hipótese só se aplica a alguns crimes, como nos crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7°, 
§ 3°, b do CP), crimes contra a honra cometidos contra o Presidente da República ou contra qualquer chefe de governo 
estrangeiro (art. 141, c, c/c art. 145, § único do CP) e alguns outros. 
 
Formas de Instauração do IP nos crimes de Ação Penal Privada 
Requerimento da vítima ou de quem legalmente a represente Nos termos do art. 5°, § 5° do CPP: 
Art. 5º (...) 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua MariaTomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
19 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a 
requerimento de quem tenha qualidade para intentá- la. 
Caso a vítima tenha falecido, algumas pessoas podem apresentar o requerimento para a instauração do IP, nos 
termos do art. 31 do CPP: 
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
Este requerimento também está sujeito ao prazo decadencial de seis meses, previsto no art. 38 do CPP, bem como deve 
atender aos requisitos previstos no art. 5°, § 1° do CPP, sempre que possível. 
Requisição do Juiz ou do MP 
Neste caso, segue a mesma regra dos crimes de ação penal pública condicionada: A requisição do MP ou do Juiz deve ir 
acompanhada do requerimento do ofendido autorizando a instauração do IP. 
 
Tramitação do IP 
Já vimos as formas pelas quais o IP pode ser instaurado. Vamos estudar agora como se desenvolve (ou deveria se 
desenvolver o IP). 
Diligências Investigatórias 
Após a instauração do IP algumas diligências devem ser adotadas pela autoridade policial. Estas diligências estão previstas no 
art. 6° do CPP: 
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: 
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a 
chegada dos peritos criminais; 
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; 
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; 
IV - ouvir o ofendido; 
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, 
deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a 
leitura; 
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; 
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; 
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos 
autos sua folha de antecedentes; 
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua 
condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer 
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter. 
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a 
autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a 
moralidade ou a ordem pública. 
 
Alguns cuidados devem ser tomados quando da realização destas diligências, como a observância das regras processuais de 
apreensão de coisas, bem como às regras constitucionais sobre inviolabilidade do domicílio (art. 5°, XI da CF), direito ao 
silencio do investigado (art. 5°, LXIII da CF), aplicando-se no que tange ao interrogatório do investigado, as normas referentes 
ao interrogatório judicial (arts. 185 a 196 do CPP), no que for cabível. 
O art. 15 prevê a figura do curador para o menor de 21 anos quando de seu interrogatório: 
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
20 
 
OS: 0133/6/19-Gil 
Entretanto, a Doutrina e a Jurisprudência são pacíficas no que tange à alteração desta idade para 18 anos, pois a 
maioridade civil foi alterada de 21 para 18 anos com o advento do Novo Código Civil em 2002. 
O ofendido ou seu representante legal podem requerer a realização de determinadas diligências (inclusive o indiciado 
também pode), mas ficará a critério da Autoridade Policial deferi-las ou não. Vejamos a redação do art. 14 do CPP: 
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que 
será realizada, ou não, a juízo da autoridade. 
Com relação ao exame de corpo de delito, este é obrigatório quando estivermos diante de crimes que deixam vestígios 
(homicídio, estupro, etc.), não podendo o Delegado deixar de determinar esta diligência. Nos termos do art. 158 do CPP: 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou 
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
Com relação à identificação do investigado (colheita de impressões de digitais), esta identificação criminal só será 
necessária e permitida quando o investigado não for civilmente identificado, pois a Constituição proíbe a submissão 
daquele que é civilmente identificado ao procedimento constrangedor da coleta de digitais (identificação criminal), nos 
termos do seu art. 5°, LVIII: 
Art. 5º (...) 
VIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas 
em lei; 
Por fim, percebam que o art. 7° prevê a famosa “reconstituição”, tecnicamente chamada de reprodução simulada. 
ESTA REPRODUÇÃO É VEDADA QUANDO FOR CONTRÁRIA À MORALIDADE OU À ORDEM PÚBLICA (no caso de um estupro, 
por exemplo). O investigado não está obrigado a participar desta diligência, pois não é obrigado a produzir prova contra si. 
 
 Forma de tramitação 
O sigilo no IP é o moderado, seguindo a regra do art. 20 do CPP: 
Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo 
interesse da sociedade. 
A corrente doutrinária que prevalece é a de que o IP é sempre sigiloso em relação às pessoas do povo em geral, por se 
tratar de mero procedimento investigatório, não havendo nenhum interesse que justifique o acesso liberado a qualquer do 
povo.11 
Entretanto, o IP não é, em regra, sigiloso em relação aos envolvidos (ofendido, indiciado e seus advogados), podendo, 
entretanto, ser decretado sigilo em relação a determinadas peças do Inquérito quando necessário para o sucesso da 
investigação (por exemplo: Pode ser vedado o acesso do advogado a partes do IP que tratam de requerimento do Delegado 
pedindo a prisão do indiciado, para evitar que este fuja). Com relação ao acesso por parte do advogado, há previsão no art. 
7º, XIV do Estatuto da OAB. Vejamos o que diz esse dispositivo: 
Art. 7º São direitos do advogado: (...) 
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem 
procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, 
ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou 
digital; (Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016) 
 
Durante muito tempo houve uma divergência feroz na Doutrina e na Jurisprudência acerca do direito do advogado de 
acesso aos autos do IP, principalmente porque o acesso aos autos do IP, em muitos casos, acabaria por retirar 
completamente a eficácia de alguma medida preventiva a ser tomada pela autoridade. 
Visando a sanar essa controvérsia, o STF editou a súmula vinculante n° 14, que possui a seguinte redação: 
Súmula vinculante nº 14 
“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já 
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia 
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. 
DIREITO PROCESSUAL PENAL PARA CONCURSOS 
| Apostila 2019 – Prof. Jordão Santana 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO

Continue navegando