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Vascularização TGI superior • Esôfago o tronco tireocervical → a. tereoidianas inferiores → tireoide e ramos para esôfago cervical o veias tireoidianas → veia braquiocefálica o aorta torácica → a. esofágicas o veias esofágicas → sistema ázigo (drena p/ cava superior) e veia hemiázigo (drena p/ tronco braquiocefálico) o tronco celíaco → a. gástrica esquerda → a. frênica esquerda o drenagem venosa inferior ▪ sistema ázigo ▪ veia gástrica esquerda → veia porta (obs: hipertensão portal !!!!) • Estômago o a. gastroduodenal → a. gastroduodenal direita e a. pancreáticoduodenal superior o a pancreaticoduodenal superior → ramos anterior e posterior → cabeça do pâncreas e duodeno • Duodeno o ramos da a. pancreaticoduodenal o a. mesentérica superior → a. pancreaticoduodenal inferior → ramos anterior e posterior HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA (HDA) - é aquela que ocorre acima do ângulo de Treitz - hematêmese • Epidemiologia o a maior causa é a doença ulcerosa péptica (20 a 25%) ▪ OBS: o entendimento sobre a etiopatogenia da doença (ex.: infecção pelo H. pylori) contribui para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas apropriadas, diminuindo as complicações (ex.: perfuração, recidiva...) • no entando algumas fontes concordam que as taxas de complicações continuaram → influência do uso de AINEs (prescrição ou automedicação)... → isso nos mostra que devemos ter cautela na prescrição de AINEs, nos certificar das reais indicações e explicar para a população o risco da automedicação o 1/3 dos pacientes com cirrose hepáticas → hemorragia varicosa (obs: 50% dos pacientes com cirrose hepática apresentam varizes esofágicas no momento do diagnóstico) o independente da etiologia... a HDA é causa comum de internação hospitalar o incidência de 48 a 172 casos a cada 1000.000 hab ao ano o mais frequentes em homens (2:1) o mortalidade em torno de 10% o principais achados: hematêmese (vômitos de sangue vivo, geralmente em grande volume, com rápida repercussão volêmica); melena (fezes enegrecidas, pastosas e de odor fétido); enterorragia • Fatores de risco o Idade > 60 anos o Choque, instabilidade hemodinâmica (FC > 100 bpm, PA sistólica < 100 mmHg) o Comorbidades (cardiorrespiratória, renal, hepática, câncer avançado) o Diagnóstico (pior prognóstico para câncer avançado do trato digestivo alto) o Achados endoscópicos preditivos de ressangramento o Ressangramento (aumento da mortalidade em dez vezes) • Etiologia e fisiopatologia o Divisão: ▪ Hemorragia digestiva alta varicosa • é uma das complicações mais graves da cirrose hepática • apresenta altas taxas de morbidade e mortalidade • incidência em pacientes cirróticos → 25 a 35% • pressão portal > 10 mmHg → formação das varizes → aumento progressivo da pressão → aumento da tensão da parede das varizes → ruptura ▪ Hemorragia digestiva alta não-varicosa • 40 a 70% dos casos → úlcera gastroduodenal o mortalidade 3 a 14%, e maior em pacientes hospitalizados que apresentam comorbidade • 80% dos casos → o sangramento cessa espontaneamente o Úlcera péptica (gástrica ou duodenal) ▪ solução de continuidade que pode se estender até mesmo a camada muscular própria ▪ aumento de fatores agressivos e diminuição de fatores de defesa e reparação ▪ infecção por Helicobater pylori ▪ uso de AINEs ▪ OBS: na úlcera duodenal da parede posterior → risco de sangramento volumoso → erosão da a. gastroduodenal o Erosões gástricas o Lesão aguda da mucosa gastroduodenal o Varizes de esôfago ▪ hipertensão porta ▪ perfil: hepatopata; circulação colateral portossistêmica no território ázigos hipertensão portal ... → circulação colateral → na cardia, através das varizes esofagogástricas; no canal anal, com acometimentos dos vasos hemorroidais; no ligamento falciforme do fígado, através das veias para-umbilicais; na parede abdominal e tecidos retroperitoneais; no desvio de sangue a partir do diafragma, vasos da topografia do estômago, pâncreas, baço e veia suprarrenal, que podem drenar para a veia renal esquerda o Varizes de fundo gástrico ▪ “Gastropatia hipertensiva” ▪ hipertensão porta ▪ perfil: hepatopata / cirrose OBS> rastrear varizes de esôfago (com EDA) em todo paciente cirrótico no momento do diagnóstico, independentemente do grau de disfunção hepática Cordôes varicosos: Grau I: varizes de fino calibre, medindo até 3 mm de diâmetro Grau II: varizes de médio calibre, entre (3 e 5mm) Grau III: varizes de grosso calibre, medindo acima de 6mm de diâmetro com tortuosidades Grau IV: varizes com mais de 6mm de diâmetro tortuosas e com sinais da cor vermelha ou com presença de manchas hematocísticas na superfície o Síndrome de Mallory-Weiss (laceração de transição esofagogástrica em casos de vômitos incoercíveis) ▪ perfil: homem etilista; DRGE prévia; libação alcoólica; primeiro vomita/depois sangra o Esofagite o Duodenite erosiva o Fístula aortoduodenal ▪ complicação do aneurisma de aorta abdominal rôto ▪ perfil: homem com cirurgia de aorta recente; sangramento catastrófico o Neoplasia o Úlcera de estomia o Úlcera de esôfago o Hemobilia ▪ trauma; procedimento: em fígado e/ou vias biliares ▪ perfil: trauma abdominal, biópsia hepática, sangramento na via biliar o Outras ▪ angiodisplasia ▪ lesão de Dieulafoy • vaso aberrante dilatado submucoso • perfil: homens; Doença cardiovascular; Doença renal crônica • Quadro clínico o forma de exteriorização do sangramento? ▪ hematêmese? ▪ melena? (odor fétido/diferente do normal?) OBS: pensar na origem topográfica da hemorragia ▪ enterorragia? → o sangue sai “vivo”, devido ao maior volume (é mais grave !!) o sinais vitais? ▪ hipotensão postural ▪ taquicardia ▪ hipotensão ▪ choque → +++ tempo de enchimento capilar; pulsos finos; pele pegajosa e fria o duração do evento? o antecedentes patológicos de doenças cutâneo-mucosas (ex.: síndrome de Osler-Weber-Rendu) e câncer o dados como infecção por vírus C e etilismo → sugerem o diagnóstico de varizes esofágicas o presença de síndrome dispéptica e o uso de AINEs → sugerem o diagnóstico de doença ulcerosa pépticaç o tabagismo, história de ingestão alcoólica, vômitos e uso de medicações ? (ex.: AINEs, anticoagulantes) o comorbidades? histórico de cirurgias? o Exame físico → palidez cutâneo mucosa, hipotensão, taquicardia (sinais que podem sinalizar a intensidade do sangramento) ▪ toque retal → indicado em todos os pacientes → pode demonstrar sangue em dedo de luva ▪ linfonodos supraventriculares → sugestivo de doença neoplásica maligna ▪ spiders e teleangiectasias, hepatomegalia, esplenomegalia, encefalopatia hepática → sugerem sangramento varicoso por cirrose ou hipertensão portal o Telangiectasias, ascite, ginecomastia, eritema palmar → sugerem hepatopatia crônica • Diagnóstico e exames complementares o técnicas endoscópicas (endoscopia digestiva alta – EDA, enteroscopia, cápsula endoscópica) ▪ obs: EDA → acurácia de 94% na hemorragia digestiva alta por doença ulcerosa péptica • deve ser realizada idealmente em menos de 24 horas (após estabilização hemodinâmica) • pacientes que apresentaram instabilidade → EAD dentro das primeiras 12h ▪ papel importante no tratamento e na estratificação de risco de ressangramento • ex.: úlcera péptica o sangramento ativo em jato, vaso visível ou sangramento em porejamento → maiores índices de ressangramento (Classificação de Forrest) o vaso ou coágulo aderido, com base limpa → risco de ressangramento reduzido o Outros: ▪ hemograma; coagulograma, função renal e hepática; eletrólitos o técnicas radiológicas (angiografia, angiotomografia computadorizada, trânsito intestinal) ▪ arteriografia → em pacientes com hemorragia volumosa em que a EDA não identifica o ponto de sangramento e quando a abordagem terapêutica endoscópica não foi eficaz o técnicas radioisotópicas (cintilografia com hemácias marcadas com tecnécio) • Estratificação de risco • Abordagem iniciale tratamento OBS: sala de emergência; monitorização; oxigênio; proteção de via aérea o oferta de oxigênio caso SatO2 < 90% estabilização hemodinâmica dos indivíduos → dois acessos venosos calibrosos; reanimação volêmica: 2L de cristaloide ▪ estratégia restritiva (transfusão se Hb < 7 mg/dL) → associada a menor mortalidade em 45 dias, menor risco de reações transfusionais, complicações cardíacas e menor tempo de internação • comparada à estratégia liberal → transfusão se Hb < 9 mg/dL o Laboratório ▪ hemoglobina; plaquetas; RNI o coagulopatias ▪ não há estudos que demonstrem o benefício na correção sistemática da coagulopatia ▪ a coagulopatia pode ser corrigida desde que não atrase a terapêutica o hematêmese grave e/ou rebaixamento do nível de consciência → IOT o abordagem terapêutica com a própria EDA → mais eficaz nas primeiras 12 – 24 horas pós evento hemorrágico ▪ OBS: uso de inibidor de bomba de próton (IBP) → antes da EDA em pacientes com suspeita de hemorragia gastrointestinal de origem ulcerosa • Omeprazol 80mg em bolus EV, seguido de infusão contínua de 8 mg/h → pode promover a estabilização do coágulo, apesar de não diminuir os índices de mortalidade, ressangramento e a necessidade de cirurgia OBS: se confirmada a doença ulcerosa na EDA → manter Omeprazol em dose contínua intermitente, EV, por 72 horas após tto por EDA e, em seguida, modificar para dose de 40 mg/dia, VO ▪ OBS: Agentes procinéticos podem aumentar a contratiidade gastrointestinal e facilitar o esvaziamento gástrico do sangue acumulado (coágulos dificultam a localização do sítio de sangramento) • Eritromicina 250mg ou 3 mg/kg, EV, 20 a 120 minutos antes da endoscopia → melhorar a visualização da mucosa... diminuir o número de pacientes que precisam de outra endoscopia o diagnóstico e tto precoces reduzem as taxas de recidiva do sangramento, necessidade de transfusão de hemoderivados e o tempo de internação → menor gasto dos recursos médicos o erradicação da H. pylori → Amoxicilina + Claritromicina + Omeprazol o EDA ▪ não utilizar a adrenalina em monoterapia... associar com outros métodos... ▪ agentes esclerosantes (álcool, polidocanol, etanolamina) são pouco utilizados → risco de perfuração, necrose de parede e embolização ▪ Balão compressivo • opção de terceira linha • somente nos sangramentos maciços, sem resposta à terapêutica farmacológica • uso temporário até tto definitivo → de preferência até 24h • manter com pressão de 35 a 45 mmHg, preencher balão conforme orientações do fabricante, geralmente com 200ml de ar ou água • a cada 12h → desinsuflar por 30 min → reduzir o risco de necrose isquêmica do esôfago • manter paciente sob sedação contínua, proteção de via aérea, monitorização em UTI ▪ Tratamento específico na hemorragia varicosa • colocação de TIPS • cirurgias de derivação portal • Reposição volêmica conservadora → evita intensificar o sangramento (alvo: PAS de 100 mmHg, FC < 100 bpm, Hb entre 7 e 9 g/dl) • Terlipressina → iniciar antes da EDA, e manter 2 a 5 dias ou 48h após o controle do sangramento o contraindicações: história pregressa de doença arterial coronariana, arritmias cardíacas, arteriopatias e AVE • Sangue ativo e coagulopatia (TP prolongado com INR > 1,5) e/ou plaquetas < 50.000/mm3 o plasma fresco congelado e plaquetas • Fibrinogênio baixo → crioprecipitado • TTO endoscópico → ligadura elástica • Profilaxia para peritonite bacteriana espontânea o Ceftriaxona 1-2g, EV, por 7 dias ou norfloxacina 400mg 12/12h ou ciprofloxacina 500mg 12/12h • 3º a 6º dia após o sangramento o iniciar → Betabloqueadores (propranolol ou nadolol) não-seletivos → reduzir o risco de recorrência da ruptura varicosa RESUMO – MANEJO Ex.: pacientes prescrição paciente com instabilidade hemodinâmica • PRESCRIÇÃO 1. Jejum 2. Soro glicosado 5% 1000ml, IV, 12/12h a. + KCL 19,1% 10ml + NaCl 20% 40ml 3. Ringer lactato, 500ml,IV, agora 4. Concentrado de hemácias, 2 bolsas, IV agora 5. Omeprazol, 80mg, agora 6. Metoclopramida, 10mg, IV, 8/8h ou Eritromicina 7. Terlipressina ou Octreotídeo → específicos para pacientes hepatopatas / suspeita de hemorragia varicosa 8. Ceftriaxona → profilaxia no paciente hepatopata • Varfarina o pode ser reintroduzida após o controle do sangramento (a retomada após 90 dias pode apresentar menor risco de trombose sem aumentar o risco de sangramento recorrente – fonte: Medicina de Emergência USP 2020) • Endoscopia de revisão (second-look) o endoscopia de controle 24 horas após a endoscopia inicial o em caso de: ▪ tratamento endoscópico incompleto, por não haver identificação do sítio de sangramento ▪ hemostasia parcial ▪ naqueles com evidência de ressangramento (obs: maiores riscos de ressangramento – Forrest IA, IB e IIA)
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