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METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA Equipe de Elaboração Grupo ZAYN Educacional Coordenação Geral Ana Lúcia Moreira de Jesus Gerência Administrativa Marco Antônio Gonçalves Professor-autor Luciano de Assis Silva Coordenação de Design Instrucional do Material Didático Eliana Antônia de Marques Diagramação e Projeto Gráfico Cláudio Henrique Gonçalves Revisão Ana Lúcia Moreira de Jesus Mateus Esteves de Oliveira GRUPO ZAYN EDUCACIONAL Rua Joaquim Pinto Lara,N° 87 2ºAndar – Centro Piracema –MG CEP: 35.536-000 TEL: (31) 3272-6646 ouvidoria@institutozayn.com.br pedagogico1@institutozayn.com.br Boas-vindas Olá! É com grande satisfação que o Grupo ZAYN Educacional agradece por escolhê-lo para realizar e/ou dar continuidade aos seus estudos. Nós do ZAYN estamos empenhados em oferecer todas as condições para que você alcance seus objetivos, rumo a uma formação sólida e completa, ao longo do processo de aprendizagem por meio de uma fecunda relação entre instituição e aluno. Prezamos por um elenco de valores que colocam o aluno no centro de nossas atividades profissionais. Temos a convicção de que o educando é o principal agente de sua formação e que, devido a isso, merece um material didático atual e completo, que seja capaz de contribuir singularmente em sua formação profissional e cidadã. Some-se a isso também, o devido respeito e agilidade de nossa parte para atender à sua necessidade. Cuidamos para que nosso aluno tenha condições de investir no processo de formação continuada de modo independente e eficaz, pautado pela assiduidade e compromisso discente. Com isso, disponibilizamos uma plataforma moderna capaz de oferecer a você total assistência e agilidade da condução das tarefas acadêmicas e, em consonância, a interação com nossa equipe de trabalho. De acordo com a modalidade de cursos on- line, você terá autonomia para formular seu próprio horário de estudo, respeitando os prazos de entrega e observando as informações institucionais presentes no seu espaço de aprendizagem virtual. Por fim, ao concluir um de nossos cursos de pós-graduação, segunda licenciatura, complementação pedagógica e capacitação profissional, esperamos que amplie seus horizontes de oportunidades e que tenha aprimorado seu conhecimento crítico a cerca de temas relevantes ao exercício no trabalho e na sociedade que atua. Ademais, agradecemos por seu ingresso ao ZAYN e desejamos que você possa colher bons frutos de todo o esforço empregado na atualização profissional, alémde pleno sucesso na sua formação ao longo da vida. “O importante não é estar aqui ou ali, mas ser. E ser é uma ciência delicada, feita de pequenas observações do cotidiano, dentro e fora da gente. Se não executamos essas observações, não chegamos a ser: apenas estamos, e desaparecemos”. Carlos Drummond de Andrade Organização do conteúdo: Prof.ªM.ª Jéssica de Freitas Lopes METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA GRUPO ZAYN EDUCACIONAL EMENTA: Na disciplina Metodologia da Pesquisa Científica será estudado alguns critérios de cientificidade; conhecimento científico e conhecimento popular; o método científico; método dedutivo e método indutivo; método hipotético-dedutivo; método dialético e método fenomenológico. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO - Introdução: Critérios de cientificidade 1.Conhecimento científico e conhecimento popular; 2. Método científico; 3. Método dedutivo e método indutivo; 4. Método hipotético-dedutivo; 5. Método dialético; 6. Método fenomenológico; Atividades; Leitura Complementar; Referências. CARACTERIZAÇÃO DA DISCIPLINA Disciplina: METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA EMENTA Na disciplina Metodologia da Pesquisa Científica será estudado alguns critérios de cientificidade; conhecimento científico e conhecimento popular; o método científico; método dedutivo e método indutivo; método hipotético-dedutivo; método dialético e método fenomenológico. OBJETIVOS Refletir sobre métodos científicos no contexto da pesquisa. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO - Introdução: Critérios de cientificidade 1.Conhecimento científico e conhecimento popular; 2. Método científico; 3. Método dedutivo e método indutivo; 4. Método hipotético-dedutivo; 5. Método dialético; 6. Método fenomenológico; Atividades; Leitura Complementar; Referências. SUMÁRIO Introdução:Critérios de cientificidade 07 1. Conhecimento científico e conhecimento popular 09 2.Método científico 10 3.Método dedutivo e método indutivo 11 4.Método hipotético-dedutivo 13 5. Método dialético 14 6.Método fenomenológico 15 Atividades 17 Leitura Complementar 19 Referências 30 7 METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA Introdução: Critérios de cientificidade De acordo com Demo (2000) apud Prodanov e Freitas (2013), podemos alistar critérios de cientificidade normalmente citados na literatura científica: a) Objeto de estudo bem-definido e de natureza empírica: delimitação e descrição objetiva e eficiente da realidade empiricamente observável, isto é, daquilo que pretendemos estudar, analisar, interpretar ou verificar por meio de métodos empíricos; b) Objetivação: tentativa de conhecer a realidade tal como é, evitando contaminá-la com ideologia, valores, opiniões ou preconceitos do pesquisador; c) Discutibilidade: significa a propriedade da coerência no questionamento, evitando, conforme Demo (2000, p. 28), “a contradição performativa, ou seja, desfazermos o discurso ao fazê- lo, como seria o caso de pretender montar conhecimento crítico imune à crítica”; trata-se de conjugar crítica e autocrítica, dentro do princípio metodológico de que a coerência da crítica está na autocrítica; d) Observação controlada dos fenômenos: preocupação em controlar a qualidade do dado e o processo utilizado para sua obtenção; e) Originalidade: refere-se à expectativa de que todo discurso científico corresponda a alguma inovação, pelo menos, no sentido reconstrutivo; “não é aceito discurso apenas reprodutivo, copiado, já 8 que faz parte da lógica do conhecimento questionador desconstruir o que existe para o reconstruir em outro nível” (DEMO, 2000, p. 28); f) Coerência: argumentação lógica, bem-estruturada, sem contradições; critério mais propriamente lógico e formal, significando a ausência de contradição no texto, fluência entre premissas e conclusões, texto bem-tecido como peça de pano sem rasgos, dobras, buracos. g) Sistematicidade: parceira da coerência, significa o esforço de dar conta do tema amplamente, sem exigir que se esgote, porque nenhum tema é, propriamente, esgotável; supomos, porém, que tenhamos estudado por todos os ângulos, tenhamos visto todos os autores relevantes, dando conta das discussões e polêmicas mais pertinentes, passando por todos os meandros teóricos, sobretudo, que reconstruamos meticulosamente os conceitos centrais. h) Consistência: base sólida, “refere-se à capacidade do texto de resistir à contra argumentação ou, pelo menos, merecer o respeito de opiniões contrárias; em certa medida, fazer ciência é saber argumentar, não só como técnica de domínio lógico, mas sobretudo como arte reconstrutiva.” i) Linguagem precisa: sentido exato das palavras, restringindo ao máximo o uso de adjetivos; j) Autoridade por mérito: significa o reconhecimento de quem conquistou posição respeitada em determinado espaço científico e é por isso considerado “argumento”; segundo Demo (2000, p. 43), “corre todos os riscos de vassalagem primária, mas, no contexto social do conhecimento, é impossível livrarmo-nos dele”;9 k) Relevância social: os trabalhos acadêmicos, em qualquer nível, poderiam ser mais pertinentes, se também fossem relevantes em termos sociais, ou seja, estudassem temas de interesse comum, se se dedicassem a confrontar-se com problemas sociais preocupantes, “buscassem elevar a oportunidade emancipatória das maiorias.” l) Ética: procura responder à pergunta: a quem serve a ciência? Em seu contexto extremamente colonizador, o conhecimento científico tem sido, sobretudo, arma de guerra e lucro e, assim, como construiu fantástica potencialidade tecnológica, pode tornar inviáveis as condições ambientais do planeta (DEMO, 2000). m) Intersubjetividade: opinião dominante da comunidade científica de determinada época e lugar(PRODANOV E FREITAS, 2013). 1- Conhecimento científico e conhecimento popular Por existir mais de uma forma de conhecimento, é conveniente destacar o quevem a ser conhecimento científico em oposição ao chamado conhecimento popular,vulgar ou de senso comum.Não deixa de ser conhecimento aquele que foi observado ou passado degeração em geração através da educação informal ou baseado em imitação ou experiência pessoal. Esse tipo de conhecimento, dito popular, diferencia-se do conhecimento científico por lhe faltar o embasamento teórico necessário à ciência (PRODANOV E FREITAS, 2013). Conforme Trujillo Ferrari (1974), o conhecimento popular é dado pela familiaridade que temos com alguma coisa, sendo resultado de experiências pessoais ou suposições, ou seja, é uma informação íntima que não foi suficientemente refletida para ser reduzida a um modelo ou uma fórmula geral, 10 dificultando, assim, sua transmissão de uma pessoa a outra, de forma fácil e compreensível (PRODANOV E FREITAS, 2013). Para que o conhecimento seja considerado científico, é necessário analisar as particularidades do objeto ou fenômeno em estudo. A partir desse pressuposto, Lakatos e Marconi (2007) apud Prodanov e Freitas (2013) apresentam dois aspectos importantes: a) a ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade; b) um mesmo objeto ou fenômeno pode ser observado tanto pelo cientista quanto pelo homem comum; o que leva ao conhecimento científico é a forma de observação do fenômeno (PRODANOV E FREITAS, 2013). O conhecimento científico difere dos outros tipos de conhecimento por ter toda uma fundamentação e metodologias a serem seguidas, além de se basear em informações classificadas, submetidas à verificação, que oferecem explicações plausíveis a respeito do objeto ou evento em questão (PRODANOV E FREITAS, 2013). 2- Método científico Fonte: Imagem retirada da internet 11 Partindo da concepção de que método é um procedimento ou caminho para alcançar determinado fim e que a finalidade da ciência é a busca do conhecimento, podemos dizer que o método científico é um conjunto de procedimentos adotados com o propósito de atingir o conhecimento (PRODANOV E FREITAS, 2013). De acordo com Trujillo Ferrari (1974), o método científico é um traço característico da ciência, constituindo-se em instrumento básico que ordena, inicialmente, o pensamento em sistemas e traça os procedimentos do cientista ao longo do caminho até atingir o objetivo científico preestabelecido (PRODANOV E FREITAS, 2013). Lakatos e Marconi (2007) afirmam que a utilização de métodos científicos não é exclusiva da ciência, sendo possível usá-los para a resolução de problemas do cotidiano. Destacam que, por outro lado, não há ciência sem o emprego de métodos científicos. Muitos foram os pensadores e filósofos do passado que tentaram definir um único método aplicável a todas as ciências e a todos os ramos do conhecimento. Essas tentativas culminaram no surgimento de diferentes correntes de pensamento, por vezes conflitantes entre si. Na atualidade, já admitimos a convivência, e até a combinação, de métodos científicos diferentes, dependendo do objeto de investigação e do tipo de pesquisa (PRODANOV E FREITAS, 2013). 3- Método dedutivo e método indutivo O método dedutivo, de acordo com o entendimento clássico, é o método que parte do geral e, a seguir, desce ao particular. A partir de princípios, leis ou teorias consideradas verdadeiras e indiscutíveis, prediz a ocorrência de casos particulares com base na lógica. “Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica.” (GIL, 2008, apud PRODANOV E FREITAS, 2013). 12 O método dedutivo encontra ampla aplicação em ciências como a Física e a Matemática, cujos princípios podem ser enunciados como leis. Já nas ciências sociais, o uso desse método é bem mais restrito, em virtude da dificuldade para obter argumentos gerais, cuja veracidade não possa ser colocada em dúvida (PRODANOV E FREITAS, 2013). Mesmo do ponto de vista puramente lógico, são apresentadas várias objeções ao método dedutivo. Uma delas é a de que o raciocínio dedutivo é essencialmente tautológico, ou seja, permite concluir, de forma diferente, a mesma coisa. Esse argumento pode ser verificado no exemplo apresentado. Quando aceitamos que todo homem é mortal, colocar o caso particular de Pedro nada adiciona, pois essa característica já foi adicionada na premissa maior (PRODANOV E FREITAS, 2013). O método indutivo é um método responsável pela generalização, isto é, partimos de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral. Para Lakatos e Marconi (2007, p. 86), Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam (PRODANOV E FREITAS, 2013). Essa generalização não ocorre mediante escolhas a priori das respostas, visto que essas devem ser repetidas, geralmente com base na experimentação. Isso significa que a indução parte de um fenômeno para chegar a uma lei geral por meio da observação e de experimentação, visando a investigar a relação existente entre dois fenômenos para se generalizar. Temos, então, que “o método indutivo procede inversamente ao dedutivo: parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares.” (GIL, 2008, p. 10 apud PRODANOV E FREITAS, 2013). No raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generalizações. Entre as críticas ao método indutivo, a mais contundente é aquela que questiona a passagem (generalização) do que é constatado em alguns casos 13 (particular) para todos os casos semelhantes (geral) (PRODANOV E FREITAS, 2013). 4- Método hipotético-dedutivo O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de críticas à indução, expressas em A lógica da investigação científica, obra publicada pela primeira vez em 1935 (GIL, 2008). A indução, conforme Popper, não se justifica, “pois o salto indutivo de ‘alguns’ para ‘todos’ exigiria que a observação de fatos isolados atingisse o infinito, o que nunca poderia ocorrer, por maior que fosse a quantidade de fatos observados.” (GIL, 2008, p. 12 apud PRODANOV E FREITAS, 2013). Como já dito, o método hipotético-dedutivo foi proposto por Karl Popper e consiste na adoção da seguinte linha de raciocínio: [...] quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se consequências quedeverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético- dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la. (GIL, 2008, p. 12 apud PRODANOV E FREITAS, 2013). O método hipotético-dedutivo inicia-se com um problema ou uma lacuna no conhecimento científico, passando pela formulação de hipóteses e por um processo de inferência dedutiva, o qual testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela referida hipótese. Podemos apresentar o método hipotético- dedutivo a partir do seguinte esquema (GIL, 2008, p. 12 apud PRODANOV E FREITAS, 2013): 14 Problema → Conjecturas → Dedução de consequências observadas → Tentativa de falseamento → Corroboração. A pesquisa científica, com abordagem hipotético-dedutiva, inicia-se com a formulação de um problema e com sua descrição clara e precisa, a fim de facilitar a obtenção de um modelo simplificado e a identificação de outros conhecimentos e instrumentos, relevantes ao problema, que auxiliarão o pesquisador em seu trabalho. Após esse estudo preparatório, o pesquisador passa para a fase de observação. Na verdade, essa é a fase de teste do modelo simplificado. É uma fase meticulosa em que é observado determinado aspecto do universo, objeto da pesquisa. A fase seguinte é a formulação de hipóteses, ou descrições-tentativa, consistentes com o que foi observado. Essas hipóteses são utilizadas para fazer prognósticos, os quais serão comprovados ou não por meio de testes, experimentos ou observações mais detalhadas. Em função dos resultados desses testes, as hipóteses podem ser modificadas, dando início a um novo ciclo, até que não haja discrepâncias entre a teoria (ou o modelo) e os experimentos e/ou as observações (PRODANOV E FREITAS, 2013). 5- Método dialético O conceito de dialética é bastante antigo. Platão o utilizou no sentido de arte do diálogo. Na Antiguidade e na Idade Média, o termo era utilizado para significar simplesmente lógica. O método dialético, que atingiu seu auge com Hegel (GIL, 2008), depois reformulado por Marx, busca interpretar a realidade partindo do pressuposto de que todos os fenômenos apresentam características contraditórias organicamente unidas e indissolúveis (PRODANOV E FREITAS, 2013). Na dialética proposta por Hegel, as contradições transcendem-se, dando origem a novas contradições que passam a requerer solução. Empregado em pesquisa qualitativa, é um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade, pois considera que os fatos não podem ser relevados fora de um contexto social, político, econômico etc (PRODANOV E FREITAS, 2013). 15 Lakatos e Marconi (2007) apontam as leis da dialética. A Ação Recíproca informa que o mundo não pode ser entendido como um conjunto de “coisas”, mas como um conjunto de processos, em que as coisas estão em constante mudança, sempre em vias de se transformar: “[...] o fim de um processo é sempre o começo de outro.” (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 101). As coisas e os acontecimentos existem como um todo, ligados entre si, dependentes uns dos outros(PRODANOV E FREITAS, 2013). Na Mudança Dialética, a transformação ocorre por meio de contradições. Em determinado momento, há mudança qualitativa, pois as mudanças das coisas não podem ser sempre quantitativas. Por outro lado, como tudo está em movimento, tudo tem “duas faces” (quantitativa e qualitativa, positiva e negativa, velha e nova), uma se transformando na outra; a luta desses contraditórios é o conteúdo do processo de desenvolvimento(PRODANOV E FREITAS, 2013). Em síntese, o método dialético parte da premissa de que, na natureza, tudo se relaciona, transforma-se e há sempre uma contradição inerente a cada fenômeno. Nesse tipo de método, para conhecer determinado fenômeno ou objeto, o pesquisador precisa estudá-lo em todos os seus aspectos, suas relações e conexões, sem tratar o conhecimento como algo rígido, já que tudo no mundo está sempre em constante mudança (PRODANOV E FREITAS, 2013). De acordo com Gil (2008, p. 14), [...] a dialética fornece as bases para uma interpretação dinâmica e totalizante da realidade, uma vez que estabelece que os fatos sociais não podem ser entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de suas influências políticas, econômicas, culturais etc. Assim, como a dialética privilegia as mudanças qualitativas, opõe-se naturalmente a qualquer modo de pensar em que a ordem quantitativa se torne norma. Desse modo, as pesquisas fundamentadas no método dialético distinguem-se claramente das pesquisas desenvolvidas segundo a visão positivista, que enfatiza os procedimentos quantitativos (PRODANOV E FREITAS, 2013). 6- Método fenomenológico 16 O método fenomenológico, tal como foi apresentado por Edmund Husserl (1859- 1938), propõe-se a estabelecer uma base segura, liberta de proposições, para todas as ciências (GIL, 2008). Para Husserl, as certezas positivas que permeiam o discurso das ciências empíricas são “ingênuas”. “A suprema fonte de todas as afirmações racionais é a ‘consciência doadora originária’.” (GIL, 2008, p. 14). Daí a primeira e fundamental regra do método fenomenológico: “avançar para as próprias coisas.” Por coisa entendemos simplesmente o dado, o fenômeno, aquilo que é visto diante da consciência. A fenomenologia não se preocupa, pois, com algo desconhecido que se encontre atrás do fenômeno; só visa o dado, sem querer decidir se esse dado é uma realidade ou uma aparência (PRODANOV E FREITAS, 2013). O método fenomenológico não é dedutivo nem empírico. Consiste em mostrar o que é dado e em esclarecer esse dado. “Não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas considera imediatamente o que está presente à consciência: o objeto.” (GIL, 2008, p. 14). Consequentemente, tem uma tendência orientada totalmente para o objeto. Ou seja, o método fenomenológico limita-se aos aspectos essenciais e intrínsecos do fenômeno, sem lançar mão de deduções ou empirismos, buscando compreendê-lo por meio da intuição, visando apenas o dado, o fenômeno, não importando sua natureza real ou fictícia (PRODANOV E FREITAS, 2013). 17 LEITURA COMPLEMENTAR A IMPORTÂNCIA DA METODOLOGIA CIENTÍFICA PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM NO ENSINO SUPERIOR Tamires Aparecida Batista de Oliveira Kleber Firpo Prado Valença Resumo Nos últimos anos, tem sido um aparente consenso na comunidade acadêmica brasileira o de que instituições de ensino universitário devem aliar às práticas de ensino tradicional, elementos que promovam o desenvolvimento do pensamento crítico reflexivo dos alunos, permitindo, através de uma visão real do mundo, detectar os problemas que o afligem e ao mesmo tempo, dotá-los de ferramentas capazes de promover medidas que ajudem solucioná- los. O impacto da chegada ao Ensino Superior é sentido em diversos aspectos, e o campo da pesquisa acadêmica é setor de maior repercussão. Obrigatória em todos os cursos, a metodologia científica é fundamental para todo percurso da vida acadêmica dos alunos que cursam o Ensino Superior no Brasil. Com o objetivo de solucionar problemas propostos, a pesquisa acadêmica tem seus pressupostos na metodologia científica e em normas devidamente rígidas e controladas. A Metodologia Científica irá abordar as principais regras da produção científica para alunos dos cursos de graduação, fornecendo uma melhor compreensão sobre a sua natureza e objetivos, podendo auxiliar para melhorar a produtividade dos alunos e a qualidade das suas produções. No campo informacional da produção científica não é diferente, pois já sendo um campo com um discurso instaurado, com suas próprias normas que o justificam e o identificam,torna-se necessário, dentro de um contexto mundial de otimização e compartilhamento de informações via web, que haja mecanismos de padronização 18 inerentes à produção científica. Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar o universo da metodologia científica e a importância da mesma para o ensino/aprendizagem no Ensino Superior. Para tal empreitada, utilizaremos um entrecruzamento de uma literatura de ponta especializada no âmbito da Metodologia Científica, aos quais serão citados no decorrer do trabalho. Buscando uma melhor apresentação, o trabalho estará dividido em dois tópicos, além da introdução e conclusão. Introdução Diferentemente do Ensino Básico, a entrada numa universidade e faculdade exige um grande uso de algumas habilidades, e a boa escrita é uma delas. Num país que passa por dificuldades estruturais na educação, como o Brasil, escrever tornou-se um problema crônico. Assim, a passagem do Ensino Básico para o superior deveria ser tratado com maior cuidado por parte dos sistemas de ensino público e privado. Para Rosane Tolentino Maia (2007), a situação atual do ensino médio encerra várias e complexas questões, como aspectos estruturais que ainda não foram resolvidos, a precariedade desse ensino público no Brasil. O cenário educacional em que convivem velhos e novos problemas aponta para a expansão do ensino médio com baixa qualidade, para a privatização da sua gestão e, simultaneamente, exibe um forte componente de exclusão. A reforma político educacional do ensino médio, em curso, vem afetando sensivelmente o trabalho do professor e a dinâmica institucional da escola e, em muito menor grau, a realidade educacional do aluno. Tal fato refletirá na sua atuação enquanto discente de uma instituição de nível superior. O impacto da chegada ao Ensino Superior é sentido em diversos aspectos, e o campo da pesquisa acadêmica é setor de maior repercussão. Obrigatória em todos os cursos, a metodologia científica é fundamental para todo percurso da vida acadêmica dos alunos que cursam o Ensino Superior no Brasil. Com o objetivo de solucionar problemas propostos, a pesquisa acadêmica tem seus pressupostos na 19 metodologia científica e em normas devidamente rígidas e controladas. Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar o universo da metodologia científica e a importância da mesma para o ensino/aprendizagem no Ensino Superior. A Metodologia Científica significa estudo dos métodos ou da forma, ou dos instrumentos necessários para a construção de uma pesquisa científica; é uma disciplina a serviço da Ciência. Metodologia é a parte onde será indicado o tipo de pesquisa que será empregado, as etapas a serem realizadas. O conhecimento dos métodos que auxiliam na elaboração do trabalho científico. Para Severino (2000, p. 18), Metodologia seria: [...] um instrumental extremamente útil e seguro para a gestação de uma postura amadurecida frente aos problemas científicos, políticos e filosóficos que nossa educação universitária enfrenta. [...] São instrumentos operacionais, sejam eles técnicos ou lógicos, mediante os quais os estudantes podem conseguir maior aprofundamento na ciência, nas artes ou na filosofia, o que, afinal, é o objetivo intrínseco do ensino e da aprendizagem universitária. Frente a essa afirmativa há a necessidade de sistematizar o conhecimento científico, pois a partir disso a metodologia começa a ser instituída e atrela a pesquisa o seu pleno desenvolvimento. Nesse sentido, Severino (2000) diz que a pesquisa assume três dimensões na Universidade: De um lado, tem uma dimensão epistemológica: a perspectiva do conhecimento. Só se conhece construindo o saber, ou seja, praticando a significação dos objetos [...] assume ainda uma dimensão pedagógica: a perspectiva decorrente de sua relação com a aprendizagem. Ela é mediação necessária e eficaz para o processo de ensino/aprendizagem. Só se aprende e só se ensina pela efetiva prática da pesquisa. Mas ela tem ainda uma 20 dimensão social: a perspectiva da extensão [...]. (SEVERINO, 2000, p. 26). Nesse contexto, a pesquisa assume papel importante, pois tanto docente, quanto o estudante fará uso da pesquisa para aprimorar, pôr em prática e construir conhecimento de maneira significativa. Severino (2000, p. 25-26) diz que o “professor precisa da prática da pesquisa para ensinar eficazmente; o aluno precisa dela para aprender eficaz e significativamente [...]”. Segundo Teixeira (2010), para que se alcance uma educação de qualidade esta deve estar atrelada ao conhecimento. Dessa maneira, será possível a construção do conhecimento voltado para uma educação comprometida e, realmente, construtiva. Portanto, compete aos professores e estudantes, através da prática de pesquisa, proporcionar a sociedade novos conhecimentos com a finalidade de torná- la padrão na praxe do ensino superior e nas demais modalidades de ensino (principalmente no ensino médio), o que certamente facilitaria, significativamente, a vida do ingressante de ensino superior. Para tal empreitada, utilizaremos um entrecruzamento de uma literatura de ponta especializada no âmbito da Metodologia Científica, aos quais serão citados no decorrer do trabalho. Buscando uma melhor apresentação, o trabalho estará dividido em dois tópicos, além da introdução e conclusão. Num primeiro momento será trabalhada a importância da ciência como um campo de atuação que busca o conhecimento e o seu papel na construção de soluções para diversos problemas na humanidade, o tópico é Entre formas e Conhecimento. No segundo momento, o tema a ser abordado será Da escrita à exposição. Aqui será analisada a função de algumas instituições, principalmente a da ABNT (Associação Nacional de Normas e Técnicas) para a normatização de trabalhos acadêmicos. Entre formas e conhecimento 21 A discussão acerca do que seja ciência não é unânime entre os diversos campos do conhecimento. Mas, de um modo geral, podemos utilizar o termo “ciência” para designar a área de atuação de um grupo de pesquisadores engajados em solucionar problemas que estejam ligados à humanidade. Parafraseando o autor Júlio Aróstegui (2006), ele diz que: Ciência é “um termo que em nossa tradição filosófica e mundana tem significados muito distintos”. Mas a palavra, em seu sentido mais preciso e concreto, [...] designa o que chamamos “ciência moderna” por antonomásia. Quer dizer, ciência como o resultado da “revolução científica” que teve início no Renascimento e produziu a Mecânica newtoniana, ou a Química, dos séculos 17 e 18, os avanços no conhecimento da eletricidade no século 19, as teorias cosmológicas no século 20, etc. (ARÓSTEGUI, 2006, p. 55). O ator tenta fundamentar o seu entendimento por ciência buscando referência no movimento conhecido como a Revolução Científica que ocorreu na Inglaterra, mais precisamente. Mas a ciência não fica presa aos conceitos e teorias, a prática científica é fundamental para o seu desenvolvimento. Afinal, teoria e prática tem que está interiorizada no pesquisador. A produção do conhecimento científico exige algumas regras/métodos imprescindíveis para o seu sucesso, o que a Metodologia Científica explica detalhadamente. Um produto acadêmico não nasce do vazio e muito menos deve ser escrito de qualquer forma. Além do passo-a-passo científico (problema, objeto, fontes, recorte temporal, metodologia, aporte teórico, debate historiográfico, entre outros), a escrita tem que ser clara e acadêmica. Aqui é a parte onde será indicado o tipo de pesquisa que será empregado, as etapas a serem realizadas, como: revisão de literatura, coleta de dados (delimitar o universo da pesquisa, os instrumentos de coletas, indicando a seleção dos sujeitos), análise dos dados e da redação final. Na maioria dos trabalhos acadêmicosgeralmente utiliza-se a pesquisa bibliográfica, complementada com tema e dos objetivos da pesquisa, sendo esta parte redigida 22 em texto contínuo, isto é, não deve apenas apresentar os tópicos, mas explicitar conceitualmente a pesquisa que se pretende realizar. Segundo Libânio (2001, p. 39): O primeiro objetivo da disciplina de Metodologia Científica é resgatar em nossos alunos a capacidade de pensar. Pensar significa passar de um nível espontâneo, primeiro e imediato a um nível reflexivo, segundo, mediado. O pensamento pensa o próprio pensamento, para melhor captá-lo, distinguir a verdade do erro. Aprende-se a pensar à medida que se souber fazer perguntas sobre o que se pensa. No conhecimento científico, o pensar deve ser sistemático, verificando uma hipótese (ou conjunto de hipóteses), atribuindo o rigor na utilização de métodos científicos. Dessa forma, o trabalho científico configura-se na produção elaborada a partir de questões específicas de estudo. De acordo com o especialista Galliano (1986, p. 26), “ao analisar um fato, o conhecimento científico não apenas trata de explicá-lo, mas também busca descobrir suas relações com outros fatos e explicá- los”. Seguindo uma ordem pré-estabelecida: a definição do problema é o primeiro passo e um dos mais difíceis, pois devemos escolher a questão ou questões a serem respondidas. O desafio em formular a pergunta para um estudo não está baseado somente nas incertezas sobre o assunto, mas também na escolha de uma questão importante que possa ser transformada numa pesquisa possível de ser realizada e que seja válida. É difícil para o pesquisador selecionar uma pergunta principal para o seu estudo, pois a vontade é de responder a muitas perguntas em um único projeto. Por isso, é importante não frear o espírito aguçado e criativo que deve fazer parte dos requisitos de um pesquisador, mas ser suficientemente criterioso para dar credibilidade e realmente responder à questão proposta. Lembrar que para cada pergunta há um tipo de desenho mais apropriado. Já o método ao qual o objeto será analisado tem uma importância grandiosa. Diante disso Pinto (2009, p. 4) descreve que: 23 O método, quando incorporado a uma forma de trabalho ou de pensamento, leva o indivíduo a adquirir hábitos e posturas diante de si mesmo, do outro e do mundo que só têm a beneficiar a sua vida tanto profissional quanto social, afetiva, econômica e cultural. Por método entendemos caminho que se trilha para alcançar um determinado fim, atingir-se um objetivo; para os filósofos gregos metodologia era a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade. Ora, as regras e passos metodológicos que são ensinados na universidade, visando à inserção do estudante no mundo acadêmico-científico - que são pertinentes e necessárias - objetivam também, e, sobretudo, a criar hábitos que o acompanharão por toda a sua vida, como o gosto pela leitura, a compreensão dos diferentes interlocutores, um espírito crítico maduro e responsável, o diálogo claro e profundo com os outros e com o mundo, a autodisciplina, o respeito à alteridade e ao diferente, uma postura de humildade diante do pouco que se sabe e da infinidade de saberes existentes, o exercício da ética e do respeito a quem pensa diferente, a ousadia/coragem de expor o próprio pensar. Da escrita à exposição Percebe-se que ao longo do ano acadêmico os discentes se encontram diante de muitas dificuldades para cumprir as exigências que as universidades e faculdades impõem, provavelmente, em decorrência de uma formação deficiente na formação básica. Esse fato é refletido quando os estudantes estão cursando o último ano do curso de graduação. Muitos deles não conhecem as normas mais elementares para a elaboração de um texto científico, tais como: desenvolvimento e estrutura do trabalho (Pré-projeto), padrões de redação, procedimentos para se fazer pesquisas bibliográficas, seleção e organização da leitura das obras, 24 construção de citações diretas e indiretas, bem como sobre o propósito de incluí-las no corpo do próprio texto. Essas dificuldades podem ser a causa de uma grande aflição para estes alunos, que muitas vezes podem levá-los ao desânimo, a uma longa duração no curso e, até mesmo, a desistência, quando os mesmos têm a consciência que no decorrer do período acadêmico não conseguiram entender o real valor da disciplina de Metodologia Científica, e da Prática de Pesquisa, quando os mesmos recebem orientações para o seu objeto de pesquisa, ministradas ao longo dos Cursos. Nos últimos anos, tem sido um aparente consenso na comunidade acadêmica brasileira o de que instituições de ensino universitário devem aliar às práticas de ensino tradicional, elementos que promovam o desenvolvimento do pensamento crítico reflexivo dos alunos, permitindo, através de uma visão real do mundo, detectar os problemas que o afligem e ao mesmo tempo, dotá-los de ferramentas capazes de promover medidas que ajudem solucioná- los. Os cursos de graduação pressupõem a produção de conhecimento na área, mediante um projeto de pesquisa para a elaboração de uma monografia e/ou artigo com base em metodologia científica. Assim, torna-se fundamental que o graduando esteja capacitado a escolher o tema, a abordagem metodológica, as técnicas para a coleta, análise e interpretação dos dados da pesquisa, com vistas à produção de conhecimento adquirido ao longo do curso. Para Leite (2009, p.10): Metodologia Científica não é um conteúdo a ser decorado pelo acadêmico, para ser verificado num dia de prova; trata-se de fornecer aos acadêmicos um instrumental indispensável para que sejam capazes de atingir os objetivos da Academia, que são o estudo e a pesquisa em qualquer área do conhecimento. Diante disso, a Pesquisa e Linguagem Científica é uma ciência que dita algumas regras, pois, é nesse sentido que a disciplina de Metodologia Científica é eminentemente prática e deve estimular o acadêmico para que esse busque motivações para encontrar respostas às suas dúvidas. 25 Dentro dessa concepção, percebe-se que esta disciplina é essencial para o desenvolvimento de um trabalho científico, pois é nesta que os acadêmicos precisam saber realmente o que é e como se faz trabalhos, artigos e projetos, onde o papel do professor neste momento é o de orientar, ensinar, trabalhar de forma clara e objetiva com seu aluno, tendo uma linguagem que pode mudar a conduta do estudante frente as etapas que irão surgir. Assim, diante do exposto, a preparação, a redação e a apresentação de trabalhos científicos envolvem um grande número de questões de natureza técnica e estética, dentre as quais, pode-se destacar a disciplina, a criatividade na seleção da bibliografia, a leitura de forma organizada, a ousadia e o rigor na abordagem do assunto, além da obediência a certas normas de redação e apresentação do texto final. A Metodologia Científica irá abordar as principais regras da produção científica para alunos dos cursos de graduação, fornecendo uma melhor compreensão sobre a sua natureza e objetivos, podendo auxiliar para melhorar a produtividade dos alunos e a qualidade das suas produções. No mundo contemporâneo competitivo, de produção em larga escala e de amplitude produtiva global, torna-se necessário criar mecanismos internacionais normativos que subsidiarão serviços e produtos a atingirem a máxima utilização e qualidade. Para isso, existem padrões internacionais bem conhecidos, tais como os padrões ISO 9000. Esses padrões internacionais possuem como objetivo principal o 1 Brainstorming ou “tempestade ideias” é uma técnica ligada a área de Administração de Pessoas e que faz menção ao fomento expressivo de várias ideias sobre determinado tema até que se encontre uma variável comum. 3 Intercâmbio e a cooperação mundial,de modo que a qualidade seja condição para a execução de todas as atividades organizacionais. No campo informacional da produção científica não é diferente, pois já sendo um campo com um discurso instaurado, com suas próprias normas que o justificam e o identificam, torna-se necessário, dentro de um contexto mundial de otimização e compartilhamento de informações via web, que haja mecanismos de padronização inerentes à produção científica. No Brasil, o órgão responsável e competente para normalizar é a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, fundada em 1940, a partir de uma demanda 26 levantada pela Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, em 1937. Nessa época, os ensaios com materiais de concreto (para medir a resistência) eram realizados em dois laboratórios tidos como referências em termos de qualidade: o Instituto Nacional de Tecnologia (INT – localizado no Rio de Janeiro) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT, localizado em São Paulo). Os laboratórios, apesar de respeitados e rigorosos em suas avaliações, utilizavam procedimentos diferentes para testar materiais de concreto, o que gerava uma enorme confusão: um ensaio realizado e aprovado em um laboratório poderia não ser aprovado no outro (e vice- versa), devido à diferença de metodologia de testes entre eles. A partir dessa necessidade, começaram os estudos para determinar uma padronização única para essa demanda. Com o tempo, surgiram necessidades de padronização em todos os setores, e a ABNT participou dessa história de criação e regulamentação de forma muito atuante: foi uma das entidades fundadoras da International Organization for Standardization – ISO, entidade que determina as normas internacionais, fundada em 1947, com sede em Genebra (Suíça). Além disso, participou da criação de várias entidades e comitês importantes. A Norma é um documento que fornece diretrizes, regras para atividades, com o objetivo de ordenar com qualidade determinada informação. Cada país tem suas próprias regras para normalização, que ao serem levadas para a ISO influencia a norma mundial. Como já foi mencionado, no caso do Brasil, o encaminhamento é feito através da ABNT. No âmbito da produção de documentos também é exigida a normalização. Existem normas para isso que devem ser seguidas, pois no caso de um trabalho acadêmico, por exemplo, não pode deixar de ser observada a apresentação gráfica. No momento da apresentação do trabalho realizado além dos aspectos relativos ao conteúdo, o aspecto visual e de padronização dos dados também são itens de suma importância e, certamente, serão avaliados. Atualmente a produção acadêmica tem aumentado consideravelmente, sendo exigido na maioria dos cursos a elaboração de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), além da elaboração constante de tantos outros trabalhos como relatórios, projetos e artigos. O estímulo à produção de artigos é constante nas mais diversas áreas do conhecimento, muitas vezes carentes de materiais bibliográficos. Nesse 27 contexto, a qualidade de trabalhos elaborados pela comunidade acadêmica recebe o suporte dado pelas normas a sua elaboração. Elas existem para facilitar o trabalho realizado tanto por acadêmicos quanto por pesquisadores, e devem ser seguidas para que obtenham maior credibilidade, pois auxiliam na diminuição da possibilidade de erros. A presença de tantas regras, detalhes, indicações rígidas para digitação e formatação do texto, que parecem cercear a liberdade do aluno em pensar e escrever sem nenhuma exigência metodológica, faz com que o estudo de Metodologia Científica nas universidades raramente seja bem aceito pelos alunos. A metodologia, porém, objetiva bem mais do que levar o aluno a elaborar projetos, a desenvolver um trabalho monográfico ou um artigo científico como requisito final e conclusivo de um curso acadêmico. Na verdade, ela almeja levar o aluno a comunicar-se de forma correta, inteligível, demonstrando um pensamento estruturado, plausível e convincente, através de regras que facilitam e estimulam à prática da leitura, da análise e interpretação de textos e consequentemente a formação de juízo de valor, crítica ou apreciação com argumentação plausível e coerente. Considerações finais Assim, pretendemos ter cumprido o desafio de apresentar os principais pressupostos da Metodologia Científica e a sua importância para um melhor desenvolvimento dos trabalhos acadêmicos no Brasil. A iniciação científica é um dever da instituição e não deve representar uma atividade eventual ou esporádica. A atividade de pesquisa universitária, especialmente a pesquisa básica, sempre exigiu um conjunto de condições que estão fora do alcance da realidade da maior parte dos estabelecimentos de ensino superior privados no Brasil. No setor público, a pesquisa universitária só institucionalizou-se a partir do final da década de sessenta, em função da implementação da reforma de 1968. As várias propostas demandavam mudanças estruturais para o ensino superior brasileiro, objetivando modernizar e democratizar o sistema. 28 As regras e passos metodológicos que são ensinados na universidade visam, portanto, a inserção do estudante no mundo acadêmico-científico desenvolvendo nele hábitos que o acompanharão por toda a sua vida, como o gosto pela leitura e o espírito crítico maduro e responsável. A disciplina de Metodologia Científica ajuda os alunos na experiência de sentirem-se cidadãos, livres e responsáveis e os auxilia a administrar suas emoções, a exercitar o bom senso e a enfrentar desafios na conquista de suas metas. Fica evidente a necessidade de se repensar na inserção da disciplina de Metodologia Científica na matriz curricular do ensino médio, uma vez que promovida a sua integração com as demais disciplinas, viabilizaria o que deveria ser o objetivo de todas as instituições de ensino: estimular a construção criativa de conhecimento pelo aluno. Lima (2004) deixa bem clara essa ideia ao declarar que a pedagogia de ensino fundada na reprodução indefinida de conhecimentos acumulados, que prevalece no ensino fundamental e médio, frequentemente não capacita técnica, conceptual, teórica e metodologicamente jovens universitários para construir um pensamento crítico e reflexivo mais elaborado. Texto completo disponível em: http://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/17807_10482.pdf. MATERIAL COMPLEMENTAR: VÍDEO: O Método Científico e os Tipos de Pesquisa: https://www.youtube.com/watch?v=ey9bTshV308. ___________________________________________________________________ Referências PRODANOV, Cleber Cristiano. FREITAS, Ernani Cesar. Metodologia do trabalho científico: Métodos e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho Acadêmico. Novo Hamburgo - Rio Grande do Sul - Brasil 2013.
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