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SÍFILIS ⇒ Doença infecciosa, causada por uma bactéria espiroqueta anaeróbia de movimentos lentos (Treponema pallidum), sistêmica, de evolução crônica, sujeita a surtos de agudização e a períodos de latência. É transmitida, na maioria das vezes, pela via sexual, na sua evolução caracteriza-se por episódios sintomáticos (doença ativa) interrompidos por períodos de latência. ⇒ Prevalência estimada de 3,5 milhões de novos casos anuais em todo o mundo (mais prevalentes em países em desenvolvimento). ⇒ Pode ser adquirida por via sexual ( sífilis adquirida) ou por via transplacentária ( sífilis congênita). Pode ainda ser diferenciada quanto a recente (até um ano após a infecção) ou tardia (com mais de um ano de evolução). ⇒ Na sífilis adquirida⇒ A infecção ocorre pelo contato de fluido corporal ( grande maioria das vezes por contato sexual). O contágio pode ser direto (genital) ou, raramente, cutâneo e bucal. ⇒ A Treponema pallidum consegue penetrar através da pele ou das mucosas, causando, no local da inoculação, a lesão característica da fase primária. #Um terço dos indivíduos expostos a parceiro sexual infectado adquire a doença. Manifestação clínica ⇒ A manifestação clínica muda conforme o "estágio de infecção”, diferindo entre sífilis primária, secundária e terciária. ⇒ Sífilis Primária⇒ Caracterizada por aparecimento do cancro duro (ou protossifiloma), uma lesão de coloração rósea, ulcerada (geralmente única e indolor) medindo de 1 a 2 cm, com bordas bem delimitadas, endurecidas e elevadas, fundo limpo, liso e brilhante, secreção serosa escassa. Lesão costuma aparecer após uma média de 21 dias do contato sexual (podendo variar de 10 a 90 dias). ⇒ Frequentemente a lesão é acompanhada de adenopatia regional (que aparece uma semana- 10 dias após lesão primária), geralmente unilateral, múltipla, não supurativa, móvel, indolor e sem sinais flogísticos. ⇒ A lesão desaparece ( com ou sem tratamento) após 4 semanas sem deixar cicatriz. Em 50% das mulheres e em 30% dos homens, a lesão primária nunca é vista. #Pode acometer mucosa orofaríngea (lábios e boca). ### A sífilis aumenta a chance de contrair o vírus HIV 2 a 3 x. ⇒ Sífilis Secundária⇒ Costuma se manifestar entre 4 a 8 semanas apos desaparecimento da lesão primária (cancro duro) ⇒ Caracteriza-se por lesões cutâneo mucosas não ulceradas simétricas, localizadas ou difusas. ⇒ Em 85% dos casos ocorre linfadenopatia generalizada (polimicro linfadenopatia generalizada), ⇒ Pode cursar com artralgia, febrícula, cefaléia e adinamia (fraqueza muscular). ### Hepatite clínica e glomerulopatia membranosa induzida por imunocomplexo podem ocorrer. ⇒ As lesões regridem espontaneamente, e desaparecem em duas a seis semanas ⇒ Evolui com novos surtos que regridem espontaneamente entremeados por períodos de latência cada vez mais duradouros ⇒ Por fim ocorre um grande período de latência em que diagnóstico só é possível em eventual uso de método sorológico. ##### As lesões cutâneo-mucosas da sífilis podem se manifestar de diferentes formas: - Roséolas – lesões papulares ou planas eritematosas que acometem principalmente o tronco. Pode formar exantema morbiliforme. - Sifílides – lesões pápulo erosivas, pustulosas e hipertróficas que acometem a cavidade oral, genital, palmas das mãos e plantas dos pés (pápulas eritemato-acastanhadas, lisas a princípio e, após, escamosas). - Condiloma plano – formado a partir da confluência de placas infectantes (pápulo-hipertróficas). - Placas mucosas (lesões elevadas mucosas). ⇒ Sífilis Latente⇒ ausência de sinais e sintomas (Pode durar de 3 a 20 anos) ⇒ 2/3 dos pacientes não tratados permanecem nesta fase indefinidamente e sem complicações. ⇒ Sífilis Terciária⇒ Paciente nessa fase (três a vinte anos após a infecção) desenvolve lesões localizadas em pele e mucosas, sistema cardiovascular e nervoso. Geralmente a característica das lesões na sífilis terciária é a formação de granulomas destrutivos (gomas - tumores moles que surgem em pele e mucosas) que podem invadir e perfurar o palato e destruir a base óssea do septo nasal. Pode, ainda, acometer ossos, músculos e fígado. # Sífilis ósseas ⇒ osteíte gomosa ou esclerosante, artrites, sinovites e periostite. # Sífilis cardiovascular ⇒ Acometimento da aorta ascendente, com dilatação aórtica, estenose de coronárias, regurgitação valvar e aortite ==. manifesta-se com insuficiência cardíaca esquerda decorrente de sobrecarga volumétrica. # Neurossífilis ⇒ Possui grande espectro de manifestações, podendo ocorrer meningoencefalite ou lesão meningovascular, até deficits neurológicos focais (paresia geral e tabes dorsalis), formas cerebrais ou da medula, atrofia de nervo óptico, lesão do VII par craniano, manifestações psiquiátricas, paralisia geral e quadro de demência. # A neurossífilis pode ocorrer em qualquer estágio da sífilis (+ comum na terciária). Diagnóstico ⇒ Com base na suspeita clínica, o diagnóstico pode ser confirmado por meio de exames sorológicos ou por microscopia (dependendo do estágio da doença). ⇒ De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (Ministério da Saúde, 2015), para o diagnóstico de sífilis devem ser utilizados: ⇒ 1 teste treponêmico (teste rápido ou FTA-Abs ou TPHA ou EQL ou ELISA) + 1 teste não treponêmico VDRL ou RPR ou TRUST). # A ordem de realização fica a critério do serviço de saúde. ⇒ Quando o teste rápido for utilizado como triagem, nos casos reagentes, uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste não treponêmico. ⇒ Nas gestantes, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste reagente, treponêmico ou não treponêmico, sem aguardar o resultado do segundo teste. Diagnóstico laboratorial ⇒ “testes disponíveis” ⇒ Pesquisa direta⇒ identificação do agente etiológico a partir de material colhido (raspagem da lesão ulcerada durante a sífilis primária ou condiloma plano e nas placas mucosas ou por punção de linfonodos acometidos). --- Pode ser usado o método do Campo escuro (padrão-ouro para diagnóstico da sífilis primária) ou Imunofluorescência direta (ainda não muito disponível). ⇒ Sorologia não treponêmica⇒ Representados pelo VDRL (Venereal Disease Research Laboratory), RPR (Rapid Plasm Reagin) e TRUST (Toluidine Red Unheated Serum Test) ⇒ São testes quantitativos e qualitativos (podem ser utilizados para diagnóstico e seguimento) ⇒ São quantificados através de diluições progressivas (1:2, 1:4, 1:8, 1:16...) e quanto maior a diluição reagente, maior é a concentração do anticorpo. ⇒ São reativos a partir de 3 - 6 semanas após infecção. Atingem seus maiores níveis na fase secundária e declinam na fase latente e terciária. ⇒ São testes um tanto quanto inespecíficos ( não positiva apenas com sífilis). ⇒ Reações falso-negativas são raras (1 a 2% dos pacientes) ⇒ teste de alta sensibilidade e baixa especificidade. ⇒ Devemos suspeitar de uma infecção quando o VDRL apresentar: 1- Títulos > que 1:4 (1:8, 1:16, 1:32 …). 2- Aumento do título em quatro vezes entre uma sorologia e outra sequencial (passar de 1:4 para 1:16). 3- Dois títulos positivos em sequência. # A "negativação" do VDRL só acontece entre nove e doze meses após tratamento. Podendo continuar positivo por toda a vida. # 3 títulos baixos sucessivos (menores ou iguais a 1/8), sem sinais de infecção ⇒ memória sorológica. # Títulos baixos (< 1:16) pode indicar um quadro de sífilis muito recente, muito antiga ou tratada (cicatriz sorológica). ⇒ Sorologia treponêmica⇒ Representado por FTA-Abs (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption), MHA-TP (Microhemaglutination Assay for Treponema Pallidum), TPI (Treponema Pallidum Imobilization), ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay), EQL (Electrochemiluminescence), TPHA (Treponemal Pallidum Hemaglutination Assay), Testes rápidos (imunocromatográficos). ⇒ São testes que detectam anticorpos contra espiroquetas ⇒ Confirmam diagnóstico com treponema ⇒ Exames qualitativos e muito específicos parao treponema (raramente apresenta resultados falso-positivos). ⇒ Exames que positivam primeiro ⇒ reativos a partir de sete a quinze dias da infecção. ⇒ É comum apresentarem-se positivos mesmo após tratamento eficaz (+-85% dos casos). ⇒ Os métodos mais utilizados na prática são o FTA-Abs e o teste rápido. Tratamento ⇒ O tratamento de escolha para sífilis é a administração de penicilina G parenteral (No caso de neurossífilis a escolha passa a ser penicilina benzatina). ⇒ No caso de histórico de alergia a penicilina ⇒ realizar adequada investigação antes de indicar outro medicamento para tratar a sífilis (realização dos testes de sensibilidade à penicilina). ⇒ O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (Ministério da Saúde, 2015)⇒ recomenda o uso de ceftriaxone como alternativa à penicilina em todas as formas de manifestação de sífilis. ⇒ doxiciclina é recomendada no tratamento da neurossífilis e não deve ser utilizada em gestantes. #### Reação de Jarisch-Herxheimer ⇒ + comum no TTO de sífilis recente, é uma reação adversa devido à eliminação de grande carga de antígenos treponêmicos na circulação. Ocorre em 50 a 75% dos pacientes com sífilis recente após o início do tratamento (dentro das primeiras 24h de terapia). ⇒ Ocorre febre, calafrios, mialgia, cefaleia, hipotensão arterial, exantema e exacerbação das lesões cutâneas (geralmente surgem nas primeiras 2-4 horas do início do tratamento com penicilina). ⇒ Não justifica interrupção do tratamento (não costuma se repetir com novas doses), embora na gravidez possa causar parto prematuro e sofrimento fetal. ⇒ Pode-se administrar 40 mg de metilprednisolona trinta minutos antes da penicilina para se prevenir a reação. ⇒ Na maioria das vezes necessita apenas de cuidados sintomáticos. ⇒ O parceiro sexual de uma paciente com sífilis deve ser testado e tratado para sífilis. # Deve-se realizar testes imunológicos, tratar com esquema de sífilis latente tardia, na ausência de sinais e sintomas e quando impossível estabelecer-se a data da infecção; 3) ser tratado na mesma oportunidade que a parceira. ### Tratamento da Paciente HIV Positiva ⇒ Apresentação clínica de cada estágio geralmente é parecida, contudo algumas características na coinfecção da sífilis + HIV são diferentes ⇒ desenvolvimento de cancros múltiplos e profundos (com resolução mais lenta), maior frequência de sobreposição de estágios e concomitância (lesões primárias + secundárias no momento do diagnóstico), lesões cutâneas atípicas, predisposição para acometimento oftálmico e neurológico, com progressão mais rápida da sífilis à neurossífilis. ⇒ Pacientes com HIV+sífilis devem ter uma avaliação neurológica detalhada. ⇒ No caso de infecção de sífilis + HIV ⇒ realização de punção liquórica (além dos testes diagnósticos) caso ocorra presença de um dos seguintes critérios: # Sinais ou sintomas neurológicos ou oftalmológicos. # Evidência de sífilis terciária ativa (aortite ou gomas sifilíticas). # Sífilis latente tardia ou de duração ignorada. # LT-CD4+ < 350 células/mm3. ; # VDRL ≥ 1:16 ou RPR ≥ 1:32. # Queda inadequada ou estabilização sem queda nos títulos de teste não treponêmico durante o seguimento. ⇒ TTO ⇒ O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (Ministério da Saúde, 2015) não faz qualquer menção sobre mudanças no tratamento. ⇒ Acompanhamento do paciente em TTO para sífilis ⇒ Nas formas primária e secundária o VDRL cai de forma exponencial (de 4x ou dois títulos ao fim dos primeiros três meses e de 8x ou quatro títulos ao fim de seis meses). ⇒ Seguimento longo realizado a cada três meses no primeiro ano. Caso ainda houver título após 1 ano de acompanhamento, realizar sorologia a cada 6 meses. # Em gestantes, a sorologia é mensal. ⇒ É considerado falha terapêutica quando acontecer elevação de títulos dos testes não treponêmicos em duas diluições (de 1:2 para 1:8 por exemplo) ou nos casos de interrupção do tratamento.
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