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BMF IV CEREBELO ———————————————————————————————————————--- Generalidades ➔ localização ● situado dorsalmente ao bulbo e à ponte ● contribui para formacao do IV ventrículo ➔ estruturas adjacentes ● repousa sobre a fossa cerebelar do osso occipital ● separado do lobo occipital por uma prega da dura-máter (tenda do cerebelo) ● liga-se a medula e ao bulbo pelo pedúnculo cerebelar inferior ● liga-se a ponte e ao mesencéfalo pelos pedúnculos cerebelosos médio e superior ➔ importância ● manutenção da postura, equilíbrio, coordenação dos movimentos e aprendizagem de habilidades motoras ● envolvido em funções cognitivas ———————————————————————————————————————— Aspectos Anatômicos ➔ há uma porção ímpar e mediana: vermis ● ligado a duas grandes massas laterais - hemisférios cerebelares ● pouco separado na face dorsal do cerebelo ● ligado a face ventral do cerebelo ● sulcos separam das partes laterais ➔ folhas do cerebelo: lâminas finas que são delimitadas por sulcos na superfície do cerebelo de direção transversal ➔ os sulcos, fissuras e lóbulos aumentam a superfície do cerebelo, sem grande aumento de volume ➔ corpo medular do cerebelo: substância branca que constitui internamente, é um centro ● dali irradiam as lâminas brancas do cerebelo, revestidas externamente por uma fina camada de substância cinzenta - córtex cerebelar ➔ BMF IV ➔ no interior do corpo medular existem quatro núcleos centrais do cerebelo, compostos de substância cinzenta ● denteado, interposito (subdividido em emboliforme e globo) e fastigial ● tem grande importância funcional e clínica, da onde saem todas as fibras nervosas eferentes do cerebelo ———————————————————————————————————————--- Lóbulos e Fissuras ➔ loublos ● recebem denominações diferentes dos vermis e hemisférios ● cada lóbulo do vermis correspondem dois nos hemisférios ● são 17 lóbulos ● mais importantes: ○ nódulo → último lóbulo do vermis, acima do teto do IV ventrículo ○ flóculo → um lóbulo do hemisfério, alongado transversalmente com folhas situadas atrás do pedúnculo cerebelar inferior ○ tonsilas → evidentes na face ventral do cerebelo, projetando-se medialmente sobre a face dorsal do bulbo ➔ fissuras ● são 8 fissuras ● mais importantes: posterolaterais e prima ● BMF IV ● ———————————————————————————————————————— Divisão anatomia ➔ os lóbulos podem ser agrupados em estruturas maiores ➔ os lobos são separados pelas fissuras posterolateral e prima ● posterolateral → divide o cerebelo em lobo flóculo-nodular e corpo do cerebelo ● prima → divide o corpo do cerebelo em lobo anterior e posterior ———————————————————————————————————————--- Pedúnculos Cerebelares ➔ são 3 ● superior → liga o cerebelo ao mesencéfalo ● médio → feixe de fibras que liga o cerebelo a ponte e constitui a parede dorsolateral da medula cranial do IV ventrículo ● inferior → liga o cerebelo a medula ➔ o limite entre a ponte e o pedúnculo cerebelar é ponto de emergência do nervo trigêmeo BMF IV ● ———————————————————————————————————————— Estrutura e Funções do Cerebelo ➔ conexões intrínsecas do cerebelo ● as fibras que penetram o cerebelo dirigem ao córtex e são de dois tipos e ambas são glutamatérgicas ○ fibras musgosas →representam terminação dos demais feixes de fibras que penetram no cerebelo, ao penetrá-lo emitem ramos colaterais que fazem sinapses excitatórias com neurônios dos núcleo cerebrais, atingem a camada granular onde se ramifica e terminam em sinapse excitatória axodendríticas com grande número de células granulares que através das fibras paralelas se ligam às células de Purkinje ○ fibras trepadeiras → são axônios de neurônios situados no complexo olivar inferior, terminam enroladas nos dendritos das células de Purkinje, exercendo ação excitatória ● circuito cerebelar básico → os impulsos nervosos penetram no cerebelo pelas fibras musgosas ativam os neurônios dos núcleo central, as células granulares e as de Purkinje, que inibem os próprios neurônios dos núcleos centrais ● a atividade neuronal → é modulada pela ação inibitória das células de Purkinje ● o circuito formado pela união das células granulares com a de purkinje é modulado pela ação de 3 outras células inibitórias: células encensto, células de golgi e células estreladas ● essas células agem através da liberação do GABA ● a célula granular → única excitatória, tem como neurotransmissor o glutamato BMF IV ● a célula de purkinje → recebe sinapses diretamente das fibras trepadeiras e indiretamente das musgosas, projetando para dois núcleos centrais do cerebelo ou para o núcleo vestibula, no caso do lobo flóculo nodular, sendo as vias de saída do cerebelo ● BMF IV ● ➔ núcleos centrais e corpo medular do cerebelo ● núcleo denteado → maior dos núcleos, assemelha-se ao olivar inferior localizado mais lateralmente ● núcleo emboliforme → entre o denteado e fastigial, semelhante ao globoso e juntos formam o interpósito ● núcleo globoso → entre o denteado e fastigial, semelhante ao emboliforme e juntos formam o interpósito ● núcleo fastigial → próximo ao plano mediano em relação ao ponto mais alto de teto do IV ventrículo ● dos núcleos centrais saem as fibras eferentes e neles chegam ao axônio das células de purkinje e colaterais das fibras musgosas ● o corpo medular → é constituído de substância branca e formado por fibras mielínicas que são principalmente BMF IV ○ fibras aferentes ao cerebelo → penetram nos pedúnculos e vão ao córtex, onde perdem a bainha de mielina ○ fibras formadas pelos axônios das células de purkinje → vão aos núcleos centrais e quando saem do córtex se tornam mielínicas ➔ divisão funcional do cerebelo ● há partes do cerebelo que se dispõem médio lateralmente, no sentido longitudinal, que se distinguem em uma zona medial correspondendo ao vermis e de cada lado uma zona intermédia paravermiana e outra lateral ● a zona lateral não se separa da intermedia, seus axônios das células de purkinje se projetam para o núcleo denteado, os da zona medial para os gatigial e vestibular lateral, e os da zona intermédia para o interpósito ● as células de purkinje do lobo floculonodular se projetam para o núcleo fastigial ou para os vestibulares ● divide-se funcionalmente em 3 partes ○ vestibulocerebelo: lobo floculonodular e tem conexão com o núcleo fastigial e vestibulares ○ espino cerebelo: vermis e zona intermédia dos hemisférios, tem conexão com a medula ○ cerebrocerebelo: zona lateral e tem conexões com o córtex cerebral BMF IV ➔ conexões extrínsecas ● as fibras no cerebelo podem se cruzam mas voltam para o mesmo lado ● vestibulocerebelo ○ conexões aferentes: chegam pelo fascículo vestibulocerebelar e tem origem nos núcleos vestibulares, distribuindo ao lobo floculonodular, trazem informações da parte vestibular do ouvido interno, importantes para manutenção do equilíbrio ○ conexões eferentes: as células de purkinje do vestibulocerebelo projetam para os neurônios dos núcleos vestibulares medial e lateral, esse modula os tratos vestibuloespinhais lateral e medial que controlam a musculatura axial e extensora dos membros para manter o equilíbrio na postura e marcha, as projeções inibitórias controlam os movimentos oculares e coordenam os movimentos da cabeça e olhos através do fascículo longitudinal medial ● espinocerebelo○ conexões representadas pelos tratos espinocerebelares anterior e posterior, que penetram no cerebelo pelos pedúnculos cerebelares superior e inferior, terminando no córtex das zonas medial e intermédio ○ no posterior → recebe sinais sensoriais dos receptores proprioceptivos e alguns de contração dos músculos, tensão das cápsulas articulares e tendões, além da posição e velocidade de movimento das partes do corpo BMF IV ○ no anterior → são ativadas por sinais motores que chegam a medula pelo trato corticoespinal permitindo a avaliação do grau da atividade do tato ○ ● conexões eferentes ○ os axônios das células de purkinje da zona intermédia fazem sinapse no núcleo interpósito, ○ saem fibras para o núcleo rubro e tálamo do lado oposto, podendo influenciar os neurônios motores pelo trato rubroespinal (via interposito-rubroespinal) ○ os impulsos que vão para o tálamo vão para as áreas motoras do córtex cerebral (via interposito-tálamo-cortical) onde se origina o trato corticoespinal ○ os neurônios do cerebelo influenciam a atividade motora medular do mesmo lado ○ o núcleo interpósito age sobre neurônios motores do grupo lateral co corno anterior controlando músculos distais dos membros que fazem movimentos delicados BMF IV ● cerebrocerebelo ○ conexões aferentes: as fibras pontinas (ponto-cerebelares) tem origem nos núcleos pontinos, entram no cerebelo pelo pedúnculo médio e se distribui ao córtex na zona lateral dos hemisférios, faz parte da via córtico-ponto-cerebelar, com informações das áreas motoras e não motoras do córtex cerebral, suas projeções têm mais fibras do que as corticoespinais ○ conexões eferentes: os axônios das células de purkinje da zona lateral fazem sinapse no núcleo denteado onde os impulsos seguem para o tálamo do lado oposto e em seguinte para as áreas motoras do córtex cerebral pela via dento-tálamo-cortical, onde o trato corticoespinal tem rogie, o núcleo denteado participa da atividade motora (músculo distal dos membros - movimentos delicados) BMF IV ○ ➔ aspectos funcionais ● manutenção do equilíbrio e da postura ○ vestibulocerebelo, contrai os músculos axiais e proximais, mantendo o equilíbrio, o impulso é transmitido pelo trato vestibuloespinal e neurônios motores ● controle do tônus muscular ○ descerebelização: perda do tônus muscular, lesão dos núcleos centrais ○ os núcleos dendeados e interposto mantém mesmo a ausência de movimento, certo nível de atividade espontânea, que age sobre os neurônios motores das vias laterais (trato corticoepsinal e rubroespinal) ● controle dos movimentos voluntários ○ planejamento do movimento cérebro-cerebelo): via córtico-ponto-cerebelar, as áreas do córtex cerebral ligadas a funções psíquicas superiores (associaçã) → plano motor enviado a áreas motoras de associação do córtex cerebral via BMF IV dento-tálamo-cortical → associacao dos dados do plano motor cerebelar com próprios dados → plano motor comum → ativação dos neurion da área motora primária → ativam neurônio motores medulares pelo trato corticoespinal → controle do movimento pelo espinocerebelo → através de aferências sensoriais do trato espinocerebelar informa características do movimento → via interposito-tálamo-cortical → correção do movimento → áreas motoras e trato corticoespinal ○ correção do movimento (espino cerebelo): cerebelo compara as características do movimento em execução com o plano motor → promove correções e ajustamentos necessários para movimento adequado ○ cérebro-cerebelo → aferências espinais e corticais → movimentos muito rápidos ○ espinocerebelo → aferências corticais ○ núcleo denteado → ativado antes do início do movimento ○ núcleo interpósito → correção do movimento → ativado depois do início do movimento ● aprendizagem motora ○ execução repetitiva de atividades → tornam-se mais rápidas e com menos erros ○ sistema nervoso aprende a executar atividades → provavelmente envolvendo modificações mais ou menos estáveis em circuitos nervosos ○ fibras olivo cerebelares → chegam ao córtex cerebelar como fibras trepadeiras → fazem sinapse diretamente com células de Purkinje → podem modular excitabilidade das células de Purkinje respondendo a estímulos recebidos de fibras musgosas e paralelas ○ fibras trepadeiras modificam por tempo prolongado respostas das células de Purkinje aos estímulos das fibras musgosas ○ fornecem sinal de erro durante movimento que inibiria fibras paralelas simultâneas ativas → surgimento dos movimentos certos ○ padrão de atividade surgem através de movimentos repetitivos ○ fibras trepadeiras detectariam diferenças entre informações sensoriais esperadas e as que realmente ocorrem, e não apenas monitoram informação aferente ○ lesão no cerebelo e oliva inferior prejudica o aprendizado motor → prática, tentativa e erro levam a execução perfeita e automática do movimento ● funções não motoras ○ participa de funções cognitivas executadas pelo cerebrocerebelo ○ tem conexões pré-frontal do córtex → funcoes nao motoras ○ resolução de quebra cabeca, associação de palavras a verbos, resolução mental de operações, reconhecimento de figuras complexas ➔ correlações anatomoclínicas BMF IV ● sintomas decorrentes de lesões, agrupados em 3 categorias ○ incoordenação dos movimentos → ataxia, manifesta principalmente em membros, caracterizada de marcha atáxica do doente do cerebelo → associado a perda de equilíbrio → pode se manifestar em articulações de palabras → atraso ○ perda de equilíbrio → dificuldade de manter postura ereta → abertura de pernas e manter base alargada para sustentação ○ diminuição do tônus da musculatura esquelética → hipotonia, frequente ○ podem aparecer em embriaguez aguda ou quadro psíquico normal ○ o álcool tem efeito tóxico nas células de Purkinje ○ podem ocorrer em tumores cerebelares → lesam o órgão produzindo sintomas de síndromes específicas ● síndromes cerebelares ○ síndrome do vestibulocerebelo ➢ lesão → perda da capacidade de usar informações vestibulares para movimento do corpo durante marcha ou postura ortostática, perda de controle dos movimentos oculares durante rotação da cabeça ➢ marcha com base alargada, movimento irregulares das pernas (ataxia), risco de queda com olhos abertos ou fechados ➢ não há dificuldade no movimento preciso de braços e pernas se estiver deitado ou apoiado ➢ cerebelo usa informações proprioceptivas dos tratos espinocerebelares ➢ ocorre em crianças menores de 10 anos ➢ tumor do teto do IV ventrículo → cumprime nódulo e pedúnculo do flóculo ➢ há perda de equilíbrio com ataxia de tronco ➢ crianças não conseguem se manter em pé ➢ ocorre nistagmo ○ síndrome do espinocerebelo ➢ lesão no espinocerebelo leva a erros de execução motora → afeta área de processamento de informações proprioceptivas dos feixes espinocerebelares e não é capaz de influenciar as vias descendentes ➢ espinocerebelo → atua por mecanismos de retroalimentação, antecipando ação sobre o corpo e objetos no espaço, podendo atuar após o início do movimento por informações proprioceptivas do movimento em execucao (vias descendentes) ➢ movimento da articulação → iniciado pela contração do agonista →desacelerado pelo antagonista → perda do controle faz contração antecipada do antagonista não ocorrer → movimento interrompido após ultrapassar alvo → após o BMF IV término do movimento há correcao → novo erro → outro ajuste → tremor terminal ➢ lesão do núcleo interpósito → reduz ativação dos tratos rubro espinal e corticoespinal → redução do tônus muscular, precisão de movimentos por erros na cronologia, direção e extensão do movimentos (dismetria) ➢ ataxia na tentativa de alçar objetos por caminho sinuoso ➢ tentativa de correção → novos erros e oscilação da mão ao redor do alvo, tremor terminal ➢ lesão no espinocerebelo → nistagmo e alteração da fala (lesão do vermis ou núcleo fastigial) → controle vocal está no vermis ○ síndrome do cerebrocerebelo ➢ lesão na zona lateral, sinais e sintomas ligados a movimentos ➢ atraso no início do movimento ➢ decomposição o movimento multiarticular → movimentos complexos feitos simultaneamente por várias articulações ➢ disdiadococinesia → dificuldade de fazer movimentos rápidos e alternado (tocar rapidamente a ponta do polegar com os dedos indicador e médio alternadamente) ➢ rechaço → forçamento da flexão do antebraço contra resistência no pulso → normalmente a flexão para imediatamente → no doente a coordenação não existe e os músculos custam a agir ao movimento, causando um tapa no próprio rosto do paciente ➢ tremor → acentuado no final do movimento ou quando o paciente está prestes a atingir objetivos (apanhar objetos) ➢ dismetria → execução defeituosa de movimentos que visam atingir um alvo, indivíduo não consegue dosar exatamente a quantidade de movimentos necessários (colocar o dedo na ponta do nariz) ➔ considerações sobre as lesões cerebelares ● Os distúrbios cerebelares podem estar associados a inúmeras causas: malformações congênitas, hereditá- rias, infecciosas, neoplásicas vasculares e outras. Uma das principais características é que as lesões cerebe- lares causam sintomas ipsilaterais. As síndromes do vestíbulo-cerebelo , do espinocerebelo e do cerebroce- rebelo nem sempre são observadas de forma isolada na prática clínica. ● Do ponto de vista puramente clínico, e tendo em vista principalmente a localização de tumores cerebela- res, os neurologistas costumam distinguir dois quadros patológicos do cerebelo: lesões do vérmis e lesões dos hemisférios . As lesões hemisféricas manifestam-se nos membros do lado lesado e dão sintomatologia relacio- nada, pois, à coordenação dos movimentos. Já a lesão do vérmis manifesta-se principalmente por perda do equilíbrio, com alargamento da base de sustentação e alterações na marcha (marcha atáxica) e na fala. BMF IV ● O cerebelo tem notável capacidade de recuperação funcional quando há lesões de seu córtex, particular- mente em crianças, ou quando as lesões aparecem gra- dualmente. Para isso, concorre o fato de o seu córtex ter uma estrutura uniforme, permitindo que as áreas intactas assumam pouco a pouco as funções das áreas lesadas. Entretanto, a recuperação não ocorre quando as lesões atingem os núcleos centrais . (REFERÊNCIA: Neuroanatomia Funcional, 3 Edição, Editora Atheneu, 2014, Capítulo 21: Estrutura e Funções do Cerebelo, MACHADO, Angelo B. M., HAERTEL, Lucia M." )