Prévia do material em texto
Aula 04 Regimento Interno p/ TJDFT Professor: Paulo Guimarães Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!1!()!23! AULA 04: Parte Segunda, Título II, Capítulo I – Da Competência Originária, Capítulo II – Da Competência Recursal. SUMÁRIO PÁGINA 1. Da Competência Originária 2 2. Da Competência Recursal 37 3. Resumo do Concurseiro 45 4. Questões Comentadas 48 5. Questões sem Comentários 77 Olá, amigo concurseiro! Na aula de hoje veremos detalhes a respeito de algumas ações e recursos da competência do TJDFT. Continue firme, leia todo o material, faça seus esquemas de revisão, resumos e memore aquilo que for necessário. Nos comentários, procurarei sistematizar melhor as informações trazidas pelo texto do Regimento Interno, deixando a explicação um pouco mais didática. Tente resolver os exercícios antes de ler os comentários, e lembre-se de separar tempo antes da prova para revisar a matéria e resolver as questões novamente. Força! Vamos à aula de hoje! Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!4!()!23! 1. DA COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA Já vimos que há ações que são originariamente conhecidas pelo Tribunal, mesmo que não tenham passado por juiz de Primeiro Grau. É dessas ações que vamos tratar agora. Veremos uma quantidade maior de artigos do que nas aulas anteriores, mas vou organizar as informações de maneira mais didática, para facilitar o seu entendimento. Com relação às ações, as mais importantes são, sem dúvida, a Ação Direta de Inconstitucionalidade, o Mandado de Segurança, a ação penal originária e o habeas corpus. Dispense atenção especial a essas quatro, pois pelo menos uma ou duas devem estar presente na sua prova. 1.1. Ação Direta de Inconstitucionalidade Nos seus estudos de Direito Constitucional, você já deve ter visto algo acerca da ADIn que pode ser impetrada em face da Constituição Federal. Provavelmente você memorizou o rol de legitimados ativos e alguns detalhes a respeito do procedimento, que é corre perante o Supremo Tribunal Federal. Hoje trataremos da ADIn impetrada em face da Lei Orgânica do Distrito Federal (LODF), que, apesar de não ser formalmente uma constituição estadual, goza desse status. A ADIn em face da LODF deve ser apreciada pelo TJDFT, por meio de um rito que é bem diferente de outras ações. Uma das principais diferenças é a inadmissibilidade de desistência. Ou seja, uma vez proposta a ação, o autor não pode voltar atrás, em nenhuma hipótese. A seguir, veremos o rol de legitimados ativos e os detalhes a respeito do procedimento. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!5!()!23! Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade Governador do Distrito Federal; Os governadores de territórios não detêm legitimidade ativa para impetrar ADIn distrital. Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal; Não é o Presidente da CLDF. A Mesa Diretora é formada pelo presidente, vice-presidente, secretários, etc. Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal e Territórios; É o chefe do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Não confunda o nome do cargo com outros parecidos, especialmente o Procurador-Geral do Distrito Federal. Ordem dos Advogados do Brasil; Trata-se da Seccional do Distrito Federal, e não do Conselho Federal. Partido político com representação na Câmara Legislativa do Distrito Federal; Não é qualquer partido. É necessário que haja pelo menos um deputado distrital. Entidade sindical ou de classe com atuação no Distrito Federal, a qual demonstrará que a pretensão por ela deduzida guarda relação de pertinência direta com seus objetivos institucionais. Esse é o único legitimado que não pode questionar qualquer norma em face da LODF. É necessário haver pertinência temática. Alguns detalhes aqui precisam ficar bem claros no nosso entendimento. Para quem conhece o rol de legitimados da ADIn em face Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!6!()!23! da CF, há algumas semelhanças. Perceba que podemos aplicar um princípio chamado de paralelismo federativo. Isso significa que, naquilo em que os legitimados para a ADIn federal se referem à União, os legitimados para a ADIn distrital se referem apenas ao Distrito Federal. No rol há um representante do Poder Executivo, um do Poder Legislativo e um do Ministério Público. Não há representante do Poder Judiciário, pois a este cabe julgar a ação. Além desses três, são legitimados a OAB (seccional do DF), o partido político que tenha representação na CLDF, e a entidade sindical ou de classe com atuação no DF (desde que demonstre a pertinência temática). A petição inicial deve ser apresentada em duas vias, e, além de indicar a norma impugnada, deve trazer cópias em anexo. Ademais, a inicial deve indicar os fundamentos jurídicos da impugnação e o pedido, com suas especificações. Caso não sejam cumpridos esses requisitos, a petição inicial será considerada inepta. O juízo de admissibilidade da ação deve ser feito pelo relator. A inicial pode ser indeferida liminarmente por ele quando for inepta, não fundamentada ou manifestamente improcedente. Contra essa decisão, caberá agravo regimental no prazo de cinco dias. A ADIn pode ser utilizada para impugnar não só lei, mas qualquer outro ato normativo (regimento, portaria, resolução, etc.). O relator deve requisitar informações ao órgão ou autoridade responsável pela produção da norma, e este deve responder no prazo de 30 dias. Apesar de a ADIn não admitir intervenção de terceiros, o relator poderá admitir a manifestação de outros órgãos ou entidades, no mesmo prazo de 30 dias. Art. 109. Decorrido o prazo das informações, prestadas ou não, o Procurador-Geral do Distrito Federal e o Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal e Territórios serão ouvidos e deverão manifestar-se no prazo de quinze dias, sucessivamente. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!7!()!23! §1º Em caso de notória insuficiência das informações existentes nos autos ou de necessidade de esclarecimento de matéria ou de circunstância de fato, o relator poderá requisitar informações adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão ou fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria. §2º O relator poderá, ainda, solicitar informações aos magistrados de Primeiro Grau acerca da aplicação da norma impugnada no âmbito de sua jurisdição. §3º As informações, as perícias e as audiências a que se referem os parágrafos anteriores serão realizadas no prazo de trinta dias, contado da solicitação do relator, que, após, remeterá os autos ao Procurador- Geral de Justiça do Distrito Federal e Territórios para oferta de parecer no prazode dez dias. Atenção! É aqui que mora o perigo! O PGJDFT é o chefe do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Ele é o membro do MP que senta à direita do Presidente nas reuniões do Pleno e do Conselho Especial. É o chefe dos promotores que justiça (que atuam no Primeiro Grau) e dos procuradores de justiça (que atuam junto aos órgãos fracionários do Tribunal). O PGDF é o chefe da advocacia pública do Distrito Federal. Aos procuradores do DF cabe representar o ente em juízo, atuando verdadeiramente como advogados da administração pública. O PGDF e o PGJDFT devem se manifestar sucessivamente no prazo de 15 dias. Perceba que, caso o relator considere necessário, poderá tomar medidas para obter maiores informações ou esclarecimentos a respeito da norma impugnada. Essa possibilidade inclui a nomeação de peritos, a convocação de audiência pública, e a coleta de depoimento pessoal de autoridades na matéria. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!8!()!23! O relator pode também solicitar informações a juízes de direito sobre aspectos práticos da aplicação da norma em cada esfera de jurisdição. Art. 111. Salvo no período de feriado forense, a liminar na ação direta será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Conselho Especial, observado o disposto no art. 123, após a manifestação, no prazo de cinco dias, dos órgãos ou das autoridades dos quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado. §1º O relator, se considerar indispensável, ouvirá o Procurador- Geral do Distrito Federal e o Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal e Territórios no prazo de três dias. §2º No julgamento do pedido de liminar, a sustentação oral, por quinze minutos, será facultada aos representantes judiciais dos requerentes e das autoridades ou dos órgãos responsáveis pela expedição do ato. §3º Será facultada ainda a manifestação do amicus curiae, se admitido, e do Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal e Territórios. §4º Em caso de excepcional urgência, o Conselho Especial poderá deferir a liminar sem a manifestação dos órgãos ou das autoridades dos quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado. A competência para julgamento da ADIn é do Conselho Especial, e somente este órgão pode conceder liminar, mediante voto favorável da maioria absoluta de seus membros. Em casos de urgência, o Conselho Especial pode até conceder liminar sem ouvir o órgão ou autoridade responsável pela norma, mas a regra geral é de que estes sejam ouvidos no prazo de 5 dias. Nesse caso, não é necessário ouvir o PGDF e o PGJDFT, mas, se o relator considerar indispensável, estes devem ser ouvidos no prazo de 3 dias. Pode ainda haver sustentação oral pelas partes, e pelo amicus curiae, se houver. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!3!()!23! O amicus curiae (amigo da corte) é o órgão, entidade ou pessoa profundamente interessada na causa, que atua em condição de neutralidade, alertando o órgão julgador para os aspectos técnicos da decisão. Concedida a liminar, a decisão será publicada no prazo de 10 dias, e será dotada de eficácia erga omnes (contra todos) e efeitos ex nunc (apenas a partir da decisão), salvo de o Conselho Especial conceder à decisão eficácia retroativa, o que também é perfeitamente possível. Diante do pedido de liminar, se o relator considerar a matéria muito relevante para a ordem social e para a segurança jurídica, poderá submetê-la diretamente à apreciação do Conselho Especial para decisão definitiva de mérito, mas isso só pode ocorrer se o órgão ou entidade responsável pela norma for ouvido no prazo de 10 dias e o PGDF e o PGJDFT forem ouvidos, sucessivamente, no prazo de 5 dias. 1.2. Ação Declaratória de Constitucionalidade Muitos dos dispositivos dos quais tratamos a respeito da ADIn são também aplicáveis à ADC. Por essa razão, vamos nos concentrar nas diferenças entre uma e outra. Primeiramente, o rol de legitimados é mais restrito. Podem propor a ação declaratória de constitucionalidade Governador do Distrito Federal; Os governadores de territórios não detêm legitimidade ativa para impetrar ADIn distrital. Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal; Não é o Presidente da CLDF. A Mesa Diretora é formada pelo presidente, vice-presidente, secretários, etc. Procurador-Geral de Justiça do É o chefe do Ministério Público do Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!2!()!23! Distrito Federal e Territórios; Distrito Federal e Territórios. Não confunda o nome do cargo com outros parecidos, especialmente o Procurador-Geral do Distrito Federal. No rol da ADC aparecem apenas o representante do Poder Executivo, o do Poder Legislativo e o do Ministério Público, e mais ninguém. Na tabela, copiei as observações que fiz quando tratamos da ADIn, apenas para que você relembre os detalhes importantes sobre essas três figuras. Uma das principais diferenças entre a ADC e a ADIn diz respeito aos requisitos da petição inicial. Na ADC, além da indicação (e cópias) do ato normativo questionado e do pedido, deve haver também a indicação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória. Isso ocorre por causa da natureza da própria ação. Pense comigo. De que adianta um dos legitimados impetrar ADC, pedindo que o Poder Judiciário verifique e confirme a constitucionalidade de uma norma que nunca foi questionada? Essa ação seria um desperdício de tempo e recursos públicos, não é verdade? Na ADC é necessário ouvir apenas o PGJDFT (chefe do Ministério Público!), no prazo de 15 dias, e não o PGDF. O relator, por outro lado, goza das mesmas prerrogativas no sentido de levantar maiores informações sobre a norma questionada (nomeação de peritos, audiência pública, informações de juízes de Primeiro Grau, etc.). Quanto ao pedido de liminar, temos regras um pouco mais simples. A liminar pode ser concedida pelo Conselho Especial por decisão da maioria absoluta de seus membros, devendo a decisão ser publicada no prazo de 10 dias, e a decisão definitiva ser proferida no prazo de 180 dias, sob pena de perda da eficácia da liminar. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!9!()!23! 1.3. Um pouco mais sobre a ADIn e a ADC Agora trataremos de disposições do Regimento Interno que são aplicáveis tanto ao rito da ADIn quanto ao da ADC. O primeiro item importante é o quórum do Conselho Especial para decidir sobre a constitucionalidade de norma. O quórum de instalação corresponde à maioria qualificada de dois terços. Isso significa que, para começar a julgar uma ADIn ou ADC, é necessária a presença de pelo menos dois terços dos membros do Conselho Especial. O quórum necessário para que seja declarada a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da norma questionada é a maioria absoluta. Ou seja, apenas pode ser declarada a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da norma questionada quando votarem nessesentido mais da metade dos membros. Para começar a julgar uma ADIn ou ADC, é necessário o quórum qualificado de dois terços dos membros do Conselho Especial. Apenas pode ser declarada a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da norma questionada por voto da maioria absoluta dos membros do Conselho Especial Se não houver quórum para deliberar ou se o número de desembargadores ausentes for capaz de influenciar a decisão, o julgamento será suspenso até que se atinja o número necessário para votar em um ou outro sentido. Pode parecer óbvio, mas você precisa prestar atenção nos termos utilizados na procedência ou improcedência das ações. A ADIn será procedente se a norma impugnada for declarada inconstitucional, Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!1:!()!23! certo? Da mesma forma, a ADC será procedente se a norma questionada for declarada constitucional. Para não se perder no raciocínio, pense em qual o pedido relacionado a cada ação. Na ADIn, o autor pede que a norma seja declarada inconstitucional. Na ADC, o autor pede que seja declarada a constitucionalidade da norma. Julgada a ação, a decisão será comunicada ao órgão responsável pela norma. Essa decisão será publicada no prazo de 10 dias após o trânsito em julgado. Em regra, a decisão em sede de ADIn ou ADC é irrecorrível, mas há duas exceções: os embargos de declaração (recurso no qual se pedem esclarecimentos sobre o teor da decisão), e o recurso extraordinário (dirigido ao STF). Art. 128. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, o Conselho Especial poderá, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. Quero chamar bastante atenção para este artigo, pois esse é um dos temas mais cobrados em Direito Constitucional, e sobre o qual muitos alunos têm dúvidas. A decisão pela inconstitucionalidade de norma é algo que pode ter efeitos práticos de grandes proporções. A título de exemplo, recentemente foi discutida a constitucionalidade da lei que criou uma autarquia federal, que já existe há mais ou menos vinte anos. Suponhamos que essa lei fosse declarada inconstitucional. O que aconteceria com os servidores que prestaram concurso e tralham lá? O que aconteceria com os particulares que detêm contratos firmados por Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!11!()!23! meio de licitação? Situações complicadas como essas poderiam surgir caso não fosse possível realizar a modulação dos efeitos dessa decisão. Por meio dessa prerrogativa, o Conselho Especial pode decidir como os efeitos da declaração de inconstitucionalidade atingirão as instituições e a sociedade. É possível, por exemplo, retirar a norma do ordenamento, mas manter os efeitos que foram gerados até aquela decisão, ou ainda estabelecer um marco temporal a partir do qual os atos praticados sob a égide daquela norma deverão ser desconstituídos. Lembre-se apenas de dois detalhes importantes sobre a modulação de efeitos: primeiramente, os efeitos só podem ser manipulados pelo Conselho Especial mediante decisão da maioria qualificada de dois terços dos seus membros. Ademais, os efeitos só podem ser modulados diante de razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social. Guarde bem esses detalhes. O Conselho Especial poderá, mediante decisão da maioria qualificada de dois terços dos seus membros, modular os efeitos de declaração de inconstitucionalidade de norma, quando houver razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social. Uma das principais características da ADIn e da ADC é o que se chama de eficácia erga omnes. Esse atributo faz com que a decisão alcance não só as partes envolvidas no processo, mas qualquer outra pessoa, órgão ou entidade da administração pública. Dessa forma, a decisão tem eficácia contra todos, e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à administração pública do Distrito Federal. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!14!()!23! Esse efeito vinculante tem um aspecto prático importante. Se qualquer autoridade pública do DF praticar ato que questione ou contrarie a decisão do Conselho Especial em sede de ADIn ou ADC, torna-se cabível a reclamação ao Conselho Especial. A reclamação ao Conselho Especial é dirigida ao Presidente do Tribunal, e poderá ser impetrada pelo PGJDFT ou pela parte interessada. O relator, então, requisitará informações à autoridade impugnada, no prazo de 10 dias, após o que o Ministério Público terá 5 dias para se pronunciar, caso não seja o impetrante da ação. Julgada procedente a reclamação, o Conselho Especial cassará o ato que contraria seu julgado, ou determinará as medidas necessárias. Esse é um dos casos em que a execução da decisão prescinde da publicação do acórdão, ou seja, o Presidente do Tribunal deverá determinar o cumprimento imediato da decisão. 1.4. Ação Penal Originária Antes de entrar nos detalhes acerca da ação penal, é preciso firmar alguns conceitos. Primeiramente, há dois tipos principais de ação penal: a ação penal pública e a ação penal privada. Na maior parte dos crimes, a lei prevê a ação penal pública incondicionada. Isso significa que, uma vez praticada a conduta proibida, o criminoso deve ser processado e julgado, independentemente de qualquer manifestação de vontade por parte da vítima. A responsabilidade de denunciar o criminoso e atuar como parte acusadora no processo é do Ministério Público. Existe, ainda, uma segunda modalidade de ação penal pública: aquela que é condicionada à representação. Nesse caso, a ação é movida pelo Ministério Público, mas este só pode agir se houver um pedido ou autorização da vítima. A esse pedido se dá o nome de representação. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!15!()!23! Por outro lado, há certos crimes cuja ação penal é privada, e deve ser movida pela vítima. Nesse casos, o Ministério Público atua no processo, mas não na condição de autor, e se a vítima não quiser mover a ação penal, nada acontecerá. A manifestação da vítima na ação penal privada é chamada de queixa. Na ação penal pública incondicionada, via de regra, após a investigação policial, o inquérito ou representação é encaminhado ao Tribunal, e deste ao Ministério Público, que tem o prazo de 15 dias para oferecer a “petição inicial” do processo penal, chamada de denúncia, ou para requerer o arquivamento do inquérito. Se o indiciado estiver preso, esse prazo é de no máximo 5 dias. A exceção aqui fica por conta da ação penal pública condicionada à representação, e da ação penal privada. Art. 142. Se o inquérito versar sobre crime de ação penal pública condicionada à representação ou de ação penal privada, o relator determinará seja aguardada a iniciativa do ofendido ou de quem,por lei, esteja autorizado a representar ou a oferecer queixa-crime. Nesses dois casos, o relator não pode remeter o inquérito policial ao Ministério Público para o oferecimento de denúncia, pois é necessária a manifestação da vítima do crime, pois meio da queixa. Voltemos então ao restante do procedimento, que será aplicado na ação penal pública incondicionada, ou nas outras modalidades, caso haja manifestação da vítima. Se o indiciado não estiver preso, o Procurador-Geral de Justiça pode requerer ao relator que sejam feitas novas diligências, interrompendo-se o prazo para oferecimento da denúncia. Se o indiciado estiver preso, o relator pode determinar o relaxamento de sua prisão ou determinar que as diligências sejam feitas após o oferecimento da denúncia, para não atrasar o andamento do processo. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!16!()!23! Se, quando a denúncia for oferecida, houver comunicação de prisão em flagrante ou pedido de prisão cautelar (preventiva ou provisória), o relator deve decidir no prazo de 24h. Art. 143. Ao verificar a decadência, o relator, ouvida a Procuradoria-Geral de Justiça, julgará extinta a punibilidade, determinando o arquivamento dos autos. A decadência é um tema cheio de detalhes intrincados, e não vale a pena para nós estuda-lo profundamente. O importante aqui é saber que ela acarreta a extinção da punibilidade do infrator, pelo decurso do tempo. Quando um crime é cometido, o Estado geralmente tem um prazo para identificar o infrator e provocar o Poder Judiciário para puni-lo. Decorrido esse prazo, o direito do Estado é extinto. O importante a saber é o que está escrito no dispositivo: se o relator verificar a decadência, deve promover o arquivamento dos autos, mas antes é necessário ouvir o Ministério Público. Já houve questões em concursos anteriores do TJDFT, dadas como corretas, em que se dizia que o relator decretava a extinção da punibilidade quando fosse verificada a prescrição. Não vamos aqui descer a detalhes acerca das diferenciações entre prescrição e decadência, pois esse é um dos temas mais debatidos do Direito Processual. É importante que você saiba, porém, que, de maneira geral, a prescrição e a decadência são consideradas questões de ordem pública, e devem sempre ser reconhecidas de ofício. Se surgir uma questão trocando a decadência pela prescrição, portanto, ela também não está errada. O Regimento Interno determina também que, nos casos de crime contra a honra (calúnia, injúria e difamação), o relator deve tentar reconciliar as partes, ainda antes de receber a queixa, ouvindo- as separadamente, sem a presença de seus advogados. Se as partes não Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!17!()!23! comparecerem à tentativa de reconciliação, o relator deve dar andamento ao processo normalmente. Se o PGJDFT pedir o arquivamento do inquérito, o relator pode deferi-lo, ou submeter a decisão ao Conselho Especial. Por outro lado, se o relator rejeitar a denúncia (na ação penal pública) ou queixa (na ação penal privada), a decisão deverá sempre ser submetida ao Conselho Especial. Antes de receber ou rejeitar a denúncia ou queixa, o relator determinará a notificação do acusado para responder no prazo de 15 dias. O acusado deve também receber cópia da denúncia ou queixa e de outros documentos pertinentes. Se ele não for localizado, será notificado por meio de edital público. Art. 150. Recebida a denúncia ou a queixa, o relator designará dia e hora para o interrogatório, citará o acusado ou o querelado e intimará o Procurador-Geral de Justiça, o assistente de acusação, se houver, bem como o querelante ou seu advogado. Parágrafo único. O relator poderá delegar a realização do interrogatório e de quaisquer atos de instrução a magistrado de Primeiro Grau. A redação desse dispositivo pode parecer confusa para quem nunca estudou Direito Processual, por isso vou explicar melhor os termos. Já dissemos que o relator deve receber ou rejeitar a denúncia (na ação penal pública) ou queixa (na ação penal privada), e esse é o procedimento a ser adotado quando essa peça inicial é recebida. No Processo Penal, o réu recebe nomes diferentes em cada fase do processo. Nessa fase inicial, o réu é chamado de acusado (na ação penal pública) ou querelado (na ação penal privada). A citação é basicamente a comunicação ao réu de que foi ajuizada ação contra ele, e nessa oportunidade também é dado o prazo para que apresente sua defesa. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!18!()!23! A intimação é a comunicação feita às partes do processo acerca do seu andamento. Por último, a função de assistente de acusação geralmente é desempenhada pela vítima nos crimes de ação penal pública. Assim, apesar de a vontade da vítima ser irrelevante para que haja o processo penal, ela pode auxiliar o Ministério Público no trabalho de acusação. Relendo o dispositivo, vemos que o relator, quando receber a denúncia, deve determinar dia e hora para o interrogatório, citar o réu, e comunicar essas providências ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ou ao autor da ação (querelante), no caso de ação penal privada. Uma questão campeã de provas anteriores é a que diz respeito à possibilidade de delegação de atos instrutórios do relator para juiz de Direito. Essa delegação é perfeitamente possível, não somente com relação ao interrogatório, mas também de qualquer outro ato de instrução. Aqui cabe apenas uma observação. Atos de instrução englobam uma série de providências judiciais, mas não dizem respeito às decisões. Assim, o juiz delegado pode apenas praticar atos não decisórios. Se, quando citado, o acusado ou querelado não comparecer, o relator deverá nomear defensor, que apresentará defesa no prazo de 5 dias. Se comparecer ao interrogatório, o acusado ou querelado apresentará defesa, por meio de seu advogado, nesse mesmo prazo. Daí pra frente, o procedimento segue o padrão do Processo Penal: ouvida de testemunhas, diligências, alegações da acusação e defesa. Em seguida o relator lança seu relatório nos autos e remete ao revisor, que pedirá dia para o julgamento, devendo a pauta ser publicada com antecedência de 10 dias. O julgamento será realizado pelo Conselho Especial, que proferirá a decisão após ouvir acusação e defesa pelo prazo de 1h cada. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!13!()!23! 1.5. Ação Rescisória Já falamos sobre essa ação autônoma em aulas passadas. Apenas como noção geral, a finalidade da ação rescisória é desconstituir uma decisão que já tenha transitado em julgado. Ou seja, quando não couber mais nenhum recurso, em algumas hipóteses ainda caberá a ação rescisória, geralmente no prazo de 5 anos. A ação rescisória existe para evitar que se perpetuem decisões judiciais que contenham defeitos graves. Para evitar o abuso no uso dessa ação, exige-se o depósito prévio, a título de preparo, de 5% do valor da causa. Caso a exigência do preparonão seja cumprida, o relator indeferirá a petição inicial. Se a decisão do órgão julgador for unânime no sentido da improcedência ou da inadmissibilidade do pedido, o depósito prévio será apropriado a título de multa. Se a decisão atacada pela ação rescisória for um acórdão proferido pelo Tribunal, o feito será distribuído preferencialmente a desembargador que não tenha participado do processo. Se a decisão atacada for uma sentença proferida por juiz de Primeiro Grau, este jamais poderá participar do julgamento, mesmo que posteriormente tenha se tornado desembargador. O Ministério Público deverá ser ouvido em todas as ações rescisórias, no prazo de 10 dias, após os quais o relator lançará o relatório e remeterá os autos ao revisor, que, por sua vez, pedirá dia para o julgamento. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!12!()!23! 1.6. Avocatória Há apenas um artigo no Regimento Interno tratando dessa ação. Art. 160. Se o magistrado de Primeiro Grau deixar de submeter ao Tribunal sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição, o Presidente do Tribunal, mediante provocação das partes ou do Ministério Público, requisitará os autos, que receberão a numeração e a denominação que teriam caso se tratasse de recurso voluntário, sendo a eles apensados os autos da avocatória. Vemos, portanto, que a avocatória serve para corrigir a situação em que o juiz de Primeiro Grau deixa de remeter ao Tribunal os autos de processo sujeito a reexame de ofício. Nesse caso, os autos devem ser requisitados pelo Presidente do Tribunal, mediante provocação do Ministério Público ou das partes do processo. 1.7. Carta Precatória Art. 161. Será distribuída a um dos membros do Conselho Especial a carta precatória que trate de diligências relacionadas às autoridades que detenham a prerrogativa de foro prevista no art. 8º, I, alíneas a, b e c, deste Regimento, ou que a elas sejam equiparadas a juízo do Primeiro Vice-Presidente. §1º Caberá ao relator decidir sobre a intervenção da Procuradoria de Justiça, intimando-a, se necessário. §2º Se houver audiências, serão sempre presididas pelo relator, podendo ser delegada a prática de outros atos de instrução a magistrado de Primeiro Grau de Jurisdição. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!19!()!23! A carta precatória é um pedido de um juiz de uma determinada localidade para outro, de outro local, para que promova citações ou intimações de réus ou testemunhas. Tal instrumento é necessário porque cada magistrado apenas goza de competência numa determinada área geográfica. A carta precatória é uma espécie de “pedido de favor” entre juízos diferentes. Quando a carta precatória for recebida pelo TJDFT e solicitar providências em relação a autoridades que gozem de prerrogativa de foro (“foro privilegiado”), ou outras a elas equiparadas, será distribuída a um dos membros do Conselho Especial. Isso significa que esse desembargador atuará como relator. O relator deve decidir a respeito da intervenção do Ministério Público, além de presidir as audiências. As demais atribuições podem ser delegadas a juiz de direito. AUTORIDADES DE GOZAM DE PRERROGATIVA DE FORO - Governador do DF; - Governadores de Territórios; - Vice-Governador e Secretários de Governo do DF e dos Territórios; - Deputados Distritais; - Juízes de Direito (titulares e substitutos) do TJDFT; - Procurador-Geral de Justiça do Distrito Federal e Territórios; - Presidente do Tribunal de Contas do Distrito Federal e quaisquer de seus membros; - Procurador-Geral do DF Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!4:!()!23! 1.8. Conflito de Competência Essa ação tem por finalidade discutir a atribuição de competência ao juiz de Primeiro Grau, desembargador ou órgão julgador, em face da matéria levada à apreciação do Poder Judiciário. Quando mais de um magistrado ou órgão se considera competente para julgar a matéria, estaremos diante de um conflito positivo de competência. Quando dois ou mais magistrados declinarem da competência para julgar, estaremos diante do conflito negativo de competência. Uma das principais diferenças entre o conflito de competência e as outras ações de competência do Tribunal é a legitimidade para ajuizá-la, pois, além da possibilidade de ser suscitado pelas partes e pelo Ministério Público, o conflito de competência também pode ser suscitado pelo magistrado. Distribuída a ação, a primeira medida a ser tomada pelo relator será determinar o sobrestamento do processo principal (no caso de conflito positivo), ou designar um dos juízes conflitantes para resolver provisoriamente as medidas urgentes (no caso de conflito negativo). Em seguida, serão ouvidos os magistrados conflitantes e os autos serão remetidos à Procuradoria de Justiça, para que emita parecer no prazo de 5 dias. Se já houver jurisprudência firmada no Tribunal a respeito do assunto, o relator pode decidir o conflito liminarmente. 1.9. Desaforamento O julgamento dos crimes contra a vida segue um procedimento diferente dos demais, pois são julgados perante um órgão composto por cidadãos, chamado Tribunal do Júri. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!41!()!23! Os componentes desse órgão são chamados de jurados, mas não são magistrados. O Tribunal do Júri faz parte do Primeiro Grau de Jurisdição, e não é um órgão fracionário do TJDFT. O pedido de desaforamento consiste basicamente no pleito para que o julgamento seja realizado em outro Tribunal do Júri, diferente da localidade em que ocorreu o crime. Art. 166. Poderá ser desaforado o julgamento: I – se houver fundadas dúvidas quanto à segurança pessoal do acusado ou à existência de condições para que os jurados decidam com imparcialidade; II – se o interesse da ordem pública o reclamar; III – em razão do comprovado excesso de serviço, se o julgamento não puder ser realizado no prazo de seis meses, contado da preclusão da decisão de pronúncia, não se computando, para contagem do prazo, o tempo de adiamentos, de diligências ou de incidentes de interesse da defesa. Esses são os aspectos mais importantes acerca do pedido de desaforamento. As razões que podem motivar o pedido são restritas, e precisam estar relacionadas a receios acerca da segurança pessoal do réu, ou da imparcialidade dos jurados. É possível também que seja concedido o desaforamento por razões de ordem pública, ou porque o Tribunal do Júri competente está com excesso de serviço. Haverá excesso de serviço quando tiverem decorrido mais de seis meses desde a decisão judicial que determinou que o réu fosse levado ao Júri (decisão de pronúncia) sem que tenha havido o julgamento. Os legitimados para requerer o desaforamento são: o acusado, o Ministério Público, o assistente de acusação ou o querelante. Diante da relevância dos motivos apresentados, o relator pode decidir imediatamente pela suspensão do julgamento peloTribunal do Júri. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!44!()!23! Na fase de produção de provas, é possível que o relator requisite informações do juiz que preside o Tribunal do Júri, que as prestará no prazo de 5 dias. Em seguida, os autos seguirão para o a Procuradoria de Justiça, que emitirá parecer em 10 dias. Para não encher a sua cabeça de informações pouco relevantes para a prova, apenas mais duas coisas: primeiramente, não é permitido o reaforamento, ainda que as razões que motivaram a concessão da medida deixem de existir. Segundo, o desaforamento é um dos casos, já vistos por nós, em que o cumprimento da decisão não depende da publicação do acórdão. 1.10. habeas corpus Esta é disparadamente a ação mais importante para fins de prova. O assunto já foi cobrado várias vezes em concursos anteriores, e eu considero alta a probabilidade de esse procedimento aparecer na sua prova. Por essa razão, minha explicação será um pouco mais detalhada, para nós não perdermos nada. O habeas corpus é considerado uma garantia constitucional, e tem a finalidade de proteger um dos mais importantes direitos fundamentais assegurados pela Constituição: a liberdade de locomoção. Toda essa importância se traduz num procedimento bem diferente de outras ações, marcado pela diminuição dos requisitos formais e pela urgência. Já vimos que o habeas corpus é julgado independentemente de pauta, sempre com prioridade sobre qualquer outra ação ou recurso que tenha sido distribuído no Tribunal. Além disso, pode ser impetrado por qualquer pessoa, independentemente de qualquer critério técnico ou da assistência de advogado. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!45!()!23! Art. 176. Os órgãos julgadores concederão habeas corpus de ofício sempre que, em processos sujeitos a seu julgamento, concluam pela existência de constrangimento ilegal à liberdade de locomoção e de permanência. Parágrafo único. O Conselho Especial e a Câmara Criminal poderão conceder habeas corpus na hipótese deste artigo, ainda que a competência originária seja da Turma. Quero chamar sua atenção para dois aspectos únicos, que só existem no habeas corpus. Primeiramente, o habeas corpus pode ser concedido de ofício. Isso dizer que o Tribunal pode conceder a medida mesmo que ninguém compareça perante o órgão julgador para solicitá-la. Basta que os membros do Tribunal tenham conhecimento, nos processos que são levados a seu julgamento, de qualquer ato ilegal de restrição da liberdade de locomoção. Como regra geral, o Poder Judiciário só pode agir quando provocado. Entretanto, o habeas corpus pode ser concedido de ofício. Mesmo que a competência para julgar o habeas corpus seja atribuída a uma das turmas criminais, o Conselho Especial e a Câmara Criminal também podem concedê-lo, sem que haja ilegalidade. Perceba a importância dessa regra, caro candidato! Em uma ação comum, o julgamento por órgão incompetente seria razão suficiente para que a decisão fosse anulada! O habeas corpus goza dessa característica especial porque assegura a proteção de um direito fundamental muito sensível. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!46!()!23! Art. 169. Distribuído o habeas corpus, o relator, se necessário, requisitará informações à autoridade apontada como coatora mediante ofício acompanhado de cópia da petição inicial e dos documentos fornecidos pelo impetrante. As informações serão prestadas em dois dias e, se não forem, os autos serão conclusos ao relator com a respectiva certidão. Parágrafo único. Se houver pedido de liminar, os autos serão conclusos ao relator para exame. Art. 170. Se a autoridade apontada como coatora encontrar-se fora do Distrito Federal, a secretaria transmitirá ofício, incluindo resumo da inicial, pelo mais rápido meio de comunicação de que dispuser. No habeas corpus, as partes recebem nomes diferentes. Aquele que tem sua liberdade de locomoção restringida é chamado de paciente, enquanto a autoridade que está ameaçando esse direito é chamada de coatora. A primeira atitude do relator deve ser requisitar informações à autoridade coatora, que deve prestá-las em 2 dias. Perceba, entretanto, que essa fase não é obrigatória, e, se as informações não forem prestadas no prazo, o procedimento continua. Se a autoridade coatora não estiver no território do DF, a secretaria do Tribunal se encarregará de contatá-la pelo meio de comunicação mais rápido disponível. A liminar é uma medida emergencial, que pode ser concedida antes do julgamento do mérito, quando houver forte indícios de que os fundamentos do pedido são legítimos, e dos prejuízos que podem advir da não concessão do habeas corpus. Art. 171. O relator poderá, em todos os casos: I – ordenar diligência necessária à instrução do pedido; II – determinar apresentação do paciente, inclusive na sessão de julgamento; Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!47!()!23! III – nomear advogado para acompanhar o processamento do feito, se o impetrante não for bacharel em Direito; IV – mandar expedir, no habeas corpus preventivo, salvo-conduto até decisão do feito, se houver grave risco de consumar-se a violência. O habeas corpus pode ser impetrado em caráter repressivo, quando a liberdade de locomoção já tiver sido restringida, ou em caráter preventivo, quando houver apenas ameaça de constrangimento. Quando é concedido o habeas corpus preventivo, a medida é chamada de salvo-conduto, enquanto a medida no habeas corpus repressivo é chamada de alvará de soltura. Quando o relator verificar a existência de risco considerável de se consumar a restrição à liberdade, o relator pode mandar expedir o salvo-conduto, até que se decida o mérito. Se for necessário, o relator também pode determinar a realização de diligência, ou mandar que o paciente se apresente perante do órgão julgador. Como já vimos antes, não é necessário que o impetrante do habeas corpus seja representado por advogado. Caso isso ocorra e a parte não tenha qualificação técnica (curso superior em direito) para atuar em causa própria, o relator poderá nomear advogado para representá-la. A fase seguinte do procedimento é a manifestação do Ministério Público. Os autos devem ser remetidos à Procuradoria de Justiça imediatamente após o cumprimento das diligências determinadas pelo relator, para oferecimento de parecer no prazo de 5 dias. O relator deve apresentar o processo para julgamento na primeira sessão após a apresentação do parecer do MP. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!48!()!23! Art. 174. A decisão de habeas corpus será imediatamente comunicada pelo presidente do órgão julgador à autoridade apontada como coatora, a quem caberá tomar as providências necessárias para o cumprimento dela. Tão logo registradoo acórdão, a respectiva cópia será encaminhada à autoridade. §1º O Tribunal expedirá, entretanto, os alvarás de soltura e os salvo-condutos, sempre subscritos pelo presidente do órgão julgador. §2º Em se tratando de anulação do processo originário, a autoridade apontada como coatora poderá renovar os atos anulados, independentemente do recebimento do acórdão do habeas corpus, desde que, para isso, tenha os elementos necessários. Já vimos que a expedição do alvará de soltura ou do salvo- conduto independe da publicação do acórdão da decisão. Para acelerar ainda mais o cumprimento da medida, o Tribunal comunicará imediatamente à autoridade coatora a concessão da medida, para que as providências para o cumprimento da decisão sejam logo adotadas. Ainda assim, o alvará de soltura ou salvo-conduto será expedido, e, posteriormente, o acórdão também será encaminhado ao coator. Se, por meio do habeas corpus, um processo for anulado, a autoridade coatora poderá imediatamente renovar seus atos, para corrigir a situação de restrição de liberdade, se já dispuser dos elementos necessários. Para tal, a autoridade não precisa aguardar o recebimento do acórdão. Art. 175. A prestação de fiança decorrente de ordem concessiva de habeas corpus em Segundo Grau de Jurisdição será efetivada perante o relator, que poderá delegar a atribuição a magistrado de Primeiro Grau. Se a concessão do habeas corpus resultar numa liberdade sob a condição da prestação de fiança, esta será efetivada perante o relator, mas essa atribuição pode ser delegada a juiz de Primeiro Grau. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!43!()!23! 1.11. habeas data Art. 177. Distribuído o habeas data, os autos serão conclusos ao relator, que determinará a solicitação de informações à autoridade impetrada para que as forneça no prazo de cinco dias. §1º Recebidas ou não as informações, os autos serão remetidos à Procuradoria-Geral ou à Procuradoria de Justiça, para emitir parecer em igual prazo. §2º Devolvidos, os autos serão conclusos ao relator, que os levará para julgamento em mesa, na sessão subsequente. §3º As decisões de mérito serão comunicadas às autoridades impetradas, que a elas darão cumprimento, praticando, para isso, todos os atos necessários. §4º Após o registro, a cópia do acórdão será remetida às autoridades competentes. O procedimento, de maneira geral, é bastante semelhante ao do habeas corpus. Primeiramente, o relator solicitará informações à autoridade impetrada, que deve prestá-las no prazo de 5 dias. Uma diferença aqui é que, na fase seguinte, os autos serão remetidos ao Ministério Público (Procuradoria de Justiça), ou à Procuradoria-Geral do DF. Talvez tenha havido aqui um erro na redação do Regimento, mas não consegui encontrar maiores informações a respeito. É difícil que esse dispositivo seja cobrado numa questão, mas, se acontecer, vamos responder de acordo com o que está escrito, ok? Os autos serão remetidos à Procuradoria de Justiça ou à Procuradoria-Geral do DF. O relator levará então o processo a julgamento na sessão subsequente à devolução dos autos, e a decisão de mérito será comunicada imediatamente à autoridade impetrada, que também receberá cópia do acórdão, quando este for lavrado. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!42!()!23! 1.12. Inquérito Há apenas um artigo a respeito do inquérito, determinando que devem ser seguidas as normas aplicáveis à ação penal originária, tanto as previstas no Regimento Interno, quanto na legislação. 1.13. Intervenção federal no Distrito Federal e Territórios O pedido de intervenção corre perante do Presidente do Tribunal, que tem a prerrogativa de arquivá-lo liminarmente se for manifestamente infundado. Contra essa decisão caberá agravo regimental. Ao Presidente também caberá a tentativa de remover administrativamente a causa do pedido. Se isso não for possível, devem ser seguidas as medidas previstas na Lei 8.038/1990, que trata dos processos que correm perante o STJ, e contém um capítulo a respeito da intervenção federal. 1.14. Mandado de Injunção O único artigo que trata do assunto determina que sejam aplicadas as normas relativas ao mandado de segurança, no que couber. 1.15. Mandado de Segurança Mais uma vez quero enfatizar a importância dessa ação. Juntamente com a ADIn, a ADC, a ação penal originária e o habeas corpus, a probabilidade maior de surgirem questões na sua prova está aqui. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!49!()!23! Art. 181. A petição inicial de mandado de segurança deverá: I – indicar, precisamente, a autoridade apontada como coatora, bem como a pessoa jurídica que ela integra, à qual está vinculada ou na qual exerce atribuições; II – especificar nome e endereço completos do litisconsorte, se houver, bem como consignar se ele se encontra em lugar incerto e não sabido; III – vir acompanhada de cópias da inicial e dos documentos que a instruam, em número equivalente ao quantitativo de autoridades informantes e, se houver, de litisconsortes. Em linhas gerais, o mandado de segurança tem por finalidade impugnar ato ilegal, praticado por autoridade pública. Nesse caso, assim como no habeas corpus, a autoridade impugnada na ação é chamada de autoridade coatora. Na petição inicial, devem ser apresentadas informações completas sobre a autoridade coatora. Perceba aqui que a ação é movida contra a pessoa, e não contra o órgão ou entidade à qual ela está vinculada. Assim, se o ato ilegal foi praticado, por exemplo, pelo presidente de uma autarquia, a autoridade coatora será o próprio presidente, e não a autarquia. Apesar disso, é necessário que o órgão ou entidade seja também indicado na petição. Frequentemente, o mandado de segurança é impetrado contra mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Certa vez tive a oportunidade de acompanhar um mandado de segurança movido por um aluno de universidade pública que teve sua matrícula negada. A ação foi movida contra o servidor do setor responsável pelas matrículas, bem como contra o pró-reitor acadêmico, que havia chancelado o ato do servidor. Nesse caso, estamos diante de um litisconsórcio passivo, ou seja, há mais de uma pessoa no polo passivo da ação. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!5:!()!23! Se houver litisconsorte, será necessário indicar na petição inicial seu nome e endereço, bem como informar se não houver como saber seu paradeiro. Por último, todos os documentos apresentados, bem como a própria petição inicial, devem ser feitos em tantas cópias quantas forem necessárias: uma para cada autoridade coatora, e para cada litisconsorte. Art. 182. Nas vinte e quatro horas subsequentes à distribuição, os autos serão conclusos ao relator, que poderá indeferir a inicial se manifestamente incabível a segurança, se a petição não atender aos requisitos legais ou se excedido o prazo para a impetração. Poderá ainda concederliminar para suspender os efeitos do ato impugnado até o julgamento final da segurança e será facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. §1º Despachada a inicial, o relator mandará notificar a autoridade apontada como coatora no prazo de dez dias, à qual remeterá cópia da inicial e dos documentos, bem como mandará dar ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada. §2º Determinará ainda a citação do litisconsorte, se houver, observando-se as disposições da lei processual civil. O mandado de segurança obedece a prazo determinado pelo Regimento: os autos devem chegar às mãos do relator em até 24h após da distribuição. Lembre-se desse prazo, é possível que ele apareça na sua prova. O relator detém prerrogativas amplas acerca da análise de admissibilidade da ação. Ele pode indeferi-la de plano, nos casos em que o pedido seja manifestamente incabível, quando os requisitos legais não forem atendidos, ou quando o prazo já tiver se esgotado. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!51!()!23! A respeito do prazo, já falamos que o mandado de segurança é uma ação que se reveste do caráter de urgência. Por essa razão, a ação está sujeita ao prazo decadencial de 120 dias. Findo esse prazo, continua sendo possível impugnar o ato pelos meios normais, mas não mais pelo canal mais célere do mandado de segurança. O relator pode ainda conceder liminar para suspender o ato apontado como ilegal, quando considerar urgente a necessidade de concessão da medida. Nesses casos, ele pode ainda exigir do autor da ação que deposite valores em dinheiro a título de garantia, para ressarcir eventuais prejuízos da pessoa jurídica, advindos da não concessão da segurança. Preste atenção a um detalhe a respeito do procedimento. O relator, quando despachar a inicial, mandará notificar não só a autoridade impugnada, mas também o órgão competente para a representação judicial da pessoa jurídica interessada. Um exemplo pode ilustrar a questão. Imagine que um cidadão ajuíze mandado de segurança para impugnar ato emanado pelo Secretário de Educação do Distrito Federal. Nesse caso, não apenas o secretário deverá ser notificado, mas também a Procuradoria-Geral do Distrito Federal, pois esta é responsável por representar a Secretaria de Educação do DF perante o Poder Judiciário. Ademais, o relator promoverá também a citação do litisconsorte, se houver, para que este também possa apresentar sua defesa. Art. 183. Prestadas as informações e apresentada a resposta pelo litisconsorte ou decorridos os respectivos prazos, os autos serão remetidos à Procuradoria de Justiça, independentemente de despacho, que disporá do prazo de dez dias para emitir parecer. Art. 184. Devolvidos, os autos serão conclusos ao relator, que, no prazo de trinta dias, pedirá a inclusão do processo em pauta. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!54!()!23! Mais uma vez chamo a atenção para os nomes dos órgãos componentes do Ministério Público. Já vimos na aula de hoje diversas menções à Procuradoria de Justiça. Este é um órgão componente do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. Quanto aos prazos, o Cespe não é uma banca com tradição em cobrar esses detalhes pouco relevantes, mas não coloco a mão no fogo por banca nenhuma (rs), então não deixe de dar uma olhada. Art. 185. As decisões concessivas de liminares, as decorrentes do julgamento de mérito, as de indeferimento de petições iniciais e as homologatórias de desistência serão comunicadas às autoridades apontadas como coatoras, que a elas darão cumprimento, praticando, para isso, todos os atos necessários. Parágrafo único. Publicado o acórdão, a respectiva cópia será remetida à autoridade informante. Dispositivos semelhantes a este aparecem em outras ações, e todos querem dizer que o cumprimento das decisões independe da publicação do acórdão. Nesse sentido, a comunicação será feita imediatamente à autoridade apontada como coatora, para que se dê cumprimento. Quando for publicado o acórdão, também será enviada cópia. 1.16. Protesto, Notificação e Interpelação O Regimento traz apenas um artigo, determinando que esses pedidos sejam julgados de acordo com as leis processuais civis e processuais penais. 1.17. Reclamação Já conversamos um pouco sobre essa ação anteriormente, e agora vamos ver maiores detalhes. A probabilidade de a reclamação Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!55!()!23! aparecer na sua prova é mediana, então não descuide. Nesse ponto a aula começa a ficar mais cansativa, então, se for preciso, faça uma pausa, beba uma água, e volte com a atenção redobrada! Quando uma decisão judicial for proferida com erro de procedimento, não houver recurso específico disponível, e houver risco da ocorrência de dano irreparável ou de difícil reparação, pode ser ajuizada a reclamação, no prazo de 5 dias contados da ciência do ato. Caso a parte opte por formular pedido de reconsideração da decisão ao órgão que a proferiu, também no prazo de 5 dias, o prazo para o ajuizamento da reclamação restará interrompido, ou seja, o prazo para a reclamação começará novamente a correr a partir da resposta do pedido de reconsideração. Outro aspecto importante é a possibilidade de ajuizamento da reclamação também para impugnar ato proferido em sede de jurisdição voluntária. Nesses procedimentos não há disputa entre as partes, a exemplo do divórcio consensual e do inventário. São atos que precisam apenas ser homologados, e não propriamente decididos pelo Poder Judiciário. Art. 189. A petição inicial de reclamação deverá: I – especificar nome e endereço completos da parte contrária ao reclamante no processo principal ou do respectivo advogado, ou ainda consignar que ela se encontra em lugar incerto e não sabido, se for o caso; II – vir acompanhada de cópia do ato impugnado, da inicial, que servirá de contrafé, e dos demais documentos essenciais à compreensão do pedido. Parágrafo único. O relator indeferirá de plano a petição inicial que não tratar de reclamação ou que vier desacompanhada de qualquer dos documentos exigidos neste artigo. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!56!()!23! O reclamante deve apresentar, sob pena de indeferimento liminar da petição inicial, as informações a respeito da parte contrária no processo principal, ou de seu advogado. Lembre-se de que a reclamação tem o condão de questionar a decisão proferida em outro processo. Por essa razão, é necessário que o reclamante providencie as informações acerca da parte contrária, bem como cópia da decisão impugnada e de outros documentos que forem necessários para esclarecer o pedido. Se houver pedido de liminar, será obedecido o prazo de 24h entre a distribuição e a conclusão dos autos ao relator, que poderá suspender o ato impugnado por até 60 dias. O magistrado que proferiu adecisão impugnada deverá também prestar informações no prazo de 5 dias após o recebimento de cópia da inicial. O mesmo prazo será concedido à parte contrária no processo principal, ou a seu advogado, para que apresente resposta. O Ministério Público também poderá ser ouvido em 5 dias, a depender da matéria de que trate a questão ou das partes envolvidas. Após essa fase, o relator terá 10 dias pedir a inclusão do processo em pauta. 1.18. Representação por indignidade para o oficialato A Lei nº 6.577/1978 criou o Conselho de Justificação da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Esse conselho é um órgão correicional, que julga oficiais das duas forças acusados da prática de irregularidades. Os processos oriundos desse órgão, para exame da dignidade de oficiais da PMDF ou do CBMDF, ou ainda que estejam servindo nos territórios federais, são julgados pelo Conselho Especial, cuja decisão é irrecorrível. Quanto ao procedimento, este guarda bastante semelhança com os de outras ações que já estudamos. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!57!()!23! O relator deve promover a citação do acusado, que apresentará suas alegações no prazo de 5 dias. Se o acusado não apresentar defesa, o relator designará defensor dativo. Os autos serão então remetidos ao Ministério Público, que oferecerá seu parecer em 5 dias, e então o relator terá 10 dias para pedir a inclusão do julgamento em pauta. No julgamento, o advogado do acusado e o Ministério Público poderão fazer sustentação oral, de 15 minutos cada um, e então o Conselho deliberará sem a presença do público. 1.19. Representação para a perda da graduação das praças Nesse caso, os processos são oriundos do Conselho de Disciplina na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, criado pela Lei nº 6.477/1977, e que goza basicamente das mesmas competências do Conselho de Justificação, mas aplicadas aos aspirantes a oficial e às demais praças das duas corporações. A única diferença que deve ser lembrada por você é que, nesse caso, a competência para julgamento é da Câmara Criminal. Quanto aos demais aspectos, aplicam-se as disposições relacionadas à representação por indignidade para o oficialato. 1.20. Revisão Criminal A revisão criminal é uma ação que permite a revisão de uma sentença condenatória já transitada em julgado. Sua finalidade é desfazer a coisa julgada, corrigindo a injustiça aplicada a quem foi condenado indevidamente. A revisão criminal pode ser impetrada a qualquer tempo, não importando se a pena já foi cumprida, ou mesmo se o condenado ainda está vivo ou já faleceu. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!58!()!23! Juntamente com a petição inicial, deverá ser distribuída a certidão de trânsito em julgado, além de outros documentos que comprovem os fatos trazidos ao Poder Judiciário. O relator poderá, ainda, requisitar a apensação (anexação) dos autos originais, caso entenda necessário. O desembargador que for designado como relator da revisão criminal não poderá ter proferido decisão no processo originário, nem no Primeiro Grau, e nem na fase recursal. Se a inicial não for indeferida de plano, o processo será enviado ao Ministério Público para que ofereça parecer no prazo de 10 dias, após o que serão conclusos ao relator e ao revisor, que pedirá a inclusão do processo em pauta. 1.21. Suspensão de segurança O pedido de suspensão de segurança é uma ação, e não um recurso, que tem por finalidade suspender os efeitos de uma decisão, para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas. O Regimento Interno é bastante sintético, trazendo apenas um artigo sobre o tema. O pedido de suspensão de segurança é sempre distribuído ao Presidente do Tribunal, que despachará em 48h, podendo ouvir a autoridade responsável pela decisão e o Ministério Público (quando este não for o requerente). Não é necessário aguardar a publicação da decisão para que se dê cumprimento. Tão logo haja o julgamento, a cópia da decisão será enviada à autoridade responsável pelo ato impugnado, para que seja cumprida. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!53!()!23! 2. DA COMPETÊNCIA RECURSAL Neste momento estudaremos os recursos contra decisões proferidas no Primeiro Grau, e julgados pelo Tribunal. Mais uma vez veremos uma série de conceitos e procedimentos. Por favor, lembre-se do que venho dizendo ao longo das nossas aulas. É impossível memorizar tudo! Se você tentar fazer isso, vai precisar de ajuda psiquiátrica até o fim do curso! rs! Procure compreender os conceitos, coloque no seu resumo aquilo que for essencial, e apenas se esforce para memorizar o absolutamente necessário. 2.1. Agravo de instrumento Este recurso tem por finalidade atacar decisão interlocutória proferida pelo juiz de Primeiro Grau. Apenas relembrando, a decisão interlocutória é aquela proferida ao longo do processo, mas que não resolve a questão principal. Art. 204. Distribuído o agravo de instrumento, se não for o caso de sua conversão em agravo retido ou de indeferimento liminar, o relator: I – negar-lhe-á seguimento, liminarmente, nos casos do art. 557 do Código de Processo Civil; II – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou conceder liminar, comunicando ao magistrado a decisão; III – poderá requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo máximo de dez dias; IV – intimará o agravado, pelo órgão oficial, para responder e juntar cópias de peças que entenda convenientes no prazo de dez dias. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!52!()!23! §1º Os autos só serão remetidos à Procuradoria de Justiça para oferta de parecer em dez dias se o Ministério Público houver oficiado no Primeiro Grau de Jurisdição. §2º Ao retornarem, os autos serão conclusos ao relator, que disporá de prazo não superior a trinta dias para examiná-los e, posteriormente, determinar a inclusão em pauta. §3º Se o relator indeferir o pedido liminar e, na mesma decisão, intimar o agravado para oferecer contrarrazões, o prazo para as partes será comum durante os primeiros cinco dias. Um dos pressupostos do agravo de instrumento é a urgência. Essa é a razão da prerrogativa que é concedida ao relator de convertê-lo em agravo retido. O agravo retido é outro, em que a parte registra sua manifestação contrária à decisão interlocutória, mas o exame pelo Tribunal só será feito em momento posterior, já que não há urgência. O art. 557 do Código de Processo Civil trata das hipóteses em que o relator deve negar seguimento ao recurso liminarmente. Não há uma distinção clara entre essas hipóteses e aquelas de indeferimento liminar, mencionado no caput do art. 204 do Regimento Interno. Não se preocupe com essas distinções conceituais, apenas tenha em mente aquilo que está escrito no texto legal. Art. 557. O relator negará seguimento a recurso manifestamente inadmissível,improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. Há alguns recursos que, quando impetrados, provocam automaticamente a suspensão dos efeitos da decisão recorrida. Esse é o caso da apelação, por exemplo. O agravo de instrumento não tem efeito Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!59!()!23! suspensivo, pelo menos não de forma automática, mas o relator goza da prerrogativa de aplica-lo. Quando estiver convencido da urgência da questão e dos riscos iminentes, o relator pode também conceder liminar, antecipando os efeitos da decisão favorável ao recorrente. É possível também que o relator considere a necessidade de requerer informações do juiz que proferiu a decisão recorrida, caso em que deverão ser prestadas no prazo de 10 dias. Como regra geral do Direito Processual (princípio do contraditório e da ampla defesa), a parte contrária também deverá se manifestar antes de o recurso ser levado a julgamento. Isso deve ser feito também no prazo de 10 dias. A intervenção do Ministério Público não ocorrerá em qualquer caso, mas somente quando este tiver se manifestado no processo de Primeiro Grau, caso em que deve ser oferecido o parecer também no prazo de 10 dias. Após o retorno dos autos, o relator tem o prazo de 30 dias para determinar a inclusão em pauta. O julgamento do agravo de instrumento deve ser feito sempre antes da apelação relacionada ao mesmo processo. Repito que o agravo de instrumento ataca uma decisão interlocutória, enquanto a apelação ataca a decisão principal, mas o Regimento Interno estabelece essa ordem de julgamento, que não deve ser desrespeitada, ainda que os dois recursos constem da mesma pauta de julgamento. Caso haja agravo retido, este apenas seguirá para o Tribunal juntamente com a apelação, e será apreciado na qualidade de questão preliminar desta. Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!6:!()!23! Se houver apelação relacionada ao mesmo processo, o agravo de instrumento deverá sempre ser julgado antes, ainda que estejam incluídos na mesma pauta de julgamento. O agravo retido, quando do julgamento da apelação, será conhecido na qualidade de preliminar. 2.2. Apelação Cível A apelação é o recurso típico. Quando o leigo pensa em recurso, está pensando na apelação. Um sujeito procura o Poder Judiciário para assegurar o seu direito, e o juiz de Primeiro Grau profere a decisão. Se a parte ficou insatisfeita, pode apelar ao Tribunal. Primeiramente, o Ministério Público só atuará se já tiver feito no Primeiro Grau, caso em que oferecerá parecer no prazo de 15 dias. Como regra geral, na apelação cível existe a figura do revisor, exceto nas situações previstas no art. 69, § 2º. Reproduzirei o dispositivo para que você possa relembrar. §2º Não haverá revisor nos recursos interpostos em face de decisão ou de sentença em processos que observem procedimentos sumários, nas ações de despejo, nas hipóteses de indeferimento liminar da inicial, nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude e, ainda, nos feitos sujeitos à remessa de ofício, quando não houver recurso voluntário. O relator terá 30 dias para analisar o processo (ou 10 dias, no procedimento sumário), e deve lançar o relatório nos autos, exceto se Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!61!()!23! não houver revisor, caso em que o relatório poderá ser feito oralmente na sessão de julgamento. O revisor deverá incluí-lo em pauta no prazo de 15 dias. 2.3. Apelação criminal Art. 211. Distribuída a apelação, ocorrendo a hipótese prevista no art. 600, §4º, do Código de Processo Penal, independentemente de despacho, abrir-se-á vista ao apelante. Ao findar o prazo, com ou sem razões, os autos serão remetidos ao órgão do Ministério Público junto à vara de origem, para as contrarrazões. §1º Se não ocorrer a hipótese prevista no caput deste artigo, os autos serão remetidos à Procuradoria de Justiça para oferta de parecer em dez dias; se o acusado estiver preso ou se se tratar de apelação de sentença em processo de contravenção ou de crime ao qual a lei comine pena de detenção, o prazo será de cinco dias. §2º Se o feito não comportar revisão, o relator, no prazo legal ou, na falta deste, em quinze dias, elaborará relatório e mandará incluí-lo em pauta de julgamento. §3º Tratando-se de apelação de sentença que tenha cominado ao acusado pena de reclusão, os autos serão conclusos ao revisor, que disporá do mesmo prazo do relator para solicitar inclusão do processo em pauta de julgamento. Para que você compreenda a hipótese prevista no caput do art. 211, precisarei explicar alguns detalhes sobre a sistemática recursal. Como sei que a matéria de Direito Processual penal está sendo cobrada em todos os cargos do nosso concurso, presumo que, se você ainda não estudou o assunto, estudará de forma mais completa no futuro próximo. A análise de admissibilidade dos recursos está relacionada a aspectos formais, como prazos, legitimidade do recorrente, e pressupostos do recurso. Em geral, o responsável por essa análise, bem Regimento Interno do TJDFT Teoria e exercícios comentados Prof. Paulo Guimarães – Aula 04 ! !∀#∃%&!∋()#&∗(+,∋∀−./&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋!!!!!!!!!!!∀#∃%&∋!64!()!23! como pela coleta da manifestação da parte contrária, é o magistrado cuja decisão está sendo atacada (juízo a quo). O juízo que analisa o mérito do recurso é chamado de juízo ad quem. No caso da apelação criminal, caso o recorrente faça requerimento nesse sentido, a apelação será apresentada diretamente ao Tribunal (juízo ad quem), que abrirá vista ao apelante e colherá as contrarrazões do Ministério Público (parte acusadora). Essa opção geralmente é vantajosa porque, no âmbito do Tribunal, os prazos são mais longos. Se não houver esse requerimento, o juízo a quo colherá as contrarrazões do representante do Ministério Público, e então o relator abrirá prazo para a Procuradoria de Justiça oferecer parecer no prazo de 10 dias. Você pode estar achando estranho que o representante do Ministério Público ofereça contrarrazões, e, chegando os autos no Tribunal, seja aberto prazo para que o Ministério Público ofereça parecer. Nesse caso, o representante do MP que atua no Primeiro Grau (promotor de justiça) é quem oferece as contrarrazões, enquanto, no âmbito do Tribunal, quem atua é um procurador de justiça. Em casos menos graves (contravenção penal ou crime punido com detenção), quando o réu estiver preso, o prazo para a manifestação do representante do MP será de apenas 5 dias. Na apelação criminal, só haverá revisor se o réu houver sido condenado a pena de reclusão. Os crimes, de maneira geral, podem ser apenados com reclusão, detenção ou multa. A reclusão é a forma mais grave de restrição da liberdade, comportando o regime fechado, o semiaberto e o aberto. 2.4. Carta testemunhável Este é um recurso em matéria penal, que ataca a decisão que negou outro recurso dirigido ao Tribunal, ou impediu seu seguimento