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O Livro de Esdras e a Reconstrução do Templo

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Esdras 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOV/2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
Sumário 
 
Esdras 1 
 
 3 
 
Esdras 2 
 
 19 
 
Esdras 3 
 
 33 
 
Esdras 4 
 
 45 
 
Esdras 5 
 
 55 
 
Esdras 6 
 
 69 
 
Esdras 7 
 
 75 
 
Esdras 8 
 
 85 
 
Esdras 9 
 
 93 
 
Esdras 10 
 
101 
 
3 
 
Esdras 1 
Avançando em Meio a Dificuldades 
A expressão que encontramos logo no primeiro 
versículo do livro de Esdras, bem resume o motivo e o 
princípio pelos quais não somente a Igreja de Cristo, 
como cada cristão desta Igreja, individualmente, 
deveriam nortear todos os seus ministérios e todos os 
seus projetos de vida, de maneira que se possa dizer 
deles, quanto a tudo o que tiverem feito neste mundo, 
que o fizeram “para que se cumprisse a palavra do 
Senhor”. 
Para que nos situemos no tempo, convém saber que a 
narrativa do livro de Ester pertence a um período 
anterior (478 a.C.) à vinda de Esdras (458 a.C.) e de 
Neemias (444 a.C), para Judá. 
O livro de Esdras é iniciado com o decreto do rei Ciro, 
determinando o retorno dos judeus à Palestina, para a 
reconstrução do templo de Jerusalém, que havia sido 
destruído por Nabucodonosor, rei de Babilônia, cerca de 
586 a.C. 
Há mais de duzentos anos antes do nascimento de Ciro, 
Deus havia falado através do profeta Isaías (Is 44.28; 
45.1) que ele (Ciro), libertaria os judeus do cativeiro em 
Babilônia, e faria com que retornassem à sua terra na 
Palestina, para reconstruírem o templo que havia sido 
destruído pelos babilônios, obra esta que Ciro assumiu, 
pelo exame das profecias dirigidas a ele, como sendo 
algo da própria esfera da sua responsabilidade, 
conforme a determinação que havia recebido de Deus 
(v. 2). 
4 
 
Em 605 a.C. foi levado o primeiro grupo de judeus para 
o cativeiro em Babilônia. 
Cumpridos os setenta anos previstos para o cativeiro, 
conforme a profecia de Jeremias 29.10, prazo este, que 
havia sido estabelecido por Deus em Sua soberania, em 
cerca de 537 a.C., Babilônia caiu sob o poder do rei Ciro 
da Pérsia, que decretou neste mesmo ano o retorno dos 
judeus à Palestina. 
Nabucodonosor efetuou a primeira leva de cativos no 
primeiro ano do seu reinado, que correspondeu ao 
quarto do rei Jeoaquim de Judá, e tendo reinado por 45 
anos foi sucedido no trono por seu filho Evil-
Merodaque, o qual reinou por 23 anos. 
Babilônia caiu sob o poder da Pérsia no terceiro ano de 
Belsazar, neto de Nabucodonosor, somando assim os 
setenta anos de cativeiro, que haviam sido profetizados 
por Jeremias. 
Os judeus chegaram à Palestina sob o governo de 
Zorobabel, e logo se dedicaram à obra de reconstrução 
do templo. 
Sofreram uma forte oposição dos samaritanos, porque 
haviam sido rejeitados por eles, quanto à participação 
na reedificação do templo, ficando a obra paralisada por 
cerca de 16 anos. Esta foi reiniciada em 520 a C., através 
das exortações dos profetas Ageu e Zacarias, sendo o 
templo concluído 4 anos depois, em 516 a.C. 
A reconstrução de Jerusalém e da vida religiosa do povo 
de Deus, seria realizada depois do cativeiro, tanto pelos 
5 
 
judeus que concluíram a construção do templo em 516 
a.C., quanto por Esdras e Neemias, depois deles. 
Tal reconstrução da vida religiosa dos israelitas, exigiu 
determinação e abnegação, para que pudesse ser levada 
a bom termo. 
Esta mesma determinação e abnegação será exigida de 
todos aqueles que estiverem empenhados em trabalhar 
em prol da reforma da Igreja, que será uma necessidade 
sempre presente, enquanto estivermos neste mundo. 
Ninguém deve se iludir pensando que a Reforma 
empreendida no século XVI não necessitou de novas 
reformas que se lhe seguiram, à medida que o zelo pela 
verdade revelada que havia nos reformistas foi se 
extinguindo depois deles. 
Não haveria necessidade de qualquer reforma, caso o 
povo de Deus fosse sempre fiel e obediente à Sua 
vontade, se andasse sempre em conformidade com a 
Sua Palavra. 
Mas como não é este o caso, nós vemos Deus se 
levantando e intervindo com Seu braço forte, 
levantando homens santos, que se consagram 
inteiramente a Ele e ao Seu serviço, que amam a Sua 
vontade e Palavra, acima de todas as coisas, que têm o 
forte desejo de Lhe dar honra e glória, fazendo com que 
o Seu povo volte a caminhar na verdade. 
Em nossa época, necessitamos de homens e mulheres 
com este perfil; chamados pelo Senhor para a defesa do 
Evangelho, consoante a pregação, ensino e prática da sã 
doutrina bíblica. 
6 
 
Aqueles que tal como Davi se predispuserem a derrubar 
o gigante da carnalidade, do erro e do secularismo que 
têm afrontado a Igreja de Cristo, serão cumulados de 
grandes honras pelo Rei dos reis, e reinarão com Ele 
pelos séculos dos séculos. 
Serão grandemente honrados aqueles que tirarem a 
Igreja do Senhor do cativeiro em que ela se encontra, e 
que restaurarem o culto e o serviço devidos a Deus, 
consoante o que está determinado na Sua Palavra, 
apesar de terem que enfrentar duras oposições, 
conforme as que vemos nestes três livros históricos de 
Esdras, Neemias e Ester. Isto traz grande honra e glória 
ao Senhor Jesus, por demonstrar a força da sua graça, 
para vencer todo tipo de resistência da carne. 
Os servos do Senhor podem estar certos de que tudo o 
que fizerem será lembrado por Ele para o próprio bem 
deles, e terão a grande alegria de verem o fruto do seu 
trabalho, livrando o povo de Deus das trevas espirituais 
da ignorância, para o conhecimento e prática da 
verdade que liberta. 
Assim como Israel não poderia se consagrar a Deus do 
modo devido, adorando-O em santidade de vida, 
atendendo aos serviços do Seu templo, senão na 
liberdade da sua própria terra, recebida como herança 
do Senhor, longe da idolatria das nações dominadoras, 
por isso o Senhor lhes havia também livrado do cativeiro 
no Egito, nos dias de Moisés, para a conquista de Canaã, 
de igual modo, a Igreja de Cristo não pode adorá-lo 
senão na liberdade que convém aos filhos de Deus, 
vivendo na graça do evangelho, e sem misturar suas 
práticas de adoração e serviço às práticas do mundo. 
7 
 
É neste território celestial e sagrado, a saber, nas regiões 
celestiais, que Deus governa sobre o Seu povo e pode 
ser adorado por eles, na beleza da Sua santidade. 
É a presença do Senhor no meio do Seu povo o principal 
objetivo da própria vida e ministério, além da razão da 
sua adoração. 
Como isto não pode ocorrer senão dentro dos 
parâmetros estabelecidos na Palavra da verdade, 
porque toda adoração deve ser em espírito e em 
verdade, então se faz mister que a Igreja se santifique, 
isto é, que ela se separe de todo mundanismo, 
carnalidade e erro doutrinário, para se consagrar 
inteiramente ao Senhor. 
Nenhuma ligação efetiva pode ser estabelecida com Ele 
fora desta condição de santidade. 
O Israel de Deus deve então sair de Babilônia para servi-
lO. 
É na santidade de Seu povo que a virtude e o poder de 
Deus se manifestam entre eles. Isto dá vida e vigor à 
Igreja para o desempenho do seu serviço em amor. 
Quando o Senhor se move na direção de prover 
livramento ao Seu povo para que possam se consagrar 
inteiramente a Ele, podemos estar certos de que Ele 
proverá os meios necessários para isto, tal como fizera 
nos dias de Ciro, quando trouxe o Seu povo de volta à 
Palestina. 
8 
 
Para abençoar o Seu povo Ele pode em Seu poder e 
soberania, até mesmo usar aqueles que não O 
conhecem, tal como era o caso de Ciro (Is 45.4). 
Ele é poderoso para preservar as coisas sagradas que são 
devidas à Sua adoração, e fazer com que sejam 
restituídas ao Seu povo, depois de terem sido curados 
de suas idolatrias e transgressões. 
Deus operou através de Ciro, determinando que os 
povos vizinhos de Israel, lhes dessem provisões para a 
reconstrução da vida deles na Palestina, bem como 
determinou que todos os utensílios sagrados do templo, 
que haviam sido levados para Babilônia nos dias de 
Nabucodonosor, retornassem a Jerusalém.Temos um Deus que é restaurador e misericordioso, e 
podemos contar com a renovação de nossos dons 
apagados e talentos enterrados, quando nos dispomos 
a obedecê-lo, quando Ele manifesta novamente o Seu 
favor a nós, depois de nos ter curado das nossas 
possíveis apostasias e rebeliões contra a Sua santa 
vontade, consoante uma prática sincera da genuína 
Palavra, pela qual se opera todo verdadeiro crescimento 
e amadurecimento espiritual. 
A data da proclamação do decreto que determinou a 
saída dos judeus do cativeiro em Babilônia é citada no 
verso 1 como tendo sido no primeiro ano do reinado de 
Ciro, certamente esta é uma referência ao seu primeiro 
ano de governo sobre Babilônia, que havia sido tomada 
por ele, e não propriamente sobre a Pérsia que vinha 
sendo regida por Ciro há mais tempo. 
9 
 
Como Ciro não conhecia a Deus, o Senhor se fez 
conhecer a ele, não pessoalmente, para conversão, mas 
através das profecias que havia dado a respeito dele ao 
profeta Isaías, para o cumprimento do propósito que 
havia determinado antes mesmo que Ciro nascesse. 
A própria queda de Babilônia sob os persas havia sido 
preanunciada pelo Senhor, através do profeta Daniel, 
assim como pelo mesmo profeta havia predito a queda 
destes sob o domínio dos gregos, e deles sob os 
romanos. 
Reinos que se sucederiam uns após outros, até que 
viesse o Messias, e para que fossem criadas as condições 
adequadas no mundo para a Sua vinda. 
Isto havia sido revelado por Deus através do profeta 
Daniel, antes mesmo que estes impérios se levantassem 
sobre a terra, e com isto Ele revelou que intervém na 
história, para levar a efeito o plano de redenção que 
estabeleceu em Cristo, desde antes da fundação do 
mundo. 
Ciro foi rei, Ciro governou, mas na verdade foi apenas 
um instrumento nas mãos do Deus Altíssimo, para a 
consecução dos Seus propósitos, de maneira que Ciro 
pôde ser chamado pelo Senhor, através do profeta 
Isaías, como sendo um servo que Ele chamou para 
executar toda a Sua vontade em relação ao Seu povo. 
Tal foi a ação do Senhor sobre a mente deste homem, 
que nós o vemos declarando as palavras dos versos 2 a 
4, que registrou no decreto que redigiu, dizendo que 
havia recebido do Deus de Israel os reinos da terra, e que 
10 
 
havia sido encarregado por Ele para lhe edificar um 
templo em Jerusalém. 
Foi simplesmente pensando em contar com o favor e 
com a proteção do Deus dos judeus, que Ciro se dispôs 
a cumprir as profecias relativas ao que lhe havia sido 
determinado pelo Senhor, através do profeta Isaías, mas 
aqueles que conhecem verdadeiramente a Deus não 
devem obedecê-lo movidos pelos mesmos sentimentos 
deste rei pagão, mas devem fazê-lo 
desinteressadamente e por amor a Ele, consagrando-
Lhe suas vidas, para um viver inteiramente santo. 
Quando nos dispomos a obedecê-Lo, Ele também nos 
honrará, nos consolará e nos auxiliará em meio às 
nossas provações. 
Quão fácil é errar o alvo em relação a isto! 
Este foi basicamente o problema com os judeus, porque, 
como veremos adiante, eles deixaram a obra de 
reconstrução do templo do Senhor de lado, depois de 
terem retornado de Babilônia, por causa das 
perseguições dos samaritanos, e passaram a se aplicar à 
realização do que era apenas do seu próprio interesse, 
tendo sido necessário que fossem exortados e animados 
pelos profetas Ageu e Zacarias, a se levantarem e a 
fazerem em primeiro lugar a vontade do Senhor, para 
então poderem se ocupar das suas próprias 
necessidades e interesses. 
Afinal, a maior necessidade e interesse de qualquer 
cristão é a de buscar em primeiro lugar ao Senhor, ao 
Seu reino e à Sua justiça. 
11 
 
Importava que continuassem se empenhando em 
reconstruir o templo e a vida religiosa deles, 
independentemente da grandeza das perseguições. 
Deveriam ser diligentes em buscar a remoção de todos 
os empecilhos que os samaritanos haviam levantado 
junto aos reis Ciro e Dario. 
Estes recuos, estas paralisações, não podem de modo 
algum honrar e santificar o nome do Senhor, porque Ele 
é poderoso para quebrar toda a oposição e resistência 
levantada pelo Inimigo, e para cumprir aquilo que 
designou fazer através de nós. 
Ainda que fiquemos paralisados por um tempo em 
nossas realizações, pela permissão do Senhor, no 
entanto, nunca deveríamos parar no que se refere à 
nossa devoção e empenho para vencer os obstáculos, 
que produziram tais paralisações. 
Dependemos inteiramente do Senhor para vencê-los e 
ultrapassá-los, enquanto permanecemos firmes na fé e 
nas orações, sabendo que toda tribulação sempre será 
benéfica para o aperfeiçoamento da nossa fé e do nosso 
caráter. 
Há paralisações que são determinadas pelo próprio 
Deus, como aqueles 70 anos que os judeus teriam que 
ficar no cativeiro em Babilônia. 
Este tempo tinha o propósito de curá-los de sua 
carnalidade, mundanismo e idolatria. 
12 
 
Uma vez quebrados em seu orgulho carnal, seriam 
levantados e exaltados novamente pelo Senhor, para 
servi-lO em santidade de vida. 
Assim procede o Senhor com todos os Seus filhos altivos 
e carnais. 
Ele em primeiro lugar lhes abate para que possa exaltá-
los depois, de maneira que não corram o risco de 
incorrerem no orgulho espiritual. 
Ele humilha para exaltar, de modo que concede graça ao 
que se humilha, àquele que se coloca debaixo da Sua 
potente mão, reconhecendo que Ele é justo em permitir 
que sejamos afligidos, para sermos curados deste 
terrível mal que se chama pecado. 
Mas há paralisações que são atos deliberados de 
desobediência à vontade expressa do Senhor, por causa 
de negligência e indolência, tanto em relação ao dever 
de nos santificarmos, quanto em cumprir o que Ele nos 
tem determinado, tal como estava ocorrendo com 
aqueles judeus, que haviam paralisado a construção do 
templo, por causa da oposição que estavam sofrendo 
dos seus inimigos. 
 Os cristãos são chamados a avançarem para o alvo da 
soberana vocação em Cristo Jesus, ainda que em meio 
às suas tribulações e aflições, porque há paz no vale para 
todos eles. 
Ali, aprenderão tal como Davi, que o Senhor é o grande 
pastor e nada lhes faltará. 
13 
 
Ainda que estejam no vale da sombra e da morte, Ele 
expulsará todo temor dos seus corações com a Sua 
santa, poderosa e consoladora presença. 
Todos aqueles que têm crescido na graça e aumentado 
a sua fé, podem experimentar estas coisas a que 
estamos nos referindo. 
Se algum cristão não tem tido esta experiência, deve 
então, se consagrar ao Senhor empenhando-se na 
prática da Sua Palavra, no poder do Espírito, de forma 
que aumente a sua fé, e assim aprenda a se gloriar nas 
suas fraquezas. 
O verdadeiro cristão deve glorificar e exaltar o nome do 
Senhor, em meio às suas aflições, contrariamente ao 
desejo de tão somente se livrar de todas as dificuldades 
que tenha que enfrentar neste mundo. 
O cristão é o soldado de Deus neste mundo, que não 
deve fugir do bom combate da fé, por causa das feridas 
que recebe neste combate. 
Na verdade, não há nenhuma ferida mortal que possa 
paralisá-lo, porque ainda que ferido é fortalecido pela 
graça do Senhor. 
É por isso que mesmo em leitos de enfermidade 
acharemos cristãos se regozijando em Deus, e podendo 
realizar poderosas intercessões em favor do progresso 
do Seu reino na terra. 
O motivo da nossa tristeza e infelicidade nunca deve ser 
a nossa própria ruína, seja ela de qual ordem for, Jó que 
14 
 
o diga, e sim o de vermos a Palavra do Senhor sendo 
descumprida e desonrada. 
Qual teria sido realmente o interesse daqueles judeus 
que se dispuseram a retornar de Babilônia para Judá, em 
atendimento ao decreto de Ciro? 
Muitos haviam deixado para trás uma vida próspera, 
que tinham em Babilônia e sabiam que teriam que se 
defrontar com muitas dificuldades, não somente em 
Judá, como também na viagem que teriam que 
empreender para lá chegarem, com suas esposas e 
filhos. 
Eles teriam que reconstruir a cidade que havia sido 
totalmente destruídanos dias de Nabucodonosor. Eles 
teriam que construir casas para si. 
Acima de tudo receberam a missão por decreto imperial 
de Ciro de que a sua volta estava condicionada à 
reconstrução do templo, que eles próprios teriam que 
edificar. 
Até que ponto foi uma boa desculpa para eles a oposição 
que foi levantada pelos samaritanos? 
Através dela deixaram de fazer o que era da vontade de 
Deus, e que estava tomando muito do seu tempo, de 
suas energias, de seus recursos. 
Para que reconstruir um templo? Eles não morariam 
afinal no templo. 
Por aquela oposição dos samaritanos, que foi permitida 
pelo Senhor, foram provados, de modo que poderiam 
15 
 
ser convencidos de qual era a real motivação de seus 
corações em retornarem a Judá. 
O povo do Senhor deve antes de tudo, viver para o 
Senhor e para a realização dos Seus interesses e não 
para os seus próprios interesses. 
Isto se aplicava a Israel, e se aplica principalmente à 
Igreja de Cristo. 
 É a vontade de Deus e não a nossa, que deve ser feita, 
tanto no céu quanto na terra. 
Mas como a carne resiste a isto! Como ela se opõe a se 
sujeitar à vontade do Senhor! 
Ela não é submetida por Deus, senão quando 
crucificada. 
É-nos ordenado que mortifiquemos e nos despojemos 
de nossa natureza terrena, porque ela é inteiramente 
oposta à vontade do Senhor (Rom 8.13; Ef 4.22; Col 3.5). 
Ela é sumamente egoísta, de modo que sempre se 
levantará contra todo o bem que pretendermos fazer, e 
sempre nos disporá a praticar o que é mau, de maneira 
que por ela, somos impossibilitados de viver no amor, 
na bondade, na paz e em tudo aquilo que procede de 
Deus. 
Todo serviço prestado verdadeiramente ao Senhor terá 
então que vencer esta oposição da carne. 
Daí a necessidade de se subjugar a carne, para que 
possamos fazer a vontade de Deus. 
16 
 
Este poder não se encontra em nós, senão em Deus e no 
Seu Espírito. 
Dependemos que Ele nos mova, realizando tanto o 
querer quanto o realizar, de forma que possamos não 
somente nos dispor a Lhe obedecer, como também 
efetivamente cumprir o nosso dever. 
O Sezbasar referido no verso 8, como príncipe de Judá, 
é provavelmente o nome caldeu dado a Zorobabel. 
Sezbasar significa alegria na tribulação, e Zorobabel, um 
estranho em Babilônia. Ambos os nomes se lhe 
ajustavam bem. Ele não deixou de ser devoto ao seu 
Deus em Babilônia, de maneira que foi reconhecido por 
eles, pela alegria espiritual que nele havia a par de sua 
aflição numa terra estranha que adorava falsos deuses. 
Daí o nome Zorobabel, porque era de fato um estranho 
não somente em Babilônia, como também para 
Babilônia. Não admira que tenha sido escolhido para 
liderar os judeus no retorno deles à Palestina. 
 
“1 No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se 
cumprisse a palavra do Senhor proferida pela boca de 
Jeremias, despertou o Senhor o espírito de Ciro, rei da 
Pérsia, de modo que ele fez proclamar por todo o seu 
reino, de viva voz e também por escrito, este decreto: 
2 Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor Deus do céu me 
deu todos os reinos da terra, e me encarregou de lhe 
edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá. 
17 
 
3 Quem há entre vós de todo o seu povo (seja seu Deus 
com ele) suba para Jerusalém, que é em Judá, e edifique 
a casa do Senhor, Deus de Israel; ele é o Deus que habita 
em Jerusalém. 
4 E todo remanescente, seja qual for o lugar em que é 
peregrino, seja ajudado pelos homens desse lugar com 
prata, com ouro, com bens e com animais, afora a oferta 
voluntária para a casa de Deus, que está em Jerusalém. 
5 Então se levantaram os chefes das casas paternas de 
Judá e Benjamim e os sacerdotes, e os levitas, todos 
aqueles cujo espírito Deus despertara, para subirem a 
edificar a casa do Senhor, que está em Jerusalém. 
6 E todos os seus vizinhos os ajudaram com utensílios de 
prata, com ouro, com bens, com animais e com coisas 
preciosas, afora tudo o que se ofereceu 
voluntariamente. 
7 Também o rei Ciro tirou os utensílios que pertenciam 
à casa do Senhor e que Nabucodonosor tinha trazido de 
Jerusalém e posto na casa de seus deuses. 
8 Ciro, rei da Pérsia, tirou-os pela mão de Mitredate, o 
tesoureiro, que os entregou contados a Sesbazar, 
príncipe de Judá. 
9 Este é o número deles: Trinta bacias de ouro, mil bacias 
de prata, vinte e nove incensários, 
10 trinta taças de ouro, quatrocentas e dez taças de 
prata e mil outros utensílios. 
18 
 
11 Todos os utensílios de ouro e de prata foram cinco mil 
e quatrocentos; todos estes levou Sesbazar, quando os 
do cativeiro foram conduzidos de Babilônia para 
Jerusalém.” (Ed 1.1-11). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
Esdras 2 
 
Deus Honra que Lhe Honra 
 
Foi feito um registro das famílias dos judeus que saíram 
do cativeiro em Babilônia, como vemos no capítulo 2º 
de Esdras, que estaremos comentando. Isto foi 
registrado para a honra deles, como parte da 
recompensa pela sua fé e coragem, pela confiança em 
Deus e o amor que tinham à sua própria terra. 
 De igual modo, aqueles que saem do mundo para virem 
para Cristo têm os seus nomes arrolados nos céus, 
porque o Senhor sempre honra àqueles que O honram. 
Entretanto, a Judá, que fora um dia um império sobre 
muitos reinos nos dias de Davi e Salomão, por causa do 
pecado, era agora, uma diminuta província da Pérsia, 
sob o governo deles. 
Isto mostra de modo muito claro como o pecado diminui 
a nossa honra não somente diante de Deus, como 
também diante dos homens. 
Uma nação antes exaltada, encontrava-se humilhada 
em Babilônia, e é num começo humilde que ela é 
chamada à sua reconstrução, sem estar, contudo, 
totalmente livre das consequências do pecado dos seus 
pais. 
20 
 
Ainda que o filho não responda em juízo pelo pecado do 
seu pai, e o pai pelo pecado do seu filho, no entanto, 
tanto num, quanto noutro caso, pode-se experimentar 
neste mundo as consequências danosas do pecado. 
Dificilmente o pecado não deixará as suas sequelas, 
mesmo depois de termos sido curados dele através do 
perdão que há em Cristo Jesus. 
Dos que retornaram a Judá, são relacionados primeiro 
os líderes no verso 2, sendo estes encabeçados por 
Zorobabel (o príncipe), e Josué, ieshua no hebraico (o 
sumo sacerdote), que é o mesmo sumo sacerdote citado 
em Zacarias 3.1,3. 
Eles eram, por assim dizer, o Moisés e o Arão deles, que 
os conduziram do cativeiro para a terra de Canaã. 
Não foi por acaso que o nome do sumo sacerdote dos 
israelitas, tivesse o mesmo nome hebraico de Jesus 
(ieshua), porque aquele nome apontava profeticamente 
para aquele que nos livra definitivamente do cativeiro 
do pecado, da Babilônia espiritual que nos assedia tão 
tenazmente, pretendendo que estejamos para sempre 
debaixo do seu domínio. 
Assim, há uma conexão do sumo sacerdote Josué, com 
o Sumo Sacerdote da nossa fé, Jesus, na profecia do 
terceiro capítulo de Zacarias. 
Sempre é Satanás que se encontra por trás de toda 
oposição à obra de Deus neste mundo. 
21 
 
Ele sempre se levantará para tentar sujar os ministros 
do Senhor com o pecado, de maneira que eles sejam 
paralisados na obra que devem executar para Deus. 
Mas estes ministros podem ter as suas vestes sujas 
trocadas pelas vestes limpas da Justiça de Jesus, que é o 
RENOVO referido na profecia de Zacarias, e que é a única 
Rocha na qual o povo do Senhor é edificado, porque é 
no sangue de Jesus que todos eles são lavados e 
santificados, de maneira que possam estar de pé na 
presença do Deus Santíssimo. 
 Por isso, Josué e todos os sacerdotes que estavam com 
ele, e que eram homens renomados, porque foram 
dados pelo Senhor como líderes espirituais do Seu povo, 
são lembrados na profecia de Zacarias, pois o RENOVO 
prometido pelos profetas, especialmente por Jeremias 
(Jer 23.5; 33.15), viria (Zac 3.8), e por isso deveriam 
andar nos caminhos do Senhor, e cumprirem os Seus 
mandamentos (Zac 3.7). 
Os sacerdotes foram contados em 4 famílias, tendo 
como cabeçasJedaías, Imer, Pasur e Harim, totalizando 
4.289 sacerdotes (Esdras 2.36-39). . 
Não sabemos, mas é provável que o pequeno número 
de levitas, que é relacionado nos versos 40 a 42, tenha 
sido devido à desonra que haviam dado ao seu ofício, 
nos dias dos reis de Israel e de Judá, sendo contados 
como remanescentes daquela tribo; um número bem 
pequeno de apenas 341 pessoas. 
Não sabemos também se muitos deles não haviam se 
disposto a deixar Babilônia, onde poderiam ter até 
mesmo se desviado da devoção a Deus, para se 
22 
 
dedicarem por salário, ao culto dos falsos deuses de 
Babilônia. 
Os servidores do templo são citados no verso 58, e eram 
provavelmente os gibeonitas, que foram sujeitados a 
serviços forçados por causa do estratagema que usaram 
para enganar Israel, fazendo aliança com eles, nos dias 
de Josué, quando da conquista de Canaã. 
No hebraico, estes servidores do templo são designados 
pela palavra netinin. 
É citado que 652 não puderam comprovar a sua 
descendência de Arão (v. 59-62), pelo que não puderam 
ser contados para o exercício do sacerdócio. 
Também lhes foi vedado por Zorobabel não comerem 
das coisas santíssimas, até que se levantasse um 
sacerdote com Urim e Tumim, para confirmar a 
descendência deles, através de consultas ao Senhor (v. 
63). 
No verso 62 é citado que um dos antepassados de um 
destes supostos sacerdotes havia se casado com uma 
das filhas de Barzilai, aquele grande homem que havia 
sustentado e amparado a Davi em seus dias, quando 
fugia de Absalão. 
É provável então, que estas pessoas tivessem os seus 
nomes registrados como sendo da casa de Barziali, e não 
da casa de Arão, quando que o correto seria serem 
contados na casa de Arão, e não de Barzilai, porque 
eram descendentes da filha deste, pela qual não poderia 
ser suscitada descendência a Bazrlai, por ser do sexo 
feminino, contrariando assim o que estava prescrito na 
23 
 
Lei de Moisés, sobre o assunto relativo ao direito 
sucessório. 
Nunca sabemos o que nos reservará o futuro; por isso é 
uma norma de sabedoria seguirmos a Lei de Deus, e 
honrarmos o ofício que ele nos tem designado. 
Aqueles que haviam preferido serem contados na casa 
de Barzilai, em razão da suspensão do ofício sacerdotal 
em Babilônia, já que lá não havia nenhum templo para 
serem realizados os serviços sagrados, viram-se 
impedidos de entrar no sacerdócio, agora que o ofício 
seria restaurado no retorno dos judeus à Palestina. 
Eles haviam desonrado o ofício nos dias maus, e agora 
também seriam desonrados, nos dias alegres relativos à 
restauração do altar de Deus, do qual deveriam viver os 
sacerdotes. 
Eles foram considerados imundos para o exercício deste 
sagrado ofício, por não terem podido comprovar que 
eram de fato descendentes de Arão. 
De igual modo, Cristo se envergonhará daqueles que se 
envergonham dEle e do Seu serviço. 
Aqueles que considerarem a honra dos homens mais 
elevada do que a honra recebida de Deus por servirem-
nO, estarão errando grandemente na opção que 
fizeram, porque o tempo revelará que a honra dos 
homens traz uma recompensa passageira e falha, 
porém a que vem de Deus traz uma recompensa 
duradoura e eterna, ainda que as condições em que O 
24 
 
sirvamos neste mundo sejam de humildade, 
acompanhadas de muitas aflições e tribulações. 
Jesus ensinou isto claramente nos evangelhos, e os 
apóstolos o confirmaram também abundantemente em 
suas epístolas. 
Muitos trocam o ministério por um cargo secular que 
lhes traga reputação entre os homens e mais dinheiro 
no bolso. 
Entretanto, há reputação maior do que a que Deus pode 
nos atribuir? 
Troca-se assim uma honra passageira e falível pela única 
honra que é duradoura e eterna. 
Quão enganoso é o coração humano! E de quanta ilusão 
vive o mundo, a pretexto de se dedicarem a coisas 
práticas e rentáveis. 
Assim, até mesmo entre os israelitas que se dispuseram 
a deixarem tudo para trás em Babilônia, para 
obedecerem voluntariamente ao mandado de Deus de 
retornarem para Judá, nós encontramos aqueles que 
haviam errado, por terem trocado a honra do ofício 
sacerdotal pela honra de cavalheiros, porque em seus 
dias não era vantajoso ser contado na descendência de 
Arão, por terem sido suspensos os serviços do templo. 
Se José tivesse recusado a bênção de Jacó para seus 
filhos Efraim e Manassés, por causa da grande honra em 
que se encontrava como governador do Egito, os seus 
descendentes teriam permanecido no cativeiro egípcio, 
já que não seriam reconhecidos como egípcios, mas 
25 
 
como israelitas rebeldes, que haviam renunciado à sua 
própria nacionalidade, e assim, não teriam sido 
contados no futuro entre aqueles que subiram com 
Moisés para Canaã. 
Se um cristão se recusa a ter sal em si mesmo para salgar 
o mundo, por ter vergonha de sustentar o testemunho 
de um verdadeiro cristão, ele nada poderá esperar da 
parte do Seu Senhor neste mundo, quanto a ser honrado 
por Ele, senão a ser lançado fora do ministério para ser 
pisado pelos homens, porque se tornou como o sal que 
perdeu o seu sabor. 
Em vez de honrá-lo, o desonrarão, pois a velha Serpente 
não perderá a oportunidade de afligir aqueles que são 
seus inimigos, pela condição de serem filhos de Deus. 
Como o Deus que servimos é misericordioso, àqueles 
que haviam desprezado o sacerdócio anteriormente 
seria dada a oportunidade de se verificar pelo Urim e 
Tumim se eram de fato descendentes de Arão, de modo 
a serem admitidos no ofício sacerdotal, ainda que 
tivessem que ficar privados de seu exercício 
temporariamente. 
De igual forma, os cristãos quando se arrependem da 
sua carnalidade e se voltam para o Senhor para serem 
santificados e usados por Ele, depois de terem sido 
impedidos por um tempo de serem usados com poder 
pelo Espírito na obra do evangelho, poderão ser 
renovados, sendo uma vez identificado que estão 
realmente arrependidos, e dispostos a serem 
readmitidos no ministério. 
26 
 
Assim, pela testificação do Espírito Santo, que é na 
dispensação da graça, um melhor oráculo do que o Urim 
e Tumim, no Antigo Testamento, que estes cristãos 
poderão ser renovados, não no arrependimento que é 
para a salvação das suas almas, porque este não precisa 
ser renovado, e nem mesmo o pode ser, mas no 
arrependimento dos seus pecados posteriores à 
conversão, de maneira a poderem ser readmitidos nos 
serviços espirituais que devem prestar a Deus, cada um 
de acordo com a chamada específica que têm recebido 
dEle. 
Nos versos 64 e 65 nós temos a conta do número total 
de pessoas que retornaram com Zorobabel: 49.897 
(quarenta e nove mil, oitocentos e noventa e sete). 
Temos também um registro do número de animais que 
vieram com eles, sendo 736 cavalos, 245 mulas, 435 
camelos e 6.020 jumentos (v. 66, 67). 
É citado que alguns dos chefes das casas paternas que 
vieram a Jerusalém deram ofertas voluntárias, segundo 
as suas posses, para a reconstrução do templo, tendo 
estas somado 61.000 dáricos em ouro, 5.000 minas em 
prata, e 100 vestes sacerdotais (v. 68,69). 
Dárico era o nome também usado para dracma, e 
correspondia ao valor de 1 denário. Para termos uma 
ideia comparativa, 1 talento correspondia a 6.000 
denários, ou dracmas, ou dáricos. 
Então os 61.000 dáricos de ouro que foram ofertados 
para a construção do templo, correspondiam a apenas 
10 talentos, quando nós temos o registro de centenas de 
27 
 
talentos de ouro, que estavam disponibilizados nos dias 
de Salomão. 
Tudo isto era muito pouco, comparado com o que havia 
sido ofertado nos dias de Moisés para a construção do 
tabernáculo, e nos de Davi e Salomão, para a construção 
do primeiro templo. 
Entretanto, daquele recomeço humilde seria construído 
um templo, cuja glória seria maior do que a do primeiro 
templo de Salomão, que havia sido destruído por 
Nabucodonosor, porque seria ele que recepcionaria o 
Messias prometido. 
 
“1 Estes são os filhos da província que subiram do 
cativeiro, dentre os exilados, a quem Nabucodonosor, 
reide Babilônia, tinha levado para Babilônia, e que 
voltaram para Jerusalém e para Judá, cada um para a sua 
cidade; 
2 os quais vieram com Zorobabel, Josué, Neemias, 
Seraías, Reelaías, Mordecai, Bilsã, Mizpar, Bigvai, Reum 
e Baaná. O número dos homens do povo de Israel. 
3 Os filhos de Parós, dois mil cento e setenta e dois. 
4 Os filhos de Sefatias, trezentos e setenta e dois. 
5 Os filhos de Ará, setecentos e setenta e cinco. 
6 Os filhos de Paate-Moabe, dos filhos de Josué e de 
Joabe, dois mil oitocentos e doze. 
28 
 
7 Os filhos de Elão, mil duzentos e cinquenta e quatro. 
8 Os filhos de Zatu, novecentos e quarenta e cinco. 
9 Os filhos de Zacai, setecentos e sessenta. 
10 Os filhos de Bani, seiscentos e quarenta e dois. 
11 Os filhos de Bebai, seiscentos e vinte e três. 
12 Os filhos de Azgade, mil duzentos e vinte e dois. 
13 Os filhos de Adonicão, seiscentos e sessenta e seis. 
14 Os filhos de Bigvai, dois mil e cinquenta e seis. 
15 Os filhos de Adim, quatrocentos e cinquenta e 
quatro. 
16 Os filhos de Ater, de Ezequias, noventa e oito. 
17 Os filhos de Bezai, trezentos e vinte e três. 
18 Os filhos de Jora, cento e doze. 
19 Os filhos de Hasum, duzentos e vinte e três. 
20 Os filhos de Gibar, noventa e cinco. 
21 Os filhos de Belém, cento e vinte e três. 
22 Os homens de Netofá, cinquenta e seis. 
23 Os homens de Anatote, cento e vinte e oito. 
29 
 
24 Os filhos de Azmavete, quarenta e dois. 
25 Os filhos de Quiriate-Arim, de Cefira e de Beerote, 
setecentos e quarenta e três 
26 Os filhos de Ramá e de Gaba, seiscentos e vinte e um. 
27 Os homens de Micmás, cento e vinte e dois. 
28 Os homens de Betel e de Ai, duzentos e vinte e três. 
29 Os filhos de Nebo, cinquenta e dois. 
30 Os filhos de Magbis, cento e cinquenta e seis. 
31 Os filhos do outro Elão, mil duzentos e cinquenta e 
quatro. 
32 Os filhos de Harim, trezentos e vinte. 
33 Os filhos de Lode, de Hadide e de Ono, setecentos e 
vinte e cinco. 
34 Os filhos de Jericó, trezentos e quarenta e cinco. 
35 Os filhos de Senaá, três mil seiscentos e trinta. 
36 Os sacerdotes: os filhos de Jedaías, da casa de Josué, 
novecentos e setenta e três. 
37 Os filhos de Imer, mil e cinquenta e dois. 
38 Os filhos de Pasur, mil duzentos e quarenta e sete. 
39 Os filhos de Harim, mil e dezessete. 
30 
 
40 Os levitas os filhos de Josué, e de Cadmiel, dos filhos 
de , Hodavias, setenta e quatro. 
41 Os cantores: os filhos de Asafe, cento e vinte e oito. 
42 Os filhos dos porteiros: os filhos de Salum, os filhos 
de Ater, os filhos de Talmom, os filhos de Acube, os 
filhos de Hatita, os filhos de Sobai, ao todo, cento e 
trinta e nove. 
43 Os servidores do templo: os filhos de Ziá, os filhos de 
Hasufa, os filhos de Tabaote, 
44 os filhos de Querós, os filhos de Siá, os filhos de 
Padom, 
45 os filhos de Lebana, os filhos de Hagaba, os filhos de 
Acube, 
46 os filhos de Hagabe, os filhos de Sanlai, os filhos de 
Hanã, 
47 os filhos de Gidel, os filhos de Gaar, os filhos de 
Reaías, 
48 os filhos de Rezin, os filhos de Necoda, os filhos de 
Gazão, 
49 os filhos de Uzá, os filhos de Paseia, os filhos de Besai, 
50 os filhos de Asná, os filhos de Meunim, os filhos dos 
nefusins, 
51 os filhos de Baquebuque, os filhos de Hacufa, os filhos 
de Hurur, 
31 
 
52 os filhos de Bazlute, os filhos de Meída, os filhos de 
Harsa, 
53 os filhos de Barcos, os filhos de Sísera, os filhos de 
Tamá, 
54 os filhos de Nezias, os filhos de Hatifa. 
55 Os filhos dos servos de Salomão: os filhos de Sotai, os 
filhos de Soferete, os filhos de Peruda, 
56 os filhos de Jaalá, os filhos de Darcom, os filhos de 
Gidel, 
57 os filhos de Sefatias, os filhos de Hatil, os filhos de 
Poquerete-Hazebaim os filhos de Ami. 
58 Todos os servidores do templo e os filhos dos servos 
de Salomão foram trezentos e noventa e dois. 
59 Estes foram os que subiram de Tel-Mela, de Tel-
Harsa, de Querube, de Adã e de Imer; porém não 
puderam provar que as suas casas paternas e sua 
linhagem eram de Israel: 
60 os filhos de Delaías, os filhos de Tobias, os filhos de 
Necoda, seiscentos e cinquenta e dois. 
61 E dos filhos dos sacerdotes: os filhos de Habaías, os 
filhos de Hacoz, os filhos de Barzilai, que tomou mulher 
das filhas de Barzilai, o gileadita, e que foi chamado do 
seu nome. 
32 
 
62 Estes procuraram o seu registro entre os que estavam 
arrolados nas genealogias, mas não foi encontrado; pelo 
que, por imundos, foram excluídos do sacerdócio; 
63 e o governador lhes intimou que não comessem das 
coisas santíssimas, até que se levantasse um sacerdote 
com Urim e Tumim. 
64 Toda esta congregação junta somava quarenta e dois 
mil trezentos e sessenta, 
65 afora os seus servos, e as suas servas, que foram sete 
mil trezentos e trinta e sete; também havia duzentos 
cantores e cantoras. 
66 Os seus cavalos eram setecentos e trinta e seis; os 
seus mulos, duzentos e quarenta e cinco; 
67 os seus camelos, quatrocentos e trinta e cinco; os 
jumentos, seis mil setecentos e vinte. 
68 Alguns dos chefes das casas paternas, vindo à casa do 
Senhor em Jerusalém, deram ofertas voluntárias para a 
casa de Deus, para a edificarem no seu lugar; 
69 conforme as suas posses, deram para a tesouraria da 
obra, em ouro sessenta e um mil dáricos, e em prata 
cinco mil minas, e cem vestes sacerdotais. 
70 Ora, os sacerdotes e os levitas, e alguns do povo, 
tanto os cantores como os porteiros e os servidores do 
templo, habitaram nas suas cidades, e todo o Israel nas 
suas cidades.” (Ed 2.1-70). 
 
33 
 
Esdras 3 
 
Os Planos de Deus não Podem Ser Frustrados 
 
Nós vemos no 3º capítulo de Esdras, que depois de 
terem se instalado em suas respectivas cidades, quando 
retornaram do cativeiro em Babilônia, os judeus se 
juntaram em Jerusalém no sétimo mês para as 
celebrações relativas àquele mês e dentre as quais se 
incluía a Festa dos Tabernáculos. 
Aproveitaram a oportunidade para edificarem o altar 
dos holocaustos, provavelmente, no mesmo local em 
que estivera instalado o altar do templo de Salomão. 
Ali, desde o primeiro dia do sétimo mês, do primeiro 
ano, na sua própria terra, começaram a oferecer 
holocaustos ao Senhor, ainda que nem sequer tivessem 
lançado os alicerces do templo. 
Estes sacrifícios passaram a ser oferecidos 
continuamente, conforme era exigido pela Lei, sem 
sofrer a interrupção de um só dia (v. 3,5). 
Os dois cordeiros que deveriam ser oferecidos, contínua 
e diariamente, pela manhã e à tarde, como holocausto 
ao Senhor, tipificavam não somente a cobertura do 
sacrifício de Jesus, que é a causa de podermos expiar 
diariamente as nossas culpas e purificar nossos pecados 
e injustiças no sangue que Ele derramou por nós, como 
também falam em figura da nossa própria consagração 
34 
 
pessoal a Deus, que deve ser contínua, sem interrupções 
e durante todos os minutos dos nossos dias. 
Afirma-se no verso 1 que os judeus haviam se reunido 
como um só homem em Jerusalém, e isto é indicativo da 
unidade que havia entre eles. 
O temor que tiveram das nações ao redor (Esdras 3.3), 
contribuiu para que acelerassem a edificação do altar 
para poderem cultuar ao Senhor. 
Assim, era exigido pela Lei, de maneira a contarem com 
o cumprimento das promessas de bênçãos previstas 
para a obediência aos Seus mandamentos. 
Eles deveriam ter o cuidado de não fazerem conforme 
haviam feito os seus pais, que muito provocaram o 
Senhor à ira, com a transgressão voluntária dos Seus 
preceitos. 
Numa terra estranha, entregue totalmente às práticas 
pagãs e idolátricas, eles puderam aprender, ainda que 
de um modo difícil, o quão grosseiras e irracionais eram 
aquelas práticas, quando contrastadas com a religião 
revelada, que o Senhor lhes dera através de Moisés. 
Naquela ocasião, tomaram providências para a futura 
construção do templo, encomendando madeira aos de 
Tiro e de Sidom (v. 7). 
No segundo mês do segundo ano, isto é, cerca de sete 
meses depois, os israelitas que haviam retornadode 
Babilônia, deram início à obra de reconstrução do 
templo, tendo sido lançados os seus alicerces (v. 10). 
35 
 
Não havia nenhuma disputa entre os judeus que 
voltaram de Babilônia, quanto ao fato se deveriam ou 
não reconstruir o templo. 
Eles haviam aprendido do erro de seus pais, quão dura 
coisa é não servir ao Deus vivo, segundo os termos que 
Ele tem estabelecido na Sua Palavra. 
A Antiga Aliança prescrevia o sacrifício de animais num 
único local escolhido pelo Senhor e na presença de 
sacerdotes consagrados para tal ofício. Daí a 
necessidade da construção de um templo. 
Eles se lançaram à tarefa de reativar tudo o que era 
exigido pela Lei, para o culto de adoração ao Senhor. 
O Novo Testamento não libera os cristãos deste mesmo 
dever, ainda que não estejam mais obrigados na 
dispensação da graça, a cumprirem os mandamentos 
cerimoniais da Lei de Moisés, que apontavam em figura 
para as realidades que se cumpriram em Cristo. 
É dito aos que compõem a Igreja do Senhor, que eles 
devem ter uma justiça que exceda em muito a dos 
escribas e fariseus. 
Esta justiça, certamente diz respeito a se viver em 
plenitude tudo aquilo que era ensinado no cerimonial da 
Lei, já não mais atendendo às exigências relativas a 
ordenanças materiais e visíveis, mas às realidades 
espirituais para as quais apontavam em figura. 
Como exemplo, vemos a citação anterior sobre o dever 
da santificação e consagração diária e contínua que têm 
os cristãos na Nova Aliança, que estava representada na 
36 
 
obrigação do oferecimento de dois cordeiros, de manhã, 
e à tarde, todos os dias, conforme se exigia no antigo 
pacto. 
Esta justiça maior que é exigida do cristão na Nova 
Aliança, em relação à justiça dos escribas e fariseus, não 
contradiz o ensino da lei e dos profetas da Antiga 
Aliança, porém é muito diferente da justiça deles. 
O motivo da vinda do Senhor foi o de nos capacitar a 
viver com um padrão de vida espiritual em santificação 
e justiça muito maiores do que aquele que é exigido pela 
Lei de Moisés. 
Por isso Jesus afirmou que não veio revogar e nem 
suavizar, as exigências da Lei. 
Ele disse que aquele que quebrar o menor mandamento 
da Lei e assim ensiná-lo incorretamente aos homens, 
será pequeno no reino dos céus, mas que qualquer que 
guarde os mandamentos da Lei e os ensine, será 
chamado grande no reino dos céus. 
Isto demonstra que até mesmo aqueles mandamentos 
da Lei, que nos parecem menos significativos, são muito 
importantes para Deus, porque foram proferidos a nós 
pela Sua boca como sendo a expressão exata da Sua 
santa vontade. 
Sabemos que a Lei por si só não poderia jamais nos 
santificar, porque isto é um trabalho para a graça e 
mediante a fé, mas devemos dar a devida importância 
ao que se aprende acerca da vontade de Deus, mediante 
o que se encontra revelado na Lei. 
37 
 
A santidade é algo que se pratica na vida diária. É um 
habito. 
Isto significa que não devemos buscar através das obras 
da Lei a nossa justificação, e podemos até mesmo dizer 
que não devemos buscar nelas a nossa santificação, mas 
um andar verdadeiramente no Espírito demanda, 
quanto à santificação, a prática da Palavra de Deus. 
Lembremos sempre que a santificação, somente pode 
ocorrer naqueles que foram verdadeiramente 
regenerados (nascidos de novo do Espírito). 
Não seremos salvos pela graça porque guardamos 
perfeitamente todos os mandamentos, mas porque 
recebemos esta graça para podermos ser aperfeiçoados 
no seu cumprimento, de maneira que poderemos 
crescer não somente nisto diariamente, como também, 
pela promessa do Senhor, seremos perfeitos assim 
como Ele é perfeito, no porvir, por causa da Sua justiça 
que nos foi imputada, em razão da nossa união 
espiritual com Ele. 
De forma que todo aquele que é justificado, também é 
nascido de novo e recebe de Deus um novo coração. 
Pelo que nós observamos da narrativa deste terceiro 
capítulo do livro de Esdras, os judeus que haviam 
lançado os alicerces do templo de Jerusalém, depois da 
volta do cativeiro em Babilônia, não haviam ainda, 
naquela ocasião, sido fermentados com este fermento 
que havia em abundância na vida dos escribas e fariseus 
dos dias de Jesus, porque se diz deles que tudo fizeram 
para a glória de Deus, e que se encontravam em unidade 
a ponto de terem se alegrado muito e louvado a Deus 
38 
 
pelo privilégio que lhes dera de retornarem à sua terra, 
e ali poderem cumprir as exigências da Lei de Moisés, 
relativas ao culto devido a Ele, conforme prescrito 
naquela antiga aliança. 
Os judeus que tinham visto a suntuosidade do templo 
de Salomão, antes de irem para o cativeiro em 
Babilônia, choraram quando os alicerces do novo 
templo foram lançados, talvez por lhes pesar o fato da 
lembrança de que toda a glória antiga da nação havia 
sido reduzida até o ponto de terem que recomeçar a 
construção de um templo, que segundo as condições 
presentes deles, jamais poderia ter toda a riqueza que 
havia no templo de Salomão. 
Na verdade, aquele era um momento para alegria e não 
para tristezas sentimentais. 
Eles não deveriam ter chorado pela diminuição da glória 
terrena a que foram reduzidos, mas pelos pecados dos 
seus pais, que haviam dado causa àquela necessidade de 
reconstruírem toda a religião de Israel, no tocante às 
exigências cerimoniais da Lei, a partir do alicerce. 
Na verdade, deveriam ser gratos a Deus por não ter 
dado a eles o mesmo destino que havia dado aos 
israelitas do Reino do Norte, permitindo que fossem 
dissolvidos, por terem sido espalhados por todas as 
nações, pelos assírios, que separaram pais de filhos, 
esposos de esposas, de modo que perdessem a sua 
identidade cultural e nacional. 
Eles alcançaram misericórdia para poderem reiniciar as 
suas vidas debaixo da aliança que Deus havia feito com 
eles através de Moisés. 
39 
 
Então não deveria haver a mínima manifestação de 
tristeza, senão de alegria; a mínima demonstração de 
insatisfação, mas de grande contentamento. 
Nós somos ordenados pela Palavra a não desprezarmos 
os humildes começos quando a Providência assim o 
quer. 
Aqueles sacerdotes estavam transgredindo este 
mandamento, com o lamento que eles levantaram em 
meio à grande alegria e louvor que os demais sacerdotes 
e levitas estavam apresentando diante de Deus. 
Não sabemos o quanto estes sacerdotes podem ter 
influenciado os demais sacerdotes e levitas, quanto a 
não se empenharem na obra, em razão dos possíveis 
argumentos deles de que não valeria a pena se entregar 
a uma construção, que nem sequer passaria de perto da 
glória que havia no templo de Salomão, que havia sido 
destruído por Nabucodonosor. 
Se por influência deles ou não, havia aqueles que dentre 
os israelitas estavam desprezando aqueles humildes 
começos, e por isso receberam o devido estímulo do 
Senhor da parte dos profetas Ageu e Zacarias, para que 
reiniciassem a obra de reedificação do templo, depois 
destas terem sido paralisadas por cerca de dezesseis 
anos. 
Como veremos adiante, em razão da perseguição dos 
samaritanos, eles não avançaram, ao que parece do 
lançamento do alicerce, que é referido neste capítulo, e 
assim, é possível que não tivessem prosseguido adiante, 
vencendo toda oposição, por motivo de julgarem que 
era muito pouco pelo que lutar. 
40 
 
Então, o Senhor se interpôs com a promessa de fazer 
algo grande e maravilhoso, pela palavra que pôs na boca 
do profeta Zacarias, de modo que aqueles que não 
estavam sendo fiéis nos dias de escassez, viriam a se 
alegrar quando vissem o prumo na mão de Zorobabel. 
“Pois quem despreza o dia dos humildes começos, esse 
alegrar-se-á vendo o prumo na mão de Zorobabel. 
Aqueles sete olhos são os olhos do Senhor, que 
percorrem toda a terra.” (Zac 4.10). 
Eles estavam errados pensando no templo como um 
mero projeto de realização material. 
Eles não entendiam a necessidade de que fosse 
reconstruído para o cumprimento dos propósitos 
espirituais de Deus, que teriam o seu auge num futuro 
ainda distante,que eles desconheciam, mas que 
dependia da obediência deles, porque importava que o 
Messias chegasse na nação que Deus havia formado 
através de Abraão, Isaque e Jacó. 
Esta nação deveria estar sustentando o testemunho que 
havia recebido de Deus para ser guardado desde os dias 
dos patriarcas, especialmente desde que Ele entrara em 
aliança com eles através de Moisés. 
Como poderiam os planos eternos de Deus serem 
frustrados? 
O que estava em jogo não era a mera construção de um 
edifício, mas a restauração da vida religiosa daquela 
nação eleita desde a antiguidade, para que através dela 
fosse manifestada a Sua salvação para todas as nações 
do mundo. 
41 
 
Assim como se deu em relação a eles, também se dá em 
relação aos que são da Igreja de Cristo. O que importa 
não é propriamente o interesse pessoal dos cristãos, 
mas os elevados e eternos interesses de Deus, aos quais 
farão bem em atentar para atendê-los. 
Não admira, portanto, que a exortação do profeta 
Zacarias àqueles judeus que estavam desprezando os 
humildes começos, quanto a que se alegrariam com o 
fato de Zorobabel concluir a construção do templo, que 
havia sido paralisada, tenha sido expedida num 
contexto eminentemente espiritual, conforme podemos 
ver em todo o capítulo quarto do referido profeta. 
Ali, o que está em foco é o testemunho da Palavra de 
Deus, não pelo poder do homem, mas pelo Espírito 
Santo (4.6). 
Era por este motivo que as mãos de Zorobabel deveriam 
terminar a construção do templo, assim como elas 
haviam lançado os seus alicerces. O Senhor havia 
determinado em Sua soberania que o templo seria 
reedificado ainda nos dias de Zorobabel, e isto não 
poderia ser frustrado por nenhum poder terreno ou 
espiritual (v. 9). 
Toda edificação material na obra de Deus serve apenas 
para atender aos propósitos espirituais fixados pelo 
Senhor, desde toda a eternidade. 
O templo que seria construído em Jerusalém não era 
uma exceção a isto. 
Ele não tinha por alvo servir a propósitos terrenos e 
muito menos comerciais. 
42 
 
O azorrague de Jesus que o diga, quando expulsou os 
vendilhões do templo. 
Se a razão da nossa alegria como filhos de Deus está nas 
nossas realizações materiais, ainda que digam respeito 
às edificações e bens que temos adquirido para a casa 
de Deus, nós estaremos errando grosseiramente o alvo, 
porque corremos o risco de ouvir o que Jesus disse aos 
apóstolos quando se gloriavam diante dEle por motivo 
da suntuosidade do templo de Herodes: “não ficará aí 
pedra sobre pedra”. 
Naquele caso, isto se daria por motivo de juízo, e em 
razão de já não haver mais razão para um templo em 
Israel, porque seria inaugurada uma nova aliança no 
sangue do Senhor Jesus, na qual os próprios cristãos 
são o templo do Espírito Santo. 
 
“1 Quando chegou o sétimo mês, estando já os filhos de 
Israel nas suas cidades, ajuntou-se o povo, como um só 
homem, em Jerusalém. 
2 Então se levantou Josué, filho de Jozadaque, com seus 
irmãos, os sacerdotes, e Zorobabel, filho de Sealtiel, e 
seus irmãos; e edificaram o altar do Deus de Israel, para 
oferecerem sobre ele holocaustos, como está escrito na 
lei de Moisés, homem de Deus. 
3 Colocaram o altar sobre a sua base, e ainda que 
estavam sob o terror dos povos de outras terras, 
ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, 
holocaustos pela manhã e à tarde. 
43 
 
4 E celebraram a festa dos tabernáculos como está 
escrito, e ofereceram holocaustos diários segundo o 
número ordenado para cada dia, 
5 e em seguida o holocausto contínuo, e os das luas 
novas e de todas as festas fixas do Senhor, como 
também os de qualquer que fazia oferta voluntária ao 
Senhor. 
6 Desde o primeiro dia do sétimo mês começaram a 
oferecer holocaustos ao Senhor; porém ainda não 
haviam sido lançados os alicerces do templo do Senhor. 
7 Deram dinheiro aos pedreiros e aos carpinteiros; como 
também comida e bebida, e azeite aos sidônios, e aos 
tírios, para trazerem do Líbano madeira de cedro ao 
mar, para Jope, segundo a concessão que lhes tinha feito 
Ciro, rei da Pérsia. 
8 Ora, no segundo ano da sua vinda à casa de Deus em 
Jerusalém, no segundo mês, Zorobabel, filho de 
Sealtiel, e Josué, filho de Jozadaque, e os outros seus 
irmãos, os sacerdotes e os levitas, e todos os que vieram 
do cativeiro para Jerusalém, deram início à obra e 
constituíram os levitas da idade de vinte anos para cima, 
para superintenderem a obra da casa do Senhor. 
9 Então se levantaram Josué com seus filhos e seus 
irmãos, Cadmiel e seus filhos, os filhos de Judá, como um 
só homem, para superintenderem os que faziam a obra 
na casa de Deus; como também os filhos de Henadade, 
com seus filhos e seus irmãos, os levitas. 
10 Quando os edificadores lançaram os alicerces do 
templo do Senhor, os sacerdotes trajando suas vestes, 
44 
 
apresentaram-se com trombetas, e os levitas, filhos de 
Asafe, com címbalos, para louvarem ao Senhor, segundo 
a ordem de Davi, rei de Israel. 
11 E cantavam alternadamente, louvando ao Senhor e 
dando-lhe graças com estas palavras: Porque ele é bom; 
porque a sua benignidade dura para sempre sobre 
Israel. E todo o povo levantou grande brado, quando 
louvaram ao Senhor, por se terem lançado os alicerces 
da casa do Senhor. 
12 Muitos, porém, dos sacerdotes e dos levitas, e dos 
chefes das casas paternas, os idosos que tinham visto a 
primeira casa, choraram em altas vozes quando, a sua 
vista, foi lançado o fundamento desta casa; também 
muitos gritaram de júbilo; 
13 de maneira que não podia o povo distinguir as vozes 
do júbilo das vozes do choro do povo; porque o povo 
bradava em tão altas vozes que o som se ouvia de mui 
longe.” (Ed 3.1-13). 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
Esdras 4 
 
Preservando a Pureza da Palavra de Deus 
 
Contra toda obra verdadeira de Deus, Satanás sempre se 
levantará em oposição, porque o Senhor colocou uma 
inimizade eterna entre a semente da mulher e a 
semente da serpente. 
Deus tem permitido toda esta oposição para colocar à 
prova o amor dos Seus filhos e para o aperfeiçoamento 
da sua fé. 
Quando alguém se converte a Deus, passa a ser contado 
como participante da semente abençoada, 
e automaticamente começará a se opor a Satanás. 
Encontramos então neste quarto capítulo de Esdras, um 
bom exemplo acerca disto a que temos nos referido. 
Os portões do inferno não podem prevalecer contra a 
Igreja, mas sempre se levantarão contra ela em forte 
oposição movida por Satanás. 
Portanto, a construção do templo nos dias de Zorobabel 
é, neste aspecto, um tipo da edificação da Igreja de 
Cristo, com os cristãos que são as pedras vivas deste 
edifício espiritual, que está sendo construído debaixo de 
fortes oposições do inferno, do mundo e da carne. 
46 
 
É interessante observar que o texto afirma que foram os 
adversários de Judá e de Benjamim (v. 1), que se 
propuseram a auxiliar os judeus na construção do 
templo (v. 2). 
Estes samaritanos viriam a se opor fortemente contra os 
judeus, posteriormente, em razão da recusa da sua 
oferta de ajuda, e o escritor sagrado poderia estar 
antecipando o que já havia ocorrido, na sua narrativa, 
quando os qualificou de adversários do povo de Deus, 
entretanto, esta era a condição real deles, porque não 
compartilhavam dos mesmos interesses de Israel, e não 
pretendiam servir a Deus da maneira devida, conforme 
exigido pela lei e pelos profetas. 
Deus não se revelou ao mundo através dos samaritanos 
ou de qualquer outra nação, senão somente através dos 
israelitas (João 4.22). 
O povo que havia em Samaria, que era resultante da 
mistura de várias nações com os poucos remanescentes 
do povo de Israel, que permaneceram na Palestina, 
depois do cativeiro assírio (II Reis 17.24,33), não podia 
protestar que servia ao Deus de Israel, conforme eles 
alegaram no verso 2. 
Eles misturaram partes do culto devido ao Deus de Israel 
com o culto que prestavam aos seus falsos deuses. 
Assim, os piores inimigos que Judá e Benjamim tiveram 
foramexatamente aqueles que se diziam judeus e não 
eram (Apo 3.9). 
De igual modo, os piores inimigos da Igreja não são 
aqueles que são deliberadamente opositores de Cristo, 
47 
 
mas os que se dizem cristãos e que na verdade não são 
nascidos de novo do Espírito, porque trazem muitas 
dores à verdadeira Igreja de Cristo, por causa do seu 
mau procedimento, e que trazem desonra ao santo 
nome do Senhor, e a todos aqueles que trazem este 
nome. 
O que é falso sempre tentará perseguir o que é 
verdadeiro com o propósito de destruí-lo. 
A mão do diabo sempre estará por detrás de tudo isto. 
Nós vimos séculos de perseguição do paganismo à Igreja 
Primitiva, mas como o martírio dos cristãos só fez 
aumentar a fé deles e o número de conversões, o diabo 
mudou a estratégia. Fez com que o paganismo desse as 
boas-vindas à Igreja, assimilando-a a partir de 
Constantino. 
Aquele foi um duro golpe na verdadeira Igreja, porque 
isto foi uma forma sutil de ataque por parte daqueles 
que se dizendo cristãos verdadeiros, não seguiam 
contudo as pegadas de Cristo. 
A Igreja do Senhor, não raro tem dado as boas-vindas a 
todos os “samaritanos” que se apresentam afirmando 
serem também parte do povo de Deus, e com a 
assimilação dos seus erros doutrinários, a fé de muitos 
cristãos é arruinada e ficam impossibilitados de cumprir 
a sua função no mundo, que é a de dar testemunho da 
verdade, no poder do Espírito Santo. 
Então, o ataque não será frontal como no passado, 
porque por este meio, o Inimigo tem conseguido 
paralisar a muitos. 
48 
 
Cabe, portanto, à Igreja, colocar à prova o testemunho 
de vida e a doutrina daqueles que afirmam fazer parte 
do Israel de Deus, e que na verdade não são verdadeiros 
israelitas, para que não se dê a destra de comunhão a 
eles, como se lê por exemplo em II Tes 3.14. 
É interessante observar que o Senhor Jesus cita 
repetidamente nas cartas que dirigiu às sete Igrejas do 
Apocalipse a tentativa ou a penetração do erro 
doutrinário na Igreja. 
E nós sabemos que estas cartas se referem aos tipos de 
Igreja que existiram e que existirão até que Ele volte. 
É interessante observar que Ele cita que alguns cristãos 
estavam seguindo a doutrina de Balaão, e nós sabemos 
que esta doutrina era a de levar o verdadeiro Israel de 
Deus ao erro, por motivo de ganância e fornicação. 
Esta é uma característica muito parecida com a dos 
falsos mestres dos nossos dias, especialmente aqueles 
que sustentam a malfazeja doutrina do triunfalismo e 
mundanismo, aos quais os apóstolos também se 
referiram em suas epístolas, especialmente Pedro e 
Judas. 
Nós vemos então que a estratégia de Satanás com o 
oferecimento da ajuda dos samaritanos aos judeus tinha 
em vista misturar a falsa doutrina deles à do povo de 
Deus, e isto seria um golpe fatal na restauração da vida 
religiosa de Israel logo na sua origem. 
É importante observar que Deus permite todas estas 
investidas do Inimigo contra a Sua Igreja exatamente 
para manifestar o Seu grande poder e glória, porque se 
49 
 
esta é uma luta desigual da parte do diabo em relação a 
nós, dá-se o equilíbrio na assistência que Deus dá ao Seu 
povo, porque podemos também dizer que há uma 
grande desigualdade no que se refere ao poder dEle em 
relação ao diabo. 
Assim, como a ajuda de Deus é dependente da nossa 
obediência, seria uma causa perdida a nossa luta se a 
graça de Deus não atuasse em nosso favor, não somente 
nos inspirando a esta obediência como também nos 
auxiliando a exercê-la efetivamente. 
Aos israelitas do passado foi dado Esdras, um escriba e 
sacerdote sábio para lhes ensinar a Palavra do Senhor. 
E antes de Esdras, a recusa do governador Zorobabel e 
do sumo-sacerdote Josué foi certamente inspirada pelo 
Senhor, que os guardou de incorrerem naquele erro 
fatal de se misturarem aos samaritanos, que daria como 
consequência a assimilação do seu modo de vida. 
Eles haviam aprendido o suficiente no cativeiro em 
Babilônia que a causa da ruína dos seus antepassados foi 
exatamente a de trocarem o culto devido ao Senhor, 
para seguirem as práticas pagãs das demais nações. 
Os samaritanos debilitaram as mãos dos judeus para a 
obra, e assim, foram impedidos de edificar, porque 
assalariaram conselheiros para lhes infamarem perante 
Ciro, Dario, Assuero (Artaxerxes), reis medo-persas, 
pedindo-lhes que interditassem a reedificação de 
Jerusalém. 
50 
 
De modo que os judeus não pudessem se fortificar 
contra eles, por influenciarem as nações ao seu redor a 
não mais pagarem impostos aos reis persas. 
E para isto recorreram ao passado, dizendo que 
Jerusalém era afamada por ser rebelde aos reinos 
tributários, porque ela mesma foi tributária de várias 
nações em seus dias de prosperidade. 
Com isto, conseguiram convencer o rei Artaxerxes, que 
determinou a paralisação total das obras em Jerusalém. 
Eles haviam assim, conseguido paralisar a obra de 
reconstrução do templo, e o que ocorreu no passado 
parece ser em essência a mesma causa da crise que tem 
enfrentado a Igreja em nossos dias. 
Aqueles que se dizem judeus e que efetivamente não 
são, conseguiram influenciar a tal ponto a Igreja do 
Senhor com as suas heresias, que muitos ministros 
passaram a adotá-las, ainda que não no todo, pelo 
menos em parte, e com isto, por causa da adulteração 
da genuína mensagem do evangelho, estão pregando 
um outro evangelho, que tem produzido cristãos 
deformados, não apenas na sua visão do reino, como 
também na prática do seu testemunho. 
Graças a Deus, muitos ministros têm se levantado 
contra isto, e têm sido como trombetas nas mãos do 
Senhor, soando o toque de alerta aos cristãos, para que 
saiam de Babilônia e reconstruam suas vidas espirituais, 
na santidade, que é mediante a genuína Palavra de 
Deus, que é, somente ela, a verdade. 
51 
 
O Senhor tem levantado ministros fiéis para este 
propósito de resistirem a estes samaritanos, e não 
permitirem que edifiquem sobre o fundamento lançado 
pelos profetas e pelos apóstolos, juntamente com 
aqueles que fazem parte do verdadeiro Israel de Deus. 
Ainda que conseguissem nos paralisar por um tempo, 
por causa da sua fúria motivada pela nossa deliberada 
rejeição da falsa doutrina que ensinam, poderoso é o 
Senhor para nos assistir e fortalecer com a Sua graça, 
para levarmos adiante a obra da evangelização mundial. 
É preciso que toda Igreja que tenha como seu povo, 
pessoas que foram verdadeiramente lavadas no sangue 
de Cristo, mantenha firme a sua posição de não incorrer 
no erro destes falsos mestres insubordinados, que estão 
a serviço de Satanás, de modo que o povo do Senhor 
possa crescer sadiamente na fé. 
É definitivamente necessário estar purificado destes 
erros, para que possamos ser efetivamente usados pelo 
Senhor, quer individualmente quer como Igreja. 
“De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será 
vaso para honra, santificado e idôneo para uso do 
Senhor, e preparado para toda a boa obra.” (II Tim 2.21). 
 
“1 Ora, ouvindo os adversários de Judá e de Benjamim 
que os que tornaram do cativeiro edificavam o templo 
ao Senhor, Deus de Israel, 
2 chegaram-se a Zorobabel e aos chefes das casas 
paternas, e disseram-lhes: Deixai-nos edificar convosco; 
52 
 
pois, como vós, buscamos o vosso Deus; como também 
nós lhe temos sacrificado desde os dias de Esar-Hadom, 
rei da Assíria, que nos fez subir para aqui. 
3 Responderam-lhes, porém, Zorobabel e Josué e os 
outros chefes das casas paternas de Israel: Não convém 
que vós e nós edifiquemos casa a nosso Deus: mas nós 
sozinhos a edificaremos ao Senhor, Deus de Israel, como 
nos ordenou o rei Ciro, rei da Pérsia. 
4 Então o povo da terra debilitava as mãos do povo de 
Judá, e os inquietava, impedindo-os de edificar; 
5 e assalariaram contra eles conselheiros para 
frustrarem o seu plano, por todos os dias de Ciro, rei da 
Pérsia, até o reinado de Dario, rei da Pérsia. 
6 No reinado de Assuero, no princípio do seu reino, 
escreveram uma acusação contra os habitantesde Judá 
e de Jerusalém. 
7 Também nos dias de Artaxerxes escreveram Bislão, 
Mitredate, Tabeel, e os companheiros destes, a 
Artaxerxes, rei da Pérsia; e a carta foi escrita em 
caracteres aramaicos, e traduzida na língua aramaica. 
8 Reum, o comandante, e Sinsai, o escrivão, escreveram 
uma carta contra Jerusalém, ao rei Artaxerxes, do teor 
seguinte, 
9 isto é, escreveram Reum, o comandante, Sinsai, o 
escrivão, e os seus companheiros, os juízes, os 
governadores, os oficiais, os persas, os homens de 
Ereque, os babilônios, os susanquitas, isto é, os 
elamitas, 
53 
 
10 e as demais nações que o grande e afamado Osnapar 
transportou, e que fez habitar na cidade de Samaria e no 
restante da província dalém do Rio. 
11 Eis, pois, a cópia da carta que mandaram ao rei 
Artaxerxes: Teus servos, os homens de além do Rio, 
assim escrevem: 
12 Saiba o rei que os judeus que subiram de ti a nós 
foram a Jerusalém e estão reedificando aquela rebelde 
e malvada cidade, e vão restaurando os seus muros e 
reparando os seus fundamentos. 
13 Agora saiba o rei que, se aquela cidade for reedificada 
e os muros forem restaurados, eles não pagarão nem 
tributo, nem imposto, nem pedágio; e assim se 
danificará a fazenda dos reis. 
14 Agora, visto que comemos do sal do palácio, e não 
nos convém ver a desonra do rei, por isso mandamos dar 
aviso ao rei, 
15 para que se busque no livro das crônicas de teus pais; 
e acharás no livro das crônicas e saberás que aquela é 
uma cidade rebelde, e danosa a reis e províncias, e que 
nela houve rebelião em tempos antigos; por isso é que 
ela foi destruída. 
16 Nós, pois, estamos avisando ao rei que, se aquela 
cidade for reedificada e os seus muros forem 
restaurados, não terás porção alguma a oeste do Rio. 
17 Então o rei enviou esta resposta a Reum, o 
comandante, e a Sinsai, o escrivão, e aos demais seus 
54 
 
companheiros, que habitavam em Samária e no restante 
do país a oeste do Rio: Paz. 
18 A carta que nos enviastes foi claramente lida na 
minha presença. 
19 E, ordenando-o eu, buscaram e acharam que desde 
tempos antigos aquela cidade se tem levantado contra 
os reis, e que nela se tem feito rebelião e sedição. 
20 E tem havido reis poderosos sobre Jerusalém, os 
quais dominavam igualmente toda a província dalém do 
rio; e a eles se pagavam tributos, impostos e pedágio. 
21 Agora, pois, dai ordem para que aqueles homens 
parem, a fim de que não seja edificada aquela cidade até 
que eu dê ordem. 
22 E guardai-vos de serdes remissos nisto; não suceda 
que o dano cresça em prejuízo dos reis. 
23 Então, logo que a cópia da carta do rei Artaxerxes foi 
lida perante Reum e Sinsai, o escrivão, e seus 
companheiros, foram eles apressadamente a Jerusalém, 
aos judeus, e os impediram à força e com violência. 
24 Então cessou a obra da casa de Deus, que estava em 
Jerusalém, ficando interrompida até o segundo ano do 
reinado de Dario, rei da Pérsia.” (Ed 4.1-24). 
 
 
 
55 
 
 
Esdras 5 
 
Vencer Oposições para Fazer a Vontade de Deus 
 
Nós vimos no último versículo do quarto capítulo, 
anterior a este quinto de Esdras, que estaremos 
comentando, que as obras do templo foram paralisadas 
por determinação do rei persa, por instigação dos 
samaritanos. 
Neste quinto capítulo nós vemos os judeus sendo 
exortados pelos profetas Ageu e Zacarias a reiniciarem 
as obras que haviam sido paralisadas. 
Há muitos princípios a serem aprendidos em relação a 
tudo isto, e nós estaremos analisando isto de modo 
detalhado nas linhas seguintes. 
Primeiro, devemos considerar que os judeus estavam 
debaixo do governo e domínio da Pérsia, e seguiram 
a norma bíblica de obedecerem às autoridades, quando 
não tentaram se insurgir pelo uso das armas contra a 
Pérsia, ao serem impedidos de prosseguir na 
reconstrução do templo, e se sujeitaram à providência 
divina. 
Alguns teriam pegado em armas em nome da fé, mas 
naquela situação, a fé demandava obediência ao poder 
governante, no caso a Pérsia, porque era pela permissão 
56 
 
divina que os persas estavam dominando o mundo, tal 
como Babilônia, antes deles. 
Isto explica porque Jesus nem os apóstolos proferiram 
uma só palavra contra a dominação romana, porque ela 
havia sido prevista nos conselhos de Deus, conforme 
revelado através do profeta Daniel. 
Sobre este princípio de se estar sujeito à autoridade, 
pela vontade de Deus, ainda temos algumas coisas a 
falar; entretanto, é necessário enfocar que quando a 
autoridade terrena tenta impedir uma determinação 
específica provinda diretamente de Deus, como foi o 
caso da libertação dos judeus de Babilônia e da 
reconstrução do templo em Jerusalém, importa antes 
obedecer a Deus do que aos homens, tal como ocorreu 
nos dias dos apóstolos, quando as autoridades de Israel, 
na pessoa dos sacerdotes, tentaram impedi-los de 
pregar o evangelho. 
A construção do templo, naquela ocasião, tal como o 
evangelho nos dias dos apóstolos e nos nossos próprios 
dias, configurava o testemunho do cumprimento da 
vontade de Deus perante todas as nações. 
Não admira, portanto, que o Senhor tivesse levantado 
os profetas Ageu e Zacarias, para exortarem os judeus a 
se lançarem à obra de reconstrução que havia sido 
paralisada. 
Eles deveriam se entregar à execução da tarefa sem se 
insurgirem contra as autoridades constituídas da Pérsia, 
porque aos servos de Deus convém serem mansos para 
com todos, na expectativa que se arrependam e 
cheguem ao conhecimento da verdade. 
57 
 
Não lhes convém contenderem, especialmente com as 
autoridades que procedem de Deus. 
Como bem se expressou D. M. Lloyd Jones a respeito de 
ser dever do cristão suportar ofensas sem protestar: “O 
cristão não deve se preocupar com as ofensas nem com 
as defesas pessoais. Porém quando é questão de honra, 
de justiça, da verdade, deve se preocupar e protestar. 
Quando não se honra a lei, quando ela é violada a olhos 
vistos, não por interesse pessoal, nem para se proteger 
a si mesmo, atua como cristão em Deus, como alguém 
que crê que em última instância toda lei procede de 
Deus.”. 
Ele prossegue dizendo que “nosso Senhor condena todo 
ressentimento que possamos sentir contra o governo 
legítimo de nosso país. O governo que está no poder tem 
o direito de fazer estas coisas, e nosso dever é cumprir a 
lei. Devemos fazê-lo ainda que estejamos 
completamente em desacordo com o que se faz, mesmo 
que o consideremos injusto. Se possui autoridade legal 
e sanção legitima, nosso dever é fazê-lo.”. 
Pedro diz em sua primeira carta: 
“Sujeitai-vos, pois, a toda a ordenação humana por 
amor do Senhor; quer ao rei, como superior; quer aos 
governadores, como por ele enviados para castigo dos 
malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem.” (I Pe 
2.13-14). “Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor 
aos Senhores, não somente aos bons e humanos, mas 
também aos maus.” (I Pe 2.18). 
“Se você está fazendo algo e chega um policial e lhe diz 
que deve levar essa carga por uma milha, não somente 
58 
 
deve fazê-lo com alegria, senão estar disposto a 
caminhar mais uma milha. 
O resultado será que quando chegar o policial 
dirá: “Que pessoa é esta? Que há nele que o faz agir 
assim? O faz com alegria e mais do que se lhe pede.”. E 
chegará a esta conclusão: “Este homem é diferente, não 
parece preocupado por seus próprios interesses. Como 
cristãos, nosso estado mental e espiritual deveria ser tal, 
que nada poderia nos ofender.”. (Lloyd Jones) 
Foi exatamente esta a atitude dos judeus, conforme 
podemos observar neste capítulo, quando foram 
interpelados por aqueles que se dirigiram a eles 
perguntando com que autoridade estavam 
desobedecendo o decreto do rei e reconstruindo o 
templo. 
Foi com mansidão que responderam com verdade aos 
seus inimigos, que tinham aquele direito e que ele havia 
sido assegurado pelo próprio rei Ciro, quando saíram de 
Babilônia. 
Isto fez com que pedissem para que fosse investigado na 
corte da Pérsia se era realmente verdade o que estavamdizendo, e isto daria oportunidade para que a defesa 
deles viesse pela mão dos seus próprios inimigos, 
porque foram os seus interlocutores junto ao rei Dario, 
ainda que não para defendê-los, mas para confirmar se 
era verdade o que haviam alegado, e isto daria ocasião 
para que fosse descoberto o decreto imperial de Ciro em 
favor dos judeus, conforme veremos no capítulo 
seguinte. 
59 
 
Aqueles judeus haviam agido de acordo com a norma 
bíblica de se estar sujeito à autoridade e puderam assim 
contar com a proteção de Deus, para levarem adiante o 
cumprimento da Sua santa vontade. 
Os que estão no ministério devem combater segundo as 
regras, disse o apóstolo Paulo a Timóteo, e muitas coisas 
estão incluídas nisto, inclusive a que nos temos referido. 
Quando os ministros atuam contra a Palavra revelada de 
Deus, mesmo naquelas coisas ordenadas por Ele, não 
podem esperar ser bem-sucedidos no que fizerem, 
porque não podemos contar com a aprovação e a 
assistência do Senhor, quando agimos contra a Sua 
vontade. 
Agora, tal como Jesus elogiou o que devia ser elogiado 
nas sete Igrejas (Apocalipse 2 e 3), ao mesmo tempo que 
repreendeu o que deveria ser repreendido, de igual 
modo ressaltamos o que houve de bom no 
comportamento dos judeus dos dias de Zorobabel. 
Mostraremos agora, no que eles haviam falhado e por 
isso se tornaram dignos da repreensão divina, através 
dos profetas Ageu e Zacarias. 
Ageu e Zacarias começaram a profetizar no segundo ano 
do reinado de Dario, conforme se afirma nos primeiros 
versículos dos seus livros, respectivamente. 
Umas poucas coisas tinha o Senhor contra eles, 
conforme nós vemos especialmente nas repreensões 
feitas através do profeta Ageu. 
60 
 
É dito que debaixo desta palavra de exortação de Ageu, 
se animaram e reiniciaram as obras de reconstrução a 
partir do quarto dia, do sexto mês, do segundo ano do 
rei Dario (Ag. 1.1). 
Nós veremos no capítulo seguinte a este, em Esdras 6.15 
que a obra foi concluída no terceiro dia do décimo 
segundo mês (Adar), no sexto ano do reinado de Dario, 
portanto, quatro anos após terem sido reiniciadas. 
O motivo afirmado pelo Senhor como sendo a causa de 
eles terem ficado paralisados naqueles dezesseis anos, 
não foi tanto o decreto imperial de Artaxerxes 
determinando a paralisação, mas o fato de não terem 
priorizado o reino de Deus e sua justiça. 
E, nem mesmo com as manifestações do desagrado 
divino através das visitações na forma de produção de 
condições desfavoráveis que são descritas em Ag 1.6-11, 
por causa da sua indolência espiritual. 
Mesmo debaixo de toda a forma de oposição que 
estavam sofrendo por parte dos samaritanos e que 
culminou com o decreto de Artaxerxes determinando a 
paralisação das obras. 
Os judeus estavam se ocupando apenas de cuidar de 
suas vidas pessoais e de suas casas, ainda que estas 
necessitassem de ser construídas, porque haviam vindo 
de Babilônia, não somente para reconstruírem o templo 
como também suas casas. 
Mas, como haviam mudado a ordem correta das 
prioridades, estavam fazendo pouco progresso em seus 
projetos, pois estavam cuidando primeiro das suas 
61 
 
próprias necessidades, sem levarem em conta que 
importa em primeiro lugar cuidar dos interesses de 
Deus. 
Este era o problema com os judeus nos dias de 
Zorobabel: Uma pequena fé que não lhes estava 
permitindo fazer a vontade de Deus em meio às 
oposições e a colocarem o Seu reino em primeiro lugar 
em suas vidas. 
Uma grande fé nos levará a viver mais para Deus do que 
para nós mesmos; a amarmos a Sua vontade acima 
da nossa própria vontade, a nos regozijarmos nas 
fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas 
perseguições e nas angústias, por amor a Cristo (II Cor 
12.10). 
É fé que descansa no Senhor e faz a Sua vontade e não a 
própria, em toda e qualquer circunstância. 
Tal é a intervenção de Deus, especialmente na vida do 
Seu povo, que nós vemos isto ilustrado no caso dos 
judeus dos dias de Zorobabel, que naqueles 16 anos de 
paralisação das obras de reconstrução do templo, não 
permitiu que prosperassem em seus projetos pessoais, 
como uma forma de alertá-los que algo não ia bem na 
relação deles com Ele, porque não haviam lhe obedecido 
quanto a que não deviam parar de construir o templo, a 
par de toda a oposição que estavam sofrendo. 
Então, em vez do atendimento das necessidades 
materiais, no nível das suas expectativas, Deus fez 
exatamente o oposto do que esperavam, para que os 
seus olhos fossem abertos para o fato de que não 
deveriam viver com as mesmas expectativas que os 
62 
 
gentios tinham em relação aos seus deuses, como se 
fossem meros instrumentos de realização dos seus 
desejos pessoais. 
Deus quer ser conhecido, amado e servido. Não é 
propriamente a nossa vontade que devemos ver 
cumprida na nossa aproximação dEle, senão a Sua 
vontade. 
Nossa visão fundamental da vida neste mundo irá 
determinar nossa forma de viver, e controlar toda a 
nossa conduta. 
“Porque assim como é o homem em seu pensamento, 
em seu coração, tal ele é”. 
Sempre se pode dizer qual é a filosofia de um homem 
pela maneira pela qual ele vive, e pela maneira pela qual 
ele reage diante das coisas que sucedem ao seu redor. 
Por isso, os tempos de crise peneiram as pessoas. 
Sempre revelamos exatamente nossa posição com o que 
dizemos, por isso Jesus disse que seremos julgados de 
acordo com as nossas palavras (Mt 12.36). 
Fala-se em viver intensamente cada momento. 
É o que estamos vendo ao nosso redor, e esta é a forma 
pela qual a maioria das pessoas parece viver hoje em 
dia. 
Estas pessoas não dão muita atenção às consequências 
e não se preocupam com o seu destino eterno. 
63 
 
Jesus se referiu a isto com esta expressão: “os gentios 
buscam todas estas coisas”. 
Esta palavra “buscar” é uma palavra muito forte, porque 
indica que isto é buscado com intenso desejo e 
constantemente. Isto é, a vida consiste nestas coisas que 
eles buscam. 
E se estas coisas sucedem com um cristão, nas palavras 
de Jesus ele não está sendo melhor aos olhos de Deus 
do que um pagão. Porque estará vivendo como um 
pagão e não como um verdadeiro israelita, cuja vida e 
procedimento estão definidos na Bíblia. 
Se como cristãos deixamos que estas coisas ocupem o 
primeiro lugar na nossa vida, e se monopolizam nossa 
vida e nosso pensamento, então somos como os pagãos, 
somos mundanos e com mentes mundanas. 
É possível ser um cristão com ideias corretas acerca da 
salvação e ao mesmo tempo ter uma mente mundana, 
com uma filosofia pagã, que poderá ser revelada na sua 
conversação diária, preocupando-se sempre com 
comida e bebida, e sempre buscando riqueza, posição e 
possessões temporais. 
Estas coisas os dominam. São elas que os tornam felizes 
ou infelizes. São elas que lhes dão prazer ou desgosto, e 
sempre estão pensando nelas e falando sobre elas. 
Um cristão, conforme Jesus ensina, não deveria estar 
dominado por estas coisas. 
Qualquer que seja a posição que assuma diante delas, 
não deve ser controlado por elas, e elas não deveriam 
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na realidade fazê-lo feliz ou infeliz, porque esta é a 
situação típica do pagão. 
A alegria do cristão deve estar centrada na sua vida 
devotada a Deus, e no uso que Deus faz dele no Seu 
serviço. 
Especialmente vendo vidas sendo salvas e edificadas 
pelo evangelho. 
Nós vimos que quando os judeus chegaram na Palestina 
vindos de Babilônia, logo se apressaram em construir o 
altar dos holocaustos, para apresentarem 
continuamente nele sacrifícios a Deus, e a motivação 
principal que os conduziu a isto é declarada no contexto 
imediato ao que cita a edificação do altar: eles estavam 
procurando a proteção de Deus em razão de temerem 
os seus inimigos. 
Enquanto a obra de reconstrução do templo 
permaneceu paralisada, eles continuaram, no entanto, 
oferecendo holocaustos no altar que haviam edificado, 
e ao que tudo indica, parecia aos seus olhos que aquilo 
era suficiente para garantirem a provisão divina 
especialmente

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