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Cantares de Salomão: O Amor de Cristo pela Sua Igreja

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Prévia do material em texto

Cantares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
 
NOV/2015 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
 
Cantares 1 
 
 3 
 
Cantares 2 
 
22 
 
Cantares 3 
 
41 
 
Cantares 4 
 
49 
 
Cantares 5 
 
56 
 
Cantares 6 
 
65 
 
Cantares 7 
 
71 
 
Cantares 8 
 
77 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
Cantares 1 
 
O cântico dos cânticos, que é de Salomão. 
2 Beije-me ele com os beijos da sua boca; 
porque melhor é o seu amor do que o vinho. 
3 Suave é o cheiro dos teus perfumes; como 
perfume derramado é o teu nome; por isso as 
donzelas te amam. 
4 Leva-me tu; correremos após ti. O rei me 
introduziu nas suas recâmaras; em ti nos 
alegraremos e nos regozijaremos; faremos 
menção do teu amor mais do que do vinho; com 
razão te amam. 
5 Eu sou escura, mas formosa, ó filhas de 
Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as 
cortinas de Salomão. 
6 Não repareis em eu ser escura, porque o sol 
crestou-me a tez; os filhos de minha mãe 
indignaram-se contra mim, e me puseram por 
guarda de vinhas; a minha vinha, porém, não 
guardei. 
4 
 
 
7 Dize-me, ó tu, a quem ama a minha alma: 
Onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes 
deitar pelo meio-dia; pois, por que razão seria 
eu como a que anda errante pelos rebanhos de 
teus companheiros? 
8 Se não o sabes, ó tu, a mais formosa entre as 
mulheres, vai seguindo as pisadas das ovelhas, e 
apascenta os teus cabritos junto às tendas dos 
pastores. 
9 A uma égua dos carros de Faraó eu te 
comparo, ó amada minha. 
10 Formosas são as tuas faces entre as tuas 
tranças, e formoso o teu pescoço com os 
colares. 
11 Nós te faremos umas tranças de ouro, 
marchetadas de pontinhos de prata. 
12 Enquanto o rei se assentava à sua mesa, dava 
o meu nardo o seu cheiro. 
13 O meu amado é para mim como um saquitel 
de mirra, que repousa entre os meus seios. 
 
5 
 
 
14 O meu amado é para mim como um 
ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi. 
15 Eis que és formosa, ó amada minha, eis que 
és formosa; os teus olhos são como pombas. 
16 Eis que és formoso, ó amado meu, como 
amável és também; o nosso leito é viçoso. 
17 As traves da nossa casa são de cedro, e os 
caibros de cipreste.” 
 
Caso este livro de Cantares não tivesse a 
inspiração do Espírito Santo, e caso se tratasse 
apenas de um cântico dirigido por um esposo à 
sua esposa, certamente não constaria nas 
páginas da Bíblia, porque teria sido excluído do 
Cânon, porque não teríamos nele, nenhuma 
mensagem da parte de Deus para o Seu povo, 
para a Sua amada Igreja, senão apenas um 
poema dentre tantos outros poemas. 
 
 
 
6 
 
 
No entanto, nós podemos ver nas páginas deste 
livro, Cristo falando pela boca de Salomão à Sua 
noiva, que é a Igreja, que Ele tanto ama, e à qual 
estará ligado para sempre depois de celebradas 
as bodas de casamento, quando a apresentar a 
Si Igreja santa, perfeita, sem qualquer ruga ou 
mancha. E também nós vemos a Sua noiva lhe 
dirigindo os cânticos do seu amor por Ele, 
louvando-O por todos os Seus atributos, que são 
perfeitos, não apenas aos olhos da noiva, mas 
porque é de fato como eles existem neste Noivo 
celestial. 
Neste livro de Cantares, podemos então, ver 
qual é o tipo de sentimento que há no coração 
do Senhor pelos amados que Ele comprou pelo 
Seu sangue, para estar aliançado com eles para 
sempre, numa aliança de caráter matrimonial, 
na qual há a intimidade da participação da Sua 
vida na nossa vida, do Seu espírito no nosso 
espírito, da Sua alma na nossa alma e do Seu 
corpo no nosso corpo, porque foi dado pelo Pai 
para ser a cabeça do corpo que é a Sua Igreja. 
Este cântico foi composto também, para revelar 
como a Sua Noiva deve responder a tal amor. 
 
7 
 
 
Caso este cântico fosse apenas uma poesia que 
tivesse sido composta por Salomão para a sua 
esposa amada, ele o teria iniciado, falando do 
seu próprio amor pela noiva, mas ele fizera 
exatamente o oposto disso, porque o cântico é 
introduzido pela expressão do amor da sua 
esposa por ele. 
Então, em nosso comentário, usaremos o nome 
de Cristo nas referências ao esposo, e o da 
Igreja, nas referências à esposa, porque o 
cântico foi escrito para o propósito de revelar o 
modo pelo qual deve ser exibido o grande amor 
que eles sentem mutuamente. 
Este cântico pode ser aplicado ao tempo da 
dispensação da Lei, mas é especialmente 
dirigido para a dispensação da graça, na qual o 
Senhor tem dado um novo cântico ao Seu povo. 
Um cântico que é resultante do vinho novo que 
foi colocado em odres novos, a saber, a 
habitação do Espírito Santo nos corações 
transformados dos crentes. 
Não é sem razão que Salomão intitulou esta 
composição que lhe fora dada pelo Espírito, de 
 
8 
 
 
cântico dos cânticos, ou seja, o melhor dentre 
todos eles, que foram escritos para celebrar o 
amor, porque não celebra o amor filéo (de 
simples amigos), ou Eros (sensual), mas o amor 
ágape,que é o amor que existe entre Deus e os 
crentes e destes uns com os outros. É, portanto, 
um amor sobrenatural, espiritual produzido 
pelo Espírito Santo, que nos vem do céu, e não é 
um produto das coisas que há na terra. 
Salomão havia composto mil e cinco canções, 
além dos três mil provérbios que ele escreveu (I 
Reis 4.32), e isto prova então, que somente esta 
teve a marca especial do Espírito Santo em tudo 
o que fora escrito, porque nenhuma das mil e 
cinco canções foram reconhecidas, como tendo 
tal inspiração divina, senão apenas esta à qual 
ele chamou, por isso, de cântico dos cânticos, 
porque ele próprio reconheceu que era um 
cântico diferente de todos os demais que havia 
escrito, porque houve nele esta inspiração que 
lhe veio do alto da parte de Deus, ligando o seu 
coração ao dEle, mostrando-lhe quão elevado é 
o Seu amor divino, que Ele tem derramando 
abundantemente em nossos corações por meio 
de Jesus Cristo, e pela habitação do Espírito. 
 
9 
 
 
O Senhor havia dado por isso a Salomão um 
nome profético, Jedidias, que significa “o 
amado do Senhor” (II Sam 12.25). Deus lhe havia 
conhecido antes mesmo de tê-lo formado no 
ventre de Bate-Seba, e lhe moldara o caráter 
pacífico que ele possuía, e tanto se agradou 
dele, que lhe deu sabedoria e riquezas mais do 
que a qualquer outro. 
Em Sua presciência, o Senhor sabia que ele viria 
ser corrompido, na sua velhice, pelas muitas 
alianças que havia feito com nações 
estrangeiras, que lhe deram esposas idólatras 
para firmar aquelas alianças, e viria assim a fazer 
o que era mal perante aos olhos do Senhor, 
permitindo que elas dessem honra aos deuses 
de suas nações construindo santuários para eles 
em Israel. 
Todavia, como ele era justificado pela graça de 
Deus, o Senhor profetizara a Davi, seu pai, que 
usaria de misericórdia para com ele, mas o 
corrigiria assim como um pai corrige a seu filho, 
mas não desfaria a aliança eterna que havia 
firmado com Salomão, porque era sem dúvida, 
um dos seus escolhidos, tal como fora Sansão, e 
 
10 
 
 
para com o qual também usara de misericórdia, 
quando se desviou dos Seus caminhos, no final 
da sua vida, mas lhe deu honra, inserindo o seu 
nome na galeria dos heróis da fé de Hebreus 11. 
Acerca de Salomão, o Senhor disse através do 
profeta Natã a Davi, o seguinte, em II Sam 7.12-
15, onde vemos a promessa de não retirar de 
Salomão a Sua benignidade, tal como ela havia 
sido retirada de Saul, porque quanto à salvação, 
Salomão era um eleito de Deus, pelo que 
podemos inferir dos Provérbios e Salmos que 
escreveu, bem como deste cântico, e que estão 
na Bíblia como Palavra inspirada de quem tinha 
o Espírito Santo, e todo aquele que tem o 
Espírito Santo, pertence a Cristo, daí a promessa 
de que não seria lançado fora da presença de 
Deus, apesar de ter vindo a transgredir, como se 
vê no verso 14, mas foi castigado por Deus como 
filho, porque o Senhor disse que lhe seria por 
pai, e ele lhe seria por filho. Certamente esta 
parteda profecia não está dirigida a Cristo, a 
quem ela também se refere na condição de 
quem firma o trono de Davi para sempre, 
porque Ele nunca pecou, e jamais seria 
necessário dizer acerca dEle, que caso viesse a 
transgredir, que seria castigado pelo Pai. 
11 
 
 
“12 Quando teus dias forem completos, e vieres 
a dormir com teus pais, então farei levantar 
depois de ti um dentre a tua descendência, que 
sair das tuas entranhas, e estabelecerei o seu 
reino. 
13 Este edificará uma casa ao meu nome, e eu 
estabelecerei para sempre o trono do seu reino. 
14 Eu lhe serei pai, e ele me será filho. E, se vier 
a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens, 
e com açoites de filhos de homens; 
15 mas não retirarei dele a minha benignidade 
como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de 
ti.” (II Sam 7.12-15). 
 
A transgressão de Salomão no final de sua vida, 
ainda que não deva servir de inspiração para ser 
imitada ou defendida por nenhum crente, no 
entanto, não pode desqualificá-lo como homem 
de Deus que ele havia sido, tal como todos os 
demais que vieram a transgredir naquela Antiga 
Aliança, firmada na Lei, tal como os reis 
piedosos Asa, Joás, Uzias e outros depois dele, e 
 
12 
 
 
que eram também, sem dúvida eleitos de Deus, 
tal como Salomão. 
Nós vemos então a segurança eterna da 
salvação que é garantida por causa da eleição de 
Deus, e não por qualquer mérito ou capacidade 
existente em nós para garantirmos a nossa 
própria salvação. 
Em I Reis 3.3 está registrado que Salomão 
amava o Senhor e que andou nos estatutos de 
Davi. 
Ele era Jedidias, o amado do Senhor, e por isso 
nós podemos agora comentar o cântico de 
louvor e amor que ele compôs, porque era do 
Seu amado, e o Seu amado era dele; ele amou o 
Senhor, porque o Senhor o amou primeiro, e o 
salvou para que fosse Seu filho. 
Por vezes eu indagava por que Deus não deu a 
Davi este cântico, que perseverou em fidelidade 
a Ele até o final da sua vida? Por que havia dado 
a Salomão, e não a Davi? Creio ter a resposta 
para isto, provavelmente dentre outras razões, 
para que saibamos que o amor que temos para 
com Ele, e da Sua parte para conosco, 
não se baseia na nossa perfeição pessoal, que a 
13 
 
 
propósito, ninguém a possui, mas na Sua graça 
e misericórdia, para com pessoas imperfeitas e 
pecadoras, tal como nós. 
O amor que aqui se expressa não é o amor que 
existirá em perfeição para sempre, sem nenhum 
ruído na nossa comunhão com o Senhor, 
quando estivermos reunidos com Ele na glória, 
mas é o amor que Ele tem manifestado 
enquanto ainda permanecemos sujeitos à 
influência da natureza terrena e do pecado que 
opera na nossa carne. 
É por este amor que temos sido aperfeiçoados, 
em graus cada vez maiores pelo derramar 
abundante da Sua graça. Amar o que é perfeito 
é fácil, mas como no dizer de Paulo: 
“Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, 
em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo 
morreu por nós.” (Rom 5.8) 
Não foi por pessoas perfeitas que Cristo 
morreu. 
Não foi um mundo de homens que eram 
perfeitos em amor e justiça, que Deus amou. 
 
14 
 
 
Então o que fez Deus para que pudéssemos 
amá-lO? Não somente nos deu Cristo para 
morrer pelos nossos pecados, como também 
nos deu o Espírito Santo para habitar em nossos 
corações, para que conhecêssemos o Seu fruto 
do amor: 
“porquanto o amor de Deus está derramado em 
nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi 
dado.” (Rom 5.5 b). 
Foi para este amor que fomos criados, porque 
em Sua própria essência Deus é amor. 
Então este cântico, nos alerta para esta 
realidade de que não acharemos a satisfação 
plena, a realização plena segundo a nossa real 
vocação, se não formos inteiramente 
absorvidos pelo amor de Deus. 
Nada e ninguém poderá ocupar o lugar de Deus, 
porque fomos programados para amá-lO com 
toda a nossa força, com toda a nossa mente e 
com todo o nosso coração. E quem faz isto se 
transformar em realidade é o crescimento neste 
amor que é promovido em graus pelo Espírito 
Santo que Ele derramou em nossos corações 
para tal propósito. 
15 
 
 
Este amor é de intimidade. É de participação 
comum de vidas. Portanto, não pode ser 
conhecido e vivido por aqueles que não 
participam da intimidade com o Senhor, a qual 
é para aqueles que O temem. 
Não é um amor romântico que está em foco. 
Não é um amor que consiste meramente em 
palavras. Mas um amor que funde espíritos num 
só espírito, a saber, o do crente com o de Cristo, 
de modo que já não são, como no casamento 
entre homem e mulher, mais dois, mas um só 
espírito, e daí se dizer em I Cor 6.17: 
“Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito 
com ele.” (I Cor 6.17). 
E isto se aplica aos próprios crentes, em relação 
a uns com os outros, como se vê em textos como 
os seguintes: 
“3 procurando diligentemente guardar a 
unidade do Espírito no vínculo da paz. 
4 Há um só corpo e um só Espírito, como 
também fostes chamados em uma só esperança 
da vossa vocação;” (Ef 4.3,4) 
 
16 
 
 
“Somente portai-vos, dum modo digno do 
evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos 
veja, quer esteja ausente, ouça acerca de vós 
que permaneceis firmes num só espírito, 
combatendo juntamente com uma só alma pela 
fé do evangelho;” (Fp 1.27) 
Tal unidade em Cristo, e uns com os outros, faz 
com que o Espírito Santo seja uma fonte 
inesgotável de um amor que não se cansa de 
expressar, e que quanto mais se experimenta 
dele, mais se deseja experimentar. 
Por isso Cantares começa de modo abrupto e 
sem qualquer delonga, falando da expressão 
deste amor, da seguinte forma: 
 “2 Beije-me ele com os beijos da sua boca; 
porque melhor é o seu amor do que o vinho. 
3 Suave é o cheiro dos teus perfumes; como 
perfume derramado é o teu nome; por isso as 
donzelas te amam. 
4 Leva-me tu; correremos após ti. O rei me 
introduziu nas suas recâmaras; em ti 
nos alegraremos e nos regozijaremos; faremos 
 
17 
 
 
menção do teu amor mais do que do vinho; com 
razão te amam.” (v. 2 a 4). 
Pergunto-me se haveria forma mais bela de se 
exaltar este grande amor sobre o qual temos 
discorrido! 
Que força de expressão amorosa há nestas 
palavras! 
O Rei inspira em nós o desejo de o beijarmos por 
causa da excelência do Seu amor. O Seu 
perfume é desejável porque a simples menção 
do Seu nome é como o derramar dos mais 
preciosos perfumes. De modo que aqueles que 
O amam não conseguem resistir ao Seu 
chamado e logo correm após Ele, para privar da 
intimidade das suas recâmaras, que é a Sua 
própria pessoa, na qual encontramos vida, 
alegria e regozijo em abundância. Tal é a força 
impulsora deste amor espiritual em nós que nos 
leva a proclamá-lo, porque não é sem razão que 
Ele é amado, por tudo o que é em Si mesmo e 
por tudo o que faz por nós. 
 
 
18 
 
 
Este amor não é um amor egoísta, é um amor 
para ser compartilhado com outros, e o 
impulsionar do Espírito em nós nos conduz a 
isto, quando estamos cheios do amor de Cristo. 
As palavras proferidas pela esposa de Cristo 
(Igreja) nos versos seguintes deste capítulo do 
cântico bem comprovam o que afirmamos 
anteriormente quanto ao amor de um esposo 
perfeito por uma esposa ainda imperfeita que 
está destinada a ser perfeita na glória. 
Ela afirma ser escura, apesar de saber que ainda 
assim é formosa para o Seu noivo. Ela pede para 
que os outros não reparem no fato dela ser 
escura, não no sentido da cor da sua pele, 
porque como dissemos, este cântico é espiritual, 
e retrata a condição escura da alma, por causa 
do pecado. É como se a noiva dissesse, que 
apesar de ter saído das trevas do pecado, e de 
ainda estar sujeita à ação destas trevas, no 
entanto, o seu Esposo a ama. 
A noiva diz que os filhos da sua mãe, ou seja, 
seus irmãos se indignaram contra ela (uma 
referência aos seus semelhantes, e não 
propriamente a crentes), e para impedir que ela 
19 
 
 
estivesse com o amado da sua alma, lhe haviam 
colocado comoguarda de vinhas, mas ela não se 
submeteu a eles e não cuidou da sua vinha como 
os demais. Ela não se envolveu com os negócios 
deste mundo porque o seu único desejo era o de 
agradar ao amado da Sua alma. Assim é como 
age de fato a Igreja que é fiel a Cristo. 
“Nenhum soldado em serviço se embaraça com 
negócios desta vida, a fim de agradar àquele que 
o alistou para a guerra.” (II Tim 2.4). 
“4 Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é 
inimizade contra Deus? Portanto qualquer que 
quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo 
de Deus. 
5 Ou pensais que em vão diz a escritura: O 
Espírito que ele fez habitar em nós anseia por 
nós até o ciúme?” (Tg 4.4,5) 
Deus não dividirá o Seu amor por nós com coisas 
vãs, e de igual modo não devemos dividir o 
nosso afeto e amor por Ele com as coisas vãs 
deste mundo. 
 
 
20 
 
 
Entristece ao amor divino ver o nosso tempo 
sendo gasto com coisas vãs, quando deveria 
estar sendo ocupado com Ele e com os Seus 
interesses santos, justos, bons e perfeitos. 
Então a esposa procura saber onde pode achar 
o Amado da sua alma. Ela deseja chegar ao lugar 
onde Ele apascenta costumeiramente o Seu 
rebanho. Ela não quer de modo nenhum ser 
achada errante em outro rebanho que não seja 
o do Seu Esposo, que é Cristo. 
Como era este o desejo da Igreja então Cristo se 
deixou achar por ela. 
É sempre assim que ocorre porque Ele prometeu 
se deixar achar por aquele que O buscar, e de 
abrir-lhe a porta ao bater nela. 
É também Seu desejo nos achar, tanto quanto o 
nosso de achá-lo. 
É exatamente o que se afirma nos versos 8 a 17, 
o que ocorre quando estamos em comunhão 
com Ele, porque nestas horas, são trocadas as 
 
 
21 
 
 
mais profundas e belas expressões de amor 
espiritual, que se traduz em aprovação, 
consolações, fortalecimentos de graça, visões e 
revelações do Espírito, enchimento de poder, 
amor, paz, alegria, bondade e todos os demais 
dons, da parte do Esposo (V. 8 a 11, 15); e da 
parte da esposa (v. 12 a 14; 16, 17) Ele é 
brindado com reverência, humildade, louvores, 
intercessões, serviços, proclamação das Suas 
virtudes e obra, gratidão, e dando-Lhe por 
devolvido tudo o que recebe da Sua parte 
quanto ao Seu amor, alegria, justiça, bondade, 
etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
Cantares 2 
Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales. 
2 Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha 
amada entre as filhas. 
3 Qual a macieira entre as árvores do bosque, tal 
é o meu amado entre os filhos; com grande 
regozijo sentei-me à sua sombra; e o seu fruto 
era doce ao meu paladar. 
4 Levou-me à sala do banquete, e o seu 
estandarte sobre mim era o amor. 
5 Sustentai-me com passas, confortai-me com 
maçãs, porque desfaleço de amor. 
6 A sua mão esquerda esteja debaixo da minha 
cabeça, e a sua mão direita me abrace. 
7 Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas 
gazelas e cervas do campo, que não acordeis 
nem desperteis o amor, até que ele o queira. 
 
 
23 
 
 
8 A voz do meu amado! eis que vem aí, saltando 
sobre os montes, pulando sobre os outeiros. 
9 O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao 
filho da gazela; eis que está detrás da nossa 
parede, olhando pelas janelas, lançando os 
olhos pelas grades. 
10 Fala o meu amado e me diz: Levanta-te, 
amada minha, formosa minha, e vem. 
11 Pois eis que já passou o inverno; a chuva 
cessou, e se foi; 
12 aparecem as flores na terra; já chegou o 
tempo de cantarem as aves, e a voz da rola 
ouve-se em nossa terra. 
13 A figueira começa a dar os seus primeiros 
figos; as vides estão em flor e exalam o seu 
aroma. Levanta-te, amada minha, formosa 
minha, e vem. 
14 Pomba minha, que andas pelas fendas das 
penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me o teu 
semblante faze-me ouvir a tua voz; porque a tua 
voz é doce, e o teu semblante formoso. 
 
24 
 
 
15 Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que 
fazem mal às vinhas; pois as nossas vinhas estão 
em flor. 
16 O meu amado é meu, e eu sou dele; ele 
apascenta o seu rebanho entre os lírios. 
17 Antes que refresque o dia, e fujam as 
sombras, volta, amado meu, e faze-te 
semelhante ao gamo ou ao filho das gazelas 
sobre os montes escabrosos.” 
 
Foi com o nome de “Eu sou o que sou”, que Deus 
se apresentou a Moisés, quando este lhe 
perguntou qual o nome que deveria dar aos 
israelitas quando fosse a eles no cativeiro no 
Egito, quando lhe perguntassem o nome do 
Deus que lhe havia enviado a eles. 
Então não é incomum vermos nosso Senhor 
dizendo de si mesmo tanto no Antigo, quanto no 
Novo Testamento, esta expressão “Eu sou...”, 
como por exemplo: 
“Eu sou o pão que desceu do céu...” (Jo 6.41) 
 
25 
 
 
“Eu sou o pão da vida...” (Jo 6.48) 
“Eu sou o pão vivo que desceu do céu...” (Jo 
6.51) 
“Eu sou a luz do mundo...” (Jo 8.12) 
“Eu sou a porta das ovelhas...” (Jo 10.7) 
“Eu sou o bom pastor...” (Jo 10.11) 
“Eu sou a ressurreição e a vida...” (Jo 11.25) 
“Eu sou o caminho e a verdade e a vida...” (Jo 
14.6) 
“Eu sou a videira verdadeira...” (Jo 15.1) 
E aqui logo no início do segundo capítulo de 
Cantares, o Senhor falou pela boca de Salomão 
que Ele é a rosa de Sarom e o lírio dos vales. 
Nosso Senhor não é uma rosa de um jardim 
fechado, mas a rosa das campinas de Sarom, 
que era a rosa mais excelente que havia, e 
também não é o lírio entre rochas escabrosas, 
 
 
26 
 
 
mas o lírio dos vales, pelos quais revelou a Sua 
beleza e o adorno do Seu povo, que não está em 
nenhum lugar de difícil acesso em que não possa 
ser achado, mas que se encontra à disposição de 
todo aquele que procurar por Ele. 
A palavra hebraica Sarom, significa planície, 
lugar nivelado, e era por esse nome que era 
chamado o território que ficava situado entre as 
montanhas de Efraim e o Mar Mediterrâneo. 
Então é em um vale plano e não em terras 
escarpadas que nos encontramos com Cristo. 
Isto indica que Ele não criará nenhuma 
dificuldade para ser achado por aqueles que O 
buscam. 
Ele não é como a Sua Igreja amada, à qual ele se 
refere como sendo um lírio entre espinhos. A 
Igreja é um lírio, mas possui, enquanto neste 
mundo as imperfeições e pecados, com os quais 
fere o coração de Cristo. 
Os crentes são nova criatura, são 
coparticipantes da natureza divina, e por isso 
Cristo os chama também de lírios, mas, 
enquanto na carne, estão sujeitos aos espinhos 
27 
 
 
da natureza terrena, que devem ter a diligência 
de mortificar, e de se despojar, para que não 
firam tanto ao Seu Amado, de modo que 
possam ter uma maior comunhão com Ele. 
Todavia, em relação a Cristo, a Igreja não pode 
dizer que há qualquer espinho no lírio dEle, na 
condição de lírio dos vales, ao contrário, ela 
afirma que Ele é como a macieira entre as 
árvores do bosque; e que isto se refere à sua 
condição entre os seus filhos. Se Cristo e os 
crentes são considerados como árvores, Ele é 
uma árvore mais excelente do que eles, porque 
se estão sendo feitos à Sua semelhança, no 
entanto não são da Sua mesma essência, que 
em relação a Ele é somente igual à do Pai e à do 
Espírito Santo. 
Por isso a Igreja descansa à Sua sombra, porque 
Ele mesmo é o descanso do Seu povo, e o Seu 
fruto que é implantado em nós pelo Espírito 
Santo, não é algo duro ou amargo, mas doce (v. 
3). 
 
 
28 
 
 
Se buscarmos a presença de Cristo sempre 
seremos achados em banquetes espirituais, e 
por isso é dito que a Igreja foi introduzida à sala 
do banquete pelo Seu Amado. E a condição em 
que se encontram estes crentes que estão 
participando do banquete espiritual de Cristo, 
em Sua adoração, sempre será a de triunfo e 
exaltação, porque o Senhor estenderá sobre 
eles a bandeira (estandarte) do Seu amor, pelo 
qual todo medo é lançado fora, porque nos fará 
sentir seguros em Sua presença, não por causa 
de fazer prevalecer o Seu domínio sobre nós 
pela força, senão unicamente pelo Seu amor (v. 
4). 
“Graças, porém, a Deus que em Cristo sempre 
nos conduz em triunfo, e por meio de nós 
difunde em todo lugar o cheirodo seu 
conhecimento;” (II Cor 2.14). 
“Pois o amor de Cristo nos constrange, porque 
julgamos assim: se um morreu por todos, logo 
todos morreram;” (II Cor 5.14) 
 
 
29 
 
 
Embriagados não com vinho, mas com o Espírito 
Santo (Ef 5.18), estando cheios da plenitude do 
amor de Cristo, os crentes somente acharão 
conforto no alimento espiritual que há no 
banquete espiritual do qual eles participam 
juntamente com nosso Senhor nas regiões 
celestiais, aos quais são chamados pela esposa 
em Cantares, por passas e por maçãs, que são 
frutos nobres de árvores nobres (v. 5). 
E nesta condição nada mais lhes interessa senão 
o regozijo espiritual da manifestação da 
presença de Cristo, que arrebata todo o nosso 
ser à Sua própria presença, para a íntima 
comunhão em amor que Ele tanto anseia ter 
conosco, e que tanto nos agrada quando a 
estamos experimentando (v. 6). 
Todavia, estas horas sagradas e elevadas de 
comunhão não ocorrerão sempre no momento 
mesmo em que as desejarmos, porque Ele 
sempre operará pela Sua própria e exclusiva 
soberania e autoridade. 
Por vezes nos visitará inesperadamente, 
surpreendendo-nos com as manifestações do 
Seu poder e amor. Por isso se diz que o amor não 
30 
 
 
deve ser despertado até que nosso Senhor o 
queira. Porque não o fará por ser obrigado a 
fazê-lo, porque agirá sempre de modo 
voluntário. Por isso espera que O busquemos 
também voluntariamente e por inspiração do 
Seu Espírito, e não por qualquer impulso da 
carne (v. 7). 
Contudo, sempre que Ele vier ao nosso 
encontro, nós o saberemos, porque a Sua voz é 
inconfundível, e virá ao nosso encontro 
rapidamente, como um cavaleiro em seu cavalo 
que vem saltando velozmente sobre os montes 
elevados da Sua glória. Ele virá das alturas em 
que se encontra ao nosso encontro aqui 
embaixo, e nos conduzirá em espírito às 
mesmas alturas em que Ele se encontra, para 
que o adoremos na beleza da Sua santidade (v. 
8). 
“19 Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos 
no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus, 
20 pelo caminho que ele nos inaugurou, 
caminho novo e vivo, através do véu, isto é, da 
sua carne, 
 
31 
 
 
21 e tendo um grande sacerdote sobre a casa de 
Deus, 
22 cheguemo-nos com verdadeiro coração, em 
inteira certeza de fé; tendo o coração purificado 
da má consciência, e o corpo lavado com água 
limpa, 
23 retenhamos inabalável a confissão da nossa 
esperança, porque fiel é aquele que fez a 
promessa;” (Hb 10.19-23) 
 
Assim como o gamo ou o filho da gazela que 
espreita por entre as janelas das casas, 
aproximando-se delas inesperadamente, de 
igual modo nosso Senhor vigia constantemente 
a vida dos Seus amados, e os chama para se 
levantarem e caminharem ao Seu lado, porque 
importa que estejam onde Ele estiver. 
“Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu 
estiver, ali estará também o meu servo; se 
alguém me servir, o Pai o honrará.” (Jo 12.26) 
 
 
32 
 
 
Uma vez passado o inverno da disciplina do 
Espírito, ou a breve ausência do Senhor 
produzida por aflições ou quaisquer outras 
condições pelas quais esteja provando a nossa 
fé para que seja aumentada, Ele voltará a nos 
chamar para a primavera da alegria de 
andarmos com liberdade, sem o temor do frio 
ou da chuva, porque nos mostrará a beleza e das 
flores e nos fará sentir o seu aroma, os frutos, o 
cântico dos pássaros, porque é chegado o tempo 
de mais uma vez trazer regozijo, paz e alegria às 
nossas almas (v. 10 a 13). 
O amor do Senhor pela Sua Igreja é tão grande 
que Ele lhe pede para que Lhe mostre o seu 
semblante e que lhe faça ouvir a sua voz, saindo 
das fendas e das penhas em que geralmente 
costuma ser encontrada, porque fora da Sua 
presença santa, não se pode ouvir a sua voz 
doce e o seu semblante formoso. 
A tendência do pecador desde que Adão caiu no 
Éden, é sempre a de se esconder da presença do 
Senhor, como Adão tentara fazer atrás das 
árvores do jardim. Todavia o Senhor veio ao Seu 
encontro para lhe oferecer redenção. Mas Adão 
 
33 
 
 
teria quer ser sincero, teria que mostrar a cara, 
teria que revelar o que estava atrapalhando 
agora a sua comunhão com Deus, e tudo aquilo 
que se encontrava em seu coração. Nosso 
Senhor é a verdade, e é necessário que sejamos 
verdadeiros perante Ele, e sairmos dos 
esconderijos em que nos encontramos em 
nossos espíritos, para que a Sua luz penetre o 
mais interior do nosso ser, para que possamos 
desfrutar da Sua presença no nosso interior. 
Por isso se ordena que sejam capturadas as 
raposinhas que destroem as vinhas da Sua 
lavoura divina, a qual somos nós. E estas 
raposinhas representam tudo aquilo que possa 
nos separar da comunhão com Ele (v. 15). 
Enquanto elas estiverem na lavoura não será 
possível frutificar para Deus. Então se exige 
diligência para que o pecado seja mortificado 
diariamente, porque é ele a raposinha principal 
que impede a nossa frutificação espiritual. 
Há portanto este trabalho que deve ser feito 
pelo Espírito que visa à santificação da Igreja. 
Todavia, independente do grau de santificação 
obtida por este trabalho, há uma relação de 
34 
 
 
laços indissolúveis, como a do casamento, 
conforme estabelecido por Deus, para ser sinal 
da união que há entre Cristo e a Igreja. 
Por isso a Igreja pode afirmar o que lemos no 
verso 16: 
“O meu amado é meu, e eu sou dele; ele 
apascenta o seu rebanho entre os lírios.” (v. 16). 
Não é somente Jesus que nos possui, porque a 
Igreja também Lhe possui. Ambos se pertencem 
mutuamente. Já não podem ser separados, 
porque aquilo que Deus uniu o homem não 
pode separar. 
Por isso o apóstolo afirma o seguinte em Rom 
8.35: 
“quem nos separará do amor de Cristo? a 
tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a 
fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” 
(Rom 8.35. 
E em I Cor 3.21-23: 
 
 
35 
 
 
“21 Portanto ninguém se glorie nos homens; 
porque tudo é vosso; 
22 seja Paulo, ou Apolo, ou Cefas; seja o mundo, 
ou a vida, ou a morte; sejam as coisas presentes, 
ou as vindouras, tudo é vosso, 
23 e vós de Cristo, e Cristo de Deus.” ( I Cor 3.21-
23). 
O Senhor apascenta o Seu rebanho entre os 
lírios. É em pastos verdejantes que alimenta as 
Suas ovelhas. Isto significa que Ele é um 
provedor bondoso para os que Lhe pertencem. 
Ele não lhes dá o pão de amargura por 
alimento. Este pão de amargura do qual alguns 
crentes estão se alimentando não lhes foi dado 
certamente pelo Senhor, senão pelos seus 
próprios pecados. 
A Igreja clama para que Cristo, Seu amado venha 
rapidamente ao Seu encontro, antes do cair da 
noite (v. 17). 
Ela anseia andar como filha da luz, e somente na 
luz, porque sabe que já vai alta a noite de trevas 
sobre este mundo, que precipitará os juízos 
de Deus sobre toda a terra, e sabe que não tem 
36 
 
 
participação nestes juízos, porque não é filha da 
noite, mas do dia; não é filha das trevas, mas da 
luz. Todavia, sabe que não tem esta luz em si 
mesma, porque somente o Seu amado é a Luz, e 
ela apenas reflete esta luz, sem a qual não há a 
verdadeira vida que procede de Deus. 
“1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava 
com Deus, e o Verbo era Deus. 
2 Ele estava no princípio com Deus. 
3 Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele 
nada do que foi feito se fez. 
4 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos 
homens. 
5 E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não 
a compreenderam.”. (Jo 1.1-5) 
João afirma no verso 4 que a vida estava em 
Cristo, e que esta vida era a luz dos homens. 
Ele é portanto o Deus vivo, que não é Deus de 
mortos, mas de vivos, porque tudo o que vive 
tem a sua origem em Deus, por meio de quem 
tudo subsiste. Todo espírito que está ligado a 
37 
 
 
Deus vive e viverá eternamente. Mas fora de 
Deus tudo é morte. 
O fato de ser a vida de Cristo a luz dos homens, 
isto está restringido no verso 5 àqueles que são 
de Cristo, porque aqueles que amam as trevas 
não podem compreender esta luz, espiritual,celestial e divina. 
Mas os que compreendem e amam a luz, devem 
andar na luz de Jesus para que possam também 
ser luz no Senhor. Ele criou os homens para 
serem uma lâmpada que brilhe com a Sua luz, 
queimando com o óleo do Espírito Santo. 
João diz que a vida de Cristo é a luz dos homens, 
porque os crentes devem ser como lâmpadas 
que emitem a luz de Cristo. 
É a Palavra eterna na lâmpada que é o crente, 
que o faz brilhar com o brilho que procede de 
Deus. 
Sem a Palavra que acende esta lâmpada, ela 
permanece apagada. Por isso se ordena aos 
crentes que não apaguem o Espírito Santo, para 
não terem as suas próprias lâmpadas, que são 
suas vidas, apagadas. 
38 
 
 
Para que tenha luz, o crente depende 
inteiramente de Deus, e portanto, da Sua 
Palavra e do fogo do Espírito Santo. Deus uniu a 
ambos para que o crente possa brilhar, e assim 
manifeste a vida eterna de Deus para iluminar 
este mundo de trevas. 
A luz condenará as obras infrutíferas das trevas 
naqueles que permanecem no pecado, porque 
fará a exposição do que se ocultava nas trevas: 
“Mas todas estas coisas, sendo condenadas, se 
manifestam pela luz, pois tudo o que se 
manifesta é luz.” (Ef 5.13). 
É pela luz da revelação divina que o pecado pode 
ser condenado ou extirpado. E João nos diz que 
a vida está em Jesus, e que esta vida era a luz 
dos homens; isto é, somente quando a vida 
poderosa de Jesus se manifesta em alguém, que 
tal pessoa poderá vir para a luz de Deus e 
conhecer a Deus e compreender as coisas 
espirituais e divinas. Assim, fora de Cristo, não 
há tal possibilidade, porque vida e luz para os 
homens procedem dEle. 
 
39 
 
 
A vida eterna que nós necessitamos para 
escapar da morte eterna está somente em Cristo 
Jesus, e é nEle portanto que devemos buscá-la, 
e João nos indica o meio de obtê-la, a saber, por 
meio da Palavra e pelo andar na luz. 
É a luz de Cristo que ilumina o nosso 
entendimento e espírito para compreendermos 
as Escrituras. 
Elas permanecem como um livro fechado para 
nós até que Cristo abra o nosso entendimento e 
se revele ao nosso espírito para que possamos 
compreendê-las; tal como fizera com os dois 
discípulos no caminho de Emaús, aos 
quais lhes abriu o entendimento para 
compreenderem tudo o que estava escrito 
acerca dEle nas Escrituras. 
Não foi João quem conceituou Jesus como luz, 
pois Ele próprio fizera tal afirmação acerca de Si 
mesmo durante o Seu ministério terreno, 
confirmando aquilo que as Escrituras do Velho 
Testamento afirmam sobre Ele, especialmente 
de que Ele seria luz para os gentios. 
 
40 
 
 
“o povo que estava sentado em trevas viu uma 
grande luz; sim, aos que estavam sentados na 
região da sombra da morte, a estes a luz 
raiou.” (Mt 4.16). 
“E o julgamento é este: A luz veio ao mundo, e 
os homens amaram antes as trevas que a luz, 
porque as suas obras eram más.” (Jo 3.19). 
“Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou 
a luz do mundo; quem me segue de modo algum 
andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (Jo 
8.12). Veja que foi Jesus quem disse que é a luz 
que dá vida aos homens, de maneira que aquele 
que não está na luz e que não é luz por ter 
recebido tal luz de Jesus, continua morto em 
seus pecados. A vida eterna consiste na 
manifestação desta luz no nosso viver. 
“pois em ti está o manancial da vida; na tua luz 
vemos a luz.” (Sl 36.9). 
 
 
 
41 
 
 
Cantares 3 
De noite, em meu leito, busquei aquele a 
quem ama a minha alma; busquei-o, porém não 
o achei. 
2 Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade; 
pelas ruas e pelas praças buscarei aquele a 
quem ama a minha alma. Busquei-o, porém não 
o achei. 
3 Encontraram-me os guardas que rondavam 
pela cidade; eu lhes perguntei: Vistes, 
porventura, aquele a quem ama a minha alma? 
4 Apenas me tinha apartado deles, quando 
achei aquele a quem ama a minha alma; detive-
o, e não o deixei ir embora, até que o introduzi 
na casa de minha mãe, na câmara daquela que 
me concebeu: 
5 Conjuro-vos, ó filhos de Jerusalém, pelas 
gazelas e cervas do campo, que não acordeis, 
nem desperteis o amor, até que ele o queira. 
 
42 
 
 
6 Que é isso que sobe do deserto, como colunas 
de fumaça, perfumado de mirra, de incenso, e 
de toda sorte de pós aromáticos do mercador? 
7 Eis que é a liteira de Salomão; estão ao redor 
dela sessenta valentes, dos valentes de Israel, 
8 todos armados de espadas, destros na guerra, 
cada um com a sua espada a cinta, por causa dos 
temores noturnos. 
9 O rei Salomão fez para si um palanquim de 
madeira do Líbano. 
10 Fez-lhe as colunas de prata, o estrado de 
ouro, o assento de púrpura, o interior 
carinhosamente revestido pelas filhas de 
Jerusalém. 
11 Saí, ó filhas de Sião, e contemplai o rei 
Salomão com a coroa de que sua mãe o coroou 
no dia do seu desposório, no dia do júbilo do seu 
coração.” 
Não podemos sentir saudades ou tristezas por 
aquilo que nunca tivemos ou que nunca 
conhecemos. 
 
43 
 
 
Mas se temos conhecido ao Senhor, e quanto 
maior for este conhecimento íntimo de 
comunhão espiritual com Ele, não somente 
sentiremos saudades ou tristezas se ficarmos 
ausentes da Sua presença, como até mesmo 
seremos consumidos pela dor que existirá em 
nossas almas por tal ausência. 
Se Ele passou a ser a nossa vida, a ponto de já 
não vivermos nós, mas termos a vida do Filho de 
Deus em nós como sendo a nossa própria 
vida,tal como Paulo viveu, então, tentar viver 
sem esta comunhão com Ele, seria o mesmo que 
tentar viver como um peixe fora da água. 
Isto não é exagero, mas a pura realidade, 
especialmente para aqueles que foram 
chamados por Cristo a se consagrarem a Ele de 
um modo especial, porque Ele passará a ser o 
tudo deles, e para eles. 
Por vezes, para fazer com que estes Seus servos 
tenham a consciência plena de que Ele passou a 
ser a vida deles, o Senhor se ausenta por curtos 
períodos, e logo eles se empenham a buscá-lO 
 
44 
 
 
com todas as forças das suas almas, e 
investigam diligentemente, para descobrirem 
em que O teriam desapontado, para provocar 
tal ausência. E como Davi, suas almas suspiram 
pela Sua presença tal como a corça pelas águas, 
quando se acha sedenta. 
A sede de vida deles não pode ser saciada por 
nada e ninguém a não ser pelo próprio Cristo, e 
a alma não pode estar sossegada enquanto não 
voltar a descansar nEle. 
Contudo, assim como eles já não podem mais 
viver sem Cristo, é também correto dizer que Ele 
também já não pode estar sem a companhia 
deles, e por isso tudo fará para deixar-se 
encontrar por eles, quando lhe buscarem. 
“7 Por um breve momento te deixei, mas com 
grande compaixão te recolherei; 
8 num ímpeto de indignação escondi de ti por 
um momento o meu rosto; mas com 
benignidade eterna me compadecerei de ti, diz 
o Senhor, o teu Redentor.” (Is 54.7,8) 
 
 
45 
 
 
E se demoram nesta busca, ou se vêm a 
desfalecer na procura, Ele próprio virá ao 
encontro deles, tal como os procurou quando 
ainda estavam perdidos, como a ovelha 
desgarrada da Parábola, e lhes fortalecerá para 
que sejam reanimados e consolados. 
Esta tem sido a experiência prática de milhões 
que lhe têm amado ao longo da história da 
humanidade. 
Bem-aventurados são estes que têm fome e 
sede da Sua justiça, porque serão saciados. Ele 
não permitirá que venham a perecer por falta do 
alimento e da água espiritual pela qual têm vida 
eterna, abundante e plena. 
Estas breves ausências não são uma atitude 
caprichosa da Sua parte, mas oportunidades 
que nos oferece para aumentar a nossa fé, e 
para aprendermos a andar espiritualmente, tal 
como os pais fazem com seus filhinhos 
colocando-os de pé e se afastando a uma 
distância segura para que eles caminhem na 
direção deles à busca de apoio, e quanto mais 
eles caminham para trás, mais seus pequeninos 
avançam, até que aprendem a andar firmados 
sobre os seus próprios pés. 
46 
 
 
Ele pretende nos ensinar a ter tal maturidade e 
firmeza de fé, para aprendermosque mesmo 
nas horas de tribulações, em que pareça que Ele 
está ausente, possamos saber que está por 
perto e vigilante para evitar que venhamos a 
cair, e assim estarmos com os nossos corações 
sossegados de que voltaremos logo a estar em 
seus braços amorosos. 
Além disso, é Seu desejo que aprendamos 
também a buscar auxílio nestas horas de 
aparente ausência, naqueles que estão 
vigiando, representados na pessoa dos guardas 
(vigias, sentinelas) de Jerusalém citados no 
cântico, que foram procurados pela esposa para 
ter notícias do paradeiro do Esposo. 
Não será na companhia dos que andam 
negligentemente que poderemos achar a nossa 
comunhão com nosso Senhor, senão somente 
naqueles que vigiam e oram em todo o tempo, 
e que podem nos ajudar como achá-lo, se por 
algum momento sentirmos que Ele se ausentou 
de nós. 
 
 
47 
 
 
“Foge também das paixões da mocidade, e 
segue a justiça, a fé, o amor, a paz com os que, 
de coração puro, invocam o Senhor.” (II Tim 
2.22) 
A perseverança na fé, na piedade, na paciência, 
terá por fim a sua recompensa, que será achar o 
próprio Cristo, e não bens terrenos ou qualquer 
outra coisa que não pode alimentar o espírito, 
porque somente o Espírito Santo pode 
alimentar o nosso espírito. Coisas espirituais se 
discernem espiritualmente, e podemos dizer 
também que podem ser alimentadas somente 
por coisas espirituais que procedem de Cristo, 
pelo Espírito. Como poderiam coisas materiais 
alimentar o nosso espírito? 
Cristo é tão precioso que uma vez achado por 
nós, tudo devemos fazer para retê-lO, porque é 
nEle que se encontra todo o tesouro da 
sabedoria, e de tudo quanto necessita a nossa 
alma. 
E isto faremos por diligente oração, meditação 
na Sua Palavra, empenho na comunhão com os 
irmãos, e por uma real consagração da nossa 
vida ao Seu serviço. 
48 
 
 
Por isso, ao achá-lO, a esposa diz que logo O 
introduziu na casa de sua mãe, e procurou tudo 
fazer para que Ele fosse bem cuidado e pudesse 
achar repouso, de modo que não fosse forçado 
a compartilhar Seu amor a não ser quando Ele o 
desejasse. 
Isto representa a humildade, a reverência, o 
cuidado que devemos ter na nossa comunhão 
com Cristo, que sendo amigo é também Senhor 
e Rei, como o vemos sendo comparado a 
Salomão, quanto à glória que tivera aquele rei, 
maior do que a de qualquer outro rei da terra. E 
quem não demonstraria reverência e respeito 
pelo Rei dos reis, apesar de privar da Sua 
intimidade? 
Deste modo, toda iniciativa de sermos usados 
por nosso Senhor sempre se achará sob a Sua 
exclusiva decisão, e não porque o 
determinemos, ou por pensarmos que 
poderemos de algum modo levá-lO à ação por 
nossas orações ou por qualquer outro meio. Ele 
sempre agirá de acordo com a Sua vontade e 
Soberania, e nunca pela nossa própria vontade, 
porque afinal é Rei, e não se deixará governar 
pelos Seus súditos. 
49 
 
 
Cantares 4 
Como és formosa, amada minha, eis que és 
formosa! os teus olhos são como pombas por 
detrás do teu véu; o teu cabelo é como o 
rebanho de cabras que descem pelas colinas de 
Gileade. 
2 Os teus dentes são como o rebanho das 
ovelhas tosquiadas, que sobem do lavadouro, e 
das quais cada uma tem gêmeos, e nenhuma 
delas é desfilhada. 
3 Os teus lábios são como um fio de escarlate, e 
a tua boca é formosa; as tuas faces são como as 
metades de uma romã por detrás do teu véu. 
4 O teu pescoço é como a torre de Davi, 
edificada para sala de armas; no qual pendem 
mil broquéis, todos escudos de guerreiros 
valentes. 
5 Os teus seios são como dois filhos gêmeos da 
gazela, que se apascentam entre os lírios. 
 
50 
 
 
6 Antes que refresque o dia e fujam as sombras, 
irei ao monte da mirra e ao outeiro do incenso. 
7 Tu és toda formosa, amada minha, e em ti não 
há mancha. 
8 Vem comigo do Líbano, noiva minha, vem 
comigo do Líbano. Olha desde o cume de 
Amana, desde o cume de Senir e de Hermom, 
desde os covis dos leões, desde os montes dos 
leopardos. 
9 Enlevaste-me o coração, minha irmã, noiva 
minha; enlevaste-me o coração com um dos 
teus olhares, com um dos colares do teu 
pescoço. 
10 Quão doce é o teu amor, minha irmã, noiva 
minha! quanto melhor é o teu amor do que o 
vinho! e o aroma dos teus ungüentos do que o 
de toda sorte de especiarias! 
11 Os teus lábios destilam o mel, noiva minha; 
mel e leite estão debaixo da tua língua, e o 
cheiro dos teus vestidos é como o cheiro do 
Líbano. 
 
51 
 
 
12 Jardim fechado é minha irmã, minha noiva, 
sim, jardim fechado, fonte selada. 
13 Os teus renovos são um pomar de romãs, 
com frutos excelentes; a hena juntamente com 
nardo, 
14 o nardo, e o açafrão, o cálamo, e o 
cinamomo, com toda sorte de árvores de 
incenso; a mirra e o aloés, com todas as 
principais especiarias. 
15 És fonte de jardim, poço de águas vivas, 
correntes que manam do Líbano! 
16 Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; 
assopra no meu jardim, espalha os seus aromas. 
Entre o meu amado no seu jardim, e coma os 
seus frutos excelentes!” 
 
Em todo este capítulo somente a esposa é 
exaltada pelo Esposo. 
Ele se dirige a ela com palavras encorajadoras e 
de amor. 
 
52 
 
 
Ele exalta as Suas virtudes e dons, que na 
verdade, todos foram recebidos dEle, porque 
era pobre e miserável quando foi enriquecida 
por Ele. 
É pela nossa consagração a Ele, ou seja, pelo 
preço que pagamos em nossa dedicação e 
diligência em buscarmos a nossa santificação 
nEle, que compramos os dons que Ele nos 
oferece pela graça, conforme podemos ver em 
Apo 3.18: 
“aconselho-te que de mim compres ouro 
refinado no fogo, para que te enriqueças; e 
vestes brancas, para que te vistas, e não seja 
manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a 
fim de ungires os teus olhos, para que vejas.” 
(Apo 3.18) 
Tal será o Seu trabalho operante na Sua 
verdadeira Igreja, que nosso Senhor já a vê 
como estando sem qualquer mancha, e perfeita 
perante Ele, porque a santificará pelo Espírito 
até tal ponto, porque a Igreja lhe foi dada pelo 
Pai para ser Sua esposa para sempre. 
 
53 
 
 
“25 Vós, maridos, amai a vossas mulheres, como 
também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se 
entregou por ela, 
26 a fim de a santificar, tendo-a purificado com 
a lavagem da água, pela palavra, 
27 para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, 
sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa 
semelhante, mas santa e irrepreensível.” (Ef 
5.25-27) 
Nosso Senhor aprecia o amor da Sua esposa por 
Ele, e fica satisfeito somente quando ela se Lhe 
apresenta em santidade, porque não vemos no 
texto uma esposa desarrumada pelo pecado, 
desleixada em seus deveres para com o Seu 
Esposo, antes, alguém que vive para o Seu 
inteiro agrado, e assim, ela chega mesmo a se 
reservar somente para Ele, vivendo como um 
jardim fechado, onde não permitirá a entrada 
de nenhum outro, senão somente de Seu Esposo 
amado. 
 
 
 
54 
 
 
Nosso Senhor não pode ser um jardim fechado, 
porque importa que seja achado por muitos 
como uma rosa ou lírio de um campo aberto, 
como já comentamos anteriormente, mas 
quanto a cada crente, estes devem ser jardins 
fechados para Ele, não que viverão isolados, 
mas que não amarão a ninguém, mais do que 
têm amado a Cristo, inclusive entes queridos, 
para que sejam achados dignos de serem 
chamados Seus discípulos. Somente a Ele 
amarão com toda a sua força, mente e coração. 
E a ninguém adorarão senão somente a Ele. 
Não há outro modo de se agradar a um Esposo 
tão excelente e digno. Ele deve ser amado ao 
nível da Sua Majestade divina. 
Por isso se exige de nós empenho em guardar 
tudo o que Ele nos tem ordenado. 
“Se me amardes, guardareis os meus 
mandamentos.” (Jo 14.15) 
“Aquele que tem os meus mandamentos e os 
guarda, esse é o que me ama; e aquele que me 
ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e 
me manifestarei a ele.” (Jo 14.21) 
55 
 
 
“Se guardardes os meus mandamentos, 
permanecereis no meu amor; do mesmo modo 
que eu tenho guardado os mandamentos de 
meu Pai, e permaneçono seu amor.” (Jo 15.10) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
 
Cantares 5 
Venho ao meu jardim, minha irmã, noiva 
minha, para colher a minha mirra com o meu 
bálsamo, para comer o meu favo com o meu 
mel, e beber o meu vinho com o meu leite. 
Comei, amigos, bebei abundantemente, ó 
amados. 
2 Eu dormia, mas o meu coração velava. Eis a voz 
do meu amado! Está batendo: Abre-me, minha 
irmã, amada minha, pomba minha, minha 
imaculada; porque a minha cabeça está cheia de 
orvalho, os meus cabelos das gotas da noite. 
3 Já despi a minha túnica; como a tornarei a 
vestir? já lavei os meus pés; como os tornarei a 
sujar? 
4 O meu amado meteu a sua mão pela fresta da 
porta, e o meu coração estremeceu por amor 
dele. 
 
 
57 
 
 
5 Eu me levantei para abrir ao meu amado; e as 
minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos 
gotejavam mirra sobre as aldravas da 
fechadura. 
6 Eu abri ao meu amado, mas ele já se tinha 
retirado e ido embora. A minha alma tinha 
desfalecido quando ele falara. Busquei-o, mas 
não o pude encontrar; chamei-o, porém ele não 
me respondeu. 
7 Encontraram-me os guardas que rondavam 
pela cidade; espancaram-me, feriram-me; 
tiraram-me o manto os guardas dos muros. 
8 Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, se 
encontrardes o meu amado, que lhe digais que 
estou enferma de amor. 
9 Que é o teu amado mais do que outro amado, 
ó tu, a mais formosa entre as mulheres? Que é o 
teu amado mais do que outro amado, para que 
assim nos conjures? 
10 O meu amado é alvo e rosado, o primeiro 
entre dez mil. 
 
58 
 
 
11 A sua cabeça é como o ouro mais refinado, os 
seus cabelos são ondulados, pretos como o 
corvo. 
12 Os seus olhos são como pombas junto às 
correntes das águas, lavados em leite, postos 
em engaste. 
13 As suas faces são como um canteiro de 
bálsamo, os montões de ervas aromáticas; e os 
seus lábios são como lírios que gotejam mirra 
preciosa. 
14 Os seus braços são como cilindros de ouro, 
guarnecidos de crisólitas; e o seu corpo é como 
obra de marfim, coberta de safiras. 
15 As suas pernas como colunas de mármore, 
colocadas sobre bases de ouro refinado; o seu 
semblante como o Líbano, excelente como os 
cedros. 
16 O seu falar é muitíssimo suave; sim, ele é 
totalmente desejável. Tal é o meu amado, e tal 
o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.” 
 
 
59 
 
 
Mesmo desprezada e ferida pelo mundo a Igreja 
sustenta o testemunho de Cristo, e quando 
indagada acerca da Sua fé nEle e porque tanto O 
admira e ama, ela proclama as Suas virtudes 
incomparáveis, que nenhum outro pode ter. 
O Senhor lhe veio ao encontro, confortou-a com 
Sua presença em meio à tempestade, e logo se 
retirou, mas não sem ter antes deixado a Sua 
forte impressão na Sua amada Igreja. O início 
deste cântico nos lembra o Senhor confortando 
os Seus discípulos antes de ir para o Pai, porque 
esteve entre eles, até que subisse ao céu, de 
onde lhes enviaria o Espírito para que dessem 
testemunho sobre Ele, em meio a aflições, aqui 
embaixo na terra. 
Todavia, cada Pentecostes, individual, em 
igrejas, ou em nações, sempre tem esta marca 
de ser antecedido pela visita de Cristo à Sua 
Igreja fazendo com ela um banquete espiritual 
no qual Seus filhos comem juntamente com Ele 
à Sua mesa, e são fortalecidos pelas Suas graças 
(v. 1). 
 
 
60 
 
 
Então Ele chama Sua Igreja quando ela estiver 
dormindo por estes despertamentos ou 
avivamentos espirituais, para que se levante e 
dê testemunho ao mundo pelo carregar o Seu 
bom perfume, tanto de vida para a vida nos que 
se salvam, como também como cheiro de morte 
para a morte nos que se perdem (II Cor 2.15). 
E este testemunho deve ser sustentado pela 
Igreja como pomba imaculada (inofensiva – v. 2) 
porque é enviada por Cristo para o meio de 
lobos, e por isso também necessitará da 
prudência característica da serpente. 
Depois de nosso Senhor ter morrido na cruz e ter 
sido sepultado, o sentimento dos discípulos 
naquela ocasião bem pode ser descrito pelas 
palavras da esposa no verso 6: 
“Eu abri ao meu amado, mas ele já se tinha 
retirado e ido embora. A minha alma tinha 
desfalecido quando ele falara. Busquei-o, mas 
não o pude encontrar; chamei-o, porém ele não 
me respondeu.” 
 
 
61 
 
 
Eles não poderiam achar consolação em 
ninguém naquela hora, e assim se dá conosco 
nas horas em que nos sentimos desolados e 
solitários e quando a alma busca consolo em 
pessoas amigas, que certamente não poderão 
preencher esta ausência de Cristo. Estas são 
horas para aprendizado, a não dar à alma 
consolações a todo momento que ela as desejar. 
É preciso fazer prevalecer o governo do espírito 
sobre a alma e fazer com que ela aprenda a 
esperar em silêncio até que o Senhor volte a 
manifestar a Sua presença. 
Isto faz parte do aprendizado de carregar a cruz 
para mortificação do nosso ego. 
O Senhor deseja que a Igreja aprenda isto para 
que possa dar um testemunho vigoroso na terra, 
em face de todas as perseguições e tribulações 
que terá que suportar, principalmente por parte 
dos principados e potestades das trevas. 
O Esposo veio procurar a esposa estando com a 
cabeça molhada pelo orvalho e depois de ter 
lavado os pés da lama deste mundo, que 
representa todo o ataque que Ele recebeu em 
Sua natureza santa, limpa e perfeita, por parte 
62 
 
 
do pecado deste mundo, que não lhe penetrou 
a alma, mas que sujou-Lhe senão os pés. 
Ele se dispôs a sofrer por amor à Igreja, e então 
ela deve estar disposta a compartilhar em 
alguma medida dos mesmos sofrimentos, se 
quando ao buscar santificar-se, for também 
atingida pela sujeira do mundo em seus pés, que 
devem ser continuamente lavados pelo auxílio 
de seus irmãos na fé, por encorajamento e 
oração intercessória. 
O Cristo que amamos e servimos é invisível. Ele 
não se encontra mais presente no corpo entre 
nós, mas nós o amamos e desfalecemos de amor 
por Ele, porque somos guiados e instruídos pelo 
Seu Espírito. 
Ele continua observando permanentemente os 
nossos passos, o nosso deitar e o nosso levantar, 
e nada que o Espírito fizer em nós e por nós, terá 
sido sem o propósito da glorificação do Esposo, 
e mediante tudo o que tiver recebido dEle para 
nós. 
Então o Seu cuidado é permanente conforme 
nos tem prometido de estar conosco até a 
consumação dos séculos. 
63 
 
 
Tão real é a presença do Senhor em nossos 
corações que à medida que a nossa comunhão 
com Ele aumenta em graus, não conseguimos 
ocupar a nossa mente e coração senão somente 
com aquilo que é relativo a Ele e ao Seu reino, e 
do que estiver cheio o coração, a boca falará, e 
todo mundo saberá quão grande é o nosso amor 
pelo nosso Esposo e Senhor. 
Na verdade, nada poderá nos fazer calar, porque 
a força propulsora do Seu próprio amor em nós 
nos levará a fazer isto, mesmo quando 
estivermos debaixo de grandes aflições por 
causa do testemunho fiel que dermos da Sua 
pessoa amada. 
Nós falaremos somente dEle e não de nós. De 
Suas virtudes e não das nossas. Falaremos da 
Sua excelência, tal como a esposa fez a partir do 
verso 10 deste capítulo de Cantares. 
“10 O meu amado é alvo e rosado, o primeiro 
entre dez mil. 
11 A sua cabeça é como o ouro mais refinado, os 
seus cabelos são ondulados, pretos como o 
corvo. 
64 
 
 
12 Os seus olhos são como pombas junto às 
correntes das águas, lavados em leite, postos 
em engaste. 
13 As suas faces são como um canteiro de 
bálsamo, os montões de ervas aromáticas; e os 
seus lábios são como lírios que gotejam mirra 
preciosa. 
14 Os seus braços são como cilindros de ouro, 
guarnecidos de crisólitas; e o seu corpo é como 
obra de marfim, coberta de safiras. 
15 As suas pernas como colunas de mármore, 
colocadas sobre bases de ouro refinado; o seu 
semblante como o Líbano, excelente como os 
cedros. 
16 O seu falar é muitíssimo suave; sim, ele é 
totalmente desejável. Tal é o meu amado, e tal 
o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.” 
Estes versos mostram a excelência da natureza 
de Cristo que misturatanto simplicidade (v. 10, 
12) com majestade e formosura (v. 11, 13); força 
e poder (v. 14, 15) com mansidão e falar 
muitíssimo suave (v. 16) 
 
65 
 
 
Cantares 6 
Para onde foi o teu amado, ó tu, a mais 
formosa entre as mulheres? para onde se 
retirou o teu amado, a fim de que o busquemos 
juntamente contigo? 
2 O meu amado desceu ao seu jardim, aos 
canteiros de bálsamo, para apascentar o 
rebanho nos jardins e para colher os lírios. 
3 Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu; 
ele apascenta o rebanho entre os lírios. 
4 Formosa és, amada minha, como Tirza, 
aprazível como Jerusalém, imponente como um 
exército com bandeiras. 
5 Desvia de mim os teus olhos, porque eles me 
perturbam. O teu cabelo é como o rebanho de 
cabras que descem pelas colinas de Gileade. 
6 0s teus dentes são como o rebanho de ovelhas 
que sobem do lavadouro, e das quais cada uma 
tem gêmeos, e nenhuma delas é desfilhada. 
 
66 
 
 
7 As tuas faces são como as metades de uma 
romã, por detrás do teu véu. 
8 Há sessenta rainhas, oitenta concubinas, e 
virgens sem número. 
9 Mas uma só é a minha pomba, a minha 
imaculada; ela é a única de sua mãe, a escolhida 
da que a deu à luz. As filhas viram-na e lhe 
chamaram bem-aventurada; viram-na as 
rainhas e as concubinas, e louvaram-na. 
10 Quem é esta que aparece como a alva do dia, 
formosa como a lua, brilhante como o sol, 
imponente como um exército com bandeiras? 
11 Desci ao jardim das nogueiras, para ver os 
renovos do vale, para ver se floresciam as vides 
e se as romanzeiras estavam em flor. 
12 Antes de eu o sentir, pôs-me a minha alma 
nos carros do meu nobre povo. 
13 Volta, volta, ó Sulamita; volta, volta, para que 
nós te vejamos. Por que quereis olhar para a 
Sulamita como para a dança de Maanaim?” 
 
67 
 
 
Impressionados pelo testemunho da Igreja 
relativo a Cristo, depois de lhe terem 
perguntado qual era o motivo de tanto apreciá-
lO, como vimos no verso 9 do capítulo anterior, 
estes que a ouviram passam então a se 
interessar também quanto ao modo como 
poderão encontrá-lO. 
Eles desejam buscar o Amado da Igreja 
juntamente com ela, ou seja, eles buscam a 
conversão das suas almas a Ele (v. 1). 
A resposta dada pela igreja é que Ele será 
achado no Seu jardim, nos canteiros de 
bálsamo, porque será achado onde estiver 
reunido o Seu rebanho de ovelhas para ser 
apascentado por Ele, e para colher os lírios (v. 
2). Os canteiros são de bálsamo porque Ele o 
usará para curar as ovelhas que estiverem 
feridas. 
O lugar apropriado para se ter um encontro com 
Cristo não é no bar, nas ruas, mas onde estiver a 
Sua Igreja reunida. Ele será achado com toda a 
certeza no meio do Seu povo, e daí fazerem bem 
aqueles que não O procuram às apalpadelas por 
todos os recantos deste mundo, senão na 
congregação dos justos, que é a Sua Igreja. 
68 
 
 
Isto sucede porque a Igreja não é deste mundo 
tal como o Seu Esposo. Ele pertence somente a 
ela, e ela somente a Ele. Então todo aquele que 
quiser encontrar a Cristo deve buscá-lO não no 
mundo, mas na Sua Igreja (v. 3). 
De ninguém mais dá o Senhor o testemunho de 
ser a luz ou o sal do mundo, senão somente à 
Sua Igreja. Ninguém mais tem a Sua aprovação 
divina, senão apenas aqueles que Lhe 
pertencem. 
E isto está de acordo com o testemunho que o 
próprio Esposo dá em relação à esposa a partir 
do verso 4 deste capitulo de Cantares. 
A Igreja não é apenas formosa perante Ele como 
uma cidade santa, mas é também imponente 
como um forte exército com suas bandeiras, 
porque Ele mesmo é a força do Seu povo, e as 
bandeiras que a Sua Igreja eleva para serem 
vistas pelo mundo é a Sua Palavra, ou seja, a 
verdade (v. 4). 
A busca da fé, o olhar espiritual que é dirigido 
pela Igreja a Cristo, leva-O a ficar perturbado, ou 
seja, comovido e enternecido por ela em Seu 
coração amoroso (v. 5 a). 
69 
 
 
A beleza da santidade da Igreja e a Sua grande 
fertilidade em produzir filhos espirituais para 
Ele como Esposo amado O encantam (v. 5 b, 6, 
7). 
São inúmeros os que professam amar a Cristo e 
conhecê-lO, mas ninguém O conhece senão 
somente a Sua Igreja (v. 7 a 9). 
“Todas as coisas me foram entregues por meu 
Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho, 
senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o 
Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o 
quiser revelar.” (Mt 11.27) 
O Senhor define a Sua Igreja como um forte 
exército, que tem a missão de fazer brilhar a Sua 
luz, no mundo de trevas (v. 10). 
E tem sido plantada por Ele para frutificar (v. 
11). 
 
 
 
 
70 
 
 
 
Se Igreja se permitir por algum momento ser 
dirigida pelas emoções, pelos sentimentos, pela 
vontade de sua alma (ego), e seguir após a 
carruagem do mundo que a afastará da 
presença do Seu Esposo e dos Seus irmãos 
amados (v. 12), Eles clamarão pelo Seu retorno 
para que esteja ao alcance da vista deles, ou 
seja, da sua presença (v. 13). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
71 
 
 
Cantares 7 
 Quão formosos são os teus pés nas sandálias, 
ó filha de príncipe! Os contornos das tuas coxas 
são como jóias, obra das mãos de artista. 
2 O teu umbigo como uma taça redonda, a que 
não falta bebida; o teu ventre como montão de 
trigo, cercado de lírios. 
3 Os teus seios são como dois filhos gêmeos da 
gazela. 
4 O teu pescoço como a torre de marfim; os teus 
olhos como as piscinas de Hesbom, junto à porta 
de Bate-Rabim; o teu nariz é como torre do 
Líbano, que olha para Damasco. 
5 A tua cabeça sobre ti é como o monte Carmelo, 
e os cabelos da tua cabeça como a púrpura; o rei 
está preso pelas tuas tranças. 
6 Quão formosa, e quão aprazível és, ó amor em 
delícias! 
7 Essa tua estatura é semelhante à palmeira, e 
os teus seios aos cachos de uvas. 
72 
 
 
8 Disse eu: Subirei à palmeira, pegarei em seus 
ramos; então sejam os teus seios como os 
cachos da vide, e o cheiro do teu fôlego como o 
das maçãs, 
9 e os teus beijos como o bom vinho para o meu 
amado, que se bebe suavemente, e se escoa 
pelos lábios e dentes. 
10 Eu sou do meu amado, e o seu amor é por 
mim. 
11 Vem, ó amado meu, saiamos ao campo, 
passemos as noites nas aldeias. 
12 Levantemo-nos de manhã para ir às vinhas, 
vejamos se florescem as vides, se estão abertas 
as suas flores, e se as romanzeiras já estão em 
flor; ali te darei o meu amor. 
13 As mandrágoras exalam perfume, e às nossas 
portas há toda sorte de excelentes frutos, novos 
e velhos; eu os guardei para ti, ó meu amado.” 
 
 
 
73 
 
 
Dos versos 1 a 9 o Esposo descreve as belezas e 
virtudes da Sua esposa; e dos versos 10 a 13, a 
esposa fala da estima mútua pelo Esposo e o 
convida a desfrutar com ela do amor que 
sentem um pelo outro; porque o verdadeiro 
amor, é afinal, uma propriedade de ambos. 
A igreja que honra a Cristo é por Ele honrada. Ele 
não poderá elogiar aquilo que for reprovável na 
Sua Esposa, mas não deixará de reconhecer e 
louvar aquilo que for aprovado, como podemos 
ver nas Suas palavras dirigidas às sete igrejas 
citadas nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse. 
O Senhor manifestará sempre o Seu agrado 
pelos crentes que Lhe forem fiéis, e lhes fará 
saber disso, porque não o fará somente para 
incentivá-los para prosseguirem na busca de 
uma santidade cada vez maior, mas 
principalmente porque é do Seu agrado fazê-lo, 
para demonstrar o quanto aprecia o amor deles 
por Ele. 
Amor demonstrado na frutificação e na reserva 
destes frutos para o Seu Esposo, como se vê nos 
dois versículos finais deste capítulo, porque não 
podemos convidar Cristo a compartilhar do Seu 
74 
 
 
amor conosco, se não tivermos em nós nenhum 
fruto espiritual para Lhe oferecer. 
“11 Porque desejo muito ver-vos, para vos 
comunicar algum dom espiritual, a fim de que 
sejais fortalecidos; 
12 isto é, para que juntamente convosco eu seja 
consolado em vós pela fé mútua, vossa e 
minha.” (Rom 1.11,12) 
Pelos versículos destacados anteriormente, nós 
podemos ver que é uma grande forma de 
demonstrar amor por Cristo, quando 
compartilhamosmutuamente os dons 
espirituais que recebemos dEle, com os nossos 
irmãos. 
“34 Então dirá o Rei aos que estiverem à sua 
direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por 
herança o reino que vos está preparado desde a 
fundação do mundo; 
35 porque tive fome, e me destes de comer; tive 
sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me 
acolhestes; 
 
75 
 
 
36 estava nu, e me vestistes; adoeci, e me 
visitastes; estava na prisão e fostes ver-me. 
37 Então os justos lhe perguntarão: Senhor, 
quando te vimos com fome, e te demos de 
comer? ou com sede, e te demos de beber? 
38 Quando te vimos forasteiro, e te acolhemos? 
ou nu, e te vestimos? 
39 Quando te vimos enfermo, ou na prisão, e 
fomos visitar-te? 
40 E responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos 
digo que, sempre que o fizestes a um destes 
meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a 
mim o fizestes.” (Mt 25.34-40) 
 
Cristo fará aumentar cada vez mais o brilho 
destes que Lhe têm servido fielmente, porque 
Lhe agrada manifestar quanto é grande o Seu 
agrado pela igreja que Lhe seja fiel, e faz com 
que outros vejam tal brilho, que traz muita 
glória para o Seu próprio nome e para Deus Pai. 
 
76 
 
 
“8 Conheço as tuas obras (eis que tenho posto 
diante de ti uma porta aberta, que ninguém 
pode fechar), que tens pouca força, entretanto 
guardaste a minha palavra e não negaste o meu 
nome. 
9 Eis que farei aos da sinagoga de Satanás, aos 
que se dizem judeus, e não o são, mas mentem, 
eis que farei que venham, e adorem prostrados 
aos teus pés, e saibam que eu te amo.” (Apo 
3.8,9) 
Isto sucede porque o desejo da Igreja fiel é 
revelar ao mundo o amor mútuo que existe 
entre ela e Cristo, e por isso ela convida o Esposo 
a vir em sua companhia às aldeias, ou seja, a 
capacitá-la a proclamar o evangelho do modo 
como Ele lhe tem ordenado. 
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o 
evangelho a toda criatura.” (Mc 16.15) 
 
 
 
 
77 
 
 
Cantares 8 
Ah! quem me dera que foras como meu 
irmão, que mamou os seios de minha mãe! 
quando eu te encontrasse lá fora, eu te beijaria; 
e não me desprezariam! 
2 Eu te levaria e te introduziria na casa de minha 
mãe, e tu me instruirias; eu te daria a beber 
vinho aromático, o mosto das minhas romãs. 
3 A sua mão esquerda estaria debaixo da minha 
cabeça, e a sua direita me abraçaria. 
4 Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que não 
acordeis nem desperteis o amor, até que ele o 
queira. 
5 Quem é esta que sobe do deserto, e vem 
encostada ao seu amado? Debaixo da macieira 
te despertei; ali esteve tua mãe com dores; ali 
esteve com dores aquela que te deu à luz. 
 
 
78 
 
 
6 Põe-me como selo sobre o teu coração, como 
selo sobre o teu braço; porque o amor é forte 
como a morte; o ciúme é cruel como o Seol; a 
sua chama é chama de fogo, verdadeira 
labareda do Senhor. 
7 As muitas águas não podem apagar o amor, 
nem os rios afogá-lo. Se alguém oferecesse 
todos os bens de sua casa pelo amor, seria de 
todo desprezado. 
8 Temos uma irmã pequena, que ainda não tem 
seios; que faremos por nossa irmã, no dia em 
que ela for pedida em casamento? 
9 Se ela for um muro, edificaremos sobre ela 
uma torrezinha de prata; e, se ela for uma porta, 
cercá-la-emos com tábuas de cedro. 
10 Eu era um muro, e os meus seios eram como 
as suas torres; então eu era aos seus olhos como 
aquela que acha paz. 
11 Teve Salomão uma vinha em Baal-Hamom; 
arrendou essa vinha a uns guardas; e cada um 
lhe devia trazer pelo seu fruto mil peças de 
prata. 
 
79 
 
 
12 A minha vinha que me pertence está diante 
de mim; tu, ó Salomão, terás as mil peças de 
prata, e os que guardam o fruto terão duzentas. 
13 Ó tu, que habitas nos jardins, os 
companheiros estão atentos para ouvir a tua 
voz; faze-me, pois, também ouvi-la: 
14 Vem depressa, amado meu, e faze-te 
semelhante ao gamo ou ao filho da gazela sobre 
os montes dos aromas.” 
 
Os afetos entre Cristo e a Sua esposa são 
vivamente representados neste último capítulo 
de Cantares. 
A esposa continua a demonstrar o grande 
desejo que sente pelo Esposo, tão ardente a 
ponto de conjurar as filhas de Jerusalém a não 
interromperem a sua comunhão com Ele. 
Tal é a intensidade do amor que ela Lhe devota 
que outros percebem o quanto está ligada ao 
Seu Amado, mesmo quando anda com Ele no 
deserto (v. 5 a). 
 
80 
 
 
E a razão de tal união, de tal comunhão é 
descrita nos versos 6 e 7: 
“6 Põe-me como selo sobre o teu coração, como 
selo sobre o teu braço; porque o amor é forte 
como a morte; o ciúme é cruel como o Seol; a 
sua chama é chama de fogo, verdadeira 
labareda do Senhor. 
7 As muitas águas não podem apagar o amor, 
nem os rios afogá-lo. Se alguém oferecesse 
todos os bens de sua casa pelo amor, seria de 
todo desprezado.” 
Haveria um modo mais profundo de descrever a 
qualidade do amor que une Cristo à Sua Igreja? 
É um amor de zelo, que não permite ser dividido 
com outros, porque é um amor matrimonial de 
que se está falando, e não pode lhe faltar a 
devida fidelidade, que é para toda a vida, de 
modo que este amor que une mutuamente a 
Igreja e Cristo é qual chama de fogo, não de um 
fogo pequeno, mas de grandes labaredas, que 
nenhuma quantidade de água usada pelos 
homens, e até mesmo peio diabo, pode apagar. 
E tal é a força deste amor que ele vence a morte, 
81 
 
 
porque todo aquele que está em Cristo já não 
morre, e estará unido a ele para sempre. 
Então nada há de mais valioso do que tal amor 
que nos tem unido indissoluvelmente ao nosso 
Esposo, que é Cristo. 
Por isso nenhum crente trocaria as riquezas de 
todo este mundo, e ainda que todos os reinos 
lhe fossem oferecidos em troca de renunciar a 
tal amor, ele jamais o faria, porque sabe que 
tudo que há no mundo não somente não é 
eterno, como também não pode dar verdadeira 
satisfação à alma, como somente o amor de 
Cristo pode dar. Por isso se diz que aquele que 
tentasse comprar este amor do crente por Cristo 
oferecendo os bens de sua casa em troca, seria 
totalmente rejeitado e desprezado pelo crente 
fiel a Cristo, ao qual fizesse tal oferta. 
Tal é o caráter do amor que deve haver na Igreja 
como reflexo do amor do próprio Cristo, que o 
que for fraco deve ser fortalecido pelo forte; a 
igreja que estiver fraca e empobrecida será 
fortalecida e enriquecida pelos dons 
abundantes da igreja que estiver fortalecida e 
enriquecida com a graça de Cristo. 
82 
 
 
Haverá este interesse mútuo entre os irmãos, 
como se vê nos versos 8 a 10. Porque estes 
crentes ou igrejas fracos e pobres serão 
cercados de cuidados pelas igrejas fortes e ricas 
como é do desejo do Esposo, para que haja 
igualdade entre todos os membros do Seu 
corpo. 
“13 Pois digo isto não para que haja alívio para 
outros e aperto para vós, 
14 mas para que haja igualdade, suprindo, neste 
tempo presente, na vossa abundância a falta 
dos outros, para que também a abundância 
deles venha a suprir a vossa falta, e assim haja 
igualdade; 
15 como está escrito: Ao que muito colheu, não 
sobrou; e ao que pouco colheu, não faltou.” (II 
Cor 8.13-15) 
Nos versos 11 e 12, o rei Salomão é posto como 
figura do Rei dos reis que arrenda a Sua vinha 
para que tenha o devido lucro dos frutos que 
forem produzidos nela. Conforme se vê na 
Parábola citada por Jesus em Mt 21.33,34: 
 
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 “33 Ouvi ainda outra parábola: Havia um 
homem, proprietário, que plantou uma vinha, 
cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, e 
edificou uma torre; depois arrendou-a a uns 
lavradores e ausentou-se do país. 
34 E quando chegou o tempo dos frutos, enviou 
os seus servos aos lavradores, para receber os 
seus frutos.” (Mt 21.33,34) 
Deus requer que Sua Igreja seja frutífera, para 
que receba dela os devidos frutos que deve 
produzir para Ele. 
Frutificando para Cristo, teremos um desejo 
permanente da Sua presença para que 
possamos Lhe dar os frutos que temos 
produzido pela Sua própria graça, e assim como 
todos os demais santos, desejamos ouvir a Sua 
voz, tal comoeles (v. 13), e por isso clamamos 
Àquele que habita nos jardins, porque é ali que 
poderá achar os Seus frutos, para que venha 
depressa ao nosso encontro, porque é o Amado 
da nossa alma, sem O qual a nossa vida não tem 
qualquer objetivo ou sentido (v. 14).

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