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10 SERMÕES VOL II - Robert Murray M

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Issuu.com/oEstandarteDeCristo 
 
Traduzido dos originais em Inglês 
 
The Sermons of the Rev. Robert Murray M'Cheyne 
Minister of St. Peter's Church, Dundee. 
& 
A Basket of Fragments 
By R. M. M'Cheyne 
 
 
 
 
 
Tradução e Revisão por William Teixeira e Camila Almeida 
Capa por William Teixeira 
 
 
 
 
1ª Edição: Janeiro de 2015 
 
 
 
Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida 
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil. 
 
 
 
Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, sob a licença Creative 
Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License. 
 
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato, 
desde que informe o autor, a fonte original e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo 
nem o utilize para quaisquer fins comerciais. 
 
 
 
 
Issuu.com/oEstandarteDeCristo 
Sumário 
 
Prefácio ................................................................................................................................. 4 
Reformação Pessoal e Na Oração Secreta ............................................................................... 5 
 
Sermão 1 — A Voz do Meu Amado........................................................................................ 15 
Sermão 2 — O Constrangedor Amor de Cristo ....................................................................... 25 
Sermão 3 — Pai, Eu Quero ................................................................................................... 35 
Sermão 4 — Olhe Para Cristo Traspassado ........................................................................... 49 
Sermão 5 — Cristo, o Único Refúgio ...................................................................................... 56 
Sermão 6 — Pode Uma Mulher Esquecer? ............................................................................ 65 
Sermão 7 — Gloriando-se na Cruz de Cristo .......................................................................... 71 
Sermão 8 — Feliz És Tu, Ó Israel .......................................................................................... 78 
Sermão 9 — Cristo, A Porta Para A Igreja .............................................................................. 87 
Sermão 10 — Motivos Para Agarrar-se a Jesus ...................................................................... 91 
 
Referências dos sermões que compõem este volume: .............................................................. 94 
 
 
 
 
 
Issuu.com/oEstandarteDeCristo 
Prefácio 
 
Nosso coração transborda de gratidão e nossa boca de riso, pois alegre e reverentemente 
reconhecemos: “Senhor, tu nos darás a paz, porque tu és o que fizeste em nós todas as nossas 
obras. E seja sobre nós a formosura do Senhor nosso Deus, e confirma sobre nós a obra das 
nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos” (Isaías 26:12; Salmos 90:17). 
 
Este é o segundo volume da série “10 Sermões, por Robert Murray M'Cheyne. Os primeiros 10 
sermões têm sido abençoadores, o nosso forte anseio é que estes sejam tanto quanto ou mais 
do que aqueles, e prosperem naquilo que a Deus aprouver. 
 
Estes sermões são muito preciosos aos nossos olhos, cada um deles nos traz doces lembran-
ças e excelentes meditações. A pena do mui amado Sr. M’Cheyne é como que cheia da luz do 
conhecimento de Deus e do calor da piedade bíblica. Aqui há a doutrina que é segundo a 
verdadeira piedade. 
 
Muito anelamos que mais e mais almas possam se beneficiar desses sermões simples, mui 
bíblicos e por isso belos, confortadores, edificantes. Aqui há amor e um coração fervendo com 
palavras boas ao Noivo de nossas almas. Acredito que a maior necessidade de nossos dias é 
de homens que amem a Cristo mais do que tudo, e sejam constrangidos por este amor a ponto 
de O seguirem em todo o tempo, com espadas de dois fios nas mãos e com os altos louvores 
nas gargantas, com vestes alvas e óleo puro sobre suas cabeças. Onde estão os homens que 
amam a Jesus Cristo mais do que tudo? Deus o sabe. 
 
O desejo de nosso coração é que a trombeta que soou por Dundee, na Escócia, há quase 
duzentos anos atrás com toque suave e impetuoso, toque outra vez, mas agora no Brasil, que 
a suavidade console os santos; e o estrugir impetuoso desperte os mortos de seu sono terrível, 
e os descuidados de Sião sejam alertados pelo som certo, solene e urgente do Evangelho de 
nosso Senhor Jesus Cristo. 
 
Que o Senhor lhe conceda Sua livre a soberana graça, para que te lembres destas palavras na 
glória e bem-aventurança eterna, no Céu, ao lado de nosso mui Amado Senhor e Salvador 
Jesus Cristo; e não no inferno na companhia de Satanás e seus demônios, e não em tormen-
tos eternos. Nas palavras do piedoso pregador escocês: “Pode ser verdadeiramente dito para 
todo pecador que lerá estas palavras, que você foi agora chamado, advertido, convidado a 
escapar da ira vindoura, e para lançar-se a Cristo, que está posto diante de você. Se você não 
obteve o suficiente para salvar-se, você obteve o suficiente para condenar-te”. 
 
 
William Teixeira. 
10 de maio de 2014. 
 
 
 
Issuu.com/oEstandarteDeCristo 
Reformação Pessoal e Na Oração Secreta 
 
 
[Trecho de “A Biografia de Robert Murray M'Cheyne”, por Andrew A. Bonar • Editado] 
 
 
O Sr. M'Cheyne intitula o exame de seu coração e vida de “Reforma” e este começa assim: 
 
É dever dos ministros neste dia, que comecem a reforma da Religião e de suas vidas, famí-
lias e etc., com confissão de pecados passados, fervente oração por direção, graça e pleno 
propósito de coração. “Ele purificará os filhos de Levi” (Malaquias 3:3). Os ministros são 
colocados à parte, por um tempo para esta finalidade. 
 
 
I. Reforma Pessoal. 
 
Estou convencido de que obterei a maior quantidade de felicidade presente, farei mais para 
a glória de Deus e o bem do homem, e terei a plena recompensa na eternidade, através da 
manutenção de uma consciência sempre lavada no sangue de Cristo, por ser cheio do 
Espírito Santo em todos os momentos e por obter mais de toda a semelhança com Cristo 
em mente, vontade e coração, que seja possível para um pecador redimido alcançar neste 
mundo. 
 
Estou convencido de que, sempre que algo exteriormente, ou o meu coração interiormente, 
a qualquer momento, ou em qualquer circunstância, contradiz isto — se alguém deve insi-
nuar que não é para a minha felicidade presente e eterna, e para a glória de Deus e minha 
utilidade, a manutenção de uma consciência lavada pelo sangue, o ser completamente 
cheio do Espírito e ser totalmente conforme à imagem de Cristo em todas as coisas — é a 
voz do Diabo, o inimigo de Deus, o inimigo da minha alma e de todo o bem, a mais tola, 
ímpia e miserável de todas as criaturas. Veja Provérbios 9:17: “As águas roubadas são 
doces”. 
 
1. Para manter uma consciência livre de ofensa, estou convencido de que eu devo confes-
sar mais os meus pecados. Eu penso que eu devo confessar o pecado no momento em 
que eu perceba que isto seja pecado. Se eu estiver no trabalho, ou em estudo, ou mesmo 
na pregação, a alma deve lançar um olhar de aversão ao pecado. Se eu continuar com o 
serviço, deixando o pecado não confessado, eu prossigo com a consciência sobrecarre-
gada, e acrescento pecado a pecado. Eu penso que devo, em certos momentos do dia, em 
meu melhor momento, digo, depois do almoço e depois do chá, confessar solenemente os 
pecados das horas anteriores, e buscar a sua remissãocompleta. 
 
Issuu.com/oEstandarteDeCristo 
Encontro que o Diabo frequentemente faz uso da confissão de pecado para incitar nova-
mente à pratica do mesmo pecado confessado, de modo que eu tenho temo confiar na 
confissão. Devo solicitar Cristãos experientes sobre isso. No momento, eu acho que devo 
me esforçar contra este terrível abuso da confissão, em que o Diabo tenta me assustar ao 
confessar. Eu devo obter todos os métodos para perceber a vileza dos meus pecados. Eu 
devo me considerar como um descendente condenado de Adão, como participante de uma 
natureza oposta a Deus desde o ventre materno (Salmos 51), como tendo um coração cheio 
de toda a maldade, que contamina cada pensamento, palavra e ação, durante toda a minha 
vida, desde o nascimento até a morte. 
 
Eu devo confessar muitas vezes os pecados da minha mocidade, como Davi e Paulo, meus 
pecados antes da conversão, os meus pecados desde a conversão, pecados contra a luz 
e conhecimento, contra o amor e a graça, contra cada pessoa da Divindade. 
 
Eu devo olhar para os meus pecados à luz da santa Lei, à luz da face de Deus, à luz da 
cruz, à luz do trono de julgamento, à luz do inferno, à luz da eternidade. 
 
Eu devo examinar os meus sonhos, meus pensamentos vagueantes, minhas predileções, 
minhas ações recorrentes, meus hábitos de pensamento, sentimento, palavra e ação; as 
calúnias de meus inimigos e as reprovações e até gracejos dos meus amigos, para des-
cobrir os traços de meu pecado predominante, como assunto para a confissão. 
 
Eu devo ter um dia estabelecido de confissão, com jejum, digamos, uma vez por mês. 
 
Eu devo ter um número de escritos assinalados, para trazer o pecado à lembrança. 
 
Eu devo fazer uso de todas as aflições do corpo, do julgamento interior, das carrancas da 
providência sobre mim mesmo, da casa, da paróquia, da igreja, ou do país, como apelos 
de Deus para a confissão de pecado. Os pecados e aflições dos outros homens devem me 
chamar para o mesmo. 
 
Eu devo, nas noites de Sabath, e nas noites de Comunhão de Sabath, ter um cuidado espe-
cial para confessar os pecados de coisas sagradas. 
 
Eu devo confessar os pecados de minhas confissões, suas imperfeições, objetivos pecami-
nosos, tendência hipócrita e etc., e olhar para Cristo como tendo confessado meus pecados 
perfeitamente sobre Seu próprio sacrifício. Eu devo ir a Cristo para o perdão de cada 
pecado. Ao lavar o meu corpo, eu devo lavar cada parte. Devo ser menos cuidadoso ao 
lavar a minha alma? 
 
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Eu devo ver o golpe que foi feito nas costas de Jesus por cada um dos meus pecados. Eu 
devo ver a infinita pontada impressa através da alma de Jesus como uma eternidade de 
meu inferno por meus pecados, e por todos eles. Eu devo ver que naquele derramamento 
de sangue de Cristo há um infinito pagamento excessivo por todos os meus pecados. Em-
bora Cristo não tenha sofrido mais do que a justiça infinita exigiu, contudo Ele não poderia 
sofrer de modo algum, sem, antes, estabelecer um resgate infinito. 
 
Quanto eu peco, sinto uma relutância imediata para ir a Cristo. Tenho vergonha de ir. Sinto 
como se não fizesse nenhum bem em ir, como se estivesse fazendo de Cristo um ministro 
do pecado, indo direto do cocho do suíno para a melhor veste, e mil outras desculpas; mas 
estou certo de que essas são todas mentiras vindas direto do inferno. João argumenta o 
caminho oposto: “se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai” [1 João 2:1]; 
Jeremias 3:1 e mil outras Escrituras são contra isso. Estou certo de que não há nem paz 
nem segurança provinda do mais profundo pecado, mas em ir diretamente ao Senhor Jesus 
Cristo. Este é o caminho de Deus, da paz e da santidade. É tolice para o mundo e para o 
coração obscurecido, mas este é o caminho. 
 
Eu jamais devo considerar um pecado pequeno demais a ponto de não necessitar da aplica-
ção imediata do sangue de Cristo. Se eu lançar fora uma boa consciência, eu farei naufrágio 
na fé. Nunca devo pensar que os meus pecados são tão grandes, tão graves, tão presun-
çosos como quando feitos de joelhos, ou na pregação, ou em um leito de morte, ou durante 
uma doença perigosa, para me impedir de fugir para Cristo. O peso dos meus pecados 
deve agir como o peso de um relógio: quanto mais pesado ele é, mais rápido ele o faz ir. 
 
Eu não devo apenas me lavar no sangue de Cristo, mas vestir-me da obediência de Cristo. 
Para cada pecado de omissão em mim, que eu possa encontrar uma obediência Divina-
mente perfeita e pronta para mim em Cristo. Para cada pecado de comissão em mim, que 
eu não apenas possa encontrar um golpe ou uma ferida em Cristo, mas também uma 
perfeita prestação de obediência em meu lugar, para que a Lei seja magnificada, a sua 
maldição mais do que cumprida, sua demanda mais do atendida. 
 
Muitas vezes a Doutrina de Cristo parece-me comum, bem conhecida, não tendo nada de 
novo nela. E sou tentado a passar por ela e ir para alguma Escritura mais atrativa. Isto é o 
Diabo de novo; uma mentira como uma brasa viva. Cristo é para nós sempre novo, sempre 
glorioso. “Riquezas incompreensíveis de Cristo” [Efésios 3:8]; um objeto infinito e o único 
para uma alma culpada. Eu devo ter certas Escrituras disponíveis, que conduzam a minha 
alma cega diretamente para Cristo, tal como Isaías 45 e Romanos 3. 
 
2. Para ser cheio do Espírito Santo, estou certo de que eu devo estudar mais a minha pró-
 
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pria fraqueza. Que eu devo ter um número de Escrituras prontas para serem meditadas tais 
como Romanos 7 e João 15, para convencerem-me de que eu sou um verme desamparado. 
 
Sinto-me tentado a pensar que eu sou agora um Cristão confirmado, que eu venci este ou 
aquele desejo há muito tempo, que eu adquiri o hábito da graça oposta, de modo que não 
há temor; que eu posso aventurar-me muito perto da tentação, mais perto do que os outros 
homens. Isto é uma mentira de Satanás. A pólvora não pode adquirir por hábito, um poder 
de resistir ao fogo, de modo a não produzir a faísca. Enquanto o pó está molhado, ele re-
siste à faísca, mas quando ele se torna seco, está pronto a explodir ao primeiro toque. En-
quanto o Espírito habita em meu coração, Ele me amortece para o pecado, de modo que, 
se legalmente chamado a passar pela tentação, eu posso confiar que Deus me conduz. 
Mas quando o Espírito me deixa, eu sou como pólvora seca. Oh, uma percepção disso! 
 
Sinto-me tentado a pensar que há alguns pecados pelos quais não tenho gosto natural, 
como a bebida forte, linguagem profana e etc., de forma que eu não preciso temer a tenta-
ção por tais pecados. Isto é uma mentira, uma mentira orgulhosa, presunçosa. As sementes 
de todos os pecados estão em meu coração, e talvez de todas as mais perigosas são as 
que eu não vejo. 
 
Eu deveria orar e trabalhar pela mais profunda sensibilidade de minha fraqueza e impo-
tência do que jamais um pecador foi levado a sentir. Estou desamparado em relação a cada 
concupiscência que sempre esteve, ou sempre estará no coração humano. Sou um verme, 
um animal diante de Deus. Muitas vezes eu tremo ao pensar que isso é verdade. Eu sinto 
como se não fosse seguro a mim, renunciar a toda força que habita interiormente, como se 
fosse perigoso que eu sinta (o que é verdade) que não há nada em mim guardando-me do 
pecado mais grosseiro e mais vil. Esta é uma ilusão do Diabo. 
 
Minha única segurança é saber, sentir e confessar minha impotência, para que eu possa 
pendurar-me no braço da Onipotência. Eu diariamente desejo que o pecado seja erradica-
do do meu coração. Eu digo: “por que Deus permite a raiz de lascívia, orgulho, raiva e etc. 
no meu peito? Ele odeiao pecado, e eu o odeio também; por que Ele não o purifica?”. Eu 
conheço muitas respostas a isto que satisfazem completamente o meu julgamento, mas 
ainda assim, não me sinto satisfeito. Isso é errado. É correto estar cansado de estar pecan-
do, mas não é correto contender com meu presente “bom combate da fé”. 
 
As quedas em pecado de professos me fazem tremer. Eu tenho sido afastado da oração, e 
sobrecarregado de uma forma temerosa por ouvir ou ver o seu pecado. Isso é errado. É 
correto tremer, e fazer de cada pecado de todo professo uma lição da minha própria impo-
tência, mas isso deveria levar-me mais para Cristo. Se eu estivesse mais profundamente 
 
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convencido de meu completo desamparo, penso que não ficaria tão alarmado quando ouço 
das quedas de outros homens. 
 
Eu devo estudar aqueles pecados em que sou mais impotente, em que a paixão se torna 
como um furacão e eu como uma palha. Nenhuma figura de linguagem pode representar a 
minha absoluta falta de poder para resistir à torrente de pecado. Eu devo estudar mais a 
onipotência de Cristo: Hebreus 7:25, 1 Tessalonicenses 5:23, Romanos 6:14; 5:9; cap. 10 
e Escrituras semelhantes deveriam estar sempre diante de mim. 
 
O espinho de Paulo (2 Coríntios 12), é a experiência da maior parte da minha vida. Isso 
deve estar sempre diante de mim. Existem muitos métodos auxiliares de buscar a liberta-
ção dos pecados, que não devem ser negligenciados, como: casamento (1 Coríntios 7:2); 
fuga (1 Timóteo 6:11, 1 Coríntios 6:18); vigiar e orar (Mateus 26:41); a Palavra, “está escrito, 
está escrito”, assim, Cristo Se defendeu em Mateus 4. Mas a defesa principal é lançar-me 
nos braços de Cristo como uma criança indefesa, e suplicar-Lhe que me encha com o 
Espírito Santo. “Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”. João 5:4-5 é uma passa-
gem maravilhosa. 
 
Eu devo estudar mais sobre Cristo como um Salvador, como um Pastor, carregando a ove-
lha que Ele encontra; como um Rei, reinando nas e sobre as almas que Ele redimiu; como 
um Capitão, lutando contra aqueles que lutam comigo (Salmos 35); como Aquele que se 
comprometeu a conduzir-me através de todas as tentações e provações, mesmo impossí-
veis para a carne e sangue. 
 
Muitas vezes sou tentado a dizer: “Como pode este Homem nos salvar? Como Cristo no 
céu pode livra-me das paixões furiosas que sinto em mim, e das redes que sinto prendendo-
me?” Isto é o pai da mentira novamente! “Ele pode salvar perfeitamente” [Hebreus 7:5]. 
 
Eu devo estudar sobre Cristo como um Intercessor. Ele orou mais por Pedro, que era o 
mais tentado. Eu estou em Seu peitoral. Se eu pudesse ouvir Cristo orando por mim na sala 
ao lado, eu não temeria um milhão de inimigos. Contudo, a distância não faz diferença; Ele 
está orando por mim. 
 
Eu devo estudar mais sobre o Consolador, Sua Divindade, Seu amor, Sua onipotência. 
Tenho encontrado por experiência que nada me santifica tanto quanto meditar sobre o 
Consolador (João 14:16). E ainda assim, como é raro que eu faça isso! Satanás me afasta 
disso. Muitas vezes sou como aqueles homens que disseram que não sabiam que havia 
algum Espírito Santo. Eu nunca devo esquecer que meu corpo é habitado pela terceira 
pessoa da Trindade. Somente pensar nisso, deve fazer-me tremer a pecar (1 Coríntios 6). 
 
Issuu.com/oEstandarteDeCristo 
Eu nunca devo esquecer que o pecado entristece o Espírito Santo, irrita e extingue-O. Se 
eu quero ser cheio do Espírito Santo, sinto que devo ler mais a Bíblia, orar mais e vigiar 
mais. 
 
3. Para obter plena semelhança com Cristo, eu devo ter uma alta estima da bem-aventu-
rança disso. Estou persuadido de que a alegria de Deus está inseparavelmente ligada à 
Sua santidade. Santidade e alegria são como luz e calor. Deus nunca provou dos prazeres 
do pecado. 
 
Cristo teve um corpo como o que eu tenho, mas Ele nunca provou um dos prazeres do 
pecado, e por toda a eternidade, ele nunca provará um dos prazeres do pecado. Ainda 
assim, a sua felicidade é completa. Seria minha maior felicidade ser desde já inteiramente 
como Ele. Cada pecado é algo que me distancia do meu maior prazer. O Diabo se esforça 
dia e noite para me fazer esquecer disso ou não acreditar nisso. Ele diz: Por que você não 
desfruta deste prazer, tanto quanto Salomão ou Davi? Você pode ir para o céu também. 
Estou convencido de que isso é uma mentira. Que a minha verdadeira felicidade seja 
prosseguir e não mais pecar. 
 
Eu não devo adiar o abandono de pecados. Agora é o tempo de Deus. “Apressei-me, e não 
me detive” [Salmos 119:60]. Eu não deveria poupar os pecados, porque eu tenho há muito 
tempo consentido com eles como enfermidades, e outros achariam estranho se eu devesse 
mudar tudo de uma vez. Que ilusão miserável de Satanás isto é! 
 
Tudo o que eu percebo ser pecado, eu devo, a partir desta hora, colocar toda a minha alma 
contra ele, usando todos os métodos bíblicos para mortificá-lo, como as Escrituras, oração 
especial pelo Espírito, jejum e vigilância. 
 
Eu deveria observar rigorosamente as ocasiões em que eu caí, e evitar a ocasião, tanto 
quanto o próprio pecado. 
 
Satanás muitas vezes me tenta a ir tão perto quanto possível das tentações, sem cometer 
o pecado. Isto é temeroso, pois isso tenta a Deus e entristece o Espírito Santo. É uma trama 
profunda colocada por Satanás. 
 
Eu devo fugir de toda a tentação, de acordo com Provérbios 4:15: “Evita-o; não passes por 
ele; desvia-te dele e passa de largo”. Eu devo, constantemente, derramar o meu coração a 
Deus, orando por inteira conformidade com Cristo, para que toda a lei seja escrita no meu 
coração. Eu devo resoluta e solenemente entregar meu coração a Deus, entregar o meu 
tudo em Seus braços eternos, de acordo com a oração de Salmos 31: “Nas tuas mãos 
 
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entrego o meu espírito”, suplicando-Lhe para não deixar que qualquer iniquidade, secreta 
ou presunçosa, tenha domínio sobre mim e me encha de toda graça que está em Cristo no 
mais elevado nível que for possível para um pecador redimido recebê-la, e em todos os 
momentos, até a morte. 
 
Eu devo meditar muitas vezes no Céu como um mundo de santidade, onde todos são san-
tos, onde a alegria é uma alegria santa, a obra uma obra santa; de modo que, sem a san-
tidade pessoal, eu nunca posso estar ali. Eu devo evitar a aparência do mal. Deus me 
ordena, e eu encontro que Satanás tem uma arte singular em associar a aparência e a 
realidade, confundindo-as. 
 
Eu encontro que falar de alguns pecados contamina a minha mente e me leva à tentação, 
e encontro que Deus proíbe até mesmo os santos de falarem das coisas que são feitas por 
eles em oculto. Eu deveria evitar isso. 
 
Eva, Acã, Davi, todos caíram através da concupiscência dos olhos. Eu devo fazer uma 
aliança comigo, e orar: “Desvia os meus olhos de contemplar a vaidade”. Satanás torna os 
homens não-convertidos como a víbora surda, ao som do Evangelho. Eu devo orar para 
ser feito surdo pelo Espírito Santo a todos que querem me seduzir ao pecado. 
 
Um de meus momentos mais frequentes de ser levado à tentação é esse: Eu digo que é 
necessário para o meu ofício que eu escute isso, ou olhe para isso, ou fale disso. Até agora, 
isto é verdadeiro; ainda assim, tenho certeza que Satanás tem sua parte nesse argumento. 
Eu devo procurar a direção Divina para resolver o quanto isso será benéfico para o meu 
ministério, e quão maligno para a minha alma, para que eu possa evitar este último. 
 
Estou convencido de que nada está prosperando na minha alma a menos que isso esteja 
acontecendo: “Crescei na graça”, e “Senhor: Acrescenta-nos a fé”, e “Esquecendo-me dascoisas que atrás ficam”. Estou convencido de que eu deveria estar perguntando a Deus e 
ao homem que graça eu necessito, e como eu posso tornar-me mais semelhante a Cristo. 
Eu devo lutar por mais pureza, humildade, mansidão, paciência sob o sofrimento e amor. 
“Faça-me semelhante a Cristo em todas as coisas” deve ser a minha constante oração. 
“Enche-me com o Espírito Santo”. 
 
II. Reforma na Oração Secreta. 
 
Eu não devo omitir qualquer uma das partes da oração: confissão, adoração, ação de 
graças, petição e intercessão. 
 
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Há uma temerosa tendência de omitir a confissão, proveniente dos baixos pontos de vista 
sobre Deus e Sua lei, débeis visões de meu coração e pecados passados de minha vida. 
Isso deve ser resistido. Há uma tendência constante para omitir a adoração, quando eu 
esqueço com Quem eu estou falando, quando eu corro descuidadamente da presença do 
Senhor, sem lembrar-me de Seu nome e caráter temíveis, quando eu tenho pequena visão 
de Sua glória, e pouca admiração por Suas maravilhas. “Onde está o sábio?”. Tenho a 
tendência natural do coração para omitir a ação de graças. Ainda assim isto é especial-
mente ordenado em Filipenses 4:6. Muitas vezes, quando o coração está egoísta, insen-
sível para a salvação dos outros, eu omito a intercessão. Embora, este é especialmente o 
espírito do grande Advogado, que tem o nome de Israel sempre em Seu coração. 
 
Talvez nem toda oração precise ter todas estas, mas com certeza, um dia não deveria pas-
sar sem algum tempo fosse dedicado a cada uma. 
 
Eu deveria orar antes de ver qualquer pessoa. Muitas vezes, quando eu durmo muito, ou 
encontro-me com outros logo cedo, e depois, tenho a oração familiar, e café da manhã, e 
pessoas que me procuram pela manhã, frequentemente são onze horas ou meio-dia, antes 
que eu comece a oração secreta. Isto é um sistema miserável. Isto é antibíblico. Cristo 
ressuscitou antes do amanhecer, e foi para um lugar solitário. Davi diz: “Pela manhã ouvirás 
a minha voz, ó Senhor; pela manhã apresentarei a ti a minha oração, e vigiarei” [Salmos 
5:3]. Maria Madalena foi ao sepulcro, sendo ainda escuro. A oração familiar perde muito de 
sua força e doçura; e eu não posso fazer nada de bom por aqueles que vêm me procurar. 
A consciência sente-se culpada, a alma em jejum, a lâmpada não avivada. Então, quando 
a oração secreta vem, a alma está muitas vezes fora de sintonia. Eu sinto que é muito 
melhor começar com Deus, ver Seu rosto primeiro, aproximar a minha alma dEle, antes 
que eu me aproxime de outrem. “Quando acordo ainda estou Contigo” [Salmos 139:18]. 
 
Se eu dormi por muito tempo, ou viajar cedo, ou se o meu tempo é de qualquer forma abre-
viado, é melhor vestir-me apressadamente, e ter alguns minutos a sós com Deus do que 
dar isto por perdido. 
 
Mas, em geral, é melhor ter pelo menos uma hora a sós com Deus, antes de se envolver 
em qualquer outra coisa. Ao mesmo tempo, tenho que ter cuidado para não contar a comu-
nhão com Deus por minutos ou horas, ou pela solidão. Tenho me debruçado sobre a minha 
Bíblia e de joelhos por horas, com pouca ou nenhuma comunhão, e meus momentos de 
solidão têm sido, muitas vezes, os de maior tentação. 
 
Quanto à intercessão, eu devo interceder diariamente pela minha própria família, conheci-
dos, parentes e amigos; também pelo meu rebanho: os crentes, os despertados, os descui-
 
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dados, os doentes, os enlutados, os pobres, os ricos, meus anciãos, os professores da 
Escola Dominical, professores da escola diária, crianças e distribuidores de sermões; para 
que todos os meios sejam abençoados: a pregação e ensino de Sabath, a visita aos 
doentes, a visita de casa em casa; providências e sacramentos. 
 
Eu devo diariamente interceder brevemente por toda a cidade, pela Igreja da Escócia, por 
todos os ministros fiéis, pelas congregações, pelos estudantes de teologia e etc., pelos que-
ridos irmãos nominalmente, por missionários enviados aos judeus e Gentios, e para este 
fim, eu preciso compreender a inteligência missionária regularmente, e familiarizar-me com 
tudo o que estão fazendo em todo o mundo. Isso deveria me estimular a orar com um mapa 
diante de mim. Tenho que ter um esquema de oração, também os nomes dos missionários 
marcados no mapa. Eu devo interceder, em geral, mais na manhã e noite de Sabath, das 
sete às oito. 
 
Talvez eu também possa tomar diferentes partes em diferentes dias; eu apenas devo plei-
tear diariamente por minha família e rebanho. Eu devo orar sobre tudo. “Não estejais inquie-
tos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus 
pela oração e súplica, com ação de graças” [Filipenses 4:6]. Muitas vezes eu recebo uma 
carta me solicitando para pregar, ou algum pedido semelhante. Encontro-me respondendo 
antes de ter pedido conselho a Deus. Ainda mais frequentemente uma pessoa me chama 
e me pede alguma coisa, e eu não solicito direção. Muitas vezes eu saio para visitar uma 
pessoa doente com pressa, sem pedir Sua bênção, o que por si só pode fazer a visita de 
alguma utilidade. Estou convencido de que eu nunca devo fazer nada sem oração, e, se for 
possível, especial oração secreta. 
 
Ao ler a história da Igreja da Escócia, eu vejo o quanto seus problemas e tribulações têm 
sido relacionados com a salvação das almas e a glória de Cristo. Eu devo orar muito mais 
por nossa igreja, por nossos principais ministros nominalmente, e pela minha própria clara 
orientação no caminho correto, para que eu não seja levado a desviar-me, ou me conduza 
de modo a desviar-me de seguir a Cristo. Muitas questões difíceis podem ser forçadas 
sobre nós para as quais eu não estou totalmente preparado, como a legalidade das alian-
ças. Eu deveria orar muito mais em dias de paz, para que eu possa ser guiado corretamente 
quando os dias de tribulações vierem. 
 
Eu devo passar as melhores horas do dia em comunhão com Deus. Este é a minha mais 
nobre e mais frutífera ocupação, e isto não deve ser empurrado para qualquer canto. As 
primeiras horas da manhã, de seis às oito, são as mais ininterruptas, e, portanto, devem 
ser assim empregadas, se eu puder evitar a sonolência. Um pouco de tempo após o almoço 
 
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pode ser dedicado à intercessão. Após o chá é o meu melhor horário, e este deve ser 
solenemente dedicado a Deus, se possível. 
 
Eu não devo abandonar o velho e bom hábito de orar antes de ir para a cama; mas a vigi-
lância deve ser mantida contra o sono; planejar as coisas que devo pedir é o melhor remé-
dio. Quando eu despertar no meio da noite, eu devo levantar-me e orar, como Davi e como 
John Welsh fizeram. 
 
Eu devo ler três capítulos da Bíblia, em segredo, todos os dias, no mínimo. 
 
Eu devo, no Sabath, pela manhã, olhar todos os capítulos lidos durante a semana, e especi-
almente os versículos marcados. Eu devo ler em três diferentes lugares, e devo também ler 
de acordo com os temas, biografias e etc. 
 
 
Ele, evidentemente, deixou isso inacabado, e agora ele O conhece como também é conhe-
cido. 
 
 
 
 
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1 
A Voz do Meu Amado 
 
 
“Esta é a voz do meu amado; ei-lo aí, que já vem saltando sobre os montes, 
pulando sobre os outeiros. O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho do 
veado; eis que está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, espreitando 
pelas grades. O meu amado fala e me diz: Levanta-te, meu amor, formosa minha, e 
vem. Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou, e se foi; aparecem as flores 
na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da rola ouve-se em nossa terra.A figueira já deu os seus figos verdes, e as vides em flor exalam o seu aroma; 
levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem. Pomba minha, que andas pelas fendas 
das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, 
porque a tua voz é doce, e a tua face graciosa. Apanhai-nos as raposas, as 
raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor. O 
meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios. 
Até que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu; faze-te semelhante 
ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter.” (Cânticos 2:8-17) 
 
Não há nenhum livro da Bíblia que proporcione um melhor teste da profundidade do Cristia-
nismo de um homem do que o Cântico dos Cânticos. (1) Se a religião de um homem estiver 
toda em sua cabeça, uma estrutura bem definida de doutrinas, construída como trabalho 
de pedreiro, pedra sobre pedra, mas não exercer nenhuma influência sobre o seu coração, 
este livro não pode deixar de ofendê-lo; pois, nele não há declarações rígidas de doutrina 
sobre as quais a sua religião sem coração possa ser construída. (2) Ou, se a religião de um 
homem for toda em sua imaginação; se, como Flexível em O Peregrino, ele seja levado 
pela beleza exterior do Cristianismo; se, como a semente lançada sobre o solo rochoso, a 
sua religião é estabelecida apenas nas faculdades superficiais da mente, enquanto o 
coração permanece rochoso e impassível; embora ele desfrute deste Livro, mais do que o 
primeiro homem, ainda assim, há um ar misterioso de íntima comoção nele, em que não 
pode senão fazê-lo tropeçar e ofender-se. (3) Mas se a religião de um homem for a religião 
do coração; se ele não tem não apenas doutrinas em sua cabeça, mas o amor de Jesus 
em seu coração; se ele não tem somente ouvido e lido do Senhor Jesus, mas tem sentido 
a sua necessidade dEle, e foi levado a apegar-se a Ele, como o primeiro entre dez mil, e 
 
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totalmente desejável, então este livro será inestimavelmente precioso para sua alma; pois 
contém os mais ternos suspiros do coração do crente pelo Salvador, e os mais ternos 
desejos do coração do Salvador em direção ao crente. 
 
“O seu assunto é totalmente sublime, espiritual e místico; e as formas de sua composi-
ção, universalmente alegóricas” — John Owen. 
 
Há uma concordância entre os melhores intérpretes deste Livro — (1) Que ele consiste não 
de um cântico, mas de muitas canções; (2) que esses cânticos estão em uma forma 
dramática; e (3) que, como as parábolas de Cristo, elas contêm um significado espiritual, 
sob a veste e ornamentos de alguns episódios poéticos. 
 
A passagem que eu li compõe um destes cânticos dramáticos, e o tema deste é uma visita 
repentina que uma noiva oriental recebe de seu senhor ausente. A noiva é representada 
para nós como sentada sozinha e desolada em um quiosque, ou bosque oriental — um 
lugar seguro e de retraimento nos jardins do Oriente — descrito por viajantes modernos 
como “um bosque cercado por um muro verde, coberto por videiras e jasmins, com janelas 
de gelosias”. 
 
Os montes de Beter (ou, como estão no limiar, os montes da divisão), os montes que a 
separam de seu amado, parecem quase intransponíveis. Eles parecem tão íngremes e 
escarpados, que ela teme que ele nunca mais consiga vir por sobre eles para visitá-la. Seu 
jardim não possui nenhuma beleza que a atraia a seguir adiante. Toda a natureza parece 
participar de sua tristeza; o inverno reina por fora e por dentro; nenhuma flor aparece na 
terra; todos os pássaros canoros parecem estar tristes e silenciosos sobre as árvores; e a 
voz de amor da rola não é ouvida na terra. 
 
É enquanto ela está sentada, assim, solitária e desolada que a voz de seu amado alcança 
o seu ouvido. O amor é rápido em ouvir a voz que é amada; e, portanto, ela ouve mais rápi-
do do que todas as suas donzelas, e o cântico inicia com a sua exclamação impetuosa: 
“Esta é a voz do meu amado!”. Quando ela sentou-se em sua solidão, as montanhas entre 
ela e seu senhor pareciam quase intransponíveis, elas eram tão elevadas e íngremes; mas 
agora ela vê com que rapidez e facilidade ele salta estes montes, de forma que ela pode 
compará-lo a nada além de um gamo, ou ao jovem cervo, as criaturas mais formosas e 
mais rápidas das montanhas. “O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho do veado”. 
 
Sim, enquanto ela está falando, ele já chegou ao muro do jardim; e agora, eis que “ele olha 
pelas janelas, espreitando pelas grades”. A noiva, a seguir, nos relata o convite suave, que 
parece ter sido o cântico de seu amado vindo tão rapidamente sobre os montes. Enquanto 
 
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ela se sentava solitária, toda a natureza parecia morta, o inverno reinava; mas agora ele diz 
a ela que ele trouxe o tempo da primavera, juntamente consigo. “Levanta-te, meu amor, for-
mosa minha, e vem. Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou, e se foi; aparecem 
as flores na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. A 
figueira já deu os seus figos verdes, e as vides em flor exalam o seu aroma; levanta-te, meu 
amor, formosa minha, e vem”. 
 
Movida por este convite premente, ela sai de seu lugar de retraimento para a presença de 
seu senhor, e se apega a ele como uma temerosa pomba das fendas das rochas; e, em se-
guida, ele se dirige a ela com estas palavras da mais terna e delicada afeição: “Pomba mi-
nha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, 
faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e a tua face graciosa”. Alegremente 
concordando em ir adiante com seu senhor, ela ainda lembra que esta é a época de maior 
perigo para as vinhas, devido as raposas que mordiscam a casca das vinhas; e, portanto, 
ela não sairá sem deixar o comando de cautela para as suas donzelas: “Apanhai-nos as 
raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor”. 
 
Ela, então, renova a aliança de seu casamento com o seu amado, com estas palavras de 
pertinente afeição: “O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre 
os lírios”. E por fim, por ela saber que esta temporada de comunhão íntima não durará, já 
que o seu amado deve sair novamente sobre os montes, ela não suportará que ele vá, sem 
rogar-lhe que frequentemente renove estas visitas de amor, até que amanheça aquele dia 
feliz em que eles não mais precisaram estar separados: “Até que refresque o dia, e fujam 
as sombras, volta, amado meu; faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre 
os montes de Beter”. 
 
Podemos muito bem desafiar o mundo inteiro de gênios para produzirem em qualquer 
idioma um poema como este — tão pequeno, tão abrangente, tão delicadamente bonito. 
Porém, o que é muito mais para o nosso atual propósito, não há nenhuma parte da Bíblia 
que desvele mais lindamente um pouco da experiência mais íntima do coração do crente. 
 
Olhemos, então, agora para a parábola como uma descrição de uma dessas visitas que o 
Salvador muitas vezes faz às almas crentes, quando Ele manifesta-se a eles de forma 
diferente do que o faz ao mundo. 
 
 
I. QUANDO O CRENTE ESTÁ SOZINHO. 
 
Quando Cristo está longe da alma do crente, ele se sente solitário. 
 
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Nós vimos na parábola, que quando o seu senhor foi embora, a noiva estava sentada 
sozinha e desolada. Ela não se importou com a juventude e alegria para animarem as suas 
horas solitárias. Ela não solicitou a harpa do menestrel para acalmá-la em sua solidão. Não 
havia flauta, nem adufe, nem vinho em suas festas. Não, ela sentou-se sozinha.Os montes 
pareciam quase intransponíveis. Toda a natureza participou de sua tristeza. Se ela não 
podia estar feliz sem à luz da face do seu senhor, ela estava decidida a não alegrar-se com 
mais nada. Ela sentou-se solitária e desolada. Exatamente assim é com o verdadeiro crente 
em Jesus. Quaisquer que sejam os montes de Beter que estejam entre a sua alma e Cristo, 
se ele foi seduzido por velhos pecados, de forma que as suas iniquidades fazem separação 
entre ele e o seu Deus; e os seus pecados encobrem o Seu rosto dele, para que não lhe 
ouça [Isaías 59:2]; ou se o Salvador retirou por um momento, a luz consoladora de Sua 
presença para a simples prova da fé de Seu servo, para ver, se ele, quando anda em trevas, 
e não tem luz nenhuma, confia no nome do Senhor, e firma-se sobre o seu Deus [Isaías 
50:10]. 
 
Quaisquer que sejam os montes de separação, é a evidência segura de um crente que ele 
se assentará desolado e sozinho. Ele não consegue rir, longe de seus intensos cuidados, 
como os homens mundanos podem fazer. Ele não consegue mergulhar-se na taça da 
intemperança, como os miseráveis homens cegos podem fazer. Mesmo o inocente vínculo 
da amizade humana não traz nenhum bálsamo para a sua ferida, ou melhor, até mesmo a 
comunhão com os filhos de Deus agora é desagradável para a sua alma. Ele não consegue 
apreciar o que ele gostava antes, quando aqueles que temiam ao Senhor falavam um com 
o outro. Os montes entre ele e o Salvador parecem tão vastos e intransponíveis, que teme 
que Ele nunca mais o visitará. Toda a natureza participa de sua tristeza, o inverno reina por 
fora e por dentro. Ele senta-se sozinho, e fica desolado. Estando aflito, ele ora; e o peso de 
sua oração é o mesmo daquele de um velho crente: “Senhor, se eu não posso me contentar 
com a luz de Tua face, que me concedas não ser feliz com nada mais; pois a alegria sem 
Ti é morte”. 
 
Ah! meus amigos, vocês conhecem algo sobre esse sofrimento? Vocês sabem que é, as-
sim, sentar-se sozinho e estar desolado, porque Jesus está fora da vista? Se vocês o sa-
bem, então se alegrem, se é possível, mesmo em meio a vossa tristeza! Pois, essa mes-
ma tristeza é uma das marcas que vocês são crentes, de forma que vocês encontram toda 
a vossa paz e toda a vossa alegria na união com o Salvador. 
 
Mas ah, quão oposto é o caminho da maioria de vocês! Vocês não conhecem nada dessa 
tristeza. Sim, talvez vocês zombem disso. Vocês conseguem estar felizes e contentes com 
o mundo, mas vocês nunca tiveram uma visão de Jesus. Vocês podem estar felizes com 
 
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seus companheiros, embora o sangue de Jesus nunca tenha sussurrado paz à tua alma. 
Ah, quão evidente é que vocês estão se apressando para o lugar onde “não há paz para os 
ímpios, diz o meu Deus” [Isaías 57:21]. 
 
II. A VINDA DE CRISTO ATÉ O CRENTE. 
 
A vinda de Cristo até o crente desolado é, muitas vezes, súbita e maravilhosa. 
 
Nós vimos na parábola, que foi quando a noiva estava sentada sozinha e desolada que ela 
ouviu, de repente, a voz do seu senhor. O amor é rápido em ouvir, e ela exclama: “A voz 
do meu amado!”. Antes, achava as montanhas quase intransponíveis; mas agora ela pode 
comparar a rapidez dele a nada, a não ser ao gamo, ou ao filho do veado. Sim, enquanto 
ela fala, ele está na parede, na janela, mostrando-se através da grade. Muitas vezes, exata-
mente assim ocorre com o crente. Enquanto ele se senta sozinho e desolado, os montes 
da separação parecem uma barreira vasta e intransponível para o Salvador, e ele teme que 
Cristo nunca volte. Os montes de provocações de um crente são frequentemente mui gran-
des. “Que eu tenha pecado novamente, eu que fui lavado no lavado no sangue de Jesus. 
É pouco que os outros homens pequem contra Ele; eles nunca O conheceram, nunca O 
amaram como eu amei. Certamente eu sou o maior dos pecadores, e pequei demais, meu 
Salvador. Os montes de minhas provocações cresceram até o céu, e Ele nunca mais poderá 
voltar para mim”. Assim é que o crente escreve coisas amargas contra si mesmo; e nessa 
ocasião, é que muitas vezes ele ouve a voz de seu Amado. Algum texto da Palavra, ou 
alguma palavra de um amigo Cristão, ou alguma parte de um sermão, mais uma vez revela 
Jesus em toda a Sua plenitude, o Salvador dos pecadores, até mesmo do principal. Ou pode 
ser que Ele se dá a conhecer à alma desconsolada no partir do pão, e quando Ele fala as 
palavras gentis: “Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós... Tomou o cálice, 
dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que 
beberdes, em memória de mim” [1 Coríntios 11:24-25]; então, ele exclama: “A voz do meu 
amado! Eis que vem saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros”. 
 
Ah! meus amigos, vocês conhecem alguma coisa desta alegre surpresa? Se conhecem, 
por que vocês sempre sentam-se em desespero, como se a mão do Senhor estivesse 
encolhida de forma que Ele não possa salvar, ou como se Seus ouvidos estivessem 
agravados de forma que Ele não possa ouvir? Na hora mais tenebrosa digam: “Por que 
estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois 
ainda o louvarei, o qual é a salvação da minha face, e o meu Deus” [Salmos 42:11]. Venham 
com expectativa à Palavra. Não venham com essa indiferença apática, como se nada que 
um verme companheiro possa dizer seja digno de sua audição. Esta não é a palavra do 
homem, mas a Palavra do Deus vivo. Venham com grandes esperanças, e então vocês 
 
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encontrarão a promessa verdadeira, que Ele enche os famintos com coisas boas, embora 
Ele despeça os ricos de mãos vazias. 
 
 
III. A VINDA DE CRISTO MUDA TODAS AS COISAS. 
 
A vinda de Cristo muda todas as coisas para o crente, e Seu amor é mais suave do que 
nunca. 
 
Nós vimos na parábola que, quando a noiva estava desolada e sozinha, toda a natureza 
estava mergulhada em tristeza. Seu jardim não possuía encantos para levá-la adiante, pois 
o inverno reinava dentro e fora. Mas quando o seu senhor veio tão rapidamente sobre os 
montes, ele trouxe a primavera junto com ele. Toda a natureza é alterada enquanto ele 
avança, e seu convite é: “Levanta-te, meu amor, formosa minha, e vem. Porque eis que 
passou o inverno”. Exatamente assim é com o crente, quando Cristo está ausente: tudo é 
inverno na alma. Mas, quando Ele vem novamente sobre os montes da provação; Ele traz 
uma temporada de feliz primavera junto consigo. Quando esse sol da justiça surge de novo 
na alma, não apenas os Seus raios alegrantes caem sobre a alma do crente, mas toda a 
natureza se alegra com a sua alegria. As montanhas e colinas irrompem em cânticos diante 
dEle, e todas as árvores do campo batem palmas. É como uma mudança de estação para 
a alma. É como que a súbita mudança das chuvas torrenciais de inverno sombrio para a 
plena primavera colorida, que é tão peculiar aos climas do sol. 
 
O mundo natural é totalmente modificado. Em lugar do espinheiro surge a faia, e em lugar 
da sarça surge a murta. Cada árvore e campo possuem uma beleza nova para a alma feliz. 
O mundo da graça é totalmente transformado. Antes a Bíblia estava completamente seca 
e sem sentido; agora, que inundação de luz é derramada sobre as suas páginas! Quão 
plena, quão revigorante, quão rica em significado, como suas frases mais simples tocam o 
coração! Antes a casa de oração estava completamente triste e melancólica antes, os seus 
serviços eram áridos e insatisfatórios; mas agora, quando o crente vê o Salvador, como ele 
O viu no interior do santo lugar, seu clamor é: “Quão amáveis são os teus tabernáculos, 
SENHOR dos Exércitos! Porque vale mais um dia nos teusátrios do que mil” [Salmos 84:1, 
10]. Antes o jardim do Senhor estava todo triste e desanimado; agora a ternura em direção 
aos não-convertidos brota revigorada, e o amor ao povo de Deus arde no peito, aqueles 
que temem ao Senhor falam-se frequentemente. O tempo de cantar os louvores de Jesus 
chega, e a voz amorosa da rola a Jesus é mais uma vez ouvida na terra; a videira do Senhor 
frutifica, e a romã floresce, e a voz de Cristo para a alma é: “Levanta-te, meu amor, formosa 
minha, e vem”. 
 
 
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Como a pomba temerosa perseguida pela águia, e quase feita uma presa, com asa vibrante 
e ansiosa, esconde-se mais profundamente do que nunca nas fendas das rochas, e nos 
lugares secretos do precipício, assim o crente caído, a quem Satanás desejou capturar, 
para que pudesse peneirá-lo como trigo, quando ele é restaurado mais uma vez com a pre-
sença toda-graciosa do seu Salvador, apega-se a Ele com fé vibrante, desejosa, e esconde-
se mais profundamente do que nunca nas feridas de seu Salvador. Foi assim com Pedro 
ao cair, quando ele tão gravemente negou o seu Senhor, ainda assim, quando trazido nova-
mente à visão de seu Salvador, de pé sobre a terra, foi o único dos discípulos que se cingiu 
com sua capa de pescador, e lançou-se ao mar para nadar até Jesus; e assim como aquele 
apóstolo caído, quando mais uma vez ele se escondeu na Rocha Eterna, descobriu que o 
amor de Jesus era mais terno em relação a ele do que nunca, quando ele começou aquela 
conversa, que, mais do que todas as outras na Bíblia, combina a mais amável das 
reprovações com o mais amável dos incentivos: “Simão, filho de Jonas, amas-me mais do 
que estes?” [João 21:15]. Exatamente assim cada crente caído encontra que quando 
novamente ele está escondido nas feridas recém-abertas do seu Senhor, a fonte de Seu 
amor começa a fluir renovada, e o ribeiro de bondade e afeição é mais pleno e transbor-
dante do que nunca, porque a Sua palavra é: “Pomba minha, que andas pelas fendas das 
penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua 
voz é doce, e a tua face graciosa”. 
 
Ah, meus amigos, vocês conhecem alguma coisa disto? Vocês já experimentaram essa vin-
da de Jesus sobre o monte de vossas provocações, enquanto fez uma mudança de estação 
em vossa alma? E você, crente caído, encontrado, quando se escondeu nova e mais pro-
fundamente do que nunca nas fendas das rochas — como Pedro cingindo sua capa de 
pescador, e lançando-se ao mar — você encontrou o Seu amor mais terno do que nunca 
em sua alma? Então, isto não deveria ensinar-lhe o arrependimento rápido quando você 
cai? Por que manter-se por um momento sequer longe do Salvador? Você está esperando 
até que você mesmo limpe as manchas de sua veste? Ai! o que a purificará, senão o sangue 
que você está desprezando? Você está esperando até que torne a si mesmo digno da graça 
do Salvador? Ai! Embora você espere por toda a eternidade, você nunca poderá tornar-se 
mais digno. O seu pecado e miséria são sua única súplica. Venha, e você encontrará com 
que ternura Ele curará as suas rebeliões, e o amará voluntariamente, e dirá: “Pomba minha” 
e etc. 
 
 
IV. CRISTO DESPERTA TEMOR, AMOR E ESPERANÇA. 
 
Eu observo a tríplice disposição de temor, amor e esperança, que esta visita do Salvador 
 
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desperta no seio do crente. Estes três formam, por assim dizer, um cordão no coração do 
crente restaurado, e um cordão de três dobras não se quebra facilmente. 
 
1. Temor Filial. 
 
Em primeiro lugar, há temor. Como a noiva na parábola não sairia para desfrutar a comu-
nhão com seu senhor, sem deixar a ordem para que suas donzelas apanhassem as rapo-
sas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, assim cada crente sabe e sente que o tempo 
da íntima comunhão é também o momento de maior perigo. Quando o Salvador foi batizado, 
e o Espírito Santo, como uma pomba, desceu sobre Ele, e uma voz, disse: “Este é o meu 
Filho amado, em quem me comprazo” [Mateus 3:17], foi, então, que Ele foi conduzido ao 
deserto, para ser tentado pelo Diabo; e exatamente assim é quando a alma está recebendo 
seus maiores privilégios e consolos, que Satanás e seus ministros estão mais próximos, 
estes são as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas. 
 
(1) O orgulho espiritual está próximo. Quando a alma está se escondendo nas feridas do 
Salvador, e recebe grandes sinais de Seu amor, então o coração começa a dizer: Certa-
mente eu sou alguém, o quão acima eu estou da média crentes! Esta é uma das raposi-
nhas que comem a vida da piedade vital. 
 
(2) Aqui há um valer-se de Cristo pelos seus consolos — olhando para seus consolos, e 
não para Cristo — inclinando-se sobre eles, e não sobre o seu amado. Esta é outra das 
raposinhas. 
 
(3) Existe a falsa noção de que agora certamente você deve estar livre do pecado, e aci-
ma do poder da tentação, agora você pode resistir a todos os inimigos. Este é o orgulho 
que vem antes da queda e é outra das raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas. 
 
Nunca esqueçam, eu vos suplico, que o temor é uma evidência da segurança de um crente. 
Mesmo quando vocês sentirem que é Deus quem opera em vocês, ainda assim, a Palavra 
diz: “operai a vossa salvação com temor e tremor” [Filipenses 2:12]. Mesmo quando a vossa 
alegria for transbordante lembrem-se do que está escrito: “alegrai-vos com tremor” [Salmos 
2:11], e lembrem-se também do cuidado da noiva, e digam: “Apanhai-nos as raposas, as 
raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor”. 
 
2. Apropriando-se do Amor. 
 
Mas se o temor cauteloso é uma marca de um crente em tal período, ainda mais é o apro-
priar-se do amor. Quando Cristo vem novamente dos montes da provação, e revela-Se à 
 
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alma livre e plenamente como sempre, de uma forma diferente do que o faz ao mundo, 
então, a alma pode dizer: “O meu amado é meu, e eu sou dele”. Eu não digo que o crente 
pode usar essas palavras em todas as estações. Em tempos de escuridão e em tempos de 
pecado a realidade da fé de um crente deve ser medida antes por sua tristeza do que por 
sua confiança. Mas eu digo, que nas temporadas em que Cristo revela-Se de novo à alma, 
brilhando como o sol atrás de uma nuvem, com os raios do amor soberano, imerecido, 
então nenhuma outra palavra satisfará o verdadeiro crente, senão estas: “O meu amado é 
meu, e eu sou dele”. A alma vê Jesus como um Salvador tão gratuito, que tanto anseia que 
todos venham a Ele e tenham vida, estendendo Suas mãos o dia todo, não tendo nenhum 
prazer na morte do ímpio, clamando a os homens: “Convertei-vos, convertei-vos, por que 
morrereis?”. 
 
A alma vê Jesus como um Salvador tão apropriado, a própria cobertura que a alma neces-
sita. Quando ela primeiramente escondeu-se em Jesus, O encontrou adequado para todas 
as suas necessidades, a sombra de uma grande rocha em terra sedenta. Mas, agora, ele 
descobre uma nova adequação no Salvador, como Pedro, quando ele se cingiu com sua 
capa de pescador, e lançou-se ao mar. Ela encontra que Ele é um Salvador adequado para 
um crente caído; que Seu sangue pode apagar até mesmo as manchas daquele que, depois 
de ter comido pão com Ele, ainda levantou o calcanhar contra Ele. 
 
A alma vê Jesus como um Salvador pleno, concedendo ao pecador não apenas perdão, 
mas transbordando perdões imensuráveis, concedendo não somente a justiça, porém a 
justiça que é mais do que mortal, pois ela é totalmente Divina; concedendo não somente o 
Espírito, mas derramando água sobre o sedento, e rios sobre a terra seca. A alma vê tudo 
isso em Jesus, e não pode deixar deescolhê-lO e deleitar-se nEle com amor renovado e 
apropriado, dizendo: “O meu amado é meu”. E, se alguém perguntar, Como podes tu, verme 
pecaminoso, chamar tal Divino Salvador de teu? A resposta está aqui: Porque eu sou dEle. 
Ele me escolheu desde a eternidade, senão eu nunca O teria escolhido. Ele derramou Seu 
sangue por mim, senão eu nunca teria derramado uma lágrima por Ele. Ele chorou por mim, 
mas eu nunca teria suspirado por Ele. Ele procurou por mim, mais eu nunca O teria pro-
curado. Ele me amou, portanto, eu O amo. Ele me escolheu, por isso eu sempre O escolho. 
“O meu amado é meu, e eu sou dele”. 
 
3. Esperança Orante. 
 
Mas, por fim, se o amor é uma marca do verdadeiro crente em tal temporada, assim também 
é esperança em oração. Foi a palavra de um verdadeiro crente, em uma hora de comunhão 
elevada e maravilhosa com Jesus: “Senhor, bom é estarmos aqui” [Mateus 17:4]. 
 
 
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Meu amigo, você não é crente se Jesus nunca Se manifestou à sua alma em suas devoções 
secretas, na casa de oração ou no partir do pão, em forma tão doce e avassaladora, que 
você clamou: “Senhor, é bom para mim estar aqui!”. Contudo, embora isso seja bom e muito 
agradável, como a luz solar para os olhos, ainda assim, o Senhor vê que não é mais sábio 
e melhor sempre estar ali. Pedro tem que descer novamente do monte da glória, e combater 
o bom combate da fé em meio à vergonha e afronta de um mundo frio e desdenhoso. 
 
E assim é com cada filho de Deus. Nós ainda não estamos no céu, o lugar da visão plena 
e gozo eterno. Esta é a terra, o lugar da fé, da paciência e da esperança para o céu indicado. 
Uma grande razão pela qual o júbilo próximo e íntimo do Salvador não pode ser constante-
mente efetuado no seio do crente é para dar espaço para a esperança, a terceira corda que 
forma o cordão de três dobras. Até mesmo os crentes mais esclarecidos estão andando 
aqui em uma noite tenebrosa, ou crepúsculo, no máximo. E as visitas de Jesus para a alma 
apenas servem para fazer a escuridão ao redor mais visível. Mas a noite é passada, e o dia 
é chegado. O dia da eternidade está rompendo no oriente. O sol da justiça está apressando-
se a subir sobre o nosso mundo, e as sombras estão se preparando para fugir. Até então, 
o coração de cada crente verdadeiro, que conhece a preciosidade da estreita comunhão 
com o Salvador, suspira em fervorosa oração, que Jesus frequentemente venha de novo, 
assim, orvalhante e subitamente o ilumine em sua sombria peregrinação. 
 
Ah! sim, meus amigos, que todo aquele que ama ao Senhor Jesus com sinceridade, junte-
se agora à bendita oração da noiva: “Até que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, 
amado meu; faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter”. 
 
 
 
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“A Voz do Meu Amado” é extraído de Memórias e Lembranças do Reverendo Robert Murray 
M´Cheyne, por Andrew Bonar. Primeiramente publicado em 1844, (reimpresso, Edimburg: 
Oliphant, Anderson, & Ferrier), p. 431-440. Este Sermão foi pregado por M´Cheyne em 14 
de Agosto de 1836, em St. Peter, Dundee. Ele, nesta época, era candidato ao ministério, e 
posteriormente tornou-se ministro de St. Peter. 
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2 
O Constrangedor Amor de Cristo 
 
 
“Porque o amor de Cristo nos constrange.” (2 Coríntios 5:14) 
 
De todas as características do caráter de São Paulo, a sua atividade incansável foi a mais 
marcante. Desde o início da história de Paulo, nos é dito de seus esforços pessoais em 
perseguir a Igreja nascente, quando ele era um “blasfemo, e perseguidor, e injurioso” [2 
Timóteo 3:2], é bastante óbvio que esta era a característica proeminente de sua mente 
natural. Mas, quando aprouve ao Senhor Jesus Cristo manifestar nele toda a longanimidade 
e torná-lo um padrão para aqueles que se haviam crer nEle, é bonito e muito instrutivo ver 
como os recursos naturais deste homem ousadamente mau tornaram-se não apenas 
santificados, mas revigorados e ampliados; assim é verdade que os que estão em Cristo 
são uma nova criação: “As coisas velhas passam, e tudo se fez novo” [2 Coríntios 5:17]; 
“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Per-
seguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” [2 Coríntios 4:8-9]; este 
era um retrato fiel da vida de Paulo quando convertido. Conhecendo os terrores do Senhor, 
e a situação temerosa de todos os que estavam ainda em seus pecados, ele deixou o 
negócio de sua vida para persuadir os homens; esforçando-se, para que por qualquer meio, 
pudesse recomendar à verdade às suas consciências. “Porque, se enlouquecemos, é para 
Deus; e, se conservamos o juízo, é para vós” (v. 13). 
 
Se o mundo pensa que nós somos sábios ou loucos, por causa de Deus e das almas huma-
nas serem a causa em que investimos todas as energias do nosso ser, quem, então, não 
está pronto para investigar a fonte secreta de todos estes trabalhos sobrenaturais? Quem 
não desejaria ter ouvido da boca de Paulo, o poderoso princípio de que o impeliu a tantas 
labutas e perigos? Que poder tinha tomado posse desta poderosa mente, ou que invisível 
influência planetária, com poder incessante, ele baseou-se para atravessar todos os desâ-
nimos, indiferente tanto ao pavor do riso do mundo quanto ao medo do homem; despreo-
cupado tanto em relação ao desprezo do ateniense cético quanto à carranca do promíscuo 
coríntio e da raiva do tacanho judeu? O que o apóstolo diz de si mesmo? Temos a sua pró-
pria explicação do mistério nas palavras que estão diante de nós: “O amor de Cristo nos 
constrange”. 
 
 
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I. O Constrangedor Amor de Cristo. 
 
Isto se refere ao amor de Cristo pelo homem, e não o nosso amor pelo Salvador. Isso é 
bastante óbvio, a partir da explicação que se segue, onde a Sua morte por todos é apon-
tada como o exemplo do Seu amor. Foi a admirável visão de que a compaixão do Salvador 
— levando-O a morrer por e em lugar de Seus inimigos, suportando os pecados deles e 
provando a morte por todos — impulsionou Paulo a cada trabalho, e fez com que todos os 
seus sofrimentos se tornassem leves para ele, que os mandamentos não fossem penosos 
e ele “correu com paciência a carreira que lhe foi proposta”. Por quê? Porque ele olhou para 
Jesus, e viveu como um homem “crucificado para o mundo e o mundo crucificado para ele”. 
Usando que meios? Olhando para a cruz de Cristo. 
 
Assim como o sol natural nos céus exerce uma poderosa energia atrativa e incessante 
sobre os planetas que giram ao redor dele, assim fez o Sol da justiça, que havia, de fato, 
raiado sobre Paulo com um brilho superior ao do sol do meio-dia, e exercia em sua mente 
uma energia contínua e onipotente, constrangendo-o a viver a partir de agora não mais 
para si, mas para Aquele que por ele morreu e ressuscitou. E, observe, que não era uma 
energia temporária e irregular que foi exercida sobre o seu coração e vida, mas uma atração 
permanente e contínua; pois ele não diz que o amor de Cristo uma vez o constrangeu; ou 
que o amor de Cristo ainda o constrangeria; ou que, em tempos de grande ânimo, nos 
períodos de oração ou devoção peculiar, o amor de Cristo o havia constrangido. Ele disse 
simplesmente que o amor de Cristo o constrange. Este é o poder sempre presente, perma-
nente e ativo que constitui a mola mestra de todos os seus trabalhos; de modo quese isso 
fosse tirado suas energias se esgotariam, e Paulo se tornaria fraco como os outros homens. 
 
Não há ninguém lendo isto cujo coração é desejoso de possuir apenas um princípio impul-
sionador como este? Não há ninguém que tenha chegado a essa mais interessante de 
todas as etapas de conversão em que você está suspirando por um poder para lhe renovar? 
Você entrou pela porta estreita da crença. Você viu que não há paz para o não-justificado; 
e, portanto, se revestiu de Cristo para a sua justiça; e já sente um pouco da alegria e da 
paz da crença. Você pode olhar para trás em sua vida passada, vivida sem Deus, sem 
Cristo e sem o Espírito no mundo; você pôde ver-se um pária condenado, e você disse: 
“Ainda que eu pudesse lavar as mãos em água de neve, ainda assim as minhas próprias 
vestes me abominam”. Você pode fazer tudo isso, com vergonha e autocensura, é verdade, 
mas ainda sem desânimo e sem desespero; pois o seu olho olhou com fé para Aquele que 
foi feito pecado por nós, e está convencido de que, como aprouve a Deus imputar todas as 
vossas iniquidades no Salvador, Ele está pronto, e sempre foi disposto, para imputar toda 
a justiça do Salvador a você. Sem desespero, eu disse? Ou melhor, com alegria e canto; 
porque, se, de fato, você creu de todo o seu coração, então você se tornou o homem bem-
aventurado a quem Deus imputa a justiça sem as obras; ao qual Davi descreve, dizendo: 
 
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“Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-
aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade” [Salmos 32:1-2]. 
 
Esta é a paz do homem justificado. Mas essa paz é um estado de bem-aventurança per-
feita? Não há nada deixado a desejar? Faço um apelo para aqueles de vocês que sabem 
o que é ser crente. O que é que ainda obscurece o semblante, que reprime a exultação do 
espírito? Por que não juntar-se sempre na canção de ação de graças: “Bem-dize, ó minha 
alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. Ele é o que perdoa 
todas as tuas iniquidades” [Salmos 103:2-3]! Se nós recebemos em dobro por todos os 
nossos pecados, assim nunca deveria ser necessário para nós arguir como o faz o salmista: 
“Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim?” [Salmos 
42:11a]. Meus amigos, não há um homem entre vós que realmente crê, que não tenha 
sentido o pensamento inquietante do qual eu estou falando agora. Pode haver alguns de 
vocês que se sentirão tão dolorosamente, como que tendo sido obscurecidos com uma 
nuvem pesada, a doce luz da paz evangélica, o brilho do rosto reconciliado sobre a alma. 
O pensamento é este: “Eu sou um homem justificado; mas, ai de mim! eu não sou um 
homem santificado. Eu posso olhar para a minha vida passada, sem desespero; mas como 
eu posso olhar para a frente, para o que está por vir?”. 
 
Não há uma paisagem moral mais pitoresca no universo do que a alma de um desses pre-
sentes. Tendo todas as suas ofensas passadas perdoadas, o olho contempla o interior, com 
uma clareza e uma imparcialidade desconhecidas anteriormente, e lá ele olha para suas 
afeições há muito estimuladas ao pecado, e que, como os rios antigos, tem usado um canal 
profundo para o coração. Suas declarações periódicas de paixão, até então irresis-tível e 
avassaladora, como as marés do oceano; suas perversidades de temperamento e de hábi-
tos tortos e inflexíveis como os galhos retorcidos de um carvalho atrofiado. Que cena está 
aqui; que antecipação do futuro! Que pressentimentos de uma luta vã contra a tirania da 
luxúria! contra velhas maneiras de agir, e de falar, e de pensar! Se a esperança da glória 
de Deus não fosse um dos direitos adquiridos do homem justificado, ele ficaria surpreso se 
essa visão de terror fizesse um homem voltar trás, como um cão ao seu vômito, ou como a 
porca lavada volta a chafurdar na lama? 
 
Agora assim é com o homem precisamente nesta situação, clamando pela manhã e à tarde: 
“Como poderei ser feito de novo?”. Que bem deverá o perdão dos meus pecados passados 
fazer a mim, se eu não for liberto do amor ao pecado? Assim é com o homem que nós ire-
mos agora, com toda a seriedade e afeição, apontar o exemplo de Paulo, e o poder secreto 
que operou nele. “O amor de Cristo”, diz Paulo, “nos constrange”. Nós também somos ho-
mens, de natureza semelhante a vocês; essa mesma visão que você vê com desânimo 
dentro de você, foi de igual modo revelada em nós em todo o seu poder desanimador. De 
 
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quando em quando a mesma visão horrenda dos nossos próprios corações é revelada a 
nós. Mas nós temos um encorajamento que nunca falha. O amor do Salvador sangrante 
nos constrange. O Espírito é dado para os que creem, e este agente todo-poderoso tem 
um argumento que nos move continuamente: o amor de Cristo. 
 
Meu presente objetivo é mostrar como esse argumento, na mão do Espírito, move o crente 
a viver para Deus; como tão simples verdade do amor de Cristo ao homem, continuamente 
apresentada à mente pelo Espírito Santo, deve capacitar qualquer homem a viver uma vida 
de santidade evangélica. Se há um homem entre vós, cuja a grande dúvida é: “Como serei 
salvo do pecado, como andarei como um filho de Deus?”. Este é o homem dentre todos os 
outros, cujo ouvido e o coração eu estou ansioso para alcançar. 
 
 
II. Seu Amor Remove Nosso Ódio. 
 
O amor de Cristo ao homem constrange o crente a viver uma vida santa, pois essa verdade 
tira todo o seu medo e ódio de Deus. 
 
Quando Adão ainda não havia caído, Deus era tudo para sua alma; e tudo era bom e dese-
jável para ele, somente na medida em que tinha a ver com Deus. Cada veia do seu corpo, 
de modo que foi assombrosa e maravilhosamente formado, cada folha que farfalhava nos 
caramanchões do Paraíso, a cada novo sol que se erguia, regozijando-se como um herói, 
a correr a sua corrida, levou-o todos os dias novos temas de pensamentos piedosos e de 
admiráveis louvores; e foi só por isso que ele podia se encantar a olhar para eles. As flores 
que apareceram sobre a terra, o canto dos pássaros e a voz da rola ouvida em toda a terra 
feliz, a figueira produzindo seus figos verdes, e as vinhas com as uvas dando um cheiro 
bom, tudo isso combinado trazia a ele por todos os poros uma grande e variada sensação 
de felicidade. E por quê? Só porque eles traziam para a alma comunicações ricas e variadas 
da multiforme graça de Jeová. Pois, assim como você pode ter visto uma criança na terra 
dedicada a seu pai terreno, satisfeita com tudo quando ele está presente, e valorizando 
cada dom da mesma forma que serve para demonstrar ainda mais a ternura do coração de 
seu pai, assim também era com essa genuína criança de Deus. Em Deus, ele viveu, e 
moveu-se, e existiu; e não mais certo seria que a extinção do sol nos céus tirasse essa luz 
que é tão agradável aos olhos, do que seria a ocultação da face de Deus ter-lhe tirado a luz 
de sua alma, e deixado a natureza em um deserto escuro e desolado. 
 
Mas, quando Adão caiu, o ouro fino tornou-se opaco, o seu processamento mental e gostos 
foram invertidos. Em vez de desfrutar de Deus em tudo, e tudo em Deus, tudo agora parecia 
odioso e desagradável para ele, justamente na medida em que tinha a ver com Deus. 
 
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Quando o homem pecou, passou a temer, e odiar Aquele a quem temia; e fugiu para todo 
o pecado apenas para fugir dAquele a quem ele odiava. De modo que, assim como você 
pode ter visto uma criança que penosamente transgrediu contra um pai amoroso fazendo 
todo o possível para esconder-se da vista de seu pai, fugindo de sua presença e mergu-
lhando em outros pensamentos e ocupações só paralivrar-se do pensamento de seu pai 
justamente ofendido; na mesma forma, quando Adão caiu ouviu a voz do Senhor Deus, que 
passeava no jardim pela viração do dia, aquela voz que antes de pecar era música celestial 
em seus ouvidos, então “esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, 
entre as árvores do jardim” [Gênesis 3:8]. E da mesma maneira todo homem natural foge 
da voz e da presença do Senhor, não para esconder-se sob as folhas grossas do Paraíso, 
mas para enterrar-se em cuidados, e negócios, e prazeres, e farras. Qualquer retiro é agra-
dável, desde que Deus não esteja lá; qualquer ocupação é tolerável, desde que Deus não 
esteja nos pensamentos. 
 
Agora, tenho a certeza que muitos de vocês podem ouvir essa acusação contra o homem 
natural com uma indiferença incrédula, ou até mesmo com indignação. Você não sente que 
você odeia a Deus, ou teme a Sua presença; e, portanto, você diz que isso não pode ser 
verdade. Mas quando Deus diz a respeito de seu coração que é “desesperadamente 
corrupto” [Jeremias 17:9], quando Deus reivindica para si o privilégio de conhecer e esqua-
drinhar o coração; não é presunçoso, em tais seres ignorantes como nós que devamos 
dizer que não é verdade em relação a nossos corações o que Deus afirma ser verdade, 
simplesmente porque não estamos conscientes disso? 
 
Deus diz que “a inclinação da carne é inimizade contra Deus” [Romanos 8:7], que a própria 
semente e substância de uma mente não-convertida é o ódio contra Deus, um ódio absoluto 
e implacável contra Aquele em quem vivemos, nos movemos e existimos. É bem verdade 
que não sentimos esse ódio dentro de nós; mas isso é apenas um agravamento do nosso 
pecado e do nosso perigo. Temos assim bloqueado as vias de autoexame, há tantas voltas 
e voltas antes que possamos chegar aos verdadeiros motivos de nossas ações, que o 
nosso medo e ódio de Deus, que levam o homem a pecar, e que são as grandes forças 
impulsoras quais os aguilhões de Satanás sobre os filhos da desobediência; os verdadeiros 
motivos de nossas ações estão totalmente escondidos de nossa vista, e você não pode 
convencer um homem natural que eles estão realmente ali. Mas, a Bíblia testemunha que 
destas duas raízes mortais, do temor e do ódio de Deus, cresce a densa floresta de pecados 
com que a terra está enegrecida e coberta. E se há alguém entre vós, que foi despertado 
por Deus para saber o que está em seu coração, eu tomo esse homem hoje para teste-
munhar que seu clamor amargo, tendo visto todos os seus pecados, tem sido: “Contra ti, 
contra ti somente pequei” [Salmos 51:4]. 
 
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Se, então, o temor e o ódio de Deus, são a causa de todos os nossos pecados, como deve-
mos ser curados do amor ao pecado, senão por tirarmos a causa? Como você mais 
efetivamente mata a erva daninha? Não é atacando a raiz? No amor de Cristo ao homem, 
então — neste admirável e inefável dom de Deus, quando Ele deu a Sua vida por Seus 
inimigos, quando morreu o justo pelos injustos para levar-nos a Deus —, você não vê um 
objeto que, se realmente crido pelo pecador, tira todo o seu medo e todo o seu ódio de 
Deus? A raiz do pecado é separada do seu tronco, deste duplo fundamento de todos os 
nossos pecados, vemos a maldição levada, vemos Deus reconciliado. Por que devemos 
temer? Não tema, por que devemos odiar a Deus ainda? Não odeie Deus, o que mais de 
desejável podemos ver no pecado? Descanse sobre a justiça de Cristo, estamos nova-
mente no lugar onde Adão esteve, com Deus como nosso amigo. Nós não temos nenhum 
motivo para pecar; e, portanto, nós não nos importamos com o pecado. 
 
No sexto capítulo de Romanos, Paulo parece falar do crente pecando, como se a própria 
proposição fosse absurda. “Nós, que estamos mortos para o pecado”, isto é, nós que já 
fomos punidos em Cristo, “como viveremos ainda nele?” [v. 2]. E novamente ele diz muito 
corajosamente: “O pecado não terá domínio sobre vós”, é impossível na natureza das 
coisas, “pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” [v. 14]; você não está mais 
sob a maldição de uma Lei violada, temendo e odiando a Deus; você está debaixo da graça; 
sob um sistema de paz e amizade com Deus. 
 
Mas há alguém pronto para objetar-me que se essas coisas são assim, se nada mais do 
que isso é necessário para trazer um homem à paz com Deus e à uma vida e conversação 
santa, como os crentes ainda cometem pecado? Eu respondo, é de fato muito verdadeiro 
que os crentes pecam; mas é igualmente verdade que a incredulidade é a causa de seu 
pecado. Se você e eu estivéssemos vivendo com o olho tão próximo em Cristo suportando 
tanto por todos os nossos pecados, oferecendo gratuitamente a todos uma justiça em dobro 
por todos os nossos pecados; e se esta visão do amor de Cristo fosse constantemente 
mantida dentro de nós, como certamente seria se olhássemos com um olho simples, a paz 
de Deus que excede todo o entendimento — a paz que não repousa em nenhum de nós, 
mas inteiramente sobre Cristo —, então eu digo que, frágeis e indefesos como somos, nós 
nunca pecaríamos nem teríamos a menor motivação para pecar. Todavia não é desta forma 
conosco. Quantas vezes durante o dia o amor de Cristo é completamente esquecido! 
Quantas vezes está obscurecido para nós! Às vezes se oculta de nós pelo próprio Deus, 
para nos ensinar o que somos. Quantas vezes somos deixados sem o sentido do que é a 
completude da Sua oferta, a perfeição de Sua justiça, e ficamos sem vontade ou sem 
confiança para afirmar nosso interesse nEle! Quem maravilha-se, então, que onde há tanta 
incredulidade, medo e ódio por Deus haverá mais e mais deformação, e o pecado irá muitas 
vezes exibir sua cabeça venenosa? 
 
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A questão é muito simples, se apenas nós tivéssemos olhos espirituais para vê-la. Se vivês-
semos uma vida de fé no Filho de Deus, então iríamos certamente viver uma vida de santi-
dade. Eu não digo que devemos fazê-lo; mas eu digo, deveremos, como uma questão de 
consequência necessária. Mas na medida em que não vivemos uma vida de fé, viveremos 
uma vida de impiedade. É por meio da fé que Deus purifica o coração; e não há outra ma-
neira. 
 
Existe algum de vocês, então, desejoso de ser feito novo, de ser liberto da escravidão de 
hábitos e afeições pecaminosas? Não podemos apontar-lhe nenhum outro remédio, senão 
o amor de Cristo. Vede como Ele o amou! Veja o que Ele suportou por você; coloque o 
dedo, por assim dizer, nas marcas dos cravos, e coloque a mão no seu lado; e não sejas 
incrédulo, mas crente. Sob um senso de seu pecado, fuja para o Salvador dos pecadores. 
Como a pomba temerosa voa para esconder-se nas fendas das rochas, assim fuja para se 
esconder nas feridas de Seu Salvador; e depois de tê-lO encontrado como a sombra de 
uma grande rocha em terra sedenta; quando você se sentar sob Sua sombra, com grande 
prazer; você vai achar que Ele matou toda a inimizade, que Ele findou todas as tuas guerras. 
Deus agora é por você. Plantado juntamente com Cristo na semelhança da Sua morte, você 
será também na semelhança da Sua ressurreição. Morto para o pecado, você deverá estar 
vivo para Deus. 
 
 
III. Seu Amor Desperta O Nosso Amor 
 
O amor de Cristo ao homem constrange o crente a viver uma vida santa; porque esta 
verdade não somente remove o medo e o ódio, mas desperta o nosso amor. 
 
Quando somos levados a ver a face do Deus reconciliado em paz, este é um grande privi-
légio. Mas como podemos olhar para Aquela face, reconciliando e reconciliado, e não amar 
Aquele que assim nos amou? Amor gera amor. Dificilmente podemos deixar de estimar 
aqueles no mundo que realmente nos amam, embora eles possam não servir a nossos

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