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PREPARATÓRIO PARA OAB Professora: Dra. Claudia Tristão DISCIPLINA: DIREITO CIVIL Capítulo 10 Aula 3 DIREITO DAS SUCESSÕES Coordenação: Dr. Flávio Tartuce 01 Sucessão Testamentária "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 1. Sucessão testamentária À medida em que se individualiza a propriedade, sente o homem a necessidade de se afirmar depois da morte, escolhendo aquele que lhe receba os haveres. E a primeira noção de transferência de bens por declaração de vontade aparece como ato de adoção (adoptio in hereditatem), que seria a origem genética do testamento. O novo Código Civil, assim como o anterior, permite a coexistência das duas modalidades de sucessão, ao mesmo tempo, quais sejam: legítima e a testamentária, previstas, respectivamente, nos artigos 1.829 e 1.857. Definição: Caio Mário da Silva Pereira "sucessão testamentária é aquela que se dá em obediência à vontade do defunto, prevalecendo, contudo, as disposições legais naquilo que constitua 'ius cogens' bem como no que for silente ou omisso o instrumento". Testamento: é o ato pelo qual uma pessoa dispõe de seus bens para depois de sua morte, ou faz outras declarações de última vontade. Trata-se de negócio jurídico unilateral, de caráter personalíssimo, solene, gratuito e revogável. Capacidade para testar: o testamento, como todo negócio jurídico, deve obedecer à regra geral a qual condiciona sua validade a agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou defesa em lei (artigo 104 do C.C.) O artigo 1.860 dispõe que "além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiveram pleno discernimento". No que diz respeito à incapacidade, seja ela relativa ou absoluta, é conveniente verificar os artigos 3º e 4º do C.C.. Todas as pessoas têm capacidade para testar, inclusive os maiores de dezesseis anos. Tudo leva a crer que a intenção do legislador era não só apontar os que são incapazes de fazer o testamento, mas também esclarecer que no momento de testar essas pessoas não tinham discernimento pleno, fato que poderá ocorrer de uma causa permanente ou transitória. Importante: Os atos da vida civil não podem ser praticados pelos relativamente incapazes, salvo se assistidos pelos seus representantes legais, (artigo 4º, Inciso I, C.C.), mas esclarece o artigo 1.860 que é considerada plenamente capaz para testar a pessoa a partir de dezesseis anos de idade e outorgará o testamento sem assistência do representante legal, até porque, sendo o testamento um ato personalíssimo (artigo 1.858), não pode o testador ficar sujeito à assistência, autorização ou anuência de quem quer que seja. Aula 3 02 Também não será invalidado o testamento em razão de incapacidade posterior ao testamento. O ato será válido e eficaz. Já o testamento realizado por incapaz não terá validade com a superveniência da capacidade (artigo 1.861). Validade do testamento: A invalidade tem patamares diferenciados operados na nulidade (artigo 166) e anulabilidade (artigo 171). Aprendemos que todo ato nulo é insuscetível de ratificação, e nem se aperfeiçoa com o tempo. Importante: Entretanto, o artigo 1.859 estabelece o prazo de cinco anos, a contar do registro do testamento, o direito de argüir a sua validade. Trata-se de expressa exceção do artigo 169, justamente porque o testamento é ato de disposição de última vontade, e se, passados os cinco anos, contados da data em que foi registrado, não mais poderá ser argüida a sua invalidade. Registro do testamento será realizado por ordem judicial, observados os requisitos dos artigos 1.125 a 1.127 do Código de Processo Civil. Captação da vontade: Captação, como ensina Clóvis Beviláqua: "é o emprego de artifícios para conquistar a benevolência de alguém, no intuito interessado de obter liberalidades de sua parte, em favor do captante ou de terceiros". Como todo negócio jurídico, o testamento é anulável por vício do consentimento, ou seja, por erro, dolo ou coação. Mas, se alguém fazer-se estimar pelo testador, despertar nele um sentimento de simpatia, de modo que venha a contemplar essa pessoa em seu testamento, esse ato, chamado de captação inocente, não é considerado vício do consentimento porque não foram utilizados recursos considerados ilícitos. Muito embora seja a conduta considerada moralmente ilícita, no campo do direito é necessário que esta afeição simulada venha acompanhada de medidas fraudulentas para que o ato seja considerado anulável. A prescrição da ação de anulabilidade fundada em vício do consentimento prescreve em quatro anos (artigo 1.909). Formas de testamento: O testamento é negócio jurídico solene e sua eficácia está subordinada à obediência de forma prescrita em lei. Portanto, mesmo que realizado espontaneamente, o ato não terá eficácia para transferir a propriedade do patrimônio do testador para os herdeiros e legatários se a vontade for externada de modo diverso do prescrito em lei. O ato será nulo. Deve-se também esclarecer que a lei não permite o testamento conjuntivo ou de mão comum, ou seja, aquele em que duas pessoas, mediante um só instrumento, por um mesmo ato, dispõem de seus bens. Pode ser simultâneo, quando os testadores dispõem em benefício de terceiros; recíproco, quando os testadores se instituem um ao outro; correspectivo, quando o benefício outorgado por um dos testadores, ao outro, retribui vantagem correspondente. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 03 Quanto às formas, propriamente ditas, temos três espécies de testamento ordinário: 1) público, 2) cerrado ou místico, e 3) particular. Ao lado das formas ordinárias, temos também os testamentos especiais: 1) marítimo, 2) aeronáutico e o 3) militar (artigo 1.886). O testamento público é escrito pelo tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com as declarações do testador, em língua nacional. Depois de lido em voz alta, na presença de duas testemunhas, será assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião. A cegueira, a surdez e o analfabetismo não impedem esta espécie de testamento. Ao cego somente é permitido testar por esta via (pública), devendo o instrumento ser lido em voz alta duas vezes, uma pelo tabelião, outra por uma das testemunhas designadas pelo testador (artigo 1.867). Ao surdo, poderá ele ler, se souber; se não, designará quem o faça em seu lugar, na presença de testemunhas (artigo 1.866). E por fim, ao analfabeto, depois de lido o testamento, pedirá que uma das testemunhas assine a seu rogo (artigo 1.865). O testamento cerrado está regulado nos artigos 1.868 a 1.875. É escrito pelo testador, ou por outra pessoa a sua ordem, e por ele assinado. Feito o testamento, o testador deve entregá-lo ao tabelião, na presença de duas testemunhas, declarando ser aquele seu testamento, que deseja vê-lo aprovado. O tabelião, por sua vez, lançará o auto de aprovação, declarando que o testador, na presença das testemunhas, entregou-lhe aquele instrumento para ser aprovado. Uma vez lido pelo tabelião, será assinado por ele, pelas testemunhas e pelo testador. Feito isso, o tabelião cerra e cose o instrumento aprovado, entregando-o ao testador, ao mesmo tempo em que lança em seu livro, nota do lugar, dia mês eano em que o testamento foi aprovado e entregue. É praxe notorial, e não uma exigência legal, os tabeliães colocarem pingos de cera sobre os nós da linha que utilizaram para coser o testamento. Apresentação, abertura e cumprimento do testamento cerrado: Falecido o testador, seu testamento será levado ao juiz que o abrirá na presença do apresentante do escrivão. Uma vez verificada a inviolabilidade do lacre ou qualquer vício externo, será o instrumento aberto e publicado em cartório. Depois de ouvido o Ministério Público, os autos irão conclusos ao juiz, que o mandará registrar, inscrever e cumprir, extraindo-se cópia autêntica do testamento, que será entregue ao testamenteiro para juntada ao processo de inventário. Se verificado que o lacre foi violado, o juiz imediatamente determinará realização de perícia, servindo o laudo pericial de base para futuras controvérsias em torno da violação e sua autoria. Já o testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou por meio mecânico. Se escrito de próprio punho, deverá ser feito pelo próprio testador, sob pena de nulidade, lido e assinado na presença de pelo menos três testemunhas (§ 1º do artigo 1.876). "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 04 Se elaborado por meio mecânico, não poderá ter espaços em branco ou rasuras, devendo ser lido e assinado pelo testador na presença de pelo menos três testemunhas (§ 2º do artigo 1.876). Esse meio de testar, dispensa a presença do tabelião, desde que presentes os requisitos acima mencionados. Porém, em razão da inexistência de qualquer registro público, caso o testamento venha a extraviar-se, não poderá ser cumprido, mesmo que as testemunhas afirmem o fato e atestem seu conteúdo. Publicação e cumprimento do testamento particular: Morto o testador, o seu testamento será publicado em juízo. Os apresentantes do instrumento (testamenteiro, herdeiro, ou legatário) requererão a notificação das pessoas a quem caberia a sucessão legítima, para assistirem a inquirição das testemunhas que assinaram o testamento. Presente pelo menos uma testemunha que ateste sua assinatura, o teor das disposições testamentárias, a leitura do testamento e encontrar-se o testador em perfeito juízo na hora de testar, o juiz mandará cumprir o testamento (artigo 1.878). Todavia, se nenhuma das testemunhas comparecerem, ou por haverem falecido, ou desaparecido, o testamento não poderá ser cumprido. Codicilo: Codicilo é ato de última vontade em que seu autor determina providências de caráter não patrimonial ou patrimonial, mas de pequena monta como, por exemplo, providências sobre seu enterro, faz esmolas de pouca importância a certas e determinadas pessoas, ou aos mendigos de determinado lugar, lega móveis, roupas ou jóias de pequeno valor, nomeia ou substitui testamenteiros, entre outros, como dispõem os artigos 1.881, 1883 e 1.998. Não se pode, por codicilo, nomear ou deserdar herdeiros, instituir legatários, legar imóveis, enfim fazer disposições patrimoniais de valor considerável. Testamentos especiais: Os testamentos especiais são o marítimo, o aeronáutico e militar. O primeiro é permitido àquele que se encontra em viagem, a bordo de navio nacional, mercante ou de guerra, e que receie morrer na viagem; o segundo é facultado ao que está em viagem a bordo de aeronave militar ou comercial, e o terceiro, é prerrogativa do militar e mais pessoas que se encontram em campanha, correndo os riscos da guerra. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br
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